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Psicodrama e Musicoterapia – A Complementaridade da Expressão

Emocional1

Psychodrama and Music Therapy - The complementarity of Emotional


Expression

João Paulo Carreira Teles Ribeiro


Psicólogo Clínico, Psicodramatista
Psicólogo na Equipa de Pedopsiquiatria da Unidade Autónoma de Psiquiatria do
Hospital de Vila Franca de Xira
Presidente da Developmind - Associação para a Promoção da Saúde Mental da Infância
e Juventude
Membro aderente da Sociedade Portuguesa de Psicodrama Psicanalítico de Grupo
00351965094588
ribeiro.joaopaulo@gmail.com

Artur Jorge Rodrigues Malícia Correia


Psicopedagogo, Musicoterapeuta Certificado (MTC) pela Associação Portuguesa de
Musicoterapia
Musicoterapeuta no Som Capaz de Ser®
Vice-presidente da Developmind - Associação para a Promoção da Saúde Mental da
Infância e Juventude
Sócio da Associação Portuguesa de Musicoterapia
00351966763151
arturmaliciacorreia@gmail.com

Resumo: No presente artigo abordamos a utilização de um novo espaço terapêutico, a relação


psicodrama-musicoterapia, no qual integramos técnicas do psicodrama e da musicoterapia.
Partimos do pressuposto de que a complementaridade entre estas técnicas permite potencializar

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O artigo que se segue tem por base um programa de desenvolvimento pessoal que
concebemos, o programa Saber do Sentir, no qual usamos ferramentas do psicodrama e da
musicoterapia. Encontra-se escrito na antiga ortografia.
1
os benefícios terapêuticos de cada uma destas psicoterapias, facilitando a expressão afectiva e o
desenvolvimento de papéis atrofiados ou subdesenvolvidos.
Neste espaço terapêutico, as técnicas de psicodrama e as experiências musicais em
musicoterapia são usadas em inter-complementaridade. A direcção da terapia é alternada entre
os dois terapeutas, de acordo com a técnica utilizada - se pertence ao psicodrama ou à
musicoterapia -, e existem momentos de co-direcção, quando as técnicas destas duas
psicoterapias forem utilizadas simultaneamente. Procuramos mostrar como funciona a inter-
complementaridade e o espaço terapêutico.

Palavras-chave: psicodrama, musicoterapia, expressão, emoções, grupo

Abstract: In our paper we address the use of a new therapeutic space, the relationship
psychodrama-music therapy, in which we integrate techniques of psychodrama and of music
therapy. We assume that the complementarity of these techniques potentiate the therapeutic
benefits of each of these psychotherapies, facilitating the affective expression and the
development of atrophied or undeveloped roles.
In this therapeutic space, psychodrama techniques and musical experiences in music therapy are
used in inter-complementarity. The direction of therapy is alternated between the two therapists,
according to the technique used - whether it belongs to psychodrama or to music therapy - and
there are co-direction moments, when the techniques of these psychotherapies are used
simultaneously. We intend to show how this inter-complementarity and its therapeutic space
work.

Keywords: psychodrama, music therapy, expression, emotions, group

Introdução
O trabalho que apresentamos teve a sua origem numa tentativa de pesquisar as relações
de complementaridade entre duas psicoterapias, o psicodrama e a musicoterapia. Ao
longo deste percurso, temos nos debruçado sobre as múltiplas relações que existem
entre estas psicoterapias, aprofundando-as teoricamente e testando-as em grupos
experienciais. Não temos a presunção de criar uma nova psicoterapia, o nosso intuito é
somente criar um espaço vivencial de desenvolvimento pessoal, onde as técnicas do
psicodrama e da musicoterapia possam ser utilizadas em conjunto, alternada ou
simultaneamente. Procuramos, assim, conceber e implementar programas de

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desenvolvimento pessoal que tenham por objectivo elaborar as emoções e os conflitos
intrapsíquicos, e que se baseiem em procedimentos e no setting do psicodrama e da
musicoterapia, enquanto processos terapêuticos de grupo.

1. O Psicodrama

1.1. O que é o Psicodrama


O psicodrama é uma psicoterapia criada por Jacob Levy Moreno que incide na
encenação dos conflitos internos. Não se trata de uma representação como a que
acontece no teatro, a intenção é adequar o desempenho dos papéis relacionais da vida
quotidiana do indivíduo e a representação dos seus próprios conflitos.
Em consonância com a origem do nome, “psique” e “drama” (acção), é uma
psicoterapia que combina palavra e acção. Neste sentido, a acção dramática, ou
dramatização, é a base terapêutica do psicodrama, o palco experiencial aonde se vivem
os conflitos relacionais, e se procuram novas respostas para esses conflitos. Por outro
lado, a palavra está presente e é um complemento da acção dramática, permitindo a
expressão dos conflitos relacionais, a compreensão da experiência emocional vivida na
dramatização e a sua subsequente re-significação.
Rojas-Bermúdez (1966) defende que, ao fazer intervir o corpo nas suas interacções com
outros corpos, o psicodrama possibilita ao paciente desenvolver melhores e mais
adequadas formas de comunicar com os outros.
Moreno (1946) considerava o psicodrama como o ponto de viragem do tratamento de
indivíduo isolado para o tratamento da pessoa no seu meio relacional, do tratamento
com métodos verbais para o tratamento com métodos de acção.
O psicodrama seria então uma psicoterapia que coloca o indivíduo no cenário da sua
vida relacional, lugar no qual os seus problemas podem ser exteriorizados e, com a
ajuda de agentes terapêuticos, trabalhados terapeuticamente.

1.2. O Conceito de Papel e a Teoria dos Papéis


Moreno (1946) afirma que o homem encontra-se sempre a criar um elo de ligação entre
a sua personalidade e a cultura, a estruturar uma unidade cultural de conduta, e, assim, a
desempenhar um papel.

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Para Moreno existem papéis sociais, psicossomáticos e psicodramáticos. Assim,
enquanto unidades culturais de conduta, os papéis incluem os padrões que a sociedade
proporciona para a vida relacional (papéis sociais de cônjuge, pai ou mãe, filho, amigo,
colega e papéis profissionais), as necessidades fisiológicas (papéis psicossomáticos) e o
mundo da criatividade (papéis psicodramáticos).
A assunção de um papel está relacionada com a aprendizagem das habilitações
necessárias para desempenhar esse papel; neste processo de aprendizagem actuam
factores externos derivados do ambiente, e factores internos associados à personalidade
do indivíduo, com as suas dificuldades e capacidades.

1.3. Técnicas do Psicodrama


São numerosas as técnicas do psicodrama, pelo que somente abordaremos as técnicas
que usamos frequentemente no nosso trabalho.

1.3.1. Inversão de Papéis: É uma das técnicas clássicas criada por Moreno e uma das
mais utilizadas em psicodrama. O protagonista troca de lugar com o ego auxiliar com
quem está a dramatizar, assumindo o papel desempenhado até agora por ele. Nessa troca
o ego auxiliar repete as últimas palavras do protagonista, que continua a acção como se
fosse o personagem que o ego representava. Numa nova inversão este procedimento é
repetido, mas agora com o protagonista no seu próprio lugar (Rojas-Bermúdez, 1966;
Abreu, 1992).

1.3.2. Role Playing: Baseia-se no treino dos papéis desempenhados pelo indivíduo no
seu dia-a-dia. Visa adequar um papel que o indivíduo tenha dificuldade em
desempenhar e promover o seu desenvolvimento. Treinam-se os diversos papéis que a
pessoa representa na sua vida (Abreu, 1992).

1.3.3. Solilóquio: Consiste no director dirigir-se ao protagonista e solicitar que ele diga
em voz alta o que está a pensar, de forma a que expresse os seus pensamentos e
sentimentos (Rojas-Bermúdez, 1966).

1.3.4. Realização Simbólica: Esta técnica é usada quando a representação directa de


um conflito pode ser muito difícil para o protagonista. Consiste em dramatizar-se uma
situação na qual o conflito do protagonista esteja representado simbolicamente, de

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forma a diminuir a sua tensão e resistência terapêutica (ibidem). Segundo Amaral Dias
(1993), através da metaforização psicodramática - estabelecimento de um vínculo entre
a situação dramatizada e o conflito representado nessa situação -, permite a significação
de acontecimentos que ainda não tinham sido significados.

1.3.5. Duplo: Enquanto decorre a acção, o ego auxiliar coloca-se ao lado ou por detrás
do protagonista sussurrando o conteúdo latente do seu discurso, isto é, os receios,
pensamentos, sentimentos e sensações que o protagonista não percebe ou evita
explicitar. (Rojas-Bermúdez, 1966; Abreu, 1992)

1.3.6. Imagens / Estátua: O director pede ao protagonista que utilize os egos auxiliares
ou outros objectos para representar de um modo estático a maneira como vê
determinada coisa, seja um determinado conflito, a sua relação, a mãe, o pai, etc. Os
egos moldam-se mantendo as posições em que são colocados. Depois a imagem é
comentada. (Abreu, 1992)

1.3.7. Objectos Intermediários: São utilizados quando a comunicação com o


protagonista é extremamente difícil. Na década de 60, Jaime Rojas-Bermúdez começou
a utilizar marionetes, tecidos e música com pacientes psicóticos crónicos, tendo
verificado que a utilização destes objectos facilitava a participação dos pacientes na
dramatização. Com efeito, o uso de objectos intermediários permite o relaxamento do
campo emocional do protagonista, podendo ser um recurso técnico fundamental para
iniciar um diálogo com pacientes problemáticos.

1.3.8. Coro: Os membros do grupo em coro expressam ao protagonista um sentimento,


uma atitude que ele deve tomar, os seus receios, motivações ou intenções escondidas
por detrás do discurso explícito.

1.3.9. Técnicas de Expressão Corporal: O uso de técnicas não-verbais favorece a


expressão e a vivência das experiências emocionais, bem como a sua consequente
elaboração. São diversas as técnicas expressivas que podem ser utilizadas em
psicodrama.

1.4. Espontaneidade e Psicodrama

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Moreno (1946) considerava que ser espontâneo é fazer o oportuno no momento
apropriado. É proporcionar uma boa resposta, adequada a uma nova situação, responder
com criatividade.
Para ele, cada indivíduo possui uma matriz espontânea, a partir da qual se desenvolve a
sua personalidade. Com o decurso dos anos, a matriz perde-se devido aos bloqueios ou
às dificuldades associadas ao desempenho de papéis. Resgatar o potencial criador do
homem, e, portanto, a espontaneidade, é o objectivo terapêutico do psicodrama. Com
efeito, na acção dramática é possível promover a espontaneidade intrínseca do homem,
através da criação de condições para a busca e treino da espontaneidade. Como Moreno
(ibidem) nos diz, o palco multidimensional do psicodrama proporciona espaço e
liberdade para a espontaneidade, liberdade para o corpo e para o contacto corporal,
liberdade de movimento, de acção e interacção.

1.5. Música em Psicodrama


A música é amplamente utilizada pelos psicodramatistas, para favorecer o aquecimento
grupal, enquanto mobilizador e suporte sonoro das dramatizações, e também para a
contenção de afectos no final das dramatizações.
Rojas-Bermúdez (1966) considera a música como objecto intermediário ou como parte
da técnica de aquecimento. Para este autor, o uso terapêutico da música como objecto
intermediário pode ser classificado da seguinte forma:

a. Música dirigida ao indivíduo


Visa favorecer o desempenho dos papéis dramatizados pelo protagonista.

Música complementar - Facilita a criação de um vínculo com o papel complementar


desempenhado pelo ego auxiliar.

Música suplementar - Quando se pretende acrescentar ao papel desempenhado pelo


protagonista alguns conteúdos emocionais.

Música indutora – Destinada a estimular a dramatização de determinados papéis por


parte do protagonista.

b. Música dirigida ao grupo

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Procura favorecer a interacção grupal.

Música homogeneizante - Utilizada para focar a atenção do grupo num determinado


tema.

Música facilitadora – Usada para acelerar o aparecimento do emergente grupal ou da


catarse, quer como descarga afectiva quer como catarse de integração.

Música inibidora - Usada para "acalmar os ânimos", dramáticos e verbais, e reduzir os


actos irracionais.

1.4.1. Psicomúsica
A partir da ideia de que existe uma espontaneidade musical em todas as pessoas,
Moreno (1946, 1965) propôs um trabalho que se destinava à devolução desta
espontaneidade.
Este trabalho, que denominou psicomúsica, consistia na utilização da música que
espontaneamente pode ser criada por todas as pessoas, usando o próprio corpo como
instrumento (forma orgânica) e outros instrumentos como uma extensão da
espontaneidade do organismo (forma instrumental).
A improvisação foi entendida por Moreno como uma técnica possível para melhorar a
capacidade de criação espontânea, tendo proposto um processo terapêutico psicomusical
para o que chamou de neurose de desempenho - dificuldade de um músico profissional
actuar em público.
O objectivo do trabalho psicomusical é então a catarse psicomusical, sendo necessário
entender este trabalho dentro dos conceitos psicodramáticos, como acção criativa,
adequação dos papéis e espontaneidade.

1.4.2. Psicodança
A psicodança é uma técnica que se baseia na expressão dos conflitos e estados
emocionais por intermédio da dança ou do movimento corporal. Pode ser utilizada
como uma técnica aplicada num grupo de psicodrama, ou como uma psicoterapia
(Rojas-Bermúdez, 1966).

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Nesta última situação, as etapas (aquecimento, dramatização e comentários), os
instrumentos (director, egos auxiliares, protagonista, palco e auditório) e as técnicas do
psicodrama são mantidas, sendo adaptadas às especificidades da psicoterapia.
Como psicoterapia, a psicodança favorece a linguagem corporal em detrimento do
verbal, sendo que na etapa da dramatização predomina o uso terapêutico da música
como objecto intermediário, a dança e a expressão corporal. Isto não significa que a
palavra seja abolida, dado que a palavra é utilizada no aquecimento e nos comentários, e
também pode ser usada na dramatização.

Pelo que dissemos, constata-se que a música desempenha um papel nuclear no


psicodrama. A música é acção, é criação, favorece a vivência e a elaboração emocional,
e é uma parte importante da vida humana.

2. Musicoterapia
A música é uma organização humana dos sons, num determinado tempo e espaço. Esta
organização da estruturação sonora está directamente ligada à experimentação da
estrutura social, cultural e emocional onde o ser humano está inserido. (Blacking, 1973)
Por sua vez, esta organização corporo-sonora-musical organiza os grupos humanos.
Sendo um meio de comunicação não-verbal, a música constitui uma grande
possibilidade de interacção humana, comunicação, criatividade, participação, e auto-
organização no relacionamento com os outros. Está presente em todos nós.
Segundo Clarice Moura Costa, a musicoterapia “é uma terapia auto-expressiva que
utiliza a música em sentido latente, como objecto intermediário, na relação entre a
música, o terapeuta e o paciente e que utiliza os aspectos biopsicossociais do indivíduo,
abrindo novos canais de comunicação que podem ajudar esse indivíduo a recuperar-se e
a integrar-se dinamicamente consigo próprio e com seu grupo social.” (Maranto, 1993,
pp. 104-105)
Para Bruscia (1998), existem diferentes níveis de experiência musical: a) nível pré-
musical; b) nível musical; c) nível extra-musical; d) nível para-musical.
Qualquer um destes níveis divide-se em experiências de input (entrada) e output (saída).
No nível pré-musical, os inputs não estão suficientemente desenvolvidos, organizados,
ou completos para serem considerados musicais, como acontece, por exemplo, com a
vibração eléctrica, com os ritmos motorizados, os sons instrumentais desorganizados, os

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sinais eléctricos musicais, as vocalizações aleatórias. Ao nível de output são as reacções
à música que ainda não têm suficiente conscientização ou intencionalidade, para se
classificar como música.
No nível musical, os inputs são os sons que são suficientemente controlados ou
organizados e que criam entre si relações intrinsecamente significativas. Exemplo deste
tipo de sons são os elementos musicais como o ritmo, a pulsação, a tonalidade, a
harmonia, a textura e o timbre, como sucede nas improvisações, composições e
interpretações. Por outro lado, os outputs são os esforços intencionais de escutar e criar
música. Isto implica discriminar, analisar, interpretar, sentir e preferir.
Ao nível extra-musical, os inputs são os aspectos não musicais da música ou da
experiência musical. Como exemplos de inputs consideram-se: a) uma história retratada
na letra da música; b) parte de uma nota musical escrita que afecta ou deriva do
significado da música, entre outros. No que respeita aos outputs, estes são
essencialmente reacções e comportamentos musicais que não envolvem criar música,
mas que derivam do seu significado, como, por exemplo, movimento, mímica,
dramatizar, pintar, desenhar, esculpir, fantasiar e escrever.
Ao nível para-musical, os inputs são os aspectos do ambiente musical com que o
indivíduo contacta enquanto está a escutar ou a construir música, mas que não estão
intrinsecamente relacionados com compor música e não dependem da música para
terem significado. Por exemplo, as pessoas, os objectos, a mobília, as luzes existentes
no ambiente musical, a dança, a pintura, a poesia criada independentemente da música.
Por outro lado, os outputs são os comportamentos ou as reacções que ocorrem num
contexto de actividade musical, mas que não são musicais no seu propósito. Exemplos:
sonhar acordado, falar ou correlacionar com outra actividade artística com música de
fundo.
Em musicoterapia existem diferentes percursos de experiência musical, e, assim sendo,
é importante considerar que nível está a ser experienciado pelo paciente.

2.1. As Experiências Musicais em Musicoterapia


Em musicoterapia, as experiências musicais são recursos existentes na actividade
musicoterapêutica que, apresentando-se como técnicas, permitem integrar e suportar a
experiência imediata da pessoa. Estas experiências são organizadas em procedimentos, e
oferecem uma metodologia de intervenção usada: a) no diagnóstico, enquanto

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conhecimento relacional; b) no tratamento, enquanto experiência de relação e
criatividade; c) na avaliação, enquanto reconhecimento das necessidades.
Segundo Bruscia (1998), são a experiência receptiva de escuta musical, a experiência
de recriação musical, a experiência de composição musical e a experiência de
improvisação musical.

2.1.1. Experiência Receptiva de Escuta Musical


Esta experiência consiste em proporcionar uma audição de peças musicais para facilitar
a livre associação, ou promover o movimento corporal expressivo, ou escutar as canções
da história musical do paciente, com o fim de fortalecer a identidade e os campos
experienciais que estão a ocorrer no paciente (ibidem).
Assim, o paciente procura movimentos internos de empatia com o som ouvido, com as
emoções e significados emergentes, e com as evocações da sua história de vida. Na
seção 4.1 aprofundamos esta experiência musical.

2.1.2. Experiência de Recriação Musical


Na experiência de recriação musical o sujeito interpreta uma música que já existe.
Concentrando-se em actividades musicais estruturadas, o paciente desempenha papéis
previamente decididos por ele, sendo a escolha do reportório baseada na sua história
musical (ibidem).
Esta experiência musical é indicada para pessoas que têm de se adaptar às ideias e
sentimentos dos outros, sem perder a sua identidade. Tem como objectivo terapêutico: o
desenvolvimento de competências sensório-motoras, da adaptação e organização do
comportamento, da memória, da promoção da identificação com os outros,
desenvolvimento da empatia, da comunicação e interpretação de ideias e sentimentos,
da aprendizagem de papéis e respectiva melhoria da interacção (ibidem).
A actividade de recriação musical pretende estabelecer o contacto com a história da vida
do paciente, assim como facilitar o processo de emergência da identidade do indivíduo
no grupo e o próprio processo histórico do grupo. O objectivo é promover a socialização
e o contacto com os colegas, o envolvimento na actividade musical e a sensação de
participação.

2.1.3. Experiência de Composição Musical

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Na experiência de composição musical, o musicoterapeuta disponibiliza os seus
conhecimentos musicais ao paciente, ajudando-o na criação de canções, de letras, e na
realização de peças instrumentais, vídeos e gravações de áudio. Apesar de assumir uma
responsabilidade mais técnica, o terapeuta centra-se nas capacidades musicais do
paciente. Por exemplo, manutenção do suporte harmónico repetitivo para que o paciente
consiga improvisar de acordo com as suas capacidades e potencialidades.
Esta experiência musical permite o desenvolvimento de capacidades de planificação e
organização, a resolução de problemas, a promoção da responsabilidade pessoal, a
exploração de experiências pessoais, a partilha e a integração do processo (ibidem).

2.1.4. Experiência Improvisação Musical


Esta é uma das experiências musicais mais importantes da musicoterapia. Com o uso de
instrumentos musicais ou do corpo, a pessoa vive uma experiência emocional de
improvisação e de entoação vocal de melodias, que podem ser feitas individualmente ou
em grupo. O recurso ao musicoterapeuta como facilitador e a diferentes tipos de
instrumentos musicais (percussão, sopro, cordas), com os seus diferentes sons, permite
que a pessoa experimente diferentes estados emocionais e, consequentemente,
mudanças emocionais.
Dado que usamos com frequência esta experiência no nosso trabalho, a improvisação
musical é detalhada na secção 4.2.

3. Contextualização dos Grupos de Desenvolvimento Pessoal com


Recurso ao Psicodrama e à Musicoterapia
Podemos afirmar que o setting não se destina a ser um setting de psicodrama nem de
musicoterapia, mas um setting no qual se integram ambas as psicoterapias e algumas
das suas técnicas.
O nosso objectivo é que os grupos experienciais contemplem a complementaridade
entre o psicodrama e a musicoterapia.
Consideramos que o recurso à expressão corporo-sonoro-musical, assim como ao
movimento e jogo dramático, permitem o contacto com todas as possibilidades
simbólico-expressivas emergentes de um processo criativo de grupo.
O trabalho está organizado em actividades de improvisação e audição musical,
actividades de expressão plástica, role playing, inversão de papéis, solilóquios,

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estátuas, realizações simbólicas, aquecimento e comentários, utilizando assim técnicas
do psicodrama e da musicoterapia.

3.1. Contribuições do Psicodrama


Podemos dividir os contributos do psicodrama em: a) contribuições dos instrumentos do
psicodrama; b) contribuição das etapas; c) contribuições das técnicas.

3.1.1. Contribuições dos Instrumentos do Psicodrama


Utilizamos os cinco instrumentos da sessão de psicodrama: protagonista, cenário ou
palco, director, egos auxiliares e auditório ou plateia.
O setting é constituído por uma equipa de dois terapeutas que, enquanto facilitadores,
do ponto de vista da estrutura da sessão psicodramática, alternam os papéis de director e
ego auxiliar, e em certos momentos dirigem conjuntamente o grupo. Por outro lado, os
elementos que não estejam em palco ou participem na dramatização constituirão o
auditório ou plateia. Alguns dos elementos podem vir a desempenhar o papel de egos
auxiliares, tal como sucede num grupo terapêutico de psicodrama. Este tipo de grupos
vivenciais prevêem ainda a emergência de protagonistas individuais ou do grupo como
protagonista.

3.1.2. Contribuições das Etapas


Os grupos de desenvolvimento experiencial baseiam-se nas três etapas clássicas do
psicodrama: aquecimento (inespecífico e específico), dramatização e
comentários/partilhas. Assim, recorremos a todo o tipo de técnicas psicodramáticas não-
verbais (jogos corporais, expressão plástica e contos, por exemplo) e às experiências
musicais de musicoterapia, usadas como aquecimento grupal. De seguida, avançamos
para a etapa da dramatização, que será uma consequência do aquecimento, e
terminamos com a etapa da partilha e comentários. No aquecimento e na dramatização,
procuramos abolir, ao máximo, o recurso à palavra, substituindo-a pela expressão
corporo-sonoro-musical, sendo que o recurso à palavra enquanto elemento integrador
dos conteúdos vividos caracteriza a etapa dos comentários.

3.1.3. Contribuições Técnicas


Como sublinhámos, enquanto técnicas psicodramáticas optamos pelo uso de role
playing, inversão de papéis, solilóquios, estátuas, realizações simbólicas, actividades de

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expressão plástica e escrita de histórias, técnicas de expressão corporal, para além de
utilizarmos objectos intraintermediários2 (Rojas-Bermúdez, 1997), como panos, vendas
e máscaras. Todas estas técnicas são enquadradas numa abordagem em que o
psicodrama é um continente (Bion, 1962) para os conteúdos oriundos da musicoterapia
e vice-versa.

3.2. Contribuições da Musicoterapia


No nosso trabalho usamos, principalmente, as experiências receptivas de escuta musical
e de improvisação musical.

3.2.1. Experiência Receptiva de Escuta Musical


Na experiência receptiva de escuta musical, o indivíduo e o grupo são convidados a
escutar os seus percursos identitários sonoro-musicais, centrando-se nas necessidades
emocionais, intelectuais, estéticas, espirituais e físicas.
Esta experiência musical permite a promoção da receptividade - reacção e respostas aos
estímulos musicais -, facilitar o relaxamento ou a estimulação, evocar estados afectivos,
explorar ideias e sentimentos, reminiscências, evocar fantasias e a imaginação; como
sucede no uso da música em psicoterapias de carácter verbal, que desencadeia imagens,
fantasias, associações e memórias. A utilização das vivências sonoro-musicais permite
assim uma escuta autobiográfica das experiências significativas do indivíduo (Bruscia,
1998).

3.2.2. Experiência de Improvisação Musical


Na experiência de improvisação musical, a pessoa desempenha um papel central nas
produções musicais, sendo o responsável pelo processo musical, facilitado e apoiado
com a presença do musicoterapeuta. Esta improvisação poderá ser individual, dual ou
grupal. O indivíduo inicia o processo criando estruturas rítmicas e melódicas,
construindo canções, recorrendo, na execução instrumental, a qualquer mediador de
produção sonora - voz, corpo, percussão, instrumentos musicais, por exemplo (ibidem).

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O conceito de objecto intermediário de comunicação foi desenvolvido por Jaime Rojas-
Bermúdez nos anos 60 aquando do seu trabalho com pacientes psicóticos, com o intuito de
favorecer os canais comunicativos desses pacientes e reverter a tendência para o isolamento
decorrente da doença psicótica. Mais tarde, Rojas-Bermúdez desenvolveu o conceito de objecto
intraintermediário de comunicação, que visava melhorar a comunicação do paciente consigo
mesmo. (Moura, 2014).
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O musicoterapeuta facilita os procedimentos com pequenas demonstrações de uma ideia
ou estrutura musical para improvisar, ou apoia uma ideia não musical, como é o caso
das imagens ou histórias.
Esta experiência musical permite o estabelecimento de canais de comunicação não-
verbais, desenvolvendo capacidades de intimidade comunicacional intra e inter-
pessoais, providenciando significações da expressão do self, explorando aspectos
pessoais da dimensão relacional, promovendo o desenvolvimento da vivência da
criatividade, expressão livre e prazer, fomentando a liberdade interior, facilitando o
conhecimento de si e do outro, a valorização pessoal, bem como o processo de
maturação (ibidem).

3.2.2.1. Aspectos relacionais e da criatividade nas experiências de improvisação


musical
A experiência do fenómeno musical em musicoterapia é percepcionada como um
processo de mudança criativa e construtiva. Qualquer vivência ocorrida no processo
terapêutico está a acontecer no campo fenomenal da pessoa, com todas as possibilidades
de observação de si, dos outros e da relação inter-pessoal.
Para Rogers (1983), “A experiência da descoberta no próprio íntimo de atitudes e de
emoções reais que foram experienciadas, visceralmente e fisiologicamente, mas que
nunca foram reconhecidas na consciência, constitui um dos fenómenos mais profundos
e mais significativos da terapia” (Rogers, 1983, p. 88). Ainda segundo este autor, o
reconhecimento do sentimento não expresso é “facilitado por condições especiais da
relação terapêutica – a liberdade completa para explorar qualquer zona ou campo
perceptivo e a ausência absoluta de ameaças ao ego que o terapeuta centrado no cliente
proporciona” (ibidem).
Procuramos, com base nestes pressupostos, proporcionar condições que permitam a
emergência deste tipo de experiências, assim como a própria emergência de uma
abordagem musicoterapêutica centrada na pessoa.
Pensamos que o recurso a uma abordagem musicoterapêutica centrada na pessoa
permite facilitar o processo de percepção interna, favorecendo a compreensão empática,
a escuta activa e a congruência, e possibilitando uma abertura do campo fenoménico
experienciado pelo indivíduo.

a. A (s) escuta (s) de si e do outro

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Enquanto conteúdo sonoro, o som produzido - com os seus aspectos acústicos,
neurofisiológicos, sensitivos e emocionais - viaja de fora para dentro e de dentro para
fora, com todo o potencial experiencial que acarreta, ressoando e criando experiências
internas.
Permitindo uma receptividade imediata à experiência (ibidem), o conteúdo sonoro-
musical da relação musicoterapêutica facilita a abertura à vivência. Este estado sonoro-
psíquico proporciona vivências proprioceptivas na pessoa, como se tratasse de um
diálogo interno.
Sendo a música um mediador expressivo intrinsecamente ligado ao desenvolvimento
humano e às suas tomadas de consciência - com todas as suas características
psicológicas, fisiológicas, culturais e espirituais -, a música permite uma abertura da
pessoa às suas múltiplas dimensões humanas.
Na improvisação musical a escuta de si torna-se então cada vez mais activa, e é sentida
como uma forma de relação de ajuda sonoro-musical. Com efeito, nesta experiência
musical existe uma gradual abertura à expressão dos sentimentos que emergem das
escutas internas, o que possibilita ao sujeito uma aproximação aos seus conteúdos
afectivos. Neste processo, o campo fenomenológico da pessoa, a sua realidade
subjectiva, encontra-se em constante interacção com a produção sonora. O som criado
passa, pois, a ter uma intencionalidade “aqui e agora”, na escuta e na relação entre dois
indivíduos, que, escutando-se mutuamente, promovem experiências de empatia
facilitadoras da segurança e da confiança.

b. A (s) empatia (s) de si e do outro


No decurso da improvisação, a experiência empática do fenómeno sonoro-musical
permite a abertura de um canal de comunicação entre a pessoa e o mundo afectivo,
possibilitando uma vivência da liberdade de criar com autenticidade (ibidem).
Para Rogers (1983), quando é possível falar e exprimir atitudes com liberdade descobre-
se uma contradição que antes não se tinha notado. É durante esta experiência de
exploração das atitudes que o paciente começa a sentir que o processo com que está
comprometido implicará alterações que ainda vê obscuramente.
A consciência do movimento interno que deriva das actividades musicais permite uma
descoberta e uma actualização do potencial criativo, propiciando uma mudança nos
valores sonoros, estéticos e relacionais, de acordo com a coerência interna entre as

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vivências afectivas e a expressão musical. Como se tratasse de uma espécie de empatia
sonoro-musical de si, auto-reguladora da incongruência.
Vivenciando esta experiência, a pessoa em grupo de musicoterapia está em relação com
um constante exercício de simultaneidade entre as suas produções sonoras e a dos
outros elementos, entre os seus estados emocionais e o dos outros. Isto é, actua na
paisagem sonora, na qual é um todo e uma parte.

c. A (s) congruência (s) de si e de nós


O processo sonoro-musical, enquanto expressão da história do desenvolvimento
individual, visa a busca de um estado de acordo interno entre a produção sonora e o
campo fenomenológico do sujeito. Ao longo da improvisação musical, o indivíduo vai
viajando por um conjunto de estados emocionais, procurando a coerência interna do
momento. Neste percurso, a própria dinâmica da improvisação musical passa de
momentos mais consonantes para dissonantes, ou, pelo contrário, de estados de
excitação para momentos de relaxamento. Este facto mostra o quanto a intenção do
campo fenomenológico da experiência sonoro-musical, produzida no “aqui e agora”, é
congruente com o estado emocional do sujeito.
Segundo Rogers (ibidem), o processo de exploração de sentimentos é seguido por um
maior conhecimento e auto-compreensão, permitindo uma análise do comportamento de
acordo com esta nova compreensão.

4. Núcleo do Eu e Música Como Objecto Intermediário


Para Jaime Rojas-Bermúdez (1997), o núcleo do eu seria um esquema teórico, genético
e estrutural que integra os factores biológicos, psicológicos e sociais envolvidos no
processo de individualização dos seres humanos. A estrutura do núcleo do eu seria
resultante da integração das três áreas (mente, corpo e ambiente) com os três papéis
psicossomáticos que Rojas-Bermúdez (1966) descreve: ingeridor, defecador e urinador.
O núcleo do eu informa o eu a que área pertence o estímulo com o qual a pessoa é
confrontada. Por outro lado, o eu tem a função de elaborar os estímulos e responder,
interagindo com o ambiente através dos papéis sociais. Existem papéis sociais em
desenvolvimento, papéis atrofiados, papéis pouco desenvolvidos e papéis
desenvolvidos. Quando um papel está bastante atrofiado é necessário um objecto

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intermediário para que, através de um papel complementar, esse papel possa ser
restaurado e, consequentemente, o seu desenvolvimento promovido.
Rojas-Bermúdez (1966) encara o objecto intermediário como um instrumento de
comunicação capaz de actuar terapeuticamente sobre a pessoa em relação, sem
desencadear estados de desconforto ou alarme. Este objecto caracteriza-se por uma
existência concreta, inocuidade, maleabilidade, transmissor da comunicação e
adaptabilidade às necessidades da pessoa, permitindo uma relação íntima,
instrumentação como forma de identificação, e identificabilidade pelo reconhecimento
automático. A música para Rojas-Bermúdez “(…) em certas condições permite
restabelecer a comunicação perturbada (…)” (Rojas-Bermúdez, 1966, p. 170), podendo,
portanto, funcionar como objecto intermediário.

5. A Relação Psicodrama-Musicoterapia
Neste sentido, propomos a utilização de um novo espaço terapêutico, a relação
psicodrama-musicoterapia, que podemos denominar de relacionamento comensal3
(Bion, 1970), no qual integramos técnicas do psicodrama e da musicoterapia.
Com efeito, pensamos que a complementaridade entre estas técnicas permite potenciar
os benefícios terapêuticos de cada uma destas terapias, facilitando a expressão afectiva e
o desenvolvimento de papéis atrofiados ou pouco desenvolvidos.
Procuramos assim potenciar as vivências emocionais e a vinculação afectiva enquanto
factores terapêuticos.

5.1. O Espaço Terapêutico - Setting


Como referimos, para além das experiências musicais em musicoterapia, usamos
técnicas do psicodrama, ambas utilizadas em inter-complementaridade. A direcção de
grupos vivenciais é, assim, alternada entre os dois terapeutas, se a técnica utilizada é do
psicodrama ou da musicoterapia, e existem momentos de co-direcção, quando as
técnicas destas duas psicoterapias são utilizadas simultaneamente.
As etapas deste espaço terapêutico são: a) o aquecimento, b) acção (dramática, musical
e dramático-musical), c) comentários.

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Bion (1970) propôs três tipos de relação conteúdo-continente: a comensal, a simbiótica e a
parasitária. Como afirma Bion, “Por comensal entendo a relação de dois objectos e um terceiro
com proveito para os três.” (Bion, 1970, p. 106).
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O aquecimento pode ser verbal ou, em alternativa, constituir-se pelo recurso à palavra e
pela expressão sonoro-corporal.
Durante a acção, podem ser utilizadas técnicas da musicoterapia, como a improvisação
musical, sendo a acção neste caso musical, ou técnicas do psicodrama, sendo a acção
dramática. É também possível utilizarem-se técnicas da musicoterapia e do psicodrama
em simultâneo; neste último caso denominamos a acção dramático-musical.
Finalmente, nos comentários procura-se, através do recurso à palavra, integrar as
experiências emocionais das etapas anteriores, em especial as ocorridas na etapa da
acção.
O quadro seguinte mostra a estrutura do espaço terapêutico:

Verbal e Não-Verbal

Como foi dito, utilizamos técnicas do psicodrama e da musicoterapia, isolada ou


simultaneamente, e técnicas que nos encontramos a experimentar, como a técnica do
coro musical. Esta técnica é uma adaptação da técnica psicodramática do coro; no nosso
espaço terapêutico o coro corresponde à musicalização improvisada de um sentimento,
frase ou letra musical, por parte do musicoterapeuta, que se encontra a desempenhar o
papel de ego auxiliar.
Em relação à utilização conjunta de técnicas do psicodrama e da musicoterapia, usadas
quando a acção é dramático-musical, é possível todo o tipo de combinações, desde que
enquadradas no objectivo da intervenção. Assim, por exemplo, é possível combinar role
playing, inversão de papéis ou solilóquios com expressão musical que recorra ao corpo -
expressão sonoro-corporal - ou outro tipo de instrumentos musicais.

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No que se refere à utilização separada de técnicas do psicodrama e da musicoterapia
(acção dramática e acção musical), procuramos que a expressão corporal, o movimento
e a música sejam elementos recorrentes da acção, pelo que, quando a acção é dramática,
recorremos frequentemente à psicodança, usada como técnica terapêutica.

6. Áreas de Intervenção
Os campos de aplicação da relação psicodrama-musicoterapia são imensos, no que diz
respeito às problemáticas dos indivíduos e também no que se refere ao tipo de
intervenção - contextos formativos em processo grupal, grupos vivenciais de
desenvolvimento pessoal, grupos de cariz terapêutico. As áreas de intervenção incluem:

6.1. Dificuldades no contacto psicológico (psicose)


6.2. Pessoas com problemas psicossomáticos (regulação simbólica)
6.3. Reactividade somática do mundo emocional
6.4. Dificuldades de expressão
6.5. Dificuldades no desempenho de papéis sociais e de liderança
6.6. Reabilitação de pessoas com dependência alcoólica
6.7. Desenvolvimento pessoal para todos os técnicos
6.8. Contextos de supervisão activa para colaboradores nas áreas da saúde mental e da
relação pedagógica e terapêutica
6.9. Técnicos e equipas da área da saúde mental
6.10. Grupos experienciais em contexto expressivo ou relacional

Terminamos com uma frase que expressa a capacidade de integrar o desconhecido, e,


consequentemente, de mudar: “Quien considera que el tiempo es lineal se aventura en el
infinito, dejando siempre atrás lo ganado con dificultad. Sabe que el significado del
mundo debe crearse logrando que la imaginación se apoye en los hechos. De modo que
debe viajar y observar, tanto en el mundo interno como en el externo, para disfrutar de
un espacio vital demasiado breve, heredero de una hermosa propiedad que habrá de
dejar más hermoseada todavía”. (Meltzer & Harris, 1990, pp. 13-14)

Referencias Bibliográficas

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Abreu, J. L. P. (1992). O modelo do psicodrama moreniano (1ª ed.). Coimbra:
Edições Psiquiatria Clínica.
Bion, W. R. (1991). Atenção e interpretação: O acesso científico à intuição em
psicanálise e grupos. Rio de Janeiro: Imago Editora. (Obra original publicada em
1970)
Bion, W. R. (1994). Uma teoria sobre o pensar. In Estudos Psicanalíticos Revisados
(pp. 127-137). Rio de Janeiro: Imago Editora. (Obra original publicada em 1962).
Blacking, J. (1973). How musical is man? Washington: University of Washington
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Bruscia, K. E. (1998). Defining music therapy. Gilsum, NH: Barcelona Publisher.
Dias, C. A. (1993). Palcos do imaginário: Textos psicodramáticos. Lisboa: Fenda.
Maranto, C .D. (Ed.). (1993). Music therapy: International perspectives. Pipersville,
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- Universidade do Sul de Santa Catarina.
Meltzer, D., & Harris, M. (1990). Familia y comunidad. Buenos Aires: Spatia
Editorial. (Obra original publicada em 1986)
Moreno, J. L. (2002). Psicodrama (8ª ed.). São Paulo: Cultrix. (Obra original
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Moreno, J. L. (1977). Psicomúsica y sociodrama: cinematografía y tv terapéutica (2
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Moura, L. (2014). O objeto intermediário de comunicação – Abordagem de algumas
experiências inovadoras. Psicodrama 7, 17-24.
Rogers, C. (1983). Terapia centrada no paciente (2 ed.). Lisboa: Morais Editores.
Rojas-Bermúdez, J. G. (1980). Introdução ao psicodrama (3ª ed.). São Paulo:
Editora Mestre Jou. (Obra original publicada em 1966)
Rojas-Bermúdez, J. G. (1997). Teoría y técnica psicodramáticas. Barcelona: Paidós.

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