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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

Questão 1
A modalidade é a forma como uma língua pode ser usada, que pode ser oral ou escrita.
A primeira é mais espontânea e tem características que divergem de certas regras
prescritas pela gramática normativa, enquanto a segunda deve seguir essas regras à
risca, pois está atrelada à cultura letrada. Considerando estes conceitos, leia, a seguir,
a transcrição de um trecho de uma entrevista dada por Maitê Proença sobre o
envelhecimento:
“O negócio da velhice é que ninguém gosta de... a decrepitude é o problema, né?
Ninguém gosta de ver o corpo caminhando pro fim e... depois dos quarenta, você
começa a cada vez a acordar e perceber que tem algumas ãhn... alguns detalhes do
seu aspecto físico, na tua expressão, na sobrancelha, alguma coisa que vai ficando
diferente e que faz uma associação com a morte. A gente num gosta disso, né? Tudo
isso é muito desconfortável, então essa... é por isso que a gente num gosta da velhice,
porque ela vai levar a gente pro desconhecido, pro misterioso, prum lugar que a gente
num domina”. (MAITÊ Proença reflete sobre o envelhecimento.
Disponível em: <http://gnt.globo.com/programas/papo-de-
segunda/videos/4598680.htm>. Acesso em: 17 nov. 2015. Tempo: 1:51)
Maitê Proença faz sua reflexão em que modalidade? Qual é a característica mais
marcante dessa modalidade no vídeo?

a) Modalidade escrita com texto planejado, sem quebras.


b) Modalidade oral com uso de gírias e coloquialismos.
c) Modalidade oral com interrupções e reformulações.
d) Modalidade escrita com uso da norma culta.
e) Modalidade oral com ausência de concordância.

Questão 2
A modalidade oral é uma forma muito mais espontânea de utilizar a língua, o que
resulta, muitas vezes, em trechos confusos, cheios de interrupções e quebras, pois
estamos processando o pensamento ao mesmo tempo em que falamos, sem a
possibilidade de “refazer” a nossa enunciação.
Pensando nisso, assinale a alternativa em que se transcreve corretamente para a
modalidade escrita uma frase do trecho a seguir, eliminando os elementos típicos da
oralidade.
“Aí eu fui atrás assim de de... na época eu conhecia o secretário da habitação de São
Paulo, secretário... eu fui atrás... eu falei “olha, num dá, né”... e na época num tinha
aquela lei, que agora tem em São Paulo né, e eles falavam assim “elas num são família,
então elas num podem entrar nummmm”... assim, elas não são consideradas família,
né? Porque elas num são casadas, porque elas num têm... quer dizer, elas são tipo
indigen... elas são... né... elas têm que ir pra albergue, não ter casa, morar em casa
popular. E aí eu conheci um cara, que era f... da Ashoka também, que era um cara de
Uberlândia... num encontro da Ashoka esse cara mostrando... ele fazia casas
populares, autoconstrução, tal... mostrando que eles faziam aqueles tijolos de solo-
cimento... e assim, eu vendo, achando legal tudo... Aí chegou uma hora que tinha uma
foto com uma mulher assim com um tijolo na mão assim...Eu falei: “mas essa mulher,
ela também participa?”. “É...” Aí eu falei: “mas ela faz comida, como é que é, no
mutirão?”. “Não, ela faz o tijolo.”. Falei: “Ela faz o tijolo”, eu falei... “As minha vão fazer
também”.
(Disponível em: <http://www.museudapessoa.net/pt/conteudo/historia/mae-e-
quem-cuida-44787/colecao/98196>. Acesso em: 7 nov. 2015)
Nota: A entrevista foi transcrita procurando respeitar fielmente a pronúncia das
palavras, ainda que possa ter passado uma ou outra ocorrência.

a) Eu perguntei a ele: “Mas essa mulher também participa do mutirão?”.


b) Aí eu procurei assim o secretário de habitação de São Paulo, pois na época eu o
conhecia.
c) Elas não são consideradas família, né, porque não são casadas. Elas são tipo
indigente.
d) Eu conheci um rapaz, que era um rapaz de Uberlândia, que mostrou o trabalho de
autoconstrução que ele fazia.
e) Em um encontro da Akosha, esse rapaz mostrando que eles faziam aqueles tijolos
de solo-cimento.

Questão 3
Leia a seguir o trecho de uma reportagem sobre o internetês:
Para Wilma Ramos, o internetês é aceitável se o indivíduo souber a língua portuguesa
corretamente. “As abreviaturas se tornaram tão comuns que tem gente usando o ‘vc’ e o
‘pq’, por exemplo, sem sequer notar o erro. A pessoa precisa manter a motivação de
escrever conforme as normas cultas até na internet porque o perfil online pode ser
pesquisado em uma seleção de emprego”, destaca. (FONTENELE, M. ‘Uso do internetês
pode prejudicar futuro profissional’, diz especialista. 23 out. 2013. Globo.com.
Disponível em: <http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/10/uso-do-internetes-
pode-prejudicar-futuro-profissional-diz-especialista.html>. Acesso em: 7 nov. 2015)
Assinale a alternativa que traz uma interpretação correta do trecho no que diz
respeito à relação entre modalidade oral e escrita:

a) A especialista está errada ao afirmar que o internetês é aceitável se o indivíduo


souber usar a língua corretamente, pois esta forma de linguagem deturpa as
normas da escrita, logo, não deve ser utilizada nesta modalidade.
b) A especialista está certa em dizer que devemos usar a norma culta também na
internet, pois, como ela mostra, o internetês está prejudicando a competência
linguística das pessoas, fazendo com que elas já não saibam mais usar as formas
corretas.
c) A especialista está errada ao afirmar que devemos escrever na internet seguindo
a norma culta, pois isso depende do gênero textual que estamos utilizando na
internet. Se estivermos em um bate-papo, usar a norma culta é inadequado.
d) A especialista está certa em dizer que usar “pq” e “vc” é errado, pois a forma
correta na escrita é “porque” e “você”, mesmo nas interações da internet.
e) A especialista parece concordar com a ideia de que a oralidade e a escrita ocorrem
em um contínuo, no qual elas podem se cruzar.

Questão 4
No artigo Considerações sobre o conceito de “internetês” nos estudos da linguagem,
Komesu e Tenani (2009, p. 635-636) analisam alguns aspectos do internetês, entre
eles, o modo como os usuários veem essa linguagem. Veja a seguir dois textos
analisados pelas autoras. O Texto I é uma propaganda da Sprite e o Texto II é a reação
de um internauta à propaganda:
Texto I
GERALW
XCREVI AXIM
SOH PRA
DIXAVAR
UX ERRUX.
XPRAIT. AX COISAX KOMU SAUM.
[...]
Texto II
Pela Meleca Sagrada de Cristo, quem aprova uma coisa dessas? Pior, quem
ESCREVE um anúncio desses? Meu amigo, me desculpe, mas não dá pra se dizer
REDATOR com um anúncio assim. Você não redigiu nada, no máximo regurgitou.
Desligou o cérebro, deixou ligados somente os neurônios mínimos para sua
sobrevivência, e em um momento de folga deles cuspiu essa obra de arte.
Eu, que não leio e nem escrevo nesta linguagem (se é que se pode chamar isto
de linguagem), tive dificuldades para entender o texto. A Coca-Cola parece que
ignorou o fato de que neste país ainda se fala - e se escreve, em Português. (G.N.,
03/12/2007)
Após ler os dois textos, assinale a alternativa que faz uma análise correta do
comentário do internauta (Texto II):

a) O internauta fica indignado com a propaganda, pois ela exagera no uso do


internetês, fazendo com que ele não consiga compreender o que está escrito no
anúncio.

b) O comentário do internauta reflete a visão que a sociedade tem sobre a língua, de


que devemos usar a norma culta sempre, pois isso reflete inteligência e conhecimento
sobre a língua.

c) A posição do internauta é isolada, já que, em geral, as pessoas aceitam bem a ideia


de que a língua tem modalidades diferentes e que, portanto, nós podemos escrever
também como falamos.

d) O internauta ironiza a crítica que algumas pessoas poderiam fazer à propaganda,


julgando-a, na verdade, genial, por representar o modo de falar próprio da internet.

e) O internauta demonstra que não entendeu a propaganda, já que, na verdade, o que


ela faz é criticar este modo de escrever na internet que tenta reproduzir a fala.
Questão 5
Leia a seguir o excerto de um artigo publicado na internet:
“Gente, eu estou pasmo com o que li na revista Veja de 25/05/2011. Enquanto
algumas pessoas, como eu, fazem o que podem para incentivar a melhoria da
educação e cultura deste país, nossos governantes acobertam e aprovam uma
verdadeira ofensiva à destruição cultural deste Brasil. Trata-se de, por meio de um
livro adotado pelo MEC, intitulado Por Uma Vida Melhor, ensinar às nossas crianças que
não existe certo ou errado em nosso idioma.
Se eu disser: Nós pegamos o peixe, sabemos que a frase está certa. A concordância
verbal dentro dos padrões. No entanto, para essa nova frente que defende a
“liberdade” no idioma, se eu falar: Nós pega o peixe, também está correto. Ora, vamos.
Pensando dessa forma, podemos falar do jeito que “nóis querê”, pois assim, cada um
inventa seu próprio idioma”. (SANTANA, E. Falar errado, agora é certo!!! Disponível
em: <http://professoredmundo.com.br/index.php/falar-errado-agora-e-certo/>.
Acesso em: 2 nov. 2015)
Assinale a alternativa que expressa a ideia central do texto:

a) O texto critica o fato de não haver uma sistematização da fala para ser ensinada nas
escolas, pois, para ele, também é importante ter esse conhecimento.

b) O texto trabalha com a ideia de modalidade, mas afirma que a modalidade escrita é
melhor que a modalidade oral.

c) Para o autor, considerar as variações linguísticas, entre elas a de modalidade,


contribui para o enriquecimento da cultura brasileira.

d) O texto ignora o conceito de modalidade, pois considera que há apenas um modo


correto de se usar a língua e este deve obedecer às normas gramaticais,
fundamentando-se na dicotomia “certo e errado”.

e) Para o autor, abordagens como a deste livro podem incentivar as pessoas a criarem
seu próprio idioma, o que ele julga como algo bom, já que esse processo pode
enriquecer a língua.

Questão 6
Leia a seguir o poema de Carlos Drummond de Andrade:
Aula de português
A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,


e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,


em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
Após ler o poema, julgue as afirmativas a seguir como verdadeiras ou falsas e
assinale a alternativa com a sequência correta:
I. O poema faz uma oposição entre as modalidades oral e escrita,
identificando-as, respectivamente, pelos termos ponta da língua e
superfície estrelada de letras.
II. O poeta tem uma relação positiva com a gramática ensinada na escola, pois
se surpreende cada vez que aprende algo novo.
III. A última estrofe mostra como a linguagem oral é mais utilizada no dia a dia,
nas relações interpessoais e atividades cotidianas.
IV. O poema é um elogio à linguagem escrita, já que os poetas, por serem
escritores, sempre privilegiam essa modalidade.

a) V – F – V – V.
b) V – F – V – F.
c) F – F – V – V.
d) V – V – F – F.
e) F – V – F – V.

Questão 7
No nosso dia a dia, ainda que utilizemos o registro formal em algumas situações,
utilizamos o tempo todo o registro informal.
Assinale a alternativa que apresenta dois exemplos de gêneros em que predomina o
registro formal e dois em que predomina o registro informal, nesta ordem, sendo um
da modalidade escrita e outro da oral.

a) Post de blog, palestra de um professor universitário, notícia, entrevista de


entretenimento.
b) Artigo de opinião, debate em programa de entretenimento, carta pessoal, defesa
em tribunal.
c) Editorial, debate político, recado em rede social, conversa entre amigos.
d) Matéria jornalística, apresentação de telejornal, artigo de divulgação científica,
cerimônia de casamento.
e) Tweet, anúncio publicitário (televisão/rádio), bilhete pessoal, programa de rádio
(humor).

Questão 8
Ainda que muitas vezes os registros formal e informal se misturem, um deles sempre
prevalece, auxiliando, assim, na identificação do gênero discursivo ao qual pertence o
texto ou a interação.
Quais dos gêneros a seguir são exemplos que utilizam tipicamente o registro formal e
o informal, respectivamente?

a) Bilhete pessoal e carta aberta.


b) Informativo da prefeitura e conversa entre amigos.
c) Entrevista de um ator a um programa de entretenimento e entrevista de um
político a um telejornal.
d) Notícia de tabloide e notícia de jornal de grande circulação.
e) Publicidade e sermão religioso.
Questão 9
Assim como ocorre com a modalidade, o registro também não tem limites muito bem
definidos quando olhamos para a linguagem cotidiana, pois podemos encontrar
misturas dos registros formal e informal, ainda que um deles possa se destacar no
texto.
Considerando esta afirmação, classifique os seguintes gêneros começando por aquele
que pode ser considerado o mais formal e terminando com o mais informal.
1. Carta de um irmão para uma irmã.
2. Pronunciamento do presidente.
3. Notícia sobre um filme.
4. Publicidade de banco.
5. Matéria de uma descoberta científica em uma revista de circulação nacional.

a) 1 – 4 – 3 – 5 – 2.
b) 4 – 2 – 3 – 1 – 5.
c) 3 – 5 – 2 – 4 – 1.
d) 2 – 5 – 3 – 4 – 1.
e) 5 – 2 – 1 – 3 – 4.

Questão 10
Leia a seguir um trecho da crônica Colhendo os frutos da glória, de João Ubaldo Ribeiro:

“Um dos maiores problemas que enfrento na minha profissão é que não tenho cara
de escritor.
Aliás, não sei bem que cara tenho, mas sei que não presta para a maioria das atividades
que exerço ou já exerci. Lembro-me de que, quando era professor, sempre tive
dificuldade em convencer novos alunos de que era o professor. Um, chamado Bruno
Maracajá e hoje meu amigo (um dos meus tipos inesquecíveis, pela razão que se
segue), teve uma crise incontrolável de riso quando entrou numa sala de cursinho para
vestibular, perguntou quem era o professor de inglês e me apontaram. Foi meio chato
e, se não se tratasse de cursinho para vestibular, não haveria santo que desse um jeito
de o Bruno passar em inglês sem pelo menos saber a obra completa de Shakespeare
de cor”. (RIBEIRO, J. U. Colhendo os frutos da glória. In: COLETÂNEA de textos:
Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Brasília: MEC, 2001. Módulo
1. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000500.pdf>. Acesso em: 7
nov. 2015)
A partir da leitura, pode-se dizer que este texto:

a) É um cruzamento dos registros formal e informal, pois, apesar de usar a norma


culta, utiliza um léxico simples e expressões coloquiais, como “ter cara de” e “não
há santo que ajude”.
b) Foi escrito no registro formal, pois utiliza a norma culta e respeita as regras
gramaticais, além de apresentar um humor bastante refinado, típico de textos
cultos.
c) É um cruzamento dos registros formal e informal, pois trata de um assunto
cotidiano com uma linguagem culta, que respeita a gramática.
d) Foi escrito no registro informal, pois utiliza uma linguagem simples, expressões
coloquiais e não obedece às regras gramaticais, apresentando uma linguagem
próxima da fala.
e) Foi escrito no registro formal, pois utiliza certos termos típicos desse registro,
como haver, tratar-se de, lembrar-se de etc.

Questão 11
A crônica é um gênero das esferas literária e jornalística, que narra um fato cotidiano
apresentando comentários, opiniões pessoais, generalizações sobre questões que
envolvem a humanidade etc. Apesar de ser um gênero que utiliza a norma culta da
língua, podemos dizer que ela é um exemplo de cruzamento dos registros formal e
informal, pois também utiliza termos e expressões coloquiais, além de uma linguagem
simples, mais próxima do cotidiano.
Considerando este argumento, como podemos explicar o cruzamento em questão?
Assinale a alternativa correta:
a) A crônica utiliza o registro formal, pois se trata de um texto típico da modalidade
escrita, e utiliza o registro informal para simplificar a leitura a fim de alcançar
também leitores menos letrados.
b) A crônica utiliza o registro formal, pois circula em duas esferas cultas (jornalística
e literária), e utiliza o registro informal, pois aborda temas cotidianos que são
comuns ao autor e ao leitor.
c) A crônica utiliza o registro formal, pois se trata de um gênero literário, típico da
cultura letrada, e utiliza o registro informal para dar um ar de humor ao texto.
d) A crônica utiliza o registro formal, pois se trata de um gênero muito trabalhado na
escola, que, portanto, precisa dar o exemplo de uso correto da língua, e utiliza o
registro informal para, ao mesmo tempo, acolher os alunos que não trazem de casa
uma cultura letrada.
e) A crônica utiliza o registro formal para criar uma identidade com o leitor de jornal,
que está inserido em uma cultura letrada, e utiliza o registro informal, pois tem a
intenção de reproduzir a fala do dia a dia.

Questão 12
A escolha do registro depende da situação comunicativa em que aquele que fala ou
escreve está inserido. Nesse sentido, devem ser considerados alguns elementos
importantes, como o interlocutor, a relação entre os participantes da interação, o grau
de seriedade ou de familiaridade que a situação exige, a esfera de atividade humana
em que a enunciação ocorre geralmente etc.
Pensando neste argumento, considere a seguinte situação: uma ONG que trabalha
com mulheres de uma comunidade carente resolveu convidar um médico para dar
uma série de palestras sobre os cuidados que a mulher precisa ter com a sua saúde.
Nessa situação, como o médico deverá realizar as suas palestras?
a) Ele deverá empregar um registro superformal, uma vez que irá tratar de um
assunto científico, que exige esse tipo de linguagem.
b) Ele deverá empregar um registro superinformal, usando mais termos coloquiais,
para que a sua plateia possa compreendê-lo.
c) Ele deverá empregar o registro informal, respeitando a norma culta, mas sem usar
os termos técnicos, próprios da medicina.
d) Ele deverá empregar uma mistura de registro formal e informal, pois deve
respeitar a norma culta e utilizar os termos técnicos, mas também deve utilizar
uma linguagem simples, fazendo equivalências e comparações com termos
coloquiais que possam ser compreendidos pela plateia.
e) Ele deverá empregar o registro formal, respeitando a norma culta e falando nos
termos da medicina, já que se trata de um médico, e também porque o objetivo é
justamente levar conhecimento a essas mulheres.

Questão 13
Leia o excerto a seguir:
“Em cada um desses processos, há a realização de trabalho, que só ocorre à custa de
fornecimento de energia. Entre as diferentes fontes de energia disponíveis no
ambiente, os seres vivos utilizam a química e a luminosa. Cabe ressaltar que todo o
nosso alimento, o combustível fóssil e o combustível biológico (biomassa) são
resultantes da fotossíntese ocorrida tanto no passado quanto no presente”
(CHALLOUB, R. M. Fotossíntese. Ciência hoje, 13 nov. 2015. Disponível em:
<http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2015/331/fotossintese>. Acesso em: 17
nov. 2015.)
Este texto é um exemplo do que chamamos norma culta. A partir de algumas marcas
que ele traz, é possível dizer que a norma culta é:

a) Um conjunto de regras de qualquer variante linguística.


b) Uma variante de prestígio que é tomada como padrão.
c) Um conjunto de palavras consideradas rebuscadas.
d) Um conjunto de regras sistematizadas pela gramática descritiva.
e) Uma variante estigmatizada, considerada pedante por ser muito rebuscada.

Questão 14
A variação linguística social diz respeito ao conjunto de variantes ou dialetos que são
determinados por fatores sociais e que conferem identidade a um grupo, tais como
grau de escolaridade, classe social, gênero etc. Assim como ocorre nas relações
sociais, esse tipo de variante, muitas vezes, pode ser fruto da mistura de mais de um
fator social.
Considerando essa questão, assinale a alternativa que apresenta um enunciado com
marcas típicas de uma variante social que misture os fatores gênero e idade:

a) Nóis sabe que tá errado, por isso fiquemo lá e insistimo pá falá cum ela.
b) Orra, meu, por que você não me contou isso?
c) Ai, amiga, eu super fiquei constrangida, mesmo ele sendo muito fofinho.
d) A biba deu a elza no patrão, acredita?
e) Sabíamos que você estava triste, por isso preparamos a festa surpresa.

Questão 15
O cruzamento entre fatores que determinam uma variante pode se dar não só na
variante social, mas também entre as variantes social, regional e estilística.
Considerando essa questão, assinale a alternativa que apresenta um exemplo de
cruzamento de variante regional e social:

a) Filhinho, você pode fazer um favorzinho para a mamãe?


b) Nóis num pudia concoRdá cum aquilo, então voRtemo lá e pidimu uma ixpricação.
c) A casa foi abandonada pela família há alguns meses.
d) Os carro ficô tudo sujo lá na frente.
e) O governo irá realizar uma nova consulta pública sobre o tema.

Questão 16
Veja, a seguir, alguns enunciados que caracterizam certas variantes linguísticas:
I. Ôxe menino, tu tá aperreado mermo hein?
II. Nóis fomo pá casa dela, mas num tinha ninguém lá.
III. Tem arguém aí te isperando. Acho que ele tem precisão de falar cocê.
IV. Véio, a mina ficô sem sabê o que fazê, tá ligado?
São exemplos de variantes regionais apenas os itens:

a) I e III.
b) II e III.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e IV.

Questão 17
Observe a imagem a seguir:

Disponível em: <https://decifrandoalingua.files.wordpress.com/2013/02/giria-na-


mira.jpg>. Acesso em: 18 nov. 2015.
Esta imagem representa:
a) Os diferentes falares do Brasil, o que é conhecido por variante regional. A senhora
de óculos parece falar uma variante diferente, já que mostra não entender o que os
demais falam.

b) Os falares de diferentes classes sociais, o que é possível perceber pelo modo como
os personagens estão vestidos. A senhora de óculos está surpresa com o modo como
essas pessoas estão falando.

c) O dialeto de pessoas pouco escolarizadas, o que é possível perceber pelo uso de


“nóis”, em vez de “nós”, e de “demorô", em vez de “demorou”. A senhora de óculos
parece ser uma pessoa escolarizada, já que se mostra perplexa pelo modo como os
demais falam.

d) A variante brasileira do português, e a senhora de óculos parece não compreender


o que os jovens brasileiros falam por ser portuguesa, e não brasileira.

e) O dialeto de jovens brasileiros, uma variante social determinada pela idade, o que é
possível perceber pelo uso de gírias e pela expressão de não compreensão de uma
mulher que parece ser mais velha.

Questão 18
Leia os comentários a seguir:
1. Véio, o cara era muito loko. Xingou a mina e saiu fora cantando pneu. Se pá devia
ser namorado dela ou amigo, sei lá, cara. Mas que foi cabuloso, foi...
2. Menina, você num sabe a maravilha que eu acabei de comprar! Aquele creminho de
cabelo maravilhoso que eu usei uma vez no salão e amei! Ele deixou meu cabelo lindo
de morrer. Tava baratinho, super recomendo!

Após a leitura dos dois excertos, analise as afirmativas a seguir e julgue-as como
verdadeiras ou falsas:
I. O excerto 1 é um exemplo da variante masculina, enquanto o excerto 2 é um exemplo
da variante feminina.
II. No excerto 1 observamos a presença de muitas gírias, o que é mais comum na
variante masculina.
III. No excerto 2 observamos a presença de muitos adjetivos qualificadores positivos e
o uso de intensificadores, o que é típico da variante masculina.
IV. No excerto 2, observamos o uso do diminutivo, uma marca da variante feminina.
V. Véio, cara e menina são vocativos, ou seja, palavras utilizadas para se dirigir ao
interlocutor, que são utilizados tanto por homens quanto por mulheres, não sendo,
portanto, uma marca que caracteriza uma das duas variantes.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:

a) V - F - F - V - F.
b) V - V - V - F - F.
c) V - V - F - V - F.
d) F - V - V - F - V.
e) F - F - V - F - F.

Questão 19
Veja, a seguir, um meme que circula na internet:

Ao analisarmos este meme, percebemos que ele:

a) Representa uma atitude de preconceito linguístico com falantes que usam


palavras e expressões mais rebuscadas, típicas da norma culta.
b) Representa a imensa satisfação por ser uma oportunidade de ter alguém para
ensinar a escrever certo.
c) Representa uma atitude de preconceito linguístico, pois faz uma oposição entre
ser bonito, uma qualidade desejada, e escrever errado, uma qualidade indesejada,
considerada, portanto, negativa.
d) Representa uma atitude de imensa satisfação por encontrar alguém que utiliza
uma variante linguística diferente, o que é considerado uma qualidade positiva.
e) Representa a decepção de alguém ao encontrar uma pessoa que escreve errado,
pois, dessa forma, não será possível a comunicação, por isso a expressão de choro
da mulher da foto.

Questão 20
Leia a seguinte estrofe do poema O poeta da roça, de Patativa do Assaré:
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
O poema retrata a variante linguística usada pelas pessoas que vivem no campo
(regional) e que têm pouca escolaridade (social).
Assinale a alternativa que indica uma marca regional e uma marca social desta
variante:

a) Troca de –l por –r em final de sílaba (argum) e posterior queda desse –r (paper >
papé) e movimentação do -r do meio da sílaba para o seu final (CRV > CVR) (percura).
b) Uso de palavras que não existem, como sabença, e substituição de –lh por –i, como
em fio (filho).
c) Supressão do –r em final de verbos (estudá, assiná) e de substantivos (cantô, amô).
d) Ausência de concordância nominal (poeta das brenha) e substituição de –i por –é
(veve).
e) Uso de palavras típicas de uma região (menestré) e inversão da ordem sintática mais
comum (eu sei meu nome assiná).
RESPOSTA COMENTADA

Questão 1
Resposta correta: C
Resolução comentada:
Maitê Proença faz sua reflexão na modalidade oral, em forma de comentário, e a
característica mais marcante neste trecho são as interrupções e reformulações: a atriz
interrompe a frase e constrói uma nova, o que é típico da oralidade. Não observamos
ausência de concordância nem o uso de gírias e coloquialismos, pois a atriz é uma
pessoa letrada e que, por ser uma figura pública e estar falando para a TV, controla a
sua fala, procurando obedecer à norma gramatical.

Questão 2
Resposta correta: A
Resolução comentada:
Na modalidade oral nós utilizamos um recurso que é bastante comum em algumas
línguas, denominado tópico, repetido depois por um pronome. É o que acontece na
seguinte frase quando enunciada na fala: “mas essa mulher, ela também participa?”.
Nesta frase, mulher não é o sujeito de participar, mas sim o tópico da frase, o assunto,
semelhante a algo como: “quero perguntar sobre essa mulher, ela participa do
mutirão?”. Neste caso, o sujeito é participar. Este é um procedimento bastante comum
na fala, mas na escrita podemos suprimi-lo ou introduzi-lo de outra forma, já que uma
das características desta modalidade é a possibilidade de planejamento e de reescrita.
As demais reescritas continuam mantendo elementos típicos da oralidade: “aí”,
“assim”, “né”, “tipo”, repetição (“que era um rapaz de Uberlândia” – bastava suprimir
“um rapaz”) e ausência de palavras na construção sintática (“estava mostrando”).

Questão 3
Resposta correta: C
Resolução comentada:
Apesar de a especialista fazer uma concessão e dizer que o internetês pode ser usado
se o falante souber utilizar corretamente a língua portuguesa, a sua fala defende
claramente que esta forma de linguagem é um desvio da norma padrão, já que
considera as formas “pq” e “vc” erros, e não formas típicas de certo registro
linguístico. Nesse sentido, ela acredita que oralidade e escrita não se misturam, já que
até na internet, onde há diversos espaços informais de interação, devemos usar a
norma culta. A especialista está errada em afirmar isso, pois usar a norma culta em
certos contextos na internet é, na verdade, inadequado. Além disso, o uso do
internetês em contextos nos quais ele não deveria ser usado não demonstra prejuízo
na competência linguística, mas sim pouca habilidade do sujeito com práticas letradas
de leitura e escrita.

Questão 4
Resposta correta: B
Resolução comentada:
O comentário do internauta reflete o imaginário que a sociedade tem sobre a língua,
de que a língua correta é aquela prescrita pela norma culta e que, portanto, ela deve
ser usada em todo e qualquer contexto, mesmo na oralidade. Além disso, segundo
essa perspectiva, não usar a norma culta demonstra falta de inteligência e de
conhecimento, o que é possível perceber na fala do internauta: “Desligou o cérebro,
deixou ligados somente os neurônios mínimos para sua sobrevivência, e em um
momento de folga deles cuspiu essa obra de arte”. Nesta perspectiva, o internetês
também é visto como um desvio da norma culta, sendo, portanto, condenado. Não há
qualquer marca linguística que nos leve a pensar que o internauta está construindo
uma ironia, ele de fato parece condenar o uso do internetês. A propaganda, na
verdade, não está fazendo uma crítica, pois ela afirma que “as coisas são como são”,
ou seja, o internetês existe e é usado dessa forma em um dado contexto, logo, não
haveria o que se questionar, o que é perfeitamente compreendido pelo internauta.

Questão 5
Resposta correta: D
Resolução comentada:
A ideia central do texto é de que só há um modo de usar a língua, a saber, aquele que
obedece às normas gramaticais. Nesta visão, a fala deveria ocorrer imitando a escrita,
o que é uma ideia bastante inverossímil e sem qualquer fundamento. Pensando nisso,
para o autor, quando se admite que há outras formas de se usar a língua, defende-se
necessariamente uma liberdade em que cada um pode criar seu próprio idioma, o que
também não faz sentido, uma vez que, como vimos, a modalidade oral também tem
suas regularidades e, mesmo falando de modo diferente do qual escrevemos, todos
nós nos compreendemos sem qualquer dificuldade. O texto sequer considera o
conceito de modalidade e não diz nada explicitamente sobre a comunicação.

Questão 6
Resposta correta: B
Resolução comentada:
Este poema de Drummond mostra bem a divisão que temos na nossa sociedade entre
modalidade oral e escrita. Quando somos crianças, aprendemos a língua por meio da
oralidade, e só com uma certa idade é que começamos a ter acesso à escrita,
especificamente quando entramos na escola. O poeta mostra a diferença entre os dois
modos de se usar a língua, mas valoriza a linguagem oral, pois a associa a relações
interpessoais (namoro com a prima) e a atividades cotidianas vitais (comer). Além
disso, mostra que sua relação com a gramática não é boa, já que utiliza termos como
atropelar, aturdir e sequestrar. Ou seja, a gramática tem um efeito negativo sobre o
autor. Este poema é bem representativo da visão de Drummond sobre a língua, pois o
poeta, assim como outros autores modernistas, privilegia a língua cotidiana, mais
próxima da fala, em detrimento de construções mais rebuscadas, típicas da escrita.

Questão 7
Resposta correta: C
Resolução comentada:
Ainda que possam haver nuances, considerando o contínuo em que ocorrem os
registros formal e informal, podemos classificar como gêneros tipicamente formais:
a palestra de um professor universitário, a notícia, o artigo de opinião, a defesa em
um tribunal, o editorial, o debate político, a matéria jornalística, a apresentação de
telejornal, o artigo de divulgação científica e a cerimônia de casamento (as palavras
que têm que ser proferidas para a sua realização). Já como gêneros tipicamente
informais, temos: o post de blog, a entrevista de entretenimento, o debate em
programa de entretenimento, a carta pessoal, o recado em rede social, a conversa
entre amigos, o tweet (postagem do Twitter), o anúncio publicitário, o bilhete pessoal
e o programa de rádio.

Questão 8
Resposta correta: B
Resolução comentada:
O bilhete pessoal, a entrevista de um ator a um programa de entretenimento e a
notícia de um tabloide são gêneros que utilizam tipicamente o registro informal, pois
deseja-se, nesses casos, estabelecer uma relação mais próxima com o interlocutor. Já
a carta aberta, a entrevista de um político a um telejornal, a notícia de jornal de grande
circulação e o sermão religioso utilizam geralmente o registro formal, pois são
empregados em situações de interesse público, que exigem seriedade, objetividade e
formalidade.

Questão 9
Resposta correta: D
Resolução comentada:
É claro que, quando falamos de registro formal e informal, devemos considerar
diversos aspectos da situação comunicativa, especialmente os participantes da
interação. Porém, os gêneros têm certas características que são típicas e em geral se
mantêm, mesmo que um ou outro aspecto possa variar. Assim, o pronunciamento de
um presidente vai ser sempre muito formal, pois a situação exige isso; em seguida,
uma matéria divulgando uma nova descoberta científica, pois para que ela seja
plausível e digna de crédito deve inspirar seriedade e confiança; depois viria a notícia
de um produto cultural, que é um meio termo em relação ao registro (a linguagem não
é tão rebuscada quanto na matéria de divulgação científica, mas continua respeitando
a norma culta); em seguida, a propaganda de banco e, por fim, a carta trocada entre
irmãos, que utiliza uma linguagem simples e familiar, indicando proximidade, sendo,
portanto, o gênero mais informal da lista.

Questão 10
Resposta correta: A
Resolução comentada:
Este texto é um bom exemplo de cruzamento entre o registro formal e o informal, pois
obedece às regras gramaticais e à norma culta, mas utiliza uma linguagem simples,
com vários termos coloquiais. Isso acontece porque a crônica é um gênero literário,
logo, preza pela correção gramatical; no entanto, por tratar de temas cotidianos,
necessita utilizar uma linguagem simples, coloquial, que esteja mais próxima do leitor
e que gere essa familiaridade entre autor e leitor, simulando uma espécie de conversa.
Por isso, a crônica é um bom exemplo do contínuo entre os registros formal e informal
que encontramos no uso da língua.
Questão 11
Resposta correta: B
Resolução comentada:
A crônica é um gênero que utiliza uma linguagem literária, mas que circula em geral
em jornais e revistas, portanto, podemos dizer que é um gênero que circula nas duas
esferas (literária e jornalística). Por esse motivo, ela é um bom exemplo de cruzamento
entre os registros formal e informal: do registro formal, ela preserva o respeito à
norma culta, uma vez que está filiada à literatura (ligada à cultura letrada); do registro
informal, ela utiliza expressões e termos coloquiais, além de uma linguagem simples,
com o objetivo de aproximar-se do leitor, já que aborda temas comuns a ambos (autor
e leitor). A crônica, em geral, tem um tom de humor, mas não é o registro que produz
esse humor, e sim alguns recursos linguísticos, como o exagero e a ironia.

Questão 12
Resposta correta: D
Resolução comentada:
O médico deverá realizar suas palestras empregando uma mistura dos registros
formal e informal, respeitando a norma culta e utilizando os termos próprios da
medicina, já que o objetivo é levar conhecimento a essas mulheres, porém em uma
linguagem simples, que possa ser entendida por elas, estabelecendo comparações e
equivalências, pois, muito provavelmente, são mulheres com pouca escolaridade.
Assim, ainda que o médico tenha um alto letramento e um grande conhecimento
científico, ele precisa considerar a plateia para a qual irá se dirigir, pois, caso contrário,
sua palestra será inútil, já que a plateia não conseguiria entender o conteúdo se ele
fosse veiculado em um registro muito formal.

Questão 13
Resposta correta: B
Resolução comentada:
O conceito de norma, nos estudos linguísticos, diz respeito a regras linguísticas que
podem ser observadas em qualquer variante da língua. No entanto, quando falamos
em norma gramatical, estamos falando de apenas uma variante da língua, aquela
considerada correta e tomada como o padrão a ser seguido, ou seja, trata-se de uma
variante de prestígio. Apesar de ser constituída também por palavras rebuscadas, não
é só isso que a caracteriza como variante culta. Trata-se de uma variante altamente
valorizada, uma vez que é utilizada pelos documentos oficiais e pelos materiais de
produção e divulgação de conhecimento, como é o caso do texto apresentado, da
revista Ciência hoje.

Questão 14
Resposta correta: C
Resolução comentada:
É natural que as variantes linguísticas sejam determinadas por um cruzamento de
diversos fatores sociais, uma vez que não é possível ser apenas mulher ou jovem,
escolarizado ou velho, pobre ou homem etc. Um enunciado típico de uma variante
social que cruze idade e gênero (feminino) é o seguinte: “Ai, amiga, eu super fiquei
constrangida, mesmo ele sendo muito fofinho”. Nele, encontramos duas marcas
tipicamente utilizadas por adolescentes e mulheres jovens, que são o vocativo
“amiga” e a construção “super” (modificador) + verbo em “super fiquei”, e uma marca
utilizada pelas mulheres em geral, que é o uso expressivo de diminutivos, como
fofinho.

Questão 15
Resposta correta: B
Resolução comentada:
O enunciado “Nóis num pudia concoRdá cum aquilo, intão voRtemo lá e pidimu uma
ixpricação” é um bom exemplo de cruzamento das variantes regional e social, pois é
típico dos falantes da zona rural do interior de São Paulo (regional) com pouca ou
nenhuma escolaridade (social).

Questão 16
Resposta correta: A
Resolução comentada:
As variantes regionais dizem respeito às diferenças linguísticas encontradas em
diferentes regiões. O item I traz marcas típicas de dialetos nordestinos, especialmente
o baiano, como o marcador conversacional “ôxe”, a preferência pelo uso de tu em vez
de você, o uso da palavra aperreado, típica do nordeste, e a troca do –s, em meio de
palavra, por –r. Já o item III traz marcas típicas do dialeto caipira, presente nas zonas
rurais do Sudeste, especialmente de Minas Gerais e São Paulo, tais como a troca de –l
por –r em arguém/alguém, o uso da expressão ter precisão, em vez do verbo precisar, e
a contração da preposição com e do pronome você reduzido, cocê. Os itens II e IV são
exemplos de variantes sociais de pouca escolaridade e idade, respectivamente.

Questão 17
Resposta correta: E
Resolução comentada:
Uma das variações possíveis na língua é a variação social por idade. Os jovens tendem
a querer se destacar como grupo, desenvolvendo uma identidade própria, o que irá
determinar o modo como a língua é usada. Nesta variante, procura-se usar muitas
gírias, de modo que, muitas vezes, de fato fica difícil para os mais velhos
compreenderem o que os jovens estão falando. Na imagem, é esta variante que se
destaca pelo modo como as personagens são caracterizadas: as pessoas que falam
gírias têm uma aparência jovem e com roupas e cabelos mais modernos em
contraposição a uma mulher de óculos e cabelos brancos que não entende o que os
jovens dizem, representando-se, portanto, a variação linguística por idade.

Questão 18
Resposta correta: C
Resolução comentada:
A língua pode variar também quanto ao gênero. Podemos observar isso por meio de
certas marcas linguísticas que são comuns a cada uma dessas variantes: enquanto os
homens falam mais gírias e palavrões, as mulheres têm uma linguagem que expressa
mais afetividade, por meio do uso do diminutivo e de intensificadores. Há diferenças
também quanto ao uso do vocativo: os homens usam mais véio e cara para se dirigir a
outros homens, mas em geral não o fazem quando se dirigem a uma mulher; o mesmo
ocorre com o vocativo menina, que é usado entre mulheres.

Questão 19
Resposta correta: C
Resolução comentada:
A imagem representa uma atitude de preconceito linguístico, pois a escrita divergente
da norma padrão é vista como uma qualidade negativa, sendo associada à falta de
inteligência ou de erudição, opondo-se, portanto, à qualidade positiva de ser bonito.
Questão 20
Resposta correta: A
Resolução comentada:
É possível perceber que o poema foi escrito na variante de um homem do campo, com
pouca escolaridade, devido à troca de –l por –r em final de sílaba que, com o tempo,
passa a ser falada também sem esse –r final (papel > paper > papé), característica da
variante rural, e a movimentação do –r do meio da sílaba para o seu final (procura >
percura; entreter > enterter), característica da variante social de pessoas com pouca
escolaridade. Outras marcas que vemos no poema não são típicas de pouca
escolaridade, mas sim da oralidade de diversas variantes, como a supressão do –r em
final de verbos (estudá, assiná) e a ausência de concordância nominal. Menestré
(menestrel) não é um termo regional, a inversão de ordem sintática é mais
característica da variante culta e a criação de palavras novas (neologismo) ocorre em
qualquer variante, não é marca de uma variante específica, porém, é certo que, entre
pessoas não escolarizadas, ela pode ser mais produtiva. A substituição de –i por –é é
uma marca de variante social e a supressão de –r em final de substantivos é uma
marca de variante regional.

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