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Mateus Micheque Kei

Dimensionamento de sistema fotovoltaico, para o uso em Sistemas de Bombeamento na


irrigação dos campos: Caso no povoado de Benga

Licenciatura em Ensino de Física com Habilitações em Energias Renováveis

Universidade Púnguè

Tete

2021
Mateus Micheque Kei

Dimensionamento de sistema fotovoltaico, para o uso em Sistemas de Bombeamento na


irrigação dos campos: Caso no povoado de Benga

Monografia científica a ser apresentada no


departamento de Ciências exactas e
Tecnológicas no curso de Física para a
obtenção do grau de Licenciatura em Ensino
de Física com habilitações em Energias
Renováveis.

Supervisora: Msc. Inácia Augusto Macapa

Universidade Púnguè

Tete

2021
Índice
LISTA DE Símbolos ..................................................................................................................ii

LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................iii

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................. iv

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ v

Declaração ................................................................................................................................. vi

Dedicatória................................................................................................................................ vii

Agradecimentos .......................................................................................................................viii

RESUMO .................................................................................................................................. ix

CAPÍTULO I: INTRODUCÃO................................................................................................ 10

1.1. Problematização ............................................................................................................. 11

1.2. Justificativa .................................................................................................................... 12

1.2.1.Aspecto social .......................................................................................................... 13

1.2.2.Aspecto económico .................................................................................................. 13

1.2.3.Aspecto ambiental .................................................................................................... 13

1.2.4.Aspecto científico ..................................................................................................... 13

1.3. Objectivos ...................................................................................................................... 14

1.3.1. Objectivo Geral ....................................................................................................... 14

1.3.2. Objectivos Específicos ............................................................................................ 14

1.4. Questões de pesquisa ..................................................................................................... 14

1.5. Hipóteses ........................................................................................................................ 14

1.6. Delimitação do Tema ..................................................................................................... 15

1.7. Delimitação Espacial ..................................................................................................... 15

CAPÍTULO II: QUADRO TEÓRICO ..................................................................................... 16

2.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 16

2.1.3. Água Superficial e Subterrânea ............................................................................... 20

2.2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 21


2.2.1.Fonte de Energia....................................................................................................... 21

2.2.2. PANORAMA MUNDIAL E NACIONAL DO USO DE ENERGIA SOLAR ...... 22

2.2.2.1. Panorama mundial ................................................................................................ 22

2.2.2.2. Panorama Nacional .............................................................................................. 23

2.3. Energia Solar Fotovoltaica ............................................................................................. 24

2.3.1.Classificação do sistema fotovoltaico ...................................................................... 25

2.3.2. Geração fotovoltaica ............................................................................................... 25

2.4. SOFTWARE .................................................................................................................. 27

2.4.1. Conceito de Software .............................................................................................. 27

2.4.2. Tipos de Software.................................................................................................... 27

2.4.3. Classificação do Software ....................................................................................... 27

2.4.2. ENGENHARIA DE SOFTWARE .......................................................................... 28

2.4.3. QUALIDADE DE SOFTWARE ............................................................................ 28

2.5. SOFTWARE PVSOLAR ............................................................................................... 29

2.6. SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO....................................................................................... 31

2.7. MODELO DA BOMBA EMPREGUE ......................................................................... 33

2.7.1. O modelo centrífugo (Bombas Centrífugas) ........................................................... 33

2.7.2. Aplicação das Bombas centrífugas: ........................................................................ 34

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DO ESTUDO .................................................................. 35

3.1. Quanto à abordagem ...................................................................................................... 35

3.1.1. Pesquisa Qualitativa ................................................................................................ 35

3.2. Natureza e Tipo de Pesquisa .......................................................................................... 35

3.3. Quanto aos objectivos .................................................................................................... 36

3.3.1. Pesquisa Exploratória .............................................................................................. 36

3.4. População e Amostra ..................................................................................................... 36

3.4.1. População ................................................................................................................ 36

3.4.2. Amostra ................................................................................................................... 36


3.5. Técnicas e Instrumentos de colecta de dado .................................................................. 36

3.5.1. Técnicas de colecta de dados .................................................................................. 36

3.5.2. Instrumentos de colecta de dados ............................................................................ 36

3.6. Procedimentos ................................................................................................................ 37

3.7. Tratamento dos Dados ................................................................................................... 37

3.8. Cuidados Éticos ............................................................................................................. 37

3.9. Localização e Período de operação ................................................................................ 38

3.10. Variáveis de Estudo ..................................................................................................... 38

3.11. Instalação da Bomba .................................................................................................... 38

3. 12. Etapas de pesquisa ...................................................................................................... 39

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS


.................................................................................................................................................. 40

4.1. Análise Técnica e Económica ........................................................................................ 40

4.2. Análise Técnica de Bombeamento com Energia Solar .................................................. 40

4.3. Escolha da Bomba Segundo Condições de Campo ....................................................... 42

4.4. Custo Anual dos Sistemas de Bombeamento ................................................................ 44

4.5.Composição dos Custos de Bombeamento ..................................................................... 44

4.6. Custos do Sistema de Irrigação ...................................................................................... 45

4.7. Escolha da Bomba Segundo Condições de Campo ....................................................... 48

4.8. Apresentação dos resultados da entrevista aos agricultores do povoado ....................... 48

CAPITULO V:DIMENSIONAMENTO .................................................................................. 51

5.1. Dimensionamento do sistema fotovoltaico para irrigação ............................................. 51

5.2. Local de instalação e disponibilidade da fonte de energia solar .................................... 51

5.3. Descrição da bomba seleccionada ................................................................................. 52

5.4. Potência eléctrica da bomba........................................................................................... 52

5.5. Descrição dos painéis solar empregues no projecto ...................................................... 53

5.6. Arranjos fotovoltaicos (Energia da bomba) ................................................................... 53


5.7. Cálculo de números de painéis ...................................................................................... 54

5.8. Dimensionamento das baterias ...................................................................................... 54

5.8.1. Cálculo da capacidade do banco de baterias ........................................................... 55

5.8.2. Cálculo do número de baterias ................................................................................ 55

5.9. Descrição da especificação técnica do inversor empregue no projecto ......................... 55

5.10. Descrição do controlador de carga empregue .............................................................. 55

5.11. Investimento inicial...................................................................................................... 56

CAPITULO VI: CONCLUSÕES E PONTOS DE REFLEXÃO ............................................. 57

6.1. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 57

6.2. Considerações Finais ..................................................................................................... 58

6.3. Resultados esperados ..................................................................................................... 59

6.4. Recomendações ............................................................................................................. 60

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61


ii

LISTA DE Símbolos

Pb→ Potencia da bomba

V→ Tensão

I → Corrente

FRC → factor de recuperação de capital

EB → Energia da bomba

I → taxa anual de juros; e,

n → vida útil do equipamento, em anos

Ces → custo da energia solar

X → número de horas de trabalho da instalação por ano dividido por 8760;


T → número de horas de trabalho da instalação por dia dividido por 24.
K → constante (depende da relação de custos de unidade de potência para o conjunto
elevatório e da unidade de tubulação assentada (varia de 0,7 a 1,3).
N → números de painéis

EP → energia gerada pelo único painel

HSP → Numero de horas do sol pleno

PP → potência máxima dos painéis empregue

Nb→ número de baterias


C → capacidade de bateria
iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Consumo de água anualmente por cada cultura. ...................................................... 45


Tabela 2: ilustração das possíveis respostas dadas pelos agricultores entrevistados em relação
das questões colocadas. ............................................................................................................ 48
Tabela 3: Média de radiação diária por mês no plano horizontal para a cidade de Tete
[KW/ms] ................................................................................................................................... 51
Tabela 4: Especificação da bomba ........................................................................................... 52
Tabela 5: Especificação de painel ............................................................................................ 53
Tabela 6: Especificação de bateria ........................................................................................... 54
Tabela 7: Especificação do inversor ......................................................................................... 55
Tabela 8: Especificação do controlador de carga ..................................................................... 56
Tabela 9: Estimativa do custo do projecto................................................................................ 56
iv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução da capacidade fotovoltaica acumulada. ................................................... 23


Gráfico 2: Curva Característica de bomba fotovoltaica. Fraidenraich, 1999. .......................... 41
Gráfico 3: Curva característica de bomba solar (de 5 a 70 m de elevação). Adaptado de Nakin
Lorentz PS600 CS-17-1 Solar. ................................................................................................. 41
Gráfico 4: Curva característica de bomba solar (de 2 a 20 m de elevação). Adaptado de Nakin
Lorentz PS600 CS-17-1 Solar. ................................................................................................. 42
Gráfico 5: Horas de insolação no decorrer do ano em BENGA. .............................................. 42
v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: ilustração de efeito fotovoltaico ................................................................................ 24


Figura 2: Camadas de um módulo fotovoltaico típico. ........................................................... 25
Figura 3: etapas de parametrização do software ....................................................................... 31
Figura 4: Sistemas de bombeamento fotovoltaico. SunLab Power, 2009. ............................... 33
Figura 5: Ilustração de uma Bomba centrifuga ........................................................................ 33
vi

Declaração

Eu, Mateus Micheque Kei, declaro por minha honra, que este Monografia é resultado da
minha investigação pessoal sob orientação da minha supervisora, o seu conteúdo é original e
todas as fontes estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final. Declaro ainda
que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer
grau académico.

Tete, aos 12 de Setembro do ano 2021

__________________________________

(Mateus Micheque Kei)


vii

Dedicatória

Aos meus Pais, por tudo o que sempre me deram.


À minha namorada Sauzinha, por me acompanhar em todos os momentos.
A todos os que já partiram, em especial o Avo e Conselheiro Deniasse Segredo, mas que
continuam na minha lembrança.
viii

Agradecimentos

Agradeço muito a Deus pela saúde, à minha família pelo incentivo e apoio incondicional.
Uma palavra em particular aos docentes do Curso de Física. A minha orientadora pois sem o
seu apoio este trabalho não seria possível, a mestre Inácia Augusto Macapa o meu muito
obrigado. Também agradeço aos meus colegas e amigos que partilharam peixe seco assado
comigo, meu muito obrigado
ix

RESUMO

O presente trabalho propõe uma investigação: Dimensionamento de sistema fotovoltaico, para o uso em Sistemas
de Bombeamento na irrigação dos campos: Caso no povoado de Benga. O principal objectivo é Analisar os
sistemas de bombeamento para irrigação na agricultura familiar, desenvolvendo e aplicando um modelo
computacional evidenciado através de um software PVSOLAR que permita predizer qual o mais adequado em
uma região definida, de acordo com os critérios de custos e viabilidade técnica. A metodologia envolve diversas
variáveis hidráulicas e custos energéticos de fonte de energia solar, além dos custos de implantação.
Empregando-se essa metodologia pode-se alcançar um dimensionamento que forneça o diâmetro óptimo, com a
consequente diminuição dos custos envolvidos e fontes de energia adequada. Para atingir os objectivos propostos
foi confeccionado um software denominado PVSOLAR, visando dimensionar o sistema de bombeamento e
definir custos envolvidos a partir do uso da fonte de energia solar. Os resultados demonstraram o desempenho no
funcionamento do sistema, com base nas características do local.

Palavras-chaves: sistema fotovoltaico, software pvsolar, irrigação.


10

CAPÍTULO I: INTRODUCÃO

O fornecimento de água para as comunidades rurais tem grande importância no seu


desenvolvimento. A ausência de energia resulta em menor qualidade de vida e consequente
afastamento da população para as grandes cidades. A indisponibilidade de electricidade e as
dificuldades de acessibilidade geográfica resultam em abastecimento precário de
fornecimento de água, pois os meios de transporte de água exigem sistemas de bombeamento
eficazes, que, na grande maioria, são accionados por energia eléctrica.

Em Moçambique, inúmeras comunidades, particularmente nas regiões Norte, Centro e


sul, não têm acesso a energia eléctrica. Para atender essa demanda vem-se utilizando de fontes
alternativas de energia, como a solar fotovoltaica, que pode ser usada para accionamento de
bombas de água. Suas vantagens podem ser analisadas sob diversos aspectos, como a
abundância da fonte solar em todo o planeta. A tecnologia actualmente existente já se
encontra consolidada, com alta confiabilidade e uma vida útil que pode atingir até 25 anos.
Evita-se com essa fonte de energia o transporte e custos de aquisição de combustível, linhas
de transmissão, além do não envio de gases poluentes ao meio ambiente.

Levando-se me consideração os condicionantes físicos da região relacionados à


disposição de água superficial e subterrânea e a existência de energia eléctrica, associados aos
custos envolvidos no processo de retirada de água para irrigação para a agricultura familiar,
esse estudo traz uma proposta de minimização de custos considerando custos fixos e
variáveis, com obtenção de diâmetros e velocidades óptimos, além de potência adequada para
o motor com a menor perda possível. Para isso, todo o sistema, da captação a distribuição de
água, é dimensionado e depois calculado seus custos, com a finalidade ainda de compará-los e
definir o melhor sistema a ser usado, tomando como base esses custos.

Os custos a serem reduzidos referem-se às escolhas adequadas de bombas e


canalizações observando-se as necessidades de campo para irrigação, segundo as
disponibilidades de água e energia, fornecendo assim o sistema que melhor atenda o
agricultor, com o melhor retorno financeiro possível para que ele possa obter mais renda em
seu investimento. Para isso foi desenvolvido um software PVSOLAR com o objectivo de
analisar o dimensionamento de um sistema de irrigação a partir da utilização da fonte solar,
através de uma plataforma amigável com o usuário, em que são definidas as fontes de água e
tipos de bombas a serem empregadas no processo de irrigação, sendo estas conhecidas a partir
das restrições de entrada que serão fornecidas, conforme dados de campo. A utilização do
11

software PVSOLAR proposto facilita a análise, dimensionamento e selecção do sistema a ser


aplicado na agricultura de pastagens e frutíferas para pequenas áreas, em particular para a
agricultura familiar.

O trabalho esta organizado da seguinte maneira:

Capitulo I: envolvem-se os elementos essenciais na introdutória, apresentação do


problema em estudo, justificativa em torno dos problemas a solucionar, objectivos,
relevâncias e as tentativas de responder as questões; Capitulo II: apresenta – se a referencia
bibliografia e fundamentação teórica, neste caso uma abordagem em torno do assunto
abordado; Capitulo III: Apresentação das metodologias, cuidados éticos, variáveis em estudo
e as fases da elaboração; Capitulo V: mostra se o dimensionamento do sistema fotovoltaico
com respectivos passos e Capitulo VI: Apresentação das conclusões, considerações finais,
resultados esperados e recomendações.

1.1. Problematização

No contexto tecnológico da prática de agricultura, tem tido muitas dificuldades para o


seu desenvolvimento ao ponto de gerar um bom rendimento familiar com a falta de algumas
fontes de energia para posteriormente accionar as bombas para a irrigação dos campos, o que
implica o desenvolvimento sócio-económico de uma região que tem o recurso hídrico para o
seu aproveitamento sustentável.

Como é sabido que a maioria das comunidades Moçambicanas sobrevivem na base da


agricultura familiar e na algumas vezes aproveitam vendendo alguma parte do produto
agrícola gerado para suprimir algumas necessidades, na compra de produtos comestíveis que
eles não produzem, como: Óleo, Sabão, Sal, Arroz, Vestuários, etc. Capaz de melhorar a
saúde pública e para o bem-estar do organismo humano.

Portanto, na falta dessa tecnologia impede com que a comunidade possa praticar a
agricultura de rendimento, que poderá acelerar o desenvolvimento da comunidade visado a
construção de edifícios proprietários a partir da prática de agricultura de rendimento praticado
no local a partir do uso de bombas hidráulicas. Após uma reflexão a cerca do tema, surge a
seguinte questão: Que alternativa energética que pode possibilitar a irrigação dos campos
no povoado de Benga?
12

1.2. Justificativa

Sendo a água um componente fundamental para a saúde, desenvolvimento e benefícios


múltiplos para a sociedade, devem ser viabilizadas formas de sua obtenção. A água permite a
fixação do homem no campo, quando este a tem disponível para consumo próprio, para uso
em suas culturas e para seus animais. Porém, muitas comunidades não dispõem de alguma
forma que dê acesso a água com garantias de potabilidade. Com a ausência da água
superficial, comunidades vivem sem perspectiva de crescimento e fonte de renda mesmo
tendo disponíveis aquíferos subterrâneos com abundância de água de qualidade.

As variadas fontes de energia podem fornecer alternativas adequadas para a


agricultura familiar no bombeamento de água observando-se o aspecto económico. Por outro
lado, a utilização de fontes de energia renovável para a irrigação pode reduzir o uso de
combustíveis fósseis, grandes responsáveis pela poluição ambiental no planeta e todos os
aspectos negativos que a envolvem. Nesse aspecto, podem ser usadas somente as bombas
accionadas por fontes limpas ou associadas àquelas que necessitam de combustíveis fósseis,
fornecendo assim um sistema híbrido com máximo aproveitamento da fonte renovável em
detrimento da fonte fóssil. Reduz-se com isso substancialmente a emissão de poluentes
dependendo do potencial energético limpo que será aproveitado para o accionamento da
bomba.

Já existem projecções feitas por organizações internacionais, que pesquisam produção


e distribuição de energia, onde as fontes eólicas e fotovoltaicas serão mais competitivas nos
próximos anos, com redução de custos, baixo impacto social e ambiental e com a ampla
vantagem sobre outras fontes por ser renovável. A utilização dessas fontes deve ser
estimulada em populações isoladas e pobres, pois possui baixo custo operacional e reduz o
impacto causado por combustíveis fósseis e desmatamentos pela retirada da madeira.

Dias (1992) afirma que essas comunidades são as maiores responsáveis por
esse tipo de poluição no meio ambiente. Com isso, pode-se formular a hipótese de
que essas formas de energia podem diminuir custos dos sistemas de irrigação em
agricultura familiar, possibilitando maiores retornos financeiros e melhor qualidade
de vida, reduzindo impactos ambientais e sociais através da manutenção do
agricultor no campo.
13

Existem aspectos positivos subjacentes na demanda das tecnologias para melhoraria no


processo agrícola, com a execução do projecto se destacam os seguintes:

1.2.1.Aspecto social

Promover a sociedade no uso de fontes alternativas de energia para accionar as bombas na


irrigação dos campos na agricultura familiar, como alternativa na solução das difuldades
de irrigação dos campos.

1.2.2.Aspecto económico

Diversificar as dificuldades na irrigação dos campos;


Melhorar a produção agrícola na região;
Trazer uma tecnologia que possibilita a geração de bom rendimento para os agricultores.

1.2.3.Aspecto ambiental

A fonte de energia limpa;


Tem vida útil superior a 25 anos;
Resistente a condições climáticas extremas (granizo, vento, temperatura e humidade);
Não possui peças móveis, portanto exigem pouca manutenção (só a limpeza dos painéis);
Permite aumentar a potência instalada através da incorporação de módulos adicionais;
Gera energia mesmo em dias nublados;
Permite a instalação no mesmo local de uso.

1.2.4.Aspecto científico

Aplicação do conhecimento adquirido na cadeira de Energias Renováveis, em especial a


energia solar térmica e fotovoltaica;
Familiarização das experiencias adquiridas ao longo da partida académica;
Alargar o aprofundamento das aplicabilidades da energia solar para o desenvolvimento da
sociedade.
14

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral

Analisar os sistemas de bombeamento para irrigação na agricultura familiar,


desenvolvendo e aplicando um modelo computacional evidenciado através de um
software que permita predizer qual o mais adequado em uma região definida, de acordo
com os critérios de custos e viabilidade técnica.

1.3.2. Objectivos Específicos

Identificar o potencial energético da área de estudo que necessita de mecanismo para o


transporte de água para melhoria na irrigação dos seus campos nesse povoado.

Dimensionar o sistema fotovoltaico de bombeamento de água para irrigação dos campos


no povoado em estudo;

Avaliar o desempenho do sistema fotovoltaico.

1.4. Questões de pesquisa

1. Até que ponto o uso de sistema fotovoltaico pode permitir de energia para a irrigação dos
campos no povoado de Benga, sem acesso a corrente publica?
2. Como dimensionar um sistema fotovoltaico para irrigação dos campos de cultivos, para
suprimir as necessidades do povoado em estudo?
3. Qual é disponibilidade e a viabilidade do potencial da radiação na região de Benga, que
possa gerar uma energia eléctrica a partir do uso de um sistema fotovoltaico?

1.5. Hipóteses

1. O uso de um sistema fotovoltaico para sistemas de irrigação no povoado de Benga facilita


o acesso a energia eléctrica num povoado sem acesso a corrente eléctrica publica para o
uso nos regadios. Visto que o seu uso possibilita a melhorar a vida do povo residente em
Benga.
2. O uso de um sistema fotovoltaico para o povoado pode não facilita o acesso a energia
eléctrica para irrigação dos campos numa zona sem acesso a corrente eléctrica Pública.
Visto que para obtenção da energia fotovoltaico é necessário que haja disponibilidade
permanente da radiação na região de Benga.
15

1.6. Delimitação do Tema

O presente trabalho de pesquisa é aplicado na área de Física, com enquadramento na


Energia renováveis, electricidade e magnetismo e Elaboração do Projecto de Energia
Renováveis, especificamente na área das redes eléctricas. No que tange ao tema proposto,
dimensionamento do sistema fotovoltaico para irrigação dos campos de cultivos, no povoado
sem acesso a energia eléctrica da rede pública para accionamento das bombas hidráulicas para
o uso referido no item anterior. Este trabalho visou consolidar a teoria e a prática,
conhecimentos teóricos adquiridos nas Energias renováveis e de Elaboração de Projecto de
Energia Renováveis, estas cadeiras ajudaram na execução deste projecto, as outras cadeiras
também proporcionam conhecimentos claros na aplicação dos diferentes conceitos teóricos
adquiridos durante a realização do trabalho.

1.7. Delimitação Espacial

O presente trabalho de pesquisa foi executado no povoado de Benga do distrito de Moatize


sem acesso a energia eléctrica, pois seu objectivo visou facilitar as pessoas para ter o
dimensionamento do sistema fotovoltaico no povoado que foi útil para o uso no sistema de
irrigação dos campos.
16

CAPÍTULO II: QUADRO TEÓRICO

2.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A literatura apresenta diversos estudos sobre bombeamento, irrigação e agricultura


familiar. Porém, são poucos que apresentam soluções adequadas sobre as opções que o
agricultor familiar tem disponíveis para irrigar sua cultura segundo os vários sistemas de
bombeamento existentes e custos envolvidos, visando obter a solução mais adequada técnica e
economicamente, incluindo e relacionando os sistemas alternativos e convencionais.
Para o dimensionamento:
Freire (2000) propõe alternativas metodológicas à fórmula clássica de Bresse
com intenção de obter maior economia nas linhas adutoras destinadas a transportar
água entre as unidades que antecedem as redes de distribuição .

Neste, apresentou dois métodos: o primeiro baseado na variação linear dos preços dos
tubos com seus diâmetros e outro na variação dos preços dos tubos com seus pesos. Os
diâmetros obtidos com esses métodos são comprovados através de um quarto método, de
enumeração exaustiva (método da avaliação real do custo), onde são calculados os custos
reais de operação e implantação para uma variedade de diâmetros, sendo o óptimo aquele que
apresenta a melhor relação custo x benefício para o sistema. Fazendo avaliações práticas ficou
evidenciado a validade de ambos os métodos.
Maeda (2010) discorre sobre sistemas alternativos de bombeamento, dando
destaque a roda d’água, ao carneiro hidráulico, aos moinhos de vento e ao motor
Stirling. Seu foco é na aplicação de sistemas alternativos na irrigação.

No entanto, como a maioria dos trabalhos, apenas mostra sua forma de aplicação sem
comparar ou mostrar qual seria a solução mais adequada. Santana (1999) trata da optimização
de sistemas de distribuição de água abastecidos por bombeamento e reservatórios de
regularização. Nessa tese o autor relaciona os custos de investimento com os custos de
manutenção, definindo modelos matemáticos e computacionais para chegar a um tratamento
analítico adequado as operações de bombeamento e reservatórios. Porém, o trabalho
restringiu-se a esse aspecto sem evidenciar aplicação em várias actividades, como na
irrigação.
A redução de custos de energia, conforme Liu (2009) irá aumentar com o
aumento do custo de operação do sistema de bombeamento. Para o autor, para
minimizar o custo de operação do sistema de bombeamento, deve-se optimizar o uso
dos activos de geração dos projectos.
Neste trabalho foi definido um método para determinar os desempenhos de sistemas
de bombeamento segundo resultados experimentais e computacionais, definindo-se o
17

princípio e alternativas da optimização dos sistemas de bombeamento. Os custos de energia


são discutidos por Meah; Fletcher e Ula (2006). Nesse trabalho inicialmente são definidos os
custos das linhas de distribuição, que são muito elevados para regiões desprovidas de energia
eléctrica, tornando-se assim sua aquisição e instalação desinteressantes para pequenos
projectos de bombeamento.
Sendo assim, sugere-se o uso de sistemas fotovoltaicos que são viáveis para pequenos
projectos ou produções de pequena escala. Nos Estados Unidos, como no Brasil, existem
muitas regiões secas em que não existem águas superficiais, restando a alternativa da retirada
de águas subterrâneas, onde o tempo de impacto de aridez é menor, pois as águas subterrâneas
são mais resistentes a seca.
Eleotério (2008) cita a redução de custos de energia em sistemas de
bombeamento dando grande contribuição nessa questão relacionada ao uso e
consumo de energia com alternativas relacionadas ao consumo, regularização de
vazão, alterações no sistema de bombeamento e controle de perdas.

Segundo Duarte (2008), os custos ligados a energia consumida mais os custos de mão-
de-obra são as parcelas mais representativas relacionadas a operação dos sistemas de
abastecimento de água. Com isso, usar de forma eficiente a energia é um ponto que deve ser
observado com muito cuidado para a obtenção de eficiência económica global implantada.
Uma redução de consumo e consequente diminuição de custos pode ser obtido pelo
uso de bombas mais eficientes, com menor potência, como propõe Espíndula Neto (2003).
Para o autor, “essa viabilidade deve-se, principalmente, ao fato dos motores indicados para as
substituições propostas possuírem uma potência nominal menor e um rendimento maior que
os motores em uso na fazenda, proporcionando uma redução expressiva nos gastos anuais
com consumo e demanda de energia eléctrica, podendo gerar uma economia anual com o
factor energia eléctrica”.
Para a redução do consumo de energia eléctrica, Tsutiya (2006) defende a
instalação de inversor de frequência que é um circuito destinado a gerar uma
corrente alternada de frequência controlada a partir de uma fonte de corrente
contínua.
É interessante seu uso em motores eléctricos de indução trifásicos, pois substituem
os ultrapassados sistemas de variação de velocidades mecânicos, como as polias e
variadores hidráulicos, assim como os motores de corrente contínua, que são muito
custosos e manutenção mais simples.

O uso da energia solar já está sendo amplamente discutido como fonte alternativa de
energia para consumo doméstico e na agricultura. Em sua dissertação de mestrado, Oyama
(2008) avalia o comportamento de uma motobomba conectada a painéis fotovoltaicos para
determinar equações da vazão em relação a irradiação solar incidente nos painéis.
18

Michelsetall (2009) avalia sistemas de bombeamento de água accionados por


painéis fotovoltaicos, onde se conclui que o sistema em uma situação real de
trabalho (água bombeada a 20 m de altura), apresentou eficiência que varia entre 8,5
e 9,5%, levando-se em conta dias limpos, sem interferências de nuvens.

Na literatura, percebe-se que há necessidade de desenvolver trabalhos envolvendo


simulações de diferentes situações de bombeamento, variando-se o tipo de energia utilizada,
desnível geométrico, vazão, diâmetro, comprimento da tubulação e número de horas
trabalhadas no ano.
A modelagem e a simulação computacional vêm para mostrar esse caminho, que,
através dos resultados obtidos em campo, definem, dentre as alternativas existentes, a mais
viável, sob o aspecto financeiro e técnico. Para chegar a uma solução viável do ponto de vista
económico, mudando as estratégias convencionais, é importante a utilização de modelos
matemáticos de optimização no dimensionamento de problemas como esse.
A optimização, segundo Luemberger (1984), relaciona-se à “análise de decisões
complexas ou problemas de alocação, que oferecem certo grau de elegância filosófica e,
frequentemente, certo grau de simplicidade operacional”. Para Santana (1999) “um problema
de optimização complexo associado à tomada de decisão, envolve a selecção de valores para
um determinado número de variáveis de decisão inter-relacionadas, baseando-se em
objectivos simples, projectados para quantificar desempenho e qualidade de uma decisão”.
Para isso, complementa o autor, é necessário chegar a uma situação que maximize ou
minimize o valor da função objectivo proposta, dependendo de suas restrições, que limitam as
variáveis de decisão a se adequar a determinados valores ou faixas de actuação. Para se
alcançar os resultados desejados requer-se uma grande vivência dos problemas e domínio de
teorias envolvidas que regem o problema e as soluções matemáticas.
O modelamento tem como objectivo fundamental o alcance de um modelo que sendo
suficientemente complexo possa capturar as características vitais do problema, mas que seja
simples o suficiente para se manusear e fornecer as informações úteis para uma tomada de
decisão.
Golbarg e Luna (2000) denominam modelos “como representações
simplificadas da realidade que preservam, para determinadas situações e enfoques,
uma equivalência adequada”. Os autores defendem que o modelo tem poder de
representatividade, sendo a característica que o torna desejável. Sua capacidade de
simplificação dá ao modelo uma afectibilidade operacional. No modelo deve ser
verificado a representabilidade, dando-lhe sua validação.

Como a maioria dos problemas possui natureza linear, a programação linear é a mais
utilizada, sendo esta a que possui maior simplicidade teórica e na implementação de
19

algoritmos computacionais para obter sua solução. Com isso, o trabalho de modelagem
concentra-se na formulação de equações onde estão envolvidos o objectivo e as restrições,
que podem atingir um grande número de relações e variáveis. Basicamente, no presente
estudo, no desenvolvimento de um programa computacional, existem variáveis de entrada que
devem ser processadas e ter como resultados as variáveis de saída, conforme a necessidade
existente.
As vantagens desses sistemas são: i) capacidade de entender a tomada de decisão para
várias pessoas; ii) melhoria de produtividade; iii) reduzem o grau de dependência que existem
em empresas quando encontram-se em situação crítica, inevitáveis, como a falta de um
especialista; iv) podem ser usados em treinamento em grupo de pessoas. O uso de técnicas
computacionais e modelos matemáticos estão sendo muito usados na maioria dos campos
técnicos, havendo meios propíciosà resolução de problemas ligados à engenharia hidráulica
(projecto e avaliação) (BALTRA, 1987).
Guimarães (1995) elaborou um modelo matemático para dimensionamento e
simulação do pivô central para análise de redes hidráulicas em irrigação por
aspersão convencional. Já Sousa (2001) propôs um modelo para análise de risco
económico aplicado a projectos de irrigação para a cultura do cafeeiro.

2.1.2. Agricultura Familiar


Já Bittencourt & Bianchini (1996),com base em estudos e no PRONAF, define que
“Agricultor familiar é todo aquele (a) agricultor (a) que tem na agricultura sua principal fonte
de renda (+ 80%) e que a base da força de trabalho utilizada no estabelecimento seja
desenvolvida por membros da família. É permitido o emprego de terceiros temporariamente,
quando a actividade agrícola assim necessitar. Em caso de contratação de força de trabalho
permanente externo à família, a mão-de-obra familiar deve ser igual ou superior a 75% do
total utilizado no estabelecimento”.
Por fim, Guanziroli e Cardim (2000), especificam as condições para ser agricultor
familiar: “a direcção dos trabalhos no estabelecimento é exercida pelo produtor e família; a
mão-de-obra familiar é superior ao trabalho contratado, a área da propriedade está dentro de
um limite estabelecido para cada região do país”.
Relatando sobre as características da agricultura familiar Buainaim e
Romeiro (2000) (In: TINOCO, 2006), descrevem que “a agricultura familiar
desenvolve, em geral, sistemas complexos de produção, combinando várias culturas,
criações animais e transformações primárias, tanto para o consumo da família como
para o mercado. Baseados em amplo estudo sobre sistemas de produção familiares
no Brasil”. As vantagens da agricultura familiar são apontadas por Oliveira (2000): “
20

A lógica de funcionamento das explorações familiares, baseada na associação dos


objectivos de produção, consumo e acumulação patrimonial, resulta num espaço de
reprodução social cujas características de diversidade e integração de actividades produtivas
vegetais e animais, ocupação de força de trabalho dos membros da família e controle
decisório sobre todo o processo produtivo são sensivelmente mais vantajosos ao
desenvolvimento de uma agricultura ambientalmente sustentável que as explorações
capitalistas patronais” (OLIVEIRA, 2000).
Diante da importância da agricultura familiar e suas dificuldades, pelo já exposto, é
possível estabelecer a esta função de preservação ambiental com grande intensidade. Esta
actividade é conhecida como uma das que produzem maior impacto pro meio ambiente,
segundo o modelo económico do País. A própria exclusão social é danosa ao meio ambiente.
O mais grave é que mesmo com todos esses impactos, esses agricultores não possuem
grandes lucratividades ou produções exacerbadas, como nos grandes empreendimentos
agrícolas. Os desequilíbrios ocorrem no próprio contexto do ambiente familiar ou na
sociedade em que estar inserida, devido às restrições económicas e sociais, bem como o fato
de que 85% dos estabelecimentos familiares ocuparem apenas 30% da área. No outro
extremo, 11% dos grandes estabelecimentos ocupam 68% das terras, matas e recursos
hídricos, como relata Altafin.
Para Barros (2007) o perfil da agricultura familiar apresenta uma enorme
diversidade de sistemas produtivos e disponibilidade de recursos. Estes agricultores
dispõem de uma pequena área, têm capacidade baixa de investimento e demandas
tecnológicas de baixo custo, pois as tecnologias de ponta utilizadas em grandes
empreendimentos agrícolas (agricultura empresarial) são inviáveis em termos
económicos pra estes agricultores.

2.1.3. Água Superficial e Subterrânea

Relativo ao consumo pode-se afirmar que a distribuição é bastante desigual no planeta.


As áreas de ocupação concentram-se em regiões metropolitanas e são menos intensas em
regiões mais remotas ou que possuem problemas com vegetação e clima. Segundo o Instituto
de Defesa do Consumidor (IDEC) existe uma variação do consumo de água em todo o
mundo. O instituto aponta como factores determinantes para o consumo os seguintes: i) a
disponibilidade local, ii) nível de desenvolvimento dos pais, iii) nível de renda das pessoas. A
necessidade diária é de pelo menos 40 litros de água por dia por pessoa. Porém, o consumo
21

varia de 150 em países europeus reduzindo-se a menos de 25 litros por habitante por dia na
Índia.
Clarke e King (2005) afirmam que “o abastecimento de água no mundo está em crise”.
Há um crescente aumento da população e de suas necessidades. Com isso, haverá cada vez
mais, menor quantidade de água disponível por pessoa no planeta.
Já Gore (1993) refere-se às grandes mudanças na relação do homem X
terra, que, prolongando-se desde Revolução Industrial, vem provocando danos
irreparáveis aos recursos hídricos.

O autor cita algumas chamadas “ameaças estratégicas ao sistema hídrico global”: i) a


redistribuição das reservas de água doce; ii) a elevação do nível dos mares e a perda de áreas
litorâneas baixas; iii) mudanças nos padrões de uso da terra, a exemplo dos desmatamentos;
iv) a contaminação de todas as reservas de água pelos poluentes químicos produzidos pela
civilização industrial; v) pressão do rápido aumento da população; e, vi) sistemas de irrigação
inadequados.
A Agência Nacional de Água, através de seus relatórios anuais chama a atenção para o
fato das águas subterrâneas perfazerem 97% das águas doces e líquidas do planeta, fazendo
parte do ciclo hidrológico. No mundo todo existem, por estimativa, 300 milhões de poços
perfurados.

2.2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2.1.Fonte de Energia

A energia, definida por Cardoso (2010) como a capacidade de realizar trabalho ou o


resultado da realização do trabalho, é a grande impulsionadora da sociedade moderna, dos
níveis de produção, do conforto e bem-estar social. É a fonte básica para se criar produtos e
oferecer serviços, sendo a grande responsável pelo desenvolvimento económico de uma
região. Esta resulta do aproveitamento de inúmeros recursos naturais transformados ou
utilizados directamente como suprimento energético.
Muitos eventos mundiais ocorrem tendo como fundamento a utilização de energia. Já houve
diversas crises de abastecimento, embargos e guerras envolvendo nações devido à busca
constante e utilização de energia dos mais diversos tipos, com destaque para os combustíveis
fósseis, já que estes estão concentrados em algumas poucas nações. Outras fontes de energia
podem ser utilizadas internamente sem problemas maiores com o resto do mundo.
22

Portanto, diante das variadas fontes de energia devem ser observadas e utilizadas
aquelas que provocam o menor impacto ambiental possível, com um custo mínimo de
operação e reduzido na implantação. As fontes alternativas parecem ser a melhor opção,
mesmo com altos investimentos iniciais, mas que são absorvidos durante o tempo de vida do
projecto. Estes custos deverão ser reduzidos com o tempo, pois novas tecnologias estão
surgindo, e estas, com a substituição de matérias-primas na confecção de sua composição
física poderão ser mais acessíveis aos agricultores rurais.

2.2.2. PANORAMA MUNDIAL E NACIONAL DO USO DE ENERGIA SOLAR

2.2.2.1. Panorama mundial

A fonte solar representou uma parcela de apenas 1%1 do total da energia eléctrica
produzida no mundo em 2014 (SOLARPOWER EUROPE, 2015). No entanto, o uso das
tecnologias para geração eléctrica que utilizam o Sol como fonte tem crescido
substancialmente nos últimos anos, especialmente a fotovoltaica, que passou de 3,7 GWp2
para 177 GWp, entre 2004 e 2014 – crescimento anual de 47% (REN21, 2015). Esse
crescimento foi promovido por generosos subsídios à fonte, principalmente em países
europeus, em especial a Alemanha, na última década (PILLAI, 2015). Porém, a Europa foi
deixando de liderar o número de instalações a partir do momento em que reduziu os
incentivos. Dessa forma, vendo sendo observada uma transferência da liderança no número de
instalações para países asiáticos, principalmente a China.
O aumento na capacidade instalada também se traduziu em um aumento nos
investimentos3. Em 2014, estima-se que tenham sido investidos cerca de 150 bilhões de
dólares em energia solar 55% do total investido em energias renováveis no mesmo ano
(FRANKFURT SCHOOL-UNEP; BNEF, 2015).
O uso da energia fotovoltaica esteve inicialmente voltado às aplicações espaciais – em
satélites, por exemplo. Posteriormente, a tecnologia passou a ser alternativa para o
atendimento de locais isolados, funcionando em conjunto com baterias (sistemas off-grid). No
século XXI, no entanto, foi quando se observou um grande salto na utilização desta
tecnologia, sendo aplicada em sistemas conectados à rede (on-grid), tanto de forma
distribuída (pequenas unidades residenciais e comerciais), como centralizada (grandes plantas
geradoras). Actualmente, a tecnologia ainda é utilizada em sistemas isolados4, porém, a
capacidade instalada conectada à rede supera 99% do total (IEA PVPS, 2014).
23

Gráfico 1. Evolução da capacidade fotovoltaica acumulada.


Fonte: (EPIA, 2014; IEA PVPS, 2015).
No início da década passada, em função da maior atractividade económica, a maior
parte da potência instalada era em sistemas de geração distribuída. Com a queda nos custos
observada nos últimos anos, a geração fotovoltaica começou a surgir como alternativa de
geração centralizada. Dessa forma, observa-se, desde 2007, uma tendência no aumento da
participação de usinas fotovoltaicas no total da capacidade instalada mundial.
A heliotérmica, por sua vez, desde o princípio esteve maioritariamente dependente de
aplicações de grande escala, dificultando sua disseminação. As primeiras plantas comerciais
foram instaladas nos anos 1980. Na década seguinte, a fonte passou iniciou um período de 15
anos de estagnação (1991 a 2005). Em 2006, a Espanha e os EUA voltaram a investir na
fonte, porém, actualmente, o mercado de energia heliotérmica é bem inferior que o da
fotovoltaica, somando 4,4 GW em 2014 (REN21, 2015, p. 21).

2.2.2.2. Panorama Nacional

Moçambique apresenta uma radiação elevada e consistente ao longo do território, com


destaque para as províncias de Tete, Niassa, Nampula e Cabo Delgado, o que faz com que o
sol seja o recurso renovável mais abundante em Moçambique com um potencial global de 23
TW, dos quais, cerca de 600 MW de projectos com viabilidade de ligação à rede.
A radiação solar a uma escala global varia essencialmente em função da atmosfera,
geometria e do movimento do planeta relativamente ao sol, sendo que numa escala local, a
variação da radiação solar encontra-se maioritariamente associada à morfologia do terreno, ou
seja, variações de elevação, declive, exposição e sombreamento.
24

Moçambique apresenta uma radiação global em plano horizontal elevada quando


comparada com bons locais na Europa e Ásia, sendo bastante próxima de alguns dos melhores
locais do mundo, como a África do Sul e a Califórnia.
Em Moçambique, a radiação global em plano horizontal varia entre os 1.785 e 2.206
kWh/m2/ano.
Com base na radiação global em plano inclinado, na análise de declive do terreno,
densidade florestal e áreas inundadas, o potencial solar de Moçambique é de 23 TWp. O
recurso solar oferece inúmeras possibilidades quer para ligação à rede, quer para projectos de
electrificação rural (ver capítulo Energias Renováveis e Electrificação Rural).
Com o objectivo de ligação à rede, sem recurso a baterias, foram identificados e
estudados 189 locais com área suficiente para a instalação de 2,7 GW de solar fotovoltaico na
proximidade de subestações existentes. Para cada subestação e com base na respectiva
potência de curto-circuito foram seleccionados os melhores projectos, num total superior a
599 MW.
As províncias de Maputo e Tete são as que apresentam maior potencial para projectos solares
ligados à rede, essencialmente devido à robustez das infra-estruturas de transporte.

2.3. Energia Solar Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é a energia obtida através da conversão directa da luz em


electricidade e tem como base o efeito fotovoltaico. O efeito fotovoltaico, relatado por
Edmond Becquerel em 1839, é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de
uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. (TOLMASQUIM
2016).

Figura 1. Ilustração de efeito fotovoltaico


25

Um sistema fotovoltaico é uma fonte de potência eléctrica, na qual as células


fotovoltaicas transformam a Radiação Solar directamente em energia eléctrica. (bluesol.com).

2.3.1.Classificação do sistema fotovoltaico

Os sistemas fotovoltaicos são classificados de acordo à forma como é feita a geração ou


entrega da energia eléctrica em:
Sistemas Isolados
Sistemas conectados à rede (On-Grid)
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede fornecem energia para as redes de
distribuição. Todo o potencial gerado é rapidamente escoado para a rede, que age como uma
carga, absorvendo a energia. Os sistemas conectados à rede, também chamados de on-grid,
geralmente não utilizam sistemas de armazenamento de energia, e por isso são mais eficientes
que os sistemas autónomos, além de, geralmente, serem mais baratos.

2.3.2. Geração fotovoltaica

O elemento principal para a geração fotovoltaica é a célula fotovoltaica. Porém, o


aproveitamento em escala comercial desse tipo de energia se faz com o auxílio de outros
componentes. Primeiramente, as células são agrupadas e revestidas para formar os módulos
fotovoltaicos.

Figura 2. Camadas de um módulo fotovoltaico típico.


Fonte: Adaptado de http://www.riteksolar.com.tw/eng/p2-solar_modules.asp.
Cada uma das camadas ilustradas é descrita a seguir:
26

Moldura: parte externa estruturante do módulo, geralmente de alumínio. É através dela


que é feita a fixação do módulo.
Selante: composto adesivo usado para unir as camadas internas do módulo com a
moldura. Deve impedir a entrada de gases e humidade, além de proteger o interior de
vibrações e choques mecânicos.
Vidro: camada rígida externa que protege as células e condutores do ambiente, ao mesmo
tempo em que permite a entrada de luz para ser convertida em electricidade. É um vidro
especial, com baixo teor de ferro, com uma camada anti-reflexiva, e com superfície
texturizada, que evitam a reflexão da luz que atinge o vidro.
Encapsulante: filme que envolve as células, protegendo-as da humidade e dos materiais
externos, além de optimizar a condução eléctrica. O encapsulante mais utilizado é o EVA
(Etil Vinil Acetato).
Células Fotovoltaicas: componente electrónico responsável pela conversão directa da
energia electromagnética em energia eléctrica. Os diferentes tipos de células serão
detalhados na sequência.
Backsheet: parte inferior do módulo que previne a entrada de humidade e protege as
células de elementos externos. Além disso, oferece isolamento eléctrico adicional. O
Tedlar é o material base mais utilizado para confecção do backsheet.
Os módulos então são associados em série e paralelo para formar os arranjos de geração
com a tensão e a corrente desejada. A geração é feita em corrente contínua (CC), portanto,
geralmente é necessário o uso de um inversor para transformá-la em corrente alternada (CA),
podendo assim ser utilizada normalmente em aplicações convencionais conectadas à rede. Em
sistemas isolados (off-grid), além dos equipamentos citados, geralmente são utilizadas
baterias e controladores de carga para possibilitar o funcionamento do sistema.
Em centrais fotovoltaicas esses módulos foram pouco empregados até então,
provavelmente em função da falta de confiança dos investidores nos ganhos proporcionados
por essa tecnologia. Adicionalmente, os softwares de simulação de projectos fotovoltaicos não
estão adaptados para lidar com todas as complexidades dessa tecnologia, dificultando a
realização de estimativas e a consequente implementação de projectos com módulos bifaciais
(SORIA et al., 2016).
27

2.3.3.Componentes básicos de um sistema fotovoltaico

Notas: (1) Alguns sistemas isolados podem funcionar em corrente contínua, sem inversor.
(2) Existe uma tipologia híbrida de instalação, que consiste num sistema conectado à rede
com sistema auxiliar de baterias para backup. Nesse caso, é necessário o uso de um inversor
híbrido para o correto funcionamento.

2.4. SOFTWARE

2.4.1. Conceito de Software

Parte lógica do sistema de computação


Conjunto alterável de instruções que permite aos componentes de Hardware do
computador a realização de tarefas bem definidas.

2.4.2. Tipos de Software

Base ou Sistema
Aplicação

2.4.3. Classificação do Software

Software de base ou sistema: Conjunto de pequenos programas ou procedimentos que


fazem a gestão de recursos e operações de base de um sistema computacional, Inclui-se quer o
núcleo do Sistema Operativo, quer um conjunto de programas auxiliares que o acompanham
(notepad, calculadora, defrag)
28

Software de aplicação: Conjunto de programas que desempenham tarefas em particular para


utilização do computador Compiladores, interpretadores, aplicações, etc.

2.4.2. ENGENHARIA DE SOFTWARE

“Engenharia de Software é a aplicação de abordagens sistemáticas, disciplinadas e


quantificáveis no desenvolvimento e manutenção de software. Desta forma, se preocupa em
como realizar as diversas actividades envolvidas no processo de desenvolvimento de software
de forma que se tenha um produto elaborado com maior qualidade e menor custo. Neste
contexto, é uma área de conhecimento bastante abrangente envolvendo desde actividades
mais técnicas como programação até áreas mais gerenciais como controle de qualidade nos
processos utilizados.” (ARAÚJO; SPÍNOLA, 2007, p. 3).
“A Engenharia de Software é uma disciplina da engenharia que se ocupa de todos os
aspectos da produção de software, desde os estágios iniciais de especificação do sistema até a
manutenção deste sistema, depois que ele entrou em operação.” (SOMMERVILLE, 2003,
p.5).
“A Engenharia de Software visa à criação de produtos de software que atendam as
necessidades de pessoas e instituições e, portanto, tenham valor económico. Para isso, usa
conhecimentos científicos, técnicos e gerenciais, tanto teóricos quanto empíricos. Ela atinge
seus objectivos de produzir software com alta qualidade e produtividade quanto é praticada
por profissionais treinados e bem informados, utilizando tecnologias adequadas, dentro de
processos que tirem proveito tanto da criatividade quanto da racionalização do trabalho.”
(PAULA FILHO, 2007, p. 8).
Conclui-se das citações acima que a Engenharia de Software é uma área abrangente
que não resume-se à tarefa de codificação de um software, mas sim cuida dos aspectos
técnicos e gerenciais desde a fase de levantamento de requisitos de um sistema até a fase de
manutenção do mesmo. Com isso, a Engenharia de Software trata o software como um
produto, o qual deve ser útil aos seus usuários, possuir qualidade e valor económico.

2.4.3. QUALIDADE DE SOFTWARE

Sommerville (2003) afirma que a qualidade de um software é medida pelo grau em


que atende seus requisitos, seu comportamento quando em funcionamento, a estrutura e a
organização do programa fonte e também a documentação associada. Há muitos atributos de
qualidade de software, tais como: segurança, confiabilidade, documentação precisa e
29

completa, capacidade de recuperação, robustez, testabilidade, modularidade, portabilidade,


eficiência e facilidades de uso, de compreensão, de adaptação e de aprendizado. Em geral, não
é possível para qualquer sistema ser optimizado em relação a todos estes atributos. Assim,
deve-se definir quais deles são mais significativos para o produto a ser desenvolvido.
Sommerville (2003) resume quatro atributos essenciais de um sistema de software
bem projectado. A maioria dos métodos de engenharia de software, das ferramentas e das
técnicas é direccionada para a produção de software com estas características:
- Facilidade de manutenção. O software deve ser escrito de modo que possa evoluir para
atender às necessidades mutáveis dos clientes. Este é um atributo crucial, porque as
modificações em um software são uma consequência inevitável de um ambiente de negócios
em constante mutação.
- Nível de confiança. O nível de confiança do software tem uma gama de características que
incluem confiabilidade, protecção e segurança. O software confiável não deve ocasionar
danos físicos ou económicos, no caso de um defeito no sistema.

2.5. SOFTWARE PVSOLAR

O Software PVSOLAR foi desenvolvido em 1998 pela empresa Valentin Software


GmbH, localizada em Berlin, Alemanha, e anualmente sofre actualizações. O PVSOLAR é
distribuído em mais de cinquenta países e está entre os softwares mais utilizados no mundo,
por permitir que o usuário faça o planeamento, interpretação, simulação dinâmica e cálculo de
suprimento de energia solar em diversos sistemas (PVSOLAR, 2015). As informações da
irradiação solar são originárias da base de dados climáticas globais Meteonorm, que é
amplamente usada para simulação solar térmica e fotovoltaica (Meteonorm, 2019).
O software PVSOLAR foi desenvolvido para a modelagem e simulação de sistemas de
energia solar e é reconhecido pela facilidade de uso. Destaca, ainda, que entre suas principais
características estão:

O menu orienta o usuário na elaboração do projecto, numa sequência lógica e simples;


É possível criar cenários 3D de fácil compreensão;
Possibilita a utilização de mapas de satélites, como por exemplo do Google Earth;
Possibilita a importação e utilização de modelos 3D gerados por imagens de drones ou
criados em programas arquitectónicos como, por exemplo, o Sketchup;
30

O software possui funcionalidades que permitem simular o efeito de objectos no


sombreamento, como prédios, recortes no telhado, vegetação, antenas etc.;
Parametrização de módulos e inversores de acordo com a necessidade do projecto;
Possui ampla biblioteca de dados climáticos precisos e detalhados;
Apresenta o resultado da simulação em relatório que, além dos dados de geração de
energia, inclui dados de retorno financeiro, gráficos, entre outros;
É traduzido em português e adaptado às peculiaridades brasileiras mais importantes.

O PVSOLAR é um programa dinâmico para simulação de sistemas fotovoltaicos que


permite óptima visualização 3D e nível de detalhamento muito bom para avaliação de
sombreamento. Contém ampla biblioteca de componentes, como módulos, inversores,
componentes mecânicos etc., além da facilidade em alterar parâmetros da simulação,
possibilidade de avaliar a amortização do investimento entre outras funcionalidades.
Contudo, é possível destacar algumas actividades críticas durante a elaboração do
projecto, pois elas podem influenciar fortemente no desempenho do sistema fotovoltaico e/ou
maximizar ou minimizar os resultados da simulação. Entre as actividades críticas estão a
escolha dos componentes adequados ao sistema fotovoltaico que está sendo projectado; a
correta localização geográfica do projecto; a precisa indicação de direccionamento, e
inclinação dos módulos além da observância das normas regulamentadoras e normas técnicas
aplicáveis.
A Figura demonstra de forma sucinta as etapas de parametrização do software, divididas em
preparação, modelagem, dados adicionais e resultados. Após a simulação, é possível gerar e
imprimir um relatório de engenharia incluindo os parâmetros utilizados para a simulação e os
principais resultados. As ferramentas do sistema incluem o gerenciamento do banco de dados
meteorológico através da importação de diversas fontes e de componentes do sistema
fotovoltaico, incluindo dados dos fabricantes sobre módulos, inversores etc.
31

Figura 3: Etapas de parametrização do software


Fonte: adaptado Solarize (2017).
2.6. SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO

Segundo Mello (1993), a técnica da irrigação pode ser definida como sendo “a
aplicação artificial de água ao solo, em quantidades adequadas, visando proporcionar a
humidade adequada ao desenvolvimento normal das plantas nele cultivadas, a fim de suprir a
falta ou a má distribuição das chuvas”.
Para Almeida (1995), irrigação é a “aplicação de água na lavoura com o
objectivo de manter o nível de humidade do solo adequado ao metabolismo da
planta de sorte a conseguir maior metabolismo e produção”.

É através da irrigação que a produção agrícola pode ser intensificada com


regularização e disponibilidade durante o ano de diferentes culturas, pois essa prática permite
uma produção na contra estação. Reduz ainda as incertezas, prevenindo o agricultor contra
possíveis irregularidades de chuvas no decorrer das estações.
Em muitas regiões do País a irrigação é um factor tecnológico fundamental para a
produção agrícola, devido a reduzida precipitação pluviométrica e distribuição irregular de
chuvas no decorrer do ano. Esse processo garante o atendimento as demandas de água das
culturas locais, podendo aumentar a produtividade, porém com aumento de custos de
produção, que pode ser compensado se existir planeamento, escolha adequada de insumos e
aplicação adequada dos recursos, sem esquecer das técnicas e cuidados agrícolas envolvidos.
32

Com essa perspectiva, o que é preciso saber é a quantidade de água que deve ser
fornecida ao solo e a planta para atender as suas necessidades. Estes elementos são
fundamentais para serem dimensionadas as instalações de bombeamento de água para o
processo de irrigação. Com isso, o uso da água no País tem múltiplos usos, Na irrigação
observam-se os maiores consumos.
Os componentes principais de um sistema de irrigação são:
Manancial: podendo ser um rio, um lago, um poço ou um córrego qualquer.
Captação: compõe-se de canalização de entrada, conjunto moto-bomba e canalização de
saída.
Adutoras: são as canalizações, geralmente de PVC que levam água bruta até um corpo
receptor, como um reservatório de distribuição.
Reservatórios: onde se acondiciona água para uso e distribuição por gravidade.
Distribuição: são os componentes dos sistemas de irrigação: do reservatório até chegar às
plantas.

As aplicações mais importantes de uma motobomba acionada por painéis fotovoltaicos


(FV). Estão nas residências remotas distantes da rede eléctrica, nos bebedouros para animais e
na irrigação de culturas de baixo consumo de água. Diante disso, o sistema pode bombear
água em qualquer região que tenha capacidade máxima de 53.053l.mês-¹ ou 1.768,5 l.dia-¹.
Este sistema em situação real de trabalho, bombeando água a 20 m de altura apresentou
eficiência máxima de 9,58% no solstício de inverno e valor mínimo de 8,57% no solstício de
verão, considerando dias limpos (sem interferência de nuvens).

Para a instalação da bomba, existem duas formas (SunLab Power, 2009):


Directa: o painel FV fornece energia directamente à bomba, o que permite seu
funcionamento ininterrupto enquanto houver insolação. Nesse caso, o custo do sistema é
menor e é mais simples, pois não há adição de baterias, inversor ou controlador de carga, com
a desvantagem de limitação do bombeamento às variações de insolação.

Indirecta: acciona-se ao sistema FV baterias e um controlador de carga para armazenamento


de energia para necessidades posteriores de bombeamento ou outros usos.
33

Figura 4: Sistemas de bombeamento fotovoltaico. SunLab Power, 2009.

2.7. MODELO DA BOMBA EMPREGUE

2.7.1. O modelo centrífugo (Bombas Centrífugas)

Nas Bombas Centrífugas, ou Turbo - Bombas, a movimentação do fluido ocorre pela


acção de forças que se desenvolvem na massa do mesmo, em consequência da rotação de um
eixo no qual é acoplado um disco (rotor, impulsor) dotado de pás (palhetas, hélice), o qual
recebe o fluido pelo seu centro e o expulsa pela periferia, pela acção da força centrífuga, daí o
seu nome mais usual.

Figura 5: Ilustração de uma Bomba centrifuga

Em função da direcção do movimento do fluído dentro do rotor, estas bombas dividem-se


em:

Centrífugas Radiais (puras): A movimentação do fluido dá-se do centro para a periferia do


rotor, no sentido perpendicular ao eixo de rotação;
34

Centrífugas de Fluxo Misto (hélio - centrífugas): O movimento do fluido ocorre na


direcção inclinada. (diagonal) ao eixo de rotação;
Centrífugas de Fluxo Axial (helicoidais): O movimento do fluido ocorre paralelo ao eixo
de rotação.

OBS.: Este tipo de bomba hidráulica é o mais usado no mundo, principalmente para o
transporte de água, e é o único tipo de bomba fabricada pela SCHNEIDER, cujos diferentes
modelos e aplicações estão apresentados no catálogo acima citado.

2.7.2. Aplicação das Bombas centrífugas:

Usadas para irrigação dos campos;


Usadas para drenagem;
Usadas para abastecimento de Água.
Controlador de carga, com a desvantagem de limitação do bombeamento às variações de
insolação.
35

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DO ESTUDO

3.1. Quanto à abordagem

3.1.1. Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim,


com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os
pesquisadores que adoptam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um
modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua
especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria.
Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo
da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus
preconceitos e crenças contaminem a pesquisa (GOLDENBERG, 1997, p. 34).
Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas,
exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas
nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de
interacção) e se valem de diferentes abordagens.
A pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não
podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações
sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenómenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis.
A pesquisa qualitativa é criticada por seu empirismo, pela subjectividade e pelo envolvimento
emocional do pesquisador (MINAYO, 2001, p. 14).

3.2. Natureza e Tipo de Pesquisa

A pesquisa seguiu uma natureza exploratória, com a caracterização inicial do


problema, classificação e definição. Quanto à área da ciência, conforme Rodrigues (2007)
segue na linha teórica, sendo aplicada a uma área de conhecimento onde pretende-se
investigar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos. A modalidade da pesquisa, além de
teórica, enquadra-se como experimental, pois cria condições para interferir no aparecimento
ou na modificação dos fatos para explicar o que ocorre em fenómenos correlacionados.
36

Quanto à forma de abordagem é quantitativa, pois traduz em números opiniões e informações


a serem classificadas e analisadas.

3.3. Quanto aos objectivos

3.3.1. Pesquisa Exploratória

Este tipo de pesquisa tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria
dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que
tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que
estimulem a compreensão (GIL, 2007).
Essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL,
2007).
3.4. População e Amostra

3.4.1. População

A pesquisa constituiu o universo de amostra, o povoado de Benga-Moatize, província


de tete, com o intuito de adquirir informações relevantes e sólidas inerentes ao tema em
estudo.

3.4.2. Amostra

A amostra foi constituída por 5 agricultores da comunidade, que praticam agricultura


familiar com o uso de regadores para irrigar seus campos de cultivos, dentre os quais se
destacam em três (3) Homens e duas (2) Mulheres.

3.5. Técnicas e Instrumentos de colecta de dado

3.5.1. Técnicas de colecta de dados

Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram aplicadas as seguintes técnicas:


Entrevista e a observação. Por tanto, visa conhecer e se lidar presencialmente dos factos com
uma ampla clareza as situações pretendentes e vividas pelo agricultores do povoado em
estudo.

3.5.2. Instrumentos de colecta de dados

Para o desenvolvimento da colecção de dados, foram necessários os seguintes


instrumentos:
37

Um roteio de observação directa;


Um roteio de entrevista;
Uma máquina fotográfica/ Celular ANDROID com acesso a câmara fotográfica.
Caderno, lápis e caneta.

3.6. Procedimentos

Para a colecta de dados nessa pesquisa, seguiu os seguintes procedimentos:

Foi feita uma observação directa aos campos de cultivos do povoado:


I: Consistiu na identificação do local com maior incidência da radiação magnética/solar
para permitir a eficiência do tal sistema fotovoltaico que se pretende dimensionar no
povoado;
II: Observação da quantidade do recurso hídrico existente no povoado capaz de suprimir a
necessidade pretendida.
Baseou-se na conversa ou diálogo com agricultores em torno da eficiência produtiva, quanto
gasta por cada agricultor em litros por dia para irrigar seu campo.
Foi feita uma entrevista baseando-se no rendimento que os agricultores do povoado têm tido
nos campos de cultivos, olhando na ginástica que eles têm feito no uso de regadores.

3.7. Tratamento dos Dados

Para o trabalho do campo, consistiu no deslocamento do autor da pesquisa


directamente para o povoado em estudo com intuito de obter informações solidificadas que
serão analisadas para dar o contributo relevante no desenvolvimento da pesquisa.

3.8. Cuidados Éticos

Em 2017, foi relatado que o uso de mangueiras de jardim comuns em combinação com
bicos de pulverização pode gerar aerossóis contendo gotas menores que 10 μm, que podem
ser inaladas por pessoas próximas. Água estagnada em uma mangueira entre os usos,
especialmente quando aquecida pelo sol, pode hospedar o crescimento e a interacção de
Legionella e amebas de vida livre (FLA) como biofilmes na superfície interna da mangueira.

Foi descoberto que casos clínicos de doença do legionário ou febre de Pontiac estão
associados à inalação de aerossóis de mangueira de jardim contendo a bactéria Legionella. O
relatório fornece densidades microbianas medidas resultantes de condições controladas da
mangueira, a fim de quantificar os riscos à saúde humana. As densidades de Legionella spp.
Identificados em dois tipos de mangueiras foram considerados semelhantes aos relatados
38

durante surtos de legionelose por outras causas. É proposto que o risco poderia ser mitigado
drenando as mangueiras após o uso.

3.9. Localização e Período de operação

Para essa aplicação serão utilizadas as tarifas: convencional (com e sem desconto) e
horosazonal verde (com e sem desconto), nos períodos: seco e húmido, de ponta e fora de
ponta. Estas são as comummente utilizadas para sistemas de irrigação.

3.10. Variáveis de Estudo

As variáveis de estudo serão divididas em variáveis de entrada e de saída. As de


entrada são: área; tipo de cultura; vazão unitária (consumo por cultura); comprimento das
tubulações (sucção e recalque); alturas geométricas (sucção e recalque); natureza do tubo e
respectiva rugosidade; fonte de água disponível; fonte de energia; tempo de funcionamento da
bomba; radiação; tarifas de energia eléctrica; tempos de operação do sistema (horas, dias e
meses); radiação; preço; dados económicos (desconto; taxa, valor residual); período de
amortização; sol pleno; autonomia de banco de baterias; potência de um painel; capacidade de
bateria e diferença de potencial.

As variáveis de saída são as seguintes: diâmetros; vazão total; potência da bomba e do


sistema; altura manométrica; custos variáveis, fixos e totais; gráficos comparativos de análise
económica e conclusões envolvendo essas variáveis. Algumas dessas variáveis já foram
inseridas no programa, possibilitando-se assim somente sua escolha dentre algumas propostas.

Para a fonte de água, será definidos: rio (e similares); poço e açude (e similares). Para
os cenários foram seleccionadas rio e poço. As fontes de energia são: eléctrica convencional;
eléctrica horosazonal; combustão e solar. As bombas podem ser: centrífuga radial e axial de
eixo horizontal ou vertical

3.11. Instalação da Bomba

Para a instalação da bomba, existem duas formas (SunLab Power, 2009): Directa e Indirecta.
Nesta pesquisa defini o uso de forma indirecta porque consiste em possuir banco de
dados, de modo a garantir o fornecimento continuo do fluido para irrigação visto que a
insolação não é sempre constante em todos os dias. Pós será composto de bactérias, inversor
ou controlador de carga, com a vantagem de ilimitação do bombeamento nas variações de
insolação.
39

3. 12. Etapas de pesquisa

1a Etapa: Estudo da viabilidade do potencial solar existente na região em estudo, tendo em


conta com as condições climatéricas do local, a partir do software PVSOLAR;
2a Etapa: Levantamento da radiação ou insolação incide no local de estudo, extrair a radiação
media por mês que atinge a região de Benga por ano, com o uso do software PVSOLAR;
3a Etapa: Conhecer o volume da fonte das águas, a vazão, o espaço que pretende-se irrigar e
a escolha da bomba necessária a ser empregue conhecendo todas suas descrições em torno da
sua operação;
4a Etapa: Definir os m3 a ser consumido por dia ou por ano;
5a Etapa: Dimensionar o sistema fotovoltaico na região de Benga para irrigação dos campos,
obedecendo os passos seguintes do dimensionamento:
Dimensionar o número de módulos/painéis solares necessários;
Dimensionar o banco de baterias, conhecendo o numero de baterias;
Dimensionar o inversor;
Dimensionar controlador de carga.
6a Etapa: Definir as horas de funcionamento e os custos da operação;
7a Etapa: Operação
40

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS


RESULTADOS

4.1. Análise Técnica e Económica

O valor de vazão mínima e máxima deve ser definido para a fonte de energia Solar.
Esta vazão é pressuposta básico do dimensionamento, que se inicia conhecendo a vazão
unitária da cultura a ser irrigada, a área de irrigação, a altura de elevação e distância de
bombeamento da cultura ou ao reservatório elevado. Neste caso específico, considerou-se
somente à distância ao reservatório. Assim, determinada fonte de energia Solar pode ser
dispensada por não ser capaz de recalcar o mínimo estabelecido (dimensionado) ou ser
impossibilitada segundo uma vazão máxima que não atinge.

4.2. Análise Técnica de Bombeamento com Energia Solar

São apresentados os gráficos 4.1 a 4.3 onde a fonte solar atinge valores de vazões
estabelecidos conforme a radiação solar encontrada, em uma aproximação com o valor real
obtido. Podem ser percebidos valores de vazão conforme radiação solar e alturas de elevação,
permitindo, com isso, ser apresentadas relacionando vazão e radiação, onde, segundo a vazão
necessária, determina - se uma radiação ou vice-versa.
Também pode se definir, fixando-se uma altura de elevação, o número de painéis que
seriam necessários de acordo com uma potência estabelecida por placa solar. Com essas
informações foram confeccionados gráficos que possibilitam uma análise mais interessante
sobre essas relações.
O gráfico 4.4 mostra a insolação na região de BENGA, de acordo com as informações
fornecidas pelo PVSOLAR (2021), durante o ano. Nesta, percebe-se uma concentração maior
das horas de insolação entre os meses de Abril a Outubro, com incidência maior ainda nos
meses de Junho, Julho e agosto, Estabelecendo a potência das placas, a vazão diária e a altura
de elevação, os fabricantes possuem modelos que se adequam a pequenas vazões com custo
de investimento definido.
41

Gráfico 2: Curva Característica de bomba fotovoltaica. Fraidenraich, 1999.

Gráfico 3: Curva característica de bomba solar (de 5 a 70 m de elevação). Adaptado de Nakin


Lorentz PS600 CS-17-1 Solar.
42

Gráfico 4: Curva característica de bomba solar (de 2 a 20 m de elevação). Adaptado de Nakin


Lorentz PS600 CS-17-1 Solar.

INSOLAÇAO MEDIA MENSAL PARA BENGA


8
7
6
5
4
3
2
1
0
Tempo (mês)

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho


Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Gráfico 5: Horas de insolação no decorrer do ano em BENGA.

FONTE: (Autor 2021)

4.3. Escolha da Bomba Segundo Condições de Campo

Na definição do tipo de bomba deve ser verificada sua disponibilidade para atender
determinadas demandas. No caso de uso de bomba de energia potencial, suas vazões são
limitadas, o que pode limitar o alcance do projecto especificado. Com isso, as bombas
potenciais (carneiro hidráulico e roda d’água) foram descartadas para esse estudo específico.
Abaixo, são definidas possibilidades de escolhas de bombas, onde alguns dados foram
inseridos no software PVSLAR, confeccionado para esse fim. Denominando:
43

Tipo de Solo: Argiloso; Pedregoso; Arenoso; etc.


Tipo de cultura: Legumes; Frutos; etc.
Tipo de irrigação: Gotejamento;
Tipos de bombas: Centrífuga radial de eixo horizontal (a); Centrífuga radial de eixo
vertical (b); Axial.
Fonte de energia: Solar;
Fontes de água: Rio / Riacho (m); Açude / barragem / lago (n); Poço comum / Poço
artesiano (p).

A fonte solar pode accionar bombas directamente ou acumulado em baterias. O uso directo da
fonte solar feita através de kits pelos fabricantes é muito limitado no atendimento à demanda
de consumo e altura de elevação. Conforme foi verificado, a maior vazão que se consegue
com esses kits é de 800 litros por hora e altura máxima de elevação de 43 metros. O kit de
bombeamento solar da Anauger P100 (fabricante de bombas) pode bombear até 8.600 l/dia
com 180 Wp (Watts pico), porém, essa vazão é considerada baixa. Já o Kit de bombeamento
solar Shurflo 9325 bombeia até 1.500L de água por dia a uma altura de 70m. Em ambos a
bomba possui eixo vertical (usados para poços). Essa vazão é obtida em horários de sol pleno,
com potências de placas definidas e não se mantendo constante durante o dia. O custo de
aquisição é relativamente baixo.

Os sistemas de baixa vazão definidos para essa aplicação são: por microaspersão,
gotejamento e xique-xique (sistema de irrigação localizado através de tubos perfurados no
subsolo). Dentre esses, optou-se pelo gotejamento, pois, além de ser de baixa vazão,
possibilita um maior aproveitamento na cultura, por sua alta eficiência e eficácia, resultando
em maior produtividade.
A água chegará aos gotejadores por gravidade oriunda de um reservatório abastecido
por um sistema de recalque com origem em uma fonte de água definida, accionado por
bombas centrífugas ou axiais, dependendo da demanda. Com isso, esse reservatório deve
manter um nível de abastecimento contínuo durante algumas horas do dia. O conjunto
motobomba deverá funcionar durante um número de horas diárias fixadas que atendam as
demandas.

A simulação permitiu chegar a resultados que comprovem os experimentos


computacionais com base nos resultados de dimensionamento e uso de bombas para irrigação,
44

demonstrando qual (is) sistema (s) tornam-se adequados do ponto de visita técnico e
económica para as necessidades apresentadas. Trabalhou-se com faixas de vazões que
atendem demandas das culturas descritas.

4.4. Custo Anual dos Sistemas de Bombeamento

O custo anual fixo (CFA) dos investimentos dos componentes da adutora em sistemas
de irrigação pressurizados é obtido pela Eq. (4.1).

𝐶𝐹𝐴= 𝐶𝑎+ 𝐶𝑆𝑅− 𝑉𝑅 .𝐹𝑅𝐶 (4.1)

Onde:

FRC = factor de recuperação de capital. Sendo esse factor obtido pela Eq. (4.2).

𝐹𝑅𝐶= 1+𝑖 𝑛. 𝑖 1+𝑖 𝑛− 1 (4.2)

Onde:

i→ taxa anual de juros; e,

n → vida útil do equipamento, em anos.

O custo variável anual relaciona-se aos custos relacionados aos gastos anuais com a
manutenção e operação, o que envolve gastos com mão-de-obra, materiais e energia
consumida. No caso de bomba usando a fonte solar, o valor mensal do consumo de energia
(Ces) é dado pela Eq. (4.3):

Ces = Potência x consumo x tempo x preço (4.3)

Onde:

Ces → custo da energia solar

O custo total anual do sistema de bombeamento refere-se a todos os custos envolvidos


da captação ao primeiro ponto de aplicação (ou fim do recalque), dado pela soma dos custos
totais anuais fixos e variáveis.

4.5.Composição dos Custos de Bombeamento

Para compor os custos inicia-se por sua origem. Para dimensionar a bomba deve-se
definir sua potência que é função da vazão e altura manométrica. A vazão varia de acordo
com a cultura e área a ser irrigada. Cada cultura consome uma quantidade de água anualmente
45

por hectare, como é demonstrado na Tab. 4.1 Dessa tabela pode-se fazer uma previsão para
determinação da vazão total em m³/s.

Tabela 1: Consumo de água anualmente por cada cultura.

CULTURAS CONSUMO (mm) MÉDIA (mm) m³/ha

Hortaliças 250 – 500 375 3.750

Cebola 350 – 600 475 4.750

Milho 400 – 700 575 5.750

Batata 500 – 800 675 6.750

4.6. Custos do Sistema de Irrigação

Os sistemas de irrigação para a agricultura possuem duas etapas: uma refere-se ao


trecho que compreende da captação ao recalque. A outra está relacionada com as canalizações
e sistemas de irrigação. Ambos devem ser correctamente dimensionados para que a cultura
receba água na proporção adequada, sem excesso ou pouca água para seu desenvolvimento
normal. Nesse trabalho está restrito ao trecho da tubulação a canalização de recalque ou como
limite o reservatório superior ou, na ausência deste, do primeiro ponto de consumo ou
interceptação. Então, com base na experiência do projectista, das especificações técnicas e
relações matemáticas, chega-se ao dimensionamento, existindo assim, uma combinação de
factores que levam a melhores resultados em campo. Porém, esses factores, técnicos e de
experiência de campo, nem sempre se atentam às questões cruciais de todo empreendimento
comercial relacionado aos custos. Portanto, em grande parte das situações os projectos de
irrigação são montados sem contemplar possíveis combinações que garantam que os
requisitos de projecto sejam totalmente levados em consideração, principalmente referente aos
parâmetros de custo final, onde a solução encontrada poderia reflectir redução dos custos
envolvidos.
46

Para esse estudo os custos são definidos como sendo os seguintes:


1o: Custo de operação (CO) – Custos Variáveis (CV)

Energia solar

2o: Custo de implantação (CI) – Custos Fixos (CF)

Energia solar

3o: Custo total (CT)

Energia solar

4o: Definição da bomba (escolha):

Será escolhida a bomba que oferece o menor custo total e que atenda as necessidades
do usuário, de acordo com: i) a (s) fonte (s) de água disponível (is); ii) o consumo
desejado; iii) que recalque a água na altura manométrica definida.

Os custos de um sistema de bombeamento são analisados por Zacoleret al (2004). O


autor relata que esses sistemas assumem grande importância, já que todo o investimento
realizado é muito elevado e os custos associados podem viabilizar ou não as actividades
produtivas que o utilizam.
Esses custos são influenciados por diversas variáveis, como já descritas. Porém, a
maioria relaciona-se com os atributos físicos do local, sendo constantes em casos específicos.
As variáveis principais são relacionadas pelo autor como sendo: comprimento da tubulação e
tipo de material, desnível topográfico, necessidade de vazão, pressão no final da adutora e
comprimento da linha eléctrica de alta tensão (se for bombeada por motores à electricidade).
O diâmetro da tubulação de recalque provoca intensa variação nos custos do sistema,
que, teoricamente não está atrelada aos atributos físicos. Caso o bombeamento seja feito com
velocidade de escoamento baixa, terá um diâmetro relativamente mais elevado, o que resulta
em maiores gastos na tubulação e menores com a bomba, motores e energia para
accionamento, devido às menores alturas manométricas (com menor rugosidade). Caso
contrário, se o bombeamento for com velocidade alta, resulta em um diâmetro baixo,
elevando a altura manométrica (com aumento de rugosidade), resultando em maiores gastos
com energia, bombas e motores. Ou seja:
∅1<∅2 → Δ𝑓1>Δ𝑓2 →𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 1>𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 2
47

Com isso, as maiores perdas de carga decorrentes da redução do diâmetro resultam em


maior consumo de energia, o que implica em maiores gastos anuais. Baseando-se no critério
do custo total mínimo, desenvolveram-se algumas relações para obtenção do diâmetro, sendo
a equação de Bresse (Eq. (4.4)) a mais conhecida em operações contínuas.
∅=𝐾 .𝑄 0,5 (4.4)
Onde:
K → constante (depende da relação de custos de unidade de potência para o conjunto
elevatório e da unidade de tubulação assentada (varia de 0,7 a 1,3).
Para operações não contínuas em suas instalações de recalque, o diâmetro económico
pode ser calculado pela fórmula de Forchheiner (Eq. (4.5) ou pela fórmula da ABNT (Eq.
(4.6)).
∅=1, 46.𝑋 0,25 . √𝑄 (Forchheimer) (4.5)

∅=1, 3. 𝑇 0,25 . √𝑄 (ABNT) (4.6)


Onde:
X → número de horas de trabalho da instalação por ano dividido por 8760;
T → número de horas de trabalho da instalação por dia dividido por 24.
Com a obtenção do diâmetro e consequente velocidade económica, obtém-se uma
estimativa de minimização do custo anual total do sistema que abastece uma área irrigada,
sendo que os motores das bombas para essa situação são accionados por motores à
electricidade ou à combustão. Nos motores a electricidade são consideradas as diversas tarifas
de energia eléctrica fornecidas pela ANEEL com a possibilidade de descontos oferecidos
pelas concessionárias conforme o período do ano e horário de funcionamento. Com base
nessas informações foram obtidas as condições mais favoráveis de custos finais ao irrigante,
percebendo-se que o diâmetro económico oferece mais vantagens em termos de custos
variáveis para energia eléctrica, e este deve ser um diâmetro superior ao obtido no
dimensionamento, já que possui menos perda de energia enquanto o sistema está em
funcionamento, portanto, maior economia em determinado período de uso.
Logo, o menor custo anual total (CAT) é observado quando existe a situação
apresentada na Eq. (4.7).
dCAT
=0 (4.7)

Onde:
CAT → menor custo anual total
48

4.7. Escolha da Bomba Segundo Condições de Campo

A escolha de uma bomba segundo as condições oferecidas em campo dependerá


principalmente de dois factores que são: fonte de energia e fonte de água, tecnicamente deve
ser a opção mais prática para o bombeio da água em qualquer fonte de água disponível (rio,
açude, barragem ou poço).
Para a fonte de energia solar podem ser usadas bombas centrífugas para qualquer fonte
de água. Logo, tecnicamente as fontes de água descritas podem ser bombeadas usando essa
fonte de energia, o que possibilita o uso de fonte de energia em cenários diferentes para
irrigação.
O factor que decidirá a escolha por uma fonte de energia específica é o custo total
envolvido no processo de bombeamento. O custo é influenciado por diversas variáveis que
compõem essa fonte.
A bomba accionada por energia solar requer um investimento muito alto na
implantação, o que torna essa fonte de energia pouco atraente na instalação do projecto em
relação às outras fontes de energia.
Em todos os projectos existem custos fixos que são comuns. No decorrer da vida útil
do sistema os custos variáveis que devem existir em qualquer situação são os custos de
manutenção e reparos que correspondem a uma percentagem defendida na literatura
(equivalente a 2% sobre o investimento realizado) sobre os custos de implantação.

4.8. Apresentação dos resultados da entrevista aos agricultores do povoado

Ao apresentar os resultados obtidos aos agricultores entrevistados, teve a seguinte


designação: letra H representa os agricultores do masculino e M do género feminino. Para tal
são mostradas as possíveis respostas na tabela abaixo, em relação das questões colocadas.
Tabela 2: Ilustração das possíveis respostas dadas pelos agricultores entrevistados em
relação das questões colocadas.

Ordem Questões colocadas Respostas obtidas Obs.


1 Quantos litros de H1 30 Regadores 10 l Sugeriu-se
água que utiliza H2 Usa Gerador a diesel dos
diariamente, para H3 22 Regadores 10 l entrevistados,
irrigar sua M1 19 Regadores 10 l para
49

machamba? M2 20 Regadores 10 l disponilizar


regadores de
15 l
2 Como tem sido a H1 Complicado
ginástica do uso de H2 Normal
regador na irrigação H3 Muito esforçada
da sua machamba? M1 Muito cansativo
M2 Complicado

3 O que acha da
trajectória/movimento
realizado ao Muito Cansativo Resposta
transportar água do - comum
rio até a sua
machamba?

4 Quantas vezes H1 20 Vezes


necessitam de H2 15 Vezes
transportar, ao ponto H3 11 Vezes
de deixar o campo de M1 19 Vezes
cultivo húmido? M2 10 Vezes

5 Há quanto tempo H1 8 Anos Outros


pratica a irrigação de H2 4 Anos tiveram
culturas? H3 2 Anos difuldades do
M1 7 Anos tempo exacto
M2 3 Anos

6 O rio Rovubwe é H1 Sim O rio não


temporário/periódico? H2 Não seca
H3 Sim totalmente,

M1 Não apenas o

M2 Sim caudal
diminui
50

7 Se caso for
temporário/periódico
como fazes para Usam água dos poços, Resposta em
irrigar a sua - nos momentos de comum
machamba no tempo estiagem
seco?

8 Que tipo de cultura H1 Tomate, couve, milho


produz na sua H2 Repolho, alface, feijão,
machamba? tomate
H3 Milho, cebola, verdura,
tomate
M1 Hortícolas
M2 Pimento, cenoura, alface,
couve
M
9 Quais são as O não Uso de sistemas Resposta
dificuldades que de regadio; comum
impossibilitam a Falta de equipamentos
melhoria da sua - apropriados;
produção? Falta de prontos das
fertilizantes

10 Na sua opinião o que H1 Oferecer motomba a


deve ser feito para diesel
facilitar a irrigação, H2 Uso energia eléctrica
sem te criar muita H3 Oferecer regadores
ginástica? M1 Oferecer motomba a
diesel
M2 Uso energia eléctrica

Fonte: Autor (2021)


51

CAPITULO V:DIMENSIONAMENTO

5.1. Dimensionamento do sistema fotovoltaico para irrigação

Para o dimensionamento do sistema, ou seja, da usina recorreu-se ao


aplicativo/Software PVSOLAR, uma ferramenta amplamente usada no processo de
dimensionamentos de sistemas fotovoltaicos de micro-geracao e mini-geracao. Será possível
adquir os dados relativos a radiação solar n plano horizontal para a cidade de tete e o
coeficiente de sombreamento (albeldo).
O aplicativo dispõe de um hiperligação que da acesso Meteonorm 7.1 que é base de
dados com mais de 8.00 estações meteorológicas espalhadas pelo mundo todo relativos a
energia solar e eólica para Asia, África, e Europa.

5.2. Local de instalação e disponibilidade da fonte de energia solar

A disponibilidade de energia é verificada usando os dados ʺMeteonorm 7.1ʺ em torno


dos valores médios diários da radiação solar num plano horizontal. O local onde pretende se
instalar o sistema tem as seguintes coordenadas: Tete, latitude -16o.1333 S, longitude 33o 34ˈ
58 ̎ E e altitude 138 M, a radiação média diária por mês para o plano horizontal estima se da
seguinte maneira na tabela abaixo:
Tabela 3: Média de radiação diária por mês no plano horizontal para a cidade de Tete
[KW/ms]

Jan Fev. Marc. Abr. Maio Junho Julho Ago. Set. Out. Nov. Dez.
6.39 6.42 6.09 5.46 4.94 4.43 4.50 5.29 5.69 6.42 6.80 6.33
Fonte de dados: PVSOLAR (1991-2010)

Portanto, os valores da radiação solar anual no plano horizontal para este local, Tete
(latitude -16o 10ˈ 58 ̎ S, longitude 33o 34ˈ 58 ̎ E), Fuso horário UTC+2, media anual de
temperatura 25,2o, Tensão de 230 V, Quantidade 3-fasico, 𝑐𝑜𝑠𝜑 1, estão na ordem de 2093
KWh/m2, segundo os dados fornecidos pelo aplicativo PVSOLAR citando aʺ Meteonorm
7.1ʺ. dividindo este valor pelo numero equivalente a um ano que são 365 dias, teremos
diariamente a cidade recebendo uma radiação media de 5,73Wh/m2. De modo a acomodar a
demanda energética na instalação de sistema durante o período com menor índice de radiação
solar, considera se o mês mais critico do ano, neste caso Junho com uma radiação de
4.43KWh/m2.
52

Um dos critérios para dimensionar um sistema fotovoltaico é utilizar o mês de menor


incidência de radiação solar, de mo a garantir o atendimento da carga com o nível de
confiabilidade superior. ELIANE;FARIA e FADIGAS (2012,P.80). Olhando em 3h/dia de
insolação.

A Captação da água para irrigação escolhe se uma captação do rio, ao lado da área
irrigada com uma altura manométrica total definida. A energia gerada por arranjos
fotovoltaicos alimentara a bomba e o seu excedente será armazenado pelo banco de baterias e
poderá ser usado caso a energia gerada nos terminais disponíveis não seja suficiente para
accionar a carga.

Por considerar uma vazão por metro quadrado para irrigar no verão. Considera se a
vazão de 10 m3/h, por de 1200 m2, a uma necessidade diária de bombear 8600 l/dia

5.3. Descrição da bomba seleccionada

A bomba a ser empregue tem as seguintes especificações: descrevendo, o modelo será


de BC-92S 1B de 2 cv de marca Schneider, para altura manométrica de 28m, a vazão de 9
m3/h. Como ilustra a tabela baixo:

Tabela 4: Especificação da bomba

Modelo da bomba Potencia (Cv) Tensão (V) Corrente (A)

BC-92S 1B 2 110 15

Fonte: Autor (2021)

5.4. Potência eléctrica da bomba

A potência da bomba é directamente proporcional a tensão multiplicada a corrente:

PB =V × I ↔ PB= 110 × 15 = 1650 V.A (5.1)

Onde:

PB → Potência eléctrica da bomba

V→ Tensão

I → Corrente:
53

5.5. Descrição dos painéis solar empregues no projecto

Sua unidade característica é o Watt-pico, que é a potência gerada pelo painel quando
submetido as condições padronizadas de teste STC (Standard Test Conditions). A STC
considera temperatura da célula de 25o C, espectro de massa de ar 1, 5, irradiação solar
Padronizada de 1000 W/m2 (1 KW/m2) (que pode ser considerada a irradiação ao meio-dia de
um dia claro e quente) (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
Será usado o modelo solar SUNPOWER SPR-X21-345, Com Tecnologias das células solares:
Monocristalino; números de células solares: 96.
As especificações serão ilustradas na tabela abaixo:
Tabela 5: Especificação de painel

MODELO POTENCIA TENSAO CORRENTE


MAXIMA MAXIMA MAXIMA
(W) (V) (A)
SUNPOWER SPR- 150 20 10
X21-345
Fonte: Autor (2021)

5.6. Arranjos fotovoltaicos (Energia da bomba)

Para saber a energia da bomba é necessário multiplicar a potência da bomba por tempo
necessário para deixar húmido o terreno de cultivo ou o tempo necessário para encher o
reservatório.

𝑽 𝟖𝟔𝟎𝟎 𝟖.𝟔 𝒎𝟑
EB=PB × t ↔ t= 𝑸 = = 𝟏𝟎 𝒎𝟑 /𝒉 = 0,86 Horas
𝟏𝟎

EB= 1650 × 0,86 = 1419 Wh/dia (5.2)

Onde:

EB → Energia da bomba

PB → Potência eléctrica da bomba

t → tempo necessário para deixar húmido o terreno de cultivo ou o tempo necessário


para encher o reservatório.
54

5.7. Cálculo de números de painéis

Para calcular o número de painéis que necessita se para alimentar a carga, é necessário
conhecer a energia que um painel solar pode gerar, para tal considera se a seguinte expressão:

EP = PP × HSP = 150 × 3 = 450 Wh/dia

Já sabendo que um painel solar produz 450 Wh/dia, calculamos o número de painéis a
ser empregues da seguinte maneira:

N= EB ÷EP= 1419 ÷ 450 = 3. 15 Painéis (5.3)

Onde:

EB → Energia da bomba

N → números de painéis

EP → energia gerada pelo único painel

HSP → Numero de horas do sol pleno

PP → potência máxima dos painéis empregue

Para tal precisamos o número de 4 painéis, para empenho do sistema na sua operação.

5.8. Dimensionamento das baterias

Segundo a BlueSol, O banco de baterias será composto por baterias Chumbo-Acido,


que são baterias de 12 V de tensão nominal, e tem capacidade (C = 180 Ah). A melhor
profundidade de descarga para este modelo é de 90 %. Com 3 dias de autonomia e
profundidade de descarga no fim da autonomia em 90%, temos em torno de 10% de
profundidade de descarga diária. Para o dimensionamento de bancos de baterias, será
necessário conhecer as especificações, como ilustra a tabela a baixo:
Tabela 6: Especificação de bateria

MODELO DE CAPACIDADE TENSAO (V) CAPACIDADE


(Ah) PARA
BATERIA
DESCARGA

Chumbo-Acido 180 12 90%

Fonte: Autor (2021)


55

5.8.1. Cálculo da capacidade do banco de baterias

Ah
𝐸𝑡 𝑥 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 450 x 3dias
dia
Q = 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = = 1500 Ah (5.4)
0,9

Onde:

Q→ Banco de baterias

O banco de baterias deve ter uma capacidade de 1500 Ah

5.8.2. Cálculo do número de baterias

Nb = Q/C = 1500/180 = 8 baterias. (5.5)


Onde:
Nb→ número de baterias
C → capacidade de bateria
Será necessário, para o sistema a aquisição de 12 baterias de 12 V.

5.9. Descrição da especificação técnica do inversor empregue no projecto

Será usado o inversor, de marca XANTREX com uma potência nominal de 4000 W,
potência máxima do surto de 10000W, tensão de saída 115V, com amplitude de voltagem de
entrada 10,5 ~15,5VCC. Como ilustra a tabela a baixo:

Tabela 7: Especificação do inversor

MODELO POTENCIA POTÊNCIA TENSAO DE TENSAO DE


NOMINAL DE SURTO ENTRADA SAIDA

(W) (W) (V) (V)

XANTREZ 4000 10000 10,5 ~ 15,5VCC 115VCA +/- 5%


5000

Fonte: Autor (2021)


5.10. Descrição do controlador de carga empregue

Os controladores de carga usados são de modelo PR3030, de acordo com as


especificações ilustradas na tabela abaixo:
56

Tabela 8: Especificação do controlador de carga

MODELO TENSAO DO SISTEMA CORRENTE SUPORTADA

(V) (V)

PR3030 12 30

Fonte: Autor (2021)


5.11. Investimento inicial

Para concretizar o estudo, é necessário a demostração dos custos em torno de cada


equipamento que será necessitado para a execução do projecto.

Tabela 9: Estimativa do custo do projecto

EQUIPAMENTO MODELO QUANTIDADE PRECO TOTAL/EQUIPAM TOTAL


ENTO (MT) (MT)
(MT)

BOMBA BC-92S 1 8500 8500


1B

PAINEL SOLAR SunPower 4 5000 20000


SPR-X21-
345

BATERIA 8 3500 28000


Chumbo- 83000
Acido

INVERSOR XANTRE 1 2000 2000


Z 5000

CONTROLADOR PR3030 1 3500 3500


DE CARGA

CABOS - 2 Rolos 3000 6000

TUBOS - 3 Rolos 5000 15000

Fonte: Autor (2021)


57

CAPITULO VI: CONCLUSÕES E PONTOS DE REFLEXÃO

Neste capitulo descre-se as conclusões tanto como pontos de reflexão relacionados a


pesquisa.

6.1. CONCLUSÕES

As condições existentes em campo oferecem múltiplas possibilidades de escolha de


bomba para atender determinada necessidade de irrigação. As características físicas da região
influenciam na demanda e devem ser analisadas para definir a escolha adequada. As fontes de
água existentes devem ser observadas e analisadas quanto à possibilidade da definição da
bomba. Nesse caso, a demanda de água tem que ser captada de uma fonte que tenha vazão
suficiente para atender essa necessidade durante o tempo que for necessário.

Caso seja de um reservatório, este deve ser dimensionado de forma que atenda as
demandas hídricas das culturas a serem irrigadas. Assim, faz-se necessário um estudo prévio
dessas fontes para se verificar se atendem as necessidades do projecto, sendo a fonte que
estiver disponível: rio, açude, barragem ou poço. No caso do poço, deve ser observado e
analisado o lençol freático em relação à profundidade, volume de água e propriedades físicas
e químicas.

Diante do exposto e dos resultados apresentados foi desenvolvido um software


denominado PV SOLAR, através do qual possibilitou analisar o dimensionamento do sistema
de irrigação a partir da utilização da principal fonte de energia: solar, apresentando uma
plataforma amigável com o usuário, em que são definidas as fontes de energia, fonte de água,
tipo de bomba a ser empregada no processo de irrigação, definida pela optimização em função
do custo anual total (CAT) e do tipo de energia, segundo o critério de custo total mínimo.

Foi realizado o estudo de caso no povoado de BENGA, nas proximidades da cidade de


Tete, em que através das simulações e análises dos resultados possibilitou a comprovação dos
estudos de caso usando o software proposto, uma vez que os resultados gerados estão em
acordo com os observados na literatura existente que discorre sobre o assunto. Ou seja, a
potência da bomba está compatível com o esperado para cada sistema simulado, com o
diferencial de que o programa dispõe de potências e diâmetros mais económicos quando
analisados os custos fixos e variáveis separadamente e depois em conjunto resultando nos
custos totais.
58

Também foi feita uma análise pra uma condição de um hectare com a finalidade de
expor um resultado para uma área unitária e assim ter um resultado padrão de
dimensionamento e análise de custos. Em outra situação foi verificado o comportamento dos
custos quando se mantém o consumo de demanda convencional igual ao consumo de
demanda horosazonal. Aqui se pode perceber a importância da variação de tarifas para a
obtenção de desconto para o agricultor, onde a redução da tarifa horosazonal possibilita um
menor custo variável.

Foi verificado que no dimensionamento, com base nos dados de campo e


características dos materiais, obteve-se um diâmetro óptimo e a respectiva velocidade
económica. Esse diâmetro aumenta os custos fixos, mas permite obter economia nos custos
variáveis, pois reduz o custo com bombeamento, com redução do consumo de energia. Para
energia solar o diâmetro óptimo aumenta o custo anual fixo, pela aquisição dos materiais não
interferindo no custo anual variável.

6.2. Considerações Finais

As diferentes modalidades de tarifação praticadas pela ANEEL permitem uma


economia quando o sistema é direccionado para ter atenção às diferentes faixas de cobrança,
evitando o abastecimento do reservatório ou irrigação nos horários de pico e menor utilização
no período seco, quando as tarifas são mais elevadas. Uma atenção especial deve ser dada ao
horário especial com desconto para irrigantes, quando se obtém uma redução de tarifas de
70% entre as 23 h e 5 h, reduzindo-se, assim, os custos.

Por esse motivo, é sempre necessário e económico ter uma atenção com os
equipamentos, principalmente com a manutenção e troca do conjunto motobomba.

A situação actual deve ser sempre diagnosticada para propor uma solução energética
optimizada. No caso de tempo de funcionamento do conjunto motobomba, se este for
reduzido, segundo o Teorema de Bernoulli, a vazão total é mantida, pois a vazão unitária não
varia para determinada cultura dada. Nesse caso, outras variáveis são necessariamente
modificadas: velocidade e pressão. A perda de carga varia conforme possíveis variações no
diâmetro do tubo. Este pode manter-se fixo, segundo os princípios observados na Equação da
Continuidade.
59

Caso o sistema possua baixa eficiência necessitará de uma potência maior para elevar
um mesmo consumo de água. Um consumo excessivo de energia é demandado para essa
expectativa, isto é, realizar o mesmo trabalho hidráulico.

Para a agricultura familiar é mais interessante o uso de energia solar, pois na maioria
dos casos consegue atender as demandas solicitadas de consumo diário das culturas irrigadas.
Nesse caso, o custo de investimento é elevado, mas que pode ser compensado em um
horizonte de prazo determinado pelo modelo, tendo em vista o custo variável anual fazer uma
compensação em relação à energia eléctrica ou combustão, caso seja comparada com estas.

Por fim conclui-se que o software PVSOLAR atendeu as expectativas esperadas, pois
realiza o dimensionamento de forma rápida e precisa, define os custos isoladamente e em
conjunto.

No modelo, com base nos dados de campo características dos materiais, foi
dimensionado o sistema obtendo-se o diâmetro óptimo e a velocidade económica. Esse
diâmetro aumenta os custos fixos, mas permite obter economia nos custos variáveis, pois
reduz o custo com bombeamento, com redução do consumo de energia, no caso de fonte de
energia eléctrica convencional ou horosazonal. Para energia solar o diâmetro óptimo aumenta
o custo anual fixo, pela aquisição dos materiais não interferindo no custo anual variável.

6.3. Resultados esperados

Espera-se com o presente estudo:

Consciencialização das pessoas sobre a necessidade da adopção de hábitos saudáveis


economicamente e ambientalmente no que tange ao uso da corrente eléctrica e o uso de
combustíveis fósseis para a irrigação dos campos de cultivos;
Espera-se que as pessoas adoptem o sistema fotovoltaico como solução para
independência energética, no uso de bombeamento de água para a irrigação dos campos
de cultivos;
Redução significativa do custo da tarifa energética no bolso do consumidor para suprimir
as necessidades energéticas, para a irrigação dos seus campos de cultivos.
60

6.4. Recomendações

Como recomendações para complementar esse trabalho ou para trabalhos futuros, sugere-se
as seguintes actividades.

Disponibilizar o software PVSOLAR para ser utilizado por empresas públicas e privadas
pra reduzir o esforço na escolha de fontes de energia e sistemas de bombeamento.
Possibilitar o acesso desse estudo para agricultores familiares e/ou instituições a para
possibilitar uma melhor escolha e redução de custos de investimentos e custos
operacionais.
Realizar o estudo de optimização contemplando todo o sistema de irrigação incluindo os
custos relacionados às técnicas de irrigação.
O software PVSOLAR pode ser aplicado para fins didácticos, comparando-se os
resultados obtidos conforme os fins utilizados e os valores das variáveis de entrada.
Analisar, definir, quantificar e incluir os custos ambientais em um novo software e que
este seja considerado nos custos finais.
61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas-brasil. Introdução as


energias renováveis.2013
TOLMASQUIM, Maurício T. energia renovável, Empresa de pesquisas energéticas, Rio
de Janeiro 2016
UCZAI, Pedro. Energias renováveis riqueza sustentável ao alcance da sociedade.
Biblioteca Digital, 1ª edição. Brasília 2012
ABATE, C. BOTREL, C. A. Carneiro hidráulico com tubulação de alimentação em
aço galvanizado e em PVC. V. 59, n.1. Piracicaba: Scientia Agrícola, 2002.
ABNT. Norma 7094:2003. Máquinas eléctricas girantes – motores de indução –
especificação. Rio de Janeiro, 2003. ABNT. Norma 12.214:1993. Projecto de sistema de
bombeamento de água para abastecimento público. Rio de Janeiro, 2003.
ABRADEE. Disponível em: www.abradee.com.br. Acesso em: 15 jan. 2013. Adapta
Sertão, Tecnologias sociais de adaptação a mudança climática. Disponível em
www.adaptasertao.net. Acesso em: 15 jan. 2011.
ALDABÓ, L. Energia solar. São Paulo: Artliber, 2002.
ALMEIDA, Ailton de. Perdas de cargas em peças especiais de sistemas de irrigação
por aspersão convencional. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1995.
ALTAFIN, Guimarães Iara. Reflexões sobre o conceito de agricultura familiar.
SILVA, Selénio R. Dimensionamento de sistemas fotovoltaicos para bombeamento de
água. Belo Horizonte: PPGEE/CPH/UFMG, [2000?].
ANA. Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2011.
62

APÊNDICE
63

EXTENSÃO DE TETE
CURSO DE ENSINO DE FÍSICA E ENERGIAS RENÓVAVEIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

APÊNDICE I
ROTEIRO DE ENTREVISTA DIRIGIGO AOS AGRICULTORES DO POVOADO DE
BENGA

Estimado agricultor (a), o presente roteiro é parte integrante de um estudo que este ser
realizado com o tema: Dimensionamento de sistema fotovoltaico para irrigação dos
campos, no povoado de Benga.

De referir que o mesmo tem como objectivo a elaboração de monografia científica


para a conclusão de nível de Licenciatura em ensino de Física com habilitações em Energias
Renováveis na Universidade Púnguè - delegação de Tete, as perguntas serão abertas e
fechadas. A sua contribuição é de extrema importância para o desfecho desta pesquisa,
respondendo as questões de forma clara, objectiva e sincera.

A sequência das questões

1. Quantos litros de água que usa diariamente para irrigar sua machamba?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………
2. Como tem sido a ginástica do uso de regador na irrigação da sua machamba?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………...
3. O que acha da trajectória/movimento realizado ao transportar água do rio até a sua
machamba?
64

………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………..
4. Quantas vezes necessita de transportar, ao ponto de deixar o campo de cultivo
húmido?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………
5. Há quanto tempo pratica a irrigação de culturas?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………

6. O rio Rovubwe é temporário/periódico?


………………………………………………………………………………
……………………………………………………………………………….………
………………………………………………………………………...
7. Se caso for temporário/periódico como fazes para irrigar a sua machamba no
tempo seco?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………
8. Que tipo de cultura produz na sua machamba?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………
……………………………………………………………….
9. Quais são as dificuldades que impossibilitam a melhoria da sua produção?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………
10. Na sua opinião o que deve ser feito para facilitar a irrigação, sem te criar muita
ginástica?
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………………………………
………………………………………………………………...
65

EXTENSÃO DE TETE
CURSO DE ENSINO DE FÍSICA E ENERGIAS RENÓVAVEIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

APÊNDICE II
ROTEIRO SISTEMATICO DE OBSERVAÇÃO NO POVOADO DE BENGA
O presente roteiro serve de base da observação feita no povoado de Benga. Constam nele
variáveis na verificação das condições climatéricas e geomorfologicas do povoado.

Variáveis Parâmetros de observação


1a Perfil do povoado A. Localização das machambas
B. Topografia do povoado
C. Redes pluviais
2a Condições de canalização no povoado A. Geologia do povoado
B. Tipo de solo
C. Vulnerabilidade
3a Condições do local para a captação da A. Geológicas do rio
água
B. Natureza do rio
C. Porosidade do rio
D. Poluição no local
E. Área para a captação da água
F. Velocidade do escoamento
4a Condições do local da instalação do A. Topografia da área
sistema de irrigação fotovoltaico
B. Área para instalação dos painéis
C. Horizonte
66

ANEXOS
67
68

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