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A diversidade e a paciência 
Lígia Crispino LEME CONSULTORIA 
É sócia­diretora da Companhia de Idiomas empresa especializada em cursos de idiomas in company, www.lemeconsultoria.com.br
consultoria em idiomas e traduções.

Apesar de todos nós termos o mesmo equipamento refinado: o cérebro, nós não o utilizamos da
mesma forma. Cada um absorve, enxerga, interpreta o mundo de uma maneira específica. Por isso, é
necessário ter consciência dessas diferenças para compreender o que agrada aos nossos amigos, aos
pares, aos gestores, aos liderados e à família e também o que os frustra.

Para ajudar neste processo de conscientização, o primeiro recurso é a empatia, pois ela nos permite
ver o outro como ele realmente é, com todas as suas qualidades exclusivas, em vez de tentar
transformá­lo em alguém diferente. Isso porque nós gastamos muita energia, tentando fazer com que
os outros sejam do nosso jeito.

O segundo recurso é a paciência. Sem ela, não podemos aprender as lições que a vida tem para nos
ensinar e, consequentemente, não amadurecemos. Permanecemos, então, naquele estágio de crianças
irritadas que não conseguem adiar o prazer.

Quando exercitamos a paciência, não deixamos ser dominados por nossas emoções, temos autonomia
para escolher como reagir aos acontecimentos, principalmente os que geram insatisfação. A
impaciência é um hábito, sendo assim, a paciência também. Não quero dizer aqui que temos de
"engolir sapos" a vida inteira, mas há muitas situações nas quais nos deixamos levar pela negatividade
do outro e pelo nosso ego. Quanto mais soubermos desviar dos golpes da vida e tolerar as
peculiaridades das outras pessoas, menos estresse e frustração experimentaremos, porque "a nossa
biografia se torna a nossa biologia", como disse Caroline Myss.

A impaciência está retratada neste trecho do livro "Zorba ­ o Grego" de Nikos Kazantzakis.
"Lembrei­me de uma manhã em que encontrei um casulo preso à casca de uma árvore, no momento
em que a borboleta rompia o invólucro e se preparava para sair. Esperei algum tempo, mas estava
com pressa e ele demorava muito. Enervado, debrucei­me e comecei a esquentá­lo com meu sopro. Eu
o esquentava, impaciente, e o milagre começou a desfiar, diante de mim, em ritmo mais rápido que o
natural, abriu­se o invólucro e a borboleta saiu arrastando­se. Não esquecerei jamais o horror que tive
então: suas asas ainda não se haviam formado, e com todo o seu pequeno corpo trêmulo, ela se
esforçava para desdobrá­las. Debruçado sobre ela, eu ajudava com meu sopro. Em vão. Um paciente
amadurecimento era necessário, e o crescimento das asas se devia fazer lentamente ao sol; agora era
muito tarde. Meu sopro havia obrigado a borboleta a se mostrar, toda enrugada, antes do tempo. Ela
se agitou, desesperada, e alguns segundos depois morreu na palma de minha mão".

A impaciência mina o que temos de bom. Já a paciência nos permite a autopercepção das qualidades e
defeitos, sob todas as formas, e a percepção pelos outros do que existe de melhor em nós. Na
verdade, a nossa imagem é um reflexo externo de parte do que existe internamente em nós. Esse
reflexo é moldado, em especial, pelos seguintes aspectos:
­ Tratamento que damos às outras pessoas.
­ Conhecimento/ repertório.
­ Aparência.
­ Comunicação verbal e não­verbal.

Se você não sabe direito como agir para preservar bons relacionamentos, listei abaixo alguns
comportamentos um tanto óbvios, mas não tão simples de serem colocados em prática:
­ Não levar tudo para o lado pessoal.
­ Não fazer suposições.
­ Entender que muitas das coisas que não nos agradam nos outros representam traços nossos de que
não gostamos.

Temos de identificar o que nos deixa impacientes e tratá­lo como nosso grande mestre, como nossa
grande oportunidade de aprendizado.
­ Ter paciência, pois é uma atitude receptiva.
­ Demonstrar interesse verdadeiro pelas pessoas.
­ Identificar afinidades.
­ Celebrar a diversidade.

Lançado o desafio para 2015!

Publicado em 24/02/2015 no www.RH.com.br.

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