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O artigo que se segue tem por base um programa de desenvolvimento pessoal que
concebemos, o programa Saber do Sentir, no qual usamos ferramentas do psicodrama e da
musicoterapia. Encontra-se escrito na antiga ortografia.
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os benefícios terapêuticos de cada uma destas psicoterapias, facilitando a expressão afectiva e o
desenvolvimento de papéis atrofiados ou subdesenvolvidos.
Neste espaço terapêutico, as técnicas de psicodrama e as experiências musicais em
musicoterapia são usadas em inter-complementaridade. A direcção da terapia é alternada entre
os dois terapeutas, de acordo com a técnica utilizada - se pertence ao psicodrama ou à
musicoterapia -, e existem momentos de co-direcção, quando as técnicas destas duas
psicoterapias forem utilizadas simultaneamente. Procuramos mostrar como funciona a inter-
complementaridade e o espaço terapêutico.
Abstract: In our paper we address the use of a new therapeutic space, the relationship
psychodrama-music therapy, in which we integrate techniques of psychodrama and of music
therapy. We assume that the complementarity of these techniques potentiate the therapeutic
benefits of each of these psychotherapies, facilitating the affective expression and the
development of atrophied or undeveloped roles.
In this therapeutic space, psychodrama techniques and musical experiences in music therapy are
used in inter-complementarity. The direction of therapy is alternated between the two therapists,
according to the technique used - whether it belongs to psychodrama or to music therapy - and
there are co-direction moments, when the techniques of these psychotherapies are used
simultaneously. We intend to show how this inter-complementarity and its therapeutic space
work.
Introdução
O trabalho que apresentamos teve a sua origem numa tentativa de pesquisar as relações
de complementaridade entre duas psicoterapias, o psicodrama e a musicoterapia. Ao
longo deste percurso, temos nos debruçado sobre as múltiplas relações que existem
entre estas psicoterapias, aprofundando-as teoricamente e testando-as em grupos
experienciais. Não temos a presunção de criar uma nova psicoterapia, o nosso intuito é
somente criar um espaço vivencial de desenvolvimento pessoal, onde as técnicas do
psicodrama e da musicoterapia possam ser utilizadas em conjunto, alternada ou
simultaneamente. Procuramos, assim, conceber e implementar programas de
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desenvolvimento pessoal que tenham por objectivo elaborar as emoções e os conflitos
intrapsíquicos, e que se baseiem em procedimentos e no setting do psicodrama e da
musicoterapia, enquanto processos terapêuticos de grupo.
1. O Psicodrama
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Para Moreno existem papéis sociais, psicossomáticos e psicodramáticos. Assim,
enquanto unidades culturais de conduta, os papéis incluem os padrões que a sociedade
proporciona para a vida relacional (papéis sociais de cônjuge, pai ou mãe, filho, amigo,
colega e papéis profissionais), as necessidades fisiológicas (papéis psicossomáticos) e o
mundo da criatividade (papéis psicodramáticos).
A assunção de um papel está relacionada com a aprendizagem das habilitações
necessárias para desempenhar esse papel; neste processo de aprendizagem actuam
factores externos derivados do ambiente, e factores internos associados à personalidade
do indivíduo, com as suas dificuldades e capacidades.
1.3.1. Inversão de Papéis: É uma das técnicas clássicas criada por Moreno e uma das
mais utilizadas em psicodrama. O protagonista troca de lugar com o ego auxiliar com
quem está a dramatizar, assumindo o papel desempenhado até agora por ele. Nessa troca
o ego auxiliar repete as últimas palavras do protagonista, que continua a acção como se
fosse o personagem que o ego representava. Numa nova inversão este procedimento é
repetido, mas agora com o protagonista no seu próprio lugar (Rojas-Bermúdez, 1966;
Abreu, 1992).
1.3.2. Role Playing: Baseia-se no treino dos papéis desempenhados pelo indivíduo no
seu dia-a-dia. Visa adequar um papel que o indivíduo tenha dificuldade em
desempenhar e promover o seu desenvolvimento. Treinam-se os diversos papéis que a
pessoa representa na sua vida (Abreu, 1992).
1.3.3. Solilóquio: Consiste no director dirigir-se ao protagonista e solicitar que ele diga
em voz alta o que está a pensar, de forma a que expresse os seus pensamentos e
sentimentos (Rojas-Bermúdez, 1966).
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forma a diminuir a sua tensão e resistência terapêutica (ibidem). Segundo Amaral Dias
(1993), através da metaforização psicodramática - estabelecimento de um vínculo entre
a situação dramatizada e o conflito representado nessa situação -, permite a significação
de acontecimentos que ainda não tinham sido significados.
1.3.5. Duplo: Enquanto decorre a acção, o ego auxiliar coloca-se ao lado ou por detrás
do protagonista sussurrando o conteúdo latente do seu discurso, isto é, os receios,
pensamentos, sentimentos e sensações que o protagonista não percebe ou evita
explicitar. (Rojas-Bermúdez, 1966; Abreu, 1992)
1.3.6. Imagens / Estátua: O director pede ao protagonista que utilize os egos auxiliares
ou outros objectos para representar de um modo estático a maneira como vê
determinada coisa, seja um determinado conflito, a sua relação, a mãe, o pai, etc. Os
egos moldam-se mantendo as posições em que são colocados. Depois a imagem é
comentada. (Abreu, 1992)
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Moreno (1946) considerava que ser espontâneo é fazer o oportuno no momento
apropriado. É proporcionar uma boa resposta, adequada a uma nova situação, responder
com criatividade.
Para ele, cada indivíduo possui uma matriz espontânea, a partir da qual se desenvolve a
sua personalidade. Com o decurso dos anos, a matriz perde-se devido aos bloqueios ou
às dificuldades associadas ao desempenho de papéis. Resgatar o potencial criador do
homem, e, portanto, a espontaneidade, é o objectivo terapêutico do psicodrama. Com
efeito, na acção dramática é possível promover a espontaneidade intrínseca do homem,
através da criação de condições para a busca e treino da espontaneidade. Como Moreno
(ibidem) nos diz, o palco multidimensional do psicodrama proporciona espaço e
liberdade para a espontaneidade, liberdade para o corpo e para o contacto corporal,
liberdade de movimento, de acção e interacção.
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Procura favorecer a interacção grupal.
1.4.1. Psicomúsica
A partir da ideia de que existe uma espontaneidade musical em todas as pessoas,
Moreno (1946, 1965) propôs um trabalho que se destinava à devolução desta
espontaneidade.
Este trabalho, que denominou psicomúsica, consistia na utilização da música que
espontaneamente pode ser criada por todas as pessoas, usando o próprio corpo como
instrumento (forma orgânica) e outros instrumentos como uma extensão da
espontaneidade do organismo (forma instrumental).
A improvisação foi entendida por Moreno como uma técnica possível para melhorar a
capacidade de criação espontânea, tendo proposto um processo terapêutico psicomusical
para o que chamou de neurose de desempenho - dificuldade de um músico profissional
actuar em público.
O objectivo do trabalho psicomusical é então a catarse psicomusical, sendo necessário
entender este trabalho dentro dos conceitos psicodramáticos, como acção criativa,
adequação dos papéis e espontaneidade.
1.4.2. Psicodança
A psicodança é uma técnica que se baseia na expressão dos conflitos e estados
emocionais por intermédio da dança ou do movimento corporal. Pode ser utilizada
como uma técnica aplicada num grupo de psicodrama, ou como uma psicoterapia
(Rojas-Bermúdez, 1966).
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Nesta última situação, as etapas (aquecimento, dramatização e comentários), os
instrumentos (director, egos auxiliares, protagonista, palco e auditório) e as técnicas do
psicodrama são mantidas, sendo adaptadas às especificidades da psicoterapia.
Como psicoterapia, a psicodança favorece a linguagem corporal em detrimento do
verbal, sendo que na etapa da dramatização predomina o uso terapêutico da música
como objecto intermediário, a dança e a expressão corporal. Isto não significa que a
palavra seja abolida, dado que a palavra é utilizada no aquecimento e nos comentários, e
também pode ser usada na dramatização.
2. Musicoterapia
A música é uma organização humana dos sons, num determinado tempo e espaço. Esta
organização da estruturação sonora está directamente ligada à experimentação da
estrutura social, cultural e emocional onde o ser humano está inserido. (Blacking, 1973)
Por sua vez, esta organização corporo-sonora-musical organiza os grupos humanos.
Sendo um meio de comunicação não-verbal, a música constitui uma grande
possibilidade de interacção humana, comunicação, criatividade, participação, e auto-
organização no relacionamento com os outros. Está presente em todos nós.
Segundo Clarice Moura Costa, a musicoterapia “é uma terapia auto-expressiva que
utiliza a música em sentido latente, como objecto intermediário, na relação entre a
música, o terapeuta e o paciente e que utiliza os aspectos biopsicossociais do indivíduo,
abrindo novos canais de comunicação que podem ajudar esse indivíduo a recuperar-se e
a integrar-se dinamicamente consigo próprio e com seu grupo social.” (Maranto, 1993,
pp. 104-105)
Para Bruscia (1998), existem diferentes níveis de experiência musical: a) nível pré-
musical; b) nível musical; c) nível extra-musical; d) nível para-musical.
Qualquer um destes níveis divide-se em experiências de input (entrada) e output (saída).
No nível pré-musical, os inputs não estão suficientemente desenvolvidos, organizados,
ou completos para serem considerados musicais, como acontece, por exemplo, com a
vibração eléctrica, com os ritmos motorizados, os sons instrumentais desorganizados, os
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sinais eléctricos musicais, as vocalizações aleatórias. Ao nível de output são as reacções
à música que ainda não têm suficiente conscientização ou intencionalidade, para se
classificar como música.
No nível musical, os inputs são os sons que são suficientemente controlados ou
organizados e que criam entre si relações intrinsecamente significativas. Exemplo deste
tipo de sons são os elementos musicais como o ritmo, a pulsação, a tonalidade, a
harmonia, a textura e o timbre, como sucede nas improvisações, composições e
interpretações. Por outro lado, os outputs são os esforços intencionais de escutar e criar
música. Isto implica discriminar, analisar, interpretar, sentir e preferir.
Ao nível extra-musical, os inputs são os aspectos não musicais da música ou da
experiência musical. Como exemplos de inputs consideram-se: a) uma história retratada
na letra da música; b) parte de uma nota musical escrita que afecta ou deriva do
significado da música, entre outros. No que respeita aos outputs, estes são
essencialmente reacções e comportamentos musicais que não envolvem criar música,
mas que derivam do seu significado, como, por exemplo, movimento, mímica,
dramatizar, pintar, desenhar, esculpir, fantasiar e escrever.
Ao nível para-musical, os inputs são os aspectos do ambiente musical com que o
indivíduo contacta enquanto está a escutar ou a construir música, mas que não estão
intrinsecamente relacionados com compor música e não dependem da música para
terem significado. Por exemplo, as pessoas, os objectos, a mobília, as luzes existentes
no ambiente musical, a dança, a pintura, a poesia criada independentemente da música.
Por outro lado, os outputs são os comportamentos ou as reacções que ocorrem num
contexto de actividade musical, mas que não são musicais no seu propósito. Exemplos:
sonhar acordado, falar ou correlacionar com outra actividade artística com música de
fundo.
Em musicoterapia existem diferentes percursos de experiência musical, e, assim sendo,
é importante considerar que nível está a ser experienciado pelo paciente.
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conhecimento relacional; b) no tratamento, enquanto experiência de relação e
criatividade; c) na avaliação, enquanto reconhecimento das necessidades.
Segundo Bruscia (1998), são a experiência receptiva de escuta musical, a experiência
de recriação musical, a experiência de composição musical e a experiência de
improvisação musical.
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Na experiência de composição musical, o musicoterapeuta disponibiliza os seus
conhecimentos musicais ao paciente, ajudando-o na criação de canções, de letras, e na
realização de peças instrumentais, vídeos e gravações de áudio. Apesar de assumir uma
responsabilidade mais técnica, o terapeuta centra-se nas capacidades musicais do
paciente. Por exemplo, manutenção do suporte harmónico repetitivo para que o paciente
consiga improvisar de acordo com as suas capacidades e potencialidades.
Esta experiência musical permite o desenvolvimento de capacidades de planificação e
organização, a resolução de problemas, a promoção da responsabilidade pessoal, a
exploração de experiências pessoais, a partilha e a integração do processo (ibidem).
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estátuas, realizações simbólicas, aquecimento e comentários, utilizando assim técnicas
do psicodrama e da musicoterapia.
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expressão plástica e escrita de histórias, técnicas de expressão corporal, para além de
utilizarmos objectos intraintermediários2 (Rojas-Bermúdez, 1997), como panos, vendas
e máscaras. Todas estas técnicas são enquadradas numa abordagem em que o
psicodrama é um continente (Bion, 1962) para os conteúdos oriundos da musicoterapia
e vice-versa.
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O conceito de objecto intermediário de comunicação foi desenvolvido por Jaime Rojas-
Bermúdez nos anos 60 aquando do seu trabalho com pacientes psicóticos, com o intuito de
favorecer os canais comunicativos desses pacientes e reverter a tendência para o isolamento
decorrente da doença psicótica. Mais tarde, Rojas-Bermúdez desenvolveu o conceito de objecto
intraintermediário de comunicação, que visava melhorar a comunicação do paciente consigo
mesmo. (Moura, 2014).
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O musicoterapeuta facilita os procedimentos com pequenas demonstrações de uma ideia
ou estrutura musical para improvisar, ou apoia uma ideia não musical, como é o caso
das imagens ou histórias.
Esta experiência musical permite o estabelecimento de canais de comunicação não-
verbais, desenvolvendo capacidades de intimidade comunicacional intra e inter-
pessoais, providenciando significações da expressão do self, explorando aspectos
pessoais da dimensão relacional, promovendo o desenvolvimento da vivência da
criatividade, expressão livre e prazer, fomentando a liberdade interior, facilitando o
conhecimento de si e do outro, a valorização pessoal, bem como o processo de
maturação (ibidem).
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Enquanto conteúdo sonoro, o som produzido - com os seus aspectos acústicos,
neurofisiológicos, sensitivos e emocionais - viaja de fora para dentro e de dentro para
fora, com todo o potencial experiencial que acarreta, ressoando e criando experiências
internas.
Permitindo uma receptividade imediata à experiência (ibidem), o conteúdo sonoro-
musical da relação musicoterapêutica facilita a abertura à vivência. Este estado sonoro-
psíquico proporciona vivências proprioceptivas na pessoa, como se tratasse de um
diálogo interno.
Sendo a música um mediador expressivo intrinsecamente ligado ao desenvolvimento
humano e às suas tomadas de consciência - com todas as suas características
psicológicas, fisiológicas, culturais e espirituais -, a música permite uma abertura da
pessoa às suas múltiplas dimensões humanas.
Na improvisação musical a escuta de si torna-se então cada vez mais activa, e é sentida
como uma forma de relação de ajuda sonoro-musical. Com efeito, nesta experiência
musical existe uma gradual abertura à expressão dos sentimentos que emergem das
escutas internas, o que possibilita ao sujeito uma aproximação aos seus conteúdos
afectivos. Neste processo, o campo fenomenológico da pessoa, a sua realidade
subjectiva, encontra-se em constante interacção com a produção sonora. O som criado
passa, pois, a ter uma intencionalidade “aqui e agora”, na escuta e na relação entre dois
indivíduos, que, escutando-se mutuamente, promovem experiências de empatia
facilitadoras da segurança e da confiança.
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vivências afectivas e a expressão musical. Como se tratasse de uma espécie de empatia
sonoro-musical de si, auto-reguladora da incongruência.
Vivenciando esta experiência, a pessoa em grupo de musicoterapia está em relação com
um constante exercício de simultaneidade entre as suas produções sonoras e a dos
outros elementos, entre os seus estados emocionais e o dos outros. Isto é, actua na
paisagem sonora, na qual é um todo e uma parte.
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intermediário para que, através de um papel complementar, esse papel possa ser
restaurado e, consequentemente, o seu desenvolvimento promovido.
Rojas-Bermúdez (1966) encara o objecto intermediário como um instrumento de
comunicação capaz de actuar terapeuticamente sobre a pessoa em relação, sem
desencadear estados de desconforto ou alarme. Este objecto caracteriza-se por uma
existência concreta, inocuidade, maleabilidade, transmissor da comunicação e
adaptabilidade às necessidades da pessoa, permitindo uma relação íntima,
instrumentação como forma de identificação, e identificabilidade pelo reconhecimento
automático. A música para Rojas-Bermúdez “(…) em certas condições permite
restabelecer a comunicação perturbada (…)” (Rojas-Bermúdez, 1966, p. 170), podendo,
portanto, funcionar como objecto intermediário.
5. A Relação Psicodrama-Musicoterapia
Neste sentido, propomos a utilização de um novo espaço terapêutico, a relação
psicodrama-musicoterapia, que podemos denominar de relacionamento comensal3
(Bion, 1970), no qual integramos técnicas do psicodrama e da musicoterapia.
Com efeito, pensamos que a complementaridade entre estas técnicas permite potenciar
os benefícios terapêuticos de cada uma destas terapias, facilitando a expressão afectiva e
o desenvolvimento de papéis atrofiados ou pouco desenvolvidos.
Procuramos assim potenciar as vivências emocionais e a vinculação afectiva enquanto
factores terapêuticos.
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Bion (1970) propôs três tipos de relação conteúdo-continente: a comensal, a simbiótica e a
parasitária. Como afirma Bion, “Por comensal entendo a relação de dois objectos e um terceiro
com proveito para os três.” (Bion, 1970, p. 106).
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O aquecimento pode ser verbal ou, em alternativa, constituir-se pelo recurso à palavra e
pela expressão sonoro-corporal.
Durante a acção, podem ser utilizadas técnicas da musicoterapia, como a improvisação
musical, sendo a acção neste caso musical, ou técnicas do psicodrama, sendo a acção
dramática. É também possível utilizarem-se técnicas da musicoterapia e do psicodrama
em simultâneo; neste último caso denominamos a acção dramático-musical.
Finalmente, nos comentários procura-se, através do recurso à palavra, integrar as
experiências emocionais das etapas anteriores, em especial as ocorridas na etapa da
acção.
O quadro seguinte mostra a estrutura do espaço terapêutico:
Verbal e Não-Verbal
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No que se refere à utilização separada de técnicas do psicodrama e da musicoterapia
(acção dramática e acção musical), procuramos que a expressão corporal, o movimento
e a música sejam elementos recorrentes da acção, pelo que, quando a acção é dramática,
recorremos frequentemente à psicodança, usada como técnica terapêutica.
6. Áreas de Intervenção
Os campos de aplicação da relação psicodrama-musicoterapia são imensos, no que diz
respeito às problemáticas dos indivíduos e também no que se refere ao tipo de
intervenção - contextos formativos em processo grupal, grupos vivenciais de
desenvolvimento pessoal, grupos de cariz terapêutico. As áreas de intervenção incluem:
Referencias Bibliográficas
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