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MON Princípios Gerais de Vigilância
ECM Aspectos Económicos e de Efeitos Conjugados
ENE Técnicas de Eficiência Energética
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
RESUMO
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
A apresentação da versão em português do documento É importante salientar que, de acordo com os relatórios
MTD (Melhores Tecnologias Disponíveis), é um importante conhecidos, as fábricas que já adoptaram as MTD, com
instrumento de trabalho que agora pomos à disposição dos elevado grau de produção, pessoal altamente qualificado e
Empresários e Quadros Técnicos das Empresas do Sector que investem em I&D, são viáveis a longo prazo.
de Cerâmica, com vista à viabilidade comercial das empre-
sas que o constituem. Porém, há muitas instalações onde é importante uma imple-
Diremos mesmo que se trata de um documento elementar mentação prudente, baseada numa ponderação cautelosa
a essa viabilidade, já que nele se contém as tecnologias, dos planos de aperfeiçoamento económico e ambiental e
os processos e os métodos de referência para que o nível das limitações da própria empresa, para se atingir um ren-
desejado de sustentabilidade das empresas e da própria dimento ambiental e económico sustentáveis, sem correr o
indústria, possa ser alcançado ao longo de um período risco de encerramento.
considerável de tempo, em instalações que sejam objecto
de manutenção e exploração adequadas. A constatação de que estamos perante um documento de
referência sectorial, e de que importa por isso divulgar e
Para as instalações existentes, os níveis gerais das MTD aprofundar o seu conhecimento, justificou o esforço e em-
não constituem o limite da ambição desejável, mas sim penhamento possíveis por parte da APICER mas, mesmo
a procura de que esses níveis possam ser excedidos, de assim, só foi possível concretizar este trabalho graças ao
acordo com a aplicabilidade técnica e económica das apoio dado pela Direcção Geral de Geologia e Energia e pelo
técnicas em cada caso. CEDINTEC, entidades às quais agradecemos o acolhimento
Os níveis associados às MTD´s descritos não são valores- favorável que deram a esta publicação.
limite de emissão nem de consumo, não devendo ser Um agradecimento também devido à tradutora Drª Cláudia
interpretados como tal, como se especifica claramente Jorge e Engº Baio Dias e Engª Marisa Almeida do Centro
em vários pontos do documento, mais concretamente na Tecnológico da Cerâmica e Vidro, pelo esforço conjugado
introdução do Capítulo 5. num trabalho de tradução muito técnica e por isso com
elevado grau de complexidade.
Por outro lado, e não se tratando de normas jurídicas vin-
culativas, permitirão sobretudo fornecer informações para
orientação da indústria, de modo a garantir um elevado
grau de protecção das várias vertentes ambientais. Como o
próprio nome indica trata-se de um documento de referên-
cia e não de uma norma ou Regulamento.
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
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PREFÁCIO
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
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Manufactureira Cerâmica
O presente documento abrange as actividades industriais especificadas na secção 3.5 do anexo I da Directiva 96/61/CE:
“3.5. Instalações de fabrico de produtos cerâmicos por cozedura, nomeadamente telhas, tijolos, refractários, ladrilhos, produtos
de grés ou porcelanas, com uma capacidade de produção superior a 75 toneladas por dia, e/ou uma capacidade de forno superior
a 4 m³ e uma densidade de carga enforna por forno superior a 300 kg/m³”.
Para efeitos do presente documento, as actividades industriais abrangidas por esta descrição serão referidas como «a indústria
cerâmica».
Os vários sub-sectores da indústria cerâmica integram um amplo leque de matérias-primas e de técnicas de fabrico, mas todos
envolvem a selecção de argilas e de outros materiais, sobretudo inorgânicos, que são sujeitos a transformação, secagem e coze-
dura. Os principais sub-sectores baseados nos produtos de cerâmica fabricados (produtos cerâmicos) são:
— azulejos e ladrilhos
— tijolos e telhas
— louça utilitária e decorativa (cerâmica doméstica e ornamental)
— produtos refractários
— louça sanitária
— cerâmicas técnicas
— tubos de grés (condutas de argila vitrificada)
— agregados de argila expandida
— abrasivos com ligante inorgânico
O documento abrange, para além das actividades básicas de fabrico, as actividades directamente associadas que possam ter
efeitos sobre as emissões ou sobre a poluição. Assim, são tratadas actividades que vão da preparação das matérias-primas à
expedição dos produtos acabados. Certas actividades, como a extracção das matérias-primas, não estão abrangidas, porque não
se considera que estejam directamente associadas à actividade primária. Por exemplo, não é tratada a extracção de matérias-
primas. As actividades abrangidas são:
— selecção e preparação de matérias-primas – sobretudo à base de argilas e/ou outros minerais inorgânicos
— conformação do material – normalmente a partir de matérias-primas no estado plástico
— secagem do material e eventual vidragem
— cozedura
— subsequente tratamento e embalagem.
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1. Informação Geral 17
sobre o Fabrico Prevenção e Controlo
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Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
de Produtos Cerâmicos
1.1 Origens históricas 18
1.2 Características dos produtos cerâmicos 18
1.3 Distribuição geográfica e considerações gerais de ordem 19
económica
1.4 Aspectos ambientais relevantes 19
1.5 Subsectores da indústria cerâmica 20
1.5.1 Tijolos e telhas 21
1.5.2 Tubos de grés 22
1.5.3 Produtos refractários 22
1.5.4 Agregados de argila expandida 23
1.5.5 Azulejos e ladrilhos 23
1.5.6 Louça utilitária e decorativa 25
1.5.7 Louça sanitária 25
1.5.8 Cerâmicas técnicas 25
1.5.9 Abrasivos com ligante inorgânico 26
18 1.1 Origens históricas
O termo «produtos cerâmicos» deriva do grego «keramos», que significa «terra queimada» e é utilizado para descrever materiais
da indústria de loiça. Pesquisas recentes mostram que a transformação da argila teve início por volta de 19 000 AC. Os achados
mais antigos de loiça no sul do Japão datam de 8000 AC a 9000 AC. Já em 4000 AC se utilizavam tijolos cozidos para a constru-
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ção de torres de templos, palácios e fortificações. Há mais de 2000 anos, os Romanos disseminaram a técnica do fabrico do tijolo
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA por grandes zonas da Europa. No Egipto, em 2600 AC, utilizavam-se placas cerâmicas vidradas como decoração de paredes de
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pirâmides e, na China, a arte do fabrico da porcelana é conhecida desde 1000 AC.
Armazenamento
das matérias-primas
na fábrica de cerâmica
e transporte interno
Preparação
das matérias-primas
Ruído
Produção
dos moldes Moldagem
Tratamento dos
efluentes gasosos,
despoeiramento
Coloração Emissões
Secagem para a atmosfera
Recilagem
As melhores técnicas disponíveis para a protecção ambiental integrada na indústria cerâmica mencionadas no presente docu-
mento relacionam-se com os processos empregues na zona enquadrada.
1.3 Distribuição geográfica e considerações gerais de ordem económica
Existem argilas em muitos locais da Europa, pelo que produtos cerâmicos como os tijolos, que são relativamente baratos mas têm
custos de transporte elevados, devido ao seu peso, são fabricados em praticamente todos os Estados-Membros. As tradições de
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construção e considerações ligadas ao património tiveram como resultado a existência de tamanhos unitários diferentes de país
para país. Os produtos mais especializados, que atingem preços mais elevados, tendem a ser produzidos em poucos países, que Prevenção e Controlo
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dispõem das matérias-primas especiais necessárias e – factor igualmente importante – de uma tradição em termos de compe- Documento de Referência
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tências e de especializações. Por exemplo, uma grande percentagem de ladrilhos cerâmicos é fabricada na Itália e na Espanha, Manufactureira Cerâmica
de loiça de mesa no Reino Unido, Alemanha e França e de condutas de argila vitrificada na Alemanha, Reino Unido, Bélgica e
Países Baixos.
O comércio internacional de azulejos e ladrilhos, produtos refractários, loiça de mesa e loiça ornamental, cerâmica técnica, con-
dutas de argila vitrificada e louças sanitárias é considerável.
A importância da indústria cerâmica em termos de emprego e economia é apresentada na tabela que se segue [20, CERAME-
UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Sector da indústria cerâmica Produção em 2000 UE-15 Vendas em 2003UE-15 Mão de Obra em 2003
(em milhões de toneladas) (em milhões de Euros) (x 1000)
Azulejos e ladrilhos 25,0 10 100 69
Tijolos e telhas 55,0 6800 50
Louças de mesa e louças ornamentais 0,5 2000 48
Produtos refractários 4,5 3100 18
Louças sanitárias 0,5 1900 25
Cerâmicas técnicas 0,15 2000 9
Tubos de grés (condutas de argila vitrificada) 0,7 300 2
Agregados de argila expandidos (2002) 3,0 300 2,5
Abrasivos com ligante inorgânico (2003) 0,04 260 3,1
Tabela 1.1 : Valores de produção, vendas e mão de obra no sector da indústria cerâmica
— emissões para o meio aquático: estas ocorrem sobretudo durante os processos de fabrico de produtos cerâmicos, mais
especificamente durante o fabrico de produtos cerâmicos tradicionais, e as águas residuais de processo contêm fundamen-
talmente componentes minerais (partículas insolúveis). Dependendo do método de produção, as águas residuais de processo
contêm também outras matérias inorgânicas, pequenas quantidades de diversas matérias orgânicas e ainda alguns metais
pesados. Além da água de processo, frequentemente limpa e reutilizada em circuitos fechados, também a água de arrefeci-
mento, águas pluviais e águas residuais sanitárias (domésticas) podem contribuir para a emissão de água da fábrica.
— perdas de processo/resíduos: as perdas de processo provenientes do fabrico de produtos cerâmicos consistem sobretudo
nos seguintes materiais:
- diferentes tipos de lamas (lamas provenientes do tratamento das águas residuais de processo, lamas de vidragem, lamas
de gesso, lamas de trituração)
- artigos quebrados ou cacos provenientes de moldagem, secagem, cozedura e material refractário
- poeiras oriundas do tratamento de efluentes gasosos e unidades de despoeiramento
- moldes de gesso usados
- agentes de sorção usados (calcário granular, poeira calcária)
- resíduos de embalagens (plástico, madeira, metal, papel, etc.)
- resíduos sólidos, p. ex., cinzas provenientes da cozedura com combustíveis sólidos.
Partes das perdas de processo acima mencionadas podem muitas vezes ser recicladas e reutilizadas na fábrica, tendo em conta
20 as especificações dos produtos e as exigências dos processos. Os materiais que não podem ser reciclados internamente são re-
tirados das fábricas como resíduos e são enviados para reciclagem noutro local ou para tratamento em estações de tratamento.
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— consumo de energia/emissões de CO2: todos os sectores da indústria cerâmica envolvem um consumo intensivo de ener-
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entre 800 e 2000 ºC. No fabrico de porcelana, a energia é responsável por entre menos de 10% e 18% dos custos totais. No
fabrico de tijolos, a percentagem correspondente a custos energéticos varia entre 17 e 25%, atingindo, no máximo, 30%.
A tabela que se segue representa o consumo específico de energia da indústria cerâmica na Europa [30, TWG Ceramics, 2005]:
Hoje em dia, o gás natural, o gás de petróleo liquefeito (propano e butano) e o fuelóleo leve UL são os combustíveis mais utilizados
para a cozedura, enquanto o fuelóleo pesado, o gás natural liquefeito (GNL), o biogás/biomassa, a electricidade e os combustíveis
sólidos (p.ex.: hulha, coques de petróleo) podem igualmente ser utilizados como fontes de energia para os queimadores. A utiliza-
ção de fuelóleo pesado, carvão e coques de petróleo limita-se fundamentalmente a fábricas de tijolos.
A tabela abaixo enumera a percentagem representada pelos diferentes combustíveis no consumo total de combustível (excepto
de electricidade) na Alemanha, de acordo com os diversos sectores [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005].
Os produtos da indústria cerâmica «fina» ou «tradicional e industrial» diferem dos produtos da indústria cerâmica «grosseira» ou
«de construção», em princípio, pela sua textura. A fronteira entre os produtos destas duas indústrias varia entre diâmetros de par-
tículas equivalentes de 0,1 mm e 0,2 mm. Os produtos cerâmicos «grosseiros» ou «de construção» exibem uma heterogeneidade
superior a 0,2 mm, mas a fronteira entre os produtos «finos» ou «tradicionais e industriais» e «grosseiros» ou «de construção»
não está hoje em dia bem fixada. Por exemplo, a tecnologia de processamento para produtos cerâmicos «finos» ou «tradicionais 21
e industriais» é utilizada para o fabrico de produtos super-refractários. Por conseguinte, este documento não segue a distinção
entre os dois grupos acima referida, limitando-se a distinguir entre os seguintes nove sectores de produtos cerâmicos [32, TWG Prevenção e Controlo
Ceramics, 2006]: Integrados da Poluição
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Disponíveis na Indústria
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— tijolos e telhas
— condutas de argila vitrificada
— produtos refractários
— agregados de argila expandida
— azulejos e ladrilhos
— louças de mesa e louças ornamentais (cerâmica doméstica)
— louças sanitárias
— cerâmicas técnicas
— abrasivos com ligante inorgânico
— tijolos de construção (p. ex., blocos de argila, tijolos de revestimento, tijolos industriais (tijolos de clínquer) e tijolos leves)
— telhas (p. ex., telhas extrudidas, telhas prensadas)
— tijolos para pavimentos
— tijolos para chaminés (p. ex., condutas de chaminés).
Devido às diferentes técnicas de fabrico, os vários tipos de fábricas de tijolos especializaram-se em variados grupos de produtos,
das telhas de argila aos tijolos de construção.
Em 2003, a indústria europeia de tijolos de argila e telhas apresentava um volume total de vendas de cerca de 6800 milhões de
euros e uma força laboral de cerca de 50 000 trabalhadores [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005].
A comparação dos dados [3, CERAME-UNIE, 2003] relacionados com os habitantes dos seguintes países (situação em 2001)
indica:
— a produção de telhas é elevada em França (0,89 m2 por habitante), seguida pela Itália (0,61), Alemanha (0,54), Espanha
(0,5), Suíça (0,48), Dinamarca (0,4) e Áustria (0,28). Noutros países, como o Reino Unido e a Bélgica, a produção de telhas é
muito inferior. A Finlândia e a Noruega não produzem telhas
— os tijolos e blocos são fabricados em todos os países da Europa dos 15. A produção mais elevada regista-se na Bélgica
(0,29 m2 por habitante), seguindo-se a Espanha (0,28), a Itália (0,26), a Áustria (0,24), a Alemanha (0,17) e a Suíça (0,08),
sendo os valores mais baixos nos outros países.
As unidades perfuradas são importantes, p. ex., na Áustria (97%) e na Alemanha (87%); os tijolos de revestimento nos Países
Baixos (94%), no Reino Unido (82%) e na Dinamarca (85%). As unidades ocas são preferidas na França (63%) e na Itália (62%).
O número médio de trabalhadores por fábrica varia entre os diferentes Estados europeus:
— Reino Unido (66)
— Bélgica (44)
— França (39) e Países Baixos (38)
— Áustria (35), Alemanha (34) e Itália (34)
— Suíça (24) e Dinamarca (21).
22 1.5.2 Tubos de grés
Os tubos de grés são utilizados em canalização e esgotos, mas também em tanques para ácidos e produtos para estábulos. A
produção anual em 2000 na Europa dos 15 ascendeu a 708 000 toneladas [3, CERAME-UNIE, 2003] [4, UBA, 2001].
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As fábricas estão situadas na Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Reino Unido, sendo os seus produtos fornecidos a todos
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA os Estados-membros da Europa dos 15 com base na Norma Europeia EN 295, ratificada em 1991 e entretanto aplicada em todos
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os Estados-membros da Europa dos 15 e da AECL e nalguns outros associados do CEN.
Neste documento, o termo «tubos» abrange os acessórios que, em conjunto, são necessários para formar os tubos subterrâneos
de transporte de esgotos.
A tabela abaixo apresenta a informação geral sobre a indústria de condutas de argila vitrificada na Europa, no ano 2000 [3, CERA-
ME-UNIE, 2003], [30, TWG Ceramics, 2005].
País BE DE IT NL UK UE-15
Número de habitantes (106) 10 82 57,5 15,7 58,5
Número de fábricas *) 1 8 1 2 5 17
Vendas anuais de condutas e acessórios (toneladas) 115 000 208 000 74 000 102 000 209 000 708 000
Número total de trabalhadores 250 500 150 213 800 1913
Média de trabalhadores por fábrica 377 115 207 107 220 166
*) Uma mesma fábrica pode explorar mais do que um forno
Tabela 1.4 : A indústria das condutas de argila vitrificada (tubos de grés) na Europa
A resistência dos materiais refractários a altas temperaturas define-se de forma a que o seu ponto de amolecimento não seja
inferior a 1500 ºC. Emprega-se geralmente uma classificação que distingue «materiais refractários», cujo ponto de amolecimento
se situa entre 1500 e 1800 ºC, de «materiais altamente refractários», cujo ponto de amolecimento é superior a 1800 ºC [23, TWG
Ceramics, 2005].
Inicialmente baseada na utilização de argilas de pureza superior como matéria-prima, o fabrico de produtos refractários assenta
agora no uso de uma maior diversidade de materiais, tanto naturais como sintéticos, muitos dos quais importados de países
exteriores à Europa.
A procura de produtos refractários está estreitamente vinculada aos níveis de produção e investimento das indústrias consumi-
doras. A título de exemplo, a quantidade de materiais refractários consumida por tonelada de produtos fabricados, como o aço ou
o cimento, diminuiu muito na última década devido à inovação e aos processos técnicos. O aumento da durabilidade dos reves-
timentos dos fornos de produção de aço ou das conchas de fundição, bem como o menor tempo requerido pela sua reparação e
manutenção, melhoraram marcadamente a produtividade das indústrias que os utilizam.
Os produtos refractários são normalmente aplicados nas indústrias que mais energia consomem, como a metalurgia, a indústria
cimenteira, a indústria petroquímica e a indústria do vidro. Dado que a qualidade do revestimento dos fornos é muito importante
para a eficiência energética dos seus processos, a indústria de produtos refractários tem nela um impacto considerável. A me-
lhoria contínua destes produtos permite – graças à melhoria do isolamento e maior duração do revestimento – o decréscimo do
consumo de energia específico do funcionamento das indústrias consumidoras.
O fabrico de produtos refractários na Europa dos 15 é o mais importante em todo o mundo; em 2001, a sua produção anual foi de
4,6 milhões de toneladas (liderada pela indústria alemã, cuja produção total foi estimada em 1,5 milhões de toneladas), corres-
pondendo a aproximadamente 3300 milhões de euros em 2002. Cerca de 65% desta quantia está associada à produção de ferro
e aço; 5 a 8% à produção de cimento, vidro e produtos cerâmicos e o restante à metalurgia não-ferrosa, à indústria química, à
indústria petroquímica, à produção de energia e à incineração. Em 2002, a Europa dos 15 empregava 18 505 trabalhadores [20,
CERAME-UNIE, 2004], [12, CTCV, 2004].
A tabela abaixo mostra o fabrico na Europa dos 15, relativo a 2001/2002, de produtos refractários [20, CERAME-UNIE, 2004],
[21, Almeida, 2004]. 23
Países Produção total em 2002 (103 toneladas)
Áustria (2001) 710 Prevenção e Controlo
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Benelux n.d. Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
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França 524 Manufactureira Cerâmica
Alemanha 931
Grécia (2001) 33
Itália 556
Países nórdicos (2001) 147
Portugal 23
Espanha 417
Reino Unido 204
Os produtos podem ser fabricados em qualquer quantidade e a sua granulometria e características podem ser adaptadas com
precisão para satisfazer o leque variado de exigências técnicas de numerosas áreas de aplicação.
Estes produtos são utilizados como material móvel ou ligado por cimento na indústria da construção (p. ex., em enchimentos
móveis, betão leve, blocos e outros componentes pré-fabricados em betão leve, betão leve estrutural para processamento in
loco), e também como elemento decorativo em jardins e arquitectura paisagística (p. ex., enchimento de taludes na construção
de estradas, substratos para telhados verdes, enchimento de filtros e canalizações).
A vasta gama de agregados leves (LWA) produzidos industrialmente cobre um espectro amplo de características técnicas. Pro-
priedades tais como a granulometria, a porosidade, o peso e a resistência dos grãos podem ser controladas durante os processos
de fabrico. Existem agregados com densidades de grão entre 0,15 e 1,7 kg/dm3 que se adequam a diversas exigências e aplica-
ções. Estes agregados leves possuem excelentes características de isolamento, devido ao grande número de poros finamente
distribuídos no interior do material. Os valores de condutividade térmica para enchimentos móveis de agregados leves produzidos
industrialmente variam entre 0,07 e 0,18 W/(mK), dependendo da granulometria e da densidade do material respectivo. A granu-
lometria normalizada é descrita na EN 13055 – 1 e EN 13055 – 2.
Além dos agregados de argila expandida, os agregados leves produzidos industrialmente também abrangem ardósia e xisto
expandidos, cinza residual, poeiras de hulha sinterizada e vidro expandido, mas este documento não trata destes outros grupos
de produtos.
Os fabricantes de agregados de argila expandida podem ser encontrados na Dinamarca, Alemanha, Suécia, Noruega, Finlândia,
Bélgica, Áustria, Polónia, Espanha, Itália, Portugal e República Checa. Na Europa Central e de Leste, a argila expandida é habitu-
almente conhecida por ‘keramzit’. Estima-se que a capacidade fabril total na Europa se situe em cerca de 10 milhões de metros
cúbicos.
As suas formas mais comuns são o quadrado e o rectângulo, mas existem também outras formas poligonais (hexágonos, octó-
gonos, etc.). Quanto ao tamanho, o lado dos ladrilhos varia desde escassos centímetros (mosaicos) a placas de 60 – 100 cm de
lado. A espessura varia entre 5 mm, nos azulejos, até mais de 25 mm no caso de alguns ladrilhos extrudidos.
São comercializados diversos tipos de ladrilhos cerâmicos: moldados por prensagem a seco ou extrusão; com corpos porosos,
24 compactos ou vitrificados; com corpos brancos (esbranquiçados) ou de cor (avermelhados); vidrados ou não-vidrados.
Os tipos de ladrilhos cerâmicos fabricados nos Estados-membros são semelhantes, embora difiram nalgumas características por
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motivos culturais, formais, funcionais, comerciais ou técnicos. Por conseguinte, é difícil estabelecer uma equivalência entre os
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE diferentes tipos de produtos e respectivas designações nos Estados-membros.
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De modo a ultrapassar esta dificuldade, foi adoptada uma classificação geral dos ladrilhos cerâmicos na normalização europeia
e internacional. Segundo a EN 14411, os ladrilhos cerâmicos dividem-se em nove grupos segundo o seu método de fabrico (mé-
todo de moldagem) e a sua absorção de água. A absorção de água está ligada à porosidade do material: uma absorção de água
elevada significa que a porosidade é elevada, enquanto uma absorção de água baixa está associada a uma estrutura compacta
e vitrificada.
Assume-se esta classificação como referência geral para este documento. Porém, os nove grupos especificados não reflectem
diferenças significativas quanto aos aspectos ambientais discutidos neste documento. Em consequência, e especificamente para
efeitos deste documento, serão utilizadas as classificações simplificadas indicadas na tabela abaixo [3, CERAME-UNIE, 2003].
Alguns ladrilhos cerâmicos não são abrangidos por esta classificação, pois, no total, representam uma parte ínfima por o seu
processo de produção e características serem bastante diferentes e por não estarem disponíveis informações significativas ou
úteis.
Classe Descrição/especificação
A Ladrilhos cerâmicos extrudidos
BIa Ladrilhos cerâmicos prensados a seco com baixa absorção de água
BIb-BII Ladrilhos cerâmicos prensados a seco com baixa absorção de água
BIII Ladrilhos cerâmicos prensados a seco com corpo poroso
Os azulejos e ladrilhos constituem produtos de revestimento de paredes e pavimentos importantes na indústria da construção e
da habitação; por esse motivo, o mercado de manutenção e reconstrução (restauro) é de particular relevância para estes produ-
tos. Entre as outras aplicações, podemos referir, p. ex., o uso de ladrilhos em fachadas exteriores, piscinas e áreas públicas.
A indústria europeia vende ladrilhos em todo o mundo, sendo, de longe, o seu maior exportador. Um quarto da produção europeia
é exportado para países não pertencentes à Europa dos 15: a indústria europeia é responsável por ¾ do comércio internacional de
ladrilhos. Em 2001, a indústria europeia vendeu perto de 1400 milhões de m2 de ladrilhos, com um valor total de 10 000 milhões
de euros. Nesse ano, a indústria empregou cerca de 71 000 trabalhadores [3, CERAME-UNIE, 2003]. Uma parcela significativa
desta indústria concentra-se em duas regiões: a região de Sassuolo, na Itália (Emilia-Romagna) e em Castellón, em Espanha
(Comunidade de Valência).
Para o fabrico de ladrilhos estão a ser utilizadas argilas altamente refinadas que, na sua maioria, podem ser obtidas na própria
Europa. Além disso, são empregadas diversas substâncias para a vidragem. A energia pode também ser considerada matéria-
prima, pois transforma as argilas em materiais cerâmicos por cozedura. As fontes energéticas utilizadas são sobretudo o gás
natural e a electricidade.
A tabela que se segue representa o consumo de energia por Estado-membro [20, CERAME-UNIE, 2004], [21, Almeida, 2004].
Tabela 1.7 : Consumo de energia por Estado-membro (consumo específico de energia em TJ por 1000 toneladas produzidas)
1.5.6 Louça utilitária e decorativa
O fabrico de cerâmica doméstica inclui a louça de mesa e os materiais artificiais e de fantasia em porcelana, faiança e grés fino.
Os produtos mais típicos são travessas, pratos, chávenas, taças, jarros e vasos. 25
Em comparação com outros produtos cerâmicos industriais importantes, a sua produção total é pequena, veja-se a Tabela 1.1. A Prevenção e Controlo
louça de mesa e a louça ornamental possuem uma relação completamente diferente entre o valor e o peso. Integrados da Poluição
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A louça de mesa e a louça ornamental estão de acordo com a descrição geral dos processos que se aplicam a todos os materiais
cerâmicos. A tabela abaixo resume a produção das diferentes louças [20, CERAMEUNIE, 2004], [21, Almeida, 2004].
Em comparação com outros produtos cerâmicos industriais importantes, como tijolos ou produtos refractários, a sua produção
total é pequena, veja-se a Tabela 1.1. A loiça sanitária possui uma relação entre valor e peso completamente diferente da dos
tijolos ou produtos refractários.
O fabrico de loiça sanitária segue processos semelhantes aos aplicados a todos os outros produtos cerâmicos. As matérias-
primas são misturadas com água de forma a produzir uma barbotina dotada das características pretendidas. Esta barbotina é
então armazenada em tanques e utilizada para a moldagem em barbotina em moldes separados ou em máquinas de moldagem à
pressão. O produto é fabricado directamente a partir das máquinas de moldagem à pressão ou é libertado dos moldes utilizados
para o processo de moldagem em barbotina. As peças têm de estar secas antes de poderem ser trabalhadas ou transportadas.
O vidrado é aplicado directamente sobre a superfície da argila e cozido à temperatura adequada ao produto em causa; normal-
mente, entre 1200 e 1210 ºC no caso da porcelana vitrificada e a cerca de 1220 ºC no caso da argila refractária.
A pulverização do vidrado confere a cor e profundidade à forma subjacente. A cor ou a combinação de cores necessária é obtida
associando pigmentos ao vidro. A maioria destes é constituída por óxidos metálicos. Em comparação com o peso das outras
matérias-primas (argila) e de outros constituintes, a quantidade de pigmento utilizada é mínima.
O produto acabado dá entrada no armazém ou instalações de armazenamento para escolha, expedição e distribuição.
As cerâmicas técnicas têm aplicação em muitas indústrias e cobrem tanto produtos existentes como isoladores, como novas
aplicações. Fornecem elementos para a indústria aeroespacial e automóvel (peças de motores, suportes de catalisadores), elec-
trónica (condensadores, elementos piezo-eléctricos), de produtos biomédicos (substituição óssea), ambiental (filtros) e muitas
outras.
Os fabricantes mais importantes de cerâmicas técnicas encontram-se na Alemanha, Reino Unido, França e Países Baixos.
26 Devido ao elevado valor acrescentado de alguns produtos de cerâmica técnica, certas partes desta indústria não exigem tanta
energia, face à sua produção, como outros sectores. Relativamente à massa, o consumo de energia é comparável. Estima-se que
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o nível total de vendas da indústria europeia se tenha situado em 2500 milhões de euros em 2001. Apesar de não existirem dados
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globalidade da indústria europeia [3, CERAME-UNIE, 2003] [23, TWG Ceramics, 2005].
Basicamente, pode efectuar-se uma distinção entre abrasivos rígidos («mós») e abrasivos aplicados («papel e tecidos abrasi-
vos»). Além disso, existem abrasivos em estado livre, que não possuem ligação sólida a uma base (p. ex., pastas de polimento).
Este documento trata apenas de «abrasivos com ligante inorgânico», um subgrupo dos abrasivos rígidos.
Um abrasivo com ligante inorgânico (ou «mó abrasiva vitrificada», como indicam os fabricantes) é uma ferramenta em que um
abrasivo sintético – os materiais abrasivos actualmente utilizados são alumina fundida especial, corindo sintético, carboneto de
silicone, nitreto de boro cúbico (CBN) ou diamante, pré-peneirados de forma a adquirir uma granulometria uniforme – é misturado
com um ligante vitrificado (a razão normal por peso é de nove partes de abrasivo para uma parte de base).
De seguida, o produto é cozido a uma temperatura tal que a base (p. ex., vidro, argila), que constitui o elemento ligante, vitrifique
e, após o arrefecimento, se ligue aos grãos abrasivos [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
27
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28 2. Processos e Técnicas
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aplicados no Fabrico
de Produtos Cerâmicos
2.1 Matérias-primas 30 2.2.7.4 Fornos contínuos 39
2.2 Descrição geral do processo de produção 30 2.2.7.4.1 Fornos de câmara (Hoffmann) 39
2.2.1 Armazenamento e transporte de matérias-primas 31 2.2.7.4.2 Fornos de túnel 39
2.2.2 Preparação das matérias-primas 31 2.2.7.4.3 Fornos de rolos 40
2.2.2.1 Pré-secagem 31 2.2.7.4.4 Fornos de placas deslizantes 40
2.2.2.2 Pré-mistura 31 2.2.7.5 Cozedura em pilha 40
2.2.2.3 Desagregação/ maturação 31 2.2.7.6 Fornos rotativos 41
2.2.2.4 Moagem primária e secundária e peneiração 32 2.2.7.7 Leitos fluidificados 41
2.2.2.5 Moagem por via seca ou húmida 32 2.2.7.8 Recuperação de calor durante o arrefecimento 41
2.2.2.6 Peneiração a seco/ separação pneumática 32 2.2.8 Tratamento subsequente (acabamento do produto) 41
2.2.2.7 Secagem por atomização 32 2.2.8.1 Rectificação (rectificação, perfuração, serragem) 41
2.2.2.8 Calcinação 32 2.2.8.1.1 Rectificação a húmido 41
2.2.2.9 Materiais de base sintéticos 33 2.2.8.1.2 Rectificação a seco 41
2.2.2.10 Fritas e vidrados, preparação do vidrado 33 2.2.8.1.3 Perfuração 41
2.2.3 Mistura dos componentes 33 2.2.8.1.4 Serragem 41
2.2.3.1 Geral 33 2.2.8.2 Polimento 42
2.2.3.2 Misturadores contínuos 33 2.2.8.3 Enriquecimento com carbono (produtos refractários) 42
2.2.3.3 Misturador de composição 34 2.2.8.4 Acabamento de tijolos face-à-vista 42
2.2.4 Conformação dos produtos 34 2.2.9 Materiais auxiliares adicionais 42
2.2.4.1 Geral 34 2.2.9.1 Materiais para juntas (tubos) 42
2.2.4.2 Prensagem 34 2.2.9.2 Silicones/produtos hidrófugos 42
2.2.4.2.1 Prensagem mecânica 34 2.2.9.3 Materiais de isolamento 42
2.2.4.2.2 Prensagem hidráulica 34 2.2.9.4 Revestimento (tijolos refractários) 42
2.2.4.2.3 Prensagem por impacto 34 2.2.9.5 Adesivos 43
2.2.4.2.4 Prensagem por fricção 34 2.2.9.6 Montagem final 43
2.2.4.2.5 rensagem isostática 35 2.2.10 Escolha, embalagem e armazenamento 43
2.2.4.3 Extrusão 35 2.2.11 Instalações de abastecimento e eliminação 43
2.2.4.4 Moldagem 35 (tratamento dos efluentes gasosos e tratamento
2.2.4.5 Enchimento 35 de águas residuais de processo)
2.2.4.6 Conformação por fusão 35 2.2.12 Reciclagem na indústria cerâmica 43
2.2.5 Secagem dos produtos cerâmicos 35 2.2.13 Organigrama geral com as diferentes 44
2.2.5.1 Geral 35 vias de transformação
2.2.5.2 Secador de pavimento aquecido 36 2.3 Descrição das técnicas de fabrico 45
2.2.5.3 Secadores2de câmaras (intermitentes) 36 de produtos cerâmicos por subsector
2.2.5.4 Secadores de túnel (contínuos) 36 2.3.1 Tijolos e telhas 45
2.2.5.5 Secadores de prateleiras verticais 36 2.3.1.1 Matérias-primas 46
2.2.5.6 Secadores de rolos horizontais de vários andares 36 2.3.1.2 Preparação das matérias-primas 48
2.2.5.7 Secadores desumidificadores 37 2.3.1.3 Conformação 49
2.2.5.8 Secadores a infravermelhos e microondas 37 2.3.1.4 Secagem, vidragem e engobagem 49
2.2.6 Tratamento da superfície e decoração 37 2.3.1.5 Cozedura 2 49
dos produtos cerâmicos 2.3.1.6 Tratamento subsequente 51
2.2.6.1 Texturização dos produtos cerâmicos 37 2.3.1.7 Fluxos de entrada e de saída no fabrico de tijolos e telhas 51
2.2.6.2 Revestimentos aplicados 37 2.3.2 Tubos de grés 52
2.2.6.3 Vidragem, engobagem e outras técnicas decorativas 37 2.3.2.1 Matérias-primas 53
2.2.7 Cozedura 38 2.3.2.2 Preparação das matérias-primas 54
2.2.7.1 Objectivos da cozedura 38 2.3.2.3 Conformação 54
2.2.7.2 Alterações físico-químicas durante a cozedura 38 2.3.2.4 Secagem e vidragem 54
2.2.7.3 Fornos intermitentes (periódicos) 39 2.3.2.5 Cozedura 54
29
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
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Os minerais argilosos normais («argilas plásticas») são alumino-silicatos hidratados resultantes da erosão das rochas. A estrutura
cristalo-química dos minerais argilosos é constituída por unidades estruturais tetraédricas e octaédricas. A “estrutura tetraédrica”
é composta geralmente por tetraedros de silício Si4+ rodeados por quatro iões de oxigénio. A “estrutura octaédrica” é composta
geralmente por octaedros de alumínio Al3+ rodeados por seis grupos hidroxilo. Estas estruturas octaédricas de alumínio conden-
sam-se com as estruturas tetraédricas de sílica, formando assim os minerais argilosos.
A designação de minerais argilosos abrange diversas nomenclaturas, sendo as mais comuns a «caulinite» (Al2O3·2SiO2·2H2O),
«montmorilonite» (Al2O3·4SiO2H2O) e “haloisite” (Al2O3·2SiO2·3H2O). [8, Ullmann’s, 2001], [11, Shreve, 1945].
Os produtos cerâmicos técnicos avançados, que contêm pouca ou nenhuma argila, baseiam-se nos seguintes materiais: óxidos,
carbonetos, nitretos e boretos de Al, Mg, Mn, Ni, Si, Ti, W, Zr e de outros iões metálicos. Exemplos correntes são o Al2O3 (alumi-
na), MgO (magnésia ou óxido de magnésio), SiC (carboneto de silício), TiN (nitreto de titânio) e WB2 (boreto de tungsténio) [8,
Ullmann’s, 2001].
As argilas ou materiais argilíferos (argilas sedimentares, argila xistosa, argila limosa, marga) são utilizados sobretudo no fabrico
de tijolos, telhas e tubos de grés. Podem ainda ser acrescentados aditivos orgânicos (serradura, substâncias à base de ligante
de papel, poliestireno expandido) ou agentes auxiliares inorgânicos, como diatomite ou perlite, para obter um maior porosidade.
Na produção de tijolos face-à-vista e telhas, podem adicionar-se óxidos metálicos como MnO2, TiO2, Fe2O3, cromites (Cr2O3) e
minerais como CaCO3, CaMgCO3 para se obter a cor pretendida e/ou reforçar a porosidade do produto acabado. Pode ainda acres-
centar-se BaCO3 para reduzir a formação de eflorescências. Estes aditivos são acrescentados imediatamente antes do processo
de conformação ou aquando da preparação das matérias-primas, seja na forma sólida ou líquida.
Os produtos refractários são constituídos por argila, chamote (argila plástica calcinada e moída) e certas rochas naturais, como
quartzito, dolomite, bauxite e magnesite, mas também nos materiais sintéticos acima referidos, como corindo sinterizado, carbo-
neto de silício ou espinelas. Para produzir pastas comprimíveis, acrescenta-se ligantes às matérias-primas moídas.
A indústria da argila expandida utiliza argilas com expansibilidade específica, sendo utilizados aditivos (como agentes de fluxo,
auxiliares de dilatação e agentes de libertação) para favorecer a dilatação [26, UBA, 2005].
Os produtos fabricados pelas indústrias de azulejos e ladrilhos, cerâmica utilitária e decorativa e louça sanitária utilizam predo-
minantemente minerais argilosos funcionam como matérias-primas plásticas. Contudo, é frequente as cerâmicas técnicas e os
abrasivos com ligante inorgânico usarem apenas uma pequena quantidade de argila ou, no caso das cerâmicas técnicas, não
usarem nenhuma, sendo assim constituídos pelos boretos, carbonetos, óxidos e nitretos dos metais já mencionados. O quartzo,
o feldspato e, nalguns casos, a dolomite, a wolastonite e a esteatite são utilizados como materiais de fluxo. Diversos produtos
cerâmicos são vidrados ou possuem uma camada de engobe na superfície visível ou em toda a superfície.
Além das matérias-primas e agentes de fluxo acima referidos, são necessários para o fabrico de cerâmica outros agentes auxilia-
res, auxiliares de cozedura, combustíveis e agentes de adsorção. No processo de conformação, empregam-se aditivos e agentes
ligantes à base de barbotina orgânica. Os auxiliares de cozedura consistem em cápsulas, placas e suportes reutilizáveis e ignífu-
gos. No tratamento dos efluentes gasosos, utilizam-se agentes de adsorção como o carbonato de cálcio, o hidróxido de cálcio.
Em geral, as matérias-primas são misturadas e moldadas, prensadas ou extrudidas até se obter a forma pretendida. Normal-
mente, é utilizada água para conseguir uma mistura mais completa e para facilitar a conformação. Esta água é evaporada em
secadores e os produtos são depois colocados ou manualmente no forno (sobretudo no caso dos fornos que funcionam de forma
descontínua) ou em transportadores, passando depois através de fornos que funcionam em contínuo. Na maioria das situações,
os fornos são alimentados com gás natural, mas utiliza-se também gás de petróleo liquefeito, fuelóleo, carvão, coque de petróleo,
biogás/biomassa ou electricidade.
Durante o processo de cozedura, o produto adquire uma estrutura cerâmica irreversível. Isto exige que se mantenha um gradiente
de temperatura muito rigoroso durante a cozedura para que os produtos sejam submetidos a um tratamento correcto. Posterior-
mente, é necessário um arrefecimento controlado, de forma a que os produtos libertem o calor gradualmente e conservem a sua
31
estrutura cerâmica. Os produtos são depois embalados e armazenados para distribuição.
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De seguida, nas Secções 2.2.1 – 2.2.13, serão explicadas as fases do processo mais relevantes de uma fábrica cerâmica, bem Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
como as fases básicas e variações dos processos de produção [1, BMLFUW, 2003], [2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], Manufactureira Cerâmica
[4, UBA, 2001], [5, InfoMil, 2003], [6, Timellini, 2004], [7, Dodd, 1994], [8, Ullmann’s, 2001], [10, Navarro, 1998], [13, SYKE,
2004], [14, UBA, 2004], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005], [29, IMA-Europe,
2005], [30, TWG Ceramics, 2005], [32, TWG Ceramics, 2006].
Quanto às condições para a medição do caudal e concentrações, vejam-se as seguintes definições, também referidas no Glos-
sário:
m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de
oxigénio e em condições normais de pressão e temperatura (PTN).
condições normais (PTN) Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa.
Consoante as suas características e a etapa do processo, as matérias-primas são armazenadas em montes formados a céu
aberto, armazéns subdivididos em tulhas, doseadores de grande volume, silos de mistura, silos de envelhecimento, silos de ma-
turação e silos secos. Os silos estão equipados com indicadores de nível, válvulas de sobrecarga e filtros ou sistema de escape.
Alguns materiais são também fornecidos na forma líquida ou pastosa e, por conseguinte, são armazenados em tanques ou outros
reservatórios.
O equipamento de transporte no interior da fábrica é escolhido segundo as características do material deslocado, tais como a
granularidade, a resistência ao atrito e a fluidez, a temperatura, o caudal e o espaço atribuído. Os materiais são deslocados por
meio de máquinas de extracção como dragas, correntes transportadoras, transportadores de parafuso sem-fim, transportadores
pneumáticos e rampas. A barbotina é parcialmente bombeada através de condutas.
2.2.2.1 Pré-secagem
Por vezes, certas matérias-primas necessitam de ser pré-secas; nomeadamente, pode secar-se a areia utilizando uma tecnologia
de leito fluidizado ou por secadores rotativos. Muitas matérias-primas cerâmicas refinadas são adquiridas em fornecedores espe-
cializados – normalmente em estado seco.
2.2.2.2 Pré-mistura
A mistura das argilas pode iniciar-se no barreiro, ou seja, por escavação selectiva e disposição do material em camadas horizon-
tais sobrepostas e corte vertical do monte formado para abastecer a fábrica.
Os moinhos de martelos reduzem o tamanho por forças de impacto – os pedaços de matéria-prima nele inseridos fragmentam-se
quando atingidos pelos martelos em rotação rápida.
Os moinhos de galgas (por via seca ou húmida) são adequados para reduzir o tamanho das partículas das matérias-primas mais
plásticas. Os moinhos de galgas munidos de base perfurada garantem que as partículas apresentam um tamanho máximo defini-
do, e os moinhos de galgas por via húmida possuem a função acrescida de permitir a mistura das argilas com a adição de água.
Os laminadores são geralmente utilizados na indústria cerâmica estrutural para desintegrar, laminar e homogeneizar as partículas
de argila. Estas máquinas dispõem de pares de tarugos paralelos, de aço duro macio, que rodam em direcções opostas de forma
a que o material, introduzido entre os rolos, seja esmagado e laminado. A granulometria é controlada afinando o afastamento
entre os tarugos.
Os raladores (e também os moinhos de galgas) são úteis quando se utilizam matérias-primas plásticas, consistindo num sistema
de facas rotativas que esmagam a argila contra um tambor fixo perfurado. A argila é forçada a passar através das perfurações
sob a forma de “macarrão”.
Os moinhos pendulares possuem dois rotores com elementos de percussão. Estes rodam um contra o outro e permitem misturar
e desintegrar o material introduzido.
Os moinhos de bolas são a escolha usual na indústria de ladrilhos e azulejos cerâmicos e, quando utilizados por via húmida, podem
produzir pós de granulometria inferior a 200 microns.
Os sistemas de separação pneumáticos baseados em ciclones podem também ser utilizados para o dimensionamento granulo-
métrico das poeiras secas. De qualquer modo, o material de granulometria excessiva é alimentado de volta para o moínho.
2.2.2.8 Calcinação
Algumas matérias-primas de produtos cerâmicos são pré-cozidas, normalmente em fornos rotativos, fornos de túnel ou fornos
verticais, para aperfeiçoar as suas propriedades. Por exemplo, certos óxidos (como a dolomite ou a magnesite) necessitam de ser
calcinados a temperaturas elevadas, por vezes acima de 1800 ºC, para se tornarem adequados à utilização no fabrico de produtos
refractários. A calcinação de argilas (p. ex., caulino) reduz a retracção plástica dos corpos a que são adicionados, contribuindo
para o controlo da granulometria dos produtos e acelerando os ciclos de cozedura. Hoje em dia, certas empresas são especiali- 33
zadas na preparação de matérias-primas calcinadas, fornecendo o material pré-fabricado directamente às fábricas da indústria
cerâmica para transformação suplementar. Prevenção e Controlo
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sobre as Melhores Técnicas
Este documento não trata destes processos de calcinação de matéria-prima a montante, mas pode encontrar-se informação útil Disponíveis na Indústria
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a respeito de «óxidos calcinados» e «chamote, pigmentos e enchimentos (fillers) calcinados» no BREF sobre Cimento e Calcário
– onde se descreve a calcinação da dolomite; no BREF sobre Gestão de Resíduos e Estéreis da Actividade Mineira – onde se
descreve a transformação do caulino; na versão preliminar do BREF sobre a Indústria de Química Inorgânica em Grande Escala
(Sólidos e Outros) – onde se detalha a produção de óxido de magnésio e na versão preliminar do BREF sobre Química Inorgânica
de Especialidades, onde se detalha a produção de especialidades de pigmentos inorgânicos.
Além das fritas, os principais componentes do vidrado são a sílica (formadora de vidro) e aditivos que actuam como agentes
de fluxo (alcalinos, alcalino-terrosos, boro, chumbo, etc.), opacificantes (zircónio, titânio, etc.) e agentes corantes (ferro, crómio,
cobalto, manganésio, etc.).
No processo de preparação do vidrado, a frita e os aditivos são habitualmente moídos em moinhos descontínuos de bolas e
tambores até se adquirir um material pré-definido. O vidrado passa através de peneiros vibratórios e, em seguida, ajustam-se as
condições da suspensão aquosa. As características desta suspensão dependem do método de aplicação a usar.
Pode formular-se uma enorme variedade de vidrados, consoante o tipo de produto, a temperatura de cozedura e os efeitos e
propriedades do produto acabado que se pretendem.
A maioria das operações de modelação cerâmica requer matérias-primas com um teor em água ou ligante definido, sendo neces-
sário o doseamento exacto de aditivos menores como pigmentos, agentes anti-espuma e ligantes e a sua distribuição uniforme
na mistura. No fabrico de produtos refractários, as propriedades de alguns produtos são optimizadas pela mistura cuidadosa de
fracções de matéria-prima de diversas granulometrias. O doseamento dos componentes da mistura é agora frequentemente
automatizado, sendo os mecanismos de abastecimento controlados por computador de forma a permitir a rápida alteração da
«composição» da mistura. Nalguns casos, sobretudo no fabrico de tijolos, a argila é também misturada com aditivos combustí-
veis sólidos (como coque micronizado) para reduzir os tempos de cozedura.
Misturadores de eixo único: estes proporcionam uma mistura mais suave do que a versão de duplo eixo, mas são úteis para mis-
turar as argilas com água antes da extrusão. O misturador termina normalmente num sem fim (hélice de selagem) que comprime
a mistura de argila preparada.
34 Moinho de galgas: a função de moagem destes misturadores foi descrita na Secção 2.2.2.4. Na versão por via seca, o reservató-
rio roda e as galgas (duas rodas de aço pesado) possuem um eixo estacionário, enquanto na versão por via húmida o reservatório
é estacionário e as galgas correm por um percurso giratório em torno do eixo vertical. É possível amassar consideravelmente a
mistura de argila, água e alguns aditivos.
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Raladores e moinhos pendulares: estes foram também mencionados na Secção 2.2.2.4 e, mais uma vez, possuem a dupla função
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de proporcionar tanto uma excelente mistura como a desintegração do material.
Tambores misturadores: são adequados para misturar materiais relativamente secos de granulometria uniforme. Após carregado,
o tambor entra em rotação durante o período de tempo necessário.
Misturadoras rotativas (betoneira): estas funcionam pelo mesmo princípio das grandes betoneiras e, de preferência, devem ser
abastecidas com quantidades medidas dos componentes individuais enquanto o reservatório roda. Para obter uma mistura pro-
funda, utilizam-se raspadeiras deflectores, podendo estes misturadores mesclar argila granular com pós finos.
Amassadores de eixo rotativo: nesta versão, o reservatório é estacionário e o eixo central roda, sendo normalmente dotado de
braços que, por sua vez, sustentam pás rotativas. Estas últimas varrem o fundo do reservatório com um movimento planetário,
permitindo uma mistura de composição tão eficiente como o tipo de misturador rotativo.
Tanques de agitação: são empregues para misturar diversas lamas, barbotinas e suspensões aquosas utilizadas na indústria ce-
râmica. Embora se incluam normalmente os agentes de suspensão, é frequentemente necessário manter a acção agitadora até
que as barbotinas sejam utilizadas, quer seja no tanque de mistura, quer num tanque de armazenamento.
2.2.4.2 Prensagem
2.2.4.2.1 Prensagem mecânica
Este método ainda é utilizado no fabrico de tijolos maciços (p. ex., prensagem por via semi-seca) e de produtos refractários. A
cavidade dos moldes é carregada com um volume predefinido de grânulos de argila e a pressão é geralmente aplicada de cima e
de baixo, sendo os pistões movidos por acção de cames e auxiliados por volantes de grandes dimensões.
2.2.4.3 Extrusão
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A extrusão é muito utilizada no fabrico de tijolos e blocos de cerâmica, tubos de grés e ladrilhos e azulejos. O processo é ainda
usado para produzir «lastras» semi-acabadas para prensagem ulterior em telhas, formas refractárias, etc. O processo de extru-
são exige que a matéria-prima seja plástica, o que normalmente implica que o teor em argila seja elevado. O corpo plástico é
misturado com água até adquirir a consistência necessária, forçando-se depois através do molde da extrusoraa – normalmente,
por acção de um sem-fim forte. Antes do sem-fim, inclui-se normalmente uma etapa de desgasificação a vácuo para melhorar a
consolidação da pasta de argila. Por fim, esta é cortada nas unidades de comprimento pretendidas forçando secções da coluna
através de uma série de fios verticais fortemente esticados.
A extrusão adequa-se bem à produção contínua em larga escala de tijolos, tubos, etc. e é ideal para fabricar produtos perfurados,
como tijolos furados de construção.
2.2.4.4 Moldagem
Este é um método muito antigo de dar forma a objectos de argila – os primeiros tijolos que se conhecem (não cozidos) datam
de há mais de 10 000 anos. Em muitas partes do mundo ainda se utilizam regularmente sistemas de adobe. Empregava-se a
conformação manual, tendo-se desenvolvido moldes simples de madeira para garantir maior uniformidade do tamanho e da
forma. A conformação dos produtos de argila exige muito menos potência e energia do que a prensagem ou a extrusão, mas
requer uma mistura muito mais macia (húmida), o que provoca maior contracção na secagem e maior consumo de energia para
que sequem.
Os tijolos moldados produzidos pelo chamado processo de «soft-mud» possuem qualidades de textura e estética especiais muito
procuradas – sobretudo para manter o rico património arquitectónico de muitas cidades e regiões da Europa. Os tijolos moldados
à mão ainda são fabricados e atingem preços elevados, mas hoje em dia, na Europa Ocidental, muitos tijolos moldados são
produzidos mecanicamente em máquinas sofisticadas. As máquinas ainda «atiram» blocos individuais de argila para moldes pré-
cheios com areia. A conformação dos produtos também é realizada no subsector refractário para formar grandes produtos (que,
por vezes, ultrapassam a tonelada). A mistura, cuja viscosidade tem de ser precisa, é armada no molde. Neste caso, utiliza-se
a vibração (aplicada ao molde ou directamente à mistura utilizando vibradores internos) para consolidar a mistura e garantir o
enchimento completo do molde. Este processo é conhecido por «conformação por vibração».
2.2.4.5 Enchimento
Este processo é amplamente utilizado no fabrico de louças sanitárias e ornamentais e de produtos refractários especiais e com-
plicados, assim como no fabrico de cerâmicas técnicas. O material mineral finamente moído é misturado com água para produzir
uma barbotina (uma lama aquosa estabilizada) que é vazada num molde poroso, habitualmente de gesso. A sucção capilar do
molde extrai o líquido da barbotina, formando um produto de elevada solidez na superfície interna do molde. A espessura da
parede aumenta progressivamente e, com o tempo, pode obter-se um corpo completamente sólido (se for necessário) antes da
remoção do molde.
Os produtos de louça sanitária são relativamente grandes e são formados por enchimento de barbotina convencional ou em
máquinas de enchimento de média e alta pressão.
Na indústria cerâmica moderna, é necessário optimizar a secagem em termos de velocidade, eficiência térmica e baixo nível de
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resíduos. À excepção dos processos de secagem lentos e suaves, é necessário manter uma vigilância apertada dos níveis de
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queimadores a gás e por ar quente recuperado da zona de arrefecimento dos fornos. Este calor pode ainda ser fornecido por co-
geração ou por outro combustível como o carvão, biomassa, biogás ou coque de petróleo.
As matérias-primas cerâmicas variam quanto à sensibilidade à secagem, mas a maioria beneficia com um período de aqueci-
mento inicial em condições de humidade elevada (e pouca ou nenhuma remoção de humidade), seguindo-se a etapa de secagem
principal em que os produtos se deparam com ar gradualmente mais quente e mais seco. As mais baixas percentagens de teor
de água são as mais difíceis de remover, requerendo o ar mais quente e mais seco. As diversas formas de secadores evoluíram
de forma a cumprir as necessidades dos diferentes subsectores da indústria, sendo enorme a variação da natureza e do tamanho
dos componentes cerâmicos.
As unidades cerâmicas, como tijolos, blocos, tubos e formas refractárias são colocadas nas estantes e os vagões de secagem
carregados são transportados até às câmaras, que são fechadas quando estão cheias. Nas instalações modernas, toda a ope-
ração é altamente automatizada. A temperatura da câmara aumenta de forma constante, seja directamente – pela injecção de
ar quente – seja indirectamente, através de superfícies de transferência de calor. A recirculação do ar é utilizada para melhorar a
eficiência da secagem. A transferência de calor dá-se sobretudo por convecção, além de uma ligeira irradiação do ar quente e das
superfícies aquecidas. São seguidos perfis específicos de temperatura e humidade consoante o produto cerâmico em causa.
Os secadores de câmaras são particularmente úteis em situações de fabrico de diversos corpos cerâmicos em que estes possu-
am teor elevado em água ou em que a produção seja intermitente. Além disso, é também relativamente fácil acrescentar câmaras
extra em caso de necessidade.
Estes secadores têm estar extremamente bem vedados para impedir a entrada do ar ambiente, que pode estar húmido, cos-
tumando estar equipados com controlos programáveis da humidade para optimizar a secagem. A escala destes secadores é
limitada, mas adequam-se bem a secar produtos cerâmicos sensíveis, formas especiais, etc. O único resíduo produzido por esta
técnica de secagem é a água líquida.
Outra possibilidade é introduzir vapor saturado num secador de túnel. Num secador desta natureza, a humidade do ar de secagem
é reduzida nos seus diferentes subsectores para garantir o controlo da secagem.
Aplica-se ainda uma gama variada de texturas a produtos cerâmicos por razões estéticas. Os tijolos “soft-mud” adquirem um
agradável padrão «enrugado» aleatório quando o bloco de argila é atirado para o molde, produzindo o lançamento manual um
acabamento particularmente desejável. Os produtos extrudidos podem adquirir uma textura estriada raspando a superfície da
pasta de argila. Uma técnica alternativa consiste em efectuar a extrusão um pouco acima do tamanho e depois aparar até adquirir
a altura e a largura correctas com fios de corte.
Por vezes, pode obter-se uma melhor textura estriada omitindo a desgaseificação da pasta de argila. Os rolos texturados podem
aplicar diferentes texturas aos produtos extrudidos.
Os tijolos prensados são frequentemente duros em verde e após extrusão da pasta esta segue num tapete rolante, sendo utili-
zados cortadores rotativos para lhes conferir um aspecto «rústico» ou outras texturas. Além disso, podem ser texturizados com
rolos, muitas vezes após uma pulverização preliminar com água para amaciar as superfícies.
No caso de tijolos, blocos ou telhas prensados ou extrudidos, pode aplicar-se areia ou outros minerais granulares às superfícies de
topo e laterais através de pistolas de ar comprimido. Em muitos casos, adicionam-se pigmentos à areia para variar o acabamento
estético.
Os componentes de vidragem finamente moídos – sobretudo fritas, no caso dos ladrilhos – são preparados sob a forma de
suspensões aquosas. A viscosidade e as características da suspensão são ajustadas ao método de aplicação, que pode ser por
pulverização, vidragem por cortina, vidragem a seco ou decoração. Durante o processo de vidragem, os produtos cerâmicos em
verde da maioria dos subsectores acima referidos – excepto o da louça sanitária – são endurecidos por cozedura de chacota e,
de seguida e dependendo dos componentes de vidragem aplicados, recobertos por uma camada vidrada, lisa, transparente ou
fosca.
Após o processo de secagem, aplica-se normalmente um engobe; nalguns casos, os produtos são engobados mesmo no estado
38 em verde ou cozido. Durante o processo de engobagem, é espalhado por toda a superfície visível uma camada não-transparente,
clara ou de cor de granulometria fina por mergulho ou vazamento.
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A serigrafia é uma das técnicas de decoração de ladrilhos, devido à facilidade de aplicação nas linhas de vidragem. Esta técnica
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JRC CENTRO DE consiste na impressão de um dado motivo através de um ou mais ecrãs de impressão (tecido sob tensão com abertura malha
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definida). O ecrã de impressão é então revestido e a tinta de impressão apenas penetra pelas aberturas dos desenhos a reproduzir.
Uma espátula força a tinta através destas aberturas, imprimindo assim o motivo no ladrilho.
Outras técnicas decorativas são a técnica de gravura e a impressão flexográfica. Nestas técnicas, o padrão é transferido directa-
mente para um ou mais rolos. A tinta é aplicada ao ladrilho a partir destes rolos e a técnica permite a impressão nas suas margens
ou em ladrilhos com relevo. Está ainda a emergir hoje em dia a técnica de impressão de jacto de tinta. No caso da louça de mesa,
é também frequente a pintura manual ou a aplicação de decalques.
2.2.7 Cozedura
2.2.7.1 Objectivos da cozedura
A cozedura é um processo essencial no fabrico de produtos cerâmicos, pois controla muitas propriedades importantes do produto
acabado. Entre estas, podemos salientar a resistência mecânica, a resistência à abrasão, a estabilidade dimensional, a resistência
a água e substâncias químicas e a resistência ao fogo.
As alterações mais importantes relacionadas com o desenvolvimento das propriedades cerâmicas envolvem a degradação da
estrutura cristalina dos materiais argilosos originais, seguida pela formação de novos compostos cristalinos e fases vidradas. A
temperatura a que ocorre a vitrificação (formação de vidro) varia com a mineralogia da cerâmica. A vitrificação tem geralmente
início a cerca de 900 ºC e termina perto dos 1050 ºC (para muitas argilas usadas em tijolos) ou a cerca de 1100 ºC no caso de
cerâmicas mais refractárias.
Durante a etapa de vitrificação da cozedura cerâmica, muitos minerais não-argilosos, como o quartzo, os óxidos de ferro, compos-
tos calcários e álcalis (óxidos de sódio e potássio) são incorporados no corpo cozido. Ocorre alguma sinterização e consolização
e dão-se as reacções eutéticas na interface dos grãos do material e a fusão de fases.
Os produtos não-argilosos, como alguns produtos refractários, dependem também de fases de sinterização, vitrificação ou recris-
talização mas, na maioria dos casos, são necessárias temperaturas muito mais elevadas para atingir as propriedades pretendidas.
A figura abaixo apresenta os intervalos de temperatura de maturação industrial de diferentes grupos de produtos [4, UBA, 2001],
[23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
Figura 2.1 : Gamas das temperaturas de maturação industrial em diferentes conjuntos de produtos
As temperaturas necessárias para o processo de cozedura são criadas principalmente por queima de gás natural e fuelóleo. Nal-
guns casos, utilizam-se também combustíveis sólidos, biogás/biomassa e electricidade para a geração de calor.
39
2.2.7.3 Fornos intermitentes (periódicos)
Estes incluem fornos de vaivém e fornos tipo hotte, com base em câmaras únicas, carregados com produtos cerâmicos pré- Prevenção e Controlo
secos (nos fornos de tipo hotte, a hotte equipada com a unidade de aquecimento é elevada por uma unidade elevadora; nos Integrados da Poluição
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fornos de vaivém, o artigo a cozer é trazido para área da fornalha num vagão de vaivém), vedados e depois sujeitos a um ciclo de Disponíveis na Indústria
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cozedura predefinido. Normalmente empregam-se queimadores a gás, sendo possível controlar bem a temperatura e a atmosfera
do forno (oxidante ou redutora).
A electricidade pode também ser utilizada para aquecer fornos intermitentes, por exemplo, no fabrico de cerâmicas técnicas. Os
tipos especiais de fornos para cerâmicas técnicas são, p. ex, HIP (prensagem isostática a quente), fornos de alta temperatura e
fornos com atmosfera protectora.
Os fornos intermitentes são utilizados sobretudo para o fabrico em menor escala de produtos especializados, tais como tijolos
e acessórios de tubos de forma especial, acessórios para ladrilhos, produtos refractários, etc. Estes fornos permitem uma certa
flexibilidade quando a composição da pasta cerâmica varia com frequência e estas vantagens compensam a sua eficiência ener-
gética ligeiramente inferior. As figuras que se seguem mostram uma secção transversal de um forno de vaivém [4, UBA, 2001],
[30, TWG Ceramics, 2005].
Vagão intermitente
A câmara de cozedura e os vagões de forno são normalmente vedados com um vedante de areia para impedir a entrada de ar
secundário. Os fornos de construção mais recente são vedados com água ou outras soluções mecânicas aperfeiçoadas. O objec-
tivo destes procedimentos é reduzir os tempos de cozedura e o consumo de energia através de câmaras de cozedura estanques
a gases.
A Figura 2.3 e a Figura 2.4 mostram um esquema da disposição e uma secção transversal de um forno de túnel [4, UBA, 2001],
40 [23, TWG Ceramics, 2005].
Carril de carga
Carril de Pré-aquecedor e descarga Carril de
rolamento rolamento Canal de inspecção
transversal transversal
Figura 2.3 : Esquema de um forno de túnel Figura 2.4 : Corte transversal de um forno de túnel com vagão
Rolos do forno
Estes fornos podem ainda ser usados para a calcinação de argila refractária e para a calcinação a fundo de dolomite ou magnesite.
Este documento não trata destes processos de calcinação de matéria-prima a montante, mas pode encontrar-se informação útil
a respeito de «óxidos calcinados a fundo» e «chamote, pigmentos e enchimentos calcinados» no BREF sobre Cimento e Calcário
– onde se descreve a calcinação da dolomite; no BREF sobre Gestão de Resíduos e Estéreis da Actividade Mineira – onde se
descreve a transformação do caulino; na versão preliminar do BREF sobre a Indústria de Química Inorgânica em Grande Escala
(Sólidos e Outros) – onde se detalha a produção de óxido de magnésio e na versão preliminar do BREF sobre Química Inorgânica
de Especialidades, onde se detalha a produção de especialidades de pigmentos inorgânicos.
2.2.8.1.3 Perfuração
Os produtos cerâmicos, em especial os produtos refractários, devem ser perfurados quando o furo requerido não pode ser obtido
com a exactidão necessária durante as operações de prensagem e cozedura.
2.2.8.1.4 Serragem
Trata-se de uma operação de acabamento utilizada quando a forma final de um tijolo cerâmico, sobretudo um tijolo refractário,
não pode ser produzido de forma eficaz na etapa de prensagem. Nesta situação, os tijolos de grandes dimensões são prensados
e cozidos e depois serrados até adquirirem as dimensões necessárias.
Os tijolos face-à-vista podem ser serrados no fabrico de formas especiais. Em praticamente todas as operações de rectificação,
um sistema em circuito fechado de água confere lubrificação e arrasta as partículas lubrificadas para longe da superfície de tra-
balho, ao mesmo tempo que minimiza a libertação de poeiras.
42 2.2.8.2 Polimento
Nalguns casos, em particular nos que envolvem ladrilhos de porcelana, a superfície cozida é polida para se adquirir um ladrilho
brilhante, não vidrado e homogéneo.
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2.2.8.3 Enriquecimento com carbono (produtos refractários)
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Os produtos refractários são submetidos a ambientes de trabalho extremamente hostis e, para certas aplicações, é necessário
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impregnar os produtos cozidos com alcatrão. A presença de carbono no produto final oferece diversas vantagens:
A impregnação com alcatrão é um processo descontínuo, habitualmente levado a cabo em três reservatórios cilíndricos verticais
dotados de tampas com dobradiças. Os produtos para tratamento são introduzidos em cestos metálicos que cabem nestes
reservatórios. O produto é aquecido no primeiro reservatório até ~200 ºC, por circulação de uma corrente de ar quente e, poste-
riormente, o cesto e o seu conteúdo são transferidos para o segundo reservatório (designado autoclave), que possui uma manga
de aquecimento para manter a temperatura. O autoclave é então hermeticamente fechado, o ar evacuado e o aparelho enchido
com alcatrão líquido (retirado de tanques de armazenamento em massa mantidos a temperaturas de cerca de 180 a 200 ºC). A
impregnação é obtida libertando o vácuo e aplicando depois azoto a pressão elevada. Após a drenagem, o cesto e respectivo con-
teúdo são transferidos para o terceiro vaso para arrefecimento até uma temperatura inferior àquela em que se podem transformar
os componentes voláteis do alcatrão.
Por fim, é necessário remover uma proporção elevada de componentes voláteis do alcatrão, que de outro modo afectariam o am-
biente de trabalho quando os produtos refractários fossem colocados ao serviço. Normalmente, tal é realizado transferido o artigo
impregnado para um forno, onde é sujeito a um ciclo de aquecimento definido. A ventoinha de exaustão do forno descarrega para
um oxidante térmico (incinerador) mantido acima de 800 ºC, com um tempo de retenção de pelo menos 0,5 segundos. Estas
condições garantem que todos os componentes voláteis do alcatrão (hidrocarbonetos complexos) se oxidem na totalidade.
Os produtos submetidos ao tratamento aqui indicado emergem revestidos por depósitos carbonáceos leves e frágeis, que é
depois necessário remover antes da embalagem ou de processamentos ulteriores. Isto é normalmente efectuado por decapagem
numa mesa própria.
Alguns produtos são acabados numa etapa de montagem final, por exemplo, a montagem de acessórios metálicos em isoladores Documento de Referência
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de alta voltagem para os fixar a casquilhos, transformadores ou outras aplicações. Manufactureira Cerâmica
As unidades cerâmicas de formas regulares, como tijolos, blocos, tubos e unidades refractárias costumam ser agregadas sob
a forma de pacotes de tamanho normalizado que, por sua vez, são frequentemente embalados em polietileno e, eventualmente,
colocados em paletes.
Os produtos cerâmicos de valor superior, tais como louças de mesa e louças ornamentais, exigem rigor na inspecção e triagem,
seguindo-se de embalagem protectora sofisticada. Pelo contrário, os produtos refractários não perfilados costumam ser mera-
mente pesados em sacos e colocados em paletes. São também utilizados tambores metálicos para o armazenamento.
Os ladrilhos cerâmicos são – individualmente – um pouco frágeis, mas uma vez embalados firmemente em caixas de cartão
revelam-se extraordinariamente robustos durante o manuseamento e transporte.
O armazenamento de produtos de cerâmica estrutural é feito usualmente em parque descoberto, mas os produtos em sacos ou
embalados requerem um armazém coberto, tal como certos produtos refractários sensíveis à humidade.
A água residual de processo proveniente do fabrico de produtos cerâmicos contém sobretudo componentes minerais. As esta-
ções de tratamento destas águas são frequentemente tanques de sedimentação. A sedimentação dos componentes minerais
inorgânicos pode ser acelerada utilizando agentes de floculação e coagulação.
O armazenamento de combustível depende das características deste. O carvão é conservado em sistemas de armazenamento ao
ar livre e cobertos, sendo o carvão micronizado mantido em silos. O gás de petróleo liquefeito é armazenado em reservatórios es-
peciais sob pressão. O fuelóleo é guardado em tanques e tem de ser aquecido para poder ser bombeado. O gás natural é fornecido
pela rede de abastecimento da empresa que o controla. Podem encontrar-se mais informações úteis acerca do armazenamento
de combustíveis na BREF sobre Armazenamento (ESB).
Dependendo do processo, podem ser necessárias outras instalações, como zonas de fabrico de moldes. Essas instalações pro-
duzem-se moldes de gesso que são usados em grandes quantidades, p. ex., na produção de telhas.
Porém, noutros casos – nomeadamente os tijolos face-à-vista e telhas – a recuperação e a reutilização é amplamente praticada e
os tijolos recuperados têm grande procura. Em toda a Europa, ainda se encontra um número elevado de tijolos romanos em estru-
turas de alvenaria. Há que notar que algumas aplicações de tijolos e telhas granulares ou finamente moídos seriam interessantes
para a produção de materiais cozidos de granulometria semelhante de outros subsectores. Além destes, as «perdas de processos
cerâmicos» moídas e calibradas encontram utilização como agregado parcial em betão para construção ou como enchimento de
asfalto na construção de estradas.
Matérias-primas
Agentes Agentes
auxiliares Misturadores auxiliares
Classificação
Granulação Secagem
por pulverização
Prensagem
directa (atomização) com filtro
Mistura e desgasificação
Tratamento Tratamento
da superfície da superfície
Cozedura
Produto
cerâmico
das matérias-primas, conformação, secagem, cozedura e tratamento subsequente. As exigências especiais acerca da superfície Documento de Referência
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e da cor dos produtos envolve um tratamento superficial por vidragem, engobagem ou formação de relevos superficiais. A figura Manufactureira Cerâmica
que se segue mostra, como exemplo, um esquema do fabrico de telhas prensadas [4, UBA, 2001].
1. Extração das
matérias-primas
Máquina
escavadora
Pilha
3. Moldagem
Extrusora
Prensa rotativa de múltiplos moldes (prensa revolver)
Forno de túnel
5. Cozedura
6. Tratamento subsequente
A figura que se segue mostra, como exemplo, um esquema do fabrico de tijolos de alvenaria [20, CERAME-UNIE, 2004].
1. Extração Máquina
escavadora
Alimentadores de calha
Pilha
4. Secagem
Secador de túnel ou de câmara
Figura 2.8 : Esquema da preparação de tijolos extrudidos durante o fabrico de tijolos de alvenaria
2.3.1.1 Matérias-primas
46 A geologia das argilas utilizadas na indústria cerâmica europeia do tijolo e da telha é extremamente variada, pois cobre um espec-
tro estratigráfico largo que vai do período Câmbrico até a tempos recentes. A maioria das argilas dos tijolos e telhas é de origem
sedimentar e sofreu deposição em variados ambientes sedimentares: sedimentos marinhos, aluviais, fluviais ou fluvioglaciares.
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Estes ambientes de deposição variados afectam a mineralogia e a composição química das argilas. A composição mineralógica e
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA química das argilas utilizadas na indústria cerâmica é muito diferente entre os diversos países europeus. Inclusivamente, podem
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empregar-se num só país composições muito variadas. A tabela seguinte apresenta os espectros de composições químicas e
mineralógicas das matérias-primas argilosas empregues na indústria de tijolos e telhas em diferentes países europeus [20, CE-
RAME-UNIE, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005].
Tabela 2.1 : Gamas de composição química e mineralógica das matérias-primas argilosas utilizadas na indústria do tijolo e da telha em diferentes países
A distribuição granulométrica, os outros minerais presentes, a amplitude e a proporção de granulometrias afectam fundamental-
mente as propriedades da argila.
A vasta diversidade da composição das matérias-primas resulta numa grande variação das propriedades dos produtos cerâmi-
cos, assim como das emissões gasosas durante a cozedura. Cada uma destas argilas ou respectivas misturas é utilizada para
produzir telhas, tijolos face-à-vista e blocos extrudidos. A maioria das fábricas possui a sua própria extracção de argila, o que
contribui para o carácter local das técnicas de produção utilizadas nos diferentes tipos de produtos.
Foi realizada uma análise de fluoretos e enxofre, pois estes afectam a emissão durante a cozedura, conforme é analisado na
Secção 3.3.1.1 referente aos dados de emissão. O fluoreto, presente na estrutura de minerais argilosos, ascende a 1600 ppm na
Europa, variando muito em cada país. Como exemplo, a figura que se segue mostra uma distribuição da frequência normal do teor
em fluoretos de 312 amostras de argilas provenientes de todas as áreas geográficas da Itália [3, CERAME-UNIE, 2003].
Número da Amostra 90
80 47
70
60
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
50 Documento de Referência
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Disponíveis na Indústria
40 Manufactureira Cerâmica
30
20
10
0
400-499 500-599 600-699 700-799 800-899 900-999 1000-1099 1100-1199 1200-1299
Concentração em ppm
Figura 2.9 : Distribuição do teor de fluoreto de argila italiana
A maioria das argilas contém vestígios de cloretos. A figura que se segue dá um exemplo da distribuição do teor em cloretos de
argilas italianas [30, CERAME-UNIE, 2005].
140
120
Número da Amostra
100
80
60
40
20
0
0-49 50-99 100-149 150-199 200-249 250-299 300-349 >350
Concentração em ppm
A variação considerável do teor em enxofre das matérias-primas utilizadas, não só entre os vários países europeus, mas também
dentro de cada país, resulta em grandes variações das emissões resultantes da sua transformação. O enxofre, nas matérias-
primas, ocorre sobretudo sob a forma de sulfuretos (pirite). Segundo pesquisas efectuadas em Itália, o enxofre apresenta uma
distribuição lognormal (logarítmica), conforme indica a figura abaixo [3, CERAME-UNIE, 2003].
140
120
Número da Amostra
100
80
60
40
20
0
0-299 300-599 600-899 900-1199 1200-1499 1500-1799 1800-2099 2100-2399 >2400
Concentração em ppm
Figura 2.11 : Distribuição do teor em enxofre de argila italiana
Encontram-se grandes variações não só na magnitude do teor em enxofre, mas também na distribuição deste teor. Isto é demons-
trado claramente pelo exemplo das argilas utilizadas na Alemanha, no Reino Unido e na Bélgica, como ilustra a figura abaixo. Mais
de 80% das argilas alemãs contêm quantidades geralmente consideradas baixas e médias de enxofre, ao passo que na Bélgica e
no Reino Unido mais de 75% das argilas possuem um teor médio e elevado de enxofre [3, CERAME-UNIE, 2003].
48 70
60
50
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL 40
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
30
de Tecnologia Prospectiva
20
10
0
<0.16 <0.16 <0.16
63 63 63
25 25 25
16 16 16
DE UK BE
Como plastificantes de matérias-primas argilosas, utilizam-se compostos orgânicos, fosfatos e soda. O poliestireno expandido,
ligantes de base celulósica, serradura e materiais inorgânicos, como diatomite e perlite, são necessários como agentes forma-
dores de poros. O engobe, utilizado para o tratamento da superfície, é com frequência constituído por argilas brancas, agentes
de fluxo ou óxidos corantes. O vidrado consiste em misturas de matérias granulares (p. ex.. Al2O3, quartzo, carbonato de cálcio,
MgCO3), agentes de fluxo, argila e óxidos corantes ou fritas.
As matérias-primas são armazenadas a céu aberto ou em armazéns cobertos, doseadores de grande volume, silos de mistura,
silos de envelhecimento, silos de maturação ou em silos com material seco. Em muitos casos, as fábricas de tijolos situam-se na
vizinhança das zonas de extracção das matérias-primas.
A preparação a seco é utilizada sobretudo quando se utilizam materiais relativamente secos de menor plasticidade ou se as
especificações requerem produtos de gama alta. O objectivo da preparação a seco é reduzir a granulometria em moinhos de
martelos ou moinhos pendulares e, em simultâneo, secar as partículas até que contenham três a seis por cento de água. É nesta
etapa do processo que se acrescentam os aditivos necessários, p. ex., pode adicionar-se calcário hidratado à argila (3,3 a 0,6%)
para regular e fixar o teor de água e manter uma boa plasticidade, de maneira a facilitar o corte da pasta de argila no processo de
extrusão. Privilegia-se a preparação a seco no processo de fabrico de tijolos face-à-vista, dado que matérias-primas de revesti-
mento como a argila xistosa apresentam um baixo nível de humidade no barreiro, tornando-as especialmente adequadas a este
método de preparação.
Um segundo método de preparação no fabrico de tijolos e telhas é o processo de preparação semi-húmido. O doseamento é
efectuado por doseadores de grande volume. Estes permitem a carregar a granel e dosear diversas matérias-primas. Em muitos
casos, a água de mistura é adicionada ao lote no fim do alimentador até que o seu teor atinja cerca de 20%. A moagem gradual
dos materiais duros resulta numa granulometria máxima inferior a 1,8 mm. Produtos finos, como telhas, possuem uma granu-
lometria entre 0,5 e 0,8 mm. Consoante as características das matérias-primas, utilizam-se moinhos de galgas, laminadores,
cortadores de facas ou raladores-misturadores por via húmida. Por vezes, pode preparar-se e adicionar-se em separado areia;
para este fim, utilizam-se moinhos de maxilas, moinhos pendulares, moinhos de martelos e peneiros. Nalguns casos, a areia e a
argila são armazenadas em separado e misturadas logo antes da conformação.
Pela combinação dos processos de misturar e amassar, chega-se à homogeneização da massa necessária para obter uma boa
plasticidade. Para este fim, utilizam-se raladores-amassadores, misturadores de duplo eixo e amassadores filtro. No fabrico de
tijolos com baixa condutividade térmica, adicionam-se agentes orgânicos e inorgânicos formadores de poros para se obter uma 49
maior volumetria do poro. Nesta etapa do processo, a massa adquire o teor final em água de 20 a 22% para a conformação. A
água ou o vapor quente facilitam a dissolução e a abertura de pequenas partículas no processo de mistura. Prevenção e Controlo
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As pastas preparadas são armazenadas em doseadores de grande volume, silos de argila, silos de mistura, silos de envelhecimen- Disponíveis na Indústria
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2.3.1.3 Conformação
São utilizados diferentes métodos de conformação, como a prensagem, a extrusão e a conformação pelo processo “soft-mud”
(vejam-se as Secções 2.2.4.2, 2.2.4.3 e 2.2.4.4), consoante o tipo de massa, o teor em água e o produto pretendido.
Na prática, a matéria-prima preparada semi-húmida é predominantemente moldada em extrusoras (fieiras). A massa é extrudida
sob uma pressão de 0,6 a 1,5 MPa, em extrusoraas, com ou sem câmara de vácuo. O molde transforma a massa num corpo
contínuo, que é cortado em peças únicas por um cortador de fio. Este é o método de processamento típico na produção de tijolos
de construção e telhas extrudidas.
As telhas prensadas são fabricadas formando, em primeiro, as chamadas lastras. Após esta etapa, as lastras são moldadas numa
prensa para adquirirem a geometria correcta. Para este fim, empregam-se prensas rotativas mecânicas ou hidráulicas, prensas de
bigorna, prensas de trave oscilante e prensas de mesa giratória. As prensas rotativas de molde único ou múltiplos moldes são as
mais usadas. Nas prensas rotativas, um tambor giratório intermitentemente, sob a forma de prisma de cinco, seis ou oito lados,
suporta um molde de prensa inferior em cada um dos seus lados. De cada vez que o tambor faz uma pausa, o pistão vertical,
que sustenta o molde superior, desce sobre o molde inferior localizado directamente por baixo de si e prensa a lastra de argila
para lhe dar forma. Após esta etapa, o artigo é colocado num transportador especial. São utilizados tipos diferentes de moldes
abertos, tais como moldes de gesso, moldes de ferro fundido lubrificados, moldes revestidos a borracha ou moldes metálicos
com revestimento de borracha vulcanizada.
A superfície visível das telhas é parcialmente engobada ou vidrada. Os tijolos e os tijolos face-à-vista são texturados por perfila-
mento, remoção de material, escovagem ou adição de areia para criar texturas à superfície.
As telhas e os tijolos face-à-vista são por vezes vidrados e engobados na superfície visível, ou em toda a superfície, para que
adquiram cores especiais ou para que a densidade do produto aumente. O vidrado e o engobe são aplicados ao corpo após o pro-
cesso de secagem. Nalguns casos, a vidragem e a engobagem são realizadas após a conformação. O engobe é uma composição
à base de argila, agentes de fluxo, material de enchimento e pigmentos. O melhor processo de o aplicar em grandes quantidades
é por pulverização.
São adicionados agentes ligantes orgânicos ao engobe para obter melhor ligação entre o engobe líquido e a superfície tratada. O
vidrado é uma mistura de matérias granulares, agentes de fluxo, argila e óxidos corantes, que são sinterizados até se transforma-
rem numa massa vítrea. O vidrado é normalmente aplicado por pulverização numa câmara própria.
2.3.1.5 Cozedura
Hoje em dia, os tijolos e as telhas são cozidos em fornos de túnel, sobretudo em atmosfera oxidante. Um período de redução na
fase de cozedura final, em caso de necessidade, cria efeitos de cor especiais. No período de redução é introduzido combustível
numa atmosfera deficiente em oxigénio. Desta forma, as matérias-primas utilizadas geram os efeitos de cor pretendidos nos
produtos de tijolo.
O artigo a cozer passa através do forno numa série de vagonas próprias. Os tijolos depois de secos são colocados directamente
no vagão do forno de túnel, enquanto as telhas depois de secas são empilhadas para o processo de cozedura no forno de túnel
clássico em gasetes (em forma de H ou em forma de U). A disposição das gasetes depende do produto específico e é realizada
50 de maneira a garantir um fluxo óptimo dos gases quentes de cozedura em torno do produto e, por conseguinte, um bom resultado
da cozedura. O material a cozer é aquecido até atingir uma temperatura de cozedura de 800 a 1300 ºC.
COMISSÃO EUROPEIA
Após o tempo necessário para a cozedura, entre duas a cinco horas à temperatura de patamar de cozedura, o material é arrefeci-
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE do, segundo uma curva específica, até aos 50 ºC.
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
O tempo de cozedura das telhas nos fornos de túnel varia entre 10 e 40 horas, os tijolos para pavimentos são cozidos entre 45 e 60
horas e os blocos de cerâmica entre 17 e 25 horas. A temperatura do efluente gasoso depende do seu ponto de condensação (e,
logo, da composição), p. ex., em argilas com maior teor em enxofre o ponto de orvalho será mais elevado e, desta forma, a tem-
peratura do efluente gasoso será superior. A tabela abaixo apresenta os intervalos de parâmetros de funcionamento dos fornos de
túnel clássicos [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [27, VDI, 2004], [21, Almeida, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005].
Fornos de túnel Unidade Tijolos face-à-vista Blocos de argila Blocos de argila Telhas
e pavimentos de argila de furação horizontal
Débito t/h 1 - 15 3 - 15 3 - 15 3 -6
Comprimento do forno m 35 - 160 60 - 120 60 - 120 80 - 140
Secção transversal m2 1,3 - 6,0 4 - 12 4 - 12 4 - 10
Densidade da carga enfornada kg/m3 650 - 1500 350 - 500 250 - 750 200 - 400
Temperatura de cozedura °C 1000 - 1300 900 - 1050 950 - 1050 1000 - 1150
Energia específica necessária (secagem + cozedura) kJ/kg 1600 - 3000 1000 -2500*) 1000 - 2500 1600 - 3500
Caudal volumétrico de efluente gasoso m3/h 5000 - 20000 10000 - 50000 10000 - 50000 10000 - 40000
Temperatura do efluente gasoso °C 100 - 230 100 - 300 100 - 150 170 - 200
*) incluíndo o conteúdo calorífico do agente formador de poros
O método de cozedura rápida em fornos de rolos constitui uma alternativa à tecnologia de cozedura em fornos de túnel clássicos.
Com a introdução da cozedura em camada única, para o fabrico de telhas, o tempo de cozedura reduziu-se e a relação de massa
de refractários de suporte do artigo a cozer diminuiu também. Este método permite, em parte, e em certos casos, uma redução
do consumo de energia no processo de cozedura.
O método de cozedura rápida é realizado em unidades de fornos de menores dimensões e não nos grandes fornos de túnel clás-
sicos. As unidades de menor dimensão permitem maior flexibilidade na adaptação dos parâmetros de cozedura aos produtos
actuais. A densidade de carga de enforna dos fornos de cozedura rápida pode ser inferior a 100 kg/m3. A tabela que se segue
apresenta alguns parâmetros, referentes a telhas, de fornos de túnel clássicos e métodos de cozedura rápida [4, UBA, 2001].
Tipo de forno Razão de massaAuxiliares de cozedura/ artigos após cozedura Tempo de cozedura (h)
Tabela 2.3 : Comparação entre os fornos de túnel clássicos e os métodos de cozedura rápida (telhas)
A aplicabilidade do método de cozedura rápida no fabrico de tijolos e telhas depende essencialmente da superfície específica do
produto e da possibilidade de penetração por gases de cozedura quentes. O método de cozedura rápida permite produzir não só
telhas, como também blocos de cerâmica, tais como tijolos furados. A tabela que se segue mostra os intervalos dos parâmetros
de funcionamento dos fornos de túnel de cozedura rápida [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005].
Fornos de túnel de cozedura rápida Unidade Blocos de argila Tijolos face-à-vista Telhas prensadas
Os fornos intermitentes podem ser utilizados para produzir telhas, tijolos ou acessórios especializados, normalmente para lotes
mais pequenos. Estes fornos funcionam descontinuamente e os seus tempos de cozedura variam entre 20 e 45 horas, a tempera-
turas de cozedura entre 1000 e 1100 ºC, com consumos especificos de energia de cerca de 500 a 900 kJ/kg [23, TWG Ceramics,
2005].
Os fornos de túnel clássicos são alimentados sobretudo a gás natural ou fuelóleo e os fornos de cozedura rápida a gás natural. Tal
como referimos, utiliza-se também nalguns casos carvão, coque de petróleo e biomassa.
Por vezes, é aplicado um tratamento a tijolos face-à-vista, telhas ou acessórios com agentes hidrófogos (p. ex. silicone, lanolina),
que altera o comportamento da sua superfície quando é molhada com água.
As telhas são embaladas e colocadas em paletes para serem transportadas até uma unidade de expedição. Entre cada camada
de telhas, coloca-se uma camada de papel, cartão ou madeira, sendo as paletes completas envolvidas por filme plástico termo-
retracção ou em película. Os produtos são manuseados por empilhadores, gruas móveis e gruas-pórtico.
Energia
Electricidade, fuelóleo, gás natural,
GPL, combustíveis sólidos
Água
Agentes auxiliares
agentes formadores de poros,
(gesso), agentes de sorção,
material de embalagem
Matérias-primas
Argilas, Aditivos
Fabrico de tijolos e telhas Tijolos,
telhas
Ruído
Emissões para a atmosfera
partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO,
Calor em excesso CO2, (COV), (metais pesados)
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados,
(moldes de gesso utilizados), lama, cacos,
loiças danificadas, resíduos de embalagem,
poeiras recolhidas, partículas e aparas
Figura 2.13 : Fluxo de entradas e saídas durante o processo de fabrico de tijolos e telhas
52 2.3.2 Tubos de grés
Os tubos de grés são fabricadas segundo as fases de processo abaixo: armazenamento de matérias-primas, preparação das
matérias-primas, conformação, secagem, vidragem, cozedura e tratamento subsequente. A figura que se segue mostra um
esquema do fabrico de tubos de grés [4, UBA, 2001].
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva Armazenamento Armazenamento Armazenamento
de chamote da argila dA marga vidrada
Dosagem Dosagem
Armazenamento
Dosagem Dosagem
Mistura
Armazenamento
Prensagem
Secagem
Vidragem
Secagem
Cozedura
Escolha
Tratamento do
bocal e encaixe
das juntas
Acondicionamento
Acondicionamento
Armazenamento
Expedição
Quartzo
min. 24 8 35 40 21
máx. 45 25 50 50 33
Feldspato
min. 11 1 1 0 0
máx. 18 4 24 0 0
Caulinite
min. 24 30 5 20 8
máx. 32 60 20 25 20
Ilite
min. 16 10 12 20 40
máx. 37 40 30 25 56
Montmorilonite
min. 0 2 0,5 0 0
máx. 8 10 1 0 0
Tabela 2.5 : Composição mineralógica da argila no fabrico de tubos de grés (condutas de argila vitrificada)
S
min. 0,02 0,0 0,01 0,01 0,01
máx. 0,05 0,2 0,62 0,05 0,10
F
min. 0,03 0,02 0,04 0,02 0,02
máx. 0,05 0,06 0,13 0,04 0,05
CO2
min. 0,1 0,05 0,50
máx. 0,3 0,25 1,50
SiO2
min. 60 55 60 65 55
máx. 81 70 75 72 63
Al2O3
min. 15 20 15 18 17
máx. 27 35 23 23 22
Fe2O3
min. 1,0 1,0 5,0 1,5 6,0
máx. 7,4 10 7,0 4,5 8,0
MgO
min. 0,2 0,0 0,7 0,5 1,7
máx. 1,0 1,5 1,5 1,4 2,2
CaO
min. 0,0 0,2 0,3
máx. 0,8 0,5 0,6
Na2O
min. 0,1 0,0 3,0 0,1 0,3
máx. 0,3 0,4 7,0 0,6 1,1
K2O
min. 1,0 1,0 1,0 1,8 2,8
máx. 2,6 4,0 3,0 2,6 3,9
TiO2
min. 1,3 1,0 0,5 0,7 0,9
máx. 1,8 2,5 1,0 1,3 1,0
Tabela 2.6 : Composição química da argila no fabrico de tubos de grés (condutas de argila vitrificada)
54 2.3.2.2 Preparação das matérias-primas
Para a preparação da argila são utilizados diferentes processos, p. ex., a barbotina. A argila, nas quantidades necessárias, é ali-
mentada por doseadores para o processo de preparação. A moagem fina é realizada por diferentes tipos de moinhos, tais como
moinhos de tambor por via húmida e moinhos de rolos. Os moinhos de tambor por via húmida são também utilizados para o
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DIRECÇÃO-GERAL
processo de moagem de componentes de marga do vidrado. Estes componentes são moídos até adquirirem uma granulometria
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA de 0,06 mm. Após este passo, as partículas de maior calibre são removidas por peneiração. Os componentes finos são suspensos
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
em água e armazenados em tanques com agitação.
A chamote é triturada e moída em moinhos de maxilas, moinhos pendulares, moinhos de martelos ou moinhos de bolas. A frac-
ção com calibre máximo de 2,5 mm é peneirada e armazenada. A chamote é utilizada como agente de abertura e confere à massa
a resistência e a estabilidade necessárias durante a cozedura. As fracções de argila e chamote são introduzidas na unidade de
mistura gravimetricamente, através de um tapete rolante e balanças de chamote, ou volumetricamente por doseadores, alimen-
tadores de tapete ou alimentadores rotativos.
Na unidade de mistura, os componentes são misturados e é-lhes adicionada água até atingir uma humidade aproximada à de
prensagem, com um teor em água de 15 a 20%. Se necessário, adicionam-se à massa de prensagem agentes orgânicos e
inorgânicos de prensagem e plastificantes. A massa húmida, preparada, é armazenada e homogeneizada em doseadores de
grande volume, silos de argila, cobertos de armazenamento ou instalações de envelhecimento ou maturação com mecanização
adequada.
2.3.2.3 Conformação
Os tubos de grés são moldados em extrusoraas horizontais ou verticais equipadas com câmara de vácuo. A pasta é comprimida
e desgaseificada na câmara de vácuo da extrusoraa, seguida pela conformação da conduta e das juntas em encaixe e espigão.
Depois desta etapa, limpam-se as juntas de encaixe e espigão.
Os corpos da conduta em verde são manuseados por aparelhos especiais, como robots de aderência em vácuo. Os robots colo-
cam os produtos em verde em estantes de secagem. O processo de conformação dos tubos distingue-se pela rigidez da massa
de prensagem, pelos diferentes diâmetros da conduta e pela extrusora de funcionamento periódico.
Robots de preensão especiais seguram o produto seco e imergem-no no tanque de vidrado para recobrir o corpo com vidrado de
marga; é ainda possível efectuar a vidragem por pulverização. No processo de cozedura, o vidrado funde-se com a superfície do
corpo, encerra-o e cobre-o com uma superfície lisa. Se alguma parte da superfície não for para vidrar, tem de ser recoberta com
parafina antes do processo de vidragem.
O artigo vidrado é colocado em vagões de forno de túnel. Por fim, são secos até conterem menos de 1% de humidade residual em
secadores de túnel, que se situam em frente dos fornos de túnel.
2.3.2.5 Cozedura
A cozedura ocorre em fornos de túnel alimentados a gás, predominantemente em atmosfera oxidante. O artigo em verde é cozido
em posição vertical e fixado em auxiliares de cozedura. As temperaturas convencionais de cozedura situam-se entre 1150 e 1250
ºC, sendo o tempo de cozedura de 30 a 80 horas. A tabela abaixo indica a gama dos parâmetros de funcionamento dos fornos de
túnel utilizados no fabrico de tubos de grés [4, UBA, 2001].
Fornos de túnel Unidade Condutas em argila vitrificada
Após a ligação dos elementos de vedação, os tubos de certa dimensão (DN 250 a DN 600) são rectificados por mós abrasivas
para assegurar uma precisão elevada dos encaixes.
Energia
Electricidade, fuelóleo,
gás natural, GPL
Água
Agentes auxiliares
Agentes humidificadores, vedantes,
agentes de sorção, material
de embalagem
Matérias-primas
Argilas, agente de
Fabrico das condutas de argila vitrificada Condutas de argila,
vitrificada,acessórios
expansão, vidrado
Ruído
Emissões para a atmosfera
partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO,
Calor em excesso CO2, (COV), (Metais pesados)
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados,
lama, cacos, loiças danificadas, resíduos de
embalagem, poeiras recolhidas, partículas e
aparas
Imagem 2.15 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico das condutas de argila vitrificada
Armazenamento Armazenamento
da magnesite do ferro-crómio
sinterizada
Dosagem Dosagem
Moagem Moagem
Armazenamento Armazenamento
Dosagem Dosagem
Mistura
Prensagem
Secagem
Vidragem
Cozedura
Escolha
ArmAzenamento
dos produtos
Expedição
2.3.3.1 Matérias-primas
A argila, a chamote e rochas naturais como a quartzite, a dolomite, a magnesite a bauxite, que podem ser calcinadas (veja-se a
Secção 2.2.2.8), assim como matérias de base sintéticas, como, p. ex., corindo sinterizado, carboneto de silício, mulite fundida ou
espinelas, servem de matérias-primas para o fabrico de produtos refractários. Para produzir pastas comprimíveis, adicionam-se
ligantes e agregados às matérias-primas moídas. Utilizam-se tipos muito diferentes de ligantes e agregados, como argilas, sulfi-
tos, betume de carvão, naftaleno, resina sintética, leite de cal, cera, ácido fosfórico, fuligem, grafite e enxofre. As matérias-primas
são armazenadas em tulhas abrigadas. As matérias-primas entregues pré-moídas são mantidas em silos para evitar reacções
entre as matérias-primas e a água.
A tabela abaixo indica os óxidos mais utilizados nas operações de fusão/conformação de produtos refractários, com as tempera-
turas de fusão correspondentes [3, CERAME-UNIE, 2003].
riamente em silos, que são depósitos intermédios entre a etapa de preparação e a produção de tijolos. O doseamento é realizado Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
por balanças. Se necessário, acrescentam-se ligantes, agentes formadores de poros, agentes antiaderentes e lubrificantes dos Manufactureira Cerâmica
moldes. Os componentes são introduzidos em misturadores (sobretudo em misturadores de funcionamento descontínuo), homo-
geneizados e pré-densificados. Para tal, revelaram-se adequados os raladores-misturadores, os misturadores de contra-corrente
e moinhos de duplo eixo vertical.
A barbotina é produzida misturando as matérias-primas com um agente dispersante como a água. O «pó de prensagem» é fabri-
cado por um processo seco ou por um processo húmido ou semi-húmido seguido de secagem por atomização.
2.3.3.3 Conformação
No processo de conformação emprega-se barbotina e «pó de prensagem». Neste processo, a barbotina é vertida em moldes.
Após um tempo de formação do corpo adequado, o material em verde é removido do molde.
Antigamente, o «pó de prensagem» adquiria a forma pretendida por prensas articuladas. Hoje em dia, as prensas articuladas
foram substituídas por prensas hidráulicas dotadas de modernas unidades de controlo electrónicas. As prensas verificam conti-
nuamente os tijolos e, se necessário, realizam ajustes. A força específica da prensa padrão, hoje, é de 80 a 200 MPa. Utilizando
os diferentes programas da prensa, podem adequar-se os tijolos refractários às exigências do cliente.
O método de prensagem isostática tem sido utilizado no fabrico de produtos refractários especiais de alta qualidade. Segundo
este método, enchem-se moldes poliméricos flexíveis com uma mistura de pó atomizado fino. Encerrado o molde, a mistura é su-
jeita a pressão, o que normalmente é feito num autoclave hidráulico. A pressão é aplicada uniformemente, em todas as direcções,
sobre a forma a prensar por meio de um líquido compressível, obtendo-se assim uma densificação uniforme. Com este processo,
aplicam-se pressões até 300 MPa para o fabrico de blocos de grandes dimensões e formas especiais.
As misturas cerâmicas de vários graus podem ser compactadas até à forma pretendida a pressão relativamente baixa, em
conjunto com oscilações mecânicas criadas por vibradores. Recentemente, o processo de conformação tradicional foi comple-
mentado por um novo processo: as misturas a moldar são misturadas com um ligante sensível ao frio. De seguida, as misturas
são vertidas em moldes e endurecidas a temperaturas inferiores a -30 ºC.
2.3.3.4 Secagem
O processo de secagem decorre em secadores de câmara ou túnel e demora, consoante o tamanho dos tijolos, entre um dia e
várias semanas. As formas de maior dimensão são secas sob ar de secagem de humidade controlada. A humidade restante deve
ser inferior a 1% antes de o processo de cozedura se iniciar. A tabela abaixo apresenta exemplos de parâmetros de funcionamento
de secadores intermitentes, cuja importância está a diminuir na indústria de produtos refractários [4, UBA, 2001].
Débito t/ciclo 18 10
Volume da câmara de secagem m3 171 56
Densidade da carga enfornada kg/m3 105 180
Temperatura de secagem °C 80 100
Tempo de secagem h 44 24
Energia específica necessária kJ/kg 350 300
Débito volumétrico de gás de combustão m3/h 1600 15 000
Temperatura do gás de combustão °C 60 60
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
Produto Argila refractária Magnesite elevado teor de alumina
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Débito t/h 2,1 4 3,5
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
Comprimento do forno m 80 51 36
Secção transversal m2 1,65 2,5 2,7
Densidade da carga enfornada kg/m3 1000 1800 1000
Temperatura de secagem °C 100 150 - 180 30 - 200
Tempo de secagem h 48 17 32 - 48
Energia específica necessária kJ/kg 500 1500 n.a.
Caudal volumétrico de efluente gasoso m3/h 800 11 000 5410
Temperatura do efluente gasoso °C 40 120 105
Tabela 2.10 : Parâmetros de funcionamento de dois secadores de túnel e um secador de atmosfera controlada
2.3.3.5 Cozedura
Os produtos refractários são cozidos a temperaturas que variam entre 1250 ºC e 1850 ºC. As temperaturas de cozedura depen-
dem da composição das matérias-primas e atingem o início da deformação. As temperaturas de cozedura dos grupos de mate-
riais mais importantes situam-se nos seguintes intervalos:
— tijolos refractários 1250 - 1500 ºC
— tijolos de sílica 1450 - 1500 ºC
— tijolos de elevado teor em alumina 1500 - 1800 ºC
— tijolos de magnésia 1400 - 1800 ºC
Os produtos são cozidos em fornos de túnel, fornos de vaivém e fornos tipo hotte. A tabela seguinte dá exemplos de parâmetros
de funcionamento dos fornos de túnel utilizados na indústria de produtos refractários [4, UBA, 2001].
Fornos de túnel Unidade Tijolos de magnésio Tijolos de argila Tijolos de bauxite Tijolos de sílica
refractária
Débito t/h 2-8 4 4 2,1
Comprimento do forno m 150 113 116 180
Secção transversal m2 1,3 - 3 2,4 2,2 2,8
Densidade da carga enfornada kg/m3 1000 - 2500 600 - 1500 600 - 1300 700 - 1000
Temperatura de cozedura °C 1760 - 1850 1260 1400 1450
Energia específica necessária (secagem + cozedura) kJ/kg 6000 - 9700 3200 4500 9050
Caudal volumétrico de efluente gasoso m3/h 15 000-25 000 10 000 - 15 000 10 000 -15 000 1200
Temperatura do efluente gasoso °C 250 - 400 150 - 200 150 - 220 120
Tabela 2.11 : Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel utilizados na indústria refractária
A tabela seguinte dá exemplos de parâmetros de funcionamento dos fornos de vaivém para cozedura de produtos de sílica, ele-
vado teor em alumina e cerâmica refractária [4, UBA, 2001].
Fornos intermitentes Unidade Tijolos de sílica Tijolos com elevado Tijolos de argila
teor de alumina refractária
Débito t/ciclo 153 40 - 50 18
Volume da câmara de cozedura m3 180 20 25
Densidade da carga enfornada kg/m3 850 - 1100 2000 - 2500 650 - 1000
Temperatura de cozedura m2 1,3 - 3 2,4 2,2
Energia específica necessária (secagem + cozedura) °C 1540 1340 - 1650 1430
Caudal volumétrico de efluente gasoso kJ/kg 4500 - 7000 4500 - 8000 7600
Temperatura do efluente gasoso m3/h máx. 50000 máx. 20000 3600 - 7000
A disposição dos tijolos, sobretudo nos fornos de túnel, é cada vez mais frequentemente realizada por máquinas de deposição
automática. Os tijolos provenientes das prensas são manuseados e colocados automaticamente nos vagões do forno e de acordo
com planos de disposição programados. O plano de disposição permite o contacto da chama e dos gases quentes por todos os
lados, requerendo ainda pouca energia. Os fornos modernos funcionam a fuelóleo ou gás natural. Nalguns casos, o aquecimento
eléctrico constitui o padrão para pequenas séries de produtos especiais.
59
2.3.3.6 Tratamento subsequente
Nalguns casos, é necessário que os produtos refractários cozidos sejam posteriormente tratados por rectificação, esmerilagem Prevenção e Controlo
ou polimento, por via húmida ou seca. Após este tratamento, os produtos são colocados em paletes ou embalados e cobertos Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
com filme plástico para evitar a absorção de água, dado que a protecção tem de ser garantida durante todo o transporte. Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Energia
electricidade, fuelóleo,
gás natural, FPL
Água
Agentes auxiliares
agentes ligantes, plastificante, (gesso),
agentes de sorção, material
de embalagem
Matérias-primas
Argilas, chamota, ro-
Fabrico dos produtos refractários Produtos
refractários
chas, matérias-primas
sintéticas Ruído
Emissões para a atmosfera
partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO,
Calor em excesso CO2, (COV), (Metais pesados)
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados,
(moldes de gesso utilizados), lama, loiças
danificadas, resíduos de embalagem, poeiras
recolhidas, partículas e aparas
Para o fabrico industrial de argila expandida é necessário cumprir certas exigências de material. Outro factor importante é o dese-
nho do forno, que deve adequar-se às características das matérias-primas e às quantidades a processar. O processo de dilatação
pode ser influenciado pelos seguintes parâmetros:
— composição das matérias-primas
60 — aditivos
— curva de temperatura
— atmosfera do forno
COMISSÃO EUROPEIA
— viscosidade em função dos factores de influência acima indicados.
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
A experiência prática, durante o fabrico de argila expandida, mostrou que a expansibilidade da argila é determinada pelas maté-
rias-primas e aditivos e pela tecnologia do processo térmico. Os principais factores tecnológicos que influenciam a expansibilida-
de das matérias-primas são a velocidade de aquecimento e a atmosfera do forno.
O fabrico de argila expandida envolve as seguintes fases: extracção (esta actividade não é tratada neste documento), preparação
das matérias-primas, conformação, tratamento por calor (secagem, cozedura), tratamento subsequente do produto, recuperação
do produto e preparação para o transporte (ensacamento, carregamento). A figura que se segue mostra um esquema do fabrico
de agregados de argila expandida [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]. O processo de conformação não é relevante para
todas as fábricas.
Matérias-primas
como recursos
Argila
xistosa
Extração
Preparação das
matérias-primas
Moldagem
Tratamento dos Efluentes gasosos
Tratamento térmico
secagem/cozedura
Trituração/peneiração
Ensacamento/carga
Estudos prévios mostraram que as características de dilatação de uma argila como matéria-prima não podem ser geralmente
derivadas da sua análise. Podem efectuar-se certas afirmações gerais quanto à composição química/mineral e outras caracterís-
ticas dos materiais de expansibilidade comprovada:
— teor relativamente elevado de silicatos inter-estratificados, sobretudo do grupo da ilite ou da mica, mais de 40% é vantajo-
so; o teor em caulinite é normalmente baixo
— o teor em calcite ou dolomite reduz o tempo de dilatação; a cal em pedaços é prejudicial, pois pode posteriormente provo-
car escamação 61
— composição química: Prevenção e Controlo
- Al2O3: 12 – 25 % Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
- SiO2: 47 – 78 % Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
— composição mineralógica:
- quartzo: 7 – 45 %
- carbonatos: 0,1 – 17 %
- minerais argilosos: 40 – 80 %
- feldspato: 5 – 25 %
- outros: 3 – 17 %
— o amolecimento piroplástico da massa ou dos grânulos deve ocorrer durante a fase mais favorável do processo de forma-
ção de gás; esta permite obter a dilatação mais vantajosa, de pelo menos 50 a 100 K.
As argilas naturalmente inadequadas para dilatação podem tornar-se expansíveis acrescentando aditivos e agentes auxiliares
adequados, que tornam o fabrico de produtos expandidos com características especiais mais fácil (por exemplo, se o objectivo
for maximizar as características de isolamento térmico, acrescentam-se com frequência auxiliares de dilatação à argila expandi-
da) e, por vezes, também mais seguro. Os exemplos de aditivos (agentes de fluxo e agentes de libertação) e agentes auxiliares
(auxiliares de dilatação) apresentados na tabela seguinte revelaram-se particularmente fiáveis:
Secadores de câmara Auxiliares de dilatação Agentes de libertação
Os tipos de aditivos e agentes auxiliares dependem da composição da matéria-prima, da tecnologia do processo de fabrico
(processamento de argilas húmidas ou secas, veja-se a Secção 2.3.4.2), a disponibilidade económica e as características da
emissão. A dosagem situa-se normalmente entre 0 e 10% por peso.
No caso de argila com teor de humidade elevado, a técnica mais comum consiste no processo por via húmida: no processamento
e na homogeneização mecânicos realizados no armazenamento de argila, raladores-misturadores, desintegradores, misturadores
de duplo eixo e amassadores, as argilas dúcteis (com aditivos) são introduzidas num secador rotativo. Através de uma sequência
adequada de acessórios de fixação do forno de secagem, como cadeias, barras transversais e placas, os fragmentos de argila
são ainda mais fragmentados.
No caso de argilas mais secas, a técnica mais comum consiste no processo por via semi-seca: utiliza-se um moinho primário
para fragmentar grandes pedaços de matéria-prima até que atinjam uma granulometria inferior a 100 mm. O material pode ser
homogeneizado durante o armazenamento automático e obtido utilizando uma draga escavadora. Na unidade de moagem a
seco, a argila é moída entre a base de moagem rotativa e os laminadores. A argila em pó é introduzida no granulador de pratos
inclinados, assim como a água. O movimento giratório do prato provoca a formação de grânulos esféricos, descarregados pelo
seu bordo inferior; o movimento de rolamento possui um certo efeito granulador.
Adicionam-se reagentes adequados para reduzir a tensão superficial da água adicionada. Influencia-se o tamanho dos grânulos
e adaptam-se as características às matérias-primas respectivas alterando a velocidade e a inclinação do prato e a altura do seu
bordo. Os grânulos passam através de um «tambor de pó» (tambor rotativo com pendente) onde se lhes aplica pó de calcário à
superfície. Este pó impede a aglomeração dos grânulos em verde e protege-os posteriormente no forno de cozedura/expansão.
62 2.3.4.2.2 Tecnologia do processo térmico
As tendências no projecto de fornos caracterizam-se pelo esforço em desenvolver sistemas de adaptabilidade simples e flexível,
tanto em termos das matérias-primas, como das características do produto pretendidas. Uma forma de a obter é pelo controlo
variável da cozedura e do ar, em combinação com tempos de transferência de cada fase térmica. A curva de temperatura ideal
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
para atingir a densidade pretendida depende da mistura de matérias-primas e aditivos. Para optimizar o procedimento, os pré-
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA aquecedores localizam-se a montante do forno de expansão propriamente dito. O tipo de pré-aquecedor mais comum é o forno
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
rotativo de secagem (forno rotativo). Para o arrefecimento, utilizam-se vulgarmente dispositivos como refrigeradores de coluna
(“shaft cooller”), refrigeradores rotativos, refrigeradores de satélite, refrigeradores de grelha ou de tremonha (“hopper cooler”).
Os fornos rotativos utilizados para o fabrico da argila expandida funcionam normalmente em modo de contra-corrente, ou seja, o
material e o meio de aquecimento movem-se em direcções opostas. A matéria-prima é introduzida pelo lado frio do forno. Devido
à inclinação do tambor e à rotação do forno, o material desloca-se para a extremidade quente do forno, ou seja, para a zona de
alta temperatura. O tempo de transferência depende da inclinação do forno, da sua velocidade e dos acessórios internos que
contém. O tempo tem uma influência significativa nas características do produto. Para prevenir a adesão dos grânulos, os fornos
estão por vezes equipados com acessórios de internos apropriados, como correntes suspensas. As dimensões do forno depen-
dem da técnica utilizada. O comprimento dos fornos rotativos varia de 4 a 80 m e os diâmetros de 1,0 a 4,5 m. Os combustíveis
habitualmente utilizados são o fuelóleo, o carvão, o gás e os combustíveis alternativos/secundários são de origem orgânica (p.
ex. biocombustíveis, biomassa) e não-orgânica (p. ex., óleos usados, solventes). O processo produtivo visa optimizar o equilíbrio
térmico graças à utilização de uma gama alargada de opções de temperatura e tempo de aquecimento.
Consequentemente, os principais elementos e compostos gasosos libertados são oxigénio, monóxido de carbono, dióxido de
carbono e/ou dióxido de enxofre, tendo um ou mais dos quais de estar presente para que o processo de dilatação ocorra. Isto
dá-se sobretudo na gama alargada de temperaturas de cerca de 750 a 1300 ºC.
Água
Agentes auxiliares
Agentes de sorção,
auxiliares de expansão
Ruído
Emissões para a atmosfera
Partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO,
Calor em excesso CO2, (COV)
Perdas/resíduos de process
filtros usados, agentes de sorção utilizados,
poeiras recolhidas, partículas e aparas
Figura 2.19 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de granulados de argila expandida
Consoante o produto a realizar é ou não vidrado e se utiliza cozedura única, dupla ou tripla, o ladrilho será ou não vidrado numa
dada fase do processo, ou a ordem das fases de vidragem e cozedura podem ser ordenadas da forma adequada. A figura que
se segue mostra um esquema das diferentes possibilidades para o fabrico de ladrilhos e azulejos [3, CERAME-UNIE, 2003], [23,
TWG Ceramics, 2005].
64 Matérias-primas
dos corpos cerâmicos
Ladrilhos
não vidrados
Ladrilhos vidrados
de bicozedura
Ladrilhos vidrados
de monocozedura
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL Preparação dos corpos Preparação dos corpos Preparação dos corpos
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
cerâmicos cerâmicos cerâmicos
de Tecnologia Prospectiva
Cozedura de chacota
Produto final/expedição
2.3.5.1 Matérias-primas
As argilas e os caulinos são matérias-primas plásticas habitualmente usadas no fabrico de ladrilhos e azulejos. A chamote,
o quartzo, o feldspato, o carbonato de cálcio (calcite), a dolomite e o talco são matérias-primas não-plásticas com diferentes
funções na composição da pasta (por exemplo, o feldspato actua como agente de fluxo, ao passo que a calcite possibilita a
formação de fases cristalinas). As mesmas matérias-primas, em combinação com vidrado fritado, óxidos metálicos e corantes,
são utilizadas nos vidrados.
Para reduzir o consumo de energia no processo de secagem, através da redução do teor em água, acrescentam-se electrólitos
como silicato ou difosfato de sódio.
Essencialmente, os elementos da composição são transportados para a área de armazenamento de matérias-primas na forma
de materiais a granel. Estes materiais são armazenados a céu aberto, em abrigos de armazenagem, em tulhas ou em silos. Os
materiais de menor dimensão são transportadas e armazenadas em sacos e recipientes, e os materiais líquidos em tanques
fechados.
O doseamento das matérias-primas é realizado gravimetricamente tendo em consideração o seu grau de humidade. Para corar os
componentes da pasta adicionam-se pequenas quantidades de pigmentos, óxidos metálicos ou corantes. Os materiais maiores
são pré-moídas em moinhos de rolos ou moinhos de bolas tipo Alsing. Após a pesagem, os materiais pré-moídos são moídos
(incluindo água e electrólitos) em moinhos de bolas por via húmida, os quais podem ser descontínuos ou contínuos. Uma outra va-
riação consiste no processo de elutriação (“elutriation”) e homogeneização das matérias-primas doseadas em grandes tanques. A
suspensão é bombeada dos tanques para moinhos de tambor por via húmida. O teor em água da suspensão é de cerca de 35%.
Após a moagem fina (até se atingir uma granulometria <0,1 mm), a suspensão é peneirada gradualmente e armazenada em
tanques próprios com agitação. A suspensão é transformada quer num corpo plástico («pasta de extrusão»), quer num «pó para
prensagem». A produção e o tratamento da barbotina são invulgares no fabrico de ladrilhos e azulejos.
As «pastas de extrusão» preparam-se habitualmente em raladores-misturadores ou unidades de laminação. Para produzir a «pas-
ta de extrusão», retira-se a água da suspensão por filtro-prensas ou filtros rotativos até que o seu conteúdo se situe entre 20
e 25% de humidade. São adicionadas substâncias orgânicas ou inorgânicas à composição para maximizar a sua plasticidade.
Entre estas substâncias, contam-se alginatos, dextrina, linhina, metilcelulose, etilcelulose e parafina. Um processo especial de
preparação matérias-primas para a conformação plástica é a moagem fina em moinhos secos, mistura e ulterior adição de cerca
de 20% de água (processo de Buchtal) [23, TWG Ceramics, 2005].
Os ladrilhos são fabricados predominantemente utilizando «pó de prensagem», fabricado por um processo húmido ou seco.
No processo húmido, a suspensão é bombeada dos tanques de armazenamento com agitação para atomizadores. A secagem 65
é efectuada a temperaturas de 350 a 450 ºC até que o teor de água seja de 5 a 9%. O calor fornecido ao atomizador advém da
combustão de gás natural ou fuelóleo. Os aditivos orgânicos da barbotina são acrescentados para maximizar as características Prevenção e Controlo
de deslizamento do pó. Estes aditivos podem ser de natureza orgânica ou inorgânica, sendo os mais utilizados na preparação da Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
composição da pasta o silicato de sódio, o tripolifosfato de sódio e os acrilatos. Dado o teor significativo em argilas na pasta, é Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
normalmente desnecessário utilizar ligantes como a carboximetilcelulose, a metilcelulose e o álcool polivinílico, etc. na sua com-
posição, excepto em circunstâncias especiais (p. ex., tamanhos grandes) [23, TWG Ceramics, 2005].
O processo por via seca inclui a moagem a seco em moinhos pendulares, de martelos e de anéis, seguida da humidificação
adequada do pó moído, que deve atingir um teor médio de humidade de cerca de 5– 7%.
2.3.5.3 Conformação
A «pasta de extrusão» é moldada numa extrusora (fieira) com a forma do molde e cortada com a geometria pretendida. Os produ-
tos habitualmente fabricados a partir deste processo plástico são as forras ou plaquetas. Os ladrilhos de faiança e grés cerâmico
são fabricados predominantemente utilizando «pó de prensagem», O pó é moldado em corpos de prensagem em prensas articu-
ladas de impacto, prensas de parafuso ou prensas hidráulicas, com uma pressão de cerca de 35 MPa. Normalmente, empregam-
se prensas multifuncionais, capazes de formar quatro ladrilhos por ciclo. O material prensado é polido e colocado automática ou
manualmente no vagão do forno de túnel ou no secador de rolos.
2.3.5.4 Secagem
Os corpos prensados são secos sobretudo em secadores de túnel, de rolos ou verticais. Para aquecer o secador, utiliza-se o calor
residual do forno ou queimadores de gás natural ou fuelóleo. A secagem é realizada a temperaturas que variam com o tipo de
tecnologia; p. ex., nos secadores verticais, oscila entre 200 e 220 ºC e os secadores de túnel entre 300 e 350 ºC. O tempo de
secagem vai de uma a quatro horas, consoante o teor em água do material. O teor de humidade residual necessário é inferior a
1%, para evitar fissuras e erros de vidragem durante o processo de cozedura.
A cozedura final tem lugar em fornos de rolos, de túnel ou descontínuos (intermitentes). Os ladrilhos vidrados colocam-se em
auxiliares de cozedura e são cozidos a temperaturas de 1050 a 1300 ºC em fornos de túnel ou fornos de rolos sem auxiliares de
cozedura. Os ladrilhos de formas especiais são cozidos em fornos de vaivém/intermitentes ou fornos de túnel a uma temperatura
máxima de 1100 ºC. A tabela abaixo exemplifica parâmetros de funcionamento de fornos de túnel e fornos de rolos.
Tabela 2.14: Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel e dos fornos de rolos
66
Unidade Forno de túnel Forno de rolos
Cozedura final Cozedura única (monocozedura)
Produto Ladrilhos com menor absorção de água
não vidrados não vidrados vidrados
COMISSÃO EUROPEIA Débito t/h 1,2 2,1 2,1
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Comprimento do forno m 130 80 60
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
Secção transversal m2 1,5 - 2,0 1,2 0,8 - 1,0
Densidade da carga enfornada kg/m3 700 - 1000 20 - 30 20 - 30
Temperatura de cozedura °C 1200 1220 1230
Energia específica necessária kJ/kg 3900 2900 2500
Caudal volumétrico de efluente gasoso m3/h 15000 10000 13000
Temperatura do efluente gasoso °C 220 160 160
Tabela 2.14: Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel e dos fornos de rolos
Energia
Electricidade, fuelóleo,
gás natural, GPL
Água
Agentes auxiliares
Matérias-primas dos Plastificante, electrólitos,
corpos cerâmicos agentes de sorção,
Argilas, caulino, feldspato, material de embalagem
quartzo,chamote
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados,
lama, caco, resíduos de embalagem, poeiras
recolhidas, partículas e aparas
Mistura
Peneiração Peneiração
Desidratação Desidratação
(térmica.) (mecânica.)
Armazenamento
Dosagem, Mistura
Secagem
Polimento
Cozedura de biscoito
Vidragem
Cozedura final
Esmerilagem
Decoração
Cozedura da decoração
2.3.6.1 Matérias-primas
Como principais matérias-primas no fabrico de cerâmica doméstica, utilizam-se argilas plásticas, feldspato e quartzo. As diferen-
tes misturas para a pasta e o vidrado são entregues na fábrica e armazenadas em silos, sacos e recipientes, consoante o teor em
humidade da matéria-prima, o método de armazenamento e o tamanho das partículas. Para que as características da pasta sejam
adequadas, utilizam-se diversas matérias-primas com parâmetros diferentes.
A Tabela 2.15 e a Tabela 2.16 mostram as gamas habituais de composição mineralógica e química das matérias-primas utilizadas
68 no fabrico da cerâmica doméstica [3, CERAME-UNIE, 2003].
Tabela 2.15 : Valores típicos da composição mineralógica das matérias-primas utilizadas no fabrico de cerâmica doméstica
Caolino 55 35 10
Argila plástica 75 20 5
Feldspato 70 20 10
Sienite nefelínico 60 25 15
Talco 60 0 40 (MgO)
Sílica 95 0 5
Sílex 90 0 10
Cinza de ossos 0 0 100 (Ca5(PO4)3OH)
Tabela 2.16 : Valores típicos da composição química das matérias-primas utilizadas no fabrico de cerâmica doméstica
Os aditivos orgânicos da barbotina e ligantes são acrescentados ao «pó de prensagem» para que este adquira as características
de suavidade e deslizamento correctas. Para tal, utiliza-se carboximetilcelulose, metilcelulose, éter de celulose, álcool polivinílico,
acetato de polivinilo e polissacarídeos, acrescentando-se oleína, óleo mineral, ácido esteárico e cera. A parcela de agentes desli-
zantes e agentes ligantes no «pó de prensagem» situa-se entre 0,2 e 0,4% p/p. A formação de pó pelo processo de leito fluidizado
pode ser usado com um menor consumo de aditivos fluidificantes e agentes ligantes, fornecenco assim boas características de
conformação.
A formação de grânulos pelo processo de secagem em leito fluidizado, bem como os processos não térmicos de formação de grâ-
nulos são alternativas futuras para a produção de “pó de prensagem“. O consumo específico de energia no processo de produção
de grânulos em leito fluidizado é superior ao processo de atomização mas o consumo específico de energia térmica é inferior.
Se a «pasta de extrusão» para a conformação plástica for produzida utilizando «pó de prensagem», mistura-se o pó e a barbotina
resultante até que o teor em água seja de 20 a 25%. Os “tarugos” cilíndricos extrudidos são armazenadas durante algum tempo
para garantir que a humidade e a tensão são homogéneas. São utilizados aditivos e agentes orgânicos e ligantes inorgânicos,
como cloreto de magnésio, sulfato de magnésio, fosfatos ou bórax para aumentar a resistência dos componentes plásticos para
a conformação plástica macia.
As “lastras” do filtro, os resíduos de componentes plásticos para conformação plástica dura ou o «pó de prensagem» são dissol-
vidos em água para produzir barbotina. O teor em água da barbotina varia entre 25 e 35%. Para garantir que as características
de deslizamento são boas mesmo quando o teor de água é baixo utilizam-se aditivos como soda, silicato de sódio ou potássio, 69
cáusticos ou ácido húmico.
2.3.6.3 Conformação
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Existem três tipos diferentes de processos de conformação no fabrico de cerâmicas domésticas. Os produtos planos, como Disponíveis na Indústria
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travessas e pratos, são predominantemente fabricados pelo processo de prensagem a seco. Os produtos ocos, como vasos,
fabricam-se pelo processo de conformação por vazamento, enquanto chávenas e jarras se produzem pelo processo de confor-
mação plástica.
No processo de prensagem a seco, o «pó de prensagem» (teor em água de cerca de 5%) é prensado isostaticamente com agentes
auxiliares. O «pó de prensagem» é introduzido numa prensa, que consiste num molde superior e outro inferior. No molde inferior, a
membrana isostática funciona como peça principal de compressão. O molde superior da prensa é desenhado com várias formas,
conforme o produto. As prensas horizontais com cabeças de vários formatos permitem produzir diversos produtos com grande
rendimento. As prensas de cabeça dupla produzem até 1200 peças por hora. O pó é prensado até adquirir a forma pretendida com
uma pressão de 30 MPa. A vantagem deste processo é o baixo teor em água dos produtos em verde.
No processo de conformação plástica, a «pasta de extrusão» (teor em água de 20 a 25%) é formada em máquinas de conforma-
ção com o auxílio de ferramentas de perfilagem. Os materiais equilibrados dinamicamente produzem-se em moldes de gesso
fabricados em instalações especiais. O corpo plástico cilíndrico é cortado em fatias idênticas. Na etapa seguinte, estas são
mecanicamente repartidas pelos moldes de gesso das máquinas de conformação. A duração dos moldes de gesso é muito curta,
sendo comum a sua utilização em apenas 100 a 150 peças. Recentemente, foram empregues moldes porosos constituídos por
materiais poliméricos para aumentar a duração.
Os artigos não equilibrados dinamicamente são produzidos por enchimento com barbotina. A formação do corpo dá-se por de-
sidratação da barbotina em moldes de gesso, sendo o processo de conformação por vazamento sólido utilizado sobretudo para
a produção de artigos planos. Os vasos e jarros são fabricados pelo processo de conformação por vazamento (drain casting).
Para o fabrico em escala industrial utilizam-se máquinas de conformação, enquanto a produção em pequena escala é realizada
por conformação manual. O tempo de formação do corpo pode ser reduzido sob pressão. A conformação sob pressão decorre
em moldes poliméricos porosos sob pressões até 4 MPa. A conformação sob pressão é muito mais rápida do que o processo
convencional, durando os ciclos de conformação apenas dois ou três minutos.
A prensagem plástica é um outro processo usado no fabrico de cerâmica doméstica. Os produtos são fabricados em moldes de
gesso ou poliméricos de duas peças. Em comparação com o processo de enchimento por barbotina utilizando um corpo plástico,
este processo reduz consideravelmente o tempo de formação do corpo.
2.3.6.4 Secagem
Os produtos produzidos pelo processo de enchimento por barbotina ou pelo processo de conformação plástica têm de ser secos
em secadores especiais até que o seu teor em água se reduza para menos de 2%. Para esta desidratação, utilizam-se secadores
de câmara e de túnel, alimentados com o calor residual dos fornos, gás natural ou fuelóleo EL. Os secadores de infravermelhos e
microondas constituem uma alternativa ao processo de secagem convencional. Estes secadores são utilizados para a pré-seca-
gem dos componentes moldados e também para a secagem de moldes de gesso usados e novos. Os secadores de microondas
são construídos sob a forma de câmara, túnel ou passagem entre câmaras.
A rugosidade da superfície e as marcas do molde que resultam do processo de conformação são removidas no processo de
acabamento. O acabamento é efectuado com facas e pelo tratamento subsequente com uma esponja húmida. Os produtos pren-
sados e conformados em rollers são limpos sobretudo por máquinas, mas outros produtos são tratados manualmente. No caso
do fabrico em escala industrial, os processos de conformação, secagem e acabamento unem-se numa etapa do fabrico.
A seguir à cozedura da chacota, segue-se a vidragem. O vidrado consiste em compostos vítreos com uma maior percentagem de
agentes de fluxo dispersos em água. Os artigos ocos (excepto chávenas) são vidrados por mergulho manual. Os artigos planos
e chávenas são vidrados mecanicamente num processo de vazamento-vidragem, sendo a produção em pequena escala vidrada
manualmente por mergulho. Os artigos rasos são também vidrados por pulverização. Como agentes ligantes orgânicos e colas,
utilizam-se agentes adesivos (como a poliamina ou a dextrina). São misturados electrólitos com o vidrado para uma secagem
mais rápida.
A cozedura do vidrado que se segue é realizada em atmosfera oxidante ou redutora a temperaturas de 1320 a 1430 ºC. Os fornos
70 de cozedura do vidrado são fornos de túnel com vagões, fornos de rolos (de várias camadas), fornos de túnel de cozedura rápida
com mesas de cozedura móveis, fornos de placas ou fornos de tapete rolante. Os fornos intermitentes, como fornos de câmara,
fornos de vaivém e fornos de tipo hotte funcionam a velocidades de alimentação mais lentas. O artigo a cozer é colocado em
COMISSÃO EUROPEIA
prateleiras ou material refractário (a chamada «mobília do forno»). O tempo de cozedura da vidragem varia entre 25 e 36 horas no
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE forno de túnel e entre 3,5 e 5 horas nos fornos de cozedura rápida, sem auxiliares de cozedura.
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
As Tabelas 2.17 e 2.18 dão exemplos de parâmetros de funcionamento de fornos de funcionamento intermitente e contínuo [4,
UBA, 2001].
Forno intermitente Unidade Porcelana
O vidrado funde-se durante o processo de cozedura e sela o corpo cerâmico poroso. A superfície torna-se estanque à água e ma-
cia. Após a cozedura de vidragem, os produtos são separados de acordo com a qualidade correspondente. As áreas sem vidrado
são esmeriladas e polidas para maximizar o valor dos produtos.
A porcelana de osso (“bone china”) é dedicada especialmente à louça de mesa e aos serviços de chá tradicionais. Para o seu fa-
brico, são matérias-primas importantes a argila e a pedra da Cornualha e até 50% de ossos calcinados de bovino. As temperaturas
de cozedura da vidragem situam-se entre 1250 e 1350 ºC, sendo as temperaturas de cozedura de chacota de 1100 a 1150 ºC. A
presença de vapor de vidrado na atmosfera de forno garante que a superfície fique muito macia.
O processo de decoração que se segue maximiza o valor do produto e permite que seja personalizado. Para a decoração, utilizam-
se tintas sobre o vidrado (on-glaze), tintas dentro do vidrado (in-glaze), tintas sob o vidrado (under-glaze) e compostos metálicos.
No processo de decoração sobre o vidrado, decoram-se produtos já vidrados e cozidos. Este tipo de decoração funde-se no vidra-
do através de um processo de cozedura adicional. No processo de decoração de grande fogo, os pigmentos coloridos afundam-se
no vidrado. No processo de decoração sob o vidrado, decoram-se os produtos antes de o processo de vidragem se iniciar. Os
processos típicos de decoração são a transferência por decalque, a reimpressão, a serigrafia directa, a impressão offset, o revesti-
mento, a filagem, a estampagem, o polvilhamento (powdering), a pintura, a vaporização, o stencil e a gravura. Além da decoração
manual, utilizam-se máquinas de serigrafia e impressão a cores. São utilizados numerosos óxidos como agentes de fluxo, opaci-
ficantes e para a coloração directa nos processos de vidragem e decoração. As cores do vidrado e da decoração consistem em
sistemas complexos de numerosos pigmentos. Na lista que se segue mencionam-se os elementos e respectiva valência química
(entre parênteses) em que aparecem como de óxidos nos pigmentos. Cu (1, 2), Ca (2), Zn (2), Al (3), In (3), Si (4), Sn (4), Pb (2),
Ti (3, 4), Zr (4), Ce (4), Pr (4), V (4, 5), Sb (3, 4, 5), Cr (3, 6), Mo (4, 6), Mn (2, 4), Fe (2, 3), Co (2), Ni (2) e Cd (2).
Além do processo de decoração, apresentam-se nas Tabelas 2.19 e 2.20 exemplos de parâmetros de funcionamento de diferen-
tes fornos [4, UBA, 2001], [21, Almeida, 2004].
Forno de rolos com auxiliares de cozedura Decoração sobre vidrado (on-glaze) 850 - 950 40 - 70 min
Forno de rolos com elementos de quartzo Decoração sobre vidrado (on-glaze) 1080 40 - 70 min
Forno com transportador de correia dupla Decoração sobre vidrado (on-glaze) 850 - 950 40 - 70 min
Forno com transportador de correia dupla (correia especial) Decoração sobre vidrado (on-glaze) 1050 40 - 70 min
Forno de túnel com transportador de placa Decoração de alto fogo 1300 - 1400 7 - 16 h
Forno intermitente Decoração sobre vidrado (on-glaze) 850 - 950 8 - 10 h
Outro processo de fabrico de cerâmica doméstica, ainda que aplicado em escassos casos, envolve apenas um procedimento de
cozedura, sem pré-cozedura. Este procedimento de cozedura única é suficiente para produtos não-decorados e produtos cujas
decorações são aplicadas antes da vidragem. A cozedura demora 20 horas nos fornos de vaivém, a uma temperatura de 1260
ºC. O ouro, a platina e outras tintas metálicas têm de ser cozidos a uma temperatura mais baixa, de 890 ºC [17, Burkart, 2004]
[22, SYKE, 2004].
No processo de fabrico de cerâmica doméstica utilizam-se sobretudo o gás natural e o gás de petróleo liquefeito como combus-
tíveis nos vários tipos de fornos. Combustíveis como o fuelóleo EL raramente são usados neste subsector.
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Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL
de Tecnologia Prospectiva
Água
Agentes auxiliares
Plastificante, gesso, agentes de sorção,
material de embalagem
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados, gesso utilizado, lama, loiças danifica-
das, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas
Pré-trituração Pré-trituração
Elutriação
Homogeneização
Secagem
Desbarbamento/acabamento à esponja
Vidragem
Cozedura Recozedura
Escolha Embalagem Expedição
zenadas em silos ou tulhas para evitar qualquer influência atmosférica. Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
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O armazenamento posterior em tanques com agitação, durante alguns dias, aumenta as características de conformação da
barbotina. Para se obter a capacidade de conformação adequada, associada a um teor baixo em água, empregam-se agentes de
liquefacção e estabilidade como soda, vidro solúvel, cáustico, potassa e ácido húmico. Os materiais do vidrado são doseados e
depois misturados e moídos em moinhos de bolas (intermitente) ou em moinhos horizontais ou anelares (contínuos). Para ma-
ximizar a adesão e a força de fixação após a moagem adicionam-se ao vidrado agentes ligantes como carboximetilcelulose ou
poliamina. A desferrização da pasta e do vidrado é realizada através de magnetes permanentes para evitar a coloração do produto
através de impurezas magnéticas.
2.3.7.3 Conformação
Hoje em dia, a maioria dos produtos cerâmicos ainda é moldada em moldes de gesso. A tendência do desenvolvimento dá-se no
sentido de processos de conformação sem gesso realizados em moldes poliméricos porosos. O procedimento de conformação
tem habitualmente lugar em moldes de gesso. A água deixa a barbotina através das áreas porosas dos moldes de gesso para
formar o corpo. O tempo de formação do corpo reduz-se com a pressão. Os produtos sanitários complexos são fabricados pelo
processo de conformação por vazamento. As peças de conformação sólida adicionais são fabricadas por um processo paralelo
e acrescentam-se e ligam-se ao corpo principal. É neste processo de enchimento que se cria a forma final do produto. Após a
separação do corpo do molde, as marcas deste são rebarbadas e tratadas. O manuseamento e a rectificação das peças são
efectuados maioritariamente de forma automática.
As peças da louça sanitária são formadas cada vez mais por máquinas com moldes poliméricos de várias peças, em combinação
com a conformação por pressão. Consoante o artigo, utilizam-se moldes poliméricos de quatro ou cinco peças. A utilização de
uma pressão até 3 MPa minimiza o tempo de formação da peça. O ciclo de conformação das sanitas é reduzido para cinco a oito
minutos. A desmoldagem e o rebarbamento são habitualmente realizados enquanto a peça está no molde. As vantagens dos
moldes poliméricos sobre os de gesso são serem mais fáceis de limpar e mais duradouros.
Débito t/ciclo 4 - 45
Volume da câmara de secagem m3 30 - 375
Densidade da carga enfornada kg/m3 30 - 200
Temperatura de secagem °C 60 - 90
Tempo de secagem h 8 - 20
Energia específica necessária kJ/kg 300 - 1400
Caudal volumétrico de efluente gasoso m3/h 2000 - 20000
Temperatura do efluente gasoso °C 60 - 150
2.3.7.5 Cozedura
COMISSÃO EUROPEIA
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de Tecnologia Prospectiva
A louça sanitária é cozida em fornos de túnel e de rolos a temperaturas de 1250 a 1290 ºC, em atmosfera oxidante. A produção
em pequena escala é realizada em fornos intermitentes flexíveis, como fornos de vaivém. Estes funcionam de maneira a que a
curva de cozedura específica do produto se altere em ciclos muito curtos. Os intervalos dos parâmetros de funcionamento dos
fornos usados no fabrico de louça sanitária são apresentados nas Tabelas 2.22 e 2.23 [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida,
2004], [30, TWG Ceramics, 2005].
Forno de túnel Unidade Loiça sanitária Forno intermitente Unidade Loiça sanitária
Tabela 2.22 : Parâmetros de funcionamento dos fornos de túnel Tabela 2.23 : Parâmetros de funcionamento dos fornos intermitentes
No processo de fabrico da louça sanitária utilizam-se sobretudo o gás natural e o gás de petróleo liquefeito como combustíveis
nos vários tipos de fornos. Combustíveis como o fuelóleo EL e o fuelóleo pesado raramente são usados neste subsector. Do pro-
cesso de cozedura advém louça cozida partida e resíduos refractários. A louça cozida partida consiste em produtos defeituosos
após o processo de cozedura. Os resíduos refractários resultam de peças partidas do forno ou de auxiliares de cozedura partidos,
ou ainda de peças de vagões de túnel partidas.
Energia
Electricidade, fuelóleo, gás natural, GPL
Água
Agentes auxiliares
Plastificante, gesso, agentes de sorção,
material de embalagem
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados, moldes de gesso utilizado, lama,cacos,
loiças danificadas, resíduos de embalagem, poeiras recolhidas, partículas e aparas
Devido à grande variedade de cerâmicas técnicas e variantes nos processos de fabrico envolvidas, não se consegue definir Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
facilmente um esquema geral do processo de fabrico, embora se possam apresentar exemplos de esquemas de diferentes Manufactureira Cerâmica
processos.
A figura que se segue mostra um esquema do processo de fabrico de um isolante eléctrico [1, BMLFUW, 2003].
Matérias-primas
Balança
Moinhos de bolas
Tanques de armazenamento
Misturador-agitador
Filtro-prensa
de câmara
Atomizador
Secagem em câmara
Torno
Secador
Fornos intermitentes
Verificação eléctrica
Montagem
Verificação mecânica
Armazenamento
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de Tecnologia Prospectiva
Balança
Misturador-amassador
Pré-extrusor
Extrusor
Secadores de câmara
Serra de fita
Fornos de túnel
Serra de fita
2.3.8.1 Matérias-primas
As cerâmicas técnicas, que contêm pouca ou nenhuma argila, baseiam-se nos seguintes materiais: óxidos, carbonetos, nitretos
e boretos de Al, Mg, Mn, Ni, Si, Ti, W, Zr e de outros iões metálicos. Exemplos correntes são o Al2O3 (alumina), MgO (“periclase”
ou óxido de magnésio), SiC (carboneto de silício), TiN (nitreto de titânio) e WB2 (boreto de tungsténio) [8, Ullmann’s, 2001].
Contudo, as argilas plásticas (p. ex. caulino), o feldspato e o quartzo podem também servir como matérias-primas para as cerâ-
micas técnicas, por exemplo, para o fabrico de isoladores eléctricos [1, BMLFUW, 2003].
Além disso, aplicam-se ainda aditivos (agentes auxiliares) como auxiliares de sinterização (inorgânicos) e auxiliares de formação
(normalmente orgânicos), tais como agentes de liquefacção, plastificantes ou ligantes, que são tão importantes como as próprias
matérias-primas [24, VKI-Germany, 2004].
a) O fabricante de cerâmicas técnicas adquire as matérias-primas necessárias e realiza todas as tarefas de transformação
posteriores. Para os diferentes processos de conformação são necessárias preparações específicas do material não cozido:
b) O fabricante de cerâmicas técnicas adquire o material já preparado, começando pela etapa de doseamento ou de confor-
mação do processo de fabrico de cerâmicas [24, VKI-Germany, 2004].
As cerâmicas técnicas requerem frequentemente a conversão química das matérias-primas em compostos intermediários. Estes
podem sofrer purificação e eventual conversão química até adquirirem a sua forma final. Para algumas cerâmicas técnicas há
que sintetizar pós e, para tal, várias vias químicas podem ser utilizadas. Algumas vias químicas, tais como o tratamento sol-gel,
podem também contornar a etapa de pó.
As exigências de grande resistência e acabamentos suaves, sobretudo das peças pequenas, requerem que os pós sejam de
granulometria fina. Assim, uma linha de investigação das cerâmicas técnicas visa produzir pós muito finos, de partículas mono-
dimensionais e essencialmente esféricas. Habitualmente, estas são produzidas por química coloidal para óxidos. Os nitretos e
carbonetos acima indicados envolvem nucleação controlada e crescimento em reacções de fase gasosa. Contudo, a maioria das 77
cerâmicas de alta tecnologia é ainda produzida a partir de pós com maior distribuição de tamanhos na gama submicrométrica [8,
Ullmann’s, 2001]. Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Algumas matérias-primas são calcinadas a altas temperaturas para as adequar ao fabrico de cerâmicas técnicas. Para mais Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Além disso, emprega-se no fabrico de cerâmicas técnicas o processo de secagem por atomização. A suspensão aquosa de maté-
ria-prima que resulta da moagem em moinhos de bolas por via húmida (teor em sólidos ~60 a 70%) é pulverizada sob pressão de
maneira a produzir gotículas que contactam uma corrente de ar quente. A secagem das gotículas produz grânulos ocos mais ou
menos esféricos altamente uniformes (com um teor de humidade habitual de 5,5 a 7%). Esta forma de «pó de prensagem» possui
elevada fluidez, facilitando o enchimento exacto dos moldes de prensagem e, depois, a prensagem de produtos de cerâmica
técnica [3, CERAME-UNIE, 2003].
Há que notar que especialmente os materiais sintéticos, como o carboneto de silício, matérias-primas calcinadas e «pó de pren-
sagem» seco por atomização, são fabricados com frequência por fornecedores especializados, mas poderão ser submetidos ao
processo de desintegração.
No entanto, produz-se não só «pó de prensagem», como também «pasta de extrusão», sobretudo quando se utilizam argilas
plásticas como matérias-primas para a cerâmica técnica (p. ex. no fabrico de electroporcelana ou catalisadores cerâmicos) [1,
BMLFUW, 2003]. Para produzir a «pasta de extrusão», a suspensão é desidratada através de prensas de filtro ou filtros rotativos
até que o conteúdo em água se situe entre 20 e 25%.
Outra possibilidade para a preparação das matérias-primas é a produção de barbotina por um processo de via húmida. Depois,
ao fabricante basta-lhe dosear as matérias-primas que lhe são entregues, seguindo-se a produção real de barbotina em turbo-
diluidores [23, TWG Ceramics, 2005].
2.3.8.3 Conformação
Os métodos de conformação de peças de cerâmica técnica podem dividir-se nos seguintes tipos básicos [24, VKI-Germany, 2004]:
Prensagem a seco
A prensagem a seco é utilizada para o fabrico em massa de produtos de precisão. Os granulados de pó atomizado são comprimi-
dos em moldes de aço concebidos especificamente para a peça a fabricar. Habitualmente, o custo elevado dos moldes (por vezes
fabricados em carboneto) só se justifica no caso de grandes volumes de produção.
A prensagem a seco é o processo mais económico para séries de produção em massa, adequando-se tanto a geometrias simples
como complexas. As depressões e orifícios só são habitualmente desenhados na direcção da prensagem. Consoante o desenho
da máquina de prensagem a seco, podem fabricar-se componentes cujo tamanho vai do de um ladrilho ao de uma cabeça de
fósforo. Podem prensar-se pequenos discos ou placas com 0,8 ou 1,0 mm de espessura aproximada. Além disso, é ainda possível
fabricar sulcos finos ou estruturas similares no componente se o granulado a prensar puder preencher eficazmente zonas ocas da
ferramenta de prensagem, e desde que seja possível criar a ferramenta necessária.
Prensagem isostática
A prensagem isostática adequa-se ao fabrico de formas primitivas uniformemente comprimidas e peças grandes, adaptadas a
ser trabalhadas no estado em verde. Alguns produtos de cerâmica técnica de alta qualidade requerem uma densificação uniforme
do «pó de prensagem», que pode ser obtida aplicando igual pressão em todas as superfícies. Na prensa isostática, moldes de
borracha ou poliuretano são preenchidos com pó atomizado e colocados num recipiente com líquido. De seguida, aplica-se uma
pressão hidrostática elevada e, por fim, os objectos são desmoldados.
Este tipo de conformação está bem adaptado ao fabrico de protótipos ambiciosos e pequenas séries, mas, para alguns produtos, a
prensagem pode também ser totalmente automática (velas de ignição, bolas de moinhos, pequenos pistões, bocais de soldadura).
Prensagem húmida
A prensagem húmida permite o fabrico de peças com geometrias complexas, como roscas de parafusos, orifícios laterais, reces-
sos e incisões. O material verde utilizado para este efeito possui habitualmente níveis de humidade da ordem dos 10 a 15%. A
compressão uniaxial torna estes materiais capazes de fluir livremente, podendo assim obter-se uma compressão relativamente
78 regular. Contudo, o inconveniente disto é que os materiais para prensagem húmida só podem aceitar uma baixa deformação por
compressão. Isto significa igualmente que o grau de compressão é limitado. Este depende muito do teor em humidade do material
não-cozido, sendo mais baixo no caso das peças prensadas a seco.
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DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE Além disso, em certas circunstâncias, é necessário secar as peças prensadas antes da cozedura. As tolerâncias médias, em
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conformidade com a norma DIN 40680-1, baseiam-se neste aspecto.
Extrusão
A extrusão é efectuada utilizando extrusoraas de pistão ou prensas de parafuso sob vácuo. No processo de conformação, por
exemplo, no fabrico de isoladores eléctricos, a «pasta de extrusão» (teor em água de 20 a 25% ou entre 19 e 23% na extrusão
para fabrico de isolantes de alta voltagem) é conformada numa extrusora até adquirir a geometria correcta, cortada em peças e
novamente moldada em tornos [1, BMLFUW, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005].
A extrusão é também adequada para fabricar outras peças simétricas por rotação, como eixos ou tubos. Podem ainda ser produ-
zidos perfis complexos com o auxílio de bocais de desenho adequado. O comprimento das peças a fabricar depende, em grande
medida, da tendência de o material transformado sofrer distorção.
2.3.8.4 Rectificação
Conforme mostra a figura abaixo, pode distinguir-se a rectificação a cru (após secagem), a rectificação branca (após eliminação
por combustão e pré-cozedura) e a rectificação dura (após cozedura/sinterização) [24, VKI-Germany, 2004].
cerâmicas Moldagem
79
produção das peças
Etapas da Fabrico
Criação de formas Criação de formas Melhoria das dimensão, das tolerâncias de forma
complexas complexas e da qualidade da superfície
de fabrico
Figura 2.28 : Rectificação (maquinagem) a verde, seco e duro no fabrico de cerâmicas técnicas
A rectificação (maquinagem) em verde é realizada nas peças secas enquanto ainda contêm aditivos orgânicos. Adapta-se bem ao
fabrico de peças únicas e pequenas séries, utilizando-se também em grandes séries para fabricar formatos que não possam ser
realizados directamente por procedimentos de conformação inicial, como orifícios transversais à direcção da prensagem a seco.
A rectificação branca é realizada nas peças pré-cozidas já destituídas de aditivos orgânicos. A resistência depende da pré-coze-
dura. Desta forma, podem obter-se grandes taxas de remoção com um desgaste relativamente baixo das ferramentas, utilizando
ferramentas convencionais revestidas a cerâmica ou diamante. Este processo é utilizado pelos fabricantes tanto para elaborar
protótipos como para a produção em massa.
A rectificação dura é efectuada em produtos completamente cozidos/sinterizados que, na medida do possível, adquiriram as
dimensões finais, seja por conformação ou rectificação a em verde ou branca. Pode alcançar-se a tolerância máxima possível
através de um processo de rectificação final que envolva a remoção do material. As exigências rigorosas de precisão das dimen-
sões e a grande variedade de geometrias e qualidades superficiais requerem o uso de máquinas-ferramentas modernas para o
processamento dos componentes cerâmicos. Devido à dureza elevada dos cerâmicos, utilizam-se aqui quase exclusivamente
ferramentas de diamante (ligadas ou em pasta).
Ao contrário do vidrado, o engobe é poroso e maioritariamente isento de material em fase vítrea. Normalmente, consiste em
óxidos resistentes ao fogo (Al2O3, SiO2, MgO, ZrO2), misturas destes, ou minerais resistentes ao fogo, como a mulite, espinelas,
silicato de zircónio ou mesmo caulino ou argila. Os engobes são utilizados em fornos para proteger as superfícies cerâmicas de
ataque mecânico ou corrosivo. Aplicadas a mobiliário de forno resistente ao fogo, como placas, traves ou caixas, os engobes
impedem tanto reacções de contacto com os materiais em cozedura neles apoiados, como a adesão de qualquer vidrado que
escorra dos produtos cozidos colocados sobre a mobília revestida [24, VKI-Germany, 2004].
Aplica-se uma fina camada de vidrado mineral ou engobe a superfícies cerâmicas por mergulho, rolagem, pulverização ou esco-
vagem.
80 Metalização
Alguns fabricantes de cerâmicas técnicas fornecem cerâmicas metalizadas. O óxido de alumínio e o nitreto de alumínio servem
de materiais de substrato. A metalização fornecida é adequada para brasagem e também para soldadura fraca, consistindo numa
metalização base de tungsténio com uma camada de espessura igual ou superior a 6 μm aplicada por um processo serigráfico.
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Para facilitar o fluxo da solda, aplica-se por cima uma camada de níquel, não electroliticamente, com uma espessura mínima de
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corrosão. Em alternativa, a camada de níquel aplicada não-electroliticamente pode ser reforçada por uma camada de ouro ligável,
havendo ainda a possibilidade de se aplicar uma camada adicional de estanho no caso de se pretender realizar soldadura fraca
[24, VKI-Germany, 2004].
Pré-cozedura
Para reduzir o nível de risco durante o manuseamento, e para permitir a rectificação branca alternativa, a pasta em verde moldada
pode ser reforçado por cozedura com uma contracção relativamente baixa na cozedura preliminar. Isto requer que a resistência e
a contracção possam tornar-se reprodutíveis pelo controlo dos parâmetros de processamento [24, VKI-Germany, 2004].
2.3.8.7 Cozedura/sinterização
Consoante as várias matérias-primas e as variantes de processo, utilizam-se diferentes tipos de fornos na cozedura. A produção
em pequena escala é realizada em fornos intermitentes flexíveis, como fornos de vaivém, que funcionam de maneira a alterar a
curva de cozedura específica do produto em ciclos muito curtos.
As temperaturas de sinterização típicas dos materiais de cerâmica técnica são apresentadas na tabela seguinte [24, VKI-Ger-
many, 2004]:
A energia necessária ao processo de cozedura aumenta desproporcionalmente com o aumento da temperatura de cozedura.
Além da entrada de energia, os auxiliares de cozedura («mobília do forno») utilizados para empilhar os corpos em verde no forno
são constituídos por material refractário, que pode suportar temperaturas muito elevadas. Com a ajuda de certos tipos de proces-
sos de cozedura, podem criar-se variedades especiais de material a partir de alguns cerâmicos [24, VKI-Germany, 2004]:
Prensagem a quente (HP)
A prensagem a quente é utilizada para fabricar componentes com uma densidade próxima do máximo teórico. Trata-se de um
processo de sinterização apoiado por prensagem uniaxial.
81
Prensagem isostática a quente (HIP) Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
A prensagem isostática a quente permite que peças pequenas, em particular, atinjam a densidade máxima através da aplicação Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
de uma pressão isostática de gás até 3000 bares a temperaturas até 2000 ºC (normalmente, num invólucro de vidro de silicato). Manufactureira Cerâmica
Um exemplo da cozedura de cerâmicas técnicas em grandes fornos de vaivém é o fabrico de isoladores eléctricos com a utili-
zação de um programa de temperatura modulada (capacidade do forno de 100 m3 com uma densidade de carga de 260 kg/m3,
temperatura de cozedura máxima de 1300 ºC, tempo de cozedura, incluindo uma fase de arrefecimento, de 80 – 105 horas) e
utilizando gás natural como combustível [1, BMLFUW, 2003].
Outro exemplo do uso de fornos de vaivém é o fabrico de auxiliares de cozedura («equipamento do forno») [17, Burkart, 2004]:
— As gazetes-H, moldadas a partir de argilas refractárias especiais, são cozidas em fornos de vaivém (densidade de carga
inferior a 300 kg/m3, volume do forno de 12 m3), a uma temperatura de 1360 – 1390 ºC, utilizando gás natural como fonte de
energia. Estas são utilizadas como auxiliares de cozedura nos procedimentos de fabrico de telhas.
— Os auxiliares de cozedura de SiC, moldados a partir de pó de SiC e ligantes orgânicos, são cozidos em fornos de vaivém
de indução eléctrica (densidade de carga inferior a 300 kg/m3), a uma temperatura de 2000 – 2500 ºC, sob uma atmosfera de
hidrogénio/azoto. Estes são utilizados noutros processos de fabrico, em particular, na cozedura rápida de porcelana vidrada.
Contudo, no fabrico de cerâmicas técnicas, aplicam-se também fornos de túnel. Um exemplo é a cozedura de catalisadores
cerâmicos num forno de túnel de 63 m de comprimento, a uma temperatura máxima de 650 ºC e com um caudal de 0,76 m3/h
[1, BMLFUW, 2003].
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Água
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Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva Agentes auxiliares
agentes ligantes, plastificante, (gesso),
agentes adsorventes, materiais
de acondicionamento
Perdas/resíduos de process
Filtros usados, agentes de sorção utilizados,
(moldes de gesso utilizado), lama, caco,
resíduos de embalagem, poeiras recolhidas,
partículas e aparas
Os grãos abrasivos mais utilizados no fabrico de abrasivos com ligante inorgânico são alumina fundida especial, corindo e o car-
boneto de silício negro e verde. Utiliza-se ainda nitreto de boro cúbico (CBN) e diamante.
— feldspato
— silicatos
— quartz
— fritas (vidro com uma composição definida)
— caulino (argila de porcelana)
— argila
— nefelina
— pigmentos.
A composição varia consoante o perfil de aplicação dos abrasivos. Consequentemente, podem também aplicar-se ligantes de frita
pura ou ligantes especiais com um coeficiente térmico definido de expansão e/ou ponto de fusão. Nalguns casos, as fritas podem
conter uma proporção elevada de álcalis ou boro. Pode acrescentar-se óxidos metálicos corantes, vidro de cor ou pigmentos para 83
se obter uma cor específica.
Prevenção e Controlo
Utilizam-se substâncias auxiliares durante o processo de fabrico dos abrasivos com ligante inorgânico para obter as característi- Integrados da Poluição
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sobre as Melhores Técnicas
cas e formatos pretendidos que não são, no entanto, ingredientes do produto final. Disponíveis na Indústria
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Os agentes ligantes temporários são necessários no fabrico de abrasivos inorgânicos para manter a mistura de grão e ligante
na forma correcta antes do processo de cozedura. Como agentes ligantes temporários, podem utilizar-se colas hidrossolúveis,
emulsões de cera, amidos convertidos como dextrina, preparações de polioxietileno, lenho-sulfonatos, produtos de condensação
da ureia/formaldeído convertidos, resinas sintéticas, etc.
Os agentes formadores de poros têm a função de gerar um perfil poroso definido nos abrasivos. Estes agentes formadores de
poros são acrescentados à matéria-prima e evaporam-se, sublimam-se, despolimerizam-se ou incineram-se, conforme o subs-
trato utilizado, durante o procedimento de secagem ou cozedura. Utilizam-se diferentes agentes formadores de poros, consoante
o produto final, aplicando-se naftaleno ou outras substâncias de calcinação térmica.
2.3.9.3 Conformação
Para o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico, as peças brutas em verde são mecanicamente comprimidas até atingirem
uma densidade específica segundo as exigências predefinidas de forma e peso. Para este fim, utilizam-se prensas hidráulicas ou
excêntricas com gamas de pressão até 2500 MPa [14, UBA, 2004].
2.3.9.4 Secagem
Na medida em que o material comprimido é humedecido com a água, com um ligeiro teor de ligante, a peça bruta tem de ser
seca. Utilizam-se secadores de câmara e de vácuo, onde os produtos são secos a temperaturas que oscilam entre 50 e 150 ºC.
São necessários tempos de secagem prolongados, até 45 horas, para que a secagem se dê sem fissuras e, para este mesmo
efeito, os secadores podem possuir ar condicionado (em particular, os secadores a vácuo estão equipados com controlo de hu-
midade) [14, UBA, 2004] [28, Schorcht, 2005].
2.3.9.5 Cozedura
A cozedura de abrasivos com ligante inorgânico realiza-se em fornos intermitentes ou contínuos alimentados a gás natural ou
electricidade. As fábricas-modelo possuem fornos com capacidades superiores a 4 m3 (até 11 m3), temperaturas de cozedura
de 850 a 1300 ºC e densidades de carga de 360 a 1400 kg/m3 [14, UBA, 2004]. A parcela de ligante vitrificado no artigo a cozer
representa cerca de 10% da massa total dos abrasivos com ligante inorgânico no forno. Conforme o tamanho dos produtos de
roda abrasiva, os ciclos de cozedura variam entre 40 e 120 horas [28, Schorcht, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
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gás natural, GPL
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Água
Agentes auxiliares
Agentes ligantes, pigmentos,
agentes de sorção, materiais
de embalagem
Matérias-primas
Fabrico de abrasivos com ligante inorgânico Abrasivos com
ligante inorgânico
Argila, caulino, rochas,
matérias-primas sint.
Ruído
Emissões para a atmosfera
partículas, NOx, SOx, HF, HCl, CO,
Calor em excesso CO2, (COV), (metais pesados)
Perdas/resíduos de process
filtros usados, agentes de sorção utilizados,
lama, loiças danificadas, resíduos de embala-
gem, poeiras recolhidas, partículas e aparas
Figura 2.30 : Fluxo de entradas e saídas durante o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico
85
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
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86
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3. Níveis actuais 87
de emissões e consumos Prevenção e Controlo
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Deve notar-se que os compostos básicos das matérias-primas (p. ex. CaO formado pela dissociação de CaCO3 durante a cozedu-
ra) podem reduzir as emissões de enxofre através da reacção com óxidos de enxofre. O produto da reacção fica retido no interior
dos produtos.
Os compostos azotados presentes nos combustíveis (especialmente nos sólidos ou líquidos) ou em aditivos orgânicos originam
NOX durante a combustão a temperaturas muito mais baixas.
(O dióxido de carbono é formado como pode ser visto acima, e é o principal óxido de carbono formado durante a combustão de
combustíveis fósseis).
Durante a etapa inicial do processo de aquecimento, a libertação de compostos orgânicos pode ocorrer com a emissão de um
complexo conjunto de COV.
água que contenha cloro são possíveis fontes de emissões de ácido clorídrico (HCl) (p. ex. o conteúdo de Cl na água adicionada Documento de Referência
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Disponíveis na Indústria
durante a preparação de matérias-primas pode ser na proporção de 50 – 100 mg/l ou ainda superior) [23, TWG Ceramics, 2005], Manufactureira Cerâmica
[30, TWG Ceramics, 2005]). Devido à decomposição dos sais minerais que contêm cloro a temperaturas acima de 850 ºC e de
compostos orgânicos clorados a temperaturas entre 450 ºC e 550 ºC, o HCl liberta-se durante o processo de cozedura nos efluen-
tes gasosos de um forno [25, Voland, 2004].
— por decomposição directa dos minerais fluorados, a qual depende fortemente do tipo de argila (p. ex. esmectite a tempera-
turas a partir de 550 ºC, a ilite a temperaturas a partir de 750 ºC, a apatite a temperaturas entre 600 ºC e 700 ºC)
— pela decomposição de CaF2 a temperaturas acima de 900 ºC, a reacção é favorecida pela presença de vapor de água [23,
TWG Ceramics, 2005], [25, Voland, 2004].
Neste contexto, a água presente na atmosfera do forno (p. ex. formada pela combustão de combustíveis), desempenha um papel
importante no mecanismo de formação da HF. Estão envolvidas as seguintes reacções:
A reacção (2) ocorre a temperaturas relativamente baixas, na zona de pré-aquecimento do forno. Isto explica o porquê de a presen-
ça de CaCO3/CaO (calcário/cal) poder resultar numa redução significativa das emissões de HF. O pré-aquecimento lento aumenta
o tempo de reacção da re-adsorção e pode resultar em emissões de HF mais baixas. A reacção (3) ocorre a temperaturas mais
elevadas (> 900 ºC) se a concentração de vapor de água no forno for muito elevada [2, VITO, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005].
A concentração de fluoretos nos efluentes gasosos não está apenas relacionada com o nível de matérias-primas, a presença de
vapor de água, a composição da pasta e a curva de cozedura, mas também com a estrutura e a superfície especifica do material
a ser cozido, efeito da difusão de H2O e HF no interior e exterior do material (ver Secção 4.3.3.1 e 4.3.3.2) [23, TWG Ceramics,
2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
As águas residuais de processo surgem em pequenas quantidades na produção de tijolos e telhas, tubos de grés e produtos
refractários quando é efectuado tratamento da superfície, tal como a vidragem ou engobagem ou moagem húmida. Surgem
quantidades adicionais de água no processo de lavagem das unidades de mistura, engobagem e vidragem, assim como na pre-
paração dos moldes. A produção de agregados de argila expandida geralmente não origina água residual de processo, apenas a
água usada no arrefecimento do sistema de fornos é conduzida através de um separador de óleo e é depois re-utilizada no circuito
de arrefecimento.
No subsector dos azulejos e ladrilhos, louças de mesa e ornamentais, louças sanitárias, cerâmica técnica e abrasivos com
ligantes inorgânicos a água residual de processo advém principalmente da água de lavagem nas unidades de preparação, nas
unidades de conformação por enchimento, no processo de vidragem e decoração ou da água utilizada na rectificação aquando
dos tratamentos subsequentes.
Os efluentes que surgem como resultado do processamento do composto e lavagem do equipamento normalmente contêm as
mesmas matérias-primas e materiais auxiliares que as utilizadas no processo a que se referem. Como regra, estes compostos
são insolúveis na água.
A água residual do processo evidencia sobretudo turvação e coloração devido às partículas finas suspensas de minerais argilosos
90 e ainda das resultantes da vidragem. Do ponto de vista químico, são caracterizadas pela presença de:
— diferentes tipos de lamas originadas nas instalações de tratamento de águas residuais de processo de águas resultantes
do processo de preparação de pasta, preparação de vidros/vidrados, linhas de vidragem e equipamento de aplicação, e tam-
bém da moagem por via húmida. A quantidade e composição das lamas varia consideravelmente uma vez que, para além da
origem em diferentes processos de produção, se tende a usar uma grande variedade de matérias-primas (diferentes vidrados,
fritas, argilas, etc.), até mesmo na mesma instalação, o que produz flutuações significativas na composição das lamas;
— materiais/perdas de produtos que resultam da conformação, secagem, cozedura, tratamento subsequente e material re-
fractário partido;
— poeiras que surgem das unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases);
— moldes de gesso usados resultantes dos processos de conformação;
— agentes de sorção usados (calcário granular, poeira de calcário) provenientes dos sistemas de tratamento de efluentes
gasosos;
— resíduos de embalagens (plásticos, madeira, metal, papel, etc.) resultantes da etapa de embalagem;
— resíduos sólidos, p. ex. cinzas, oriundos da cozedura com combustíveis sólidos.
Algumas partes das perdas de processo acumuladas acima referidas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido
a especificações dos produtos ou requisitos do processo. Materiais que não possam ser reciclados internamente são usados
noutras fábricas ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem ou deposição de resíduos.
Peneiração/classificação x x x x
Transporte x x x x
Armazenamento em silos x x x
Preparação dos materiais cerâmicos (preparação de pasta)
Preparação da barbotina x x
Conformação por extrusão x x x x
de materiais plásticos macios
Conformação de corpos plástico duro x x x
através de processos de remoção de aparas
Pó de prensagem, a seco x x x x x
Pó de prensagem, secagem por pulverização x x x x x x
Granulação x x x
Conformação
Enchimento por barbotina x x
Moldagem de plástico macio (extrusão) x x x
Moldagem por corte x x
Prensagem x x x (2) x x
Tratamento de corpos crus x x x x
Secagem
Secadores intermitentes x x x x
e contínuos
Decoração
Vidragem x x x x
Engobagem x x (3) x x
Impressão x x x x
Cozedura
Fornos intermitentes e contínuos x x x x x x
Tratamento subsequente x x x x x x
Armazenamento de materiais x x x x (4) x
1)
Possível em aplicações especiais, como por exemplo, moagem a seco quente de agregados de argila expandidos
2)
Apenas água de arrefecimento
3)
Para alguns sectores, por exemplo, ladrilhos de cerâmica
4)
O armazenamento de material inclui também o armazenamento de combustíveis
O equipamento e maquinaria usados para a preparação e mistura de matérias-primas e a conformação dos produtos requerem
energia eléctrica. O diesel (gasóleo) é usado nos transportes locais, que podem incluir extracção de matérias-primas do barreiro e
transportes internos com camiões. Além disso, a electricidade (alimentada a baterias) e as botijas de GPL (butano, propano) são
também usados para transporte local, p. ex. em empilhadores.
Os subsectores dos tijolos e telhas, azulejos e ladrilhos são os maiores consumidores de energia, associado com a grande to-
nelagem de produção. Em termos de consumo energético específico, os subsectores dos tijolos e telhas demonstram grande
eficiência [3, CERAME-UNIE, 2003].
Não obstante, note-se que o aquecimento eléctrico dos fornos é empregue em determinadas louças de mesa e cerâmicas técni-
cas [14, UBA, 2004], [17, Burkart, 2004], o qual é necessário para atingir a qualidade desejada.
92 3.2.2 Consumo de água
A água é usada praticamente em todos os processos cerâmicos e água de boa qualidade é essencial à preparação de argilas
e vidrados; corpos argilosos para extrusão e “barbotinas” para modelação; preparação de pós para secagem por atomização;
moagem/moagem por via húmida; operações de lavagem.
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA A água é usada com diferentes objectivos: basicamente, como matéria-prima para a pasta e sua preparação, como matéria-prima
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
para vidragem, como líquido de lavagem e meio de arrefecimento. A água de boa qualidade é necessária em vidragens, lavagens
e para arrefecimento, enquanto para a pasta poderá ser adequado utilizar água de baixa qualidade – como água residual de pro-
cesso não-tratada resultante de operações de lavagem na secção de vidragem. As técnicas de reutilização de água residual de
processo têm estas diferentes qualidades em conta.
Os dados do desempenho serão complementados, sempre que seja possível, com detalhes sobre as condições de operacionalida-
de, amostragem e métodos analíticos, assim como apresentações estatísticas (p. ex. médias, máximos, mínimos e intervalos).
Relativamente às condições padrão de medidas de caudais e concentrações, vejam-se as seguintes definições, as quais são
apresentadas no glossário:
m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de
oxigénio e a condições normais de pressão e temperatura.
condições normais (PTN) Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa.
Pode ser encontrada informação útil adicional no Documento de Referência dos Princípios Gerais de Monitorização (PGM).
Tendo em vista a complexidade da indústria cerâmica, os dados sob a forma de exemplos e intervalos de níveis de emissões e
consumos actualmente observados estão resumidos por subsectores em tabelas e figuras apresentadas nesta secção.
Emissões atmosféricas
Da produção de tijolos e telhas surgem emissões atmosféricas significativas resultantes do processo de cozedura. Neste con-
texto, deve mencionar-se que as emissões variam grandemente de país para país, e dentro do mesmo país variam de local para
local, dependendo das argilas usadas como matérias-primas – devido às variações geológicas e geográficas – como descrito na
Secção 2.3.1.1 (ver em particular a Tabela 2.1) e também dependendo das diferenças nas técnicas de produção aplicadas para
corresponder à diversidade da gama de produtos.
Neste contexto, os dados enumerados na tabela seguinte demonstram os intervalos das emissões ocorridas em alguns países
europeus no que diz respeito a fluoretos, cloretos, óxidos de enxofre, óxidos de azoto, partículas e monóxido de carbono. Todos
93
os dados apresentados na tabela são emissões não-tratadas de efluentes gasosos de fornos, isto é, sem ter em conta qualquer
equipamento de tratamento/depuração [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004].
Composição das emissões Áustria França Países Itália Dinamarca Bélgica Reino Unido Alemanha Hungria Suiça Portugal
(mg/m3) Baixos
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Fluoreto expresso como HF Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Mínimo 0 1 1 0 10 6 1 1 0 0 1
Máximo 60 130 150 350 150 117 200 250 20 22 80
Cloreto expresso como HCl
Mínimo 0 1 0 5 0 1 0 Não detectado
Máximo 30 32 200 50 270 125 95 50 160
Enxofre na forma de SOx
Mínimo 5 0 2 0 20 3 8 1 1 1 3
Máximo 100 1090 630 3200 700 3485 2450 3000 350 281 443
Azoto na forma de NOx
Mínimo 9 5 27 5 50 0 0 10 0 36 14
Máximo 80 200 464 100 200 174 160 450 780 147 132
Partículas
Mínimo 0 1 1 1 5 2 0 5 1 1 8
Máximo 13 180 64 40 40 449 100 150 100 29 125
Monóxido de Carbono
Mínimo 0 7 100 23 0 1 7 2
Máximo 1200 701 500 1950 1500 1500 483 500
*) A referência de 15-19% de concentração de Oxigénio corresponde ao teor de Oxigénio detectado nos efluentes gasosos
Tabela 3.2 : Gamas de emissão de efluente gasoso em estado bruto resultantes do processo de cozedura de tijolos e telhas
As emissões de fluoretos variam consideravelmente, como demonstra a Tabela 3.2, não só devido à variação do conteúdo de fluo-
retos nas matérias-primas, mas também devido às diferenças nas técnicas usadas na produção. Como exemplo, a figura seguinte
mostra a distribuição dos fluoretos libertados com respeito ao produto final, baseado numa pesquisa italiana e reportando-se à
Figura 2.9 [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
30
Número da Amostra
25
20
15
10
5
0
0-99 100-199 200-299 300-399 400-499 500-599 600-699 700-799 >800
mg/kg
Variações semelhantes ocorrem nas emissões de cloretos (ver Tabela 3.2) e também a distribuição dos cloretos libertados com
respeito ao produto final para a indústria italiana de tijolos e telhas é apresentada na figura seguinte [20, CERAME-UNIE, 2004],
[23, TWG Ceramics, 2005].
60
Número da Amostra
50
40
30
20
10
0
0-49 50-99 100-149 150-200 200-249 250-299 >300
mg/kg
A tabela seguinte mostra as diferentes emissões de enxofre na Alemanha, Reino Unido e Bélgica, apresentando a relação entre o
número de tijolos e telhas e as correspondentes emissões. Também aqui a variação do conteúdo de enxofre nas argilas desempe-
94 nha um papel importante, p. ex., através do uso de argilas com baixo teor de enxofre; as emissões deste material são mais baixas
do que as que ocorrem quando se utilizam argilas com elevado teor de enxofre. [20, CERAME-UNIE, 2004], [23, TWG Ceramics,
2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
350
Número de fábricas
300
250
200
100
50
0
<500 500-1500 <1500
333 38 12
111 18 5
27 10 14
DE UK BE
As gamas de parâmetros de funcionamento de gases brutos (não tratados) estão apresentadas na tabela seguinte em correlação
com os combustíveis aplicados [4, UBA, 2001], [27, VDI, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005].
Parâmetros das emissões Unidade Combustível gasoso Fuelóleo UL Fuelóleo pesado Carvão
Para outros combustíveis mencionados na Secção 2.3.1.5, p. ex. coque de petróleo, não há dados disponíveis.
Os COV não estão necessariamente presentes em todos os efluentes gasosos brutos (tal e qual, isto é sem tratamento) do
processo de cozedura de tijolos, ocorrendo sobretudo quando se usam aditivos orgânicos que desenvolvam a porosidade. Estes
componentes orgânicos nos efluentes gasosos brutos dependem do grau de porosidade e das condições de funcionamento na
zona de pré-aquecimento do forno. Muitas vezes, utiliza-se uma mistura de diferentes agentes formadores de poros. A tabela
seguinte mostra uma série de valores de concentração nos efluente gasoso bruto obtida através da utilização de vários agentes
formadores de poros [4, UBA, 2001].
Tabela 3.4 : Valores do efluente gasoso com vários agentes formadores de poros
Os exemplos de valores de efluentes gasosos tratados mostrados na tabela seguinte são valores médios do fabrico de blocos
porosos de cerâmica, e não está disponível informação sobre as unidades de tratamento de efluentes gasosos. Os intervalos de
parâmetros de funcionamento correspondentes podem ser encontrados na secção superior da tabela. Esta mostra também a 95
principal ligação entre parâmetros de funcionamento, concentrações de emissões e os correspondentes factores de emissão
(emissões que se referem à produção de um quilograma de tijolos (kgB)) [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Prevenção e Controlo
Ceramics, 2005]. Integrados da Poluição
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sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Tabela 3.5 : Concentrações médias de efluente gasoso tratado (blocos de argila porosos) e respectivos factores de emissão
As Tabelas 3.6 e 3.7 mostram exemplos de concentrações de efluentes gasosos resultantes de unidades de produção de tijolos,
de tijolos face-à-vista, ou de telhas, medidas por peritos externos (medições pontuais e descontínuas) e os correspondentes
parâmetros de funcionamento na secção superior das tabelas. A maioria das fábricas opera sistemas de tratamento de efluentes
gasosos, como referido nas tabelas, daí os valores representarem concentrações de gás limpo [1, BMLFUW, 2003], [17, Burkart,
2004], [2, VITO, 2003}.
Parâmetro TA 1 TA 2 TA 3 TA 4 TA 5 TA 6 TA 7 TA 8 TA 9 TA 10
Caudal volumétrico 22 000 12 400 25 300 12 440 32 930 15 100 20 740 15 420 27 344 18 300
efluente gasoso
(m3/h)
Temperatura do 153 107 224 171 197 131 155 153 102 186
efluente gasoso (°C)
Combustível Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural
Agente formador Serrim, Serrim Serrim, Serrim, Serrim, Serrim, Papel Serrim Papel, po- Papel, po-
de poros poliestireno, papel casca de poliestireno, papel, liestereno liestereno
papel girassol, papel, linhite
linhite linhite
Tratamento do Pós-combustão - Pós-com- Pós-com- Pós-com- - Pós-com- - Filtro Pós-com-
efluente gasoso térmica bustão bustão bustão bustão de leito bustão
térmica térmica térmica térmica calcário térmica
Partículas 18,0 27,0 4,0 8,4 2,8 1,2 1,9 <1,0 10,7 0,9
SOx expresso como SO2 26,0 <4,0 178,0 72,2 2,8 17,7 1,2 5,6 1,7 5,0
Fluoreto expresso como HF 3,0 <0,1 1,5 2,3 1,1 0,9 0,1 1,8 <0,1 1,1
COT sem CH4 <5,0 19,0 11,5 11,9 4,0 16,5 5,6 97,1 19,0 3,0
Acetaldeído - <1 - - - - - - <0,1 -
Benzeno 0,18 <0,10 0,18 0,11 0,30 4,7 1,5 3,0 0,4 0,1
Estireno 0,20 <0,10 0,14 0,03 0,90 7,5 1,7 3,0 <0,1 2,0
Formaldeído 0,005 <1,0 2,1 2,5 5,0 11,7 4,5 10,6 <0,1 1,3
Fenol 0,12 <0,10 0,45 0,05 1,60 5,6 2,3 6,1 <0,1 0,1
NOx na forma deNO2 98 18 113 162 187 24,2 64,8 43,0 33,6 73,0
Cloro na forma de HCL 13,5 <1,0 10,5 7,0 9,9 2,4 1,2 5,0 <0,5 0,5
CO 14 300 - - 25 - 39,2 - - 44,0
TA : fábrica de tijolos de alvenaria ; unidades em mg/Nm3 réf. a 18 % de O2, Nm3/hsec ou °C
19 500
T1
13 745
T2
17 214
T 3/4
31 182
T5
10 500
Temperatura do efluente gasoso (°C) 165 84 159 154 202
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Combustível Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Tratamento do efluente gasoso Filtro de leito Filtro de leito Filtro de leito Filtro de leito Filtro de leito
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calcário calcário calcário calcário calcário
Tabela 3.7 : Concentrações de efluente tratado nas fábricas de tijolos face-à-vista e nas fábricas de telha
As Tabelas 3.8 e 3.9 mostram exemplos recentes de fornos de fabrico de blocos de cerâmica e tijolos de vista-à-face na Bélgica
e os correspondentes parâmetros de funcionamento [30, TWG Ceramics, 2005]. As fábricas aplicam diferentes medidas como
medidas integradas no processo e técnicas de tratamento de fim de linha de efluentes gasosos. As medidas integradas no pro-
cesso incluem a adição de matérias-primas com baixo teor de enxofre, a adição de CaCO3 e de aditivos ricos em cálcio. Por isso,
os valores apresentados nas tabelas são os valores de gás bruto e os valores de gás limpo (após medidas de processo integrado
e tratamento de efluentes gasosos).
Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) 58 682 m3/h 61 027 m3/h 51 838 m3/h 61 156 m3/h
Temperatura do efluente gasoso (Cº) 180 – 220 °C 180 – 220 °C 180 – 220 °C 180 – 220 °C
Combustível Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural
Teor de enxofre nas matérias-primas - argila 0,5 – 0,75 % > 0,75 % > 0,75 % > 0,75 %
Agentes formadores de poros Serrim Serrim Serrim Serrim
Medidas integradas do processo Matérias-primas Matérias-primas Matérias-primas Matérias-primas com baixo
com baixo teor de com baixo teor com baixo teor teor de enxofre e cálcio e
enxofre e cálcio de enxofre e cálcio de enxofre e cálcio aditivos ricos em cálcio
Tratamento do efluente gasoso Lavagem a seco Coluna Coluna Coluna
do gás de combustão de adsorção de adsorção de adsorção
com filtro em série em série em série
Adsorvente Ca(OH)2 CaCO3 CaCO3 CaCO3
Tabela 3.8 : Valores das emissões de efluente gasoso bruto e tratado no fabrico de blocos de argila
Caudal volumétrico de efluente gasoso (m3/h) 56 830 m3/h 16 319 m3/h 35 000 m3/h 22 915 m3/h
Temperatura do efluente gasoso (°C) 230 °C 150 °C 110 °C 124 °C
Combustível Gás natural Gás natural Gás natural Gás natural
Teor de enxofre das matérias-primas - argila 0,5 – 0,75 % <0,25 % <0,25 % <0,25 %
Tratamento do efluente gasoso Lavagem a seco Coluna Coluna Coluna
do gás de combustão de adsorção em série de adsorção em série de adsorção em série
com filtro (filtro cascata) (filtro cascata) (filtro cascata)
Adsorvente Ca(OH)2 CaCO3 CaCO3 CaCO3
Tabela 3.9 : Valores das emissões de efluente gasoso bruto e de efluente gasoso tratado no fabrico de tijolos face-à-vista
As emissões atmosféricas ocorrem não apenas durante o processo de cozedura, mas também nas seguintes fases do processo
de produção [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]:
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem,
cozedura e subsequente tratamento);
— podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades) apenas em pequenas quanti-
dades e também resultantes da lavagem de moldes e das unidades de vidragem e engobagem;
— do processo de produção de telhas resultam moldes de gesso usados e partidos;
— dos processos de embalagem resultam resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de lavagem de efluentes
gasosos (off-gases);
— da cozedura com combustíveis sólidos resultam resíduos sólidos, p. ex. cinzas.
Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido às especificações
de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para
reutilização noutras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de valorização de resíduos
[4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Na indústria, as principais exigências energéticas estão associadas ao processo de transformação da argila numa forma durável
adequada a todos os tipos de construção. O consumo de energia depende da matéria-prima, do processo de produção e do tipo
de produto, e do tipo de técnicas de cozedura empregues. Apesar de um determinado tipo de cozedura ser mais eficaz em termos
energéticos, pode não ser adequado ao produto específico.
Encontram-se grandes variações nos consumos específicos de energia na Europa, consoante os diferentes tipos de construção
ou tipos de produto cerâmicos. Cada tipo tem um padrão específico de consumo de energia devido ao processo de cozedura [p.
ex. temperatura de cozedura, tempo de absorção e densidade de carga enfornada).
Na Áustria, Alemanha e Itália, onde a maioria das casas é construída com blocos leves, a energia usada é baixa, isto é, 1,1 – 1,9
GJ/tonelada. A menor densidade dos blocos é alcançada pela presença e/ou adição de materiais formadores de poros na cerâmi-
ca. Estes materiais são sobretudo substâncias orgânicas, que contribuem para o equilíbrio energético da produção de tijolos de
cerâmica e, consequentemente, o consumo primário específico de energia (gás natural, combustível liquido) é baixo.
Especialmente no Norte da Europa, um grande número de tijolos face-à-vista é utilizado como revestimento exterior. Geralmente
estes tijolos têm uma densidade superior e são muitas vezes cozidos a temperaturas mais elevadas do que os blocos leves. Como
resultado, o consumo específico de energia para a produção de tijolos face-à-vista é maior, isto é, 2,5 – 2,7 GJ/tonelada.
A grande variação encontrada no Reino Unido (1,4 – 2,4 GJ/tonelada) deve-se à quantidade de material orgânico na argila usada
para tijolos (grande quantidade na argila da parte baixa de Oxford para tijolos Fletton e baixa quantidade para tijolos não-Fletton)
[3, CERAME-UNIE, 2003].
As Tabelas 3.10 e 3.11 mostram exemplos dos dados relativos ao consumo de gás natural e de energia eléctrica de instalações de
produção de tijolos e telhas na Áustria e dados do consumo de energia em Espanha, bem como o consumo energético específico ge-
ral da indústria dos tijolos e telhas [1, BMLFUW, 2003], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Fontes/Consumo de energia
GJ/t
Tijolos de alvenara
1,02 – 1,87
Tijolos face-à-vista
2,87
Telhas
1,97 – 2,93
99
Electricidade (AT) GJ/t 0,08 – 0,22 0,27 0,23 – 0,41
Consumo de energia (ES) GJ/t 1,50 – 2,50 2,50 – 3,00 1,90 – 2,95 Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Tabela 3.10 : Dados de energia consumida nas instalações de fabrico de tijolos e telhas por cada tonelada de produto
Preparação:
Dosagem, moagem,
homogeneização
Resíduos
de processo
131 reciclados
Moldagem 1.0
Loiças
130 danificadas
3.0
Secagem
110
Cozedura
102
Escolha
100
Embalagem
100
Transporte
Emissões atmosféricas
Durante o processo de cozedura surgem emissões atmosféricas significativas resultantes do fabrico de tubos de grés.
Na tabela seguinte são apresentados os valores máximos de emissões de gases tratados por fábricas europeias de produção de
tubos de grés (excepto para o Reino Unido) e os dados correspondentes relativos ao funcionamento de fornos de túnel (na secção
superior da tabela) [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001].
Partículas 30
NOx expresso como NO2 200
SOx expresso como SO2 200
CO 200
Compostos gasosos inorgânicos de flúor expresso como HF 5
Compostos gasosos inorgânicos de cloro expresso como HCl 30
Tabela 3.12 : Concentração máxima no efluente tratado no fabrico de tubos de grés (condutas de argila vitrificada)
No Reino Unido, observam-se concentrações máximas de flúor até 10 mg/m3 por o limite máximo de emissões ser 10.
As emissões atmosféricas não ocorrem apenas durante o processo de cozedura, mas também nas seguintes fases do processo
de produção [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]:
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem, coze-
dura e tratamento subsequente);
— podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades) da lavagem de unidades de confor-
mação por enchimento e também da moagem por via húmida;
— podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina;
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases).
Parte das perdas de processo acima mencionadas pode ser reciclada e reutilizada dentro da fábrica devido às especificações de
produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para reuti-
lização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de valorização de resíduos [4, 101
UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005].
Consumo de energia
O consumo específico de energia no fabrico de tubos de grés é descrito na tabela seguinte. É feita uma distinção entre o consumo
específico de energia para o abastecimento de matérias-primas minerais e energia, e para a produção dos tubos. Os materiais mi-
nerais são a argila, agentes de abertura e o vidrado, e o combustível é o gás natural. O consumo de electricidade, relativo à energia
primária, inclui todo o processo de fabrico, como unidades fabris secundárias, iluminação, etc. Os dados usados são válidos para
cerca de 90% da produção alemã. Os níveis de consumos para tubos de grés pequenos (DN 100/DN 150), tubos de grés médios
(DN 200/DN 300) e tubos de grés grandes (DN 500) são apresentados separadamente [4, UBA, 2001].
Provisão
Matérias-primas minerais 0,20 0,20 0,20
Gás natural 0,41 0,49 0,56
Produção
Preparação 0,10 0,10 0,10
Secagem 1,22 1,44 1,66
Cozedura 3,06 3,60 4,14
Electricidade 1,20 1,20 1,20
Total 6,19 7,03 7,86
Tabela 3.13 : Consumo específico de energia no fabrico de tubos de grés (condutas em argila vitrificada)
40 – 50 m3 de gás natural
DN 100 – DN 500
Secagem Efluentes gasosos
Ar
Água Águas
residuais
Vidragem de processo
Emissões atmosféricas
O fabrico de produtos refractários resulta em emissões atmosféricas significativas durante o processo de cozedura.
A tabela seguinte mostra gamas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e os correspondentes valores de gás
bruto (efluente gasoso não tratado) nos processos de cozedura de diferentes produtos refractários em fornos de túnel [4, UBA, 2001].
A tabela seguinte mostra gamas de emissões de fornos para produtos refractários não-básicos [3, CERAME-UNIE, 2003].
Partículas 44 – 113
SO2 260 – 490
NOx 25 – 200
Fluoreto, HF 0,4 – 2,5
CO2 1 – 3 vol- %
Tabela 3.15 : Emissões provenientes dos fornos para produtos refractários não-básicos
Em procedimentos especiais (formação de ligações de carbono, impregnação com resina), são formados produtos específicos
de decomposição (amoníaco, formol, fenol, etc.) que dependem dos agentes ligantes especiais (bentonite, resina). Na tabela
seguinte são apresentados exemplos de valores de efluente gasoso bruto para procedimentos especiais [4, UBA, 2001].
Parâmetro das emissões (mg/m3) Câmara de endurecimento Forno de maturação Revestimento com alcatrão
Ligantes com resina*) Ligantes com resina *) Ligantes com alcatrão **) Ligantes. com alcatrão **)
Amónia 2500 20 - -
Formaldeído 25 10 - -
Fenol 350 80 - -
Substâncias orgânicas na forma de C total >3000 1000 2500 1500
— em certas circunstâncias, as emissões gasosas podem surgir dos processos de secagem. Se for empregue demasiado
calor do forno no processo de secagem de produtos em verde, o qual inclui efluentes gasosos da zona de cozedura e se não
houver sistemas de aquecimento fechados, podem surgir emissões de fluoretos;
— alguns produtos refractários são rectificados após o processo de cozedura. Daí podem resultar poeiras do processo de
rectificação a seco.
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem,
cozedura e subsequente tratamento);
— podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades) apenas em pequenas quantida-
des e também resultantes da lavagem das unidades de conformação por enchimento e da moagem por via húmida;
— podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina;
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de lavagem de efluentes gasosos (off-ga-
ses).
Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido às especificações
de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados para
reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de valorização de resídu-
os [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005].
Processo MJ/kg
Tabela 3.17 : Dados de consumo de energia por kg de produto durante fabrico de tijolos refractários de magnésia
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Minério de crómio Magnesite sinterizada Licor de sulfito Água
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva 410 kg 600 kg 25 kg 5 kg
1160 kg
1100 kg
Efluentes gasosos
Gás natural
Ar
Secagem Loiças secas danificadas
20 kg
1063 kg
Efluentes gasosos
Gás natural
Ar Cozedura Loiças cozidas danificadas
40 kg
1000kg
Tijolos em crómio-périclase
Emissões atmosféricas
As emissões atmosféricas mais significativas no fabrico de agregados de argila expandida resultam do armazenamento, transpor-
te de matérias-primas, moagem primária e moagem de argila em bruto, granulação, do processo de cozedura (expansão real) e
também da peneiração e do processamento de agregados. As emissões difusas resultantes do armazenamento e manuseamento
de matérias-primas e armazenamento de agregados leves (AL) são de natureza diferente das emissões provenientes do tráfego
de veículos.
Moagem primária
A operação de moagem primária, a qual é aplicada em tipos de argila bastante seca (processo semi-seco) leva à emissão de
poeiras. A tabela seguinte mostra gamas de valores de emissão de poeiras originadas pela moagem primária a jusante de um
filtro [26, UBA, 2005].
Trituração primária
Partículas
Valores
Moagem a seco
Durante o processo de moagem a seco, aplicada em tipos de argila bastante seca, são gerados dióxidos de enxofre e óxidos de
azoto resultantes da combustão de fuelóleos pesados, que vêm somar-se à emissão de poeiras. A tabela seguinte mostra gamas
de valores reais de emissões originados pela moagem seca a jusante do respectivo sistema de filtração [26, UBA, 2005], [30,
TWG Ceramics, 2005]
Tabela 3.19 : Gamas dos valores reais de emissão resultantes de moagem a jusante do respectivo sistema de filtragem
Granulação
A granulação, aplicada em tipos de argila bastante seca, leva à emissão de poeiras. A tabela seguinte apresenta gamas de valores
de emissões de poeiras originadas pela granulação a jusante de um filtro [26, UBA, 2005].
Granulação Valores
Partículas 5 – 15 mg/m3 1)
1)
baseados nos efluentes gasosos (off-gases) secos (273 K, 1013 hPa)
Tabela 3.20 : Gamas dos valores de emissão de partículas resultantes da granulação, a jusante de um filtro de tecido
Processo de cozedura
A tecnologia do processo e os combustíveis usados no fabrico de agregados de argila expandida têm apenas uma influência
limitada nas emissões de uma fábrica. O principal parâmetro é a qualidade das matérias-primas. As emissões de orgânicos e de
dióxido de enxofre (geralmente de pirite e “marcasite”) relacionados com as matérias-primas no efluente gasoso bruto são parte
do processo real de expansão.
A tabela seguinte apresenta gamas de valores de emissões originados pelos processos de cozedura e secagem a jusante dos res-
pectivos sistemas de filtragem (precipitador electrostático e tratamento por via húmida de efluentes gasosos) [26, UBA, 2005],
[28, Schorcht, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Parâmetro Unidade Valor da emissão
Tabela 3.21 : Gamas de valores de emissão resultante do processo de cozedura a jusante do respectivo sistema de filtragem.
Outro exemplo de conjunto de dados relativos a valores de efluentes gasosos (off-gases) resultantes do processo de cozedura de
agregados de argila expandida em fornos rotativos (técnica Leca), os quais estão equipados com um precipitador electrostático
para efeitos de tratamento, é apresentado como se segue [17, Burkart, 2004]:
Parâmetro Valores
pH 6–9
Sólidos em suspensão ≤ 50 mg/l
Perdas/resíduos de processo
Não há perdas sob a forma de resíduos na produção de agregados de argila expandida. Agregados peneirados acima ou abaixo
da dimensão são devolvidas ao refinador e todas as poeiras recolhidas retornam ao processo de fabrico. O gesso gerado durante
o tratamento dos efluentes gasosos é usado na indústria do cimento como regulador do endurecimento.
O consumo de energia no processo de cozedura é de aproximadamente 900 – 1300 MJ/m3, dependendo da matéria-prima (conteúdo
de humidade da argila), tecnologia de produção e capacidade instalada de produção [26, UBA, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
O consumo específico total de energia eléctrica varia entre os 43 e os 83 MJ/m3, consoante o peso a granel, as propriedades das
matérias-primas e a tecnologia de produção (preparação da argila, tecnologia do processo térmico) [23, TWG Ceramics, 2005],
[30, TWG Ceramics, 2005].
atmosféricos nas principais fases do processo. São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emis- Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
sões para o meio aquático e perdas de processo. Manufactureira Cerâmica
Emissões atmosféricas
As emissões resultantes da moagem de matérias-primas consistem principalmente em partículas das matérias-primas como
argila, quartzo e feldspato. Na moagem seca, o caudal de emissões é de cerca de 6 Nm3 de ar por quilograma de matéria-prima
processada (MP) e a emissão de partículas (poeiras) é de 50 g/kg. Na moagem por via húmida, o caudal de emissões é de cerca
de 6 Nm3 ar/kg MP com um factor de emissão de cerca de 15g poeiras/kg MP. Estes factores de emissão referem-se a volumes
de efluentes gasosos (off-gases) não tratados.
Partículas, óxido de azoto, óxidos de enxofre, monóxido e dióxido de carbono surgem como emissões atmosféricas poluentes no
processo de produção de pó atomizado para a prensagem. As operações de lavagem na secção de vidragem criam suspensões
aquosas que contêm materiais cerâmicos. Estas suspensões podem seguir para a atomização. Nas emissões que resultam da
atomização, os elementos boro, cloro e chumbo têm de ser considerados. A capacidade de evaporação dos atomizadores (seca-
dores por atomização) atinge os 20 000 l/h. A tabela seguinte mostra as gamas típicas de parâmetros de funcionamento (na sec-
ção superior da tabela) e os correspondentes valores de efluente gasoso bruto de emissões significativas, resultantes da secagem
por atomização da barbotina [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10 Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005].
Tabela 3.25 : Dados de efluente gasoso bruto das unidades de secagem por pulverização (atomização)
O uso de instalações de secagem por atomização com unidades de cogeração é possível e conveniente do ponto de vista do
consumo de energia, mas os efluentes gasosos resultantes dessas unidades geralmente contêm mais NOX (varia entre 50-800
mg/m3, referido como NO2) [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Na conformação de peças por prensagem, o caudal de emissões é de cerca de 5 Nm3 ar/kg MP e o factor de emissão é de cerca
de 7 g poeiras/kg MP, referindo-se a efluentes gasosos (off-gases) não tratados. Dependendo da dimensão da prensa, os caudais
de efluentes gasosos variam entre 2000 – 4000 m3/h a temperaturas entre 20 e 30 ºC. Emissões adicionais de poeiras surgem
nas unidades de polimento. Nos processos de extrusão são apenas processadas pastas húmidas, daí não surgirem emissões de
poeiras.
A tabela seguinte mostra gamas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e as gamas correspondentes de
emissões de efluentes gasosos (off-gases) não tratados resultantes de secadores (os dados correspondem a secadores horizon-
tais e verticais) [3, CERAME-UNIE, 2003], [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004].
108 Fonte de emissão
2000 – 7000
Temperatura do efluente gasoso (°C) 50 – 190
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
Humidade (m3água/m3total) 0,04 – 0,11
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Oxigénio (%) 16 – 20
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
Partículas 5 – 25 mg/m3
CO2 1 – 3 % em vol
Tabela 3.26 : Parâmetros de funcionamento e valores de efluente gasoso bruto dos secadores
As partículas encontradas nas emissões de secadores são o resultado de partículas que se desprendem do corpo cerâmico e po-
eiras resultantes de ladrilhos partidos nos secadores, que se acumulam ainda com os gases da combustão. As temperaturas rela-
tivamente baixas destas instalações, geralmente abaixo dos 300 ºC, impede a formação de óxido de azoto durante o processo.
As emissões gasosas e de partículas na vidragem dependem da técnica de aplicação e da composição do vidrado. Em geral,
as emissões gasosas podem surgir nos processos de preparação e aplicação do vidrado. As características físico-químicas
destas emissões são altamente variáveis como resultado da grande diversidade de vidrados utilizados. As poeiras resultantes
da vidragem e da preparação do vidrado são caracterizadas pela presença de sílica, boro, zircónio, sódio, chumbo, lítio, potássio,
bário, cálcio, magnésio, zinco e alumínio. Os caudais de emissões são de cerca de 5 Nm3 ar/kg de vidrado processado e o factor
de emissão é de cerca de 0,5 g poeiras/kg de vidrado processado, referindo-se a efluentes gasosos (off-gases) não tratados. O
caudal de efluentes gasosos (off-gases) atinge os 7.000 m3/h a uma temperatura aproximada de 30 ºC.
Na tabela seguinte são apresentadas gamas de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e as gamas corres-
pondentes de valores de parâmetros no efluente gasoso bruto de fornos de rolos [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998], [23, TWG
Ceramics, 2005], [21, Almeida, 2004].
Partículas 5 – 30
NOx expresso como NO2 5 – 150
SOx expresso como SO2 1 – 300
CO 1 – 15
Compostos fluorados expresso como HF 5 – 60
Compostos clorados expresso como HCl 20 – 150
Boro < 0,5
Chumbo < 0,15
CO2 1,5 – 4,0 % em vol
As emissões de compostos fluorados acima mencionadas são causadas por concentrações de fluoretos na argila entre 500 e 800
mg/kg. No processo de cozedura, o boro nas emissões tem origem no uso de vidrado que contém compostos deste elemento. O
boro e o cloro presentes nas emissões podem ter origem da água nos ladrilhos (o boro deriva apenas da água reciclada e o cloro
pode também advir de água fresca do abastecimento público), que é subsequentemente evaporada nos primeiros passos da
cozedura. A concentração de chumbo é bastante pequena e basicamente resulta da vaporização de um grupo menor de vidrados
que contêm este elemento [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005].
A tabela seguinte, que representa a situação italiana, mostra uma comparação entre factores poluentes de emissão para efluentes
controladas (valores de gás limpo) e os correspondentes factores de emissões poluentes em emissões não-controladas (isto é, a
montante da unidade de controlo de poluição) para as várias fases (fases) dos processos de produção de azulejos e ladrilhos. Os
factores de emissão referem-se à unidade de produção da fase correspondente [6, Timellini, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005].
Emissões gasosas de
Fase Operação
Caudal específico
(Nm3/kg) Poeiras (partículas)
NC C
Factores de emissão de poluentes DEM (g/kg)
Compostos de chumbo (Pb)
NC C
Compostos fluorados (HF)
NC C
109
Moagem 6 40 - 60 0,05 – 0,1
a seco Prevenção e Controlo
Preparação Integrados da Poluição
Tabela 3.28 : Emissões gasosas resultantes das várias fases do processo de fabrico de ladrilhos e azulejos. Factores de emissão de poluentes em emissões não-controladas (NC) e controladas (C)
Emissões atmosféricas sob a forma de poeiras podem também ocorrer durante o armazenamento de matérias-primas e transpor-
te interno, enquanto as emissões de poeiras surgem nas unidades de armazenamento, pesagem, transporte e manuseamento.
Os azulejos e ladrilhos são muitas vezes rectificados após a cozedura. Em consequência, pode surgir poeiras do processo de
rectificação a seco [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005].
A tabela seguinte fornece detalhes da composição típica de águas residuais de processo resultantes nas instalações de produção
de azulejos e ladrilhos. A água é essencialmente água de lavagem das unidades de vidragem, assim a concentração de substân-
cias depende em larga escala da composição do vidrado [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998].
Tabela 3.29 : Análise química das águas residuais de processo não tratadas
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir quebras de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem,
cozedura e subsequente tratamento);
— podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (em particular lavagem de unidades) da lavagem das
unidades de vidragem e também da moagem por via húmida;
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal que resultam dos processos de embalagem;
— poeiras, lamas e agentes de sorção usados nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases).
Parte das perdas de processo acumuladas acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas na fábrica se cumprirem com
especificações de produto ou requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transporta-
dos para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição
de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005].
A quantidade e a composição das lamas resultantes das unidades de tratamento de águas residuais de processo varia considera-
velmente devido aos diferentes tipos de processo de produção. A tabela seguinte mostra as variações dos principais componen-
110 tes químicos das lamas [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [10, Navarro, 1998].
Tabela 3.30 : Gamas dos principais componentes químicos da lama (fabrico de ladrilhos e azulejos)
A quantidade de lamas produzidas numa instalação de ladrilhos e azulejos varia entre os 0,09 – 0,15 kg/m2 de produto acabado
em base seca. Para um produto com uma massa de 15 – 20 kg/m2, este valor corresponde a 0,4 – 1,0 % (quilograma de lama
seca/quilograma de produto cerâmico).
Os valores típicos de consumo de energia térmica no processo de secagem de azulejos e ladrilhos estão na ordem dos 250 – 750
kJ/kg (baseado no poder calorífico inferior do gás natural e no volume de gás a 15ºC e 1.013 mbar). Relativamente a ladrilhos da
classe Blb-II, são possíveis valores de consumo superiores a 1.400 kJ/kg [3, CERAME-UNIE, 2003].
A tabela seguinte mostra uma comparação entre consumos específicos de energia térmica e energia eléctrica por fase do processo
(etapa). Os dados referem-se às fábricas mais significativas italianas em termos de requisitos energéticos [6, Timellini, 2004].
Fase Operação Consumo específico de gás natural (GJ/t) Consumo específico de electricidade (GJ/t)
Tabela 3.32 : Comparação do consumo específico de energia térmica e energia eléctrica em cada etapa do processo
Consumo de água e matérias-primas
Dependendo das matérias-primas usadas, do tipo de processo produtivo envolvido e das propriedades desejadas do produto, são
empregues diferentes quantidades de água e matérias-primas.
111
Por exemplo, na preparação de uma pasta por via seca, a matéria-prima para a pasta é moída a seco num moinho de martelos Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
ou num moinho pendular. A mistura é então humidificada a 7 – 12% por peso seco. Neste caso, o material granulado é seco até Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
atingir um teor em humidade de 6 – 7%. Manufactureira Cerâmica
Na preparação de uma pasta por via húmida, a matéria-prima da pasta é moída por via húmida num moinho de bolas através da
mistura de água até se obter um teor em humidade de 42 – 50% por peso seco. Ocorre subsequentemente granulação usando um
meio de secagem por atomização e o material granulado é seco até que o conteúdo de humidade seja de 5 – 6%.
Note-se que quando se usa um processo por via húmida, o consumo de água é cerca de quatro vezes superior ao processo a
seco. Isto significa que a quantidade de água empregue, que pode ser reutilizada no processo de preparação da mesma pasta, é
maior no método por via húmida do que no método a seco [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005].
Emissões atmosféricas
A tabela seguinte mostra parâmetros de funcionamento típicos e gamas de emissões de partículas de um atomizador na produ-
ção de granulados para prensagem para a indústria de cerâmica doméstica.
Partículas 20 – 30 mg/m3
Tabela 3.33 : Parâmetros de funcionamento e valores de emissão de partículas nos efluentes gasosos tratados de um atomizador
As poeiras do atomizador são separadas num filtro ou numa combinação de um ciclone e um separador húmido. Neste contexto,
deve mencionar-se que em muitas fábricas de cerâmica doméstica moderna os atomizadores já não são usados devido aos
fornecedores entregarem pó atomizado com os parâmetros requeridos [4, UBA, 2001].
No processo de cozedura de chacota desenvolvem-se substâncias orgânicas devido à decomposição ou evaporação de agentes
auxiliares, que são emitidos a temperaturas de aproximadamente 400 ºC na zona de pré-aquecimento do forno. Deste processo
pode resultar benzeno numa concentração de 1 mg/m3 [3, CERAME-UNIE, 2003]. Na tabela seguinte são apresentadas variações
de parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e as resultantes composições de efluente gasoso bruto prove-
nientes da cozedura de cerâmica doméstica em fornos de túnel [4, UBA, 2001], [1, BMLFUW, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005],
[27, VDI, 2004], [21, Almeida, 2004].
Fonte de emissão Forno de túnel
Tabela 3.34 : Valores de efluente gasosos e respectivos parâmetros de auxiliares do processo de cozedura de cerâmica doméstica
Os compostos gasosos inorgânicos fluorados, enumerados na Tabela 3.34, desenvolvem-se a temperaturas entre os 700 e os 800
112 ºC devido à decomposição de certas substâncias das matérias-primas. A progressão das emissões de fluoretos de um forno de
túnel é contínua devido à cozedura contínua.
COMISSÃO EUROPEIA
Na tabela seguinte são apresentados parâmetros de funcionamento (na secção superior da tabela) e os correspondentes valores
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE de efluente gasoso bruto e tratado (concentrações de partículas e HF) resultantes do processo de cozedura de cerâmica domés-
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
tica num forno de túnel num processo de monocozedura. Neste processo especial de produção os produtos são apenas cozidos
uma vez e o pré-aquecimento é desnecessário. A cozedura demora 20 horas a uma temperatura de 1.260 ºC e os efluentes gaso-
sos do forno são tratados com um sistema de filtro de cal [13, SYKE, 2004], [17, Burkart, 2004], [22, SYKE, 2004].
Parâmetro das emissões Concentração de efluente gasoso bruto (mg/m3) **) Concentração de efluente gasoso tratado (mg/m3)
Tabela 3.35 : Valores de efluente gasoso bruto e tratado de um processo de cozedura de cerâmica doméstica
Em fornos que funcionam periodicamente, como os fornos intermitentes, são emitidas maiores quantidades de compostos fluora-
dos inorgânicos compostos a temperaturas entre os 800 e os 1.500 ºC e o caudal de efluentes gasosos ronda os 5.000 a 20.000
m3/h.
Os efluentes gasosos dos processos de cozedura de cerâmica doméstica contêm também outras substâncias poluentes da
atmosfera como CO, CO2 e SOX e se os produtos forem cozidos num processo decorativo adicional, as emissões resultantes da
cozedura da decoração também têm de ser tidas em consideração. Colas e ligantes de transferência de imagens ou alcatrão das
cores da pintura são queimados durante a cozedura da decoração. Neste processo surgem substâncias orgânicas de cheiro inten-
so. Podem ocorrer emissões adicionais de metais pesados dos pigmentos cromáticos inorgânicos (óxidos de metais pesados). A
tabela seguinte mostra sistemas típicos de pigmentos empregues como cores decorativas [4, UBA, 2001].
A tabela seguinte mostra variações de parâmetros de funcionamento e concentrações em massa de componentes de metais
pesados resultantes do processo de cozedura de decoração na cerâmica doméstica [4, UBA, 2001].
Fonte de emissão Forno de cozedura da decoração
Chumbo
Concentração (mg/m3)
0,002 – 2,750
113
Cádmio 0,003 – 0,070
Cobalto 0,054 – 0,260 Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
Níquel 0,060 – 0,400 sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Tabela 3.37 : Concentração de metais pesados no efluente gasoso bruto oriundas da cozedura da decoração
As emissões atmosféricas ocorrem não só durante os processos de atomização secagem e cozedura, mas também durante
outras fases do processo de fabrico [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]:
A tabela seguinte mostra a análise da água residual de processo de fabrico de louça de mesa de porcelana [4, UBA, 2001], [1,
BMLFUW, 2003]. O tratamento da água residual de processo é feita por homogeneização, floculação, sedimentação, filtração em
leito arenoso e osmose reversa para redução da quantidade de água residual de processo.
Tabela 3.38 : Análise das águas residuais de processo de uma fábrica de louças de porcelana
Outro exemplo da análise de água residual de processo de uma fábrica de cerâmica doméstica, a qual opera principalmente com
114 processos de cozedura única e onde a água residual de processo surge principalmente do processo de vidragem e preparação da
pasta, é mostrado na tabela seguinte [13, SYKE, 2004], [17, Burkart, 2004], [22, SYKE, 2004].
Tabela 3.39 : Análise das águas residuais de processo de uma fábrica de cerâmica doméstica
A lavagem das águas residuais de processo é feita por um processo de precipitação físico-química que consiste nos seguintes
passos:
— bacia de equalização;
— adição de precipitador químico e mistura rápida;
— floculação;
— adição de um polímero catiónico e floculação;
— sedimentação;
— espessamento da lama;
— secagem da lama com um filtro de pressão.
A água tratada consiste no excedente proveniente da bacia de sedimentação e o correspondente volume de água residual é 145
m3/dia.
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem,
cozedura e tratamento subsequente);
— podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (em particular da lavagem de unidades), da lavagem de
unidades de vidragem e de conformação e também da moagem por via húmida;
— podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina;
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-gases).
Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica se cumprirem com as
especificações de produção ou os requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são trans-
portados para reutilização noutras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição
de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
As lamas brancas do tratamento das águas residuais de processo consistem numa mistura de caulino, outras matérias-primas
tradicionais cerâmicas e algum gesso. Uma análise às lamas brancas mostra os seguintes componentes: SiO2 (66 – 70%), Al2O3
(18 – 20%), Na2O (0,1 – 2%), K2O (3 – 3,5%), CaO (1 – 3%) [4, UBA, 2001].
MJ/kg de produto
Valores
4,5
115
Consumo de energia térmica MJ/kg de produto 70
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Tabela 3.40 : Dados de consumo de energia eléctrica e energia térmica de uma fábrica de louças de mesa de porcelana Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
760 kg 3341 kg
Águas residuais
Água de processo
Vidragem
Caco (Loiça danificada)
1000 kg
Cerâmica doméstica
Emissões atmosféricas
A louça sanitária é cozida em fornos de túnel ou rolos. Produções de pequena escala são cozidas em fornos intermitentes ope-
rados periodicamente (de forma intermitente). A tabela seguinte mostra as composições relevantes de efluente gasoso bruto e
efluente tratado bem como dados do funcionamento (na secção superior da tabela) de um forno de túnel operado numa fábrica
típica de louça sanitária. Neste exemplo, os efluentes gasosos são tratados por um processo de sorção a seco utilizando módulos
adsorventes planares em forma de alvéolo (tipo favo de mel) num contentor de aço [4, UBA, 2001].
116 Fonte de emissão
9100
Temperatura do efluente gasoso (°C) 140 – 180
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva Parâmetro das emissões Concentração de efluente Concentração de efluente
gasoso bruto (mg/m3) **) gasoso tratado (mg/m3)
Partículas 10 3
NOx expressos como NO2 30 20
CO 200 200
Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF 1,3 – 3,6 0,4 – 1,5
Tabela 3.41 : Exemplos da composição de gás bruto e gás depurado libertados por um forno de túnel
A tabela seguinte mostra variações de concentrações de efluente gasoso bruto em fornos de túnel e por interminentes (referência
a 18% combustível O2: gás natural) [1, BMLFUW, 2003], [22, SYKE, 2004], [23 TWG Ceramics, 2005].
Parâmetro das emissões Concentração (mg/m3) Concentração (mg/m3)
Tabela 3.42 : Concentração de efluente gasoso tratado em fornos de túnel e fornos intermitentes
A tabela seguinte mostra exemplos de concentrações de efluente gasoso tratado de duas fábricas de louça sanitária. Os valores de efluente
gasoso tratado foram obtidos depois da primeira cozedura em fornos de túnel e o tratamento dos efluentes gasosos com um sistema de
colunas de adsorção de leito de calcário compactado (referência a 18% O2; combustível: gás natural) [1, BMLFUW, 2003].
Parâmetro das emissões Fábrica 1 Fábrica 2
Concentração (mg/m3) Concentração (mg/m3)
Partículas 3,2 5,0
Cobalto < 0,1 -
Níquel < 0,1 -
Crómio < 0,1 -
Manganésio < 0,1 -
Vanádio < 0,1 -
Estanho < 0,1 -
Antimónio < 0,1 -
Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF 0,8 -
Compostos gasosos inorgânicos de cloro expressos como HCl 0,8 -
SOx na forma de SO2 6,0 20
Tabela 3.43 : Exemplos de concentração de efluente gasoso tratado de duas fábricas de louças sanitárias
As emissões atmosféricas não ocorrem apenas durante o processo de cozedura, mas também durante estas outras fases do
processo de fabrico [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005]:
diárias e uma fábrica de louça sanitária (amostra de composta após sedimentação) [1, BMLFUW, 2003].
Parâmetro Concentração (mg/l) Carga (g/dia)
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação, secagem,
cozedura e subsequente tratamento);
— podem surgir lamas resultantes da preparação de matérias-primas (em particular da lavagem de unidades), da lavagem de
unidades de vidragem e conformação por enchimento e também da moagem por via húmida;
— podem provir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina;
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal que resultam dos processos de embalagem;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-ga-
ses).
Parte das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica se cumprirem com
as especificações de produção ou os requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são
transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de
deposição de resíduos [4, UBA, 2001], [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005].
As lamas brancas do tratamento das águas residuais de processo consistem numa mistura de caulino, outras matérias-primas
tradicionais cerâmicas e algum gesso. Uma análise às lamas brancas mostra os seguintes componentes: SiO2 (66 – 70%), Al2O3
(18 – 20%), Na2O (0,1 – 2%), K2O (3 – 3,5%), CaO (1 – 3%) [4, UBA, 2001].
1230 – 1270
Tempo de Cozedura (h) Necessidade especíca
16 – 24
de energia (kJ/kg)
9100 – 12000
Débito (t/h)
0,8 – 1,0
Forno de túnel moderno com isolamento de fibras leves 1230 -1260 10 – 18 4200 – 6700 1,0 – 2,0
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
Forno de rolos 1230 -1260 8 – 12 3500 – 5000 0,8 – 1,0
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Forno intermitente moderno, cozedura de retoque 1180 - 1220 12 – 23 8300 – 10400 5 – 15*)
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
Forno intermitente moderno, primeira cozedura 1240 - 1260 12 - 23 9200 - 11300 5 – 15*)
*) resp. (t/ciclo)
A tabela seguinte mostra exemplos de dados relativos a consumos de energia térmica e eléctrica de três fábricas de louça sani-
tária [1, BMLFUW, 2003].
631 kg 195 kg
Preparação
1465 kg
Reciclagem
da barbotina
2200 kg Moldagem
(moldação Águas residuais
Homogeneização de processo
da barbotina da barbotina)
1385 kg
Gás natural Efluentes gasosos
Secagem
e tratamento branco Lascamento
Ar
80 kg
1165 kg
Águas residuais
Água de processo
Vidragem
Caco (Loiça danificada)
1135 kg
Gás natural Efluentes gasosos
Cozedura
Ar Caco (Loiça danificada)
1000 kg
Cerâmica doméstica
Cerâmica técnica
Imagem 3.8 : Exemplo do fluxo de massa no fabrico de loiças sanitárias
3.3.8 Dados relativos a emissões
As emissões atmosféricas e para o meio aquático, perdas/resíduos de processo e também as emissões de ruído surgem na
3.3.8.1 produção de cerâmica técnica. Nesta secção são apresentadas gamas de emissões atmosféricas poluentes na cozedura de
119
electroporcelana (“electroporcelain”). São também descritas emissões atmosféricas resultantes de outras fases, emissões para
o meio aquático e perdas de processo. Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Emissões atmosféricas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
A tabela seguinte mostra gamas de concentrações de efluente gasoso bruto e fluxos de massa dos fornos intermitentes durante
a cozedura de isoladores eléctricos [1, BMLFUW, 2003].
Parâmetro das emissões1) Concentração (mg/m3) Débito volumétrico (g/h)
Tabela 3.47 : Concentrações de efluente gasoso bruto durante a cozedura de isolantes eléctricos
A tabela seguinte mostra exemplos de concentrações de efluentes gasosos de um forno intermitente durante a cozedura de iso-
ladores eléctricos. O forno (ver também a Secção 2.3.8) não está equipado com um sistema de tratamento de efluentes gasosos
[1, BMLFUW, 2003].
CO 91 658
NOx na forma de NO2 39 282
Compostos gasosos inorgânicos de flúor expressos como HF 11,3 82
Compostos gasosos inorgânicos de cloro expressos como HCl 2,5 18
SOx na forma de SO2 2,8 20
Matéria orgânica 6,3 45
1) ref. a 18 % em vol. de O2, nenhuma medição de partículas/poeiras
Tabela 3.48 : Concentrações de efluente gasoso de um forno intermitente durante o processo de cozedura de isoladores eléctricos
Não estão disponíveis dados relativos a emissões atmosféricas resultantes dos processos de cozedura de outros produtos de
cerâmica técnica, mas se a pasta cerâmica técnica contiver aditivos orgânicos, também podem surgir COV durante o processo
de cozedura [17, Burkart, 2004].
As emissões atmosféricas ocorrem não só durante o processo de cozedura, mas também durante outras fases do processo de
produção [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [24, VKI-Germany, 2004]:
Tabela 3.49 : Concentrações em águas residuais de processo tratadas provenientes de uma fábrica de isoladores eléctricos
A tabela seguinte mostra concentrações de poluentes na água residual de processo de um fabricante de isoladores eléctricos
após floculação sem filtração (amostra qualificada) [23, TWG Ceramics, 2005).
pH - 7,2
Matéria em suspensão mg/l <3
CQO mg/l 53
COT mg/l 15
AOX mg/l 0,02
Crómio (total) mg/l < 0,01
Chumbo mg/l < 0,05
Cádmio mg/l < 0,005
Cobre mg/l < 0,01
Níquel mg/l < 0,1
Zinco mg/l 0,3
Alumínio mg/l 0,23
Cobalto mg/l 0,016
Tabela 3.50 : Concentrações em águas residuais de processo provenientes de uma fábrica de isoladores eléctricos após floculação
A tabela seguinte mostra concentrações de poluentes na água residual de processo tratada de um fabricante de produtos de
piezocerâmica após filtração final em tratamento de intermitente (amostra qualificada) [23, TWG Ceramics, 2005].
pH - 8,0
Matéria em suspensão mg/l <3
CQO mg/l 597
COT mg/l 200
AOX mg/l < 0,1
Chumbo mg/l < 0,1
Cádmio mg/l < 0,01
Cobre mg/l < 0,01
Níquel mg/l < 0,1
Zinco mg/l 0,04
Antimónio mg/l < 0,02
Tabela 3.51 : Concentrações em águas residuais de processo tratadas provenientes de uma fábrica de produtos piezocerâmicos
Não existem dados relativos a emissões para o meio aquático provenientes da produção de outras cerâmicas técnicas.
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas de produtos durante várias fases do processo de produção (em particular na conformação, secagem,
cozedura e rectificação);
121
— podem surgir lamas da preparação de matérias-primas (lavagem de unidades), da lavagem das unidades de conformação
por enchimento, da vidragem e engobagem e também da moagem por via húmida; Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
— podem surgir moldes de gesso usados e partidos da aplicação de processos de enchimento por barbotina; Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
— podem surgir emulsões da rectificação a partir do tratamento da superfície mecânica; Manufactureira Cerâmica
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-ga-
ses).
Partes das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica se cumprirem com
as especificações de produção ou os requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são
transportados para reutilização em outras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de
deposição de resíduos [17, Burkart, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [24, VKI-Germany, 2004].
O consumo específico de energia térmica de um forno intermitente com uma capacidade de 70 m3 e uma capacidade de produ-
ção de 10 – 25 toneladas de isoladores eléctricos por ciclo de cozedura atinge os 12.000 a 20.000 kJ/kg [1, BMLFUW, 2003].
Não estão disponíveis dados relativos a consumo de energia dos processos de produção de outras cerâmicas técnicas.
Caulino 30 – 40
Argila 6 – 15
Feldspato 10 – 20
Quartzo 0 – 30
Alumina 0 – 40
Não estão disponíveis dados relativos a consumo de água e matérias-primas para os processos de produção de outras cerâmicas
técnicas.
COMISSÃO EUROPEIA Parâmetro das emissões Unidade Fábrica 11) Fábrica 22) Fábrica 33)
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva CO2 T/ano 372 143 216
Partículas mg/m3 12 < 15 < 15
COT mg/m3 < 43 39 < 40
1)
Esta fábrica é um exemplo típico utilizado para o fabrico de abrasivos com ligante inorgânico (desde a preparação das matérias-primas à embalagem dos abrasivos). Os abrasivos são cozidos num forno a
gás com uma capacidade de 10,4 m3 e uma densidade média de carga enfornada de 360 kg/m3. São utilizados os seguintes componentes de instalação : filtro de mangas para separação de partículas (em
unidades de mistura e moagem e processos de acabamento), pós-combustão térmica do efluente gasoso proveniente do forno e das unidades de acabamento comuns.
2)
Nesta fábrica, são fabricadas pequenas ferramentas de esmerilagem. A fábrica funciona num único turno e os abrsaivos são cozinhados em fornos intermitentes a electricidade. A fábrica possui três fornos
intermitentes idênticos com um volume que pode atingir os 5,28 m3 cada (4,4 m3 de volume útil). A densidade da carga enfornada varia entre 700 e 1400 kg/m3 (os auxiliares de cozedura ocupam cerca de
33 a 50%). São utilizados os seguintes componentes de instalação: filtro de mangas para separação de partículas (em unidades de mistura e moagem e processos de acabamento), pós-combustão térmica
do efluente gasoso proveniente dos fornos, tanques de sedimentação para águas residuais de processo provenientes da limpeza de agregados e unidades de acabamento comuns.
3)
Esta fábrica é um exemplo de uma pequena unidade produtora de abrasivos com ligante inorgânico (as mós apresentam um diâmetro de 100 a 1000 mm). Os abrasivos são cozidos num forno intermitente
a gás com uma capacidade de 5 m3 e uma densidade de carga enfornada do aglomerado vitrificado entre 70 e os 140 kg/m3 (ver Secção 2.3.9.5). São utilizados os seguintes componentes de instalação:
filtros de mangas para separação de partículas nas unidades de mistura e moagem e nos processos de acabamento.
Tabela 3.54 : Exemplos de valores de efluente gasoso em três fábricas onde são produzidos abrasivos com ligante inorgânico
As emissões atmosféricas ocorrem não só durante os processos de cozedura, mas também durante outras fases do processo de
fabrico [14, UBA, 2004], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005]:
— podem surgir emissões de poeiras da preparação das matérias-primas e dos processos de mistura e prensagem;
— podem surgir emissões de poeiras de processos de moagem a seco.
Perdas/resíduos de processo
— podem surgir perdas (quebras) de produtos durante várias fases do processo produtivo (em particular na conformação,
secagem, cozedura e tratamento subsequente);
— podem surgir lamas, em particular, da lavagem de unidades;
— podem surgir emulsões da rectificação a partir da conformação e do tratamento da superfície mecânica;
— resíduos tais como plásticos, restos de papel e metal resultam dos processos de embalagem;
— há acumulação de poeiras, lamas e agentes usados de sorção nas unidades de tratamento de efluentes gasosos (off-ga-
ses).
Partes das perdas de processo acima mencionadas podem ser recicladas e reutilizadas dentro da fábrica devido às especifica-
ções de produção ou aos requisitos processuais. Os materiais que não possam ser reciclados internamente são transportados
para reutilização noutras indústrias ou são fornecidos a instalações externas de reciclagem de resíduos ou de deposição de
resíduos [14, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005].
Tabela 3.55 : Síntese do consumo global de energia de três fábricas de abrasivos com ligante inorgânico
Consumo de água e matérias-primas
Na tabela seguinte são apresentados dados dos consumos de água e matérias-primas de três fabricantes de ligantes abrasivos
inorgânicos mencionados na Tabela 3.54 [14, UBA, 2004], [30, TWG Ceramics, 2005].
123
Entrada (input) Saída (output) Fábrica 1 (t/ano) Fábrica 2 (t/ano) Fábrica 3 (t/ano) Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Grãos abrasivos 216 440 153 Manufactureira Cerâmica
Tabela 3.56 : Dados de consumo de matérias-primas de três fábricas de abrasivos com ligante inorgânico
124
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
4. Técnicas a ter em consideração 125
na determinação das MTD no Fabrico Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
de Produtos Cerâmicos
4.1 Redução do consumo de energia (eficiência energética) 127 4.5 Perdas de processo/resíduos 161
4.1.1 Melhorar a concepção dos fornos e secadores 127 4.5.1 Lamas resultantes do fabrico
4.1.2 Recuperação do calor em excesso dos fornos 128 de produtos cerâmicos 161
4.1.3 Instalações de co-geração/produção combinada 129 4.5.1.1 Sistemas de reciclagem de lamas 161
de calor e electricidade 4.5.1.2 Reutilização de lamas noutros produtos 163
4.1.4 Substituição de fuelóleo pesado e de combustíveis sólidos 130 4.5.2 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 163
por combustíveis com baixos níveis de emissões 4.5.2.1 Considerações gerais relativas à reutilização 163
4.1.5 Alteração dos corpos cerâmicos 131 das perdas de processo sólidas
4.2 Emissões de poeiras (partículas) 132 como matérias-primas
4.2.1 Medidas aplicáveis às operações que produzem poeiras 132 4.5.2.2 Considerações gerais sobre moldes de gesso, 164
4.2.2 Medidas aplicáveis às zonas de armazenagem a granel 133 auxiliares de cozedura e peças partidas – evitar/
4.2.3 Sistemas de separação/filtração 134 substituir/reduzir
4.2.3.1 Separadores centrífugos 134 4.6 Considerações gerais relativas ao ruído 165
4.2.3.2 Filtros de mangas 134 4.7 Instrumentos de gestão ambiental 165
4.2.3.3 Filtros laminares sinterizados 136
4.2.3.4 Separadores por via húmida de partículas 137
4.2.3.5 Precipitadores electrostáticos (PE) 138
4.3 Compostos gasosos 139
4.3.1 Redução da entrada dos precursores dos poluentes 139
4.3.2 Utilização de aditivos ricos em cálcio 140
4.3.3 Optimização dos processos 142
4.3.3.1 Técnicas de optimização das curvas de cozedura 142
4.3.3.2 Redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos 143
4.3.3.3 Combustão interna dos gases de carbonização 143
4.3.3.4 Queimadores de baixas emissões de NOx 144
4.3.4 Instalações de depuração - sorção 145
(adsorventes, absorventes)
4.3.4.1 Colunas de adsorção em cascata 145
4.3.4.2 Sistemas de adsorção modular 147
4.3.4.3 Tratamento por via seca de efluentes gasosos com um filtro 148
(filtro de mangas ou precipitador electrostático)
4.3.4.4 Tratamento a húmido dos efluentes gasosos 150
4.3.4.5 Filtros de carvão activado 152
4.3.4.6 Depuradores biológicos 152
4.3.5 Pós-combustão 152
4.3.5.1 Pós-combustão térmica 152
4.3.5.2 Pós-combustão catalítica 154
4.3.6 Exemplos de parâmetros de funcionamento, 155
de eficácia, consumos e custos para diversas técnicas
de lavagem dos efluentes gasosos
4.4 Águas residuais de processo 158
4.4.1 Utilização de água como matéria-prima 158
4.4.2 Utilização de água como veículo de permutação de calor 158
4.4.3 Utilização de água como agente de tratamento 158
4.4.4 Utilização de água como agente de limpeza 158
4.4.5 Objectivos e soluções para a redução das águas residuais 158
de processo (emissões e consumo)
4.4.5.1 Optimização dos processos 158
4.4.5.2 Sistemas de tratamento das águas residuais de processo 159
Este capítulo apresenta as técnicas geralmente consideradas como tendo potencial para atingir um elevado nível de protecção
126 ambiental nas indústrias que fazem parte do âmbito deste documento. Estão incluídos sistemas de gestão, técnicas integradas
nos processos e medidas de fim de linha, mas existe uma certa sobreposição entre estas três tipologias quando se procuram os
melhores resultados.
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE Os procedimentos de prevenção,de controlo,de minimização e reciclagem também são considerados, assim como a reutilização
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
dos materiais e resíduos e a energia.
As técnicas tanto podem ser apresentadas individualmente como combinadas para alcançar os objectivos da directiva IPPC. O
Anexo IV da Directiva enumera uma série de considerações gerais a serem tidas em conta ao determinar as MTD, e as técnicas
referidas neste capítulo irão tratar de uma ou várias dessas considerações. Na medida do possível utiliza-se uma estrutura padrão
para descrever cada técnica, de modo a permitir a comparação das técnicas e uma avaliação objectiva face à definição de MTD
apresentada na Directiva.
O conteúdo deste capítulo não é uma lista exaustiva de técnicas e podem existir ou ser desenvolvidas outras que também pode-
rão ser válidas no quadro das MTD.
Geralmente utiliza-se uma estrutura padrão para descrever cada técnica, tal como se mostra na Tabela 4.1.
Tipo de informação considerada Tipo de informação incluída
Tabela 4.1: Informação discriminada para cada técnica descrita neste capítulo
Uma vez que pode haver um certo grau de sobreposição entre os elementos acima referidos, a estrutura manteve-se flexível,
reflectindo os casos individuais específicos.
Os custos das técnicas de redução têm de ser avaliados em função da dimensão das instalações, da eficácia das técnicas e
das circunstâncias da aplicação individual. Neste contexto, a Tabela 4.7 mostra exemplos de custos de investimento, custos de
manutenção, custos com os agentes de depuração (ex. absorventes, adsorventes, etc) e custos de funcionamento (operação)
para a redução de partículas, compostos gasosos orgânicos e compostos inorgânicos com a utilização de diversas técnicas de
redução [32, TWG Ceramics, 2006].
Quanto às condições padrão para a medição do caudal e das concentrações, vejam-se as seguintes definições, também referidas
no Glossário:
m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, o caudal corresponde a 18% em volume de oxigénio
e nas condições normais.
mg/m3 Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de substâncias ou misturas
gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18% em volume de oxigénio e em condições padrão, e
As concentrações em benzeno correspondem a 15% em volume de oxigénio e em condições normais.
condições normais (PTN) Referidas a uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa.
4.1 Redução do consumo de energia (eficiência energética)
Neste contexto, também pode ser encontrada informação útil no documento de referência sobre as Técnicas de Eficiência Ener-
gética (ENE) que está actualmente a ser preparado.
127
4.1.1 Melhorar a concepção dos fornos e secadores Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
São aqui apresentadas várias medidas distintas que podem ser aplicadas aos secadores e fornos individualmente ou em combi-
nação:
A maior parte das medidas acima mencionadas também pode ser aplicada aos secadores – por exemplo, no que respeita à sua
concepção (melhor isolamento térmico, isolamento das portas ou das fechaduras, etc.) –, aos auxiliares de cozedura e ao proces-
so de controlo, especialmente porque os secadores e os fornos estão muitas vezes ligados através de um sistema de recuperação
de calor (ver Secção 4.1.2).
Efeitos cruzados
Nada a referir.
Aplicabilidade
Em princípio, a maioria das medidas acima referidas pode ser aplicada a todos os subsectores da indústria cerâmica, mas a
tecnologia de rolos, por exemplo, é aplicada principalmente no fabrico de azulejos e ladrilhos. No entanto, as telhas, as manilhas
de grés e as louças sanitárias também podem ser cozidas em fornos de rolos (ver Secção 2.2.7.4.3).
As medidas que dizem respeito em particular aos fornos intermitentes, de túnel e de rolos (p. ex., relativamente aos vagões e aos
auxiliares de cozedura) não podem ser aplicadas aos fornos rotativos, nos quais são produzidos os agregados de argila expandida
(ver Secção 2.3.4). Também ao nível dos subsectores, a aplicabilidade das diferentes tecnologias de fornos depende dos produtos
fabricados, por exemplo, alguns tipos de azulejos e de ladrilhos requerem fornos de túnel para a cozedura, de modo a obter as
propriedades pretendidas.
128 Aspectos económicos
A modernização dos fornos e/ou dos secadores utilizados, ou até mesmo a sua substituição – quando aplicável – por novas
alternativas com menor consumo de energia como os túneis de rolos, pode resultar numa poupança de energia considerável para
as empresas. É necessário um investimento de capital significativo se a substituição do equipamento for efectuada antes do fim
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da sua vida útil.
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Motivações para a implementação
— economizar dinheiro graças a um menor consumo de energia
— redução das emissões de CO2.
Alguns processos também empregam permutadores de calor para recuperar o calor dos efluentes gasosos dos fornos de modo a
pré-aquecer o ar da combustão, mas esta aplicação é limitada por causa dos eventuais problemas de corrosão provocados pela
acidez dos gases de combustão e porque com frequência as temperaturas dos efluentes gasosos são muito baixas.
O calor em excesso proveniente da zona da pós-combustão também pode ser utilizado tanto no forno como no queimador. Uma
fábrica alemã usa fluido térmico para transferir o calor em excesso da pós-combustão para o secador, em combinação com ar
quente da zona de arrefecimento do forno. O princípio de funcionamento deste sistema combinado de recuperação de calor é
apresentado na figura seguinte [4, UBA, 2001].
Além da utilização do calor em excesso (4) na caldeira de recuperação de calor (5) e para o aquecimento do pré-forno (1), o calor
resultante do arrefecimento dos efluentes gasosos tratados é recuperado para um permutador de calor dos efluentes gasosos
(7) e conduzido para outros permutadores de calor (8) através de óleo térmico, de modo a aquecer o ar ambiente fresco (9) para
o processo de secagem. O ar fresco aquecido é misturado com ar quente da zona de arrefecimento (4) do forno (2) e introduzido
num secador que funciona em contínuo.
1. Pré-aquecedor
1 2. Forno de túnel
7
3. Ar de arrefecimento sob o vagão
4. Ar quente proveniente da zona de arrefecimento
5. Caldeira
6. Termreactor
6 7. Permutador de calor dos Efluentes gasosos
9
3 8. Permutador de calor
2 11 9. Ar fresco
8 8
10. Ar quente
4 10 11. Secador de caixas
Efeitos cruzados
É possível que ocorra um ligeiro acréscimo no consumo de energia eléctrica, especialmente se forem utilizados circuitos de troca
de calor.
Parâmetros de funcionamento (operacionais)
No caso do sistema combinado de recuperação acima mostrado, a necessidade energética específica de gás natural para a seca-
gem e a cozedura é de apenas entre 840 e 1050 kJ/kg de material cozido (tijolos) [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005].
129
Aplicabilidade Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
A recuperação do calor em excesso dos fornos, em especial em forma de ar quente das zonas de arrefecimento, em princípio Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
pode ser aplicada aos secadores em todos os subsectores da indústria cerâmica. É necessário referir que a recuperação do Manufactureira Cerâmica
calor em excesso dos fornos só é susceptível de aplicação se o calor em excesso for necessário ao mesmo tempo num outro
processo.
O exemplo específico acima mencionado (na Alemanha, são muito poucas as fábricas que utilizam esta técnica) não pode ser ge-
neralizado, em especial em relação à utilização do calor em excesso do pós-queimador, uma vez que é frequente que os efluentes
gasosos do pós-queimador sejam demasiado frios para conseguir uma recuperação eficiente de energia.
Aspectos económicos
— redução do consumo de energia
— devem ser tidos em conta os custos adicionais com o isolamento das condutas.
A Figura 4.2 mostra um exemplo da utilização do calor em excesso de uma instalação de ciclo combinado que origina uma com-
binação de calor e electricidade para a produção de ar quente [4, UBA, 2001]. O ar quente é usado na secagem dos tijolos. Para
além do calor em excesso proveniente do forno, é necessária uma proporção de ar ambiente (“ar fresco”) para o secador. Geral-
mente, este ar é retirado do edifício do secador de modo a usar os componentes do calor de alta radiação do forno e do secador.
Este ar ambiente é misturado com o calor em excesso do forno em frente da ventoinha de alimentação do secador. Instala-se um
aquecedor de ar na conduta de sucção do ar fresco de modo a manter o pré-aquecimento do ar quente. Este permutador de calor
é aquecido pela água de arrefecimento dos motores. Os efluentes gasosos têm uma temperatura entre 450 e 550 ºC, dependendo
do tipo de motor, e são conduzidos para a câmara de mistura e usados directamente no secador. As eventuais faltas de calor são
cobertas por um queimador suplementar a gás. Se não é necessário calor no secador, os efluentes gasosos não arrefecidos dos
motores são extraídos directamente através de uma chaminé.
Secador
Cozedura Câmara
Efluentes complementar de mistura
gasosos
do motor a gás
Catalisador Isolante aprox. 450 °C
sonoro
aprox. 90 °C
Efluentes
aprox. 80 °C gasosos do
forno
Motor a gás de co-produção Ar fresco aprox. 300 °C
aprox. 40 °C
Efeitos cruzados
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Os motores podem provocar um acréscimo de emissões atmosféricas no local e o ruído também aumenta.
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Aplicabilidade
O calor produzido pelas instalações de produção combinada de calor e de electricidade pode ser usado no processo de secagem
por atomização, em especial no fabrico de azulejos e ladrilhos e de cerâmica doméstica. Este calor também pode ser usado nos
secadores no caso de ser necessário calor suplementar, por exemplo, no fabrico de tijolos, conforme se mostrou na Figura 4.2.
Aspectos económicos
A aplicação económica está fortemente dependente das condições existentes e do sector cerâmico em causa. Por razões econó-
micas, a co-geração tem uma utilização limitada na Europa, p. ex., para o fabrico de tijolos e de telhas. Ainda assim, esta técnica
deve ser tida em consideração, sobretudo no processo de concepção de uma nova fábrica.
Uma alternativa mais barata à utilização do calor em excesso acima descrita é a introdução directa do calor no secador (ver
Secção 4.1.2).
4.1.4 Substituição de fuelóleo pesado e de combustíveis sólidos por combustíveis com baixos níveis de emissões
Descrição e benefícios ambientais obtidos
A substituição do fuelóleo pesado (FOP) ou dos combustíveis sólidos por combustíveis gasosos (gás natural, gás de petróleo
liquefeito (GPL) e também gás natural liquefeito (GNL)) no processo de cozedura resulta numa melhoria na eficiência da cozedura
e na eliminação quase total da fuligem em muitos processos. Normalmente, os combustíveis sólidos produzem cinzas finas,
daí que a redução nas emissões de partículas resultante da utilização de combustíveis gasosos pode, nalguns casos, evitar a
necessidade de processos de remoção de poeiras, que são caros e consomem energia. Os queimadores a gás adequam-se bem
ao uso de sofisticados sistemas de controlo automático, o que leva a poupanças de combustível e à redução do desperdício do
material cozido, daí resultando uma redução no consumo específico de energia. A utilização de fuelóleo UL em vez de FOP ou de
combustíveis sólidos também pode reduzir as emissões de fuligem nos processos de cozedura.
A utilização de gás natural, GPL, GNL ou de fuelóleo UL em vez de FOP ou de combustíveis sólidos resulta numa redução das
emissões de SO2 associadas ao consumo de energia graças a um menor teor de enxofre (ver Tabela 3.3). Além disso, a proporção
hidrogénio/carbono do gás natural, do GPL e do GNL é superior à dos fuelóleos e dos combustíveis sólidos, daí que produzam uma
menor quantidade de dióxido de carbono (aproximadamente menos 25% de CO2 no caso do gás natural) para uma quantidade
equivalente de calor produzido.
Os combustíveis alternativos/secundários de origem orgânica (p. ex., farinha de carne e ossos ou os biocombustíveis) e de
origem não orgânica (p. ex., óleos usados e solventes), como, por exemplo, os que são utilizados no fabrico de agregados de
argila expandida (ver Secção 2.3.4.2.2), reduzem a quantidade dos combustíveis fósseis primários consumidos e as respectivas
emissões de CO2.
Por outro lado, o uso de combustíveis com baixos níveis de emissões pode envolver outras tecnologias de utilização eficiente de
energia – por exemplo, a co-geração com turbinas a gás – no processo de fabrico. Também podem ser obtidas poupanças de
energia (eléctrica) devido ao facto de alguns combustíveis líquidos (em particular FOP) terem de ser aquecidos para poderem ser
bombeados.
Efeitos cruzados
Há que ter em conta questões de segurança suplementares – especialmente o risco de explosão –, em particular em relação ao
GPL e ao GNL.
Parâmetros de funcionamento
Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular.
Aplicabilidade
Em princípio, a substituição dos combustíveis pode aplicar-se em todos os subsectores da indústria cerâmica, mas tem que
se assinalar que a natureza do combustível também pode afectar as características estéticas do produto final. É por isso que
131
determinados efeitos com bastante procura no mercado só podem ser obtidos através da (co-)incineração de carvão ou de pó de
carvão nos fornos. Por exemplo, há certos tipos de tijolo face-à-vista com cores especiais que não podem ser produzidos apenas Prevenção e Controlo
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com recurso à combustão de gás natural, tendo que se injectar poeira de carvão na ignição do forno (os fornos Hoffmann são Documento de Referência
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usados com esse objectivo). Daí que, dependendo do tipo de produto produzido, a substituição do combustível nem sempre seja Manufactureira Cerâmica
possível.
Nos processos de fabrico dos agregados de argila expandida, a maioria das poeiras pontuais são recicladas, o que reduz o impac-
to da substituição de combustível relativamente à produção de cinzas
Aspectos económicos
A mudança de FOP ou de combustíveis sólidos para combustíveis com baixos níveis de emissões envolve consideráveis custos
de investimento, especialmente se não está disponível o abastecimento de gás natural. Neste contexto, não são apenas os
custos do combustível, mas também os custos adicionais com o transporte de GPL, GNL e fuelóleo UL que têm de ser tidos em
conta.
Os aditivos formadores de poros são usados principalmente para reduzir a condutividade térmica dos blocos de argila através
da criação de microporos. Daí resulta a redução da massa térmica dos blocos de argila e, como segunda vantagem do uso de
aditivos formadores de poros, uma menor quantidade de energia necessária para a cozedura. Redesenhar os produtos cerâmicos
também pode reduzir a massa – p. ex., ladrilhos mais finos, tijolos multiperfurados, blocos ou condutas com paredes mais finas.
Quando são tecnicamente possíveis, estas alterações podem reduzir o consumo de energia e as emissões.
Uma redução na quantidade de água de mistura necessária ajuda a poupar energia na secagem. A quantidade de água de mistura
necessária está dependente principalmente da composição dos minerais argilosos e também da granulometria. Os aditivos para
reduzir a água consistem em produtos húmidos com agentes sequestrantes ou formadores de complexos, que permitem uma
redução da tensão superficial na interface da água de mistura e uma imobilização dos problemáticos catiões livres. Reduz-se a
necessidade de água de mistura no processo de preparação da matéria-prima e obtém-se uma plasticidade igual ou até mesmo
superior. Por outro lado, reduzem-se também as necessidades energéticas do processo de secagem.
O ajustamento automático da água de mistura de acordo com a plasticidade requerida do material e a substituição parcial da água
de mistura por vapor de água resulta numa redução de água (cerca de 3%), de energia térmica (cerca de 90 kWh/t de produto) e
de electricidade (cerca de 1,5 kWh/t de produto).
De qualquer modo, a adição de vapor na parte da extrusão facilita a saída da argila extrudida e pode conseguir-se a quantidade
exacta de humidade necessária para a argila.
Consegue-se obter uma redução significativa da temperatura de cozedura e do tempo de residência através da mistura de au-
xiliares de sinterização, tais como os alcalino-terrosos e os aditivos bastante alcalinos, e de agentes de formação de vidro. No
entanto, a utilização destes aditivos só é possível nalguns casos especiais e não em todos os produtos cerâmicos. São possíveis
reduções na temperatura final de cozedura que podem ir até 50 K. De modo a evitar perdas de produção e um declínio na qualida-
de, normalmente antes da sua utilização em larga escala devem ser levados a cabo testes preliminares.
132 Efeitos cruzados
A utilização de agentes orgânicos formadores de poros pode resultar num acréscimo na emissão de substâncias orgânicas e de
CO para a atmosfera. A utilização de auxiliares de sinterização aumenta as emissões de CO2 devido ao elevado teor de carbonatos
alcalinos.
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Parâmetros de funcionamento
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de Tecnologia Prospectiva
Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular.
No entanto, a forma e a composição dos produtos está, em geral, altamente dependente das exigências do mercado e daí que
a alteração dos corpos cerâmicos apenas seja possível até um certo ponto e de forma nenhuma em todos os produtos cerâmi-
cos.
— confinamento das operações que produzem poeiras, tais como moagem, peneiração e mistura.
— utilização de misturadores cobertos e com sistema de aspiração ou de moinhos de mandíbulas.
— filtração do ar deslocado enquanto se carregam os misturadores ou o equipamento de doseamento
— silos de armazenamento com capacidade adequada, indicadores de nível com interruptores e com filtros para lidar com o
ar deslocado saturado de poeiras durante as operações de enchimento
— telas de transporte rolantes cobertas para matérias-primas potencialmente pulverurentas
— preferência por um processo de circulação nos sistemas transportadores pneumáticos
— manuseamento do material em sistemas fechados mantidos sob pressão negativa e eliminação das poeiras do ar da
sucção
— redução das fugas de ar e dos pontos de derrame, demolição da instalação.
Efeitos cruzados
— os sistemas pneumáticos de transporte com circulação de ar podem causar um acréscimo das emissões de ruído e do
consumo de energia eléctrica
— pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção.
Parâmetros de funcionamento
Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. De qualquer modo, a manutenção e a reparação regular
assegura que as fugas de efluentes gasosos (off-gases) das condutas, dos silos de armazenamento e das unidades de preparação
ou dos isolamentos avariados são reparados rapidamente.
Aplicabilidade
As medidas podem ser levadas a cabo em todos os subsectores da indústria cerâmica, tanto em instalações novas como antigas,
mas nem todas as medidas mencionadas acima têm de ser aplicadas quando se trata do manuseamento de argilas húmidas.
133
Aspectos económicos Prevenção e Controlo
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Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. No caso de instalações fabris antigas, o confinamento das Documento de Referência
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instalações pode exigir um plano de implementação a médio ou longo prazo. Manufactureira Cerâmica
Se as emissões de poeiras nos locais de descarga das zonas de armazenamento não puderem ser evitadas, é possível reduzi-las
fazendo corresponder a altura da descarga à altura variável da pilha, se isso for possível automaticamente, ou através da redução
da velocidade de descarga. Por outro lado, os locais podem ser mantidos húmidos – em particular nas zonas secas – utilizando
aspersores (no caso da fonte de poeira ser localizada, pode instalar-se um sistema de aspersão de água) e podem ser limpos com
camiões de limpeza.
Para evitar a formação de poeiras difusas durante as operações de remoção podem usar-se sistemas de aspiração. As instalações
novas podem ser facilmente equipados com sistemas fixos de aspiração, enquanto que nos edifícios existentes normalmente é
mais apropriado equipá-los com sistemas móveis e ligações flexíveis.
Efeitos cruzados
— aumenta o consumo de água ao manter os locais húmidos
— aumenta o consumo de energia devido à utilização de sistemas de aspiração
— pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção.
Parâmetros de funcionamento
Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular.
Aplicabilidade
As medidas podem ser levadas a cabo em todos os subsectores da indústria cerâmica, tanto em instalações novas como antigas,
mas nem todas as medidas mencionadas acima têm de ser aplicadas quando se trata do manuseamento de argilas húmidas.
Além disso, por vezes é necessário misturar matérias-primas secas para obter as propriedades pretendidas e, por conseguinte,
só uma determinada parte é que se pode manter húmida.
Aspectos económicos
Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular. Neste contexto, ver também a Tabela 4.7.
Efeitos cruzados
— o funcionamento de separadores centrífugos constitui uma fonte significativa de ruído
— o consumo de electricidade pode aumentar no caso de se aplicar uma turbina
— pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção.
Parâmetros de funcionamento
Os separadores centrífugos têm um desempenho mais eficaz com cargas com elevado teor de poluentes, desde que o aparelho
não fique bloqueado.
Aplicabilidade
A eficácia dos separadores centrífugos em termos de tratamento é, de um modo geral, bastante baixa para que se consiga reduzir
as emissões de poeira de forma a cumprir a legislação relativa à poluição atmosférica na indústria cerâmica. Por conseguinte,
só são adequados como pré-separadores e são utilizados com frequência depois de efectuadas as operações de secagem por
atomização, e moagem.
Aspectos económicos
A recolha e a recuperação de poeiras separadas resultam numa redução do consumo de matérias-primas.
Tubo Venturi
Filtro de mangas durante a limpeza
Filtro de manga
Fio de suporte da caixa
Entrada do gás bruto
Tremonha
Colector de poeiras
Figura 4.3 : Vista esquemática de um filtro de mangas com regeneração por impulsão de pressão
Efeitos conjugados
— o funcionamento dos filtros de mangas, em especial dos que efectuam a regeneração das mangas por pressão vibratória,
pode causar emissões de ruído e pode também aumentar o consumo de electricidade devido à elevada queda de pressão
destes filtros
— pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção.
Material dos filtros de mangas Temperatura a que resistem (ºC) Preço (Euros/m2)
Algodão 80 <5
Polipropileno 100 5
Poliéster 150 10 – 12
Nomex (m-aramida) 220 25
PTFE (Teflon) 280 100 – 120
Tabela 4.2: Exemplos das temperaturas a que resistem e dos custos dos filtros de mangas
Tabela 4.3: Exemplos dos parâmetros de funcionamento para a remoção de partículas com filtros de tecido
136
Custo de investimento (em €)
80000
70000
COMISSÃO EUROPEIA 60000
DIRECÇÃO-GERAL
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
50000
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva 40000
30000
20000
10000
Figura 4.4 : Exemplos de custo de investimento incluídos nos custos anuais das fábricas de filtros, excepto a instalação e os filtros de mangas
Os filtros de mangas autolimpantes devem ter tamanho suficiente para funcionar com uma carga específica da superfície filtrante
inferior a 2 Nm3/(m2 x minute), de modo a que se possam registar concentrações de gás depurado no intervalo de 1 – 20 mg/m3
[1, BMLFUW, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005]. A recolha e a recuperação de partículas separadas
resultam numa redução do consumo de matérias-primas.
Os filtros de mangas não podem funcionar a temperaturas demasiado elevadas – em especial no caso de efluentes gasosos
(off-gases) húmidos – e a temperaturas próximas do ponto de orvalho. Isto porque o filtro pode bloquear e depois é difícil secá-lo
e limpá-lo novamente devido ao facto de as reacções entre a água e o CaO formarem uma crosta dura, o que irá aumentar signi-
ficativamente os custos de manutenção e de energia eléctrica e os tempos de produção.
Em princípio, os custos de funcionamento dos filtros de mangas estão intimamente ligados com a quantidade de electricidade
necessária para ultrapassar a queda de pressão, tal como se referiu acima.
Aplicabilidade
Em princípio, os filtros de mangas para a remoção de efluentes gasosos (off-gases) podem ser aplicados a todos os subsectores
da indústria cerâmica, especialmente em operações que produzem poeiras (despoeiramento de silos para armazenamento de ma-
térias-primas secas, na preparação de matérias-primas secas, incluindo a secagem por atomização, na conformação a seco e nos
processos de rectificação a seco ou de moagem). Por vezes, é útil combiná-los com pré-filtros ciclónicos (ver Secção 4.2.3.1).
A figura seguinte apresenta o esquema de um filtro laminar(ou lamelares) sinterizado rígido, que é limpo através de um sistema
autolimpante à pressão [4, UBA, 2001].
Isolante sonoro
Saída de gás depurado (tratado)
Motor eléctrico
137
Reservatório de ar comprimido Ventilador radial Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
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sobre as Melhores Técnicas
Tubo para limpeza dos Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
elementos filtrados
Elemento filtrante
Reservatório de poeiras
Efeitos cruzados
— o funcionamento de um filtro laminar sinterizado com sistema autolimpante à pressão(ex. limpeza por ar comprimido) pode
provocar emissões de ruído e um consumo de energia adicional
— pode haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção.
Parâmetros de funcionamento
Com estes elementos de filtração obtém-se uma eficácia de depuração até 99,99%, sendo atingíveis concentrações no efluente
depurado < 1mg/m3, daí que seja possível reutilizar o gás depurado na atmosfera de trabalho [4, UBA, 2001].
Aplicabilidade
A utilização de filtros laminares sinterizados permite a separação das partículas húmidas provenientes, por exemplo, da vidragem.
Este sistema de filtração torna possível a reutilização directa das partículas da vidragem, separadas dos efluentes gasosos (off-ga-
ses) da cabine de atomização. Uma zona superior inactiva garante que a poeira no sistema seja relativamente seca. Na situação
ideal, as partículas separadas da vidragem surgem no sistema de filtração sob a forma de pó.
Aspectos económicos
Normalmente, os custos de investimento e de funcionamento dos filtros laminares sinterizados são consideravelmente superiores
aos dos filtros de mangas, no entanto, a possibilidade de reutilizar os efluentes gasosos (off-gases) depurados para o ambiente
de trabalho permite poupar nos custos de energia que se verificariam no caso de se terem que aquecer elevados caudais de ar
ambiente (“ar fresco”) para proporcionar as temperaturas adequadas no local de trabalho.
Parâmetros de funcionamento
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de Tecnologia Prospectiva
Há registos que indicam serem atingíveis concentrações de gás depurado no intervalo de 20 – 50 mg/m3 [1, BMLFUW, 2003], [4,
UBA, 2001]. Neste contexto, ver também a Tabela 3.33.
Aplicabilidade
Os separadores por via húmida de partículas são particularmente apropriados para reduzir as emissões húmidas, em especial dos
processos de secagem por atomização nos casos em que estes são usados em combinação com ciclones, e são especialmente
vantajosos nos casos em que a água utilizada na depuração possa ser reutilizada.
Aspectos económicos
Relativamente aos custos de funcionamento, tem que se ter em conta o líquido de lavagem(depuração) e o tratamento das
águas residuais deste processo. Por norma, as pequenas unidades para controlo de correntes de efluentes gasosos (off-gases)
com baixas concentrações são muito mais caras (por unidade de volume) do que unidades maiores para depurar caudais com
elevadas cargas poluentes.
Efeitos cruzados
— aumentam os riscos de explosão, especialmente se forem utilizados sistemas de PE secos
— aumenta o consumo de energia devido ao funcionamento do PE (mas verifica-se uma menor quebra de pressão(perda de
carga) comparativamente com outros sistemas de filtros, o que pode levar a um menor consumo de energia por parte dos
ventiladores utilizados)
— possibilidade de haver resíduos adicionais quando se procede à manutenção
Tabela 4.4: Dados relativos ao funcionamento e aos custos dos precipitadores electrostáticos
Aplicabilidade
Os precipitadores electrostáticos são utilizados na indústria cerâmica principalmente na produção de agregados de argila ex-
pandida, para os fornos rotativos e nas unidades de moagem a seco, em que elevados caudais têm de ser tratados a elevadas
temperaturas com uma fiabilidade de funcionamento relativamente elevada.
Óxidos de azoto
— a minimização dos compostos de azoto nas matérias-primas e nos aditivos pode reduzir as emissões de NOx.
A minimização dos compostos orgânicos nas matérias-primas, aditivos, ligantes, etc. pode reduzir as emissões de COV. Por
exemplo, acrescentam-se aditivos orgânicos como a serradura e o poliestireno à mistura de matérias-primas para o fabrico de
produtos porosos. No entanto, estes aditivos orgânicos provocam um aumento das emissões de COV (neste contexto, ver a Ta-
bela 3.4 relativa aos valores dos efluentes gasosos “brutos” (sem tratamento) dos processos de fabrico de tijolos, coma utilização
de vários agentes formadores de poros). A produção de emissões de COV, em princípio, pode ser evitada ao mudar para aditivos
inorgânicos formadores de poros. Por ex., perlite (um material vulcânico vítreo que contém 3 a 4% de água), ao ser aquecido (800
a 1100 ºC), o material expande-se 15 a 20 vezes em relação ao seu volume original devido às bolhas de vapor formadas no seu
interior).
Efeitos cruzados
A minimização de compostos orgânicos nas matérias-primas pode aumentar o consumo de energia no processo de cozedura.
Para a produção de argila expandida, não é possível reduzir os COV uma vez que estes são utilizados como formadores de poros.
Além disso, o teor de poluentes das matérias-primas é um parâmetro significativo, mas nem sempre determinante nas emissões
de poluentes durante a cozedura, uma vez que estas emissões dependem de diversas variáveis, nomeadamente, dos parâmetros
de funcionamento do processo de cozedura. Por conseguinte, uma redução de 50% do teor de poluentes das matérias-primas
nem sempre implica uma redução semelhante nas emissões de poluentes, tal como a experiência também já mostrou na corre-
lação entre o teor de flúor da argila e a concentração de HF das emissões gasosas.
Quanto aos problemas relacionados com o enxofre, deve referir-se que a localização habitual do barreiro junto à fábrica limita a
escolha de matérias-primas com baixo teor de enxofre (ver também «Aspectos económicos»).
Aspectos económicos
Para uma empresa com um barreiro com elevado teor de enxofre, a utilização ou a junção de materiais argilosos com baixo teor de
enxofre pressupõe um fornecimento de materiais argilosos extraídos por terceiros de outros barreiros. Isto implica um acréscimo
de custos significativo devido, por um lado, ao custo do transporte (que, em 1998, se estimava ser de 0,05 euros/tonelada/km) e,
por outro lado, a um custo da extracção maior (que, em 1998, se estimava ser de 2,5 euros/tonelada), comparativamente com o
custo da argila do seu próprio barreiro, por ter de ser paga a terceiros [2, VITO, 2003]. A minimização dos compostos orgânicos
nas matérias-primas também pode aumentar os custos por causa das eventuais maiores distâncias de transporte a efectuar
pelos fornecedores externos à fábrica.
As medidas que envolvem a utilização de aditivos de baixo teor de enxofre e/ou aditivos de argila contendo cálcio (ver também a
Secção 4.3.2) implicam custos de investimento substanciais (até 850 000 euros), p. ex., para aumentar a capacidade de arma-
zenamento e para modificar a maquinaria usada na preparação das matérias-primas, na conformação e na secagem, e também
podem implicar custos operacionais adicionais e custos suplementares com materiais.
Esta reacção química serve para «fixar» os fluoretos através da formação de fluoretos de cálcio estáveis e pode reduzir significa-
tivamente as emissões de HF.
Uma reacção semelhante também serve para «fixar» cloretos e SOx no interior do corpo cerâmico, tal como se refere acima, e
também pode reduzir significativamente as emissões de HCl e de SOx.
No entanto, a concentração de HF, HCl e SOx nos efluentes gasosos não está necessariamente relacionada com o nível de CaO
nas matérias-primas, uma vez que a experiência mostra que até mesmo os carbonatos finos(micronizados) ou o CaO presente
nos produtos cerâmicos durante o processo de cozedura pode ter pouco ou nenhum efeito nos níveis de emissões de HF, HCl e 141
SO2/SO3. Isto acontece devido principalmente às altas temperaturas de cozedura dentro do forno, provocando a decomposição
de CaSO4, CaCl2 e CaF2. O CaF2 começa a decompor-se a cerca de 850 ºC e a temperaturas superiores (acima dos 900 ºC) o CaO Prevenção e Controlo
também irá reagir com os silicatos para formar silicatos de cálcio, reduzindo a quantidade de CaO disponível. Integrados da Poluição
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Manufactureira Cerâmica
Efeitos cruzados
A utilização de aditivos ricos em cálcio pode aumentar o consumo de energia na cozedura devido, por um lado, à ocorrência de
reacções endotérmicas no forno e, por outro, à necessidade de tempos de cozedura maiores. Além disso, a utilização de aditivos
ricos em carbonato de cálcio aumenta as emissões de CO2.
O subsector onde esta medida tem uma maior aplicação é o da indústria de fabrico de tijolos, no caso das propriedades técnicas
do produto final poderem ser satisfeitas. Esta medida não é habitual na indústria de refractários. Os aspectos qualitativos que são
afectados pela adição de calcário são os seguintes:
— cor: o aumento na utilização de calcário provoca uma alteração na cor, que tem tendência para ficar com tons mais claros
(mais amarelos). Uma ligeira descoloração é aceitável no fabrico de tijolos que não ficam visíveis, mas o mesmo não se passa
no fabrico de tijolo face-à-vista pois pode provocar problemas na comercialização e daí que não seja possível utilizar estes
aditivos em todas as pastas para tijolos. A adição de Fe2O3 pode compensar parcialmente a descoloração amarelada
— concentração de sulfatos solúveis na água: aumenta com a utilização de maiores quantidades de CaCO3. Os sulfatos solú-
veis na água são parcialmente responsáveis pelos problemas de eflorescências no fabrico de tijolos
— resistência à compressão: a adição de carbonato de cálcio pode ter um ligeiro efeito, tanto positivo como negativo, na
resistência à compressão
— comportamento de retracção: a adição de carbonato de cálcio tem um efeito relativamente imprevisível no comportamento
de retracção do produto durante a secagem e a cozedura
— absorção de água: a absorção espontânea de água aumenta com a adição de maiores quantidades de CaCO3 e em resul-
tado disso sobem os coeficientes de saturação, daí resultando uma redução da resistência ao gelo dos tijolos e um aumento
da probabilidade de ocorrência de eflorescências. Estes efeitos são mais toleráveis nos tijolos que não ficam visíveis do que
no tijolo face-à-vista
— os agregados de argila expandida devem ter um máximo de 3% de CaO, senão a resistência dos grânulos é significativa-
mente reduzida e, além disso, acima dos 5% a expansão é reduzida devido a um volume excessivo [2, VITO, 2003].
Aspectos económicos
O acréscimo de emissões de CO2, induzido pela utilização de aditivos ricos em carbonato de cálcio, pode fazer aumentar os custos
devido a exigências legais (p. ex., comércio de emissões). Além disso, alterações no comportamento de retracção dos produtos
cerâmicos podem afectar o processamento mecânico durante a fase de fabrico.
As medidas que envolvem a utilização de aditivos de baixo teor de enxofre e/ou aditivos de argila com cálcio (ver também a
Secção 4.3.1) podem implicar custos de investimento substanciais (até 850 000 euros), p. ex., para aumentar a capacidade
de armazenamento e para modificar a maquinaria usada na preparação das matérias-primas, na conformação e na secagem, e
podem ainda envolver custos operacionais adicionais (custos suplementares com materiais).
— reduzir a velocidade de aquecimento no intervalo mais baixo de temperatura (até 400 ºC) promove a readsorção de HF com
a formação de CaF2, daí resultando uma diminuição das emissões de HF. Pode verificar-se um efeito semelhante nas emissões
de SOx, que normalmente se devem à oxidação da pirite e/ou à dissociação do sulfato de cálcio presente na pasta cerâmica
— ao aumentar a velocidade de aquecimento no intervalo entre os 400 ºC e a temperatura de cozedura, atinge-se a tem-
peratura de sinterização mais depressa e, em resultando disso, a libertação de emissões é limitada (pela difusão) e estas
diminuem
— a temperatura máxima de cozedura afecta a decomposição dos sulfatos. Quanto mais baixa for a temperatura de cozedura
menor é a decomposição, daí que as emissões de SOx sejam menores. A redução da temperatura de cozedura pode ser alcan-
çada através da adição de agentes de fluxo(fundentes) à mistura de matérias-primas
— ciclos de cozedura mais rápidos resultam geralmente numa redução das emissões de fluoretos. As características das
matérias-primas influenciam a libertação de fluoretos mas, qualquer que seja o produto cerâmico, o tempo de cozedura acima
dos 800 ºC é decisivo
— o controlo do teor de oxigénio nos processos de cozedura maximiza a eficiência da combustão.
A figura seguinte mostra um exemplo de curva de aquecimento com os intervalos de temperatura para a libertação de poluentes
durante a cozedura de tijolos [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005].
Chaminé
Pré-aquecimento Cozedura Arrefecimento
Curva de
cozedura
Efluentes
gasosos Gás Enxofre Flúor Calor de recuperação para secagem
de carboni-
zação
Figura 4.6 : Gamas de temperatura de um exemplo de curva de temperatura na libertação de poluentes durante a cozedura de tijolos
Efeitos cruzados
Nada a referir.
Na Europa, em princípio apenas o aquecimento dos fornos com combustíveis fósseis é economicamente viável nos subsectores
de fabrico de tijolos e telhas, das manilhas e tubos de grés, de produtos refractários e dos agregados de argila expandida. Daí
que o aquecimento dos fornos com electricidade ou de um modo indirecto não é propriamente aplicável nestes subsectores (o
aquecimento eléctrico é apenas utilizado na produção esporádica de produtos especiais no caso dos produtos refractários). No
entanto, no caso dos subsectores de produção de azulejos e ladrilhos, de louça de mesa e ornamental, de louça sanitária, de
cerâmicas técnicas e dos abrasivos com ligante inorgânico, a redução dos níveis de vapor de água dos gases dos fornos através
do aquecimento dos fornos com electricidade (que já são parcialmente utilizados no fabrico de algumas cerâmicas técnicas) ou
indirectamente com queimadores a gás de tubo irradiante [5, InfoMil, 2003] (os fornos intermitentes ou pequenos fornos de rolos
podem em princípio, ser equipados com estes queimadores para o fabrico de produtos em pequena escala) tem um potencial de
aplicação mais realista.
Queimador de grande
velocidade de saída
Aquecimento Pré-aquecimento
200 ºC Carbonização 450 ºC Cozedura
450 ºC 700 ºC
Recuperação
Queimador de injecção
250 ºC
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
Parâmetros de funcionamento e aplicabilidade
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Na Alemanha, já há algum tempo que se recorre a sistemas de combustão interna dos gases de carbonização, em especial nalgu-
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
mas fábricas de tijolos. Estes sistemas permitem reduzir significativamente as emissões de COV, mas padecem da desvantagem
prática de interferirem amiúde com o funcionamento normal do forno e de, em resultado disso, se tornarem difíceis de controlar.
Um dos problemas conhecidos dos sistemas que utilizam portas de correr no forno é o facto de estas empenarem. A interferên-
cia da pós-combustão térmica no interior do forno, quando se utiliza um forno de túnel como simples permutador de calor por
contracorrente, leva frequentemente a problemas no modo de funcionamento do forno ou a maiores gastos com a sua operação.
Talvez por causa disso os sistemas de pós-combustão externa dos gases de carbonização tenham sido objecto de um aumento
de preferência, em especial em novas fábricas nos anos mais recentes.
Esta técnica não é aplicável no fabrico de agregados de argila expandida, uma vez que a secagem e a cozedura ocorrem em
conjunto, donde resultam gases com elevadas concentrações de água.
Ao empregar esta técnica conseguem-se obter valores de C total do efluente gasoso de aproximadamente 15 mg C total/m3 se
os valores de efluente gasoso em bruto forem de 250 mg de C total/ m3 [4, UBA, 2001].
Aspectos económicos
Por causa das complicadas técnicas de cozedura e de controlo, a combustão interna dos gases de carbonização é um sistema
relativamente caro no que respeita aos custos de manutenção.
Efeitos cruzados
Nada a referir.
Aplicabilidade
A aplicabilidade e eficácia dos queimadores de baixas emissões de NOx dependem de vários factores, entre eles a temperatura
final de cozedura. Há registo de falta de eficiência nalguns casos a temperaturas acima dos 1400 ºC. Neste contexto, pode encon-
trar-se informação útil adicional no BREF sobre o Fabrico do Vidro, em que os queimadores de baixas emissões de NOx também
são referidos. Além disso, devido aos requisitos de qualidade do produto final, a utilização de queimadores de baixas emissões de
NOx pode ser limitado [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Numa coluna de adsorção em série, a reacção entre o adsorvente, normalmente carbonato de cálcio (CaCO3, calcário), e os po-
luentes (principalmente HF, SOx e HCl) dos efluentes gasosos tem lugar numa câmara em que o adsorvente desce por gravidade
e através da qual os efluentes gasosos passam em contracorrente ou transversalmente à corrente. De modo a obter um tempo
de reacção e uma área de contacto suficientes são utilizados deflectores na câmara. Estes deflectores retardam a velocidade de
descida do adsorvente e garantem uma circulação e distribuição eficaz dos efluentes gasosos na unidade. O carbonato de cálcio
usado(já reagiu) é recolhido na base do equipamento. Estes adsorventes podem tratar gases a temperaturas até 500 ºC sem
arrefecimento prévio e, por conseguinte, são bastante eficazes na redução das emissões de HF, SOx e HCl dos efluentes gasosos
dos fornos. Na figura seguinte mostra-se uma ilustração de uma coluna de adsorção transversal [4, UBA, 2001].
O carbonato de cálcio é utilizado sob a forma de grânulos normalmente com um tamanho de 4-6 mm, que devem cumprir de-
terminadas especificações relativamente ao tamanho, composição e porosidade de modo a atingirem uma eficácia máxima de
tratamento (purificação). Para além do carbonato de cálcio comum, também podem ser usados como adsorventes certos tipos de
carbonato de cálcio modificado, compostos de misturas de carbonato de cálcio/hidróxido de cálcio (CaCO3/Ca(OH)2), que, devido
à sua maior porosidade e a um maior teor de hidróxido de cálcio, têm uma maior afinidade com os gases ácidos.
Uma vez que a adsorção de HF, SOx e HCl tem lugar principalmente na camada exterior dos grânulos de carbonato de cálcio, a
eficácia dos grânulos é bastante baixa. Pode recorrer-se a uma técnica de descasque de modo a aumentar a eficácia da adsorção
ao usar carbonato de cálcio não modificado. Nesta técnica, a camada exterior mais macia dos grânulos usados, que é composta
por fluoreto de cálcio, sulfito de cálcio, sulfato de cálcio ou cloreto de cálcio, é removida mecanicamente. Os grânulos remanes-
centes podem ser reutilizados como adsorventes desde que tenham tamanho suficiente, de modo a que se verifiquem menos
resíduos (sob a forma de calcário saturado descascado).
No caso dos grânulos modificados, consegue-se uma maior afinidade com os gases ácidos graças às melhores qualidades da
superfície, daí que não possam ser descascados para serem reutilizados, ao contrário do que se pode fazer com o carbonato de
cálcio não modificado.
A figura seguinte apresenta um diagrama do funcionamento de uma coluna de adsorção em série com um tambor de descasque.
O agente de sorção descascado é reintroduzido automaticamente no silo de armazenamento. Com esta medida consegue-se uma
redução na quantidade de resíduos que pode ir até 50% [4, UBA, 2001].
146
Conduta de alimentação Detector de taxa de carga
Camião silo Conduta
de reintrodução Coluna de adsorção de fluoreto tipo cascata
Ventilador dos
Efluentes gasosos
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL Conduta de gás bruto
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
Saída de ar do silo Amortizador
de Tecnologia Prospectiva Amortecedor de comutação pneumática Alimentador de roda dentada
de redução
manual com sistema de bloqueio
Transportador
Tambor de
Silo descasque
Camião silo
Dispositivo de ar comprimido
Figura 4.9 : Esquema do processo de um adosorvente de leito tipo cascata com tambor de descasque
Os grânulos de calcário, saturados de poluentes, são transportados para o tambor de descasque por um parafuso sem-fim. A
camada exterior, saturada de poluentes, é removida por fricção e extraída juntamente com os grânulos <2,5 mm. Este material
contaminado é descarregado por camiões-silo. A superfície dos grânulos remanescentes com um diâmetro >2,5 mm torna-se
novamente reactiva. Os grânulos reutilizados são reintroduzidos no silo de armazenamento do adsorvente através de um sistema
de bloqueio com alimentador de roda dentada e de uma conduta de realimentação. O adsorvente, o tambor de descasque e a
conduta de realimentação constituem um sistema fechado. O descasque e a realimentação são efectuados automática e conti-
nuamente.
Efeitos cruzados
— elevado consumo de adsorventes
— grande quantidade de resíduos (devido ao excesso relativamente elevado da porção de adsorvente)
— os grânulos de carbonato de cálcio reagem com os componentes ácidos dos efluentes gasosos para formar CO2
— maior consumo de energia devido ao funcionamento da coluna de adsorção (em especial para compensar a queda de
pressão)
— é possível verificar-se um aumento das emissões de poeiras em resultado do acréscimo do teor de poeiras provenientes
dos grânulos de carbonato de cálcio, especialmente se forem utilizados tambores de descasque
— eventuais emissões de ruído.
Parâmetros de funcionamento
Os grânulos de carbonato de cálcio não modificados, de preferência os tipos mais macios de carbonato de cálcio, são particu-
larmente apropriados para a remoção de HF e de SO3. No caso destes compostos, os grânulos atingem uma eficiência de depu-
ração/ tratamento superior a 90% (até 99%) e a 80%, respectivamente. No entanto, o carbonato de cálcio comum não é muito
apropriado para a remoção de SO2, uma vez que este é menos reactivo do que o HF e o SO3, sendo a sua eficiência de depuração
da ordem dos 20%. Para o HCl, a eficiência de tratamento do carbonato de cálcio não modificado é de aproximadamente 50% [2,
VITO, 2003], [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics, 2005].
O carbonato de cálcio modificado é mais adequado para a remoção de SO2 e também produz uma melhor eficácia na remoção
de HF e de SO3. Com o carbonato de cálcio modificado, a eficácia de depuração/tratamento atingível pode ir até 99% para o HF,
até 85% para o SO3, de 30 a 85% para o SO2 para concentrações de efluentes gasosos brutos (como surgem das fontes de emis-
são, isto é sem tratamento) até 1500 mg SO2/m3 e uma eficiência superior a 50% para o HCl. A eficiência de tratamento destes
sistemas pode ir até aos 100% para a retenção de partículas suspensas (ver também Secção 4.3.6) [4, UBA, 2001], [30, TWG
Ceramics, 2005].
Os efluentes gasosos com um teor aproximado de 2500 mg de SO2/m3 podem, em determinadas circunstâncias – por exemplo,
com quatro adsorventes (coluna em série do tipo contra-corrente com carbonato de cálcio modificado) colocados uns sob os ou-
tros na corrente descendente –, ser suficientemente filtrados para atingir concentrações de gases depurados/tratados inferiores
a 500 mg de SO2/m3. Além disso, pode obter-se uma eficiência de tratamento de 85% para o SO2 no caso dos efluentes gasosos
“brutos” com elevadas concentrações [4, UBA, 2001], enquanto que se se utilizar apenas um adsorvente a eficiência de trata-
mento para o SO2 baixa cerca de 30% [2, VITO, 2003], [23, TWG Ceramics, 2005].
Neste contexto, ver também a Tabela 3.2, relativamente à distribuição do cloreto libertado, as Tabelas 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9, relati-
vamente às emissões dos processos de fabrico de tijolos e telhas, e a Tabela 3.43, relativamente às emissões do processo de
fabrico de louça sanitária, com utilização de sistemas de colunas de adsorção [2, VITO, 2003].
Aplicabilidade
Esta técnica pode ser aplicada em vários subsectores da indústria cerâmica, mas deve-se assinalar o espaço que o sistema ocu-
pa e a falta de flexibilidade relativamente aos controlos e ao uso de outros adsorventes. Também devem ser tidas em conta outras
147
condições, como as concentrações de HF e de SOx dos efluentes gasosos “brutos”, o funcionamento dos fornos, a temperatura
máxima de cozedura requerida, a quantidade e a temperatura dos efluentes gasosos, o teor total de poeiras resultantes do ad- Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
sorvente, a necessidade de um filtro de poeiras, a possibilidade de reutilização, reciclagem ou deposição de grandes quantidades Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
de resíduos dos adsorventes, a disponibilidade de grânulos/pastilhas de calcário apropriadas e o aumento das necessidades de Manufactureira Cerâmica
Aspectos económicos
Neste contexto, ver a Tabela 4.7.
Podem ser acrescentadas quantidades pequenas de calcário saturado descascado no fabrico de blocos de argila e de tijolo
face-à-vista, mas deve ter-se em conta que o teor de sulfato de cálcio do calcário saturado (após tratamento) pode causar eflo-
rescências nos tijolos. Também é possível a utilização de calcário saturado na indústria do cimento, do betão e do asfalto. Na
eventualidade de a reutilização não ser possível, também têm de ser tidos em conta os custos adicionais com a eliminação dos
resíduos originados.
A figura seguinte mostra o esquema da unidade de adsorção a seco com utilização de módulos alveolados feitos de Ca(OH)2 [4,
UBA, 2001].
Módulo adsorvente
Prateleira de suporte
Saída de gás
depurado
Neste contexto, ver a Tabela 3.41, em que são listadas as concentrações de efluentes gasosos “em bruto” e tratados, de um
processo de fabrico de louças sanitárias e em que é utilizado um sistema de sorção modular alveolado para o tratamento dos
efluentes gasosos.
Aspectos económicos
Neste contexto, ver a Tabela 4.7. Além do preço dos módulos de adsorção novos, há que ter em conta o preço da eliminação dos
módulos saturados, uma vez que não é possível reutilizá-los.
4.3.4.3 Tratamento por via seca de efluentes gasosos com um filtro (filtro de mangas ou precipitador electrostático)
Descrição e benefícios ambientais obtidos
Com este tipo de tratamento dos efluentes gasosos, o adsorvente é impelido para a corrente de efluentes gasosos sob a forma
seca. Os componentes ácidos (óxidos de enxofre e compostos inorgânicos clorados e fluorados) são adsorvidos num reactor ou
numa zona deste, que pode ser a conduta dos efluentes gasosos entre o forno e o filtro desde que tenha um determinado com-
primento mínimo, para garantir o tempo de contacto necessário. O filtro colocado após o reactor (ou da zona do reactor) remove
os sais de neutralização formados e o excesso de adsorvente da corrente dos efluentes gasosos. Um filtro de mangas é usado
principalmente para este propósito, uma vez que gera bom contacto entre o adsorvente e os gases contaminantes. O tecido dos
filtros de mangas deve ser resistente a condições ácidas e alcalinas e também deve ser escolhido em função da temperatura dos
gases a serem tratados (ver Tabela 4.2). A figura seguinte mostra um esquema do tratamento a seco dos efluentes gasosos com
um filtro de mangas [10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005].
Ventilador
Resíduos
Figura 4.11 : Esquema da depuração a seco de Efluentes gasosos com um filtro de mangas
Podem ser usados precipitadores electrostáticos em vez dos filtros de mangas, com recurso ao mesmo sistema de injecção de
reagente em pó, dado que têm a vantagem de funcionar com gases a temperaturas superiores (bem acima dos 400 ºC), daí que
o arrefecimento dos efluentes gasosos não seja necessário, e é mais fácil proceder à recuperação da energia dos gases tratados. 149
Por outro lado, o contacto entre o adsorvente e o poluente não é tão bom como no caso de se usar um filtro de mangas. A figura
seguinte mostra um esquema de tratamento a seco dos efluentes gasosos com um precipitador electrostático [10, Navarro, Prevenção e Controlo
1998], [23, TWG Ceramics, 2005]. Integrados da Poluição
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sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Chaminé de segurança
Distribuidor do reagente
Chaminé
T < 450 °C
Precipitador eletrostático
Resíduos
Figura 4.12 : Esquema da depuração a seco de Efluentes gasosos com um precipitador eletrostático
Uma variante especial do tratamento a seco dos efluentes gasosos é o tratamento por via semi-seca dos efluentes gasosos com
um filtro, também conhecida por tratamento condicionado a seco dos efluentes gasosos. A diferença relativamente ao método a
seco reside na utilização de uma pequena quantidade de água. O adsorvente é «condicionado» ao ser ligeiramente molhado com
água, o que faz aumentar a reactividade e daí que a eficiência de tratamento seja maior. Além disso, o consumo de adsorventes
e a quantidade de resíduos é menor. As desvantagens desta técnica são a probabilidade de ocorrência de problemas de corrosão
devido a um maior teor de humidade dos efluentes gasosos e a controlos de funcionamento mais complexos [2, VITO, 2003].
Efeitos cruzados
— o consumo de adsorventes provoca grandes quantidades de resíduos
— a reciclagem dos resíduos pode ser problemática devido aos efeitos negativos do cálcio na reologia das barbotinas
— relativamente maior consumo de energia eléctrica devido à queda de pressão (perda de carga) ao longo do filtro de mangas
ou ao funcionamento de um precipitador electrostático
— o ruído pode aumentar no caso de serem aplicados sistemas pneumáticos de limpeza dos filtros
— o carbonato com adsorventes reage com os componentes ácidos dos efluentes gasosos para formar CO2.
Para sistemas de tratamento com filtros de mangas, podem surgir problemas a temperaturas muito elevadas, quando o filtro pode
começar a arder; e a temperaturas muito baixas, próximas do ponto de orvalho, em que o filtro pode colmatar com facilidade.
O sistema de tratamento com precipitador electrostático tem a vantagem de ser capaz de funcionar a temperaturas elevadas,
excedendo os 400 ºC com facilidade, daí que o arrefecimento dos efluentes gasosos antes do tratamento não seja necessário, e
ainda ser mais fácil proceder à recuperação da energia dos gases tratados.
Um sistema de tratamento a seco dos efluentes gasosos com um filtro de mangas permite atingir concentrações de fluoretos nos
efluentes gasosos tratados inferiores a 5 mg/m3 e concentrações de poeiras suspensas no intervalo de 2-20 mg/m3. A eficiência
de tratamento destes sistemas varia de 90 a 99% para a retenção de partículas suspensas, 92 a 95% para a retenção de fluoretos,
de 10 a 80% para o SO2, até 90% para o SO3 e até 85% para o HCl, no caso de se usar hidróxido de cálcio como adsorvente [2,
VITO, 2003, 10, Navarro, 1998], [23, TWG Ceramics, 2005], [30, TWG Ceramics, 2005].
Além de uma eficiência de tratamento de aproximadamente 99% para as partículas suspensas, pode conseguir-se uma retenção
superior a 95% para os fluoretos, de 98 a 99% para o SO2 e SO3, assim como de 89% para o HCl no caso de se usar bicarbonato
de sódio como adsorvente num sistema de tratamento a seco de efluentes gasosos com filtro de mangas (ver a Secção 4.3.6)
[4, UBA, 2001].
O sistema de tratamento com precipitador electrostático tem a vantagem de ser capaz de funcionar a temperaturas até 450
150 ºC aproximadamente, daí que o arrefecimento dos efluentes gasosos antes do tratamento não seja necessário, e é mais fácil
proceder à recuperação da energia dos gases tratados. Há registos que indicam serem atingíveis concentrações de partículas
no efluente gasosos tratado no intervalo de 5-50 mg/m3 recorrendo ao tratamento dos efluentes gasosos com precipitadores
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electrostáticos (ver a Secção 4.2.3.5).
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Os sistemas de tratamento a seco dos efluentes gasosos com filtro podem, em princípio, ser aplicados em todos os subsectores
da indústria cerâmica no tratamento dos efluentes gasosos dos fornos, mas devem ser tidas em conta as desvantagens – com-
parativamente com os sistemas de coluna de adsorção em série – em relação à maior necessidade de manutenção e atender à
durabilidade dos filtros de mangas (no caso dos sistemas que os utilizam).
Aspectos económicos
Neste contexto – para a sorção a seco com filtro de mangas – ver a Tabela 4.7.
— Para os sistemas de tratamento por via semi-seca, os custos de investimento normalmente são ligeiramente superiores
aos de uma unidade exclusivamente a seco
— o bicarbonato de sódio é mais caro do que os adsorventes à base de cálcio
— devem ser tidos em conta os custos adicionais com a eliminação dos adsorventes saturados que não podem ser reutili-
zados.
Na figura seguinte mostra-se uma ilustração de uma unidade de tratamento a húmido dos efluentes gasosos [2, VITO, 2003].
Uma unidade como esta consiste numa unidade de preparação para o líquido de lavagem, uma secção de lavagem, um separador
sólido-líquido e, eventualmente, uma unidade de tratamento da água e um colector de escorrências. Podem ser utilizadas placas
ou materiais de enchimento (colunas cheias) para aumentar a área de contacto. Para além dos depuradores de colunas, também
existem depuradores de pressão, venturi e rotativos.
Unidade
de preparação
Efluentes gasosos limpos
Líquido de lavagem
Efluentes gasosos
não-tratados
Água Efluente
depurada
Água e componentes
eliminados
Resíduos
Figura 4.13 : Ilustração de uma unidade de depuração por via húmida de Efluentes gasosos
Nos sistemas de tratamento por via húmida, os efluentes gasosos são primeiro arrefecidos e a seguir lavados. Além disso, no
processo por via húmida é necessário uma unidade de neutralização e uma unidade de separação de sólidos.
151
Uma variante especial do tratamento a húmido dos efluentes gasosos é o tratamento semi-húmido, em que, devido a uma menor
quantidade de água, a evaporação se torna possível. Em resultado disso, forma-se um resíduo sólido que reagiu antes com bas- Prevenção e Controlo
tante eficiência e que pode ser separado através da utilização de um filtro. Este método requer temperaturas mais elevadas dos Integrados da Poluição
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efluentes gasosos de modo a manter temperaturas suficientemente elevadas no filtro após as perdas de energia devidas à evapo- Disponíveis na Indústria
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ração. Os sistemas semi-húmidos têm a vantagem de consumir menos adsorventes, produzir menores quantidades de resíduos e
de ter uma maior eficiência de tratamento, mas requerem controlos de funcionamento mais complexos [2, VITO, 2003].
Efeitos cruzados
— maior consumo de água
— a produção de águas residuais de processo (em quantidades inferiores no caso dos sistemas semi-húmidos) resulta na
necessidade de proceder ao tratamento dessas águas
— consumo de electricidade relativamente elevado devido à queda de pressão ao longo das unidades
— os absorventes com carbonato reagem com os componentes ácidos dos efluentes gasosos para formar CO2.
Parâmetros de funcionamento
Para a remoção de HF, HCl e SOx através da lavagem húmida dos efluentes gasosos, normalmente utiliza-se cal como absorvente.
Neste caso, procede-se à atomização (secagem) numa coluna de atomização de uma solução de hidróxido de cálcio (leite de cal)
ou de uma suspensão de carbonato de cálcio em água. Normalmente o resíduo que se forma é um gesso ligeiramente impuro. É
atingível uma eficiência de tratamento de 99% para o HF, até 98% para o SO2, de 95% para o SO3 e até 95% para o HCl [2, VITO,
2003], [4, UBA, 2001].
Verifica-se a formação de fluoreto de sódio (NaF), sulfito de sódio (Na2SO3) e de cloreto de sódio (NaCl) no caso de se utilizar soda
(cáustica) como agente de sorção numa coluna em série. O resíduo resultante tem de ser eliminado depois da evaporação. A
eficiência de tratamento atingível com a utilizaçãode soda como agente de lavagem é de 98% para o HF, até 98% para o SO2, 96%
para o SO3 e até 98% para o HCl [4, UBA, 2001].
A corrosão é um problema que pode ocorrer com a lavagem húmida dos efluentes gasosos. Os gases que saem das torres de
lavagem estão saturados de água e podem causar corrosão ao arrefecer se se atingirem temperaturas inferiores ao ponto de
orvalho.
Além disso, estes gases frios dispersam-se mais lentamente na atmosfera e dão lugar a uma nuvem de humidade, daí que por
vezes seja aconselhável reaquecer os efluentes gasosos.
Aplicabilidade
Em princípio, os sistemas de tratamento a húmido dos efluentes gasosos podem ser aplicados em todos os subsectores da
indústria cerâmica. O recurso a processos por via húmida oferece uma alternativa aos sistemas de sorção a seco, em especial
nos casos em que estão presentes elevadas concentrações de SO2 nos efluentes gasosos e as instalações de sorção a seco não
conseguem alcançar baixas concentrações nos gases tratados. Na prática, contudo, a utilização de processos por via húmida é
fortemente limitada por causa dos seus maiores custos de investimento e de manutenção.
Os processos por via húmida oferecem uma alternativa em relação aos sistemas de tratamento a seco em especial nos casos
em que são emitidas simultaneamente elevadas concentrações de poluentes inorgânicos, p. ex., para um teor elevado de SO2,
acima dos 2500 mg/m3.
Aspectos económicos
Neste contexto, ver a Tabela 4.7. Também têm de ser tidos em conta os eventuais ciclos de vida mais curtos, causados pela
corrosão.
As partículas e as gotículas têm de ser eliminadas da corrente gasosa antes de esta passar pelo filtro de carvão. Enquanto que
alguns compostos orgânicos (p. ex., fenol e naftaleno) são retidos pelo carvão activado há outros que não são absorvidos eficaz-
mente.
Os filtros de carvão activado são utilizados principalmente no processo de fabrico dos produtos refractários.
Efeitos cruzados
— maior quantidade de resíduos no caso de o carvão activado não poder ser regenerado e tiver de ser eliminado
— aumento do consumo de energia devido ao funcionamento do filtro de carvão activado.
Aspectos económicos
Custos elevados, em especial se os filtros de carvão activado não poderem ser regenerados e tiverem de ser eliminados.
Efeitos cruzados
— é possível verificar-se um acréscimo no consumo de água e nas águas residuais de processo
— aumento do consumo de energia devido ao funcionamento do depurador biológico.
Aplicabilidade
Os depuradores biológicos podem ser aplicados nos processos de fabrico de produtos refractários e também no fabrico de algu-
mas cerâmicas técnicas, bem como de alguns abrasivos com ligante inorgânico.
4.3.5 Pós-combustão
Neste contexto, também se pode encontrar informação útil no BREF sobre a Gestão e o Tratamento de Águas Residuais e de
Efluentes Gasosos no Sector Químico.
Ao saírem do compartimento de incineração, os gases quentes tratados passam de seguida através da segunda câmara, onde
perdem novamente a maior parte do seu calor. Os gases que foram arrefecidos deixam a segunda câmara e são descarregados
através da chaminé. Após um determinado período de tempo, quando a primeira câmara arrefeceu suficientemente e a segunda
câmara está suficientemente quente, o sentido do fluxo dos gases é invertido. A segunda câmara aquece então os gases por
tratar (gases brutos) e a primeira câmara arrefece os gases tratados.
No caso de haver uma terceira câmara no termo-reactor, esta é utilizada para evitar picos de emissões ao inverter o sentido do
fluxo dos gases. Depois de se inverter o sentido do fluxo dos gases, fazem-se passar pequenos volumes de ar de expulsão através
desta câmara para garantir que os gases por tratar não alcançam a chaminé.
A figura seguinte mostra um esquema de um sistema de pós-combustão térmica num termo-reactor (sistema de três câmaras)
[4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005].
Combustível
5 4 5
1. Dispositivo de pré-aquecimento (câmara 1)
2. Arrefecimento do gás depurado (câmara 2) 1 2 3
3. Escape (câmara 3)
4. Câmara de combustão
5. Queimador
Efluentes gasosos
Ar de escape
Efluentes gasosos
tratados
Figura 4.14 : Esquema de um sistema de pós-combustão térmica no interior de um termoreactor (sistema com três câmaras)
A figura seguinte apresenta a condução dos efluentes gasosos num sistema externo de pós-combustão térmica [4, UBA,
2001].
Permutador de calor
Tratamento térmico de
Combustível Efluentes gasosos
Figura 4.15 : Percurso do gás de combustã num sistema de pós-combustão térmica externa
154 Efeitos cruzados
— necessidade de mais combustível, pelo menos no início da operação (sistema de tratamento) e enquanto a concentração
de COV é inferior ao ponto de auto-ignição
— possibilidade de ocorrência de emissões adicionais de NOx.
COMISSÃO EUROPEIA
Nos últimos anos, a utilização de termo-reactores tem vindo a aumentar na indústria de transformação de argila, em especial
no fabrico de blocos/tijolos isolantes, onde se adicionam substâncias orgânicas formadores de poros; e também para reduzir as
emissões de COV nos processos de fabrico de outros produtos cerâmicos, por exemplo, produtos refractários, cerâmicas téc-
nicas e alguns abrasivos com ligantes inorgânicos. Comparativamente com os sistemas de incineração interna, estes sistemas
têm a vantagem de não interferir com o funcionamento normal do forno e de permitir que a corrente de efluentes gasosos seja
tratada na sua totalidade. No entanto, para o fabrico de agregados de argila expandida apresentam o inconveniente de terem um
elevado teor de água.
Em função da eficácia de tratamento pretendida, os termo-reactores são instalados com duas ou três câmaras. Nos sistemas
com duas câmaras é atingível uma eficiência de tratamento entre 94 e 97%, enquanto que nos sistemas com três câmaras se
consegue alcançar facilmente uma eficiência de tratamento superior a 99% [4, UBA, 2001].
Neste contexto, ver também a Tabela 3.6 relativamente às emissões dos processos de fabrico de tijolo e a Tabela 3.54 relati-
vamente às emissões dos processos de fabrico das cerâmicas técnicas (abrasivos com ligante). Nestes processos de fabrico
utilizam-se pós-queimadores térmicos para o tratamento dos efluentes gasosos.
Aspectos económicos
Neste contexto, ver a Tabela 4.7.
— para se economizar em combustível procede-se à pós-combustão térmica dos COV e do CO de preferência com permuta-
dores de calor regenerativos
— quanto menor a concentração de COV e de CO nos gases brutos (por tratar), maior a quantidade de energia adicional ne-
cessária para manter o funcionamento do termo-reactor e, por conseguinte, maior é o custo.
Efeitos cruzados
Os catalizadores irão provocar a oxidação imediata de SO2 em SO3, que é um composto mais tóxico e mais corrosivo.
Aplicabilidade
A oxidação catalítica é difícil de aplicar na indústria cerâmica porque os catalizadores utilizados são rapidamente contaminados
pelas impurezas presentes nos efluentes gasosos (p. ex., compostos de enxofre). Por conseguinte, a pós-combustão catalítica
emprega-se principalmente no tratamento de pequenos volumes de efluentes gasosos com um elevado teor de C total, que são
produzidos, por exemplo, quando se cozem produtos refractários e de cerâmica técnica especiais em pequenos fornos ou no
processo de secagem.
nicas de lavagem dos efluentes gasosos [2, VITO, 2003] [30, TWG Ceramics, 2005]:
Técnica Colunas de adsorção em série-filtro cascata Tratamento a seco de efluen- Tratamento por via húmida
tes gasosos por filtração dos efluente gasosos
Valores das emissões SO2 <1500 SO2 <1500
mg/Nm³ mg/Nm³
Adsorvente CaCO3 CaCO3 CaCO3 Ca(OH)2 NaHCO3 Água/Ca(OH)2 Soda
modificado modificado ou CaCO3 (cáustica)
Eficiência HF 90% (até 99%) até 99% até 99% 80 a 96% > 95% 92 – 99% 98%
de tratamento SO2 8 – 20% 43 a 85% 43 a 85% 7 a 80% 98 – 99% 20 a 98% 90 – 98%
SO3 80% 80 – 85% 80 – 85% até 90% 98 – 99% 92 – 95% 94 – 96%
HCl 50% > 50% > 50% 10 a 85% 89% 50 a 95% 90 – 98%
Poeiras 100% 100% 100% 90 – 99% 99% 100%
Excesso de dosagem de adsorventeA 2,5 2,5 2,5 1,35 – 2,00 1,01 – 2,00
Consumo de água (m3/dia)B 0 0 0 86 – 240
Consumo de electricidade (kWh/dia)B 641 – 864 864 864 1200 – 2880 2352 – 4824
Custo do adsorvente (euros/tonelada) 59 99 99 104 30 – 100
Custos de investimento (euros 103)B, C 228 – 278 692 692 766 – 1081 511 – 659
A
Isto significa: a relação entre a quantidade de adsorvente necessária na prática para se obter a eficiência de tratamento indicada
e a quantidade de adsorvente necessária em teoria (com base na estequiometria da reacção de adsorção).
B
O intervalo refere-se aos valores submetidos por quatro empresas convencionais.
C
Instalação e custos suplementares.
Tabela 4.5: Parâmetros técnicos, dados sobre a eficiência, os consumos e os custos para diversas técnicas de tratamento dos efluentes gasosos
As duas tabelas seguintes mostram a eficiência dos diferentes tipos de tratamentos de efluentes gasosos, em resultado das me-
didas integradas nos processos e das técnicas de fim de linha. As técnicas de fim de linha têm efeito principalmente na redução
de HF. As medidas integradas no processo apenas têm efeito na redução de SOx. Os exemplos também mostram a eficiência dos
tratamentos relativamente à dependência do teor de enxofre na argila [2, VITO, 2003] [30, TWG Ceramics, 2005].
Exemplo 1 2 3 4
Técnica
5
Lavagem a seco
6
Colunas de adsorção
7
Colunas de adsorção
8
Colunas de adsorção
de efluentes gasosos em série - filtro cascata em série - filtro cascata em série - filtro cascata
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
por filtração
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA Matérias-primas Argila com elevado Argila com baixo teor Argila com baixo teor Argila com baixo teor
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
teor de enxofre de enxofre de enxofre de enxofre
Valores das emissões SOx>1500 mg/m3 SOx<500 mg/m3 SOx<500 mg/m3 SOx<500 mg/m3
Medidas integradas no processo – – – –
Tabela 4.6: Eficiência das reduções relativamente à dependência do teor de enxofre na argila
Neste contexto, ver as Tabelas 3.8 e 3.9 relativamente aos respectivos parâmetros de funcionamento e concentrações de gases
brutos (por tratar) e tratados dos fornos de fabrico de blocos de argila (tijolo perfurado) e de tijolo face-à-vista [32, TWG Ceramics,
2006].
A Tabela 4.7 mostra alguns exemplos de custos de investimento, de manutenção e dos adsorventes, assim como de custos
operacionais relativos à redução de emissões, tais como partículas, compostos gasosos inorgânicos e orgânicos, com a utilização
de diversas técnicas de tratamento de efluentes gasosos. Contudo, esta informação não pode usada para comparar directamente
as técnicas individuais uma vez que os custos efectivos estão dependentes de factores como caudais, nível de controlo, valores
de concentrações nos efluentes gasosos em bruto, energia, etc. Ela tem por objectivo fornecer uma perspectiva geral do nível de
investimento que as diferentes técnicas envolvem [3, CERAME-UNIE, 2003], [2, VITO, 2003], [4, UBA, 2001], [30, TWG Ceramics,
2005], [32, TWG Ceramics, 2006].
Sistema/tipo de tratamento Campo de
aplicação
Absorvente/
adsorvente
Dimensões/
caudais comuns na
indústria cerâmica
Estimativa do
investimento
(euros)
Manutenção
(euros/ano)
Custo dos sorventes
(euros/ tonelada)
(euros/ano)
Custos opera-
tivos (euros/
tonelada)
157
(Am3/h)1
Redução de poeiras
Filtro de mangas Áreas comple- De 900 a 70 000 6000 – 150 000 0,03 – 0,1 Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
/câmara de filtros tas nas zonas (dependendo da sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
de produção, dimensão e da Manufactureira Cerâmica
Tabela 4.7: Custos relativamente à redução de partículas e de compostos inorgânicos e orgânicos gasosos através de diferentes técnicas de redução
158 4.4 Águas residuais de processo
4.4.1 Utilização de água como matéria-prima
A água é uma matéria-prima muito importante na indústria cerâmica, mas a quantidade utilizada varia bastante em função dos
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
sectores e dos processos. A água acrescentada directamente à mistura utilizada para o corpo cerâmico não traz nenhum pro-
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA blema em termos de águas residuais, uma vez que é posteriormente evaporada durante as fases de secagem e de cozedura. As
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
águas residuais de processo são produzidas principalmente na lavagem e suspensão das matérias argilosas em água corrente
durante as fases do processo de fabrico.
4.4.5 Objectivos e soluções para a redução das águas residuais de processo (emissões e consumo)
Os objectivos para o tratamento das águas provenientes dos processos de fabrico cerâmico envolvem a redução do consumo
de água e a produção do mínimo de emissões das águas residuais de processo. A concretização destes objectivos passa pela
aplicação de medidas de optimização dos processos e por sistemas de tratamento das águas residuais de processo.
— intervir nos circuitos de água, instalar válvulas automáticas para evitar fugas quando a água já não é necessária
— instalação de um sistema de alta pressão na fábrica para efeitos de limpeza (ou equipamento de lavagem de alta pres-
são)
— passagem dos sistemas de tratamento a húmido dos efluentes gasosos (off-gases) para sistemas alternativos sem con-
sumo de água (tratamento através de sistemas de tratamento a seco dos efluentes gasosos (off-gases), ver Secções 4.2.3 e
4.3.4)
— instalação de sistemas in situ de recolha dos resíduos da vidragem
— instalação de sistemas de transporte de barbotinas por condutas
— separar a recolha das águas residuais de processo de diferentes fases do processo
— reutilização das águas residuais de processo na mesma etapa do processo, em particular a reutilização repetida da água de
lavagem depois de efectuado o tratamento adequado.
Efeitos cruzados
Nada a referir.
Parâmetros de funcionamento
A solução óptima envolve a reutilização das águas residuais de processo na mesma etapa do processo. Para determinar a quan-
tidade máxima de águas residuais de processo susceptíveis de serem reutilizadas na fábrica e para conceber as respectivas
soluções pode estabelecer-se um balanço hídrico (designado «fluxo de massa») que indique todos os pontos produtores de águas
residuais de processo, as quantidades produzidas e todas as formas e locais possíveis de as re-utilizar.
Neste contexto, a tabela seguinte mostra a taxa de reciclagem das águas residuais de processo atingível nos diferentes subsec-
tores da indústria cerâmica. Os dados correspondem às taxas médias e às taxas mais elevadas obtidas por sector na Alemanha
relativamente às águas residuais de processo produzidas [4, UBA, 2001]. 159
Sector Média Taxa máxima
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Azulejos e ladrilhos 70 – 80% 100% Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
Tabela 4.8: Taxas de reciclagem atingíveis nas águas residuais de processo em diferentes sectores da indústria cerâmica
Registam-se taxas variáveis de reciclagem atingíveis nas águas residuais de processo relativamente à água necessária para o
fabrico de diferentes tipos de azulejos e ladrilhos: de 10% (grés não vidrado) a 70% (mosaico vidrado por monocozedura e grés
vidrado) [6, Timellini, 2004].
As taxas de reciclagem e reutilização das águas residuais de processo são obtidas através de uma combinação de medidas de
optimização dos processos e da utilização de sistemas de tratamento das águas residuais de processo, mencionados na Secção
4.4.5.2.
Aplicabilidade
As medidas de optimização dos processos para minimizar o consumo de água podem aplicar-se em todos os subsectores da
indústria cerâmica.
Aspectos económicos
Depende da medida/tarefa relacionada com o caso individual particular, mas normalmente a minimização do consumo de água
leva à redução dos custos com a água captada/rede.
Homogeneização: utilizam-se tanques de homogeneização para obter uma composição consistente (regular) da água a ser
tratada e para suprimir, na medida do possível, problemas relacionados com variações nos seus constituintes. A utilização destes
tanques produz melhorias em todos os tratamentos posteriores, uma vez que a homogeneidade resultante facilita o controlo das
adições de produtos e a consistência (regularização) nas instalações onde decorre o funcionamento.
Arejamento: trata-se de um processo físico que se utiliza frequentemente no tratamento de água para diversos fins, como a oxi-
dação dos materiais para facilitar a floculação, oxigenação dos compostos orgânicos presentes nas águas residuais de processo,
eliminação de odores, etc. O equipamento de arejamento pode incluir agitadores ou turbinas de superfície.
Sedimentação (decantação): consiste na separação parcial, por gravidade, das partículas sólidas de um líquido. Existem vários
tipos de tanques de decantação, que podem ser rectangulares, redondos ou laminares .
Filtração: consiste na separação das matérias em suspensão de um líquido, fazendo passar a suspensão através de um meio
poroso que retém as matérias sólidas e deixa passar o líquido. Os tipos de filtros usados na indústria cerâmica são os filtros em
profundidade (in-depth filters), os filtros de pressão (filtro-prensa) e os filtros de vácuo rotativos.
Absorção por carvão activado: este tratamento tem por base a capacidade do carvão em absorver facilmente as moléculas
orgânicas presentes na água. Trata-se de um sistema bastante apropriado para a remoção de substâncias orgânicas não biode-
gradáveis.
Precipitação química: trata-se de um processo destinado a eliminar diferentes elementos dissolvidos fazendo-os precipitar sob
160 a forma de compostos insolúveis, usando reagentes como a cal.
Coagulação e floculação: o objectivo deste tratamento é fragmentar as suspensões coloidais e produzir a aglomeração das
COMISSÃO EUROPEIA
partículas através, por exemplo, da utilização depoli-electrólitos e/ou da combinação de cal e sais metálicos.
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
Troca iónica e osmose invertida: estes processos servem para remover o boro da água de lavagem proveniente das secções
de vidragem e de aplicação. A osmose inversa também se utiliza para reduzir a quantidade das descargas de águas residuais de
processo.
A aplicação destas medidas individualmente ou em combinação permite obter reduções significativas de emissões de águas
residuais de processo e diminuir o consumo de água (ver também a Tabela 4.8).
Efeitos cruzados
Os resíduos da sedimentação/filtração devem ser eliminados no caso de não haver possibilidade de os reutilizar (em especial se
forem usados agentes de floculação, precipitação ou absorção).
— no caso de as águas residuais de processo serem reutilizadas no processo de preparação de pasta, em princípio não é
necessário qualquer tratamento, mas deverá usar-se um tanque de homogeneização para garantir que as características
permanecem o mais homogéneas possível
— no caso de a água ser para reutilizar na lavagem das instalações, a qualidade da água deve ser maior, pelo que é necessário
efectuar a sedimentação, seguida de arejamento, com ou sem tratamento químico posterior para remover os odores
— as águas residuais de processo em excesso e que têm de ser descarregadas para o exterior requerem normalmente uma
combinação de floculação, sedimentação e filtração. Além disso, de seguida procede-se à osmose inversa para reduzir a
quantidade de águas residuais de processo descarregadas.
A título de exemplo, a figura seguinte mostra um diagrama de fluxo de uma estação de tratamento de águas residuais de proces-
so de um fabricante de porcelana de mesa e que consiste numa combinação das operações unitárias de tratamento de águas
residuais de processo acima referidos [4, UBA, 2001].
Tanque de homogenei-
zação e amortecedor
Reactor Filtrato
de floculação
Filtros de PP para
filtração avançada
Figura 4.16 : Esquema de uma estação de tratamento das águas residuais de processo
Neste contexto, ver a Tabela 3.38, que mostra a análise correspondente das águas residuais de processo relativamente a várias
operações unitárias de tratamento, e a Tabela 3.39, que mostra uma análise das águas residuais de processo de uma fábrica de
cerâmica doméstica, em que o tratamento das águas é efectuado através de um processo químico de precipitação. 161
Ver também a Tabela 3.49, que mostra a análise das águas residuais de processo tratadas de um processo de fabrico de cerâ- Prevenção e Controlo
micas técnicas (isolante eléctrico), em que o tratamento das águas residuais de processo é efectuada por floculação, separação Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
com um espessante com placas deflectoras e filtração com um filtro prensa, enquanto que a Tabela 3.50 ilustra as concentrações Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
de poluentes das águas residuais de processo de uma fábrica de isoladores eléctricos após a floculação, mas sem filtração.
Aspectos económicos
No caso de as águas residuais de processo terem de ser descarregadas para o exterior, o cumprimento dos limites especificados
na legislação em vigor requer a combinação de várias etapas de tratamento (operações unitárias) dispendiosas que incluem
a sedimentação, a precipitação química, a floculação e um processo final com base ou na troca iónica ou na osmose inversa,
conforme foi mencionado acima.
Na eventualidade de a água tratada dos sistemas de tratamento de águas residuais de processo poder ser reutilizada, é possível
reduzir os custos com a “água fresca”. A combinação de medidas de reciclagem/reutilização das águas residuais de processo
com medidas de optimização dos processos para a minimização do consumo de água permite economias nos custos associados
com a eliminação dos resíduos provenientes dos tratamentos referidos (ex. lamas da ETARI).
Os sistemas de reciclagem de lamas podem ser facilmente implementados nas instalações de preparação das matérias-primas
por moagem por via húmida, uma vez que as lamas podem ser utilizadas directamente sem necessidade de tratamento poste-
rior; ou pela sua sujeição a simples tratamentos físicos ou físico-químicos, com a vantagem suplementar de ser possível utilizar
a água que elas contêm como água de moagem. No caso de se recorrer a um processo de preparação de pasta por via seca,
apesar de a adição de lamas não constituir qualquer problema, a gestão é mais complexa uma vez que as lamas têm de ser secas
previamente.
A figura seguinte mostra o esquema de uma instalação de reciclagem de lamas de uma fábrica de pavimento e revestimento (pro-
cesso por via húmida) [4, UBA, 2001]. As lamas são bombeadas do reservatório de armazenamento de lamas para uma unidade
de peneiração em duas fases. De seguida, passam através de um filtro de desferrização, seguindo depois para um reservatório de
pré-bombagem com uma capacidade de 3 m3. Daí, as lamas são bombeadas para dois reservatórios tampão de 200 m3 cada um,
que são alimentados alternadamente. Após uma verificação das características das lamas e de se obter um resultado satisfatório,
as lamas vão para o reservatório principal de armazenamento, que tem uma capacidade de 400 m3. As lamas cerâmicas são
transportadas semi-automaticamente do reservatório principal de armazenamento para reservatórios de distribuição, a partir dos
quais se faz a alimentação dos moinhos de tambor para os diferentes lotes.
162 Armazenamento da lama
Contentores adequados
COMISSÃO EUROPEIA
Dispositivo de peneiração Bacia Bacia de
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE amor- armazenamento
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos tece-
de Tecnologia Prospectiva
Filtro de desferrização dora
Ao instalar um sistema de reciclagem de lamas não só se obtém uma redução no consumo de matérias-primas e de água, mas
também uma redução nas descargas poluentes para o ambiente.
Efeitos cruzados
Se as lamas tiverem de ser secas para serem reutilizadas, haverá aumento do consumo de energia. Também é preciso ter em
conta as eventuais consequências negativas do facto de os poluentes provenientes de uma determinada fase do processo ou
de uma determinada secção da fábrica, como, por exemplo, a preparação e aplicação do vidrado, serem introduzidos numa fase
ou secção diferente, como, por exemplo, a preparação das pastas cerâmicas. O controlo das emissões gasosas e das águas
residuais de processo constitui uma solução adequada para evitar essas consequências negativas.
Por conseguinte, tanto em termos de balanço de massa como da alteração de comportamento resultante, a incorporação total
das lamas nos processos de moagem por via húmida é tecnicamente exequível e facilita a gestão do processo.
No caso dos processos por via húmida em que a secção de preparação de pasta cerâmica fica em instalações independentes
(ciclo parcial), ou fica separada das instalações de produção, as lamas podem ser transportadas por estrada. As suspensões
aquosas e as lamas podem ser transportadaspor camiões-cisterna ou por condutas.
A utilização de lamas que contêm resíduos de vidrados (vidros) na forma de elementos constituintes do vidrado (vidro) poderia
ser uma opção apropriada. No entanto, o principal inconveniente neste processo é o carácter significativamente heterogéneo da
composição das lamas ao longo do tempo, devido à diversidade dos vidros que normalmente, na maior parte das empresas, são
utilizados na mesma altura na produção. Além disso, estas lamas não podem ser o único constituinte do vidrado, sendo conside-
radas antes como aditivo (p. ex., utilizadas como agente de fluxo). Apesar de em alguns casos poder ser uma boa solução, em
particular se apenas um ou poucos vidros diferentes forem utilizados, o recurso a este tipo de lamas na preparação de vidros não
pode ser considerado como uma solução geral.
Por conseguinte, a reutilização das lamas não é aplicável em todos os casos. No caso de haver critérios especiais em termos de
qualidade ou de desempenho, as lamas só são reutilizáveis noutros produtos que não esses (ver Secção 4.5.1.2).
Aspectos económicos
A reciclagem/reutilização das lamas permite evitar – e, portanto, poupar – os custos com a eliminação.
As lamas podem ser reutilizadas em subsectores da indústria cerâmica diferentes daqueles em que as lamas são produzidas,
uma vez que essa operação pode implicar soluções tecnicamente interessantes ou economicamente vantajosas. Por exemplo, as
lamas provenientes do fabrico de louça utilitária ou decorativa doméstica ou de louças sanitárias podem servir de matérias-primas
ou de aditivos no fabrico de blocos de argila e no de agregados de argila expandida.
Isto permite, por um lado, evitar resíduos e, por outro, economias ao nível das matérias-primas.
Efeitos cruzados
Se as lamas tiverem de ser secas para serem reutilizadas, haverá aumento do consumo de energia. Também é preciso ter em
conta as eventuais consequências negativas do facto de os poluentes provenientes de uma determinada fase do processo, ou de
uma determinada secção da fábrica ou mesmo de um determinado subsector da indústria, como, por exemplo, a preparação e
aplicação do vidrado (vidro) no fabrico de louça doméstica, serem introduzidos numa fase, secção ou sector diferente, como, por
exemplo, a preparação de matérias-primas numa fábrica de tijolos. O controlo das emissões gasosas e das águas residuais de
processo constitui uma solução adequada para evitar essas consequências negativas.
4.5.2.1 Considerações gerais relativas à reutilização das perdas de processo sólidas como matérias-primas
As poeiras recolhidas durante as cargas, descargas, transporte, manuseamento e processamento mecânico das matérias-primas
normalmente podem ser reutilizadas como matérias-primas. Por exemplo, no armazenamento das matérias-primas, todas as
poeiras dos filtros podem ser reintroduzidas directamente no processo de produção ou no silo, desde que se utilize um filtro no
topo do silo para a aspiração e tratamento do ar. Mas, no caso de estar a funcionar uma unidade central de despoeiramento, essa
reintrodução directa pode não ser possível por causa da mistura de diferentes matérias-primas.
Além disso, as perdas de processo que são geradas antes da cozedura normalmente podem ser reutilizadas como matérias-pri-
mas através da sua mistura às matérias-primas. Os cortes, os moldes de gesso usados e também as poeiras são as principais
perdas de processo produzidas pelo processo de conformação. As peças cortadas na prensa (excesso de material) são frequen-
temente empurradas da zona da prensagem, recolhidas sob a prensa e reintroduzidas directamente na zona de armazenamento
de material da prensa. Além disso, as poeiras ou as peças cortadas são com frequência reintroduzidas como componentes da
mistura na conformação de barbotinas ou nas pastas de grés. Os moldes de gesso usados podem ser reutilizados na indústria
cimenteira ou parcialmente, depois da moagem e da crivagem, na indústria de fertilizantes.
As partículas/poeiras provenientes de um sistema de tratamento dos efluentes gasosos só podem ser reutilizadas sob certas cir-
cunstâncias, uma vez que estas poeiras podem conter elevadas concentrações de enxofre e de fluoretos. Ao serem adicionadas
à mistura de matérias-primas, estas partículas podem provocar um aumento das emissões de HF e de SOx durante o processo de
cozedura. Além disso, as poeiras provenientes de um sistema de tratamento dos efluentes gasosos podem conter partículas de
um adsorvente como o calcário – por exemplo, se se utilizar um sistema de adsorção com calcário – que afecta as propriedades
do produto. Por conseguinte, a condução separada das diferentes correntes de efluentes gasosos (off-gases) facilita a utilização
(ou re-utilização) das poeiras das perdas de processo. No fabrico de agregados de argila expandida, as poeiras geradas podem
ser recicladas (ou re-utilizadas) na maioria dos casos.
O gesso produzido durante o tratamento dos efluentes gasosos, em particular no fabrico de agregados de argila expandida ou de
164 tijolos e telhas, não pode ser reutilizado no processo, mas é usado na indústria cimenteira como regulador de endurecimento. Os
materiais que não podem ser reciclados ou re-utilizados internamente saem da fábrica para serem usadas noutras indústrias ou
para alimentar instalações externas de reciclagem ou de eliminação de resíduos.
COMISSÃO EUROPEIA
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE Os produtos cozidos que não estão em condições de ser vendidos (peças partidas – caco cerâmico) e os auxiliares de cozedura
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
partidos, assim como o material refractário partido, podem em certos casos ser reutilizados como matérias-primas depois de
serem moídos. As peças partidas que não podem ser reutilizadas no processo podem, por vezes, ser usadas como matérias-
primas noutras indústrias, por exemplo, os abrasivos com ligante inorgânico danificados são usadas como material refractário
nas fornalhas de fabrico de aço ou como material de enchimento na construção de estradas. Os tijolos partidos (caco) podem ser
usados, por exemplo, como substratos para telhados, campos de ténis ou como agregados para betões especiais.
Comparativamente com o depósito de resíduos em aterros, a reutilização das perdas de processo sólidas representa:
[2, VITO, 2003], [3, CERAME-UNIE, 2003], [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics, 2005], [26, UBA, 2005], [28, Schorcht, 2005]
4.5.2.2 Considerações gerais sobre moldes de gesso, auxiliares de cozedura e peças partidas – evitar/substituir/reduzir
A aplicação de técnicas modernas no processo de conformação apresenta um potencial considerável para evitar resíduos. Pro-
cessos como a conformação de barbotinas em moldes de gesso podem ser substituídos por unidades de conformação de barboti-
nas à pressão com moldes de polímeros (resina). Este método permite evitar a utilização de moldes de gesso, economizar até 20%
em matérias-primas e reduzir as lamas geradas. A utilização de prensas isostáticas com moldes de polímeros também evita o
recurso a moldes de gesso. Nalguns subsectores, por exemplo, no fabrico de telhas, é possível utilizar moldes metálicos fechados
em vez de moldes de gesso abertos. No entanto, só é possível substituir os moldes de gesso no caso de se construir uma nova
unidade de conformação ou se a antiga for completamente renovada, solução que fica cara e que por isso é difícil de levar a cabo,
sobretudo para empresas com um baixo volume de actividade. Nalguns casos podem surgir problemas ao nível da qualidade por
causa da utilização de moldes de gesso, uma vez que estes têm tendência para provocar arestas vivas. Além disso, os moldes
metálicos têm uma taxa de extracção da águada argila durante a conformação que é bastante inferior à dos moldes de gesso.
Também se pode reduzir a quantidade de moldes de gesso utilizados (resíduos) ao aumentar a duração da vida útil dos moldes
de gesso. A utilização de misturadores de gesso automáticos e de misturadores de gesso a vácuo permite a produção de moldes
de gesso mais duros, o que aumenta duas a três vezes a vida útil dos moldes. Contudo, por exemplo, no processo de prensagem
húmida utilizado para as telhas de argila, normalmente não é possível aumentar a dureza do gesso. É preciso encontrar o melhor
compromisso entre a porosidade e a dureza da superfície a fim de cumprir os critérios de remoção da água e de resistência ao
desgaste.
Nos processos de cozedura também existem medidas que permitem evitar directamente a produção de resíduos graças ao re-
curso a técnicas modernas. Se, em vez da cozedura em fornos de campânula ou de túnel, forem utilizados sistemas de cozedura
rápida como os fornos de rolos, pode reduzir-se a quantidade de auxiliares de cozedura (usados), mas neste contexto tem de se
ter conta que a duração dos auxiliares de cozedura que depende da temperatura (que normalmente é mais elevada nos fornos de
rolos) e do manuseamento (que é mais frequente na cozedura rápida, uma vez que o tempo de cozedura é menor). Por outro lado,
a cozedura rápida produz uma maior quantidade de produtos cerâmicos rejeitados (cacos) – por exemplo, telhas – quando a forma
é complexa, uma vez que é mais apropriada para produtos planos e, por isso, não é aplicável em todos os casos.
A percentagem de peças partidas no processo de cozedura (caco) pode ser reduzida através do controlo electrónico preciso
da curva de cozedura e da optimização da forma como são dispostos os produtos a cozer [4, UBA, 2001], [23, TWG Ceramics,
2005].
4.6 Considerações gerais relativas ao ruído
Esta secção trata das possibilidades de redução do ruído produzido nas várias fases dos processos de fabrico dos produtos cerâ-
micos. Por um lado, alguns equipamentos/secções geradoras de ruído já foram abordadas neste documento e, por outro, muitos
165
aspectos relacionados com o ruído não são propriamente específicos de um determinado sector.
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
Pode conseguir-se uma redução das emissões de ruído através da aplicação de medidas directamente na fonte do ruído. As Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
principais fontes de ruído são, por exemplo, os sistemas pneumáticos de limpeza dos filtros, os compressores, os motores das Manufactureira Cerâmica
secções de preparação, assim como as unidades de manuseamento. A protecção contra o ruído pode conseguir-se através do
confinamento da unidade geradora de ruído ou da construção de paredes para proteger do ruído. As paredes duplas ou os painéis
duplos são bastante eficazes porque, além do mais, o ar entre a primeira e a segunda parede garante um maior nível de protecção
contra o ruído.
As medidas acima referidas não são eficazes para reduzir as vibrações e o ruído produzidos em várias instalações (por exemplo,
instalações de prensagem, moagem e mistura), daí que a transmissão das vibrações e do ruído tenha de ser evitada através do
isolamento das vibrações. Suspensões metálicas, ligações borracha-metal e componentes em feltro, borracha e cortiça, assim
como o isolamento contra as vibrações com uma camada de betume em toda a base de assentamento ou sob cada motor,
constituem medidas eficazes para reduzir as vibrações e o ruído. Outras medidas para a redução das emissões sonoras são a
utilização de silenciadores na fonte do ruído e a substituição de ventiladores de rotação rápida por ventiladores maiores de rotação
mais lenta.
Se as medidas acima referidas não poderem ser aplicadas e no caso de também não ser possível mudar a localização das unida-
des geradoras de ruído, é necessário implementar medidas secundárias de protecção contra o ruído – frequentemente ao nível do
próprio edifício. Estas medidas passam por paredes mais grossas e isolamento acústico das janelas (janelas com vidros duplos,
o que também contribui para economizar nos custos com o aquecimento), que devem manter-se fechadas durante as operações
geradoras de ruído. Neste contexto, tem que se referir, porém, que a necessidade de fechar as janelas implica frequentemente a
instalação de sistemas de ventilação (caros e consumidores de energia) para assegurar as devidas condições no local de traba-
lho. Além disso, outra medida possível é a reorientação das janelas, portas e instalações exteriores geradoras de ruído de modo
a que fiquem na direcção oposta à das zonas residenciais adjacentes.
A forma de trabalhar dos colaboradores também tem efeito nas emissões de ruído. As portas devem estar fechadas no caso de
não haver uma necessidade constante de passagem e a condução cuidadosa de camiões e de empilhadores no local também
reduz a emissão de ruído. Para além disto, os trabalhos com maior intensidade de ruído devem ter horários limitados, p. ex., a
descarga de peças partidas (caco) ou a utilização de empilhadores ao ar livre a partir do fim da tarde e à noite deve ser evitada.
A redução do ruído passa também pela manutenção regular das unidades através da lubrificação, assim como pela substituição
atempada dos silenciadores [4, UBA, 2001].
Uma vez que o motivo da aplicação de uma medida de protecção contra o ruído normalmente é uma exigência legal (protecção
da vizinhança ou do local de trabalho), do ponto de vista económico trata-se principalmente de uma questão de custos, sobretudo
se implicar medidas de construção.
Para as instalações IPPC, um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é um instrumento que os operadores podem utilizar de forma
sistemática para tratar das questões de projecto, construção, manutenção, exploração e desactivação. Um SGA abrange a estru-
tura organizativa, as responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, conservar,
rever e monitorizar a política ambiental. Os Sistemas de Gestão Ambiental são mais eficazes e eficientes quando fazem parte
integrante da gestão e funcionamento globais de uma instalação.
Na União Europeia, muitas organizações decidiram de forma voluntária implementar sistemas de gestão ambiental com base na
166 EN ISO 14001:2004 ou no sistema comunitário de ecogestão e auditoria ambiental, EMAS (Ecomanagement and audit scheme).
O EMAS inclui os requisitos do sistema de gestão da EN ISO 14001, mas coloca mais ênfase no cumprimento legal, desempenho
ambiental e envolvimento do pessoal da empresa, para além de impor a verificação externa do sistema de gestão e a validação de
COMISSÃO EUROPEIA
uma declaração ambiental pública (na EN ISO 14001, a autodeclaração constitui uma alternativa à verificação externa). Também
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JRC CENTRO DE há muitas organizações que decidiram pôr em prática SGA não normalizados.
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Ainda que tanto os sistemas normalizados (EN ISO 14001:2004 e EMAS) como os não normalizados («personalizados») consi-
derem em princípio a organização como sendo a entidade, este documento adopta uma abordagem mais limitada, não incluindo
todas as actividades da organização, p. ex., em relação aos seus produtos e serviços, devido ao facto de que no âmbito da Direc-
tiva IPPC a entidade regulada é a instalação (conforme definida no Artigo 2º).
Um sistema de gestão ambiental (SGA) para uma instalação conforme à IPPC pode incluir os seguintes elementos:
Estes elementos são explicados mais abaixo de forma mais aprofundada. Para informações mais detalhadas sobre os elementos
(a) a (g), que fazem todos parte da EMAS, o leitor deverá consultar a literatura de referência indicada mais abaixo.
A gestão de topo é responsável pela definição de uma política ambiental para uma instalação e por assegurar que ela:
– procedimentos para identificar os aspectos ambientais da instalação, de modo a determinar quais as actividades que têm
ou podem ter impactes significativos sobre o ambiente, e a manter essa informação actualizada
– procedimentos para identificar e ter acesso aos requisitos legais e outros às quais a organização está sujeita e que são
aplicáveis aos aspectos ambientais das suas actividades
– estabelecimento e revisão de objectivos e metas ambientais documentados, tendo em conta as exigências legais e outras
e os pontos de vista das partes interessadas
– estabelecimento e actualização regular de um programa de gestão ambiental, incluindo a designação de quem é responsável
por atingir os objectivos e metas em cada função e nível relevante, assim como os meios e o prazo para os atingir.
(c) Implementação e operação
É importante que estejam em prática sistemas para garantir que os procedimentos são conhecidos, entendidos e cumpridos, daí 167
que uma gestão ambiental eficaz deva incluir:
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(i) Estrutura e responsabilidade Integrados da Poluição
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– definição, documentação e comunicação dos papéis, responsabilidades e autoridade, o que implica a designação de um Disponíveis na Indústria
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(iii) Comunicação
– estabelecimento e manutenção de procedimentos para a comunicação interna entre os diversos níveis e funções da insta-
lação, assim como procedimentos que promovam um diálogo com as partes interessadas externas e procedimentos para a
recepção, documentação e, quando se justifique, resposta às comunicações de partes interessadas externas.
(v) Documentação
– estabelecimento e manutenção de dados informativos actualizados, em papel ou em formato electrónico, para descrever os
elementos centrais do sistema de manutenção e a sua interacção e para proporcionar o encaminhamento da documentação
relacionada.
(iii) Registos
– estabelecimento e manutenção de procedimentos para a identificação, manutenção e utilização de registos ambientais
legíveis, identificáveis e rastreáveis, incluindo os registos da formação e os resultados das auditorias e das verificações
efectuadas.
(iv) Auditoria
– estabelecimento e manutenção de (um) programa(s) e procedimentos para auditorias periódicas ao sistema de gestão
ambiental que incluam entrevistas ao pessoal, inspecção das condições de funcionamento, dos equipamentos, análise da
documentação, e das quais resulte um relatório escrito a ser redigido de forma imparcial e objectiva pelo pessoal interno ou
por entidades externas, alcançando o âmbito da auditoria, a frequência e as metodologias, bem como as responsabilidades
e os requisitos relativos à condução das auditorias e à comunicação dos resultados, de forma a determinar se o sistema de
gestão ambiental está ou não em conformidade com as disposições previstas, se foi correctamente implementado e se está
a ser devidamente mantido
– realização das auditorias ou do ciclo de auditorias, conforme o caso, a intervalos não superiores a três anos, dependendo
da natureza, escala e complexidade das actividades, da relevância dos impactos ambientais associados, da importância e da
urgência dos problemas detectados nas auditorias anteriores e do histórico de problemas ambientais – as actividades mais
complexas e com um impacto ambiental mais significativo são auditadas com maior frequência
– existência de mecanismos adequados para garantir que os resultados das auditorias são objecto de seguimento.
– avaliação pela gestão de topo, com a periodicidade por ela determinada, do sistema de gestão ambiental, para garantir que
este continua adequado e eficaz
– garantir que são recolhidas as informações necessárias de modo a que a gestão de topo possa levar a cabo esta avaliação
– documentação da avaliação.
(f) Preparação regular de uma declaração ambiental:
– preparação de uma declaração ambiental que dedique uma atenção especial aos resultados alcançados pela instalação face 169
aos seus objectivos e metas ambientais. Esta declaração é feita regularmente – uma vez por ano ou com menos frequência,
dependendo da quantidade de emissões, da produção de resíduos, etc. –, tem em conta as necessidades de informação das Prevenção e Controlo
partes interessadas relevantes e está acessível ao público (p. ex., publicação electrónica, bibliotecas, etc.) Integrados da Poluição
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Ao preparar uma declaração, o operador pode usar indicadores de desempenho ambiental existentes e relevantes, desde que
esses indicadores:
i. apresentem uma análise exacta do desempenho da instalação
ii. sejam compreensíveis e isentos de ambiguidade
iii. permitam comparações anuais para avaliar o desenvolvimento do desempenho ambiental da instalação
iv. permitam a comparação, quando se justifique, com critérios de referência sectoriais, nacionais ou regionais
v. permitam a comparação, quando se justifique, com as exigências legais.
– o facto de o sistema de gestão, do procedimento de auditoria e da declaração ambiental serem examinados e validados
por um organismo acreditado de certificação ou por um verificador SGA externo pode, se forem efectuados correctamente,
aumentar a credibilidade do sistema.
– ter em conta o impacto ambiental da eventual desactivação da unidade na fase de projecto de uma nova fábrica, uma vez
que o planeamento antecipado torna a desactivação mais fácil, mais limpa e mais barata
– a desactivação apresenta riscos ambientais para a contaminação dos solos (e dos lençóis freáticos) e produz grandes
quantidades de resíduos sólidos. As técnicas preventivas são específicas para cada processo, mas as considerações gerais
podem incluir:
i. evitar estruturas subterrâneas
ii. integrar elementos que facilitem o desmantelamento
iii. escolher acabamentos para as superfícies que sejam facilmente descontaminados
iv. utilizar uma configuração do equipamento que minimize a quantidade de produtos químicos aprisionados e que facilite a sua
eliminação por drenagem ou por lavagem (lixiviação)
v. conceber unidades flexíveis e integradas que permitam um encerramento faseado
vi. utilizar materiais biodegradáveis e recicláveis sempre que possível.
– a protecção ambiental deve ser um aspecto inerente a todas as actividades de concepção de processo levadas a cabo pelo
operador, uma vez que as técnicas incorporadas nas fases iniciais do projecto são mais eficazes e mais baratas. Pode ponde-
rar-se a possibilidade de desenvolver tecnologias mais limpas, por exemplo, no decurso de actividades ou estudos de I&D.
Em alternativa a actividades internas, podem ser tomadas iniciativas de modo a estar a par do trabalho de outros operadores
ou de institutos de investigação activos na área em causa e até mesmo – quando fizer sentido – encomendar-lhes trabalhos
de I&D.
– efectuar comparações sistemáticas e regulares com critérios de referência sectoriais, nacionais ou regionais, incluindo o que
se refere à eficiência energética e de conservação de energia, emissões atmosféricas e descargas para a água (usando, por
exemplo, o Registo Europeu de Emissões de Poluentes, EPER), consumo de água e produção de resíduos.
Um SGA pode tomar a forma de um sistema normalizado ou não normalizado («personalizado»). A implementação e a observância
de um sistema normalizado e aceite internacionalmente como o EN ISO 14001:2004 pode conferir uma maior credibilidade ao
SGA, sobretudo quando é sujeito a uma verificação externa correctamente realizada. Um EMAS confere ainda mais credibilidade
devido à interacção com o público através da declaração ambiental e ao mecanismo que garante o cumprimento da legislação
170 ambiental aplicável. No entanto, os sistemas não normalizados podem, em princípio, ser igualmente eficazes, desde que sejam
devidamente concebidos e implementados.
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Descrição e benefícios ambientais obtidos
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JRC CENTRO DE A implementação e a observância de um SGA direcciona a atenção do operador para o desempenho ambiental da instalação. Em
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particular, a manutenção e a observância de procedimentos operativos claros, tanto em situações normais como anormais, e das
cadeias de responsabilidade associadas deve garantir que as condições de licenciamento da instalação e os outros objectivos e
metas ambientais são cumpridos em todas as circunstâncias.
Os sistemas de gestão ambiental normalmente asseguram a melhoria contínua do desempenho ambiental da instalação. Quanto
mais fraco é o ponto de partida, mais expectáveis são melhorias significativas a curto prazo. No caso de a instalação já ter um
bom desempenho ambiental global, o SGA ajuda o operador a manter o nível elevado de desempenho.
Efeitos cruzados
As técnicas de desempenho ambiental são concebidas para lidar com o impacto ambiental global, o que está de acordo com a
abordagem integrada da Directiva IPPC.
Parâmetros de funcionamento
Não há registo de informações específicas.
Aplicabilidade
Os componentes acima descritos normalmente podem ser aplicados a todas as instalações conformes à IPPC. O âmbito (p. ex.,
nível de detalhe) e a natureza do SGA (p. ex., normalizado ou não normalizado) estão geralmente relacionados com a natureza,
escala e complexidade da instalação e com a escala dos impactos ambientais que esta possa ter.
Aspectos económicos
É difícil determinar com precisão os custos e os benefícios económicos de introduzir e manter um bom SGA. Mais abaixo apre-
senta-se uma série de estudos, no entanto, trata-se apenas de exemplos e os seus resultados não são completamente coerentes.
Uma vez que podem não ser representativos de todos os sectores no conjunto da UE, convém considerá-los com cautela.
Um estudo sueco levado a cabo em 1999 inquiriu todas as 360 empresas suecas certificadas pela ISO e registadas na EMAS.
Com uma taxa de resposta de 50%, entre outras coisas o estudo concluía que:
– os custos com a introdução e aplicação de um SGA são elevados, mas não excessivamente, excepto no caso de empresas
de reduzida dimensão. É de esperar que estes custos venham a diminuir no futuro
– um maior grau de coordenação e de integração do SGA com outros sistemas de gestão é considerado como sendo uma
possível solução para diminuir os custos
– os custos com metade de todos os objectivos e metas ambientais foram amortizados no prazo de um ano graças à diminui-
ção de despesas e/ou aumento dos proveitos
– as maiores reduções de custos foram conseguidas nos custos com energia, no tratamento de resíduos e nas matérias-
primas
– a maioria das empresas considera que a sua posição no mercado foi reforçada graças ao SGA. Um terço das empresas
apresentou aumentos dos proveitos devido ao SGA.
Nalguns Estados-membros as taxas de supervisão são reduzidas no caso de a instalação ser certificada.
Uma série de estudos mostra que há uma relação inversamente proporcional entre a dimensão da empresa e o custo com a im-
plementação de um SGA. Existe uma relação inversamente proporcional idêntica relativamente ao período de retorno do capital
investido. Estes dois elementos indicam que a relação custo-benefício é menos favorável para a implementação de um SGA nas
PME do que nas empresas de maiores dimensões.
De acordo com um estudo suíço, o custo médio para implementar e operar uma ISO 14001 é de:
– 64 000 francos suíços (cerca de 44 000 euros) para a implementação de um SGA e de 16 000 (cerca de 11 000 euros) por 171
ano para o operar, para uma empresa que empregue entre 1 e 49 pessoas
– 367 000 francos suíços (cerca de 252 000 euros) para a implementação de um SGA e de 155 000 francos suíços (cerca de Prevenção e Controlo
106 000 euros) por ano para o operar, para uma instalação fabril que empregue mais de 250 pessoas. Integrados da Poluição
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Estes valores médios não representam necessariamente o custo real para uma instalação fabril específica, uma vez que o custo
real depende bastante do número de áreas relevantes (poluentes, consumo de energia, etc.) e da complexidade dos problemas
a serem estudados.
Um estudo alemão recente (Schaltegger, Stefan e Wagner, Marcus, Umweltmanagement in deutschen Unternehmen — der
aktuelle Stand der Praxis, Fevereiro de 2002, p. 106) apresenta os seguintes custos para EMAS para diferentes áreas:
Note-se que estes números são muito inferiores aos do estudo suíço citado mais acima, o que confirma a dificuldade de deter-
minar os custos de um SGA.
Um estudo realizado pelo Instituto Alemão dos Empreendedores (Unternehmerinstitut/Arbeitsgemeinschaft Selbständiger Unter-
nehmer UNI/ASU, 1997, Umweltmanagementbefragung – Öko-Audit in der mittelständischen Praxis – Evaluierung und Ansätze
für eine Effizienzsteigerung von Umweltmanagementsystemen in der Praxis, Bona) apresenta dados sobre as economias em
termos de custos conseguidas pelo EMAS, por ano, e o período médio de retorno do investimento. Por exemplo, para um custo
de implementação de 80 000 euros, o estudo apurou a existência de economias de 50 000 euros por ano, correspondentes a um
período de ano e meio para o retorno do investimento.
Os custos externos relacionados com a verificação do sistema podem ser estimados a partir das orientações do International
Accreditation Forum (http://www.iaf.nu).
No Reino Unido, a Agência do Ambiente de Inglaterra e do País de Gales levou a cabo um inquérito às instalações reguladas pela
IPC (o precursor da IPPC), em 2001. O inquérito revelou que 32% dos respondentes tinham certificação ISO 14001 (correspon-
dendo a 21% de todas as instalações IPC) e 7% estavam registados no EMAS. Todas as cimenteiras do Reino Unido (cerca de 20)
possuem certificação ISO 14001 e a maioria está registada no EMAS. Na Irlanda, onde é exigido o estabelecimento de um SGA
(não necessariamente de natureza normalizada) para o licenciamento IPC, a estimativa é de que, das 500 instalações licenciadas,
aproximadamente 100 estabeleceram um SGA em conformidade com a ISO 14001 e as restantes cerca de 400 optaram por um
SGA não normalizado.
Literatura de referência
(Regulamento (CE) N.º 761/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu que permite a participação voluntária das orga-
nizações num esquema de gestão e auditoria ambiental da UE (EMAS), JO L 114, 24/4/2001, http://europa.eu.int/comm/environ-
ment/emas/index_en.htm)
5.1 Melhores Técnicas Disponíveis Genéricas 177 5.2.8.3 Compostos orgânicos voláteis 185
5.1.1 Gestão ambiental 177 5.2.8.4 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 186
5.1.2 Consumo de energia 179 5.2.9 Abrasivos com ligante inorgânico 186
5.1.3 Emissão de poeiras 179 5.2.9.1 Compostos orgânicos voláteis 186
5.1.3.1 Emissões difusas de poeiras 179
5.1.3.2 Emissões pontuais de poeiras resultantes 179
de operações com elevadas emissões de poeiras
5.1.3.3 Emissões de poeiras resultantes de processos de secagem 179
5.1.3.4 Emissões de poeiras resultantes dos processos 179
de cozedura nos fornos
5.1.4 Compostos gasosos 180
5.1.4.1 Medidas/técnicas primárias 180
5.1.4.2 Medidas/técnicas secundárias e em combinação com as 180
medidas/técnicas primárias
5.1.5 Águas residuais de processo (emissões e consumos) 181
5.1.6 Lamas 181
5.1.7 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 181
5.1.8 Ruído 182
5.2 Melhores Técnicas Disponíveis específicas por sector 182
5.2.1 Tijolos e telhas 182
5.2.1.1 Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias 182
5.2.1.2 Compostos orgânicos voláteis 182
5.2.2 Tubos de grés 182
5.2.2.1 Emissões pontuais de poeiras 182
5.2.3 Produtos refractários 183
5.2.3.1 Compostos orgânicos voláteis 183
5.2.3.2 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 183
5.2.4 Agregados de argila expandida 183
5.2.4.1 Emissões pontuais de poeiras 183
5.2.4.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas primárias 183
5.2.5.1 Azulejos e ladrilhos 183
5.2.5.2 Emissões pontuais de poeiras 183
5.2.5.3 Emissões de poeiras dos processos de cozedura nos fornos 184
5.2.5.4 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias 184
5.2.5.5 Reutilização de águas residuais de processo 184
5.2.5.6 Reutilização de lamas 184
5.2.6 Louça de mesa e louça ornamental (cerâmica doméstica) 184
5.2.6.1 Emissões pontuais de poeiras 184
5.2.6.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias 184
5.2.6.3 Reutilização de águas residuais de processo 184
5.2.6.4 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 184
5.2.7 Louças sanitárias 185
5.2.7.1 Emissões pontuais de poeiras 185
5.2.7.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias 185
5.2.7.3 Reutilização de águas residuais de processo 185
5.2.7.4 Perdas de processo sólidas/resíduos sólidos 185
5.2.8 Cerâmicas técnicas 185
5.2.8.1 Emissões pontuais de poeiras 185
5.2.8.2 Compostos gasosos/medidas/técnicas secundárias 185
Para compreender este capítulo, chama-se a atenção do leitor para o prefácio deste documento e em particular para a quinta
176 secção do prefácio: “Como entender e utilizar este documento”. As técnicas e os níveis elas associados de emissões e/ou
consumos que se apresentam neste capítulo foram avaliados através de um processo iterativo que envolve os seguintes
passos:
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JRC CENTRO DE — Identificação das questões ambientais chave para a indústria cerâmica
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— Avaliação das técnicas mais relevantes para lidar com estas questões chave
— Identificação dos melhores níveis de desempenho ambiental, baseado em dados ambientais quer da União Europeia quer
do resto do mundo
— Avaliação das condições sob as quais estes níveis de desempenho foram alcançados; tal como custos, efeitos que afec-
tem outros meios e as principais forças motrizes envolvidas na implementação das técnicas
— Selecção das “Melhores Técnicas Disponíveis (MTD)” e os níveis de emissão e/ou consumo a elas associados para a
indústria cerâmica em geral, de acordo com o nº 2 do artigo 11º e o Anexo IV da directiva.
A avaliação dos peritos do European IPPC Bureau (Gabinete Europeu para Controlo e Prevenção Integrados da Poluição) e o
relevante Grupo de Trabalhos Técnicos (TWG) desempenharam um papel chave em cada um destes passos e na forma como a
informação é aqui apresentada.
Com base nesta avaliação, neste capítulo são apresentadas técnicas e, tanto quanto possível, níveis de emissão e consumo
associados ao uso das MTD, que são considerados apropriados na indústria cerâmica como um todo e que, em muitos casos,
reflectem o actual desempenho de algumas instalações no seio da indústria. Nos casos em que se apresentam os níveis de emis-
são ou consumo “associados às melhores técnicas disponíveis”, há que compreender que os níveis representam o desempenho
ambiental que se pode esperar como resultado da aplicação nesta indústria das técnicas descritas, tendo em atenção o balanço
de custos e as vantagens inerentes na definição das MTD. Contudo, não são valores-limite nem de consumo nem de emissão e
não devem ser entendidos como tal. Em alguns casos, pode ser tecnicamente possível alcançar melhores níveis de emissão ou
consumo; contudo, devido aos custos envolvidos ou a considerações que se prendem com efeitos cruzados (“cross – media”),
não são considerados apropriados como MTD para a indústria cerâmica como um todo. Porém, tais níveis podem ser considera-
dos justificáveis em casos específicos onde existam motivações especiais.
Os níveis de emissão e consumo associados ao uso das MTD têm de ser observados em conjunto com algumas condições de
referência especificadas (p. ex. períodos médios).
O conceito de “níveis associados às MTD” descrito acima deve ser distinguido do termo “nível atingível” usado noutros pontos
deste documento. Caso um nível seja descrito como “atingível” usando uma técnica ou combinação de técnicas particulares, há
que entendê-lo como significando que é de esperar que o nível seja atingido num período substancial de tempo numa instalação
ou processo bem mantido e em bom funcionamento que utiliza essas técnicas.
Nos casos em que estavam disponíveis, os dados relativos aos custos foram apresentados conjuntamente com a descrição das
técnicas apresentadas no capítulo anterior. Estes dão uma indicação geral acerca da magnitude dos custos envolvidos. Contudo,
os custos reais da aplicação de uma técnica irão depender fortemente da situação específica – relacionando-se, por exemplo,
com impostos, taxas e características técnicas da instalação a que se referem. Não é possível avaliar tais factores específicos do
local em toda a sua magnitude neste documento. Na ausência de dados relativos aos custos, as conclusões sobre a viabilidade
económica das técnicas são retiradas de observações nas instalações existentes.
Pretende-se que as MTD gerais neste capítulo sejam um ponto de referência face ao qual se comparará o actual desempenho de
uma instalação existente ou de um projecto para uma nova instalação. Desta forma, irão auxiliar na determinação das condições
baseadas nas MTD apropriadas para a instalação ou estabelecimento de regras gerais de ligação sob o nº 8 do artigo 9º. Prevê-se
que novas instalações possam ser delineadas para funcionar ao mesmo nível, ou ainda melhor, do que os níveis gerais das MTD
apresentados aqui. Também se considera que as instalações existentes possam desenvolver esforços para alcançar os níveis
gerais das MTD ou melhorá-los, consoante a aplicabilidade técnica e económica das técnicas aplicáveis em cada caso.
Enquanto os documentos de referência das MTD não fixam valores limites de imposição legal, destinam-se a emanar directrizes
para a indústria, Estados-membros e público em geral no que diz respeito aos níveis de consumo e emissão quando se usam as
técnicas especificadas. Os valores-limite apropriados para qualquer caso específico necessitarão de ser determinados tendo em
conta os objectivos da directiva do IPPC e as considerações locais.
Neste documento, as conclusões das MTD para a indústria cerâmica são fixadas em dois níveis. A Secção 5.1 apresenta conclu-
sões gerais sobre as MTD, isto é, aquelas que normalmente são aplicadas a toda a indústria da cerâmica. A Secção 5.2 contém
conclusões específicas das MTD para cada um dos nove maiores sectores debatidos. As “Melhores Técnicas Disponíveis” para
uma instalação serão geralmente o uso de uma técnica ou uma combinação de técnicas e medidas enumeradas neste capítulo
ao abrigo das secções genéricas e específicas do sector (Secções 5.1 e 5.2).
Nos casos em que as técnicas identificadas individualmente como MTD possam ser usadas como combinação, os efeitos de tais
combinações devem ser tidos em consideração quando se tiram conclusões sobre as condições de licenciamento baseadas nas
MTD para casos particulares. 177
Recomendações de auxílio aos utilizadores/leitores deste documento: Prevenção e Controlo
Recomenda-se vivamente ler o Capítulo 5 em conjunto com o Capítulo 4, pois tanto a aplicabilidade como as restrições relativa- Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
mente à aplicabilidade das técnicas e medidas mencionadas no Capítulo 4 vão ter de ser tidas em consideração. Para ajudar o Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
No que diz respeito às condições de referência para medição de caudais ou concentrações, ver as seguintes definições que
também se encontram no Glossário:
m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a 18% em volume de
oxigénio e às condições normais de pressão e temperatura.
condições normais (PTN) Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa.
Deve evidenciar-se mais uma vez que, tal como foi mais detalhadamente descrito no PREFÁCIO, este documento não propõe
valores-limite de emissão. A determinação das condições apropriadas de licenciamento envolverá factores locais, específicos da
localização tais como características técnicas da instalação a que se refere, localização geográfica e as condições ambientais do
local. No caso das instalações existentes, a viabilidade económica e técnica de as implementar deve também ser tida em con-
sideração. Até mesmo o simples objectivo de assegurar um elevado nível de protecção ambiental como um todo irá frequente-
mente envolver apreciações (que envolvem escolhas) entre diferentes tipos de impactes ambientais, e estas apreciações muitas
vezes serão influenciados por considerações locais.
Apesar de se fazer uma tentativa de abordar alguns destes assuntos, não é possível serem totalmente tratados neste documento.
As técnicas e níveis de emissão apresentados no Capítulo 5 não serão necessariamente apropriados para todas as instalações.
Por outro lado, a obrigação de assegurar um elevado nível de protecção ambiental, incluindo uma minimização de poluição de
longa distância ou transfronteiriça, implica que as condições de licenciamento não possam ser fixadas estritamente com base
em considerações locais. É, portanto, de extrema importância que a informação contida neste documento seja totalmente tida
em consideração.
As melhores técnicas disponíveis e os presentes intervalos de níveis de emissão ou consumo associados às melhores técnicas
disponíveis (no domínio das MTD VEA) estão relacionadas com instalações com diferentes tamanhos de fornos, diferentes tipos
de condução de fornos, p. ex., contínua ou descontínua, e diferentes horas de funcionamento por ano. Considerações especiais
do local não podem ser levadas totalmente em consideração. MTD VEA não define nem sugere valores-limite de emissão (VLE).
Recomenda-se vivamente ler o Capítulo 5 em conjunto com o Capítulo 4 pois tanto a aplicabilidade como as restrições, tendo em
vista a aplicabilidade das técnicas e medidas mencionadas no Capítulo 4, vão ter de ser tidas em consideração. As conclusões
das MTD deste Capítulo 5 não podem ser correctamente interpretadas a menos que este seja lido em conjunto com o Capítulo 4.
Para ajudar o leitor nesta tarefa, o Capítulo 5 inclui referências ao Capítulo 4.
a) definição de uma política ambiental para a instalação ao nível mais elevado da sua administração (o empenho da administração
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é visto como uma condição prévia para a aplicação com sucesso de outros elementos dos SGA)
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de Tecnologia Prospectiva
b) planeamento e definição dos procedimentos necessários
I. estrutura e responsabilidade
II. formação, sensibilização e competência
III. comunicação
IV. envolvimento dos colaboradores
V. documentação
VI. controlo eficiente do processo
VII. programa de manutenção
VIII. preparação e resposta a emergências
IX. salvaguardar o cumprimento da legislação ambiental.
Três outros elementos, que podem complementar as fases acima descritas, são consideradas medidas de apoio (facultativas).
Contudo, a sua ausência normalmente não é inconsistente com as MTD. Estes três passos adicionais são:
f) o sistema de gestão e o processo de auditoria estarem analisados e validados por uma organismo de certificação acreditado
ou um verificador externo ao SGA.
g) preparação e publicação regular (e possivelmente validação externa) de uma declaração ambiental que descreva todos os
aspectos ambientais significativos da instalação, permitindo a comparação anual face aos objectivos e metas ambientais bem
como com valores de referência do sector (benchmarks) conforme apropriado
h) implementação e adesão a um sistema voluntário internacional como o EMAS e EN ISO 14001:2004. Este passo voluntário
pode dar maior credibilidade ao SGA. Em particular, o EMAS, que incorpora todos os elementos acima mencionados, dá maior
credibilidade. Contudo, sistemas não normalizados podem, em princípio, ser igualmente eficazes desde que sejam apropriada-
mente planeados e implementados.
No caso específico da indústria cerâmica, é também importante considerar os seguintes elementos potenciais dos SGA:
k) quando exequível, a aplicação regular de benchmarking sectorial, incluindo eficiência energética e actividades de conservação
de energia, escolha de materiais para o processo, emissões atmosféricas, descargas para a água, consumo de água e geração
de resíduos.
5.1.2 Consumo de energia
As considerações gerais acerca do consumo de energia podem ser encontradas nas Secção 3.2.1 179
a) As MTD devem reduzir o consumo de energia pela aplicação da combinação das seguintes técnicas:
Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
I. melhor concepção dos fornos e secadores. Neste contexto, ver Secção 4.1.1 onde são apresentadas várias medidas que Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
podem ser aplicadas a sistemas de fornos/secadores individualmente ou em combinação Manufactureira Cerâmica
II. recuperação do calor em excesso dos fornos, especialmente das zonas de arrefecimento (ver Secção 4.1.2). Em particular,
o calor residual da zona de arrefecimento dos fornos sob a forma de ar quente pode ser usado no aquecimento de secadores
III. substituição de combustível no processo de cozedura (substituição de fuelóleo pesado e combustíveis sólidos por com-
bustíveis de baixas emissões). Neste contexto ver Secção 4.1.4, considerando a alteração do processo de aquecimento dos
fornos para combustíveis gasosos ou fuelóleo leve EL (baixo teor de enxofre)
IV. modificação nos corpos cerâmicos. Neste contexto ver a Secção 4.1.5, onde são apresentadas várias possibilidades e
aplicabilidades para a modificação dos corpos/materiais cerâmicos.
b) As MTD devem reduzir o consumo de energia primária através da aplicação de co-geração/produção combinada de
calor e electricidade (ver Secção 4.1.3) com base na procura útil de calor dentro de esquemas de regulação de calor que
sejam economicamente viáveis.
a) medidas para operações com elevadas emissões de poeiras (pulverulentas). Neste contexto, ver a Secção 4.2.1 onde são
apresentadas várias medidas diferentes, as quais podem ser aplicadas individualmente ou em combinação
b) medidas para áreas de armazenamento. Neste contexto, ver a Secção 4.2.2 onde são apresentadas várias medidas diferentes,
as quais podem ser aplicadas individualmente ou em combinação.
5.1.3.2 Emissões pontuais de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras
Emissões de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras com exclusão da secagem, secagem por
atomização ou cozedura.
As MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras resultantes de operações com elevadas emissões de poeiras
(ver Secção 4.2.3, onde são descritas as técnicas que visam exclusivamente a remoção de poeiras) para 1-10 mg/m3,
médias de meia hora, através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2). Contudo, este intervalo pode ser
maior, dependendo das condições específicas de funcionamento.
As MTD devem manter as emissões de poeiras entre 1 – 20 mg/m3 (valor médio diário), através da limpeza do secador,
evitando a acumulação de resíduos de poeiras no secador e ainda adoptando procedimentos de manutenção adequados
(ver Secção 4.2).
As MTD devem reduzir as emissões (partículas) de efluentes gasosos do processo de cozedura nos fornos até 1 – 20
mg/m3, como valor médio diário, através do uso de uma combinação das seguintes técnicas/métodos primários:
a) utilização de combustíveis com baixo nível de cinzas, p. ex. gás natural, GNL, GPL e fuelóleo extra leve (ver Secção 4.1.4)
b) minimização da formação de poeiras causadas nas operações de carga do material a cozer no forno (ver Secção 4.2).
Através do uso de sistemas de tratamento (depuração) a seco de efluentes gasosos com um filtro (ver Secção 4.3.4.3),
consideram-se de acordo com as MTD (MTD VEA) níveis de emissão de efluentes gasosos menores do que 20 mg/m3.
Através da aplicação de colunas de adsorção em série (ver Secção 4.3.4.1), consideram-se de acordo com as MTD (MTD
180 VEA) níveis de emissão de poeiras inferiores a 50 mg/m3 nos efluentes gasosos tratados (gases à saída).
Relativamente aos agregados de argila expandida, ver MTD específicas do sector (Secção 5.2.4).
I. redução da entrada de percursores poluentes. Neste contexto ver Secção 4.3.1, onde são apresentadas várias possibilidades
de redução da entrada de diferentes percursores poluentes
II. optimização da curva de cozedura. Neste contexto ver Secção 4.3.3.1 onde são apresentados vários aspectos do processo
de optimização da curva de aquecimento do processo de cozedura.
b) As MTD devem manter as emissões de NOX resultantes dos efluentes gasosos dos processos de cozedura nos fornos
abaixo dos 250 mg/m3 como valor médio diário em referência a NO2, para temperaturas de fornos abaixo dos 1300 ºC, ou
abaixo dos 500 mg/m3 como valor médio diário em referência a NO2 para temperaturas de fornos iguais ou superiores a
1300 ºC, através da aplicação de uma combinação de medidas/técnicas primárias (ver Secção 4.3.1 e 4.3.3, em particular
na redução a entrada de percursores de NOX) excepto para agregados de argila expandida.
c) As MTD devem manter as emissões de NOX resultantes de efluentes gasosos (off-gases) de motores de co-geração
abaixo dos 500 mg/m3, como valor médio diário expresso em NO2 através da aplicação de medidas de optimização do
processo (ver secções 4.1.3 e 4.3.1).
b) depuração a seco de efluentes gasosos com um filtro (filtro de mangas ou precipitador electrostático, ver Secção 4.3.4.3)
Através do uso de uma combinação de medidas/técnicas primárias, conforme é referido na Secção 5.1.4.1.a e/ou medi-
das/técnicas secundárias conforme é referido nesta secção, os seguintes níveis de emissão de compostos inorgânicos
gasosos nos efluentes gasosos resultantes do processo de cozedura nos fornos são alcançados os níveis VEA associa-
dos às MTD:
Parâmetro Unidade, em valor médio diário Valor de emissão associado (VEA) à MTD1)
Tabela 5.1 : Valores de emissão associados às MTD para os compostos gasosos inorgânicos provenientes dos efluentes gasosos dos fornos de cozedura.
5.1.5 Águas residuais de processo (emissões e consumos)
As considerações gerais relativas às águas residuais de processo (emissões e consumos) podem ser encontradas na Secção
3.1.2 e na Secção 3.2.2.
181
a) as MTD devem reduzir o consumo de água através da aplicação de medidas de optimização do processo. Neste Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
contexto, ver Secção 4.4.5.1 onde são apresentadas várias medidas de optimização do processo, as quais podem ser Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
aplicadas quer individualmente quer em combinação. Manufactureira Cerâmica
b) as MTD devem prever o tratamento através da aplicação de sistemas de tratamento de águas residuais de processo.
Neste contexto ver Secção 4.4.5.2 onde são apresentados vários sistemas de tratamento de águas residuais de proces-
so, que podem ser aplicados quer individualmente quer em combinação para assegurar que a água é adequadamente
tratada para ser reutilizada no processo de fabrico ou para ser descarregada, seja directamente para a água ou indirec-
tamente num sistema municipal de tratamento de águas residuais.
c) as MTD devem reduzir as emissões de cargas poluentes nas descargas de águas residuais. Os níveis seguintes de
emissão associados – VEA, nas descargas de águas residuais associados às MTD:
Parâmetro Unidade Valor de emissão associado (VEA) à MTD (amostra composta durante 2 horas)
Tabela 5.2 : Valor de emissão associado à MTD para a descarga de águas residuais
Se mais de 50% da água tratada for reutilizada no processo de fabrico, maiores concentrações destes poluentes podem
ainda ser MTD VEA, desde que as cargas poluentes específicas por quantidade de produção (kg de matérias-primas
processadas) não sejam superiores à carga poluente resultante de uma taxa de reciclagem de água inferior a 50%.
5.1.6 Lamas
As considerações gerais em relação a lamas podem ser encontradas na Secção 3.1.3
As MTD devem reciclar/reutilizar as lamas através da aplicação de uma ou uma combinação das seguintes técnicas:
As MTD devem reduzir as perdas de processo sólidas/resíduos sólidos através do uso de uma combinação das seguintes
técnicas:
a) reutilização de matérias-primas (pasta) antes dos processos térmicos (ver Secção 4.5.2.1)
b) reutilização de caco e peças cerâmicas danificadas no próprio processo produtivo (ver Secção 4.5.2.1)
As MTD devem reduzir o ruído através do uso da combinação das seguintes técnicas (ver Secção 4.6):
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA a) confinamento (encapsulamento) das unidades
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de Tecnologia Prospectiva
d) colocação das janelas e portões e das unidades mais ruidosas longe de vizinhança
As melhores técnicas disponíveis e os intervalos de níveis de emissão e consumo associados com as melhores técnicas dis-
poníveis (MTD VEA) estão relacionadas com as instalações com diferentes tamanhos de fornos, diferentes formas de operação
de fornos, p. ex. contínua ou intermitente, e as diferentes horas de funcionamento por ano. Considerações locais especiais não
podem ser levadas totalmente em consideração. As MTD VEA não definem nem sugerem valores limite de emissões (VLE).
Recomenda-se vivamente ler o Capítulo 5 em conjunto com o Capítulo 4 pois não só a aplicabilidade como também as restrições
tendo em vista a aplicabilidade das técnicas e medidas mencionadas no Capítulo 4 vão ter de ser tidas em consideração. As
conclusões das MTD deste Capítulo 5 não podem ser correctamente interpretadas a menos que este seja lido em conjunto com
o Capítulo 4. Para ajudar o leitor nesta tarefa, o Capítulo 5 inclui referências ao Capítulo 4.
nicos voláteis resultantes do tratamento com compostos orgânicos através da aplicação de pós-combustão térmica (ver
Secção 4.3.5.1) até 5 – 20 mg/m3, como o valor médio diário expresso em C total.
b) as MTD devem reduzir as emissões de compostos orgânicos voláteis nos efluentes gasosos dos processos de cozedu-
ra – com concentrações do efluente gasoso tal e qual (“gás bruto”) superiores a 100 - 150 mg/m3, consoante as características
do efluente gasoso, nomeadamente composição e temperatura – para 5 - 20 mg/m3, em média diária, expresso em C total,
através de pós-combustão térmica em termo-reactores de câmara única ou tripla (ver Secção 4.3.5.1).
d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados por outras indústrias.
b) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para
1 – 10 mg/m3, como valor médio de meia hora, através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros
laminares (lamelares) sinterizados (ver Secção 4.2.3.3).
b) as MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras dos processos de secagem por atomização para 1 – 10 mg/m3,
como valor médio por meia hora, através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares
sinterizados (ver Secção 4.2.3.3).
d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados por outras indústrias.
5.2.7 Louças sanitárias
5.2.7.1 Emissões pontuais de poeiras
185
As MTD devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização para 1
– 30 mg/m3, como valor médio de meia hora (média de meia hora), através da aplicação de filtros de mangas (ver Secção Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
d) reutilização (ou ainda a reciclagem) de moldes de gesso usados por outras indústrias.
b) as MTDs devem reduzir as emissões pontuais de poeiras (partículas) dos processos de secagem por atomização
para 1 – 10 mg/m3, como valor médio de meia hora (média de meia hora), através da aplicação de filtros de mangas (ver
Secção 4.2.3.2) ou filtros laminares sinterizados (ver Secção 4.2.3.3).
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a) substituir moldes de gesso por moldes de polímero
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INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
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de Tecnologia Prospectiva
b) substituir moldes de gesso por moldes de metal
Para aplicação na indústria cerâmica, os queimadores de tubo radiante são feitos de carboneto de silício com elevada condutivi-
dade térmica e elevada resistência ao calor a temperaturas fortemente flutuantes. Com estes queimadores de tubo radiante, os
fornos são aquecidos indirectamente (exceptuando a zona de pré aquecimento dos fornos) e a chama do queimador é colocada
num tubo resistente à temperatura, onde a combustão terá lugar. A transferência de calor do queimador para o processo é feita
principalmente por radiação térmica, os valores elevados correspondentes para o fluxo térmico estão entre os 70 – 120 kW/m2.
Os queimadores de tubo radiante são, em princípio, aplicáveis nos processos de fabrico de azulejos e ladrilhos, louça de mesa
e louça ornamental, louças sanitárias, cerâmica técnica e indústrias de abrasivos com ligantes inorgânicos, mas a escala de
produção nos subsectores dos tijolos e telhas, tubos de grés, produtos refractários e agregados de argila expandida é demasiado
grande. Alguns projectos demonstraram que podem ser usadas em fornos de rolos ou fornos intermitentes, apesar de a tecnolo-
gia não estar ainda comprovada no que diz respeito aos fornos de túnel.
Um projecto-piloto na Holanda, onde um forno de rolos foi equipado com queimadores de tubo radiantes para o fabrico de azulejos
e ladrilhos, apresentou emissões de HF de 0,7 mg/m3 (fabrico de azulejos) a 1,2 mg/m3 (fabrico de ladrilhos) e factores específicos
de emissão de HF de apenas 3 a 6 mg/kg. Os custos adicionais do equipamento de queimadores de tubo radiantes, funcionando
um forno com uma capacidade de produção de 500.000m2 de ladrilhos por ano, foram estimados em mais de EUR 450.000 [5,
InfoMil, 2003].
Tem sido feita pesquisa intensiva referente à aplicação de energia de microondas na cozedura de produtos cerâmicos. Este pro-
cesso aquece o produto directamente – incluindo o centro. Para que se evitem perdas indevidas de calor na estrutura do forno, a
energia de microondas tem sido usada em combinação com aquecimentos convencionais como o gás ou a energia eléctrica.
Antes de o processo poder ser aplicado à escala industrial e viável economicamente em fornos de produção em grande escala,
ainda precisam de ser resolvidos problemas técnicos, incluindo aspectos de segurança, sendo também necessário ter em consi-
deração os elevados custos de energia eléctrica. Contudo, os trabalhos experimentais têm indicado um número significativo de
benefícios que devem ser desenvolvidos no futuro:
A energia de microondas pode, em princípio, também ser usada para secagem de produtos cerâmicos (ver Secção 2.2.5.8). As
vantagens e desvantagens, enumeradas acima para a cozedura, são também válidas para o processo de secagem em fornos de
microondas. As pesquisas mostraram que secagem assistida por microondas não é aplicável a produtos com formas complexas,
apenas a formas finas [20, CERAME-UNIE, 2004] [28, Schorcht, 2005] [30, TWG Ceramics, 2005].
6.3 Novo tipo de sistema de secagem para produtos refractários
Descrição e benefícios ambientais conseguidos
191
A secagem de componentes refractários de grandes dimensões, tais como tampas de panela de vazamento (ladle lids) ou os
tectos de fornalhas eléctricas em arco, podem ser muito dispendiosas em termos de tempo e consumo intensivo de energia. Prevenção e Controlo
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Através da colocação de folhas de aço inoxidável resistente ao calor (com temperaturas de até 1100 ºC) ou fibras de carbono (a Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
temperaturas de secagem mais baixas do que 250 ºC) como elemento de aquecimento na mistura refractária, a qual necessita Manufactureira Cerâmica
de ser vertida, o componente pode secar do interior para o exterior. As folhas ou fibras de carbono adaptam-se à estrutura e não
causam interferências.
À medida que a secagem ocorre do interior para o exterior, a água segue na mesma direcção da frente térmica. Isto reduz consi-
deravelmente o tempo de secagem.
Controlar a temperatura da estrutura melhora substancialmente a qualidade dos componentes, resultando em melhor secagem
com menos fendas e melhor estabilidade estrutural. As melhorias foram alcançadas nos seguintes parâmetros:
Esta técnica de secagem resulta numa poupança considerável de energia, a qual pode ser ainda aumentada – especialmente no
caso de componentes constitutivos de grandes dimensões – através do isolamento dos produtos refractários durante a seca-
gem.
Economia
Podem ser atingidas poupanças significativas, especialmente no caso de componentes de grandes dimensões com peso até 20
toneladas, através da redução do consumo de energia.
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O novo sistema de águas residuais de processo é composto por cinco módulos:
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de Tecnologia Prospectiva
— microfiltração: a água residual de processo oriunda do maior processo de vidragem (vidragem a branco, 80% do total
dos consumos de vidragem) é passada através de uma unidade de microfiltração para recuperação do vidrado. O vidrado
recuperado é devolvido à secção de preparação de vidrados
— tratamento de um afluente de água residual de processo: a água residual de processo resultante da secção
de preparação de pastas usado no fabrico de azulejos e ladrilhos, de baixo volume mas altamente contaminada, é conduzida
para uma estação de tratamento à parte. As lamas residuais daí resultantes, que contêm componentes de elevada qualidade
que ajudarão a aumentar a capacidade de sinterização do corpo cerâmico, são enviadas para a secção de preparação de pas-
tas, enquanto que o efluente vai para a estação municipal de tratamento de águas residuais para remoção dos componentes
biodegradáveis.
— construção de uma nova estação central de tratamento de água residual de processo: a anterior
estação de tratamento de água de processo tinha capacidade até 3500m3 de água residual de processo por dia. O desenvol-
vimento de estruturas nas áreas de trabalho de azulejos e ladrilhos tornou impossível a separação de águas pluviais e águas
residuais de processo quando as primeiras estações de tratamento de águas residuais foram construídas no início dos anos
70 do séc. XX. A nova estação centralizada, que representa o topo de gama, recolhe a água residual de processo da fábrica
e bombeia-a para um novo sistema acima do solo para que não se misture com as águas pluviais. Alguns ajustes nos volu-
mes de águas residuais de processo de 700 – 800 m3/dia, assim como a redução das cargas poluentes nos fluxos de águas
residuais de processo e uma tecnologia melhorada, tornaram possível o desenho de uma estação totalmente automatizada
cujo funcionamento requer apenas 20% das necessidades originais de pessoal e gera poupanças significativas em termos de
energia e de floculantes. Parte das lamas residuais geradas nesta estação podem ser reutilizadas na produção de ladrilhos.
Uma vez que as cargas poluentes são menores e tem também um menor conteúdo de água (25% no máximo) devido ao
novo filtro-prensa, o restante pode ser depositado no próprio local de armazenamento da fábrica sem quaisquer riscos. Testes
demonstraram que o material pode também ser usado como um componente da camada de selagem mineral de sistemas
finais de cobertura tipo aterro.
— separação de águas pluviais: uma vez que as águas residuais de processo possuem rede separativa de águas isto
é, são separadas do sistema de esgotos e do subsolo, não são necessárias modernizações onerosas de velhos esgotos e
poços. A redução e automatização tendo em vista o uso de floculantes promete poupanças consideráveis a nível material e
de custos.
Os custos totais do sistema de tratamento de águas residuais de processo são de 2,8 milhões de euros. Devido às poupanças daí
resultantes, espera-se um retorno do investimento num período de 3 – 4 anos.
Potenciais desvantagens
Embora o sistema aqui apresentado possa ser caracterizado como um sistema modelo, os riscos que podem advir quando as
circunstâncias diferem das aqui descritas pode levar às seguintes desvantagens económicas e qualitativas:
— os custos energéticos para a tecnologia de filtração podem exceder as poupanças alcançadas com a recuperação de
matérias-primas (dependendo da quantidade original de matéria-prima perdida)
— dimensionamento da unidade de filtração com os consequentes custos excessivos de investimento ou capacidade insu-
ficiente
— fase longa de pesquisa no uso do vidrado recuperado (podem ser necessárias correcções cromáticas)
— a mistura de fluxos afluentes só é possível até um determinado ponto, pois caso contrário não serão atingidos os efeitos
de poupança da recuperação de elevada qualidade
— é necessária elevada competência técnica tendo em vista o sistema geral
— durante a fase de planeamento têm de ser tomadas em consideração medidas redundantes.
Conclusão: este tipo de implementação de tecnologia ambiental topo de gama continua a ser um modelo de carácter experimen-
tal sujeito a condições rigidamente definidas [30, TWG Ceramics, 2005] [32, TWG Ceramics, 2006].
194 6.5 Vidragem sem chumbo de porcelana de mesa de alta qualidade
Benefícios ambientais alcançados e descrição
No passado, a vidragem com chumbo foi usada sobretudo em porcelana de mesa de alta qualidade. As vantagens da vidragem
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com chumbo incluem superfícies perfeitas e técnicas de processamento simples, em particular devido aos comportamentos de
JRC CENTRO DE
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA fusão e humedecimento típicos de vidragens que contêm chumbo.
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As vidragens sem chumbo baseadas em silicatos de boro alcalinos foram desenvolvidas por um produtor de louça de mesa e são
muito parecidas com os sistemas com chumbo em termos de qualidade e propriedades de aplicação. Isto levou a poupanças
anuais de 60 toneladas de óxido de chumbo. O uso de quantidades mínimas de aditivos orgânicos de processo significa que os
impactes ambientais devido a emissões orgânicas durante a cozedura são evitados largamente.
A vidragem é aplicada através de atomização húmida utilizando suspensões de vidragem reologicamente adaptadas. Os fluxos de
água residual de processo gerados na cabine de atomização, tal como sobreatomização e água de limpeza da cabine e das caixas,
bem como pó de vidrado do separador a seco são tratados e reutilizados na vidragem, conjuntamente com o vidrado fresco. Este
ciclo fechado de vidragem tornou possível a optimização da entrada de vidrado (perdas de vidrado e requisitos actuais). Os pro-
cessos térmicos – secagem e cozedura - a jusante foram adaptados aos novos sistemas de vidragem e optimizados.
Os padrões simples não requerem cozedura adicional e podem ser cozidos em conjunto com o vidrado usando uma técnica sob o
vidrado. Os padrões complexos, coloridos, contendo vidrado sob ou sobre esses padrões têm de ser cozidos separadamente.
Economia
Com esta técnica, o produtor consegue anualmente poupanças de 60 toneladas de óxido de chumbo em dois locais de produção.
A conversão para esta técnica foi levada a cabo num quadro de optimização fundamental do processo no seu todo. A implemen-
tação desta técnica como parte do processo de modernização tecnológica levou a uma maior viabilidade económica e maior
competitividade no mercado mundial.
— azulejos e ladrilhos
— tijolos e telhas
— louça utilitária e decorativa
— produtos refractários
— louças sanitárias
— cerâmicas técnicas
— tubos de grés
— agregados de argila expandida
— abrasivos com ligante inorgânico
A ordem dos capítulos deste documento (Resumo BREF, Prefácio, Âmbito, Capítulos 1 – 9 incluindo MTD – Capítulo 5 e Obser-
vações Finais – Capítulo 7) obedece à ordem normalizada do esquema e guia BREF. Este esquema e Guia BREF foi fornecido pelo
Fórum de Troca de Informação (FTI), criado pela Comissão Europeia para facilitar a troca de informações relativas à PCIP (neste
contexto, ver também o Prefácio).
Lacunas de informação ainda existentes
Apesar das muitas informações úteis e dos muitos comentários, em relação a vários assuntos têm de ser realçados alguns pro-
blemas de informação e respectivas consequências para o documento:
199
— Em certa medida, a ausência de informação quantitativa consistente em relação a dados económicos reais (custo) de Prevenção e Controlo
Integrados da Poluição
técnicas de redução, para além das técnicas de tratamento/depuração do gás de combustão, contextualizadas com os res- Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
Disponíveis na Indústria
pectivos resultados. Isto resultou em algumas informações económicas mais qualitativas do que quantitativas, especialmente Manufactureira Cerâmica
no Capítulo 4 e, consequentemente, em algumas conclusões sobre as MTD que são agora principalmente baseadas numa
abordagem qualitativa.
— A multiplicidade de conjuntos de produtos e fases individuais de processo do fabrico levaram também a declarações mais
qualitativas do que quantitativas, especialmente nas conclusões sobre as MTD em relação à eficácia energética. As infor-
mações submetidas neste contexto demonstraram muitos aspectos ou detalhes mas levaram à conclusão de que, até este
momento, as declarações quantitativas relacionadas com este assunto são complicadas de elaborar.
— Relativamente ao uso de combustíveis alternativos (por exemplo, biogás/biomassa) ou sólidos (por exemplo, carvão, co-
que de petróleo), foram fornecidos apenas alguns dados de emissões e consumos, a maior parte demasiado tarde no decorrer
do processo deste documento – alguns deles até durante a reunião final do TWG – e, portanto, não puderam ter sido tomados
em consideração.
— Conclusões sobre as MTD genéricas, isto é, as que são globalmente aplicadas a toda a indústria cerâmica
— Conclusões sobre as MTD específicas a cada sector, isto é, as que são aplicadas nos nove principais subsectores da
indústria cerâmica abrangidos por este documento
As propostas de MTD foram discutidas caso a caso e neste contexto específico, discutiu-se e concluiu-se também que o capítulo
sobre as MTD não estabelece nem propõe valores-limite de emissão mas sugere valores de emissão e consumo associados com
a utilização de uma selecção de MTD e que as “Melhores Técnicas Disponíveis” para uma instalação específica são geralmente
a utilização de uma única ou a combinação de técnicas e medidas enumeradas no capítulo sobre as MTD, tanto a nível global
(genérico) como a nível específico de cada sector.
Outro ponto de discussão foi a menção explícita, no capítulo das Observações Finais, das dificuldades em lidar com a informação
recebida muito tarde. Isto é particularmente relevante para o coque de petróleo enquanto combustível para o processo de coze-
dura nos fornos, assim como a recomendação de uma recolha mais profunda de informação a fim de ajudar a actualização deste
documento sobre cerâmica.
Durante a reunião final do TWG foi alcançado um elevado nível de consenso, não ficando registadas quaisquer opiniões diver-
gentes, e, portanto – tal como foi visto retrospectivamente durante o período de troca de informações – o processo de troca de
informações foi bem-sucedido.
Document (BREF) for the European Ceramic Industry, Rev. Nov. 2003”. Integrados da Poluição
Documento de Referência
sobre as Melhores Técnicas
4 UBA (2001). “Exemplary Investigation into the State of Practical Realisation of Disponíveis na Indústria
Manufactureira Cerâmica
de pressão e uma fuga que dela resulta. Exemplos de emissões fugitivas: fuga num rebor-
do, numa bomba, num equipamento vedado ou estanque, etc.
Engobe Revestimento de barbotina, branco ou colorido, aplicado a um corpo cerâmico poroso para
melhorar a sua aparência.
Equipamento do forno Termo genérico para as peças de material refractário utilizado no suporte dos produtos cerâ-
micos durante a cozedura no forno (auxiliares de cozedura).
Estado padrão Designa uma temperatura de 273 K e uma pressão de 1013 hPa.
Eutrofização Poluição de uma massa de água por esgotos, fertilizantes arrastados do solo e resíduos
industriais (nitratos e fosfatos inorgânicos). Estes compostos estimulam o crescimento de
algas, ao reduzir o teor de oxigénio da água, causando também a morte de animais com
elevada necessidade de oxigénio.
FD Floculação descontínua.
Fontes difusas Fontes de emissões de tipo difuso ou directo que são múltiplas e distribuídas no interior de
uma área definida.
FOP Fuelóleo pesado
Forno Instalação de elevada temperatura utilizada para cozer peças de cerâmica
Frita Composição cerâmica que foi fundida, temperada de modo a formar um vidro
e normalmente granulada.
Fuelóleo UL Fuelóleo ultra leve
Fundente Substância que, mesmo em pequenas quantidades, diminui o ponto de fusão dos materiais
nos quais existe naturalmente (por exemplo, substâncias alcalinas na argila) ou dos mate-
riais aos quais é adicionada (por exemplo, o bórax adicionado aos vidrados).
Carbonato de cálcio Tipo amorfo de carbonato de cálcio.
GJ Gigajoule.
GNL Gás natural liquefeito.
GPL Gás de petróleo liquefeito.
hPa Hectopascal.
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TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO
IEF Fórum de Intercâmbio de Informação (órgão consultivo informal no âmbito da Directiva IPPC.
Imissão Ocorrência e o nível de uma substância poluente, odor ou ruído no ambiente.
COMISSÃO EUROPEIA
Instalação Unidade técnica estacionária onde ocorrem uma ou mais actividades mencionadas no Anexo
DIRECÇÃO-GERAL
JRC CENTRO DE I da Directiva IPPC, e quaisquer outras actividades directamente relacionadas desenvolvidas
INVESTIGAÇÃO CONJUNTA
Instituto de Estudos
de Tecnologia Prospectiva
nesse local e que podem ter influência nas emissões e na poluição.
Instalação existente Instalação em funcionamento ou, de acordo com a legislação em vigor antes da data na qual
esta Directiva entrou em efeito, uma instalação autorizada ou, segundo a autoridade compe-
tente, passível de requerer autorização, desde que essa instalação comece a funcionar nunca
depois de um ano após a data na qual esta Directiva entre em efeito.
IPPC Prevenção e Controlo Integrados da Poluição.
I-TEQ equivalente de toxicidade de dioxinas/furanos.
K Kelvin (0 ºC = 273,15 K).
kcal quilocaloria (1Kcal = 4,19 kJ).
kWh quilowatt-hora (1kWh = 3900kJ = 3,6 MJ).
Lama Suspensão com um teor relativamente elevado de sólidos.
LAS Alquilbenzenossulfonato linear.
Louça em verdea Produtos cerâmicos, moldados, mas ainda por secar ou cozer.
Louça de barro Este termo aplica-se, geralmente, a louças de cerâmica doméstica.
m3(n) Metro cúbico normal.
m3/h Caudal: salvo indicação em contrário no presente documento, os caudais correspondem a
18% em volume de oxigénio e ao estado padrão.
Magnésia Óxido de magnésio.
Magnesite Carbonato de magnésio (MgO).
Medida/técnica primária Técnica que, de alguma forma, altera o modo como o processo central se desenvolve, redu-
zindo, portanto, a emissão bruta ou o consumo (ver técnica de fim de ciclo).
Medida/técnica secundária Ver técnica de fim de ciclo.
mg/m3 Concentração: salvo indicação em contrário no presente documento, as concentrações de
substâncias ou de misturas gasosas correspondem às das emissões gasosas secas a 18%
em volume de oxigénio e ao estado padrão e as concentrações em benzeno correspondem a
15% em volume de oxigénio e ao estado padrão.
MJ Megajoule (1MJ = 1000 kJ = 100 J.
TERMO PORTUGUÊS DEFINIÇÃO
MPa Megapascal. 213
MS Matéria seca (teor de sólidos). A massa remanescente de um material após a cozedura pelos
métodos normais de ensaio. Prevenção e Controlo
Pt Platina Ti Titânio
Sb Antimónio V Vanádio
Si Silício W Tungsténio
Sn Estanho Zr Zircónio
IMPRESSÃO
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