O feudalismo vem da desagregação do império romano do Ocidente. Ele vem de um
processo no qual a fragmentação política e a ruralização da economia e da sociedade transformam a Europa num cenário no qual o feudo, a unidade produtiva do feudo, apresentava uma certa autonomia, e uma economia mais preocupada com sua subsistência do que com o comércio. Isso leva a um deslocamento do eixo da economia das cidades, como acontecia no Império Romano, para o campo. Isso muda, porém, com o fenômeno da fome feudal, causada por três grandes fatores: o fim das guerras. Após as guerras que ocorreram no Império Carolíngio, houve um processo de pacificação dentro da Europa. Com ele, ocorre a redução de conflitos dentro do continente, e com isso, menos mortes, ou seja: crescimento demográfico, somado com o fim das pestes no século IX. Era também interessante para as famílias e, logicamente, também para os senhores feudais, ter o maior número de braços trabalhando nos feudos. Logo: no século IX em diante, temos um grande crescimento demográfico, não acompanhado do aumento da produtividade agrícola, devido às técnicas rudimentares e ao esgotamento do solo. Inicia-se a fome feudal. Ocorrem crises dentro dos feudos, e os senhores feudais, para reduzirem a pressão populacional dentro deles, expulsam os servos excedentes: é o êxodo rural, oposto do que ocorreu na crise do Império Romano, em que houve o êxodo urbano. Quando esses servos são expulsos dos feudos, surge uma nova condição jurídica para eles. Enquanto servos, eles estavam presos à terra por dois grandes fatores: pelo uso dela, precisavam pagar uma série de obrigações, como a talha e corveia, e pela proteção militar que recebiam dos nobres, também deviam tributos. Um servo está livre de suas obrigações no dia em que conseguisse pagar todas elas, o que era virtualmente impossível e hereditário. Na expulsão deles, suas dívidas são perdoadas, e se torna um homem livre, não se encaixando no modelo feudalista, estamental, o que imprime à sua liberdade um caráter negativo. Esses homens livres se deslocam para os antigos burgos, porque os outros feudos também se encontravam na mesma situação de fome. Nestes burgos, eles irão desenvolver o artesanato. Lá, haverá o mestre-artesão, que tem uma oficina. Este servo que migrou para o burgo poderá se alocar nestas oficinas e, após um tempo, ganhará o estatuto de artesão e montar suas próprias oficinas. Este homem livre será o burguês. Aí teremos o renascimento urbano, no século subsequente ao da fome feudal: XII. As cidades passam a ser mais importantes, o que não solucionou todos os problemas do feudalismo, pois ainda havia a fome, e elas precisavam ser abastecidas com alimentos provenientes dos feudos. O artesanato trará um volume maior de trocas comerciais, malvistas pela nobreza, pois o feudalismo herdou do império romano uma visão negativa acerca do trabalho, que seria a negação do ócio (negócio). O burguês é visto como alguém inferior. A Igreja é convocada para apresentar uma solução sobre a fome, já que era uma das instituições mais poderosas e importantes da época. O papa Urbano II irá fazer uma reunião envolvendo o alto clero e nobreza, e chegam à conclusão de que a solução seria uma expansão territorial para ter mais terras para fazer a agricultura. Se utilizaria a religião para convocar a população em geral: são as Cruzadas. Isso envolve a península Ibérica e o Oriente (principalmente Jerusalém) – como justificativa a expansão da fé (para obter territórios). As guerras iriam reduzir a população, e, consequentemente, a fome. Eram também interessantes para a pequena nobreza, que buscava mais terras para o seu domínio. Os servos tinham a promessa de que teriam a indulgência de todos os seus pecados se lutassem contra os mouros. As Cruzadas também implicariam um deslocamento da Europa para o Oriente, onde existiam produtos de alto valor devido sua escassez, como as especiarias, algo interessante para a burguesia, que poderia retomar o comércio com essa região e obter grandes lucros. A Quarta Cruzada foi bancada por Veneza com o interesse econômico, expansão comercial, que resultam no Renascimento Comercial no século XIII: maior retomada do comércio pelo Mediterrâneo, em que se destaca a Itália. Se fortalece nela a burguesia. Ela ainda era muito fragmentada e ocorre a ascensão das repúblicas italianas, que começam a competir entre si não só economicamente, mas também por meio das artes: o mecenato ocorre intensamente – financiamento de artistas e pensadores: é Renascimento Cultural, nos séculos XIV e XV. É importante notar que o conhecimento oriental científico era muito superior ao dos europeus, e o contato com os árabes trazem novos conhecimentos e técnicas agrícolas melhores, com o crescimento da produção. As cidades crescem e buscam maior autonomia e liberdade em relação à nobreza e clero, surge o movimento comunal. A burguesia começa a se organizar em associações como corporações de ofício e guildas para tentar monopolizar as atividades produtivas, buscando um poder que efetue a sua proteção, que seria o rei. Ela busca maior aproximação com o rei, propondo o pagamento de um imposto único ao rei. Surgem a venda das Cartas de Franquia, que davam liberdade para as cidades. O pagamento do imposto único fortalece o rei, permitindo que ele tenha o seu exército, e, ao mesmo tempo, é benéfico a burguesia, que possuía interesse em uma unificação tributária e monetária.
NO SÉCULO XIV, TEMOS A GRANDE CRISE.
A agricultura que melhorou no século XIII, na Revolução Agrícola com os conhecimentos árabes e incorporação de novas terras, apresenta esgotamento, devido a fatores predominantemente antropogênicos, como a exploração inadequada do solo. A fome retorna, só que bem intensa. Desencadeia revoltas camponesas, como as jacquaries. Ocorre a Guerra dos Cem Anos, causadora de várias mortes. Apresenta-se a Peste Negra, devido ao crescimento das cidades sem planejamento, a infiltração de ratos em barcos comerciais, que trazem consigo as pulgas, vetores da doença. Acreditava-se que ela inclusive fosse uma punição divina. Os conhecimentos árabes sobre a doença ajudam em seu combate. A Igreja não deu conta de resolver o problema, e, somado ao contexto do Renascimento Cultural, em que obras antes exclusivas dela começam a espalhar-se devido à imprensa, começa a ruir o monopólio da Igreja.
ENTRAMOS NO SÉCULO XV com:
Enfraquecimento da nobreza Enfraquecimento da Igreja Aumento do poder burguês associado ao rei -> origem ao Mercantilismo -> surgirá o Absolutismo. Surgimento de um novo modelo econômico: Capitalismo.