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Série tecnologia da informação (TI)

TENDÊNCIAS
E DEMANDAS
TECNOLÓGICAS
EM TI
Série TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - hardware

TENDÊNCIAS
E DEMANDAS
TECNOLÓGICAS
EM TI
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - hardware

TENDÊNCIAS
E DEMANDAS
TECNOLÓGICAS
EM TI
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional de Goiás

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo Integrado de Educação a Distância do
SENAI de Goiás, em parceria com os Departamentos Regionais do Distrito Federal, Bahia e
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os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de Goiás


Núcleo Integrado de Educação a Distância – NIEaD

______________________________________________________________

S477t
SENAI-Departamento Regional de Goiás
Tendências e demandas tecnológicas em TI /SENAI –
Departamento Regional de Goiás – Goiânia, 2012.
154p.: il.

3 Tendências em TI. 2. Demandas por novos produtos. 3.Inovação


Tecnológica..4. Aplicação de novas tecnologias. 5. Educação a
distância.

I. Autor. II. Título.

CDD – 004
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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 − Antoine Laurent de Lavoisier....................................................................................................................14
Figura 2 − Davi x Golias....................................................................................................................................................16
Figura 3 − Dexter ...............................................................................................................................................................17
Figura 4 − Narciso...............................................................................................................................................................18
Figura 5 − Leão pronto para atacar..............................................................................................................................19
Figura 6 − Antiga produção de tecido........................................................................................................................20
Figura 7 − Tear mecânico.................................................................................................................................................21
Figura 8 − Lâmpada de tungstênio.............................................................................................................................22
Figura 9 − O mundo digital.............................................................................................................................................23
Figura 10 − Sardinha enlatada.......................................................................................................................................25
Figura 11 − Ideia conceitual de tablet apresentada na série Star Trek.............................................................26
Figura 12 − Abacaxi...........................................................................................................................................................26
Figura 13 − Colmeia...........................................................................................................................................................27
Figura 14 − Representação do círculo vicioso.........................................................................................................28
Figura 15 − Convergência digital..................................................................................................................................30
Figura 16 − Harry Nyquist...............................................................................................................................................30
Figura 17 − Digitalização conforme o teorema de Nyquist................................................................................31
Figura 18 − Processo de digitalização.........................................................................................................................32
Figura 19 − Exemplo de onda sonora.........................................................................................................................33
Figura 20 − Exemplo de imagem..................................................................................................................................34
Figura 21 − Pintura rupestre ..........................................................................................................................................34
Figura 22 − Vídeo................................................................................................................................................................35
Figura 23 − Ícones de mídias..........................................................................................................................................36
Figura 24 − Modelo antigo de televisão....................................................................................................................36
Figura 25 − Fonógrafo de Edison..................................................................................................................................37
Figura 26 − Livros...............................................................................................................................................................38
Figura 27 − Carta................................................................................................................................................................39
Figura 28 − Modelo de telefone antigo......................................................................................................................40
Figura 29 − Modelo de Smartphone............................................................................................................................41
Figura 30 − Caminhos.......................................................................................................................................................42
Figura 31 − Nave estelar Enterprise.............................................................................................................................46
Figura 32 − Steve Jobs......................................................................................................................................................47
Figura 33 − Inovação ........................................................................................................................................................48
Figura 34 − Navegar é preciso, viver não é preciso....................................................................................................49
Figura 35 − Cesta de pão de queijo.............................................................................................................................51
Figura 36 − Raul Seixas.....................................................................................................................................................54
Figura 37 − Inovação de produto.................................................................................................................................54
Figura 38 − Jobs e Wozinak observam placa principal do Apple I...................................................................56
Figura 39 − IBM 5150........................................................................................................................................................56
Figura 40 − Apple Macintosh Original........................................................................................................................57
Figura 41 − Apple iMac....................................................................................................................................................57
Figura 42 − Apple IPod.....................................................................................................................................................58
Figura 43 − Exemplos de redes sociais.......................................................................................................................58
Figura 44 − A aldeia global.............................................................................................................................................59
Figura 45 − Mapa em papel............................................................................................................................................60
Figura 46 − Tempos modernos......................................................................................................................................60
Figura 47 − Henry Ford.....................................................................................................................................................61
Figura 48 − Código de barras.........................................................................................................................................63
Figura 49 − GPS...................................................................................................................................................................64
Figura 50 − Cartões de crédito ou débito..................................................................................................................64
Figura 51 − Internet Banking .........................................................................................................................................65
Figura 52 − MPS BR ...........................................................................................................................................................65
Figura 53 − Dilbert e a inovação organizacional....................................................................................................66
Figura 54 − Papéis arquivados.......................................................................................................................................68
Figura 55 − Dilbert e o marketing ................................................................................................................................69
Figura 56 − Exemplos de banners.................................................................................................................................72
Figura 57 − Marketing via e-mail ..................................................................................................................................72
Figura 58 − Vídeo marketing ..........................................................................................................................................73
Figura 59 − Exemplos de redes sociais.......................................................................................................................73
Figura 60 − Dilbert e a inovação...................................................................................................................................74
Figura 61 − Inovação.........................................................................................................................................................75
Figura 62 − Riscos ..............................................................................................................................................................77
Figura 63 − Comunicação ao redor da fogueira .....................................................................................................84
Figura 64 − Sistema de comunicação ........................................................................................................................85
Figura 65 − Ideograma chinês para PAZ ...................................................................................................................85
Figura 66 − Capa do Livro “Understanding the media: the extensions of man”..............................................87
Figura 67 − Computadores.............................................................................................................................................89
Figura 68 − Programação do Eniac..............................................................................................................................89
Figura 69 − Rede computacional..................................................................................................................................90
Figura 70 − Ambiente thin client...................................................................................................................................91
Figura 71 − Google Chromebook.................................................................................................................................91
Figura 72 − Smartphone...................................................................................................................................................92
Figura 73 − Tablet...............................................................................................................................................................93
Figura 74 − Geladeira com internet.............................................................................................................................94
Figura 75 − Televisão digital...........................................................................................................................................94
Figura 76 − Logo Ginga....................................................................................................................................................95
Figura 77 − Tela de toque (touch screen)....................................................................................................................96
Figura 78 − Wii remote......................................................................................................................................................97
Figura 79 − Microsoft Kinect..........................................................................................................................................98
Figura 80 − Kinect em uso médico..............................................................................................................................98
Figura 81 − Impressora 3D..............................................................................................................................................99
Figura 82 − Realidade aumentada............................................................................................................................ 100
Figura 83 − Ilustração de conectividade ................................................................................................................ 101
Figura 84 − Home plug .................................................................................................................................................. 101
Figura 85 − Rede sem fio ............................................................................................................................................. 102
Figura 86 − Rede mesh ................................................................................................................................................. 102
Figura 87 − IEEE 802.22 ................................................................................................................................................ 103
Figura 88 − QoS................................................................................................................................................................ 104
Figura 89 − Nuvem ........................................................................................................................................................ 105
Figura 90 − Computação em Nuvem....................................................................................................................... 106
Figura 91 − Tempestade................................................................................................................................................ 108
Figura 92 − Armazém antigo ..................................................................................................................................... 109
Figura 93 − E-commerce................................................................................................................................................ 110
Figura 94 − Canal de Retorno..................................................................................................................................... 111
Figura 95 − Mercado Global........................................................................................................................................ 112
Figura 96 − Cartões de crédito e débito.................................................................................................................. 113
Figura 97 − Impostos..................................................................................................................................................... 113
Figura 98 − Documentos de identidade ................................................................................................................ 114
Figura 99 − Redes sociais.............................................................................................................................................. 115
Figura 100 − Pessoas conectadas.............................................................................................................................. 115
Figura 101 − Cuidado..................................................................................................................................................... 118
Figura 102 − Usuário de rede social......................................................................................................................... 119
Figura 103 − TI Verde...................................................................................................................................................... 123
Figura 104 − Cuidado com a natureza..................................................................................................................... 124
Figura 105 − Reciclagem de lixo eletrônico........................................................................................................... 125
Figura 106 − Documentos............................................................................................................................................ 128
Figura 107 − Logicaldoc................................................................................................................................................ 132
Figura 108 − Goldendoc............................................................................................................................................... 132
Figura 109 − Carteira de trabalho............................................................................................................................. 133
Figura 110 − SBC.............................................................................................................................................................. 134
Figura 111 − Congresso Nacional.............................................................................................................................. 136
Figura 112 − O Homem de seis milhões de dólares........................................................................................... 138
Figura 113 − Frankenstein............................................................................................................................................ 139
Figura 114 − Pirata com algumas próteses ........................................................................................................... 140
Figura 115 − Mão robótica segurando um ovo ................................................................................................... 141
Figura 116 − Paciente com retina eletrônica......................................................................................................... 142

Quadro 1 − Habilitação Profissional Técnica em Manutenção e Suporte em Informática......................11


Quadro 2 − Redes sociais mais populares.............................................................................................................. 117

Tabela 1 − Índice de energia limpa utilizado por empresas de TI.................................................................. 127


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Demanda de Novos Produtos Industrializados...................................................................................................13


2.1 A demanda por novos produtos.............................................................................................................14
2.2 A revolução industrial.................................................................................................................................19
2.3 O ciclo virtuoso.............................................................................................................................................24
2.4 A convergência digital................................................................................................................................30
2.5 A convergência digital – produtos.........................................................................................................36

3 Inovação Tecnológica....................................................................................................................................................45
3.1 O que é inovação..........................................................................................................................................46
3.2 Impacto no mercado...................................................................................................................................49
3.3 Inovação de produtos.................................................................................................................................53
3.4 Inovação do processo.................................................................................................................................60
3.5 Inovação organizacional............................................................................................................................66
3.6 Inovação de marketing...............................................................................................................................69
3.7 Gestão da inovação.....................................................................................................................................74

4 Aplicações de Novas Tecnologias


4.1 Comunicação.................................................................................................................................................84
4.2 Era pós-PC.......................................................................................................................................................89
4.3 Os periféricos.................................................................................................................................................95
4.4 Conectividade............................................................................................................................................ 101
4.5 Computação em nuvem......................................................................................................................... 105
4.6 O comércio................................................................................................................................................... 109
4.7 A vida social: as redes sociais................................................................................................................ 115
4.8 As redes sociais – comportamento..................................................................................................... 119
4.9 TI verde.......................................................................................................................................................... 123
4.10 Gestão Eletrônica De Documentos ................................................................................................. 128
4.11 A lei, a profissão e o profissional....................................................................................................... 133
4.12 O homem, a fronteira final................................................................................................................... 137

Referências......................................................................................................................................................................... 147

Minicurrículo dos Autores............................................................................................................................................ 149

Índice................................................................................................................................................................................... 151
Introdução

Caro aluno, nesta unidade curricular você conhecerá a evolução do mercado e assim com-
preender como funciona o ciclo de demandas por novos produtos.

Aprenderemos sobre a inovação de produtos, processos, organizações e marketing ligados


à área de TI e os possíveis impactos dessa inovação no mercado. E, por último, veremos a evo-
lução sofrida pela comunicação nos últimos tempos, abordando inclusive as principais redes
sociais da atualidade.

A seguir, são descritos na matriz curricular os módulos e as unidades curriculares do curso,


assim como suas cargas horárias.

Quadro 1 - Habilitação Profissional Técnica em Manutenção e Suporte em Informática

Carga Horária
Módulos Unidades Curriculares Carga Horária
Módulo
• Fundamentos para Documentação Técnica 140h

Básico • Eletroeletrônica Aplicada 120h 320h

• Terminologia de Hardware, Software e Redes 60h

• Arquitetura e Montagem de Computadores 160h

• Instalação e Manutenção de Computadores 250h

• Instalação e Configuração de Rede 160h

Específico I • Segurança de Dados 50h 880h

• Sistemas Operacionais 120h

• Gerenciamento de Serviços de TI 80h

• Tendências e Demandas Tecnológicas em TI 60h

Bons estudos!
Demanda por novos
produtos industrializados

Um dos resultados visíveis com as mudanças ocorridas durante a história é a constante bus-
ca por novos produtos.
Desde a Revolução Industrial vemos um grande desenvolvimento no processo, produtivida-
de e qualidade de novos produtos, tornando-os ainda mais interessante com o surgimento da
eletricidade e a chegada do mundo digital.
Outro fator que devemos levar em consideração ao estudarmos a demanda por novos pro-
dutos é o impacto do ciclo virtuoso na produção desses. Podemos observar que uma série de
fatos ou fenômenos que naturalmente se interligam resultam numa repetição cíclica, promo-
vendo inovação e aperfeiçoamento.
Ao final deste capítulo você será capaz de definir e relacionar:
a) as demandas por novos produtos;
b) as constantes revoluções da aldeia global;
c) o impacto do ciclo virtuoso sobre a demanda de novos produtos;
d) a convergência digital e seus produtos.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
14

2.1 A DEMANDA POR NOVOS PRODUTOS

"... Você me pergunta pela minha paixão


Digo que estou encantado
Com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação …
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem."
(Como Nossos Pais, Belchior)

Belchior, em “Como nossos pais”, apresentou uma visão da mudança que se


desejava causar no país no período da ditadura militar. Os versos da canção po-
dem também ser usados para revelar a necessidade nata do ser humano pela
inovação e a busca do novo, sendo que diversas vezes esta nos leva a mudanças
de comportamentos sociais, a criação de novos produtos e demandas tecnológi-
cas. A canção retrata também algo muito interessante: a resistência da estrutura
estabelecida ao novo, a novidade. A inovação e o uso de novos produtos muitas
vezes são afastados pelas pessoas e organizações. Vamos discutir neste tópico
sobre demanda de novos produtos.

A CRIAÇÃO
Dreamstime (2012)

Figura 1 − Antoine Laurent de Lavoisier


2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
15

Um sábio chamado Lavoisier disse um dia: “Nada se cria. Tudo se transforma”.


Se observarmos a humanidade ao longo dos tempos, notamos um comporta-
mento cíclico de reutilização das ideias.
Vejamos um exemplo: a vila.
No princípio as cidades eram organizadas atrás de grandes paredes protegi-
das pelo aparato bélico do rei contra invasores externos. Ao longo do tempo, o
conceito de cidade se estendeu para o de país. Atualmente repetimos a ideia de
cidade medieval: condomínios horizontais onde seus muros protegem aqueles
que estão em seu interior.
Outros exemplos podem ser dados: o automóvel atual não passa da carroça na
qual substituímos o cavalo por um motor a combustão ou a eletricidade. O cor-
reio eletrônico substitui as cartas, e o Twitter substitui o mural do bairro. E tantas
outras situações, em que apenas as incrementamos tecnologicamente.

UM NOVO PRODUTO

Vamos a uma pequena história:


Há muito tempo, no século XVIII, a população enfrentava um problema para
conservar alimentos contra a deterioração, em especial quando se realizava o seu
transporte. Surgiu, então, a ideia de guardar a comida em latas lacradas e aquecê-
-las a alta temperatura. Não se sabia na época, mas ao aquecer a lata, estavam
eliminando quaisquer micro-organismos presentes na comida e o lacre evitava a
entrada de novos micro-organismos, garantindo que o alimento não ia se dete-
riorar por um tempo. A partir dessa ideia foi criada a comida enlatada, um produ-
to muito útil atualmente. O que você talvez não saiba é de um fato muito curioso:
o abridor de latas só foi inventado mais de 10 anos depois, e, durante aquele
período, as latas eram abertas com martelo, talhadeira e outros instrumentos, in-
cluindo pedras.
Aqui temos exemplos interessantes:
a) o surgimento de um novo produto pela demanda de mercado, a comida
enlatada;
b) a demanda por produtos que tornem o anterior de mais fácil uso e, portan-
to, com maior utilidade, neste caso o abridor de latas.
Novos produtos surgem pela inovação e criatividade do ser humano, através
de pesquisa pura ou aplicada. Mas não necessariamente novos produtos são ne-
cessários ou existirá demanda pelos mesmos. Logo uma excelente ideia pode de-
terminar a quebra de uma empresa se não estiver atenta ao mercado.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
16

O MERCADO COMO FILTRO DO SUCESSO

Não adianta ter os melhores produtos ou estruturas de suporte e não ter o


cliente. Vamos a três pequenas histórias para ilustrar isso.

DAVI E GOLIAS

Dreamstime (2012)

Figura 2 − Davi x Golias

Você lembra a história do pequeno Davi? Ele vence o gigante Golias com o uso
de um estilingue.
Na década de 60/70, a AT&T (American Bell) possuía uma influência tão forte
no mercado de telecomunicações americano que o governo decidiu, para o bem
da população, que ela deveria ser fragmentada em empresas menores, as chama-
das Baby Bell´s. Dessa forma, cada pequena empresa atuaria de forma regional e
a AT&T trabalharia com os estados, em ligações a longa distância, como nosso
DDD. A AT&T se manteve como empresa principal na área nas décadas de 70,80,
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
17

e 90, contudo, a poucos anos, foi adquirida por uma das empresas originarias dela
na divisão. O que aconteceu? Em última instância ela foi vítima da crença de que
o VOIP (nova tecnologia), voz sobre IP, não afetaria seus negócio de chamadas a
longa distância. O grande problema para a mesma é que o VOIP se tornou uma
realidade e afetou suas receitas.
Não acreditar em inovação pode matar.

DEXTER

Vector Junky (2012)

Figura 3 − Dexter

Dexter é um menino cientista dos desenhos animados que vive no laboratório,


está ligado em tudo e nos avanços tecnológicos. A Nortel Canadense também
estava. Era uma das líderes do mercado mundial, mas era baseada na telefonia
clássica, usando X. 25, depois Frame Relay fornecendo soluções para o mercado.
Contudo, como era uma empresa a busca do novo, notou que o mercado ten-
dia para a convergência digital usando ATM. Adquiriu a principal fornecedora de
ATM, a americana Bay Networks, e investiu neste mercado. Em certo momento,
com o crescimento da internet, apostou no chamado IP Over Sonet, ou protocolo
IP diretamente sobre a fibra ótica, mais barato, mais simples que ATM e seria o
futuro.
Apenas um pequeno problema aconteceu: o mercado não comprou a ideia da
Nortel e ela que passou a ter uma excelente solução para os próximos anos, infe-
lizmente quebrou e está terminando de ter suas patentes vendidas no mercado
para pagar as dívidas.
Ideias revolucionárias cedo demais podem quebrar.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
18

NARCISO

Peintures des Musées de France (2012)


Figura 4 − Narciso

A Apple, após fornecer o primeiro microcomputador para pessoas comuns


usarem, por já vir montado, sofreu uma forte concorrência com o lançamento
pela IBM, uma empresa muito maior que a Apple, do IBM PC, em 1981. Enquanto
a IBM tinha um século, a Apple, 5 anos. O que fazer? A resposta veio em inovação:
a Apple introduziu o Macintosh com interface gráfica e multimídia no início dos
anos 80 (1984), sendo o sucesso tal que rapidamente recuperou o mercado per-
dido para o IBM PC.
Com as ações da Apple na Bolsa de Valores, Steve Jobs contratou um adminis-
trador para a empresa e passou a se dedicar à criação de novos produtos. O admi-
nistrador entendeu que Jobs não devia mexer com inovação já que o Macintosh
era um sucesso e o demitiu. Depois de algum tempo, a Apple não conseguiu ino-
var mais o Macintosh e passou a ter prejuízos, quase indo à falência. Recuperou-se
quando adquiriu a nova empresa fundada por Jobs após sua demissão, a Next,
recolocando-o como presidente da Apple. Basicamente os produtos da Next fo-
ram e são os Macintoshs atuais.
Ficar parado no tempo, curtindo o próprio sucesso, pode ser mortal.

O QUE FAZER?

Usando uma expressão popular: “se correr o bicho pega se ficar o bicho come!”
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
19

Dreamstime (2012)
Figura 5 − Leão pronto para atacar

Se não procurar inovação e novos produtos a empresa quebra e se buscar pro-


dutos muito inovadores, quebra também. Não é bem assim, o que apresentamos
foram casos infelizes no mercado, que afetaram empresas líderes e com mais de
50 anos de mercado.
Devemos entender que existe forte demanda por novos produtos, inovação,
e que acima de tudo o mercado é dinâmico e muda constantemente. Uma ideia
boa hoje pode ser péssima amanhã e vice-versa. A Apple com o Ipad nos pro-
va isso. Várias empresas tentaram montar um tablet com funções parecidas, sem
sucesso. O Ipad não. Ele era o produto certo, na hora certa, no formato e design
certo. Isso se chama sucesso de vendas.
Pense um pouco nas palavras de Cazuza, em o Tempo Não Para.

… Eu vejo o futuro repetir o passado.


Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para…

O novo sempre vem. Mesmo que revisite o passado.

2.2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

"Sinais de vida no país vizinho


Eu já não ando mais sozinho
Toca o telefone,
Chega um telegrama enfim
Ouvimos qualquer coisa de Brasília
Rumores falam em guerrilha
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
20

Foto no jornal,
Cadeia nacional
...
Viola o canto ingênuo do caboclo
..."
(Revoluções por Minuto, RPM)

As mudanças sempre vêm. O novo sempre vem, gostemos ou não. O mundo


está em uma constante revolução: a revolução da informática, da conectividade,
da aldeia global. Mas como diriam os autores do texto acima, a mudança é emi-
nente. Outro ícone, Renato Russo, expressou em Fátima:

Mas acontece que tudo tem começo…


Se começa um dia acaba,
eu tenho pena de vocês

E o começo foi há muito tempo. Ao falarmos em revolução da informática,


veremos que começou há dois séculos.

DO TEAR AO TEAR

Dreamstime (2012)

Figura 6 − Antiga produção de tecido


2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
21

A revolução industrial tem início na Inglaterra do século XVIII com a mecaniza-


ção dos sistemas de produção.
Elementos marcantes, como a locomotiva a vapor e o tear, surgem. Na segun-
da metade do século XIX, ocorre a segunda revolução industrial com um forte
cunho tecnológico, merecendo destaque a eletricidade, os processos vindos dela
e novas tecnologias.
Com os avanços da tecnologia da informação e da genética, estamos na tercei-
ra fase, ou terceira revolução industrial.
Um fato marcante no início da revolução industrial foi a automação dos teares
manuais que produziam tecido. Foi desenvolvido um tear mecânico programá-
vel, que mediante um cartão perfurado se especificava o padrão do tecido e os
desenhos a serem produzidos. Foi um progresso notável para a época, possibili-
tando ganho em produtividade e qualidade.

Dreamstime (2012)

Figura 7 − Tear mecânico

A criação do tear mecanizado abriu a mente da população da época para um


novo mundo de oportunidades com a automação, surgindo então uma forte de-
manda por novos produtos que resolvessem problemas do cotidiano, em espe-
cial no chão de fábrica da indústria.
O cartão perfurado de comandos usado pelo tear automatizado foi empre-
gado até a década de 50, quando surgiram os terminais interativos. Com a nova
tecnologia, os cartões deixaram de ser usados como principal forma de entrada
de dados para computadores.
A posse da matriz energética é elemento determinante nesse momento para
o sucesso.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
22

A REVOLUÇÃO ELÉTRICA

Dreamstime (2012)
Figura 8 − Lâmpada de tungstênio

O surgimento da eletricidade é ponto marcante na chamada segunda revo-


lução industrial, e podemos notar alguns elementos lógicos. Com a eletricidade
temos a matriz energética, enquanto geradora, localizada em local não determi-
nado. Deixamos de ter estoque de óleo, carvão e outros insumos e tratamos a
fonte de energia como uma commodity. Outro elemento principal é a possibili-
dade de criarmos novos engenhos, produtos, que ocupam menos espaço e são
mais baratos.
Em especial na área de comunicação, a eletricidade nos permite uma gama
imensa de oportunidades. Saímos do papel utilizado a milhares de anos, o sim-
ples desenho sobre uma superfície que necessitava ser transportada para ter seu
conteúdo acessado, e chegamos aos meios de comunicação que não precisam de
transporte. Podemos citar o telégrafo, o rádio, o telefone, a televisão. Esses meios
de comunicação mudam totalmente a organização social, política e espacial com
as quais as comunidades humanas estavam acostumadas. Uma nova humanida-
de surge.
Se novos conceitos surgem, as demandas por produtos adequados à nova re-
alidade deixam de ser ocasionais e passam a ser demoradas. É claro que nessa
época, final do século XIX, as capacidades apenas começam a ser imaginadas e
transformadas em produtos.
A posse da matriz energética passa a não ser determinante, mas meramente
uma commodity. É elemento chave a fábrica, o processo fabril e a informação.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
23

A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO

FabriCO (2012)
Figura 9 − O mundo digital

Se a capacidade de fornecer alimento e abrigo ao homem na pré-história foi fa-


tor determinante para definir o espaço que o mesmo ocupava; e o fogo, elemento
que permitia transformar o alimento, gerar proteção contra outros seres e aque-
cer item básico de sobrevivência, algo quase místico dentro de um agrupamento
humano e defendido vorazmente. A defesa do fogo perde a importância quando
há a descoberta de como gerá-lo (lembramos que só conseguíamos fogo devido
a algumas tempestades com raios que provocavam um incêndio). O fogo conti-
nuou sendo importante, mas algo maior surge: a informação, o conhecimento.
As tábuas de pedra, com os mandamentos que Moisés traz ao povo, são co-
nhecimentos sociais que permitem que comunidades sobrevivam. A biblioteca
de Alexandria é um repositório de conhecimento, algo que Alexandre, O Grande,
entendeu ser mais importante que o ouro e riqueza dos povos que conquistou.
A idade média é marcada pela Santa Inquisição e pelo Index (de livro proibido),
novamente conhecimento que podemos acessar ou não. A igreja católica possuiu
a posse do conhecimento humano durante séculos quando a única forma de se
copiar livros era através de réplica manual, tão bem executada por monges copis-
tas que dominavam várias línguas e técnicas. A implementação da imprensa por
Gutenberg marca a possibilidade da divulgação da informação em escala. Qual-
quer um poderia a baixo custo replicar informação.

VOCÊ Acredita-se que a imprensa foi inventada na China e


Gutenberg apenas aperfeiçoou o processo trocando os
SABIA? blocos de impressão de barro por chumbo.

A segunda revolução industrial transformou o modo de transportar a informa-


ção, contudo, atualmente, a informação é gerada e consumida instantaneamente
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
24

pela população mundial. Produzimos nos últimos 10 anos de existência da inter-


net mais informação do que nos milênios anteriores de existência humana.
Hoje, a posse da informação e seu uso adequado é o fator determinante no
sucesso de um produto, bem como o uso adequado dos novos canais de comu-
nicação, como as redes sociais, tem impacto maior do que qualquer marketing
tradicional. A demanda por produtos e a forma que esperamos por eles passou a
ser determinada de forma global e comunitária. A posse da fabrica é apenas um
detalhe técnico, tanto que grande parte da factory, produção básica, foi migrada
para a China.

"Somos os filhos da revolução,


Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola."
(Renato Russo, Geração Coca-Cola)

Renato Russo, ao escrever os versos sublimes de Geração Coca-Cola, estava


quase certo: não somos escravos, somos produtos da internet. A nova tônica é a
aldeia global. Nós, enquanto profissionais da tecnologia da informação, somos
os alicerces de uma nova civilização que surge. Perceba a dimensão de nossa res-
ponsabilidade.
O mundo é informação e a informação é digital.

2.3 O CICLO VIRTUOSO

"Roda mundo, roda gigante


Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração..."
(Chico Buarque, Roda Viva)

A poesia detalha, tão bem, a vida como uma roda de desafios e mudanças. A
própria vida é tratada como uma roda, um ciclo. O ciclo da vida. Começo, meio,
fim e recomeço, já que em um ciclo não existe fim. A demanda por novos produ-
tos e serviços pode ser vista da mesma forma. Como um ciclo de início, meio, fim
e recomeço com um novo produto.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
25

Em administração, estamos interessados também em um ciclo específico: o


virtuoso. Vamos discutir sobre ele e o impacto sobre a demanda de novos pro-
dutos.

ONDE TENHO UMA TOMADA LIVRE PARA A SARDINHA?

Dreamstime (2012)

Figura 10 − Sardinha enlatada

Imagine o desafio de se comer sardinha. Há algum tempo o problema era


achar uma frigideira para fritar as sardinhas. Hoje, é achar uma tomada para ligar
um abridor de lata elétrico.
O fato de criarmos novos produtos acaba alimentando a criação de novas so-
luções para os novos produtos e, a partir daí, outros novos produtos são criados,
estabelecendo-se um ciclo sem fim.
Vamos explicar melhor:
Se você desejava comer sardinha com Miojo há algum tempo, bastava fritá-las
e pronto. Ao surgir comida enlatada foi interessante criar um novo produto base-
ado nos enlatados: sardinhas em lata (molho de óleo ou tomate). Bom, era difícil
abrir a lata de sardinha com um martelo, o sucesso e popularidade do produto
enlatado levou a invenção de um novo produto: o abridor de latas. Agora era fácil
abrir uma lata de sardinha.
Como o abridor de latas foi criado, permitiu-se uma popularização maior de
outros produtos em latas, causando mudanças na forma das pessoas se alimenta-
rem. O que origina outra vez novos produtos, como um abridor de latas elétrico.
Na área de informática encontramos o mesmo processo. Os primeiros compu-
tadores eram máquinas imensas que resolviam poucos problemas e inacessíveis.
Na década de 60, tínhamos máquinas menores e de menor custo. No cinema e TV
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
26

passavam diversos filmes e seriados mostrando computadores de forma integra-


da ao dia a dia. A série Jornada nas Estrelas (Star Trek) apresenta o conceito do que
seriam os nossos tablets atuais, como podemos ver na figura a seguir, isso num
tempo que não havia o computador pessoal, o microcomputador.

Paramount Television (1967-1969)


Desilu Productions (1966-1967),
Figura 11 − Ideia conceitual de tablet apresentada na série Star Trek

A fixação desta ideia de produto e as possibilidades geradas pelo transistor e


circuitos integrados levaram a criação deste e de vários outros produtos nas duas
décadas seguintes à de 60.
Um novo produto puxa outro levando a uma demanda constante de inovação
e novos produtos.

CASOS E RELATOS
FabriCO (2012)

Figura 12 − Abacaxi

A capital do abacaxi
A cidade de Xique-xique vivia uma crise imensa, com seu comércio fe-
chando, e com a economia local parada. Um dia, o novo prefeito resolveu
que incrementaria a economia local.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
27

O seguinte anúncio foi colocado na entrada da cidade: “Venham conhe-


cer a capital do Abacaxi”, e divulgou essa visão entre a população. Logo,
os produtores agrícolas começaram a plantar abacaxi, o que demandou
a contratação de pessoas, para o campo. A indústria local, vendo as
possibilidades, montou uma fábrica de compotas e uma de doces de
abacaxi, que gerou mais emprego e maior capacidade de consumo por
parte da população. Hoje Xique-xique, por ter acreditado, é realmente a
capital do abacaxi com uma economia rica que gira em torno da cultura
do abacaxi.
O prefeito, reeleito, agora tem uma nova ideia: “Xique-xique a capital
do abacaxi, laranja e mel”. É que uma flor leva à outra e abelha gosta de
mel, um ciclo evolutivo constante.

Dreamstime (2012)

Figura 13 − Colmeia

Entende-se por ciclo virtuoso este processo contínuo de alimentação do siste-


ma com crescimento e evolução. Um exemplo interessante seria na área de eco-
nomia e finanças. Imagine uma determinada cidade com economia estacionária.
Agora considere que você consiga aumentar empregos na cidade: isso vai levar a
um aumento de renda da população e por consequência aquecerá o consumo. Se
tivermos esse aquecimento, necessitamos de mais produtos e também de mais
investimentos na indústria, o que vai gerar mais empregos na cidade, ocasionan-
do um aumento de renda da população e assim repetitivamente. Devemos ser
cautelosos ao ciclo virtuoso para que não tenhamos o “estouro da bolha” onde
exista uma crise eminente.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
28

O CICLO VICIOSO

Dreamstime (2012)
Figura 14 − Representação do círculo vicioso

Da mesma forma que a expressão ciclo virtuoso denota um arranjo econômico


crescente, temos outra que expressa também um processo cíclico, mas negativo.
O ciclo vicioso ou círculo vicioso.
O conceito estabelece uma sequência de eventos, cíclica, que se repete le-
vando não a melhoras, mas a uma piora. Um exemplo é a demanda por novos
produtos tecnológicos sem razão justificada. Supondo que necessitamos de um
novo sistema operacional, este precisa de um novo hardware, que demanda um
novo sistema operacional, e assim por diante. No final não teremos ganhado, será
apenas o uso e evolução da tecnologia por si só.

A LEI DE MOORE E O CICLO VIRTUOSO

Gordon Earl Moore, um dos criadores da Intel, em 1965, fez a seguinte afirma-
tiva:

The complexity for minimum component costs has increased at a


rate of roughly a factor of two per year (seegraph on next page).
Certainly over the short term this rate can be expected to conti-
nue, if not to increase. Over the longer term, the rate of increase is
a bit more uncertain, al-though there is no reason to believe it will
not remain nearly constant for at least 10 years.

Fonte: <ftp://download.intel.com/museum/Moores_Law/Arti-
cles-press_Releases/Gordon_Moore_1965_Article.pdf>
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
29

Em sua visão, a capacidade computacional, em termos de componentes por


circuito integrado, dobraria a cada ano. Leia o artigo completo e entenderá a vi-
são de Moore do ciclo virtuoso aplicado a produtos em tecnologia. Em suma:
a) os circuitos integrados geram novos produtos, com preços menores;
b) com os preços mais baixos, permite-se (induz) o surgimento de novos pro-
dutos e aplicações: microcomputadores, video games;
c) o surgimento de novas aplicações leva a uma maior demanda de mercado
o que gera novas indústrias;
d) novas indústrias geram concorrência;
e) concorrência gera demanda por avanços tecnológicos;
f) a demanda leva à manufatura de mais elementos por circuito integrado.

A LEI DE NATHAN

Computação é essencialmente software. Nathan Myhrvold nos apresenta uma


série de conceitos muito interessantes sobre ele, conhecida como Lei de Nathan,
vejamos:
a) Primeira Lei: software é como gás, expande até preencher todo o container;
b) Segunda Lei: software cresce até se tornar limitado pela lei de Moore;
c) Terceira Lei: o crescimento do software torna a lei de Moore possível;
d) Quarta Lei: software somente é limitado pela expectativa e ambição humanas.

SAIBA Para saber mais sobre as Leis de Nathan, leia o artigo origi-
nal disponível em: <http://wm.microsoft.com/ms/acm97/
MAIS nm100.asf>.

Se analisarmos as premissas, veremos que software acaba sendo o elemento


determinante na evolução do hardware. Um exemplo recente é o Kinect da Micro-
soft que nos apresenta uma nova forma de interagir com sistemas computacio-
nais, possibilitando caminharmos para a realidade aumentada e a virtual.
O Kinect hoje é limitado de forma eficaz ao Xbox, devido ao alto consumo
de hardware. Com os sistemas computacionais evoluindo, teremos o mesmo no
cotidiano e toda uma mudança na forma de trabalhar, gerando um novo ciclo,
virtuoso, na área de TI.
Devemos estar sempre atentos a manter nossa empresa em um constante ci-
clo virtuoso.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
30

2.4 A CONVERGÊNCIA DIGITAL

"Pane no sistema, alguém me desconfigurou


Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação"
(Admirável chip novo, Pitty)

Dreamstime (2012)
Figura 15 − Convergência digital

O ser humano é um ser social. Vive em grupos e para tal emprega a informação
e meios de transmissão para se comunicar. No início eram as pinturas nas caver-
nas e a conversa ao redor da fogueira, hoje é a internet.
No mundo em que vivemos encontramos várias formas e fontes de informação,
porém quase todas são analógicas. O mundo computacional é digital, devemos
entender como digitalizar esta informação analógica para seu uso computacional.

NYQUIST
Rochester Institute of Technology (2012)

Figura 16 − Harry Nyquist


2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
31

No ano de 1929, Harry Nyquist estabeleceu os requisitos e princípios básicos


para a digitalização da informação.
Notou que se obtivéssemos amostras do sinal/informação analógica que dese-
jássemos digitalizar, em uma taxa que fosse o dobro da frequência e, neste ponto,
pegássemos o valor do sinal, como uma amostra representada por um número,
este poderia ser armazenado, anotado, transmitido. Ao se enviar as amostras para
um ponto B diferente, bastaria ter uma onda com a mesma frequência da original
e ajustarmos nela os valores da amostragem realizada para termos a informação
integral original sem perdas.

Denis Pacher (2012)


Figura 17 − Digitalização conforme o teorema de Nyquist
Fonte: http://www.emssiweb.com/2lMuneadLimin/inc/ckfinder/userfiles/images/MUESTREO1.jpg

Parece confuso, mas não é. Vejamos um exemplo:


Imagine uma onda com frequência de um hertz (1 Hz), que significa um ciclo
por segundo. Pelo teorema de Nyquist, obtemos duas amostras do sinal no in-
tervalo de 1 segundo. Essa informação serve para recriar o sinal original quando
tivermos uma onda de mesma frequência no destino em que desejamos levar a
informação.
O teorema de Nyquist fala apenas em tempo. Contudo, um sinal também pos-
sui amplitude (altura). Logo no eixo Y de amplitude, teremos que definir os pon-
tos a serem marcados, de 0 a N. Em uma determinada amostra, em que o sinal
esteja entre dois pontos marcados no eixo Y, podemos ter um valor não inteiro.
Valores não inteiros são de difícil representação, em especial em informática.
O teorema de Nyquist foi criado em um momento que não tínhamos compu-
tadores, mas foi o elemento principal, de aplicação imediata, para a digitalização
dos dados.

QUANTIZAÇÃO

Já que lidar com valores não inteiros é um problema, podemos resolver isto ar-
redondando os mesmo. A solução que foi apresentada para o problema foi quan-
tizar (aproximar) o sinal ajustando para o intervalo mais próximo. Por exemplo,
um valor 2,1 iria para 2; um 2,9 para 3.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
32

O processo de quantização introduz pequenos erros na amostragem do sinal


e leve distorção na sua amplitude na recriação, mas algo considerado tolerável
dada a economia gerada.

Usuários de equipamentos de som com LP de vinil ale-


VOCÊ gam que o CD não consegue representar o mesmo som.
Estão certos. Os erros introduzidos na digitalização com
SABIA? quantização, mesmo mínimos, são notados por ouvidos
bem treinados.

A figura abaixo apresenta uma ilustração de um processo típico de digitaliza-


ção. O item principal para o sucesso da digitalização é o codec (codificador/deco-
dificador do sinal). Para se obter um desempenho maior, os codecs vêm normal-
mente implementados em circuitos integrados denominados DSP (Digital Signal
Processor), podendo, contudo, serem executados também em software.

PAM Quantização

- 127

0001100000100110 Codificação 000


binária
+ 127

+038 +024 Denis Pacher (2012)

Binário / codi- 00110010000011000


ficação digital
Direção da transferência

Figura 18 − Processo de digitalização


Fonte: http://www.todomonografias.com/images/2007/03/102957.gif

Observe que o teorema de Nyquist é uma aplicação na frequência e tempo,


logo sinais estáticos, como uma foto, necessitam de outro tipo de tratamento
para digitalização.

AS MÍDIAS

Diversas mídias são empregadas no dia a dia para representar a informação


que desejamos no mundo real e por consequência no computacional: o áudio, o
vídeo e as imagens. Discutamos, então, um pouco sobre as características de cada
um e como digitalizar tais mídias.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
33

a) O áudio

FabriCO (2012)
Figura 19 − Exemplo de onda sonora

A humanidade ao longo do tempo tem usado os mais diversos meios para se


comunicar, em especial temos a voz, a música e outros sons que chamamos sim-
plesmente de som ou áudio.
Uma característica do áudio, enquanto sinal, é de ser uma modulação sobre
uma onda analógica, ou seja, em todo momento temos o sinal sonoro, mesmo
quando está em silêncio.
A digitalização do som consiste em aplicar o teorema de Nyquist e armazenar
os valores numéricos das amostras. Esses valores podem ser transmitidos em sis-
temas de comunicação, como a telefonia, ou armazenados em CD ou DVD.
Se você olhou o conteúdo de um CD de música, nele existem diversos arqui-
vos com extensões como wav, mp3 e outros. Esses arquivos contêm os dados
digitalizados e, devido ao grande tamanho dos dados, são comprimidos usando
algoritmos especializados conhecidos como Codecs.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
34

1 FONETIZAR b) A imagem
Tornar fonético. Examinar
sob o ponto de vista
fonético. Grafar (os
vocábulos) segundo a
fonética.

FabriCO (2012)
Figura 20 − Exemplo de imagem

O uso de imagens para expressar, armazenar e transmitir informações é mile-


nar, remete a representação através de pinturas rupestres, passando pela escrita
nas suas mais variadas formas, incluindo a escrita atual latina que nada mais é do
que a associação de fonemas a imagens e a partir daí temos textos que represen-
tam sons que podem ser fonetizados1 e falados. Merece destaque a pintura e a
fotografia como elemento de representação de informação.
A característica principal de uma imagem é que é estática ou discreta, não ten-
do como elemento componente o tempo. Como a imagem é estática, o processo
de digitalização não aplica o teorema de Nyquist, e busca especificar que em uma
área de uma polegada quadrada representamos N pontos, denominamos de dpi,
ou dots per inch (pontos por polegada).
Após a digitalização, procedemos com a compressão dos dados obtidos geran-
do um arquivo de saída. Exemplo de arquivos digitais comprimidos são jpeg e png.
Dreamstime (2012)

Figura 21 − Pintura rupestre


2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
35

c) O vídeo

A fotografia em movimento e o som.

FabriCO (2012)

Figura 22 − Vídeo

O vídeo consiste em uma mídia muito utilizada nos dias atuais por permitir
capturar o movimento das coisas. No processo de digitalização de um vídeo são
empregadas técnicas de amostragem temporal da imagem. No caso, o olho hu-
mano é capaz de perceber 30 imagens por segundo, obtemos 30 fotos por segun-
do e aplicamos técnicas de digitalização das fotos obtidas. Um segundo arquivo é
gerado capturando o áudio e digitalizando o mesmo usando práticas já descritas.
No final um arquivo de saída é gerado combinando os arquivos de vídeo e de
áudio obtidos.
Formatos conhecidos de arquivos de vídeo são mpeg4, mpeg2, avi, dvix.

O TRATAMENTO DAS MÍDIAS

Ao longo do tempo as diversas mídias (áudio, vídeo, imagens) são combinadas


em diversos produtos que atendem à demanda, seja fotografia, jornal, revistas,
rádio, tv, telefonia, equipamentos como cd player, gravador cassete etc. Cada mí-
dia era tratada de forma separada com equipamentos separados.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
36

O procedimento de digitalização da informação associado à popularização da


internet como rede de conectividade permite atualmente novos produtos, todos
digitais. Os tipos de mídias se unem em único universo digital.

Dreamstime (2012)
Figura 23 − Ícones de mídias

Denominamos de multimídia a grande área na computação que trata várias


mídias, hoje quase sempre online, e produtos e métodos para lidar com elas.

2.5 A CONVERGÊNCIA DIGITAL – PRODUTOS


Thiago Rocha (2012)

Figura 24 − Modelo antigo de televisão


2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
37

Entendemos por convergência digital o processo de migração das nossas so-


luções para o mundo digital. A convergência digital, magistralmente sentida na
obra de Marshall McLuhan “Understanding the Media”, em 1963, atualmente se
tornou produto, realidade palpável.
Hoje, encontramos-nos em uma situação peculiar: quase tudo que conhece-
mos está na internet de forma digital.

O pessoal de publicidade tem uma visão bem interessante


SAIBA da convergência. Em especial, veja os vídeos EPIC 2015, no
link <https://www.youtube.com/watch?v=U2LcBmoE6Ws>, e
MAIS Prometheus a Revolução da Mídia, em <https://www.youtu-
be.com/watch?v=5SJup6CGiO4>.

A MÚSICA Dreamstime (2012)

Figura 25 − Fonógrafo de Edison

No início, surgiu o fonógrafo de Edison, que depois foi modificado em toca


discos com LPs (Long play) de vinil.
O processo era todo analógico. Gravavam-se ranhuras no vinil que ao passar
uma agulha sobre ele o som gravado era gerado e amplificado em caixas sonoras.
Com a introdução dos primeiros CDs, os LPs de vinil começaram a sumir do
mercado. Os toca-fitas que permitiam a portabilidade do áudio deram lugar aos
toca-CDs portáteis, os chamados discman.
A Apple introduziu a ideia do discman com mídia de estado sólido, o IPOD.
Foi um sucesso absoluto. Isso levou à demanda de novos produtos na área, ex-
terminando os tradicionais LPs e CDs. Hoje unimos a isto a conectividade, onde
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
38

levamos a música para a internet, mudando completamente a forma de vender e


comprar música.
De um início conturbado, como sites onde as músicas eram disponibilizadas
de forma ilegal, hoje temos o modelo do iTunes que nos permite adquirir músicas
de forma legal.
Um fato interessante foi quando a Apple propôs o iTunes: grande parte do
mercado acreditou que seria um completo fracasso, uma perda de tempo e di-
nheiro. Esse raciocínio partiu da visão de que se baixava música da internet por
ser “de graça”, ou seja, com a intenção de não pagar, caracterizando roubo/pira-
taria da música. A implementação do iTunes mostrou o contrário: foi um sucesso
absoluto, tanto que o iTunes responde por uma parcela razoável dos lucros da
Apple nos dias atuais. Os usuários desejavam comprar músicas digitais via down-
load por um preço razoável.
Ninguém havia oferecido tal serviço ainda, logo o mesmo foi implementado
pela força: temos um caso interessante em que o mercado diz quais produtos
deseja e como, se não fornecermos tal serviço, o mercado arruma uma forma de
obtê-lo. No caso do iTunes temos ainda o choque claro entre gerações. Uma que
acredita em uma forma de mundo, e outra que pratica outro formato, atualmente
conectadas e em rede.

O JORNAL E O LIVRO
Dreamstime (2012)

Figura 26 − Livros

Se a música migrou para o online imagine o jornal e os livros. O Amazon Kindle


e outros leitores de texto são os elementos chaves nos dias atuais. Encontramos
modelos interessantes como os jornais que mantêm uma versão impressa e uma
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
39

online e os casos, como o tradicional Jornal do Brasil, que optou por manter ape-
nas uma versão online.
A portabilidade de livros é um elemento interessante para o usuário e colabo-
ra com a sustentabilidade. A impressão de documentos como um todo tende a
diminuir ao longo do tempo, gerando um consumo de madeira menor para este
fim, bem como a redução de custos e de espaço usado para guardar livros.

AS CARTAS

FabriCO (2012)

Figura 27 − Carta

O que são mesmos as cartas?


Se você tem menos de 20 anos talvez nunca tenha escrito uma carta, mas se
perguntar a sua avó ela poderá explicar. Talvez comece assim:
“− Nos meus tempos as coisas eram melhores, não tínhamos essa coisa de
computador com e-mail não, se queríamos falar com alguém, mandávamos uma
carta.”
Nos dias atuais, as cartas foram praticamente substituídas pelos e-mails que
replicam o mesmo conceito. Um documento que enviamos de um endereço para
outro, mas não um endereço físico, e sim um endereço do mundo digital na in-
ternet. E-mails são muito usados, mas já percebemos claramente seu destino: a
extinção.
Da mesma forma que as músicas quando digitalizadas foram para o CD, e o
mesmo desapareceu com o aparecimento da internet, o e-mail tem seguido o
mesmo caminho. Não basta usar o mesmo conceito em uma nova mídia. A in-
ternet é interativa e viva, e não estática como o papel. Soluções on the fly, como
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
40

mensagens instantâneas e as redes sociais, são as novas tônicas de comunicação.


E-mail é passado, não por ser ruim, mas pelo mercado exigir um novo produto e
forma de trabalhar.

O TELEFONE

Dreamstime (2012)

Figura 28 − Modelo de telefone antigo

O telefone representa um elemento interessante de mudança. Nos primórdios


das redes computacionais, a telefonia era usada, e ainda continua, como rede bá-
sica de transmissão de dados. O tráfego de dados era tratado como uma aplica-
ção extra, um subproduto, já que a lucratividade vinha dos serviços de voz.
Ao longo do tempo, o telefone mudou. A rede telefônica foi digitalizada, mas
para o usuário final nada mudou. Na década de 90 surge, em escala, a primeira
grande evolução: a telefonia móvel celular. Existiam telefones móveis, mas liga-
dos a carros devido ao grande consumo de energia para transmissão e recepção
de sinal, tornando o uso em escala inviável.
O surgimento do sistema de comunicação via rádio celular permitiu a popu-
larização do serviço de telefonia no Brasil. Mesmo com o alto custo do serviço,
muitas das vezes era a única alternativa disponível em determinados locais de-
vido à escassez de linha fixa. O sistema celular permitiu a mobilidade do usuário,
contudo era somente um telefone. Uma ideia interessante foi integrar a ele um
serviço semelhante aos dos pagers de época com o envio de mensagens, este
serviço foi chamado SMS (short message system), obtendo grande sucesso como
serviço agregado.
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
41

Com a digitalização da planta celular começaram a ser integrados serviços de


comunicação de dados, primeiro serviços lentos, hoje 3G caminhando para o 4G
(LTE). Mesmo com a baixa qualidade dos serviços 3G no Brasil e seu custo alto, o
celular superou as instalações fixas de banda larga.

Dreamstime (2012)

Figura 29 − Modelo de Smartphone

Se tivermos dados no celular, ele pode virar um computador. Consequência


imediata: surgem os smartphones, basicamente computadores em um celular. A
Blackberry, fabricante canadense, é um exemplo disto: vendia PDAs e em deter-
minado momento integrou uma aplicação ao PDA, o acesso via celular.
A telefonia fixa tem sido trocada para chamadas a longa distância por VOIP.
Notamos uma mudança interessante: a rede celular, sendo usada para dados, e a
fixa, sendo transformada em uma aplicação na internet. Produtos como iPhone e
Android surgem neste contexto.
Com as mudanças do modo de se usar a telefonia e as possibilidades são imen-
sas.

Que o telefone celular enquanto equipamento móvel,


VOCÊ não conectado ao carro é ideia e patente de um brasilei-
SABIA? ro? Isso também ocorre para o cartão telefônico! Conhe-
ça estes dados e outros visitando o site do CPQD.

AS MUDANÇAS

A convergência digital levou todas as áreas a migrarem a forma de atuar. A


telefonia foi para o voz sobre IP, televisão para IPtv (IP TV), tecnologia diferente
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
42

da TV digital (conhecida como SBTVD no Brasil) por ser online e interativa, se co-
meçarmos a enumerar, a lista é imensa no uso das mídias, e então temos várias
mudanças.
A demanda por novos produtos que aliem diversas mídias online apenas está
começando.

A TELEVISÃO

Um fato curioso ocorreu com a tentativa de se replicar o nosso modelo de tele-


visão aberto na internet. O Youtube oferece programação com horário marcado,
além de seu tradicional sistema de vídeo armazenado. Lógica simples: existiam
muitos usuários no Youtube que organizavam playlists. O Youtube poderia fazer
isso para eles, porém não deu certo.
As razões do não sucesso são várias, mas a principal: a televisão não possui
interatividade na escolha da programação. O Youtube permitia isso. Temos um
claro exemplo que não basta colocar o mesmo produto em uma nova mídia.

COMO USAR A MÍDIA

FabriCO (2012)

Figura 30 − Caminhos

Da mesma forma que um novo meio, no caso a internet, leva a uma forma
diferente de tratar as mídias, o que fazemos com elas, agora digitais, muda subs-
tancialmente. Alguns exemplos para refletirmos:
2 Demanda por Novos Produtos Industrializados
43

a) o ensino atual cada vez mais possui conteúdos online e caminha para o ensi-
no não presencial a distância e a web é a alavanca deste processo;
b) o diagnóstico de doenças é feito de forma colaborativa por especialista em
rede;
c) a edição de livros é realizada online por grupos de pessoas em países dife-
rentes.
A lista de possibilidades é imensa. Cada uma significa novos produtos, uma
demanda constante em um ciclo virtuoso alimentando as probabilidades da cria-
tividade humana. E do seu ponto de vista, profissional de tecnologia da informa-
ção, abrindo novos campos de atuação. Nos dizeres de Aldous Huxely chegamos
ao “admirável mundo novo” (the brave new world).

Recapitulando

Neste capítulo você compreendeu o que são as demandas por novos pro-
dutos e como as revoluções influenciaram o caminho percorrido até a
chegada do mundo digital.
Entendeu a importância do ciclo virtuoso dentro da demanda por novos
produtos e a promoção do aperfeiçoamento neste processo.
Inovação tecnológica

A busca por novidades faz parte do homem desde a sua origem, estando presente nas mais
diversas áreas do conhecimento.
Pessoas e fatos inovadores transformaram produtos e conceitos, levando a indústria a uma
dinâmica mais ágil e eficaz, impactando diretamente no mercado e sua competitividade.
A inovação dos produtos e seus processos de fabricação é diretamente motivada pelo de-
senvolvimento tecnológico e econômico do mercado. Em conjunto, a boa organização de uma
empresa e um marketing bem planejado e executado propicia o máximo de eficiência, suprindo
as necessidades demandadas.
Ao final deste capítulo você será capaz de:
a) definir o que é inovação e seu impacto no mercado;
b) relacionar a inovação de produtos, processos, organizações e marketing à área de TI;
c) entender o que é e como praticar a gestão da inovação.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
46

3.1 O QUE É INOVAÇÃO

"Você me faz correr demais os riscos desta highway


Você me faz correr atrás do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto, deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar
Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir..."
(Infinita highway, Engenheiros do Hawaii)

“Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em


sua missão de cinco anos: para explorar novos mundos, para procurar novas vi-
das e novas civilizações, para audaciosamente ir aonde nenhum homem jamais
esteve.” (Stark Trek, 1966).

Poder Naval (2012)

Figura 31 − Nave estelar Enterprise

A procura do novo. O ser humano sempre esta buscando, como vimos nas
palavras de Gessinger, do grupo Engenheiros do Hawaii, ou nas de Gene Rodden-
berry, na série Jornada nas estrelas, a busca é constante. A Bíblia Sagrada nos traz
a visão da procura de conhecimento do homem em sua origem por Adão e Eva. A
maçã mordida é o conhecimento obtido.
A busca da inovação é o motor da sociedade e seu objeto de destaque no
mundo. A inovação está presente em diversas áreas do saber, alguns exemplos:
a) Leonardo Da Vinci foi inovador em quase tudo o que fez, podemos citar
seus conceitos de anatomia;
b) Van Gogh e Picasso representam uma forma de ver o mundo diferente pela
pintura;
c) Freud apresentou um olhar inovador sobre o ser humano entendendo-o do
ponto de vista psicológico e não somente físico;
3 Inovação Tecnológica
47

d) Ford foi inovador ao executar a linha de produção em série.


Poderíamos listar, nas várias áreas do saber ou atuação, pessoas e fatos inova-
dores que mudaram o ambiente e o tempo em que viveram. Estamos interessa-
dos em elementos inovadores que permitam transformar produtos e conceitos,
levando a uma indústria mais ágil e ao sucesso econômico.

A APPLE E A INOVAÇÃO

Na década de 70, a Apple foi responsável por popularizar o conceito de compu-


tador entre a sociedade em geral. Na década de 80, a mesma empresa nos trouxe
o uso da multimídia como elemento diário, bem como uma interface interativa.
Nos anos 90, usando a base da Next, adquirida pela Apple, a empresa apresenta
o computador como elemento também de design, não sendo importante ape-
nas que funcionasse bem, mas que fosse um elemento do meio, que fosse belo.
Década seguinte: a Apple nos traz a fase do I (eu): o iPod, sucessor do discman; o
iPhone, sucessor do celular; o iPad sucessor do PDA, e talvez do computador.
O que é mais interessante na história da Apple é o uso de inovação nos produ-
tos. Toda a tecnologia para criar estes e outros produtos estava disponível para
qualquer um usar e ter sucesso. Qual a razão do sucesso da Apple?
Dreamstime (2012)

Figura 32 − Steve Jobs

A Apple foi fundada por dois Steves: Wornizak e Jobs. O primeiro, um enge-
nheiro de computação; o segundo, um inovador. O diferencial da empresa foi
Steve Jobs que sempre primou por ter produtos inovadores e usáveis por leigos.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
48

INOVAÇÃO

Dreamstime (2012)
Figura 33 − Inovação

Algo importante é definirmos inovação. A FINEP, órgão federal que atua no


fomento de projetos inovadores, define inovação como:

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço)


novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo
método de marketing, ou um novo método organizacional nas práti-
cas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas.

Essa definição abrangente de uma inovação compreende um amplo


conjunto de inovações possíveis. Uma inovação pode ser mais estrei-
tamente categorizada em virtude da implementação de um ou mais
tipos de inovação, por exemplo, inovações de produto e de processo.
(FINEP, 2006, p. 55)

Para saber mais sobre inovação, leia o documento da FINEP


SAIBA na íntegra, por meio do link: <http://download.finep.gov.br/
dcom/brasil_inovador/capa.html>. Informações sobre inova-
MAIS ções no dia a dia podem ser obtidas em: <www.inovacaotec-
nologica.com.br/noticias>.

Ou seja, a inovação é uma nova forma de fazer algo, trazer o novo. A Apple,
como vimos a pouco, se enquadra perfeitamente na definição da FINEP.
3 Inovação Tecnológica
49

A NECESSIDADE DE INOVAÇÃO

A inovação se faz necessária, principalmente, para a sustentabilidade das em-


presas no mercado competitivo. Logo, se a empresa quer ser lembrada e ficar
entre as melhores, tem que inovar.
As inovações são importantes também porque permitem a conquista de no-
vos mercados, aumentando a renda das empresas, consentindo a realização de
novas parcerias, conquista de novos conhecimentos e consequente aumento do
valor de suas marcas. Podemos notar isso em empresas como Microsoft, Apple e
HP, que são marcas muito respeitadas, e que agregam valor aos seus produtos,
sendo bem aceitos pelos clientes, alterando seu estilo de vida, hábitos e padrões
de comportamento.
Em geral, as empresas são o principal centro das inovações. É por intermédio
delas que as tecnologias, invenções, ideias e produtos chegam ao mercado, com
um processo de concepção, desenvolvimento e gestão da inovação, visto a ne-
cessidade de investimento em pesquisa e aperfeiçoamento.
Para realizar o processo de inovação, algumas empresas possuem áreas intei-
ras dedicadas à inovação, com laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, con-
tando com diversos pesquisadores e parceiros.
Os principais fatores que influenciam a necessidade de inovação são: necessi-
dade de mercado, mudanças na indústria, mudanças demográficas e culturais e
novos conhecimentos técnicos.

3.2 IMPACTO NO MERCADO

Navegar é preciso, viver não é preciso.


(Pompeu).

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.


(Fernando Pessoa)
Brasil Escola (2012)

Figura 34 − Navegar é preciso, viver não é preciso.


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
50

Vamos a um exercício criativo. Feche os olhos. Imagine que você está em uma
máquina do tempo e que foi para o ano de 1813. Não é tanto tempo assim. Pense
que acabou de acordar em um novo dia. O que vai fazer hoje?
Há 200 anos não tínhamos “alguns” produtos. Como a eletricidade, o telefone,
a televisão, a internet, ou melhor, o computador. Se enumerarmos, a lista é imen-
sa. Tanto elementos básicos como os citados quanto outros, como carros, aviões,
ou mesmo um mero medicamento para um resfriado. Nos últimos 200 anos muita
coisa mudou. Inovações foram colocadas na prática, novos produtos surgiram, o
mundo mudou.
Da mesma forma que se fossemos transportados ao passado, imagine alguém
daqueles dias, 1813, sendo trazido ao presente. Seria interessante discutirmos e
pensarmos qual seria o maior impacto e qual o maior choque gerado. Se a falta
dos produtos atuais, que não existiam no passado, ou a presença do novo para
aquele que vem para o futuro. Qual a sua opinião? Achamos que o choque do
novo é maior. O novo causa mudança e gera desconforto, já que requer adapta-
ções e aquisição de outros conhecimentos, desafios. Cazuza disse em “Só as mães
são felizes”:

... Reparou como os velhos


Vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas?
Já viveram tudo
E sabem que a vida é bela
Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela…

A presença de inovações tecnológicas, em especial na área de tecnologia da


informação, tem mudando a forma que as empresas e indústrias funcionam, bem
como a forma que as pessoas interagem e convivem. Hoje, por exemplo, é mar-
cante o papel das redes sociais como elemento aglutinador das pessoas, algo não
imaginável há 10 anos.
Há alguns anos, o celular foi um avanço fantástico, atualmente não pensamos
nele sem estar conectado a internet ou sem SMS. Já pensou um dia sem compu-
tadores ou sem carro? O impacto seria grande.
3 Inovação Tecnológica
51

CASOS E RELATOS

Fazendo pão de queijo

Ju Melo (2012)

Figura 35 − Cesta de pão de queijo

Dona Ana, hoje com 60 anos de idade, aprendeu com sua vó, na infância,
que para se fazer um bom pão de queijo o segredo é ter um queijo curado
(seco) de boa qualidade, um bom polvilho e com as mãos amassar mis-
turando bem, de forma a se obter uma massa uniforme até identificar o
ponto da massa, fazer pequenas bolhas e colocar para assar. Ana cresceu
e ao longo da vida sempre fez assim. Comprou o queijo, ralou no ralo
manual, comprou o polvilho, os ovos e leite e preparou seu pão de queijo.
Na idade adulta, encontrou um artefato estranho que era o multiprocessa-
dor de alimentos: colocava o queijo lá dentro e o aparelho soltava o mesmo
ralado. Mesmo acreditando que o sabor não seria o mesmo aderiu à facili-
dade. Depois veio a batedeira elétrica, que facilitou mais ainda o trabalho,
o forno não era mais a lenha, virou a gás e hoje elétrico. Muitas mudanças.
Hoje ela está encucada. Ela pediu para sua bisneta mais velha comprar os
produtos para fazer pão queijo e ela chegou com o pão de queijo pronto
no saquinho lacrado, já pré-assado. Quase pronto. Dona Ana imaginou
como da vez do multiprocessador, que o sabor não seria o mesmo, que
não seria igual. Contudo, como a bisneta Mariana pediu, ela colocou no
forno e esperou. Resignada foi comer o pão de queijo depois de pronto.
E não é que ficou bom: “Ficou excelente” – exclamou ela – “Igual ao da
minha vó!” Para a bisneta apenas disse, “Fazendo com amor, tudo fica
bom”. Depois disso ficou pensativa. Há algum tempo queria usar um for-
no de micro-ondas. Gostaria de saber quando vai poder assar seus pães
de queijos prontos no micro-ondas.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
52

Esta breve história nos faz lembrar que a inovação é difícil de ser aceita, mas
ao ser absorvida se torna parte da rotina e não conseguimos viver sem ela. O que
dona Ana não sabia, também, é que a empresa que fabrica os pães de queijo, que
ela assou, possui um certificado ISO 9001:2008 de qualidade total no processo
produtivo básico.

A INFORMÁTICA

Se avaliarmos, a informática foi um dos diversos elementos que surgiram ao


longo do tempo, o que teve maior impacto como inovação tecnológica. Com me-
nos de um século de existência ela mudou totalmente a forma que trabalhamos
e interagimos, seja nos processos de automação, seja nos hábitos de compras, de
ouvir música, ver filmes ou escrever uma carta. Hoje os computadores saltaram de
nossas mesas para os notebooks e celulares permitindo a portabilidade.
A internet é outro exemplo de inovação que praticamente trouxe o “mundo
inteiro” para dentro de nossas casas, permitindo acesso à infinita quantidade de
informações de qualquer lugar do planeta, mudando substancialmente como as
empresas funcionam e trabalham. Conceitos como internet banking, home offi-
ce são possíveis apenas com o uso da internet e informática, marcando a tônica
de como trabalhamos atualmente. Até nossas relações passam a ser virtuais por
meio das redes sociais. O Facebook é o novo clube da esquina.

AS MUDANÇAS

Entretanto, as inovações tecnológicas não trouxeram apenas impactos positi-


vos. Um ponto negativo é a poluição, especialmente gerada pelo lixo tecnológico
eletrônico, que traz sensíveis alterações no clima, contaminação dos rios e do ar,
causando danos ao meio ambiente. Uma solução parcial consiste na conscienti-
zação sobre o descarte adequado de lixo eletrônico para devida reciclagem, bem
como a produção de eletrônicos que sigam a Diretiva 2002/95/EC emitida pelo
Parlamento e pelo Conselho da União Europeia conhecida como RoHS (Restriction
of Hazardous Substances – Restrição de substâncias perigosas).

SAIBA Para saber mais sobre RoHS, visite a página: <http://www.


MAIS rohsguide.com/>.

Outro elemento bastante conhecido é o desemprego, gerado pelo alto nível


de automação comercial, que passou a exigir maior qualificação por parte das
3 Inovação Tecnológica
53

pessoas na execução de seus trabalhos, que necessitam da devida reciclagem


profissional para permanecer no mercado de trabalho.

A COMPETITIVIDADE

Finalmente, um impacto importante associado às inovações tecnológicas é o


aumento da competitividade entre as empresas. A competitividade é formada
por um conjunto de fatores culturais, econômicos, intelectuais que fazem com
que um consumidor prefira um produto ou serviço, em detrimento de outro. Os
consumidores passaram a ter acesso a informações comparativas sobre preço,
qualidade, eficácia, manutenção, treinamento e facilidade de uso antes de efe-
tuar uma compra. Podemos afirmar, então, que um impacto vantajoso relacio-
nado à competitividade é a redução de custos, aumento da produção, melhoria
na comunicação e refinamento da qualidade dos produtos que são inseridos no
mercado diariamente.
Portanto, podemos observar que as inovações estão acompanhadas por im-
pactos positivos e negativos, mas que são necessárias para o desenvolvimento
mundial.
Segundo os dados apresentados por uma pesquisa realizada pelo IPEA (Insti-
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada) “Inovar e investir mais em P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) aumentam em 16% as chances de uma empresa ingressar em
um mercado internacional, como exportadora.”
Devemos ter claro que a inovação tecnologia traz mudanças no mercado,
abrindo e fechando negócios. Se não estivermos atentos, podemos seguir os
exemplos de diversas funções que foram extintas devido à internet e a informáti-
ca, como temos o agente de viagens, que emitia passagens áreas ou o livreiro que
vendia livros. Trate a inovação sempre de forma positiva e como parceira, nunca
como concorrente, ou não obterá sucesso.

3.3 INOVAÇÃO DE PRODUTOS

"Plut, plat, zum!!


Não vai a lugar nenhum!
Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado
se quiser voar!
Pra lua tá cheropa, e o sol indentidade, vá já pro seu foguete
viajar pelo universo é preciso o meu carimbozinho, zinho,
zinho, zinho."
(Raul Seixas, Plut plat Zum)
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
54

Thereza Eugênia (2012)


Figura 36 − Raul Seixas

Você já parou para pensar em como as coisas evoluem? Veja o caso dos veí-
culos, por exemplo. Lembra-se da quantidade de inovações que a indústria auto-
mobilística lançou nos últimos tempos? Motores bicombustíveis, freios ABS, sus-
pensão inteligente e computadores de bordo, entre várias outras. A esse tipo de
inovação, chamamos de inovação de produtos. Seu principal objetivo é modificar
as características dos produtos, melhorando sua qualidade, e alterando a forma
como é percebido pelos seus consumidores. É fácil perceber a importância disso,
não é?
Neste tópico, você entenderá por que as empresas devem inovar seus produ-
tos e vai conhecer alguns dos principais produtos inovadores que surgiram em
função do desenvolvimento da área de TI ao longo da história.

POR QUE AS EMPRESAS DEVEM INOVAR SEUS PRODUTOS?

ESTE PRODUTO
DÁ A VIDA ETERNA!

COMO VENDEREMOS
ATUALIZAÇÃOES?
Denis Pacher (2012)

Figura 37 − Inovação de produto


3 Inovação Tecnológica
55

Segundo o SEBRAE:

[...] há inúmeras razões que justificam a necessidade de uma


empresa inovar. O motivo mais forte é o seguinte: o negó-
cio que não inovar está destinado a desaparecer! É inovar ou
morrer!
A inovação possibilita que empresa se mantenha adequada
ao mercado, ou seja, seus produtos, processos e práticas de
marketing permitem que esteja em permanente sintonia com
as necessidades dos clientes. O destino de quem não acom-
panha a voz do mercado é perecer. É preciso inovar e renovar
a organização do empreendimento e acelerar e aumentar a
produtividade.
Além disso, a inovação contribui para que um negócio dispute
a preferência do mercado em pé de igualdade com a concor-
rência, cada vez mais exacerbada. Também é um meio para
que o empresário encontre novos nichos para sua empresa no
mercado, aumentando assim o lucro e renovando ou criando
ciclos de vida para os produtos.
A inovação é, portanto, o caminho que as empresas devem
permanentemente percorrer para enfrentar os desafios do
mercado, mantendo-se jovens e competitivas.

PRODUTOS INOVADORES RELACIONADOS À ÁREA DE TI

Desde o surgimento da área de TI vários produtos marcaram época, tanto pela


inovação que promoveram, quanto pela importância na história da TI. A seguir,
veja alguns exemplos de produtos transformadores.
a) Apple I: em 1976 Steve Jobs e Steve Worzinak colocam no mercado o Apple
I, primeiro microcomputador que já vinha com os componentes internos sol-
dados no gabinete. O Apple I permitiu a não técnicos o uso da computação.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
56

Vip Magazines (2012)


Figura 38 − Jobs e Wozinak observam placa principal do Apple I

b) IBM 5150: em 12/08/1981 a empresa americana IBM, observando o suces-


so obtido pela Apple com seu microcomputador, lançou um produto que
deu início a uma nova era na indústria de tecnologia de consumo. Em uma
conferência de imprensa na cidade de Nova York, a empresa anunciou o IBM
Personal Computer (IBM 5150), por um preço de US$ 1.565.

Ruben de Rijcke (2010)

Figura 39 − IBM 5150

c) Macintosh: lançado em 1984, foi um sucesso de público. Valia US$ 2,5 mil e
trazia inovações como a interface gráfica e o mouse. Competiu ativamente no
mercado contra a IBM na década de 1980, e foi determinante para a IBM e a
Microsoft buscarem o desenvolvimento de uma interface gráfica no IBM PC.
3 Inovação Tecnológica
57

wUserGrm_wnr (2006)

Figura 40 − Apple Macintosh Original

d) iMac: surgiu em 1998. Inovou na época ao integrar em um mesmo aparelho


monitor e o disco rígido. O iMac marca a preocupação da Apple em entender
que um excelente produto deve ter um design adequado.
wUserGrm_wnr (2006)

Figura 41 − Apple iMac

e) Internet: é um ótimo exemplo de produto inovador. Criada com objetivos


militares na década de 70, evoluiu até o ponto de se tornar uma das princi-
pais ferramentas de comunicação, lazer, trabalho e educação, entre outras,
da sociedade atual.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
58

f) Web (World Wide Web): marca uma forma inovadora de se usar um produto
já existente. A internet da década de 70, restritas aos pesquisadores da com-
putação, se torna um produto inovador acessível a todos por meio de uma
interface interativa e intuitiva provida pelos navegadores internet.
g) iPod: foi lançado em 2001. Com mais de 220 milhões de unidades vendidas,
este tocador de MP3 e de vídeos tornou-se um enorme sucesso, podendo
ser considerado o produto responsável por resgatar as finanças da Apple.
Inicialmente a ideia era tratar o aparato tecnológico como extensão corpo-
ral. O I dos produtos Apple vem de “Eu”, em inglês, associando a visão de
extensão do eu com o produto inovador.

Eduardo Lopez (2011)


Figura 42 − Apple IPod

AS REDES SOCIAIS:
Dreamstime (2012)

Figura 43 − Exemplos de redes sociais

No começo da internet surgiu o conceito de newsgroup que consistia em lista


de distribuição de e-mails na qual as pessoas se inscreviam para receber e enviar
mensagens sobre temas que gostavam ou interessavam. Os newsgroups existem
na internet, mas o que surge e se firma aglutinando e integrando pessoas são as
3 Inovação Tecnológica
59

redes sociais. São representadas pelos mais diversos produtos (Twitter, Google+,
Facebook e tantos outros) apresentam uma nova dinâmica de organização das
pessoas, seja por afinidades pessoais ou profissionais. Eles permitem a prática do
uso da tecnologia e da internet com foco nas pessoas e não nos computadores,
levando a novo patamar de convivência e integração, independente do local em
que estejam praticando a ideia de aldeia global de Mcluhan.

Dreamstime (2012)

Figura 44 − A aldeia global

É interessante notar, neste produto, o conflito de gerações. Enquanto a cha-


mada geração X tenta entender e usar o fenômeno de redes sociais, a geração Y
tenta entender empresas que não as usam como elemento de suporte do desen-
volvimento e sucesso, por exemplo, bloqueando o acesso a elas, tratando como
algo ruim aos negócios. Talvez este entendimento seja o ponto principal de tran-
sição entre gerações, mais do que usar informática como apoio, estamos viven-
do através dela, como vivíamos com base em outras inovações tecnológicas no
passado recente.

MUDANÇAS

O que tem em comum nesses diversos produtos citados?


Essencialmente marcam uma alteração de paradigma no seu momento de
criação. Pense na década de 80 sem o microprocessador (1972) ou os dias atuais
com a internet da década de 70? Seria possível idealizar o Facebook sem a web?
Talvez, mas com certeza não teria o sucesso devido.
Um produto inovador marca época e gera mudanças. Algumas vezes o temos
como base para um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento. Se tivéssemos aces-
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
60

so a uma rede sem fio de velocidade e alcance muito grandes e com baixo custo,
tranquilamente toda uma nova gama de produtos surgiria para empregar essa
inovação. Vamos a um teste rápido: o que tem de errado na foto abaixo?

FabriCO (2012)
Figura 45 − Mapa em papel

Bem, se você tem mais de 30 anos talvez não tenha visto nada de errado. E na
verdade não há. Está apenas faltando trocar o mapa em papel por um GPS. O sur-
gimento de novas tecnologias levam as coisas a serem feitas de forma diferente,
é improdutivo pensar que podemos voltar ao passado.
Neste tópico você aprendeu o conceito de inovação de produtos e entendeu
por que as empresas devem inovar seus produtos. Conheceu ainda alguns dos
principais produtos inovadores que surgiram em função do desenvolvimento da
área de TI ao longo da história.

3.4 INOVAÇÃO DO PROCESSO


Dreamstime (2012)

Figura 46 − Tempos modernos


3 Inovação Tecnológica
61

A figura anterior é uma das cenas de “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin


(1936), que retrata os conflitos ocorridos pelo processo de Henry Ford: a fábrica
como conhecemos.

O FORDISMO

Com as inovações tecnológicas que surgiam no dia a dia, aumentava a deman-


da por novos produtos de consumo no mercado global e local nos Estados Uni-
dos. Ao observar o processo produtivo das fábricas instaladas, Henry Ford notou
que o método produtivo não era eficaz.

Alfredo Júnior (2012)

Figura 47 − Henry Ford

Ao iniciar sua indústria de carros, Ford propôs um novo modelo de processo


produtivo conhecido como Fordismo, em que se utiliza do conceito de linha de
montagem.
Em uma indústria clássica teríamos vários funcionários, cada um montando
um carro como um todo. Ford propôs que a linha de produção fosse segmentada
por especialidade na qual cada empregado executava uma tarefa simples, mas de
forma rápida. Alguém montava as rodas, outro o chassis, outro as portas e outro
pintava. Com esta segmentação notou-se que cada empregado conseguia, ao se
especializar em uma tarefa e com ferramentas adequadas (evitando o trabalho
manual), ter o desempenho maximizado. Isso permitia que enquanto em uma
indústria clássica fossem produzidos 10 carros por semana por 10 empregados,
na fabrica de Ford 10 funcionários produziriam 100 carros em uma semana.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
62

O Fordismo é um exemplo claro de inovação de processo em que, ao se mudar


o modo de fazer algo e empregando os mesmos recursos, se obtém um melhor
resultado com o mesmo custo ou até custo menor. Como nem tudo “eram flores”,
existia uma crítica pesada ao modelo fordista de fábrica, em especial por focar e
incentivar o consumo em massa, contudo não podemos negar sua eficácia.

PROCESSOS

Você já ouviu a seguinte frase: “Processo bom, resultado bom; processo ruim,
resultado ruim”?
Essa é uma das premissas da área de desenvolvimento de software que pode
ser levada para todas as outras áreas. Quando queremos produzir um produto, te-
mos que ter um processo. O processo é um roteiro, uma sequência de passos que
deve ser seguida para criação de um produto. Quanto melhor (mais maduro) o
processo, melhor tende a ser o produto final. Logo, a inovação de processo pode
ser considerada um aprimoramento de processos.

INOVAÇÃO DE PROCESSO

A inovação de processo é o conjunto de mudanças no processo de produção


de um produto ou serviço, em que se busca melhorar a qualidade do produto fi-
nal, geralmente associado a aumentos de produtividade, cumprimento de prazo
e redução de custos.
À inovação dos processos também está relacionada a questões como a im-
plementação de novos métodos ou de melhorias significativas no processo de
produção ou logística de bens ou serviços, por intermédio de técnicas, equipa-
mentos e softwares.
Além de aprimorar a qualidade dos produtos e serviços, quais são os outros
motivos que levam as empresas a inovar seus processos?

POR QUE INOVAR PROCESSOS?

Existem diversas motivações para a empresa inovar seus processos, sendo que
podemos citar duas razões principais:
a) Razões tecnológicas
a) melhorar o desempenho de técnicas já existentes: obtendo ganhos me-
diante economia no desenvolvimento ou um produto de melhor quali-
dade;
3 Inovação Tecnológica
63

b) desenvolver novos produtos e serviços: garantindo melhor competiti-


vidade no mercado por meio da diversificação da gama de produtos;
c) adaptar as tecnologias desenvolvidas por outras empresas às suas ne-
cessidades: reduzindo o custo de desenvolvimento destas tecnologias
do zero, bem como pulando fases deste desenvolvimento. O uso do
chamado software livre pode ser enquadrado aqui.
b) Razões econômicas
a) melhorar as condições de trabalho;
b) melhorar a flexibilidade na fabricação;
c) reduzir os custos de fabricação;
d) reduzir os custos com pessoal;
e) reduzir os custos de material;
f) reduzir os custo de energia;
g) reduzir os custos com projeto e embalagem dos produtos;
h) reduzir a taxa de defeitos de fabricação;
i) reduzir a poluição do meio ambiente.
Vamos conhecer agora alguns exemplos de melhoria de processos?

EXEMPLOS DE MELHORIA DE PROCESSOS

Em todas as áreas existe uma forte busca de melhoria nos processos, seja por
razões tecnológicas ou econômicas.
a) Código de Barras:
FabriCO (2012)

Figura 48 − Código de barras

Pense num supermercado em que não usa código de barras nos produtos? A
demora seria imensa. A utilização do código de barras no processo de vendas de
produtos foi uma inovação importante. Tornou o processo mais ágil, gerando um
novo processo de vendas.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
64

b) GPS:

Dreamstime (2012)
Figura 49 − GPS

Os primeiros navegadores viajavam o mundo com uma bússola. Hoje não con-
seguiríamos o mesmo feito em uma grande cidade. A introdução do GPS trouxe
ganhos tanto na possibilidade de escolha de rotas mais adequadas, quanto em
atividades como o monitoramento de serviços de transporte e entrega de mer-
cadorias.
c) Cartão de Crédito/Débito: FabriCO (2012)

Figura 50 − Cartões de crédito ou débito

O uso de cartões de crédito e de débito marcou uma profunda mudança no


comércio e em transações financeiras como um todo, garantindo uma maior se-
gurança e agilidade nos negócios.
3 Inovação Tecnológica
65

d) Internet Banking:

FabriCO (2012)

Figura 51 − Internet Banking

Com a introdução do “dinheiro de plástico”, representado pelos cartões, o uso


da internet como elemento de comunicação marca a maior mudança. Agora, não
precisamos mais ir à agência bancária, mas ela pode estar presente em qualquer
computador conectado a internet.
e) MPS.BR (Melhoria de Processo de Software Brasileiro):
itsbr.org (2012)

Figura 52 − MPS BR

Consiste em um dos muitos esforços de melhorar o processo de desenvolvi-


mento de software tratando-o como produto. É uma iniciativa coordenada pela
Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex <www.
softex.br>), que conta com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e do Banco Interamericano de Desenvolvi-
mento (BID).

SAIBA Mais informações sobre o MPS.BR podem ser obtidas em


MAIS <http://www.softex.br/mpsbr/_guias/>.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
66

Neste tópico, você aprendeu o conceito de inovação de processo e o motivo


que leva as empresas a inovarem seus processos, assim como conheceu alguns
exemplos de inovação de processos.

3.5 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL

Scott Adams (2012)


Figura 53 − Dilbert e a inovação organizacional

Você sabia que cerca de 70% das empresas criadas no país fecham as portas?
Mas por que isso ocorre? Por diversos motivos, especialmente aqueles ligados a
questões financeiras e recursos humanos. Mas, outro fator vem sendo considerado
umas das principais causas do fechamento das empresas: a falta de organização.
O Professor José Dornelas considera a falta de preparo e a carência de conhe-
cimentos gerenciais − incluindo a capacidade de planejar − como os pontos cru-
ciais que impedem o empreendedor de fazer seu negócio crescer e se desenvol-
ver. Mas o que isso tem a ver com inovação organizacional? Vamos responder a
essa pergunta e entender melhor esse conceito.

O QUE É INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL?

É a análise, o planejamento, a organização e o controle de recursos da empre-


sa, gerados a partir do consumidor com o objetivo de satisfazê-lo em suas neces-
sidades e desejos de forma criativa.
A inovação organizacional ocorre quando um método de organização é exe-
cutado pela primeira vez em uma empresa. Vale lembrar que qualquer tipo de
inovação tem como objetivo gerar ganhos para a empresa. No caso, o objetivo
principal é reduzir custos das áreas administrativas.
3 Inovação Tecnológica
67

Outro benefício dessa inovação é a melhoria do local de trabalho, das relações


externas e do desenvolvimento intelectual dos funcionários. O resultado final é a
melhoria na produtividade do negócio como um todo. Mas porque isso é impor-
tante?

A IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL

Todas as empresas sempre tentam fazer uma boa organização, pois é por meio
dela que muitas de suas funções e atividades serão concluídas. Dois dos princi-
pais objetivos pelos quais uma empresa busca se organizar são:
a) obter o máximo de eficiência;
b) obter uma resposta efetiva para as necessidades de mercado.
Uma empresa deve ser organizada. Assim, estará preparada para suprir as ne-
cessidades do mercado. Como o mercado está em processo de constante mu-
dança, a organização administrativa deve ser flexível para adaptar-se a ela e se
estabilizar no mercado.

AS FORMAS ORGANIZACIONAIS E SUA INOVAÇÃO

As formas organizacionais para inovação em uma empresa são apresentadas


em atividades internas e atividades externas.
Uma das mudanças focadas nas atividades internas de uma empresa pode ser,
por exemplo, a implementação de novos métodos para registro, coordenação e
formulação do banco de dados para gestão interna.
A inovação organizacional externa de uma empresa pode facilitar e benefi-
ciar ações de terceirização, integração e colaboração com fornecedores, clientes
e concorrentes e as oportunidade de parcerias.

Conheça alguns exemplos de inovação organizacional no


SAIBA blog Faça Diferente, publicado pelo SEBRAE em: <http://
MAIS www.facadiferente.sebrae.com.br/2009/06/17/exemplos-de-
-inovacao-organizacional/>.

A inovação organizacional pode focar-se em atividades internas e externas


para beneficiar a empresa na redução de custos ou no ganho de produtividade e
competitividade. As empresas que delegam responsabilidade e permitem a par-
ticipação dos empregados na gestão também são inovadoras.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
68

A necessidade de coordenação busca eficácia contínua e é o principal objetivo


de uma estrutura organizacional, principalmente aquela voltada para o mercado.
Sendo que o conceito de atender aos desejos e às necessidades dos consumido-
res existe desde o surgimento da inovação.

CASOS E RELATOS

Eliminando os papéis

Dreamstime (2012)
Figura 54 − Papéis arquivados

O Hospital Criança Feliz funcionava no centro de sua cidade desde sua


criação, há 50 anos. Ao longo do tempo, com o crescimento populacio-
nal, a demanda por atendimento médico aumentou também levando
o hospital a crescer, para tal três novos prédios ocupando quase toda a
área do lote onde estava situado, mas isso faz 20 anos. Hoje o hospital
esta sem espaço para se expandir. O que fazer? Foi a pergunta da direção.
O novo técnico de informática apresentou uma sugestão: o hospital le-
galmente devia manter cada registro de atendimento médico por 10
anos. Essa prática exigida por lei apresentava dois grandes problemas:
primeiro gerava uma quantidade imensa de papel a ser guardada por 10
anos e que ocupava quase um prédio inteiro; segundo era inútil, já que
localizar a ficha de atendimento de um paciente feito há um ano era difí-
cil, imagine de cinco ou 10 anos atrás.
3 Inovação Tecnológica
69

A alternativa proposta foi adotar a gestão eletrônica de documentos em


que, na medida do possível, todo novo documento é gerado em formato
digital e documentos em papel são digitalizados e armazenado no siste-
ma. Para lidar como o quesito legal de manter a cópia física em papel por
10 anos o Hospital contratou os serviços da Empresa Arquivos S/A, que
armazena documentos em galpões climatizados e como a devida segu-
rança na periferia da cidade, onde o custo do m² de terreno é menor.
O que veio para resolver o problema de espaço físico teve um segundo
efeito interessante. Toda a rotina do hospital e sua eficiência no tratamen-
to de pacientes foram alteradas e melhoradas, pois os documentos de
atendimentos do paciente estavam digitalizados e bastava realizar uma
busca no sistema e localizar todos os atendimentos do paciente, sendo
mais uma ferramenta de auxílio ao médico para tomada de decisão.

Neste tópico, você aprendeu o conceito de inovação organizacional e sua im-


portância. Conheceu ainda as principais formas organizacionais.

3.6 INOVAÇÃO DE MARKETING


Scott Adams (2012)

Figura 55 − Dilbert e o marketing

Ligue a TV, assista à novela das nove e pense por que os personagens passam
tanto tempo na cozinha, por exemplo, comentando sobre um produto. Ou use
sua conta no Gmail e note na aba direita da tela que o Google adivinhou o assun-
to da mensagem que você está lendo e te sugeriu um produto. O que será isso?
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
70

Isso ocorre por que as estratégias de marketing das empresas exercem influ-
ência sobre você! Sem perceber, ao ver um comercial na TV ou um anúncio em
uma revista, jornal ou internet, você sente vontade de adquirir determinado pro-
duto, mesmo que nem precise dele. Isso é pura influência do marketing, que é o
processo utilizado pelas empresas para determinar que produtos ou serviços são
interessantes aos seus clientes, assim como a estratégia que será utilizada nas
comunicações e no desenvolvimento das vendas destes produtos.
Devemos entender o marketing tendo como principal finalidade criar valor e
satisfação para o consumidor. Na prática esse trabalho, de “te convencer” que
precisa de determinado produto, começa pelo estudo de mercado e definição de
uma estratégia de marketing, passando pelas estratégias de publicidade e ven-
das, e finalizando com a assistência pós-venda. Ao longo do tempo diversas for-
mas e uso de meios foram trabalhados.

O QUE É MARKETING

Marketing é o processo de executar e planejar a concepção, estabelecimento


de preços, promoção e distribuição de ideias, produtos e serviços a fim de criar
trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais.
Ao analisar esta definição Rizzoto et al. observam que o marketing estimula
novas ideias e pesquisas, resultando em novos bens e serviços, oferecendo aos
consumidores escolha entre vários produtos, sendo que também está relaciona-
do a satisfação do consumidor, seu interesse e desejo pelo produto, pois, assim,
as empresas criam produtos e serviços para agradá-los. Com isso surge a deman-
da para produzir aquilo que os consumidores desejam comprar.

TIPOS DE MARKETING

Os tipos de marketing mais comuns são:


a) Marketing de respostas: responde a uma demanda específica, descobre e
satisfaz as necessidades do mercado e é o mais comum;
b) Marketing de criação de necessidade: é o formato mais agressivo, é uma
inovação radical, um esforço para lançar um produto que o mercado não
está solicitando;
c) Marketing de precisão: para aplicá-lo é fundamental analisar o mercado e
antecipar as necessidades e desejos dos consumidores;
d) Marketing de relacionamento: esse tipo poderá ser usado por você, no
momento em que oferecer um serviço ou produto ao seu cliente, uma vez
3 Inovação Tecnológica
71

que está focado em conquistá-lo para atendê-lo durante muito tempo, for-
mando um compromisso de relacionamento e fidelidade;
e) Marketing na internet: também conhecido como i-marketing, web marke-
ting, marketing online ou e-marketing; é o marketing de produtos ou serviços
na internet. Podemos dizer que este é o tipo de marketing mais inovador
atualmente. Vamos aprender um pouco mais sobre ele?

SAIBA Você pode aprender mais sobre os tipos de marketing lista-


dos em <http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-
MAIS -um-negocio/planeje-sua-empresa/marketing>.

INOVAÇÃO EM MARKETING E O MARKETING NA INTERNET

De acordo com Rizzoto et al., a importância do marketing na internet está rela-


cionada ao fato de que

hoje a internet possibilita à organização preços mais acessí-


veis, melhor qualidade do produto, além da empresa estar em
todos os lugares por uma simples ligação de rede de computa-
dores e tendo o espaço para divulgação de sua marca 24 horas
por dia. A internet também facilita a aproximação do cliente
com a empresa, reduz custos do produto para o cliente, pos-
sibilita maior conveniência, onde o cliente pode solicitar seu
produto em sua própria casa sendo assim mais cômodo, e a
comunicação com o consumidor se torna mais eficaz.

Diferentemente de veículos de comunicação tradicionais, como emissoras de


televisão, rádios, jornais e revistas, a internet tem ferramentas próprias de marke-
ting. Segundo Menezes, as principais ferramentas de marketing na internet são:
a) Banner
É o veículo mais utilizado e mais recomendável para a divulgação na internet,
mas nem sempre seu custo é acessível ao administrador do site. Não é recomen-
dável que se coloque muitas informações diretamente no banner, e sim uma cha-
mada com a logo e o endereço para que se atraia o visitante.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
72

André Bittencourt (2012)


Figura 56 − Exemplos de banners

b) E-mail
O correio eletrônico também é uma forma eficaz de propaganda. Mas, os cui-
dados devem ser redobrados para que não configurem SPAM (propaganda sem
autorização de quem recebe). Deve sempre ter uma mensagem para quem rece-
be dizendo que se enviá-la de volta não receberá novamente o e-mail.
FabriCO (2012)

Figura 57 − Marketing via e-mail

c) Streaming media ou vídeo marketing


Consiste na transmissão de áudio e vídeo, que são enviados diretamente para
o computador do cliente de forma que o conteúdo possa ser visto sem a neces-
sidade de baixá-los. É muito utilizada a tecnologia flash para este fim. O uso de
vídeo tem um fator importante de direcionar o consumidor para uma opinião
sobre o produto.
3 Inovação Tecnológica
73

FabriCO (2012)
Figura 58 − Vídeo marketing

d) Mala direta eletrônica


Uma mensagem publicitária enviada a um cliente em potencial. Deve conter
textos curtos, ser enviada com periodicidade e ter imagens visíveis e que abram
com facilidade.
e) Redes Sociais
São muito importantes para o marketing, sendo na maioria das vezes mais efi-
caz que qualquer outra forma eletrônica. Podemos notar o impacto desta nova
forma de organização no marketing, por exemplo, observando as empresas que
surgem focadas na venda de produtos para um grupo de pessoas dentro do Fa-
cebook ou Twitter.
Dreamstime (2012)

Figura 59 − Exemplos de redes sociais


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
74

CASOS E RELATOS

Vendendo mais
A empresa Quality S/A investiu muito em seus produtos, sendo que mui-
tos deles não possuíam competidores em qualidade e eficácia. A empresa
acreditava que a melhor propaganda era ter um produto de qualidade.
Contudo, a melhoria do processo fabril não significou aumento de vendas.
Para alavancar suas vendas contratou uma empresa especializada para
divulgar seus produtos, a GirSan que, observando o orçamento proposto
pela contratante, optou por desenvolver um plano de marketing agres-
sivo usando nova mídias por intermédio de banners em sites especiali-
zados, malas diretas, mantendo online demonstrações dos produtos e
realizando uma boa divulgação nas principais redes sociais. Com pouco
investimento, mas com devido planejamento, a Quality S/A via suas ven-
das decolarem e alcançar um patamar até maior que o esperado.

Neste tópico você aprendeu o conceito de marketing, conheceu os tipos mais


comuns de estratégias de marketing e relacionou a inovação em marketing ao
marketing na internet.

3.7 GESTÃO DA INOVAÇÃO


Scott Adams (2012)

Figura 60 − Dilbert e a inovação


3 Inovação Tecnológica
75

Imagine que uma empresa está desenvolvendo um novo produto, ou uma nova
forma de trabalhar os produtos que já possui. Certamente esse processo inovador
irá transformar a empresa de algum modo. Se pensarmos a inovação tecnológica
enquanto o processo transformador da empresa, então, precisará ser gerenciada.
Para atender essa demanda gerencial, surgiu a área de gestão da inovação.

O QUE É GESTÃO DA INOVAÇÃO

Dreamstime (2012)

Figura 61 − Inovação

Segundo UBEDA:

A Gestão da Inovação envolve o alinhamento de algumas ati-


vidades focadas na inovação: desde a geração de ideias, a exe-
cução de projetos de pesquisa até o desenvolvimento de pro-
tótipos e o oferecimento de produtos e serviços e as atividades
de inovação têm impacto direto no desempenho da empresa,
tanto pelo aumento da demanda quanto pela diminuição de
custos de produção dos produtos ou serviços oferecidos; po-
dem conduzir tanto ao desenvolvimento e à implementação
de inovações no curto prazo como a melhorias de competiti-
vidade e capacidade de inovação na empresa no longo prazo.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
76

Analisando a definição acima, concluímos que para que dê certo, o processo


de inovação nas empresas deve ser gerido, caso contrário teremos um ambiente
caótico que pode comprometer a funcionalidade da empresa e sua lucratividade.
Mas como funciona a gestão da inovação na prática?

GESTÃO DA INOVAÇÃO NA PRÁTICA

Na prática a Gestão da Inovação ocorre através da implementação de diversas


ferramentas. Zackiewicz et al. sugerem o foresight, a inteligência competitiva e a
gestão do conhecimento como instrumentos para a gestão da inovação.

FORESIGHT

Foresight ou Technology foresight é o nome dado à abordagem de dotar as


decisões presentes de conhecimento sobre as possibilidades de futuro, ao invés
de determinar o futuro precisamente, para só então decidir. Essa sutil, porém im-
portante diferença mudou, profundamente, o conceito sobre o que é prospecção
tecnológica e como trabalhar suas ferramentas na gestão da inovação. Esta técni-
ca pode ser visualizada a partir de três dimensões:
a) Pensar o futuro: os possíveis eventos futuros são examinados a partir de
tendências de longo prazo e especulações sobre fatos novos e inesperados;
b) Debater o futuro: em geral, este processo no foresight é de natureza parti-
cipativa e requer o envolvimento de diferentes pessoas ou entidades impor-
tantes, incluindo autoridades públicas, empresas e organizações de pesqui-
sa;
c) Modelar o futuro: a identificação de futuros possíveis e desejáveis e a inte-
ração e o aprendizado provocado nos participantes levam, paulatinamente,
a decisões em diferentes níveis.
A inteligência competitiva é um conceito que pode ser dividido em duas par-
tes:
a) inteligência: são informações analisadas, que auxiliam a tomada de decisão
estratégica e tática;
b) competitiva: diz respeito à aquisição de informações públicas e acessíveis
sobre os concorrentes. Sua principal finalidade é servir como instrumento
para identificar, coletar, sistematizar e interpretar eticamente informações
relevantes sobre seu ambiente concorrencial.
A gestão do conhecimento, que pode ser conceituada como um processo, arti-
culado e intencional, destinado a sustentar ou a promover o desempenho global
3 Inovação Tecnológica
77

de uma organização, tem como base a criação e a circulação de conhecimento.


Basicamente suas áreas de conhecimento são:
a) Gestão da informação: envolve as áreas de tecnologia e ciência da infor-
mação, para a construção da base de conhecimento codificado;
b) Gestão de pessoas: envolve as áreas de filosofia, psicologia, sociologia e
administração, para o entendimento da dinâmica dos processos de criação e
difusão de conhecimento.

OS RISCOS

Dreamstime (2012)

Figura 62 − Riscos

Carlos Mango e Schere nos apresentam uma lista muito interessante de 10


riscos potencias, que podem afetar o gerenciamento de inovações, vejamos a
transcrição:

1 − Implantar o canal de ideias e achar que estabeleceu um


processo de inovação na empresa − Com a grande facilidade
de utilização da intranet e internet nas empresas, muitas iniciam
os programas de inovação abrindo um canal para colocação de
ideias de maneira eletrônica. Passado pouco tempo, percebem
que poucas ideias são adicionadas e aquelas cadastradas têm
baixo potencial inovador, muitas vezes servindo de canal de re-
clamações de questões relativas à chefia ou à remuneração. A
solução para esse erro é estabelecer um contexto fértil à inova-
ção, que contemple práticas para as oito dimensões que com-
põem o octógono da inovação: estratégia, cultura, liderança,
pessoas, relacionamentos, funding, estrutura e processo.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
78

2 − Deixar a criatividade fluir livremente − Não! Direcione,


delibere os caminhos, estabeleça uma estratégia de inovação.
Alguns especialistas acreditam que a criatividade e o caos são
inseparáveis. No entanto, a experiência tem nos mostrado que
criar direcionadores para que as pessoas na organização utili-
zem sua criatividade é o melhor caminho. Para isso, a empresa
deve definir sua estratégia de inovação, estabelecendo tipos e
temáticas de inovação desejadas, e comunicar aos colabora-
dores, criando um catalisador da criatividade e um guia para a
busca de novas ideias.

3 − Pedir os números de mercado muito cedo − Esse é um


erro comum das empresas que “não querem” errar! Pedir nú-
meros como tamanho de mercado, fluxo de caixa desconta-
do, taxa de retorno do investimento de uma ideia muito cedo.
Essa exigência de informação antes do necessário faz com que
somente as melhorias sejam aproveitadas. Projetos de maior
grau de novidade e incerteza tendem a ser barrados já que
muitas vezes nem a própria ideia está consolidada ou concei-
tuada de maneira a fazer esse tipo de projeção. O resultado é o
desenvolvimento de projetos com menor grau de incerteza e
consequentemente menor potencial de geração de resultado
para a empresa. A lógica é simples, e a solução também! No iní-
cio deve-se trabalhar no “enriquecimento” da ideia a partir de
informações qualitativas, do entendimento do benefício que
a nova ideia apresenta e das alternativas concorrentes. Num
segundo momento será possível realizar projeções à medida
que as incertezas sobre a ideia vão sendo reduzidas.

4 − Deixar o “pai ou a mãe” da ideia fazer a gestão do pro-


jeto do começo ao fim − Para muitas pessoas, uma boa ideia é
como um filho, e como todo pai ou mãe, ninguém melhor que
eles mesmos para cuidar da criança. No entanto, em termos
de gestão da inovação, em determinadas situações o autor
de uma ideia de potencial inovador, não necessariamente é a
pessoa mais adequada para fazer a mesma acontecer. Algu-
mas pessoas podem ser muito criativas, mas pouco efetivas na
condução de um projeto. Profissionais com alto conhecimen-
to técnico carecem de visão de mercado. A solução é realizar
a “polinização cruzada”, fazendo com que diferentes pessoas
de dentro e até mesmo fora da empresa possam contribuir na
transformação de ideias em inovações.
3 Inovação Tecnológica
79

5 − Medir os resultados da inovação pelo ganho financeiro


ou número de produtos/serviços desenvolvidos − Sem dúvi-
da, esses são indicadores importantes para gestão da inovação
na empresa, porém não devem ser os únicos. O ideal é montar
um Innovation Scorecard (ISC) que, como o BSC, permite que
sejam monitoradas as quatro dimensões fundamentais para a
gestão da inovação: contexto para inovação, processo de ino-
vação, tipos de inovação e também os resultados da inovação.

6 − Pedir que cada pessoa dedique um pouco do seu tem-


po à inovação − É a mesma coisa que pedir que ninguém se
dedique de forma efetiva ao tema. Todos podem participar do
processo de inovação em uma organização, porém a experi-
ência tem mostrado que sem uma coordenação definida do
processo, pouca atenção será dada à inovação. O envolvimen-
to com a operação tende a censurar as demandas de inovação.
A intenção não é excluir ninguém do processo, mas criar uma
estrutura, de acordo com cada empresa, para ser responsável
pela gestão do programa de inovação.

7 − Estabelecer uma verba do orçamento para inovação −


A intenção é boa, mas isso não é suficiente. Sem dinheiro não
ocorre inovação. No entanto, o risco desse modelo é que na
busca por recursos, projetos que estejam mais longe do “core
business” serão sempre preteridos em nome daqueles mais
próximos daquilo que a empresa faz atualmente, já que estão
“alinhados” com o negócio. A chave do sucesso para balancear
as iniciativas é dividir a verba conforme os tipos e as temáticas
de inovação ou mesmo um percentual para negócios fora do
core business, se a empresa assim desejar.

8 − Utilizar os experimentos para acertar e verificar se ire-


mos ganhar dinheiro com o projeto − Percebemos que as
empresas realizam os projetos- pilotos com o enfoque inade-
quado. Se não ganham dinheiro nessa fase, entendem que
é hora de cancelar o projeto. Experimentos são feitos para
aprender de forma estruturada e reduzir as incertezas existen-
tes na nova ideia. Se o projeto for realmente algo de potencial
inovador, é provável que ao longo do desenvolvimento várias
perguntas ainda estejam sem resposta, e o experimento é a
oportunidade para tentar responder algumas delas.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
80

9 − Trabalhar na perspectiva de quanto mais projetos me-


lhor − Muitas empresas têm dificuldade de suspender proje-
tos e produtos que se mostram ineficientes. Fazer a gestão do
portfólio de inovação é mais do que acompanhar o número
de projetos; é atuar de forma a balancear o portfólio, criando
uma perspectiva de gestão de diferentes níveis de risco, inves-
timento e prazo para poder tomar as decisões de alocação de
recursos necessários.

10 − Acreditar que todas as ideias estão dentro da empresa


− Ainda que os colaboradores sejam uma das principais fontes
de ideias, é preciso adotar a mentalidade de “open innovation”
e aproveitar o relacionamento com clientes, fornecedores, par-
ceiros, institutos de pesquisa e, em determinados casos, até
concorrentes para geração, refinamento a implementação de
ideias de potencial inovador.

Neste tópico você aprendeu o conceito de gestão da inovação e como ela


ocorre na prática, por intermédio de três ferramentas de Gestão.

Recapitulando

Neste capítulo você viu que a inovação de produtos e processos de fa-


bricação é diretamente motivada pelo desenvolvimento tecnológico e
econômico do mercado.
Aqui você também entendeu o que é e como praticar a gestão da inova-
ção, relacionando produtos, processos, organizações e marketing.
Visando o máximo de eficiência para suprir as necessidades demanda-
das, ainda vimos que a organização de uma empresa e um marketing
bem planejado e executado são fundamentais.
3 Inovação Tecnológica
81

Anotações:
Aplicações de novas tecnologias

Atualmente toda a base da comunicação está migrando para meios digitais, um exemplo é o
uso de SMS, ou mesmo e-mails e redes sociais, o que deixa toda a sociedade interligada.
Com o aperfeiçoamento e surgimento diário de novos de hardwares, softwares e periféricos
em geral, mobilidade, interatividade e conectividade viraram palavras-chaves no mundo das
novas tecnologias.
Outro fator importante a ser observado com o crescimento da tecnologia é o comércio ele-
trônico, que permite um retorno rápido e barato, e as redes sociais, que percorrem as mais
diversas relações interpessoais.
Ao final deste capítulo você será capaz de definir:
a) o que é comunicação e a sua evolução;
b) a era pós PC;
c) tipos de periféricos;
d) o conceito de conectividade e computação em nuvem;
e) o comércio eletrônico e o mercado global;
f) as principais redes sociais;
g) a sustentabilidade na área de TI;
h) a gestão eletrônica de documentos.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
84

4.1 COMUNICAÇÃO

"...Eu quero entrar na rede


Promover um debate
Juntar via internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut de acessar
O chefe da Mac Milícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus para atacar os programas no Japão
Eu quero entrar na rede para contatar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão.
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular..."
(Gilberto Gil, Internet)

Você se lembra do ditado infantil: “Quem conta um conto, aumenta um pon-


to”? O mesmo dizia da nossa dificuldade de receber uma informação e repassá-la
de forma exata usando a comunicação verbal. Mas, e a comunicação ao redor da
fogueira?

Marcos Oliveira (2012)

Figura 63 − Comunicação ao redor da fogueira

A fogueira fornecia, ao mesmo tempo, proteção e aquecimento para os pri-


meiros humanos, e o ato de reunirem-se, à noite, ao seu redor, levou à tradição
de passagem do conhecimento do mais velho para os mais novos, pelas palavras
do ancião da tribo.
O mais velho viveu e experimentou muitas situações, logo seu conhecimento
era essencial para os mais novos sobreviverem e deviam escutar atentos o que
ele tinha a dizer. Surge a noção de respeito ao mais velho e a educação em massa.
A fogueira não era nem a mensagem, ou mesmo o meio de comunicação.
Afinal, como você sabe, para termos comunicação devemos ter o transmissor, o
receptor, o meio ou canal de comunicação e a mensagem em si, como pode ser
visto na figura a seguir.
4 Aplicações de novas tecnologias
85

Fonte de Usuário da
Transmissão Receptor
informação Sinal de informação
mensagem

Denis Pacher (2012)


Canal
Sinal Sinal
transmitido recebido

Figura 64 − Sistema de comunicação

A fogueira era apenas o facilitador. Nos dias atuais a internet não é nem o
meio, nem a mensagem. É o facilitador. Diríamos que é a “fogueira” ao redor da
qual a tribo, agora global, se reúne para se comunicar.
Bem, antes de tudo precisamos entender um pouco como a informação é en-
tendida por nós humanos.

A COMUNICAÇÃO NA ERA PRÉ-ELÉTRICA

Além da comunicação verbal, de boca a boca, as comunidades, ao longo do


tempo, até a invenção da eletricidade, faziam uso da escrita em suas diferentes
vertentes e variantes para comunicação. O aprimoramento da imprensa por Gu-
tenberg é o fato marcante por permitir a produção de textos em massa.
A mensagem que queremos transmitir, impressa, é transformada em imagens
(uma letra, como o A, é uma imagem); colocada no meio de transmissão, o papel,
e levado até o destinatário, quando a mensagem será absorvida.
É importante notar a diferença entre a escrita fonética, ocidental, e a escrita
oriental por meio de ideogramas. A figura a seguir apresenta o ideograma chinês
para a palavra paz. Enquanto no português temos o processo de verbalização da
palavra PAZ, em chinês temos a necessidade de entender a situação PAZ repre-
sentada pelo símbolo em seu equilíbrio.
Dreamstime (2012)

Figura 65 − Ideograma chinês para PAZ


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
86

É uma diferença simples, mas uma forma distinta de pensar e entender uma
mensagem. No ideograma devemos pensar para entender.

A COMUNICAÇÃO NA ERA ELÉTRICA

Com o surgimento da eletricidade pudemos aprimorar nosso processo de co-


municação, permitindo uma forma mais eficaz de transmitir a mensagem. Com a
transmissão da informação através de sua codificação sobre uma portadora elé-
trica pudemos desenvolver novos elementos de comunicação como o telefone, o
telégrafo, bem como meios de massa como o rádio e a televisão.
Temos como fato principal o ato do usuário “sair” do material lido, o jornal, o
livro, como fonte de informação, onde devia entender e interpretar a mensagem
contida num texto e migrar para um modelo (“push”) que recebe a informação já
compilada e pronta. O ser humano passou de agente para simples receptor passi-
vo da informação. O trecho da música retrata bem isto:

"A televisão me deixou burro, muito burro demais


Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais…
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa, mas eu não faço nada.
A luz do sol me incomoda, então deixo a cortina fechada.
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais.
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais."
(Arnaldo Antunes, Televisão)

O MEIO É A MENSAGEM, MCLUHAN

O meio de comunicação afeta sobremaneira a forma que percebemos uma


mensagem. Pense em um livro que você leu e depois assistiu ao filme. O filme
normalmente se mostra ruim? Consequência de nosso cérebro, que já tinha en-
tendido a mensagem do livro da nossa forma, e achar a visão de outro (o roteirista
do filme) estranha. Aqui temos o uso de mídias diferentes: o texto e o vídeo, e
suas diferentes formas de transmitir a mensagem.
4 Aplicações de novas tecnologias
87

Endin in a Book (2012)

Figura 66 − Capa do Livro “Understanding the media: the extensions of man”

Marshall Mcluhan no ano de 1963 em “Understanding the media: the extensions


of man” caracteriza no título da obra um entendimento claro do que são as mídias
enquanto meios de comunicação: são extensões do Homem. Constituem exten-
sões da mesma forma que um carro é uma extensão de sua capacidade de loco-
mover, de seus pés. As mídias são extensões da sua capacidade de comunicar, da
sua capacidade cognitiva. Isto é importante.
Mcluhan em sua obra traça uma longa análise sobre o impacto do meio de
comunicação como elemento transformador da mensagem e de como ela pode
ser entendida. Através de uma análise do que chama de meios quentes (geram
movimentação mental levando ao raciocínio) e meios frios (te deixam quieto, le-
vando a absorção da mensagem como transmitida) avalia o impacto dos meios
de comunicação presentes na década de 60 e traça um panorama interessante
para as possibilidades do uso da Informática. Em sua visão a mesma permitiria a
transformação do planeta em uma grande “aldeia global” onde pessoas interagi-
riam independentes de espaço e distância.
No ano de 1984, William Gibson em Neuromancer complementa as ideias de
Mcluhan:

" ‘Ciberespaço’. Uma alucinação consensual diariamente expe-


rimentada por bilhões de operadores legítimos, em cada país,
por crianças a quem são ensinados conceitos matemáticos...
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
88

Uma representação gráfica de dados extraídos de bancos de


cada computador do sistema humano. Complexidade impen-
sável. Linhas de luz alinhadas no não espaço da mente, clusters
e constelações de dados. Como luzes da cidade, afastando-se..."

Se avaliarmos a visão de Mcluhan, complementada pela de Gibson, podemos


imaginar as tendências do que virá na comunicação humana.
Uma característica também interessante é que ao tentarmos transmitir uma
mensagem formatada para um meio de comunicação, fazendo uso de outro
meio, esta formatação deve ser modificada. Olhe uma revista em papel e uma on-
line. Na online podemos colocar vídeos, animações e outros itens, o que não pode
ser feito na de papel. Se tentarmos por o conteúdo formatado da revista impressa
na online o usuário não se dará por satisfeito.

A COMUNICAÇÃO NA ERA DA INTERNET

Podemos entender a comunicação na era da informática de forma simples e


resumida em passos:
a) o meio é a mensagem;
b) o meio é a internet;
c) o meio é interativo e digital;
d) o óbvio: convergência digital.
A informática conectada em rede pela internet nos deixa lidar com a informa-
ção de modo interativo, seletivo e multimídia: misturando áudio, texto, vídeo e
simuladores. Algo impensável há alguns anos atrás. Esta possibilidade nos leva a
criar um conjunto de novos canais de comunicação baseados na interatividade e
internet que se transformam em produtos.
Hoje passamos pela convergência digital onde toda a base de comunicação
migra para meios digitais. A aplicação das novas tecnologias nos deixa caminhar
para um novo patamar de comunicação onde abdicamos da forma tradicional e
caminhamos para novas formas de comunicação. Um exemplo: o uso de SMS no
celular. Certamente você notou que é mais eficiente mandar um SMS do que ligar
para outra pessoa, ou mesmo enviar um e-mail para ela. Igualmente o sistema de
e-mail tradicional tem dado lugar às mensagens instantâneas e redes sociais.
Algo interessante na comunicação atual é que McLuhan acertou em suas pre-
visões sobre a forma que trabalharemos a tecnologia para comunicação: somos
uma sociedade em rede, organizada em redes sociais. Essa é, talvez, a tendência
sem volta, mesmo que não seja entendida por muitos.
4 Aplicações de novas tecnologias
89

Devemos estar atentos que a comunicação é o elo no convívio humano. Atu-


almente sofre uma mudança substancial na forma de que tem sido praticada: por
meio do ambiente computacional, mas se tivermos uma pane nos sistemas de in-
formática no Globo, a necessidade de troca de informações vai continuar. O meio
é a mensagem, o meio hoje é a informática, mas se ela deixar de existir, novos
meios surgirão e a mensagem não desaparecerá.

4.2 ERA PÓS-PC

FabriCO (2012)

Figura 67 − Computadores

A informática, fundamentada na eletricidade, tem origem na década de 30,


com grandes equipamentos baseados em válvulas. A programação desses equi-
pamentos era essencialmente por mudanças físicas. Ao longo do tempo, em es-
pecial a partir das ideias de Von Neumman e com o aprimoramento do hardware,
com o surgimento do transistor, nos permitiu ter, na década de 60, computado-
res, não na aparência ou tamanho, mas na função, muito parecidos com os atuais.
Franklin Institute (2012)

Figura 68 − Programação do Eniac


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
90

A criação do microprocessador e integração em escala nos levou a hardwares


menores e a possibilidade de termos os microcomputadores. Apple e IBM são os
símbolos desta época. Mas o que é mesmo um microcomputador?

MICROCOMPUTADOR

Um microcomputador consiste em um arranjo de hardware alto contido que


resolve problemas genéricos por intermédio do software.
Como elementos formadores dos microcomputadores, temos a CPU (Unida-
de Central de Processamento) onde ficam a placa mãe, memória e processador.
Esses itens nos permitem executar a ideia de Von Neumann de programa em me-
mória para execução. O sistema de armazenamento secundário ocorre por meio
de discos rígidos, unidades óticas, de fita, de estado sólido nas mais diversas im-
plementações, armazenando nossos dados de forma persistente. Os periféricos
de entrada e saída, em especial teclado, mouse, monitor, impressora são nossos
elos para interação com o computador.
A ideia básica é de que um microcomputador possa trabalhar sozinho e in-
dependente de um ponto central, em oposição aos antigos mainframes em que
tínhamos apenas um terminal de entrada e saída e o processamento realizado em
sua CPU central.

A REDE
FabriCO (2012)

Figura 69 − Rede computacional

Os microcomputadores foram pensados para serem independentes, mas hou-


ve a necessidade de conectá-los em rede e em um servidor de arquivos, um servi-
dor de impressão, de forma a permitir o compartilhamento de dados e periféricos.
4 Aplicações de novas tecnologias
91

As primeiras redes eram apenas LANs, quando muito tendo algum link MAN
ou WAN para sincronismo de dados.
No modelo de redes, em determinado momento existiu uma proposta interes-
sante: os processadores estavam ficando muito rápidos e existia muita memória
em uma máquina. Um computador apenas poderia servir uma rede local como
um pequeno mainframe.

OS THIN CLIENTS

Observando o aumento da capacidade dos microcomputadores, surge a ideia


de se empregar uma variante do sistema de janelas do X11 do Unix, proposto no
final da década de 70. Terminais que apenas mostram janelas de aplicações que
executavam na verdade em um servidor na rede local.

Terminal Network Topology Diagram

Terminal Terminal Terminal Terminal

Servidor
Denis Pacher (2012)

Switch

Internet
Router
Figura 70 − Ambiente thin client

O ambiente de thin clients ou clientes leves cresceu substancialmente. O thin


client representa um paradigma que atualmente foi retomado com o netbook e
também na proposta da Google do Chromebook. A diferença principal é que atu-
almente o foco não é rodar as aplicações no servidor da empresa, mas na nuvem
computacional.
Samsung (2012)

Figura 71 − Google Chromebook


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
92

A INTERNET, CONVERGÊNCIA E MOBILIDADES.

A origem e consolidação da internet tem consequência não só no comporta-


mento do usuário de computador que passa a ter uma rede global, mas também
em sua necessidade de uso e pela demanda de hardware.
Ao se consolidar a rede de telefonia celular como uma rede de acesso a dados,
os celulares rapidamente evoluíram de um rádio de comunicação com agenda,
para um equipamento com capacidade de processamento. Atualmente quase
todo celular possui capacidade de executar Java, permitindo ao mesmo rodar os
programas. Novos aparelhos celulares têm consolidado a plataforma Android/
Google e o IOS/Apple permitindo ter o celular como um computador móvel de
baixa velocidade. Passamos a chamar este dispositivo de smartphone.

FabriCO (2012)

Figura 72 − Smartphone

Chamamos um dispositivo computacional, especial-


VOCÊ mente desenhado para uma função, de sistemas em-
SABIA? barcados. Um smartphone é um exemplo de sistema
embarcado.

Como um computador, o smartphone se consolida como um hardware com


necessidade de teclado para entrada de dados. O uso de um teclado QWERTY
diminuto ou de uma tela sensível ao toque são as alternativas.
O Iphone da Apple marcou a mudança final no ambiente de celulares. É um
computador pleno em uma caixa, com função especializada de servir como tele-
fone, acesso à internet, GPS, máquina fotográfica, dentre outros.
4 Aplicações de novas tecnologias
93

OS TABLETS

Com a consolidação do Iphone, os tablets já presentes no mercado ganham


visibilidade, em especial com o lançamento do IPAD da Apple. Um computador
sem teclado é apresentado.

Samsung (2012)

Figura 73 − Tablet

A característica principal do tablet é a ausência de teclado e interação pelo


toque, de forma intuitiva, para acesso ao sistema. Aliado a isto, temos como co-
nectividade a internet via rede Wifi, 3G ou cabeada.
Os tablets representam o mercado pós-PC, em que se acredita que o micro-
computador de mesa ou mesmo o notebook que teve seu tamanho reduzido, e
com foco ao acesso à rede com o conceito de netbook, estejam com os dias con-
tados.
O nível de vendagem desses aparelhos demonstra esta realidade.

A INTERNET DAS COISAS

Com a manufatura de circuitos integrados cada vez menores, e com custo re-
duzido, bem como a popularização do acesso à internet nos permite ter o concei-
to de internet das coisas.
A visão é que tenhamos em carros, geladeira, televisão, e outros aparelhos ele-
trodomésticos a facilidade de acesso à internet pelo dispositivo. Um exemplo é a
geladeira com tela LCD que permite acesso à internet, um produto de mercado
atual.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
94

Dreamstime (2012)
Figura 74 − Geladeira com internet

Podemos ter ainda o uso do acesso à internet para monitoramento. Uma ge-
ladeira pode informar ao fabricante via rede que o compressor esta para estra-
gar, levando a uma atitude ativa da indústria de notificar o usuário antes da falha
acontecer e agendar um atendimento, levando a uma maior satisfação do cliente.
Outro exemplo pode ser o carro que ao passar por um posto pode informar via
bluetooth seus dados de sensores. O fabricante recebe os dados e baseado neles
envia uma mensagem de volta alertando o usuário sobre algum evento, como a
necessidade de troca de uma pastilha de freio ou do óleo do câmbio.
Se pensarmos a computação através de uma rede de sensores, em que espa-
lhemos em nosso lar e em nossos dispositivos, as possibilidades são grandes no
que se refere à aplicação dessa nova tecnologia.

TV DIGITAL: INTERATIVIDADE
Sony (2012)

Figura 75 − Televisão digital


4 Aplicações de novas tecnologias
95

A TV digital representa um sistema embarcado bem interessante do ponto de


vista de negócio. Em primeiro lugar, por ser uma TV, logo a tendência é que esteja
espalhada em escala pelo Brasil com o fim da transmissão e da TV analógica em
2014. Segundo, por ser um computador embarcado, tem a possibilidade de inte-
ratividade via o middleware GINGA.

Figura 76 − Logo Ginga http://www.ginga.org.br (2012)

O modelo prevê que podemos usar um aparelho de TV para acessar a internet


e interagir com a programação de televisão, respondendo a pesquisas de opinião
e interagindo (comprando) produtos. O canal de retorno, para acesso à internet,
deve ser um link de banda larga comum, o que representa um custo, mas o ato
de usar o computador como sendo a TV, nos leva a uma popularização do uso da
informática como nunca antes pensado no Brasil.
Diversas aplicações têm sido desenhadas, entre elas a ideia de usar a TV digital
para acesso a sistemas de teleconsulta, educação a distancia, telediagnóstico e
tantos outros.
É importante que tratemos como sistema computacional qualquer dispositivo
com computação embarcada e tiremos o devido proveito dele. O computador
tradicional tende a diminuir sua importância no mercado. As possibilidades aqui
são imensas.

4.3 OS PERIFÉRICOS

Ao longo do tempo é marcante a evolução dos processadores, cada vez mais


rápidos, com mais memória para o sistema, mudança de modelo computacional,
seja com a computação paralela, com a internet e atualmente com a computação
em nuvem. Contudo estamos falando em como a informação é processada e não
como é gerada e consumida por nós. Essa facilidade é provida pelos periféricos
de entrada e saída.
Ao longo do tempo, do mesmo modo que o processamento, os periféricos
têm se modificado: a época do teclado e monitor está com os dias contados, po-
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
96

2 I/O rém, ainda desenvolvemos softwares lembrando estes elementos. Temos dois ti-
pos de periféricos:
Entrada e Saída.
a) periféricos de entrada: formam os elementos que alimentam o sistema,
numa fase inicial tínhamos somente o teclado e na década de 80 passamos
a usar o mouse;
b) periféricos de saída: são representados pela impressora e o monitor.
Essencialmente, nossos periféricos de I/O2 para interagir com o sistema faziam,
e muitas vezes fazem, uso apenas de dois dos cinco sentidos humanos:
a) visão: a usamos para interagir com o computador, os olhos são usados
como entrada da informação que vem do computador;
b) tato: utilizamos as mãos como uma saída de nossa informação para o com-
putador.
No teclado, onde nossas mãos interagem ainda, é usado o antigo layout de te-
clado da máquina de escrever, o QWERTY. Parece muito pouco, e é muito pouco.
Não é intuitivo, de fácil uso.

SEM TECLADO, SEM MOUSE: A TELA DE TOQUE


Dreamstime (2012)

Figura 77 − Tela de toque (touch screen)

Um grande avanço que surgiu foi a probabilidade de selecionarmos itens que


desejamos apontando e deslizando nossos dedos diretamente sobre uma tela
4 Aplicações de novas tecnologias
97

sensível ao toque, que permite uma seleção mais natural do que queremos. O ato
de eliminarmos o teclado (porém este aparece como um teclado virtual) repre-
senta um ganho, o uso de ícones é mais natural ao ser humano, permitindo uma
maior produtividade.
A popularização da tela de toque permitiu criar um novo conceito de compu-
tador que tem se tornado padrão: o tablet. Pense em um tablet com teclado, não
faria sentido, você não acha? Seria um notebook.

SEM NADA: KINECT, WII REMOTE

A Nintendo com a introdução do videogame Wii apresentou um conceito novo


e atraente: um controle remoto sem fio, o Wii remote.

Dreamstime (2012)

Figura 78 − Wii remote

O artefato consiste em um controle sem fio, que opera via infravermelho e


bluetooth se comunicando com a base. Ao logo do tempo, foram pensados diver-
sos outros plug-ins para o Wii remote: raquetes, armas, e outros. O que é interes-
sante no Wii remote?
Ele foi e é usado de forma intensa no projeto de novos produtos ou no apri-
moramento de outros já existentes, notavelmente onde exista a necessidade de
controle de movimentos. Foram desenvolvidas soluções como controle de guin-
daste, controle de robôs a distância, captura de movimento com a criação de qua-
dros brancos interativos. O foco principal foi sair do periférico tradicional abrindo
um novo leque de opções. Mas o Wii remote tem sido deixado de lado com o
aparecimento de uma nova tecnologia: o Kinect.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
98

3 PROTOTIPAÇÃO KINECT
Consiste em criar uma
versão simplificada do
produto que se está
projetando. Simplificação
essa que pode ser feita
tanto em papel quanto com
alto grau de fidelidade (com
muitos detalhes).

Dreamstime (2012)
Figura 79 − Microsoft Kinect

O Wii representou um avanço no sentido de remover os fios, mas são comuns


acidentes com este controle quando o mesmo se desprende da mão do usuário.
A Microsoft propôs a solução de uma barra de captura de movimentos que,
através de uma câmera e de sensores instalados nela, permite com precisão a
captura da posição e movimentação de diversos usuários em uma cena sem a
necessidade de fios ou qualquer outro controle.
Em um momento inicial, a Microsoft propôs que o Kinect fosse usado ape-
nas para jogos no XBOX, como dado às possibilidades do controle do videogame
Xbox, que foi rapidamente absorvido pelo mercado como novo hardware para
captura de dados e movimentos, mesmo sem suporte oficial do fabricante. Na
próxima versão de Windows o produto será suportado oficialmente.
O uso em diversas áreas tem sido rápido, em especial na área médica existem
diversos protótipos.
Microsoft (2012)

Figura 80 − Kinect em uso médico


4 Aplicações de novas tecnologias
99

OS PERIFÉRICOS PARA FORA: IMPRESSAO 3D/CAM

Se de um lado temos novos periféricos surgindo que permitem aprimorar nos-


sa entrada de dados, necessitamos ver o resultado de algo feito no computador.
Vamos a um desafio interessante.
Se você desejasse fazer um protótipo de algo? Isso sempre foi um problema.
No passado o processo envolvia criar um modelo em escala do produto. Digamos
que você quisesse fazer uma peça de metal. Criávamos seu molde em determi-
nado material, fazíamos um negativo da peça e despejávamos dentro o metal ou
outro material usado nela. Algo parecido com os “modernos” moldes dentários
usados até hoje.
Com a introdução da informática, se passou a usar softwares denominados
CAD (Computer Aided Design) o que facilitou o design/projeto de objetos, permi-
tindo inclusive simulações de como seriam dentro do computador.
No AutoCAD, por exemplo, podemos andar no interior da casa antes de ter-
mos ao menos a fundação feita. Em softwares de manufatura de peças, podemos
ter a peça na tela e simular a carga sobre a mesma, mas da tela para o mundo real
normalmente os procedimentos de manufatura eram os citados acima. As ferra-
mentas para construção de peças via CAM (Computer Aided Manufacturing) eram
muito caras. Na ordem de milhares de dólares.
Nos últimos anos, contudo, têm surgido soluções de prototipação3 de peças
em polímeros de baixo custo (abaixo de 3000 dólares) o que nos permite desenhar
um futuro no qual ao comprar óculos, por exemplo, compramos o projeto dele,
faça o download do arquivo e realize sua impressão 3D na comodidade do lar.
ZPrinter® 650 (2012)

Figura 81 − Impressora 3D

Existe aqui a consolidação de um modelo de negócio onde a posse da infor-


mação é essencial e a do factory passa a ser secundária, já que realizamos o pro-
jeto em casa.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
100

SAIBA Existe um projeto de montar uma impressora 3D de baixo


MAIS custo. Veja em <https://garoa.net.br/wiki/Impressora_3D>.

A REALIDADE VIRTUAL E AUMENTADA

Entendemos por realidade virtual a sensação de imersão em um ambiente vir-


tual em que nós somos os únicos elementos externos. O conceito de realidade
aumentada é mais fácil de ser alcançado: na aumentada pautamos de forma visí-
vel (ou que outro sentido humano possa perceber, por mais que usemos normal-
mente a visão) uma informação do mundo virtual.

Dreamstime (2012)

Figura 82 − Realidade aumentada

O uso de imersão dentro do digital sempre foi o sonho na computação, mas


normalmente estávamos limitados ou pela capacidade de processamento das
máquinas, da velocidade das redes, ou por falta de algo que nos permitisse ter a
ilusão de estar em outro local ou ter algo do virtual junto a nós. O surgimento do
Kinect como elemento de captura do movimento de forma eficaz, e propostas de
elementos de visualização, como o Google Glass, nos permite pensar na realidade
aumentada como próximo periférico de entrada e saída. Periféricos, como con-
ceitos do Kinect e do Google Glass, estarão lá.
4 Aplicações de novas tecnologias
101

4.4 CONECTIVIDADE

FabriCO (2012)

Figura 83 − Ilustração de conectividade

Ao longo do tempo, experimentamos diversas formas de nos comunicarmos.


A internet acabou se consolidando com grande rede global e hoje o desafio tem
sido o acesso à chamada última milha. Diversas tecnologias têm sido usadas e
testadas.
As mais comuns são o uso dos meios tradicionais da década de 70, o cabo co-
axial (TV) e o cabo de telefonia (ADSL).

O HOME PLUG
Solwise (2012)

Figura 84 − Home plug


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
102

4 AP Uma possibilidade interessante que tem sido explorada é o emprego da rede


elétrica (cabo metálico) para transmissão de dados. O padrão home plug é uma
Access Point (ponto de
acesso), ponto central de solução popular em alguns países, que tem sido utilizada no Brasil. Contudo devi-
uma rede sem fio. do ao uso tardio, e a popularização do ADSL, tende a não se firmar. Quando muito
tende a ser uma alternativa de conectividade de equipamentos domésticos, den-
tro da residência.
5 IEEE 802.11

Padrão para rede sem fio


também conhecido como REDE SEM FIO
wifi.

Denis Pacher (2012)


Figura 85 − Rede sem fio

O uso de comunicação sem fio cresceu substancialmente, mas, contudo, o


espectro de frequência, em especial na faixa de 2,4 GHz, tem sido explorado ao
extremo, dificultando ter uma rede de qualidade. Como iniciativas interessantes,
citamos os novos padrões e a organização em malha.

REDE MESH
Denis Pacher (2012)

Figura 86 − Rede mesh


4 Aplicações de novas tecnologias
103

Uma rede sem fio normalmente trabalha em modo estruturado, onde temos
um AP4 central e as estações que se conectam ao mesmo, mas se você se recordar
do que sabem sobre o padrão IEEE 802.115 o mesmo também suporta o modo
AD-HOC, onde temos a organização da comunicação entre as estações sem um
ponto de acesso central. Uma ideia semelhante que surgiu foi a de se ter um AP
que atenda uma região e esta se liga ao AP2 vizinho, que por sua vez liga-se a
um AP3, e assim sucessivamente, fazendo uso de diversos canais e construindo
uma malha de conexão entre os diversos APs, sendo que alguns deles também
possuíram conexão a rede externa para internet via XDSL ou outra forma. Este
modelo é atraente por cobrir grandes regiões com um custo relativamente baixo
com grande flexibilidade.
Redes em malha são uma alternativa presente em diversos países e constitui
uma forma bem eficaz de se cobrir um bairro ou cidade de médio porte provendo
acesso à internet, por exemplo, em baixo custo.

IEEE 802.22

EEE
802.22
Denis Pacher (2012)

Figura 87 − IEEE 802.22

Fonte: http://blog.gonzalo-vazquez-vilar.eu/img/blog-ieee-802.22.png

Com o fracasso do WiMax e a consolidação do LTE como rede 4G para sistema


celular, bem como os canais para IEEE 802.11 estarem poluídos, surgiu a deman-
da por uma nova solução.
Com a desativação da transmissão analógica de TV nos Estados Unidos, gran-
des espectros de frequência antes usados ficaram livres. O IEEE, em conjunto com
FCC, estuda o uso deste espectro para rede sem fio, o que tem sido chamado de
Super wifi. Em um primeiro momento o que temos é o padrão IEEE 802.22.
Canais de TV para não gerarem interferência entre eles deixam uma banda de
frequência sem uso entre dois canais, uma guarda. Esta banda de frequência é
inútil para TV, mas para dados pode ser muito útil. A proposta 802.22 prevê o uso
destes canais brancos para construção de redes de dados em uma velocidade que
pode atingir 22 Mbps em um raio de 100 km. É uma alternativa muito convenien-
te, de baixo custo, para área com população baixa, ou rural. Têm sido construídos
protótipos com sucesso.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
104

6 qos O uso pleno do espectro antes designado para TV analógica deu uma nova
vida às redes sem fio.
Quality of Service, qualidade
de serviço. Devemos lembrar que a rede de celular é de rádio celular como a nossa wifi,
mas que pagamos muitas vezes valores altos pelo seu uso, logo, mesmo LTE sen-
do uma boa solução técnica, economicamente é de difícil uso.
7 mpls

Multi protocol label switch,


padrão para QoS em redes A REDE CONVERGENTE
IP.
Uma tendência que tem surgido é da operadora de telefonia oferecer TV. So-
luções IPTV começaram a surgir. Logo, a implantação de acesso à última milha
para a residência, em alta velocidade empregando fibra ótica, é um caminho sem
volta. O assinante tende a receber um cabo de fibra onde todos os seus dados
trafegam.

AS DUAS INTERNETS

Denis Pacher (2012)

Figura 88 − QoS
Fonte: http://www.myaccesscomm.com

A internet começou como rede aberta, em que não se pagava para usá-la.
Ao longo do tempo, ao inserir pessoas físicas, passou-se a cobrar pelo acesso de
forma diferenciada. Com a internet virando negócio existe a necessidade de se
estabelecer QoS6. Diversas soluções foram propostas e testadas e chegamos ao
ambiente atual, o MPLS7.
A ideia de MPLS é simples. A operadora ao fornecer um serviço para um cliente
configura uma rota fixa na rede de roteadores e prevê reserva de banda para esta
rota. Dessa forma os pacotes que trafegam entre dois pontos em uma rede MPLS
são marcados com identificadores (tags) de forma tal que os switches/roteadores
fazem o encaminhamento dos pacotes baseado no tag e não no endereço IP tra-
dicional. Se tivermos reserva de banda para alguns tags conseguimos então QoS
(qualidade de serviço) na internet, uma rede sem conexão, permitindo seu uso de
melhor forma comercial.
4 Aplicações de novas tecnologias
105

Logo, ao acessarmos a rede, se não tivermos MPLS contratado fazemos pouca


coisa. O acesso ainda é livre, mas a garantia de tráfego não.
Independente da tecnologia usada, uma tendência natural é que estejamos
sempre conectados à rede, seja via uma solução de telefonia 3G/4G ou via outros
mecanismo computacionais.

4.5 COMPUTAÇÃO EM NUVEM

Password: **********
Login
Denis Pacher (2012)

Figura 89 − Nuvem

Qual a finalidade dos computadores? Realizar processamento de dados. Para


isso precisam armazená-los e processá-los. Mas como isso é feito atualmente?
Nos computadores pessoais, nos notebooks, mainframes e tantos outros.
Nesse contexto, grandes questões a serem trabalhadas são o custo e o limite
de processamento dos computadores pessoais. Como aumentar o poder de pro-
cessamento sem trocar sua máquina? Uma tendência é a cloud computing, tam-
bém conhecida como “computação nas nuvens” ou “computação em nuvem”,
refere-se basicamente à ideia de utilizarmos, em qualquer lugar e independente
de plataforma, as mais variadas aplicações por meio da internet com a mesma
facilidade de tê-las instaladas em nossos próprios computadores.

CONCEITO DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM

De acordo com Moreira a “computação em nuvem pode ser definida como


um modelo no qual a computação (processamento, armazenamento e softwares)
está em algum lugar da internet e é acessada remotamente”.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
106

Para tornar mais clara esta definição, utilizaremos como exemplo os provedo-
res de e-mail que rodam na internet, também conhecidos com webmails (Hotmail,
Yahoo!, Gmail etc.). Nesse tipo de serviço, o usuário pode acessar sua conta, con-
tendo todas as suas mensagens armazenadas em um ou mais computadores, fisi-
camente instalados em local desconhecido, a qualquer hora e de qualquer lugar.
Mas a utilização da computação em nuvem vai além do armazenamento de e-
-mails, arquivos, imagens etc. Esta tecnologia permite o processamento de forma
remota. Editores de texto, planilhas eletrônicas, softwares de elaboração de apre-
sentações e edição de imagem são exemplos de aplicações que estão disponíveis
neste modelo. O GoogleDocs, disponível em <http://www.google.com/google-
-d-s/hpp/hpp_pt-PT_pt.html>, é um exemplo deste tipo de serviço. É um softwa-
re gratuito que permite que trabalhos sejam criados e compartilhados de forma
online. É acessado via internet e permite a edição de documentos ou planilhas por
várias pessoas simultaneamente, em tempo real. O conceito de computação em
nuvem pode ser visualizado na figura a seguir.

Servidores

Aplicação
Laptops Desktops

Monitoramento Colaboração Financiar


Comunicação
Conteúdo
Plataforma
Identidade

Armazenamento Identificar Fila Base de dados


de objetos Tempo de execução
Infraestrutura

Computar Rede
Sam Johnston (2012)

Celulares Armazenamento Tablets


em bloco

Computação em Nuvem
(Cloud Computing)
Figura 90 − Computação em Nuvem

Mas qual a vantagem deste modelo em comparação com o modelo tradicional


(processamento e armazenamento local)? Será que é seguro? Será que não vou
perder minhas informações? Será que pessoas não autorizadas terão acesso aos
meus dados?
4 Aplicações de novas tecnologias
107

VANTAGENS DA COMPUTAÇÃO EM NUVEM

A computação em nuvem pode ser considerada uma evolução natural na for-


ma como dados são armazenados e processados nos dias atuais. Na visão de Mo-
reira, a tendência é que em alguns anos a maior parte do processamento ocorra
neste modelo e o termo “computação em nuvem” passe a ser chamado de pro-
cessamento.
Por que isso tende a ocorrer? Por diversos motivos, mas, principalmente, aque-
les relacionados à economia de recursos financeiros. Este modelo, por exemplo,
prevê diminuição de gastos com hardware, uma vez que determina que seu po-
der de processamento seja compartilhado, maximizando o aproveitamento e
proporcionando, consequentemente, economia de custos. Além disso, uma vez
que a parte mais pesada do processamento fica na nuvem, o usuário não terá
mais necessidade de hardware de última geração, com grande poder de proces-
samento, para acessar seus dados e aplicações. Para isso, basta ter um navegador
e uma boa conexão à internet.
Moreira argumenta:

Outro benefício importante da computação em nuvem está


relacionado à flexibilidade. Se você precisa de mais processa-
mento, você pode fazer um upgrade imediato de capacidade,
sem precisar trocar componentes do seu computador ou até
equipamentos inteiros para isto. O mesmo vale para armaze-
namento ou até mesmo upgrades de software. Se antes, para
atualizar um software, o administrador tinha que reinstalar
todo o produto na máquina de cada usuário, neste modelo os
aplicativos podem ser constantemente aperfeiçoados sem im-
pactos para os usuários, uma vez que estão hospedados em
um único ponto central. Quantas vezes o Google já introduziu
melhorias no Gmail, por exemplo, sem afetar a rotina dos seus
milhões de usuários?

COMPUTAÇÃO EM NUVEM COM UM SERVIÇO

Mas além do armazenamento e processamento, o que mais dá para fazer no


ambiente em nuvem? Alecrim cita e descreve cinco formas de enxergar o modelo
de computação em nuvem como um serviço.
a) Software as a Service (SaaS): neste conceito, o software é oferecido como
serviço. Assim, o usuário não precisa adquirir licenças de uso para instala-
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
108

ção ou mesmo comprar computadores ou servidores para executá-lo. Nesta


modalidade, no máximo, se paga um valor periódico − como se fosse uma
assinatura – somente pelos recursos utilizados e/ou pelo tempo de uso.
b) Platform as a Service (PaaS): neste, a plataforma é oferecida como servi-
ço, sendo o foco direcionado aos recursos necessários à operação, como
armazenamento, banco de dados, escalabilidade (aumento automático da
capacidade de armazenamento ou processamento), suporte a linguagens
de programação, segurança e assim por diante.
c) Database as a Service (DaaS): define que o banco de dados é oferecido
como serviço, com foco nos serviços de armazenamento e acesso aos dados.
d) Infrastructure as a Service (IaaS): a infraestrutura é oferecida como serviço,
com foco na estrutura de hardware ou de máquinas virtuais, com o usuário
tendo inclusive acesso a recursos do sistema operacional.
e) Testing as a Service (TaaS): o teste (ou ensaio) é oferecido como serviço. A
preocupação é fornecer um ambiente apropriado para que o usuário possa
testar aplicações e sistemas de maneira remota, simulando o comportamen-
to destes em nível de execução.

IBM e HP são exemplos de empresas que já oferecerem so-


SAIBA luções em SaaS. Para mais detalhes, acesse o HP SaaS em
MAIS <http://saas.hp.com/>, e o IBM SaaS em <http://www.ibm.
com/isv/marketing/saas/index.html>.

A TEMPESTADE
Dreamstime (2012)

Figura 91 − Tempestade
4 Aplicações de novas tecnologias
109

Da mesma forma que no mundo real, onde o tempo pode fechar e nossas nu-
vens sumirem, no mundo virtual também pode ter problemas.
Quando estudamos segurança da informação, sempre damos atenção espe-
cial aos servidores e núcleo de serviços computacionais da empresa. Ao se fazer
usos de computação em nuvem estes elementos não estão mais em nossas mãos,
mas nas de terceiros, e muitas das vezes em outros países.
Se de um lado o mercado tende, de forma irreversível, para o modelo de com-
putação em nuvem, o mesmo mercado tem demonstrado a preocupação com
esse modelo. O referencial durante muito tempo foi o serviço da Google, contudo
no último ano, 2011, o serviço esteve indisponível em mais momentos que devia.
O serviço de jogos da Sony, baseado em computação em nuvem, teve problemas
ainda maiores. Foi invadido, tendo a confidencialidade de seus dados afetada, e
ficando indisponível por um longo período de tempo.
Algumas empresas acreditam que ao se fazer usos da computação em nuvem
não necessitam mais se preocupar com segurança. Ledo engano, os problemas
de segurança não somem, simplesmente afastamos os servidores de perto da
empresa, mas podem ser minimizados no quesito disponibilidade quando pen-
samos na replicação fornecida pelo ambiente em nuvem.
Neste tópico, você aprendeu o conceito de computação em nuvem e suas princi-
pais vantagens, e aprendeu ainda que esse modelo pode ser visto como um serviço.

4.6 O COMÉRCIO
Dreamstime (2012)

Figura 92 − Armazém antigo


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
110

Como você compra as coisas?


Há muito tempo, em pequenas cidades, as compras se davam no armazém de
secos e molhados que vendia de tudo. O armazém foi substituído pelo açougue,
supermercado, farmácia e tantos outros. O comércio foi segmentado em ramos
de atuação, e em uma relação de atacado (grande quantidade) e varejo (quanti-
dade individual). Uma questão ainda persistia: precisar ir à loja. Agora, não preci-
samos mais.

O COMÉRCIO ELETRÔNICO

O comércio eletrônico tem ocupado crescente espaço no mercado em um


modelo que é diferente do tradicional, em que a chave para ter um custo compe-
titivo era um estoque e produtos na prateleira. Hoje, com transações via internet,
o forte é ter canais de distribuição rápidos, com garantia de entrega do produto
e um bom preço.

FabriCO (2012)

Figura 93 − E-commerce

O modelo de vendas online antes restrito a empresas, com a entrada do eBay


no mercado, levou a pessoa física a vender produtos que tenha desenvolvido ou
que não usa mais. No mercado nacional temos sites como Tudo Oferta e Mercado
Livre que desempenham este papel de sites de vendas para usuários finais.
Diversas profissões foram e serão afetadas pelo comércio online. Exemplos vão
de distribuição e venda de produto físico: um livro, por exemplo, que comprado
via internet algumas vezes sai mais barato do que ir até a livraria mais próxima, e
chega no dia seguinte.
4 Aplicações de novas tecnologias
111

Temos a venda de um produto lógico, que dá acesso a um serviço físico,


como a passagem de avião que antes era vendida fisicamente e hoje passou a ser
vendida online. No Brasil, como exemplo, a empresa de aviação Gol se consolidou
devido ao formato de venda de passagens aliado ao baixo custo.
Temos ainda produtos que eram vendidos físicos e passaram a virtuais, sendo
basicamente informações. Como exemplos temos as música no iTunes, vídeos, e
livros na Amazon que podem ser comprados online, da mesma forma os softwares.
Pense em comprar uma licença de antivírus, antes você pagava pelo produto,
pelo frete e esperava dias pelo envio. Agora pode realizar a compra da licença
online e realizar o download do software e instalá-lo em minutos.

OS CANAIS DE RETORNO

Há algum tempo o único canal de retorno para o vendedor de uma empresa


para discutir questões relativas ao produto era um telefone 0800 e correios. Hoje
com o uso de tecnologia tiramos vantagens de canais interativos como chat, pá-
gina da empresa, o Twitter e mesmo e-mail. São formas mais baratas e rápidas
para se obter retorno e suporte.
FabriCO (2012)

Figura 94 − Canal de Retorno

O MERCADO GLOBAL

A realização de transações online diminuiu muito o custo de aquisições em


outros países.
Hoje, comprar um produto em outros países virou rotina, sendo que quase
sempre consegue-se custo menor, mesmo com os encargos relativos a frete e
impostos de importação.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
112

Dreamstime (2012)
Figura 95 − Mercado Global

Um profissional da área médica que comprava instrumentos importados em


lojas brasileiras realiza a compra diretamente do fornecedor no exterior, podendo
escolher dentre uma gama maior de modelos.
Essa possibilidade é fator positivo ao consumidor, ao lado da indústria e co-
mércio, representando um novo desafio por competitividade e agilidade.

O PAGAMENTO

O pagamento por produtos que, até pouco tempo, era realizado em dinheiro
e cheque, tem migrado rapidamente para mecanismos de transações eletrônicas
via cartão de crédito e débito. Esse modelo é conveniente por algumas razões:
a) substitui o cheque, um meio de pagamento problemático por ter o risco de
falsificação e não ter fundos;
b) dá maior segurança ao vendedor por garantir o recebimento pelo produto
e também evita manter dinheiro em quantidade em caixa, o que representa
um risco para assaltos seja na loja ou no trânsito do dinheiro para o banco;
c) dá maior segurança ao comprador ao evitar que carregue dinheiro em espé-
cie ou emita cheques que possam ser adulterados;
d) dá flexibilidade ao comércio e ao comprador ao permitir transações online.
4 Aplicações de novas tecnologias
113

FabriCO (2012)

Figura 96 − Cartões de crédito e débito

Tendo em vista o mercado potencial de compradores que desejam realizar


compras online e não possuam cartões de débito ou crédito surgiram diversas
empresas que intermediam o pagamento online como a PayPal e PagSeguro.

O ESTADO E ENCARGOS

Do ponto de vista do estado em arrecadação de tributos estamos em um pro-


cesso de extinção da nota fiscal de papel, adotando em escala a nota fiscal eletrô-
nica. Esta permite maior proteção contra sonegação, além de ser um documento
eletrônico que podemos arquivar sem o risco de perdê-lo (é claro se tivermos o
devido backup).
FabriCO (2012)

Figura 97 − Impostos
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
114

No Brasil, todo o processo de tributação tem caminhado para o eletrônico com


adoção desde a receita federal para o imposto de renda aos estados e municípios
com ICMS e ISSQN.

A SEGURANÇA

O comércio eletrônico apresenta os mesmo elementos de segurança do co-


mércio presencial. O PROCON sempre pode ser acionado, ou podemos reclamar
na loja. Existe sim a dificuldade de chegar ao centro de distribuição de produtos,
como reclamar em uma loja nos EUA, pois é economicamente inviável. No nível
nacional os PROCONs estaduais estão atentos ao comércio online e fechando sites
de vendas problemáticos.

Previsc (2012)

Figura 98 − Documentos de identidade

Um elemento que faltava para o comércio online era o assinar algo. Com a
adoção da infraestrutura de chaves públicas no Brasil via ICP-Brasil esse problema
foi resolvido. Hoje podemos assinar digitalmente um documento e enviar para
qualquer parte do Brasil com a possilidade de autenticar o mesmo, online.
A nova identidade que está sendo implantada, o RIC (Registro de Identidade
Civil), possui um smart card já preparado para o cidadão colocar seu certificado
digital se desejar.
4 Aplicações de novas tecnologias
115

4.7 A VIDA SOCIAL: AS REDES SOCIAIS

Dreamstime (2012)
Figura 99 − Redes sociais

Segundo Ziviani et al., as redes sociais (ou as relações sociais) são um ou mais
conjuntos finitos de atores, ou eventos, e as relações definidas entre eles. Enten-
de-se por ator, uma pessoa ou alguma entidade social reunindo um grupo de
pessoas, como uma instituição ou uma organização. Sua categorização permitirá
agregações que potencializem a análise a ser realizada na rede. Além disso, essas
redes emergem de processos culturais e políticos manifestando um desejo coleti-
vo em inovar como um padrão organizacional capaz de expressar, em seu arranjo
de relações, ideias inovadoras, nascidas da vontade de resolver problemas atuais.
Cada rede tem uma configuração particular: depende do ambiente onde se for-
ma e atua da cultura política dos membros e, em especial, da cultura política dos
facilitadores, dos objetivos compartilhados.
Com a internet, surgem as redes sociais online, que são aquelas baseadas em
softwares disponíveis na internet.

AS REDES SOCIAIS
Dreamstime (2012)

Figura 100 − Pessoas conectadas


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
116

Segundo definição de Benevenuto et al., o termo rede social online é geral-


mente utilizado para descrever um grupo de pessoas que interage primariamen-
te por meio de qualquer mídia de comunicação. Sua especialidade é ser um ser-
viço web que permite a um indivíduo construir perfis públicos ou semipúblicos
dentro de um sistema, articular listas de outros usuários com os quais compartilha
conexões, visualizar e percorrer suas listas de conexões com outras criadas pelos
usuários do sistema.
Em resumo, as redes sociais online são um meio de conexão com outras pes-
soas na internet. Têm o funcionamento baseado em softwares que permitem a
criação dos perfis de usuário (coleção de fatos sobre o que um usuário gosta, não
gosta, seus interesses, hobbies, escolaridade, profissão ou qualquer outra coisa
compartilhada). Também oferecem vários níveis de controle de privacidade e tem
como principal objetivo reunir um grupo de pessoas com afinidades.

SAIBA Você pode descobrir mais sobre o universo das redes sociais
no site <http://escoladeredes.net/>. Trata-se de uma rede de
MAIS pessoas dedicadas à investigação de redes sociais.

PRINCIPAIS ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS REDES SOCIAIS NA WEB

Benevenuto et al. citam que as redes sociais na web são, geralmente, compos-
tas pelas seguintes funcionalidades:
a) Perfis dos usuários: perfis podem ser utilizados não só para identificar o in-
divíduo no sistema, mas também para identificar pessoas com interesses em
comum e articular novas relações. Tipicamente, perfis contêm detalhes de-
mográficos (idade, sexo, localização etc.), interesses (passatempos, bandas
favoritas etc.) e uma foto. Além da adição de texto, imagens e outros objetos
criados pelo usuário, o perfil na rede social também contém mensagens de
outros membros e listas de pessoas identificadas como seus amigos na rede.
Perfis são geralmente acessíveis por qualquer um que tenha uma conta na
rede social online ou podem ser privados, de acordo com as políticas de pri-
vacidades definidas pelo usuário;
b) Atualizações: para encorajar usuários a compartilhar e navegar por con-
teúdo compartilhado por amigos, redes sociais online geralmente fazem as
atualizações imediatamente visíveis aos amigos na rede social;
c) Comentários: a maior parte das aplicações de redes sociais permite que
usuários comentem o conteúdo compartilhado por outros. Alguns sistemas
também permitem que usuários adicionem comentários nos perfis de ou-
tros usuários. Comentários são um meio primordial de comunicação em re-
4 Aplicações de novas tecnologias
117

des sociais online, e também podem ser interpretados como expressão de


relações sociais;
d) Avaliações: em muitas redes sociais online, o conteúdo compartilhado
por um usuário pode ser avaliado por outros usuários. Avaliações podem
aparecer em diferentes níveis de granularidade e formas. No Facebook, por
exemplo, usuários podem apenas gostar ou simplesmente curtir determina-
da postagem;
e) Listas de Favoritos: várias aplicações sociais utilizam listas de favoritos para
permitir que usuários selecionem e organizem seu conteúdo. Listas de favo-
ritos ajudam usuários a gerenciar seu próprio conteúdo e podem ser úteis
para recomendações sociais. Como exemplo, usuários podem manter listas
de vídeos favoritos no YouTube e de fotos favoritas no Flickr;
f) Listas de Mais Populares: tipicamente, redes sociais online que têm o com-
partilhamento de conteúdo como elemento central do sistema, como o
YouTube que é centrado no compartilhamento de vídeos, proveem listas
de conteúdo mais popular ou usuários mais populares. Geralmente, essas
listas são baseadas em avaliações ou outras estatísticas do sistema relativas
ao conteúdo (ex.: número de visualizações, avaliações, ou comentários) ou
relativas aos usuários (ex.: número de assinantes);
g) Metadados: em várias aplicações de redes sociais online, tais como o You-
Tube e o Flickr, usuários tipicamente associam metadados, como título, des-
crição e tags, ao conteúdo compartilhado. Metadados são essenciais para
recuperação de conteúdo em redes sociais online, uma vez que grande parte
dos serviços de informação (ex.: busca, organização de conteúdo, recomen-
dação, propaganda) ainda utilizam os metadados (particularmente as tags)
como principal fonte de dados.
Agora que você já sabe quais são as principais funcionalidades das redes so-
ciais, vamos conhecer aquelas mais populares?

AS PRINCIPAIS REDES SOCIAIS

O quadro abaixo mostra as redes sociais mais populares atualmente.

Quadro 2 − Redes sociais mais populares

Nome Propósito URL


Facebook Relacionamentos pessoais <http://www.facebook.com>
Google + Relacionamentos pessoais <http://www.google.com/+>
Twitter Troca de mensagens curtas <http://twitter.com>
MySpace Relacionamentos pessoais <http://www.myspace.com>
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
118

Linkedln Relacionamentos profissionais <http://www.linkedin.com>


YouTube Compartilhamento de vídeos <http://www.youtube.com>
Flickr Compartilhamento de fotos <http://www.flickr.com>
LiveJournal Blogs e diários <http://www.livejournal.com>
Digg Compartilhamento de bookmarks <http://digg.com>
Hi5 Relacionamentos pessoais <http://www.hi5.com>
lastFM Compartilhamento de rádios/músicas <http://www.last.fm>

Agora que você conhece o mundo das redes sociais, que tal conhecer um
pouco mais sobre a relação que devemos ter com elas? Veja que para fazer parte
delas é fácil, pois basta estar conectado à internet. Mas, uma vez em uma rede
social, o que podemos e o que não podemos fazer?

O CUIDADO QUE DEVEMOS TER COM AS REDES SOCIAIS

Dreamstime (2012)

Figura 101 − Cuidado

Segundo reportagem da revista Computerworld UK, disponível em, um estu-


do anual aponta que empregadores de fato se baseiam nas mídias sociais para
escolher novos funcionários. Uma em cada cinco empresas de tecnologia rejeita
candidatos à vaga de emprego por causa do perfil em mídias sociais, de acordo
com a pesquisa, publicada pela Eurocom Worldwide (<http://www.eurocompr.
com/>). Este estudo anual havia informado anteriormente que 40% das compa-
nhias participantes checavam as redes sociais de quem tentava ingressar, mas
esta é a primeira vez que foi confirmada a rejeição de candidatos por sua identi-
dade online.
O site Cubic Planet descreve como as empresas de recrutamento e seleção uti-
lizam essas redes para saber mais sobre os candidatos:
4 Aplicações de novas tecnologias
119

os analistas de RH entram no LinkedIn para checar o currículo


adequado para o cargo. Se estiver dentro do perfil partem para
o Facebook. Lá todos os detalhes são levados em consideração:
desde as páginas que o candidato curte, o número de amigos,
fotos e assuntos comentados. O objetivo é identificar como o
candidato se comporta no dia a dia. Os principais erros que os
usuários de redes sociais cometem são: postar comentários ne-
gativos sobre o trabalho ou a empresa; publicar xingamentos e
palavrões; não respeitar opiniões, credo, filosofia, raça e todos
os tipos de diferenças; mudar de identidade e fingir ser outra
pessoa; publicar fotos íntimas e/ou desnecessárias.

O site afirma ainda que, além de afetar o lado profissional, as redes sociais po-
dem influenciar também o lado pessoal:

São muitas as histórias de pessoas que terminaram um rela-


cionamento em função delas. Nos últimos anos o número de
casos vem aumentando. Nos Estados Unidos, um em cada cin-
co pedidos de divórcio traz a palavra Facebook. Para 81% dos
advogados que trabalham com direito da família, esse número
só tem aumentado. Em tempos que se debate tanto a priva-
cidade e os limites entre a postura profissional e pessoal nas
redes, uma coisa é certa: é preciso zelar pela imagem online
e levar em consideração que tudo que é postado diz alguma
coisa sobre você. Na dúvida, é sempre melhor moderar.

4.8 AS REDES SOCIAIS – COMPORTAMENTO


Dreamstime (2012)

Figura 102 − Usuário de rede social


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
120

COMO SE COMPORTAR NAS REDES SOCIAIS

Considerando especificamente o aspecto profissional, o site Olhar Digital for-


nece quatro dicas sobre como usar as redes sociais para busca de emprego:
a) Ajuste sua imagem real às redes sociais: as pessoas costumam esquecer
que o perfil que elas mantêm no Linkedin, Facebook ou em qualquer outra
rede social representa uma espécie de cartão de visitas. Assim, não adianta
imaginar que um potencial recrutador não vá desclassificá-lo para o cargo,
por conta de um comentário racista ou por uma postura inadequada na hora
de escrever uma mensagem no Twitter sobre seu atual empregador;
b) Mostre alguma personalidade: ser cuidadoso demais nas redes sociais
também pode ser algo negativo. Não é porque as pessoas devem evitar co-
locar fotos comprometedoras ou comentários inadequados que um recru-
tador espera que elas fiquem completamente caladas nas redes sociais, pois
um empregador estará buscando um candidato que seja social e extrover-
tido, que demonstre capacidade de relacionamento e de comunicação. Ge-
ralmente as empresas priorizam pessoas que demonstrem caráter e algum
tipo de liderança;
c) Multiplique as chances de ser encontrado: não adianta só ter um perfil
adequado nas redes sociais. Quem busca um emprego precisa ser encontra-
do na internet. Para isso, o profissional deve inscrever-se no máximo possível
de redes sociais e, de preferência, participar delas para que suas opiniões
possam ser vistas na hora em que um recrutador buscar um assunto na web;
d) Conecte-se às empresas nas quais gostaria de trabalhar: o profissional
deve seguir a companhia no Twitter, virar fã dela no Facebook, entre outros.
A única ressalva, é em relação ao LinkedIn, pois neste as pessoas não costu-
mam gostar de ser contatadas por profissionais que não conhecem.
Já pelo lado pessoal, especialmente aquele ligado à segurança, o site Como as
Coisas Funcionam, descreve dez coisas que não devem ser compartilhadas nas
redes sociais:
a) Qualquer coisa que você não queira compartilhar: é importante lembrar
que você pode selecionar todas as configurações de privacidade que quiser
em sites de rede social, mas o fato é que, se você postar alguma coisa, ela tem
o potencial de ser vista por alguém que você não queira que veja. Não é difí-
cil adivinhar o que acontece a partir daí. Rede social é compartilhar, por isso,
algo que você pensa estar seguro pode ser facilmente compartilhado de
novo e, antes que você perceba, alguém que você nem conhece tem acesso
a algo privado. Na dúvida, “não poste” é um bom mote a seguir. E sempre
se lembre de que qualquer coisa que você compartilhar tem o potencial de
vazar de alguma forma;
4 Aplicações de novas tecnologias
121

b) Dicas de senha: incluir qualquer dica de senha no mural do Facebook pode


não parecer grande coisa, mas pode fornecer a um potencial hacker as peças
de um quebra-cabeça necessárias para invadir sua conta bancária via inter-
net, por exemplo. Por isso, pense antes de postar qualquer coisa que puder
comprometer essa informação;
c) Sua senha: imagine que você compartilhe sua senha do Facebook com um
namorado ou namorada para que ele ou ela poste uma foto legal de vocês?
Vamos supor agora que muito tempo depois a relação acabe de uma forma
não muito amigável. Neste caso, você terá uma pessoa que já não é mais sua
amiga de posse de suas informações de login. Ou seja, você passa a ter seu
perfil sob risco e antes que você possa tomar alguma atitude sua imagem
poderá ser prejudicada. Logo, mantenha sua senha apenas para você e nun-
ca terá de se preocupar com esse tipo de situação;
d) Informação financeira pessoal: considere este cenário: você está postan-
do para uma longa corrente no mural de um amigo sobre a crise bancária.
Você diz algo no seu comentário do tipo “colocamos todo nosso dinheiro
em ações de primeira linha e planejamos manter assim”. Novamente, se
você está entre os 40% que permitem acesso livre a seu perfil, então pessoas
maliciosas passam a ter acesso onde você coloca seus investimentos. É fácil
esquecer que o que pode parecer um comentário inocente num mural do
Facebook, poderia revelar-se um grande negócio sobre suas finanças pesso-
ais. É melhor evitar esse tipo de conversa;
e) Telefone e endereço pessoais: se você compartilhar seu endereço e núme-
ro de telefone em um site de rede social, você se abre para possíveis roubos
de identidade e outros perigos pessoais, como roubo à sua residência, por
exemplo. Se você postar que está saindo de férias e seu endereço também
está postado, então qualquer um saberá que a casa está vazia;
f) Fotos de seus filhos: os sites de redes sociais são um lugar comum para
as pessoas compartilharem fotos de suas famílias, mas se você está entre
os 40% dos usuários que não restringem acesso ao seu perfil, então essas
fotos estão lá para todo mundo ver. É um fato triste, mas há muitos preda-
dores que usam a internet para caçar sua presa. Se você posta fotos de sua
família e associa a elas informações como “meu marido está fora da cidade
este final de semana” ou “o pequeno Pedro está grande o suficiente para
ficar em casa sozinho”, então a segurança de seus filhos pode estar em risco.
Assim como outros assuntos privados, envie fotos da família apenas a um
grupo selecionados de amigos e colegas confiáveis que você sabe que não
irão compartilhá-las;
g) Informação da empresa em que você trabalha: você pode estar morren-
do de vontade de contar pra todo mundo sobre sua nova promoção no tra-
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
122

balho ou sobre um novo projeto da empresa que você trabalha. Mas, se este
for o tipo de notícia que poderia ser vantajosa para um concorrente da sua
empresa, então não é algo que você deva compartilhar. Notícias de uma ex-
pansão planejada ou de um grande projeto e qualquer coisa sobre seu local
de trabalho devem ser mantidas privadas. Muitas companhias são tão sérias
sobre não serem incluídas em redes sociais que elas proíbem seus empre-
gados de usar sites como o Facebook no trabalho. Alguns departamentos
de TI até filtram as URLs e bloqueiam o acesso a esses sites, de modo que os
funcionários não fiquem tentados a se logar neles;
h) Links para outros sites: com 51% dos usuários de redes sociais tirando van-
tagem de mais de um site, há a possibilidade de haver links cruzados de um
para outro, especialmente se você tem os sites indicados na sua página. Você
pode postar alguma coisa que considere inocente no Facebook, mas aí isso
está ligado ao seu perfil de trabalho do Linkedin e você colocou seu empre-
go em risco. Se você interligar seus vários perfis, saiba que o que você posta
em um mundo fica disponível para os outros;
i) Planos sociais: compartilhar seus planos sociais para todos verem não é
uma boa ideia. A menos que você esteja planejando uma grande festa e con-
vidando todos os usuários com os quais está conectado, isso só fará com que
seus amigos se sintam de fora. Há também algumas questões de segurança
aqui. Se você estiver planejando uma saída com um grupo de amigos, por
exemplo, apenas lembre-se de que qualquer um que tenha acesso ao seu
perfil poderá ver seus planos e consequentemente saber onde você estará
em determinada hora e local;
j) Conversas pessoais: no Facebook, usuários podem enviar mensagens pes-
soais ou postar notas no mural de outro usuário. O mural está lá para to-
dos verem, enquanto as mensagens são entre o remetente e o destinatário,
como em um e-mail. Assuntos pessoais e privados nunca devem ser compar-
tilhados no mural. Você não vai sair por aí com um megafone anunciando
uma questão privada para o mundo, e a mesma coisa acontece na internet.
Isso cai no mundo nebuloso da etiqueta das redes sociais. Não há um guia
oficial para esse tipo de coisa, mas use o bom senso. Se não é algo que você
se sinta confortável em compartilhar com família, conhecidos, colegas de
trabalho ou estranhos, então você não deve compartilhar no seu mural do
Facebook.
Neste tópico, você aprendeu quais são as principais redes sociais, seus propó-
sitos e seu link na internet, o cuidado que devemos ter ao acessá-las e, finalmente,
como se comportar uma vez que estamos nelas.
4 Aplicações de novas tecnologias
123

4.9 TI VERDE

Dreamstime (2012)

Figura 103 − TI Verde

Ao contrário do que muito se imagina, a Área de TI, apesar de gerar a ”energia


limpa”, como os softwares, também polui o meio ambiente. É simples imaginar
como isso ocorre. O que você faz com a bateria de seu notebook que não segura
mais carga? O que você faz com aquele computador antigo que não funciona
mais? Pois é, você descarta. A questão é: como você descarta?

DEFINIÇÃO DE TI VERDE

De acordo com Silva et al.,TI Verde (ou Tecnologia da Informação Verde) é a


soma de economia de energia com gestão de recursos desde as cadeias produti-
vas, e todo o ciclo que vai da extração de matéria-prima até o final da vida útil do
equipamento, incluindo o seu descarte. Seu foco está principalmente vinculado
à computação com o uso eficiente da energia, gerenciamento de energia, pro-
jetos de data centers verdes, virtualização de servidores, descarte responsável e
reciclagem, utilização de fontes de energia renováveis e produtos de TI com selos
ecológicos.
Atualmente, TI Verde é uma expressão que tem sido utilizada pelo setor de
tecnologia para incorporar a preocupação com o meio ambiente e a sustentabili-
dade, que é um assunto bastante discutido nos dias atuais. Mas o que é a susten-
tabilidade?
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
124

SUSTENTABILIDADE

FabriCO (2012)
Figura 104 − Cuidado com a natureza

O “Guia para o Gestor de TI Sustentável” da Itautec, define sustentabilidade


como a forma de utilizar recursos naturais conscientemente, prejudicando o me-
nos possível o meio ambiente e todas as suas formas de vida. E esta definição
evoluiu muito rápido, desde seu surgimento em 1987, quando a Organização das
Nações Unidas (ONU) lançou o Relatório “Nosso Futuro Comum”, amparado na
constatação de que a atuação da humanidade no planeta está produzindo os efei-
tos que sentimos agora. Lembrando que hoje, em diversas partes do mundo, os
efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global já se fazem presentes.
Ainda segundo o guia “A busca pela sustentabilidade para as empresas sig-
nifica encontrar uma maneira de fazer negócios que garantam lucro ao mesmo
tempo em que geram efeitos positivos para a sociedade, com o menor impacto
possível sobre o meio ambiente”.
Mas qual a relação entre TI e sustentabilidade?

Você pode conhecer mais informações sobre a composição


SAIBA de desktops, notebooks e netbooks no endereço: <http://
MAIS www.itautec.com.br/pt-br/sustentabilidade/ti-verde/ocom-
putador-por-dentro>.
4 Aplicações de novas tecnologias
125

TI E SUSTENTABILIDADE

“A Tecnologia da Informação pode ajudar as empresas e a sociedade, desen-


volvendo atitudes e práticas sustentáveis”. Mas como isso pode acontecer na prá-
tica?
O guia da Itautec sugere os seguintes pontos:
a) uso eficiente de energia;
b) tratamento de resíduos eletrônicos;
c) cuidados com o mercado cinza.
O uso eficiente de energia envolve diversas questões, dentre elas destacam-se:
a) montar uma estratégia de TI que privilegie a aquisição e manutenção de
equipamentos que sejam eficientes do ponto de vista energético. Alguns
equipamentos podem gerar economia de 65% de energia gasta;
b) elaborar políticas de consolidação e virtualização de data centers, que con-
siste em reduzir a quantidade de servidores que estejam sendo subutilizados
na empresa. Com isso é possível reduzir a quantidade de máquinas exigidas
no centro de dados, impactando favoravelmente a redução dos custos de
suporte e manutenção;
c) realizar monitoramento permanente do consumo de energia dos equipa-
mentos de TI, com objetivo de evitar desperdícios e garantir seu uso eficien-
te. Isso implica a elaboração e aplicação de protocolos internos de controle
e avaliação e ajustes constantes;
d) configurar os equipamentos para fazer o uso mais eficiente possível da ener-
gia, adotando medidas como ajustá-los para se desligarem automaticamen-
te após determinado tempo sem uso. É importante considerar a aquisição de
equipamentos com fontes de energia com maior eficiência e desempenho;
e) Os usuários finais também devem ser permanentemente conscientizados e
mobilizados a fazer uso eficiente de seus equipamentos.
Dreamstime (2012)

Figura 105 − Reciclagem de lixo eletrônico


Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
126

Já no que diz respeito ao tratamento de resíduos eletrônicos, o guia destaca a


criação, por parte do governo, da Lei dos Resíduos Sólidos. Trata-se de uma lei que:

Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre


seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as
diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos (incluindo os perigosos), às responsabilidades
dos geradores e do poder público e aos instrumentos econô-
micos aplicáveis.

Isso é importante porque o Brasil detém a liderança dos países em desenvol-


vimento na produção per capita de lixo eletrônico. São 96,8 mil toneladas métri-
cas de computadores pessoais abandonados no país a cada ano, o equivalente a
meio quilo de lixo eletrônico produzido em média por cada brasileiro.
Finalmente, o guia cita os riscos do chamado “Mercado Cinza”, especialmente
para o meio ambiente e a sociedade. Mercado Cinza é aquele que lida com equipa-
mentos eletrônicos montados a partir de componentes piratas ou contrabandea-
dos (“mercado negro” – ilegal), misturados a componentes legais (“mercado bran-
co” − legal). A principal consequência de comprar neste mercado está relacionada
à evasão fiscal, que resulta do contrabando dos componentes, equipamentos
completos, montagem ou remontagem em pequenas fábricas clandestinas, com
emprego de mão de obra escrava, sem registro dos funcionários, ocasionando os
não pagamentos de impostos e garantia de proteções trabalhistas. Além disso,
há o problema da venda e revenda sem nota fiscal. Neste caso os consumidores
ficam desprotegidos por não contar com qualquer tipo de garantia dos produ-
tos que compram. A relação direta disso com a questão ambiental está no fato
de que, uma vez descartados na natureza, estes produtos representam um risco
adicional para o meio ambiente, pela sua potencial toxidade e pelo fato de que
nenhuma empresa formal se responsabiliza por sua coleta e correta reciclagem.

CASOS E RELATOS

Energia limpa
A reportagem “Apple usa energia ‘suja’ em seus centros de dados”, de
18/04/2012, disponível em, afirma que “Amazon, Apple e Microsoft rece-
beram notas baixas em um estudo divulgado na terça-feira (17/04/2012)
pelo Greenpeace sobre o uso de energia limpa, enquanto Facebook,
Google e Yahoo receberam elogios”.
4 Aplicações de novas tecnologias
127

O estudo, intitulado “Quão limpa é sua nuvem?”, avaliou como 14 empresas


de TI administram mais de 80 centros de armazenamento de dados online.
Por razões de custo e espaço, as companhias desenvolvem grandes servi-
dores ou terceirizam os serviços, às vezes situados em outros países. Con-
forme o Greenpeace, Amazon, Apple e Microsoft estão em rápida expansão
sem levar em conta suas fontes de eletricidade, e dependem fortemente de
energia suja. A organização também disse que Yahoo e Google continuam
priorizando o acesso à energia renovável, assim como o Facebook, que está
construindo um centro de dados na Suécia que será totalmente alimenta-
do por energia limpa. “Empresas como Google, Yahoo e Facebook estão
tomando medidas para utilizar energia limpa para alimentar suas nuvens.
Já outras, como Apple, Amazon e Microsoft, ficaram para trás, optando por
construir seus data centers movidos por carvão e energia nuclear”, disse o
Greenpeace.
O Google tem investido muito em energias renováveis e foi uma das úni-
cas empresas a receber nota “A”. O Facebook implementou, em dezembro,
uma política para que a disponibilidade de energia limpa seja um critério
para construir centros de dados. O Yahoo, por sua vez, foi um dos primeiros
a hospedar data centers em locais com fontes renováveis de energia. “A lista
das 14 empresas inclui ainda IBM, HP e Oracle.”
Foi disponibilizada uma tabela que mostra o índice de energia limpa que
estas empresas utilizam:

Tabela 1 − Índice de energia limpa utilizado por empresas de TI

Empresa Índice de energia limpa

Yahoo 56,4%
Dell 56,3%
Google 39,4%
Facebook 36,4%
Twitter 21,3%
HP 19,4%
Apple 15,3%
Microsoft 13,9%
Amazon 13,5%
IBM 12,1%

Finalmente, a reportagem destacou que:

Para o Greenpeace, embora a meta de eficiência em centros


de dados seja alcançável, é preciso optar por energia limpa
para salvaguardar o planeta. A tendência crescente de se
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
128

usar a “nuvem” para oferecer serviços como enviar e rece-


ber e-mails, assistir a vídeos, compartilhar fotos, participar
de redes sociais e gerar informações no Twitter, impulsio-
na a demanda por centros de dados. Se o setor das tec-
nologias de informação impulsionar o desenvolvimento
de energia solar, eólica e outras fontes renováveis poderia
ser um grande fator de mudança.

Neste tópico, você aprendeu sobre TI Verde, qual sua relação com o termo sus-
tentabilidade e conheceu casos reais de empresas de tecnologia que contribuem
para o meio ambiente.

4.10 GESTÃO ELETRÔNICA DE DOCUMENTOS

FabriCO (2012)

Figura 106 − Documentos

O uso de papel para armazenar informações está entre os meios mais antigos
empregados pela humanidade. Você já parou para pensar que com a atual ca-
pacidade de processamento e armazenamento de arquivos nos computadores
pode ser o fim da utilização do papel?
Já pensou quantas árvores deixariam de ser derrubadas, mesmo de refloresta-
mento, caso a utilização de papéis diminuísse no mundo? Dá para perceber que
seria um grande avanço para a sustentabilidade do planeta. Neste tópico, vamos
aprender um pouco sobre o Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED),
que é uma tecnologia muito utilizada, cujo principal benefício é permitir o ge-
4 Aplicações de novas tecnologias
129

renciamento de documentos de forma digital, eliminando novos papéis e ainda


permitindo digitalizar os antigos.

DEFINIÇÃO

O GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos ou Gestão Eletrônica de


Documentos) ou EDMS (Eletronic Document Management System) consiste em um
conjunto de tecnologias que permitem à empresa gerenciar seus documentos
em forma digital. Esses documentos podem ser das mais diversas origens, tais
como papel, microfilme, imagem, som, planilhas eletrônicas, arquivos de texto,
dentre outros.
Dentre os principais benefícios oferecidos pela utilização dos GEDs, destacam-
-se:
a) aumento da velocidade e precisão na localização de documentos;
b) maior possibilidade de indexação e localização de documentos;
c) melhor qualidade no atendimento ao cliente, uma vez que o GED tende a
proporcionar respostas mais rápidas e precisas;
d) melhoria no processo de tomada de decisões;
e) obtenção de vantagem competitiva sustentável, uma vez que diminui a uti-
lização de papel;
f) redução de custos com cópias;
g) melhor aproveitamento de espaço físico;
h) disponibilização instantânea de documentos (sem limitações físicas);
i) diminuição da possibilidade de extravio ou falsificação de documentos, au-
mentando a segurança na empresa, garantido a continuidade de negócios;
j) viabiliza a utilização de outras tecnologias, tais como ERP, SCM, CRM e BI de
forma integrada;
k) o GED é de grande auxílio para políticas de recuperação de documentos e
manutenção das atividades da empresa em casos de acidentes.

APLICAÇÕES

O conceito de GED pode ser utilizado em diversas aplicações nas empresas,


dentre as principais vale destacar:
a) apoio ao gerenciamento do conhecimento;
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
130

b) ERP (softwares de gestão empresarial);


c) CRM (software de relacionamento com o cliente), comércio eletrônico e ou-
tras tecnologias;
d) atendimento a clientes de bancos: extratos de conta corrente, aplicações etc.;
e) atendimento a clientes de serviços utilitários: telefonia, energia elétrica e
outros;
f) automação de cartórios;
g) bibliotecas digitais;
h) catálogos de produtos;
i) controle de bilhetes de companhias aéreas;
j) controle de documentos de arrecadação de tributos, impostos, taxas e mul-
tas em organismos governamentais;
k) controle do processo de compras;
l) conversão de acervo histórico;
m) conversão de bibliotecas físicas para digitais;
n) disponibilização de documentos oficiais, tais como diário oficial;
o) documentação e processos jurídicos;
p) documentação e relatórios diversos, incluindo contábeis e financeiros;
q) documentação eletrônica de escritórios (exemplo: arquivos Word, Excel,
Power Point etc.);
r) documentação em instituições de ensino;
s) gerenciamento de ordens de serviço;
t) gestão de contratos em geral;
u) gestão e processamento de pagamentos por cheques e cartão de crédito,
da consulta ao recebimento;
v) processamento de prontuário das áreas de recursos humanos, incluindo
recrutamento e seleção;
w) processamento de prontuário de pacientes em hospitais;
x) processamento de resultados de exames laboratoriais.

Um exemplo de software que utiliza os conceitos do GED é o


SAIBA PROJUDI, que utiliza o sistema de Gerenciamento de Proces-
MAIS sos do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, disponível em
< https://projudi.tjgo.jus.br/>.
4 Aplicações de novas tecnologias
131

TECNOLOGIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE GED

Um sistema GED consiste em um conjunto integrado de ferramentas de sof-


tware e de hardware (scanner, placa de captura) que permite adquirir informações
do mundo real, bem como garantir o fluxo de vida de um documento, citemos
alguns elementos:
a) Módulo de Captura (Capture): acelera processos de negócio através da
captação de documentos e formulários, transformando em informações
confiáveis e recuperáveis, passíveis de serem integradas a todas as aplica-
ções de negócios;
b) Document Imaging (DI ou Digitalização de Documentos): propicia a con-
versão de documentos do meio físico para o digital. Trata-se da tecnologia
mais difundida do GED, muito utilizada para conversão de papel em ima-
gem, através de processo de digitalização com aparelhos scanners;
c) Document Management (DM ou Gerenciamento de Documentos): per-
mite gerenciar com mais eficiência a criação, revisão, aprovação e descarte
de documentos eletrônicos;
d) Workflow/BPM (Gerenciamento de Processos de Negócio): controla e
gerencia processos dentro de uma organização, garantindo que as tarefas
sejam executadas pelas pessoas corretas no tempo previamente definido;
e) COLD/ERM (ou Saída de Computador para Disco Laser): tecnologia que
trata páginas de relatórios, incluindo a captura, indexação, armazenamento,
gerenciamento e recuperação de dados. Na prática, trata-se de um conjunto
integrado de hardware e software que tem o objetivo de gerenciar relatórios
formatados produzidos por meio eletrônico ou não. Este tipo de ferramenta
armazena arquivos, com relatórios em forma de dados, permite a recupera-
ção por meio de índices, com visualização por meio de relatórios, designa-
dos pelo usuário da informação, além do seu gerenciamento e manutenção;
f) Processamento de Formulários: possibilita reconhecer as informações e
relacioná-las com campos em bancos de dados, automatizando o processo
de digitação. Neste sistema são utilizados o ICR (Intelligent Character Recog-
nition – Reconhecimento Inteligente de Caracteres) e OCR (Optical Character
Recognition − Reconhecimento Ótico de Caracteres) para o reconhecimento
automático de caracteres;
g) Records and Information Management (RIM − Registro e Gerenciamento
de Informações): é o gerenciamento do ciclo de vida de um documento,
independente da mídia em que se encontre. Por meio de um sistema RIM,
gerencia-se a criação, armazenamento, processamento, manutenção, dis-
ponibilização e descarte dos documentos, sob controle de categorização e
tabelas de temporalidade.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
132

IMPLEMENTAÇÕES

Encontramos no mercado diversas implementações de ferramentas GED dis-


poníveis, sejam enquanto software fechado ou livre. Como elemento de teste de
funcionalidade recomendamos duas aplicações de código aberto que vai permi-
tir que você entenda os conceitos na prática:
a) Aplicação em Java, multiplataforma: <http://www.logicaldoc.com>

Denis Pacher (2012)


Figura 107 − Logicaldoc
Fonte: http://cdn1.commonred.com/image/project/5346/dz00MDA-/LogicalDOC-Document-Management-Software.png

b) Implementação em .Net: <http://www.softwarepublico.gov.br>

Denis Pacher (2012)

Figura 108 − Goldendoc


Fonte: http://cedoc.fenae.org.br/goldendoc/image.asp?src=IMG_GOLDENDOC&color1=FFFFFF&color2=%23507C95

Diversos outros produtos existem e você pode e deve experimentá-los. Dese-


ja-se achar uma solução que se ajuste à empresa, para tal pode usar o Google para
buscar sobre EDMS e sobre GED.

APRENDENDO MAIS

Grande parte dos conceitos apresentados aqui foi obtida no Portal GED,
(<http://www.ged.net.br/>). Este portal foi criado com o objetivo de colaborar
na disseminação de conceitos e tecnologias relacionadas à Gestão Eletrônica de
Documentos. Sua administração é formada por um conselho de organizações
e profissionais de diferentes especialidades, conferindo abrangência de visão e
independência em relação a tendências de mercado, tecnologias consolidadas,
emergentes e marcas empresariais.
A revisão dos conteúdos é de competência do Centro de Referência Brasil
(<http://www.centrodereferencia.com/>), que também é responsável pela sele-
ção de orientadores e colaboradores.
4 Aplicações de novas tecnologias
133

Você encontrará ainda um material no formato de curso online em <http://


www.imarkgroup.org/>, uma iniciativa da FAO/ONU e de outros parceiros.
Neste tópico, você conheceu a definição de GED, seus principais benefícios,
aplicações e tecnologias.

4.11 A LEI, A PROFISSÃO E O PROFISSIONAL

FabriCO (2012)

Figura 109 − Carteira de trabalho

Você sabia que até o dia 25 de junho de 1996 qualquer pessoa poderia exercer
a profissão de enfermeiro no Brasil? Que até 30 de novembro de 1938 qualquer
pessoa poderia exercer a profissão de jornalista? E que isso aconteceu (e aconte-
ce) com várias profissões? Mas o que mudou a partir destas datas para os enfer-
meiros e jornalistas?
A resposta é: eles tiveram suas profissões regulamentadas. Mas o que significa
isso?
Isso significa que o exercício de determinada profissão deve ser regido por
uma norma regulamentadora. Ela é o instrumento que determina um conjunto
de regras que dispõe sobre o exercício da profissão. Em outras palavras, é tudo
aquilo necessário para exercer determinada profissão. A norma regulamentadora
da profissão de médico, por exemplo, determina que para exercer esta profissão a
pessoa deve fazer um curso superior de medicina de N horas em instituição reco-
nhecida pelo Ministério da Educação. Mas quem fiscaliza o cumprimento destas
normas? São as chamadas Entidades de Classe Profissionais.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
134

ENTIDADES DE CLASSE PROFISSIONAIS

Antes de entender o que é uma Entidade de Classe Profissional, veremos o que


é uma Entidade de Classe em seu sentido amplo:

Entende-se por Entidade de Classe, uma sociedade de empre-


sas ou pessoas com forma e natureza jurídica próprias, de na-
tureza civil, sem fins lucrativos e não sujeita a falência, consti-
tuída para prestar serviços aos seus associados. Toda entidade
de classe tem em comum a gratuidade do exercício de cargos
eletivos. São alguns exemplos de entidades de classe, as con-
federações, as federações, as associações, os sindicatos, as co-
operativas e as entidades profissionais entre outros.

Neste contexto, as Entidades de Classes Profissionais são aquelas que fiscali-


zam as normas regulamentares que regem o exercício de determinadas profis-
sões, fiscalizam o exercício da profissão regulamentada sob sua responsabilidade,
e, sendo o caso, podem aplicar a penalidade de suspensão ou cassação do direito
ao exercício profissional.

SAIBA Você pode obter a lista de profissões regulamentadas no


Brasil acessando o site do Ministério do Trabalho em Empre-
MAIS go (MTE) <http://portal.mte.gov.br/portal-mte/>.

Mas qual a Entidade de Classe Profissional relacionada às profissões da área de


TI? A resposta é: os profissionais da área de TI não possuem Entidade de Classe,
uma vez que esta profissão não é regulamentada. Você deve estar curioso para
saber por que isso acontece, não? Vamos entender melhor conhecendo a Socie-
dade Brasileira de Computação.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO (SBC)


Sbc.org (2012)

Figura 110 − SBC


4 Aplicações de novas tecnologias
135

Segundo o site da Sociedade Brasileira da Computação (<http://www.sbc.org.


br>):

A SBC é uma sociedade científica, sem fins lucrativos, que reú-


ne pesquisadores, professores, estudantes e profissionais que
atuam em pesquisa científica, educação e desenvolvimento
tecnológico na área genérica de Computação. A SBC faz parte
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e
da International Federation for Information Processing (IFIP). A
instituição também é sócia do Centro Latino-americano de Es-
tudios en Informática (CLEI) e afiliada à IEEE Computer Society.
A instituição é regida por um estatuto e administrada por uma
Diretoria. A Sociedade também possui um Conselho com fun-
ções deliberativas e normativas.

Suas principais finalidades são:


a) incentivar atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento em computa-
ção no Brasil;
b) zelar pela preservação e aprimoramento do espírito crítico, responsabilida-
de profissional e personalidade nacional da comunidade técnico-científica
que atua no setor de computação no país;
c) ficar permanentemente atenta à política governamental que afeta as ati-
vidades de computação no Brasil, no sentido de assegurar a emancipação
tecnológica do país;
d) promover anualmente, enquanto for de interesse da SBC, o Congresso anual
da Sociedade;
e) promover por todos os meio academicamente legítimos, por meio de reu-
niões, congressos, conferências e publicações, o conhecimento, informações
e opiniões que tenham por objetivo a divulgação da ciência e os interesses
da comunidade de computação.
A SBC se posiciona claramente em relação à regulamentação da profissão de
informática. Segundo o site da SBC:

A comunidade científica da computação brasileira vem discu-


tindo a questão da regulamentação da profissão de Informáti-
ca desde antes da criação da SBC em 1978. Fruto dos debates
ocorridos ao longo dos anos, nos diversos encontros de sua co-
munidade científica, em relação às vantagens e desvantagens
de uma regulamentação da profissão de informática, a SBC
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
136

consolidou sua posição institucional em relação a esta questão


pela formulação dos seguintes princípios, que deveriam ser
observados em uma eventual regulamentação da profissão:

f) exercício da profissão de informática deve ser livre e independer de diploma


ou comprovação de educação formal;
g) nenhum conselho de profissão pode criar qualquer impedimento ou restri-
ção ao princípio acima;
h) a área deve ser autorregulada.
Os argumentos levantados junto à comunidade da SBC e que nortearam a for-
mulação dos princípios acima estão detalhados na justificativa que acompanha
o Projeto de Lei 1561/2003, o qual é integralmente apoiado pela Sociedade de
Computação.

PL 1561/2003

Dreamstime (2012)

Figura 111 − Congresso Nacional

O Projeto de Lei 1561/2003 dispõe sobre a regulamentação das profissões na


área de Informática e suas correlatas e assegura ampla liberdade para o respecti-
vo exercício profissional. Seus 7 artigos principais são:

Art. 1º – É livre em todo o território nacional o exercício de qualquer


atividade econômica, ofício ou profissão relacionada com a Informá-
tica, independentemente de diploma de curso superior, comprova-
ção de educação formal ou registro em conselhos de profissão.
4 Aplicações de novas tecnologias
137

Art. 2º – O exercício das profissões de Informática em todas as suas


atividades é garantido por esta lei, independentemente de paga-
mento de taxas ou anuidades a qualquer conselho de profissão ou
entidade equivalente.

Art. 3º – Nenhum conselho de profissão ou entidade similar poderá,


sob hipótese alguma, cercear a liberdade do exercício profissional es-
tabelecido por esta lei.

Art. 4º – É vedada toda e qualquer exigência de inscrição ou registro


em conselho de profissão ou entidade equivalente para o exercício
das atividades ou profissões da área de Informática.

Art. 5º – É nula de pleno direito e passível de responsabilização cível


e criminal qualquer exigência de registro em conselhos de profissão
ou entidade equivalente, e os atos decorrentes, para participar de li-
citação, concursos ou processo seletivo para empregos e cargos na
área de Informática.

Art. 6º – É facultado à entidade contratante a exigência de diplomas


ou certificações para o exercício de funções ou atividades específicas.

Art. 7º – Os conflitos decorrentes das relações de consumo e de pres-


tação de serviços das atividades profissionais regulamentadas por
esta lei serão dirimidos pela legislação civil em vigor.

Após a leitura dos artigos acima fica claro que as profissões relacionadas à área
de informática podem ser exercidas por qualquer pessoa, desde que esteja habi-
litada para tal. Fica claro também que no Brasil não haverá conselho para regula-
mentação desta profissão. Um ponto não discutido que vale a pena ser ressaltado
é a defesa dos interesses do profissional. Em nível mundial quem faz a defesa
do profissional não é um conselho, mas sim o sindicato de classe. O conselho
profissional supervisiona o profissional, protegendo a sociedade de atos errados
praticados pelo este.

4.12 O HOMEM, A FRONTEIRA FINAL

A robot may not injure a human being or, through inaction, allow
a human being to come to harm.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
138

A robot must obey orders given it by human beings except where


such orders would conflict with the First Law.

A robot must protect its own existence as long as such protection


does not conflict with the First or Second Law.

(Isaac Asimov)

Ao longo do tempo o homem tem buscado desenvolver tecnologias que per-


mitam melhorar seu trabalho e seu convívio social. Estas tecnologias tem se ma-
terializado, em especial, na automação de tarefas, e na comunicação.
Na automação de tarefas, temos desde o arado, colheitadeira aos robôs in-
dustriais atualmente, onde tornamos o processo mais produtivo e diminuímos
os riscos para quem o executa, considerando estritamente o ponto de vista do
processo.
Para a melhoria do processo de comunicação entre as pessoas, foram desen-
volvidos muitos produtos e tecnologias como o telégrafo, telefone e hoje a con-
solidação no uso de redes computacionais, em destaque a internet. O uso desses
sistemas de comunicação tem permitido a comunicação entre humanos, bem
como entre sistemas computacionais.
Nos últimos 50 anos, tem-se buscado um novo uso para a tecnologia e para as
inovações. Melhorar ou consertar o homem em si.

ABC (2012)

Figura 112 − O Homem de seis milhões de dólares


4 Aplicações de novas tecnologias
139

Talvez você já tenha assistido algum episódio do seriado o “Homem de seis


milhões de dólares”, série da década de 70, que trata de próteses. Steve Austin
sofre um acidente e necessita, para sobreviver, de uma série de próteses: um olho,
pernas e um braço biônico, e para tal feito se gastou o valor do título da série. É
uma das primeiras séries de TV e de cinema que tratam do tema, mas na ficção a
história é um pouco mais antiga.

O CRIADOR

Dreamstime (2012)

Figura 113 − Frankenstein

Mary Shelley não tinha chegado à idade adulta quando escreveu “Franken-
stein: or, the modern prometheus”, que entre nós se popularizou como Franken-
stein. O cinema nos apresentou um monstro, em uma visão de que se somente
Deus cria a vida, o homem não pode fazê-lo, logo algo que crie a princípio é mau.
O mito grego do Prometheus reflete melhor o conceito da obra de Shelley, em
uma visão de autorregeneração, em detrimento da visão que o cinema divulgou.
Enquanto livro, Frankstein é uma das primeiras visões do homem transfor-
mando o homem.

PRÓTESES

Tentar dar a funcionalidade perdida em uma parte do corpo humano é uma


tarefa antiga, a bengala, a perna de pau o gancho do capitão gancho lembram
esta aplicação da tecnologia.
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
140

Dreamstime (2012)
Figura 114 − Pirata com algumas próteses

O PRESENTE

Enquanto na década de 70 aprimoramos o conceito de coração artificial como


elemento de substituição de uma parte essencial do corpo, hoje caminhamos em
dois ou se preferir três caminhos diferentes que se fecham no futuro:
a) Biotecnologia
Você já leu o livro “Admirável Mundo Novo” ou assistiu “Gotcha: a experiência
genética”? São obras muito interessantes, em especial o livro de Aldous Huxley.
As duas obras tratam do mesmo elemento: o entendimento e manipulação da
genética humana gerando um novo homem.
Há alguns anos finalmente conseguimos, com a informática, mapear o DNA
humano. Isso equivale a dizer que sabemos o que tem na receita de um bolo,
mas não que sabemos como fazê-lo, melhorá-lo com problemas ou mesmo me-
xer com ele. A utilidade do conhecimento do DNA é grande, mas ainda é algo que
serve à bancada para experimentação e testes, sendo que sua aplicabilidade para
melhoria da vida humana, ainda não é aplicável. Pode ser útil, mas isto vai levar
um tempo, talvez longo.
b) Cibernética
O entendimento do corpo humano no último século, enquanto máquina bio-
elétrica, nos permite uma gama muito extensa de interações. Vamos pegar um
copo ou um ovo?
4 Aplicações de novas tecnologias
141

Dreamstime (2012)
Figura 115 − Mão robótica segurando um ovo

O que você faz ao pegar um copo? Primeiro seu cérebro manda um comando
que se espalha por um feixe nervoso, chegando aos músculos, acionando-os para
pegar o copo. Este disparo elétrico leva o músculo a contrair ou distender, em um
complexo processo de acionamento de osso, através de articulações, usando os
neurorreceptores na pele se tem a textura e dureza do material de forma tal que
possamos segurar um copo, ou um ovo sem quebrá-lo.
No parágrafo anterior: o processo básico é o cérebro mandar um periférico
à mão pegar algo. A mão, usando de músculos, ossos, articulações e pele (tato),
obtém os dados (ovo) requeridos. O ponto determinante na ação de pegar o copo
ou ovo é o comando mental ao braço/mãos.
E se em um acidente a mão fosse amputada?

O braço mecânico

Quando entendemos o papel do sistema nervoso como fios que alimentam


e acionam músculos, que leva à movimentação, podemos tentar gerar o acopla-
mento de algo que receba o comando do cérebro e transforme em comandos
para um elemento externo.
O desenvolvimento de próteses eletrônicas tem sido um caminho interessan-
te. Das primeiras soluções grandes, pesadas e complexas hoje caminhamos para
soluções que permitem coletar a informação elétrica recebida no feixe nervoso
e transformar em comandos para um artefato eletromecânico. O principal dife-
rencial é o uso da informática para coletar dados de sensores na mão mecânica
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
142

e mandar comandos do que fazer de volta à mão que exercerá a pressão. Parece
simples e seu uso tende a crescer.
Diversas outras próteses tem sido procuradas para solucionar problemas mo-
tores, em um primeiro nível braços, mãos, pernas, e agora os experimentos como
a visão têm evoluído bastante. Do primeiro protótipo de olho artificial, em que
tentamos substituir a função da retina para a retina eletrônica, que tem sido im-
plantada em caráter experimental, existe um longo percurso em relação à reso-
lução para a visão em cores e mesmo quantidades de pixels como peso e tipo de
conectividade dos equipamentos.

Jim Waton (2012)


Figura 116 − Paciente com retina eletrônica

A visão de ter o corpo como uma rede de sensores que podem coletar e re-
ceber dados externos nos chama a atenção. Pense numa pessoa idosa que mora
sozinha, possuindo problemas cardíacos e pressão alta. Um sensor no corpo des-
ta pessoa detectaria um infarto eminente e comunicaria via rede de dados uma
central de monitoramento. Daí a pouco teríamos na porta uma ambulância com
um médico. Minutos e um diagnóstico preciso fazem diferença entre a vida, a
morte ou uma vida com sequelas.
Diversas tecnologias estão sendo testadas, a visão, monitoração e movimento
são apenas o primeiro passo talvez de uma integração maior entre o homem e a
eletrônica.
c) Nanotecnologia
A nanotecnologia é outra área promissora. Aqui desenvolvemos pequenos ro-
bôs microscópicos que podem atuar dentro do corpo humano desempenhando
funções vitais.
4 Aplicações de novas tecnologias
143

O NOVO SEMPRE VEM

Isaac Asimov, considerado o pai da robótica, nos apresenta cenários, em ní-


vel de ficção científica, em diversos contos seus da série “Fundação”, encontra-
mos dois clássicos: “Eu, Robô” no qual encontramos a figura do humano que se
descobre um robô, e “O homem bicentenário”, um robô adquire características
humanas, mas ao mesmo tempo com suas invenções permite que os humanos
vivessem mais tempo. A única diferença entre os humanos e os robôs no final
do conto é de que humanos acabam morrendo. Andrew, o robô, acaba optando
pela morte em um momento que sua companheira humana falece. A ficção, em
especial as contribuições de Asimov, Huxley, Mclughan e na Arthur Claker, muitas
das vezes tem acertadamente se tornado realidade.
Arthur Claker, a título de exemplo, na década de 40 inventou os satélites de
comunicação em um conto, na década de 60 inventou a comida desidratada e
muitos outros elementos , em 2001 o filme “Uma Odisseia no espaço” em 1967,
dois anos antes da viagem do homem à Lua. Na avaliação da NASA, a viagem à
Lua não teria sido possível sem o filme de ficção científica.
O sonho do homem alimenta a criação, isso é fato. A persistência humana é
bem particular entre as espécies. Quando observamos obras “ditas” como não
possíveis de serem realizadas, como as pirâmides de Gize, a muralha da China, um
microprocessador, são obras que exigem esforço para tornarem-se reais. Essas e
tantas obras são frutos do esforço humano, não tínhamos as máquinas mecâni-
cas, bem como os computadores modernos que nos permitem a economia de
muito tempo, através de simulações, e a possibilidade de criação de novos mo-
delos e conceitos.
Relembrado as palavras de Rosenberg “o espaço, a fronteira final”, na verda-
de é “o homem, a fronteira final”, onde buscaremos cada vez mais a aplicação
de novas tecnologias e para tal desenvolveremos novos produtos. Entenda que
você, enquanto profissional de Tecnologia da Informação, é agente de criação
desta nova realidade. Entenda também que o homem habita o planeta, e o plane-
ta deve persistir para o homem sobreviver. A poluição e degradação gerada pela
TI algumas vezes nos fazem pensar em cenários como do filme Matrix. Pensemos
em algo mais simples:

Oi, oi, oi... olha aquela bola


A bola pula bem no pé, no pé do menino
Quem é esse menino! Esse menino é meu vizinho!
Onde ele mora! Mora lá naquela casa!
Onde está a casa! A casa tá na rua!
Onde está a rua! Tá dentro da cidade!
Onde está a cidade! Do lado da floresta!
Tendências e Demandas Tecnológicas em TI
144

Onde é a floresta! A floresta é no Brasil!


Onde está o Brasil, tá na América do Sul continente americano
cercado de oceano das terras mais distantes de todo o planeta
E como é o planeta! O planeta é uma bola que rebola lá no céu,
(Palavra Cantada, Ora Bolas)

Recapitulando

Neste capítulo você aprendeu o que é e como evoluiu a comunicação,


principalmente após o surgimento do computador.
Conheceu tipos de periféricos, bem como importantes conceitos referen-
tes ao comércio eletrônico e ao mercado global, além do uso crescente
das redes sociais e o reflexo delas nas mais diversas relações.
4 Aplicações de novas tecnologias
145

Anotações:
REFERÊNCIAS

FINEP. Manual de Oslo. 3. ed., 2006. Disponível em: <http://download.finep.gov.br/dcom/brasil_


inovador/capa.html>. Acesso em: 10 jun. 2012.
MINICURRÍCULO DOs AUTORes

Cláudio Martins Garcia possui graduação em Ciências da Computação pela Universidade Federal
de Goiás, mestrado em Ciência da Computação pela Universidade de Campinas (UNICAMP) na
área de Sistemas de Computação. Atualmente é professor da Pontifícia Universidade Católica de
Goiás (PUC GOIAS) e SENAI - Departamento Regional de Goiás (EAD). Atua em especial na área de
Sistemas da Computação e Ciência da Informação, como foco em uso de tecnologias no processo
de comunicação de forma segura e imersiva.

Edison Andrade Martins Morais é Analista de Sistemas do Tribunal de Justiça do Estado de Goi-
ás, Professor Assistente II 20h do Instituto de Informática (INF) da Universidade Federal de Goiás
(UFG) e Professor Adjunto da Faculdade de Tecnologia SENAC Goiás. Possui mestrado em Ciência
da Computação pela UFG (2007), especialização em Análise e Projeto de Sistemas de Informação
pela UFG (2003), e graduação em Processamento de Dados pelo IUESO (1996). Tem experiência
como docente em graduação e pós-graduação presencial desde 2003, pós-graduação na modali-
dade EAD desde 2010, e experiência na área de Tecnologia da Informação desde 1997, com ênfa-
se em Governança em TI, Engenharia de Software, e Análise e Projeto de Sistemas de Informação,
Banco de Dados e Desenvolvimento de Software.
Índice

A
AP 91

F
Fonetizados 22

I
IEEE 802.11 91
I/O 84

M
MPLS 92, 93

P
Prototipação 87

Q
QoS 92
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional de GOIÁS

Ariana Ramos Massensini


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional

Cláudio Martins Garcia


Edison Andrade Martins Morais
Elaboração

Cláudio Martins Garcia


Revisão Técnica

FabriCO

Wania Pereira
Design Educacional

Jaqueline Tartari
Revisão Ortográfica, Gramatical e Normativa

Denis Pacher
Thiago Rocha Oliveira
Ilustrações

Denis Pacher
Thiago Rocha Oliveira
Tratamento de Imagens
Thiago Felipe Victorino
Diagramação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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