Os Direitos Humanos (DH) podem ser definidos como todo e quaisquer
direitos relacionados à garantia de uma vida digna às pessoas em geral, tendo como exigência o simples fato destes serem humanos. Consiste em garantir a estes direitos e liberdades fundamentais sem discriminação de raça ou cor, religião, nacionalidade, gênero, orientação sexual, política dentre outras . Garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1966 da Organização das Nações Unidas (ONU). Tomando por base estes princípios e a existência de uma autoridade superior que tem como objetivo defender e garantir os DH a todo e qualquer cidadão, queremos discutir como é possível ainda existir práticas nitidamente violadoras destes como a prática de fibulação feminina nos países africanos?
A fibulação feminina consiste em uma prática de remoção ou mutilação das
genitálias femininas, justificada por motivos étnicos –culturais. Ela pode ser classificada em três tipos tipo 1, chamada de clitoridectomia remoção parcial ou total do clitóris e da pele no entorno) , o tipo 2, excisão( a remoção parcial ou total do clitóris e dos pequenos lábios) e tipo 3, denominada de infibulação ( neste método é feito o corte ou reposicionamento dos grandes e dos pequenos lábios, inclui costura para deixar uma pequena abertura) .
De acordo com dados recentes da Organização das Nações Unidas (2019) as
mutilações da genitália feminina é uma prática bastante frequente e atinge atualmente cerca de 200 milhões de meninas e mulheres, praticada em cerca de 30 países africanos (onde a incidência é maior). Mas também atingindo parte do Oriente Médio, Ásia, América Latina, alguns lugares na Europa ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia.
Além do fenômeno cultural, a prática de mutilação da genitália feminina,
conforme diversos relatos é explicada como um meio de inserção social, razões religiosas, na qual o sexo e a sensação de prazer pelas mulheres é algo proibido, elas apenas devem casar-se virgens e satisfazer aos desejos de seus maridos. Que sentem todo e maior prazer na relação sexual, pois a mutilação lhes tira qualquer possibilidade. As mulheres relatam ser um procedimento bastante doloroso que lhe geram terríveis danos e feito geralmente contra sua vontade.
Diversos especialistas já demonstram os prejuízos a saúde física e emocional
daquelas que são submetidas a tal prática dentre os quais podem ser citados: riscos de infecção, pois o fechamento da vagina e da uretra deixa as mulheres com uma pequena abertura pela qual passam o fluído menstrual e a urina, e as condições precárias de higiene adotadas, tornando as mulheres mais vulneráveis a diversas doenças e colocando em risco sua própria vida.
No entanto a pratica é latente em diversos lugares no mundo, em países onde
o desenvolvimento e a informação são precárias, a ONU atua atualmente combatendo esta prática expondo os riscos e os porquês dela não poder ser praticada. Ao analisarmos os próprios princípios dos Direitos Humanos percebe-se que a infibulação fere os direitos a liberdade de escolha (querer ou não se submeter a tal procedimento), a liberdade sexual (mulher sentir prazer por meio de seu corpo), o direito à saúde e a própria vida devido a vulnerabilidade de adquirir diversas doenças nas quais estas mulheres são expostas. Assim pode-se afirmar que os Direitos Humanos devem estar acima de qualquer pressuposto que coloca a própria vida humana em risco, pois eles foram criados para proteger e defender a vida humana.