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Assane Eugénio Agostinho

PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA


IRRIGAÇÃO DE CULTURAS. CASO DA LOCALIDADE DE MATIBANE –
NAMPULA

(Licenciatura em ensino de Física, com Habilitações em Energias Renováveis)

Universidade Rovuma

Nampula
2022
ii

Assane Eugénio Agostinho

PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO PARA


IRRIGAÇÃO DE CULTURAS. CASO DA LOCALIDADE DE MATIBANE –
NAMPULA

Monografia Científica a ser apresentada na


Faculdade de Ciências Naturais, Matemática e
Estatística, como requisito parcial a obtenção
do grau de Licenciatura em ensino de Física,
com Habilitação em Energias Renováveis.

Supervisor: Prof. Dr. Caisse Amisse

Universidade Rovuma

Nampula
2022
iii

Índice

I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13

1.1. Contextualização ............................................................................................................... 13

1.2. Problema de estudo ............................................................................................................ 14

1.3. Justificativa ........................................................................................................................ 15

1.4. Objectivos .......................................................................................................................... 16

1.5. Hipóteses ........................................................................................................................... 16

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 17

2.1. Energia Solar ..................................................................................................................... 17

2.2. O sol como fonte de energia .............................................................................................. 17

2.3. Energia Fotovoltaica .......................................................................................................... 18

2.4. Sistemas Fotovoltaicos ...................................................................................................... 18

2.4.1. Tipo de Sistema Fotovoltaico ........................................................................................ 19

2.4.2. Sistema Fotovoltaico Para Irrigação .............................................................................. 20

2.4.3. Componentes Para o Sistema Fotovoltaico Para Irrigação ............................................ 21

2.4.4. Dimensionar do Sistema Fotovoltaico ........................................................................... 25

2.4.4.1. Tipos de Dimensionamento.................................................................................... 25

III. METODOLOGIA............................................................................................................... 27

3.1. Levantamento Bibliográfico .............................................................................................. 27

3.2. Caracterização Geográfica do Ambiente e das Condições Locais Para Implantação do


Sistema Fotovoltaico ................................................................................................................ 27

3.3. Insolação e Radiação solar Incidente................................................................................. 28

3.3.1. Insolação ....................................................................................................................... 28

3.3.2. Radiação Solar Incidente .............................................................................................. 29

3.4.Dimensionamento do Sistema Fotovoltaico ....................................................................... 30

3.4.1. Cálculo da Energia Produzida Pelos Módulos .............................................................. 30


iv

3.4.2. Dimensionamento do Número de Módulos .................................................................. 31

3.4.3. Dimensionamento do Banco de Baterias ...................................................................... 32

3.4.4. Dimensionamento do Controlador de Carga e do Inversor .......................................... 33

3.4.5. Escolha do Conjunto de Bombas .................................................................................. 34

3.4.6. Determinação da Eficiência do Sistema ....................................................................... 35

3.4.7. Orientação e Inclinação dos Módulos Fotovoltaicos;................................................... 36

3.5.Viabilidade Económica do Sistema Fotovoltaico............................................................... 38

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 40

4.1.Sistema Fotovoltaico .......................................................................................................... 40

4.2.Eficiência do Sistema Fotovoltaico .................................................................................... 44

4.3.Resumo das Características do Sistema Fotovoltaico Dimensionado ................................ 44

4.4.Configuração e Funcionamento do Sistema Fotovoltaico Para Irrigação .......................... 45

4.4.1. Material Necessário ...................................................................................................... 45

4.4.2. Procedimento Experimental ......................................................................................... 45

4.4.3. Modo de Funcionamento .............................................................................................. 46

4.5.Viabilidade do Sistema Fotovoltaico (Payback) ................................................................ 46

V. CONCLUSÕES E RECOMENDACÕES ........................................................................... 48

5.1.Conclusões .......................................................................................................................... 48

5.2.Recomendações. ................................................................................................................. 48

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 49

APÊNDICES ............................................................................................................................ 53
v

Índice de Tabelas

Tabela 3.2: Eficiência dos painéis ----------------------------------------------------------------------36

Tabela 4.1: Características do módulo e bateria usada-----------------------------------------------40

Tabela 4.2: Características do material dimensionado-----------------------------------------------44

Tabela 4.3: Relação nominal do material dimensionado--------------------------------------------45


vi

Índice de Figuras

Figura 2.1: Sistema de módulos fotovoltaicos--------------------------------------------------------19

Figura 2.2: Sistema conectado à rede-------------------------------------------------------------------20

Figura 2.3: Sistema fotovoltaico para irrigação-------------------------------------------------------21

Figura 2.4: Placas ou módulos fotovoltaicos----------------------------------------------------------22

Figura 2.5: Inversores solares---------------------------------------------------------------------------22

Figura 2.6: Caixa de junção-----------------------------------------------------------------------------23

Figura 2.7: Suporte para instalação em plano horizontal--------------------------------------------23

Figura 2.8: Bateria----------------------------------------------------------------------------------------24

Figura 2.9: Controlador de carga-----------------------------------------------------------------------25

Figura 2.10: Bomba hidráulica--------------------------------------------------------------------------26

Figura 3.1: Número de horas em que o sol é visível em Nampula---------------------------------29

Figura 3.2: Energia solar de ondas curtas médias que chegam ao solo em Nampula------------30

Figura 4.1: Conjunto de módulos fotovoltaicos de 350W de potência cada----------------------41

Figura 4.2: Banco de baterias dimensionadas para 1000Ah-----------------------------------------43

Figura 4.3: Organização do sistema fotovoltaico dimensionado------------------------------------46


vii

Lista de abreviaturas

𝐴 Ampére
𝐴ℎ Ampére a hora
𝐸𝐷𝑀 Electricidade de Moçambique
ℎ Hora
𝐻2 Hectare ao quadrado
𝐾𝑚 Quilómetro
𝐾𝑊ℎ Quilowatts a hora
𝑚3 Metros cúbicos
𝑚𝑚 Milímetro
𝑁𝑂𝐶𝑇 Normal Operation Cell Temperature (Temperatura normal de operação da
célula)
º𝐶 Graus celsius
𝑃𝐸𝑅𝐶 Passivated emitter and rear contact (Emissor Passivo e Contacto Traseiro)
𝑠. 𝑑 Sem data
𝑆𝑇𝐶 Standard Test Conditions (Condições padronizadas de teste do módulo)
𝑉 Volts
𝑊 Watt
𝑊ℎ Watts a hora
viii

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Allah (Deus), Todo Poderoso, pelo dom da Vida, Sabedoria e da
Paciência em que me concedeu a cada segundo da minha caminhada, bem como pela força que
tem me dado para superar e ultrapassar as dificuldades obtidas.

Um especial e grandioso agradecimento ao meu supervisor: Prof. Dr. Caísse Amisse, pela
confiança, paciência e apoio que me facultou para que o trabalho se tornasse uma realidade.

Aos meus familiares em especial meus pais Eugénio Agostinho e Fátima Johira, pelo amor e
companhia incansável desde o primeiro dia da minha vida até ao momento. Pela confiança que
depositaram em mim, e o encorajamento que fez e me faz lutar cada dia que passa para alcançar
os meus objectivos.

Agradeço imensamente a minha esposa Jacinta pelo amor, apoio e compreensão que tem dado
durante estes anos de batalha.

A Faculdade de Ciências Naturais, Matemática e Estatística, que se engajaram no esforço de


formar um homem novo dotado de capacidades, capaz de enfrentar dificuldades educacionais,
em especial aos docentes do Curso de ensino de Física, pelo encorajamento que me deram para
que fossem possíveis os meus sonhos, vai o meu muito obrigado.

Aos meus colegas da turma e companheiros da Faculdade, pela companhia e ajuda fraterna que
me deram durante todo o curso, em especial: O Bárcio, Jacinta, Nura, Macabeu, Alex, Malique,
Fanucha, Artur e Toné.

Aos funcionários do Departamento de registo académico, pelo apoio moral que facultaram
durante o curso.

E a todos aqueles que directa ou indirectamente ajudara-me de alguma forma a alcançar essa
vitória!

Muito obrigado!
ix

Declaração

Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação sob orientações do meu
supervisor. O seu conteúdo é original, todas as consultadas feitas estão devidamente citadas no
texto e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma instituição do ensino com
vista a obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, Novembro / 2022

_____________________________________

(Assane Eugénio Agostinho)


x

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais, Eugénio Agostinho e Fátima Johira e aos meus filhos,
Eugénio Assane Eugénio, Assane Eugénio Agostinho Júnior e Javane Fátima Assane Eugénio.
xi

Resumo

Os sistemas fotovoltaicos são uma fonte limpa, eficientes e alternativa de geração de energia elétrica para fins de
iluminação e agricultura, particularmente para atender as comunidades isoladas. O presente estudo aborda a
viabilidade de implantação de um sistema fotovoltaico para irrigação de campos de cultivo destinadas à agricultura
familiar. O estudo faz o dimensionamento de um sistema fotovoltaico a ser usada para irrigação de campo agrícola
de 5 hectares na comunidade de Matibane, distrito de Nampula. O sistema dimensionado é do tipo off grid e
compreende 10 módulos fotovoltaicos, 10 baterias (2 em série e 5 em paralelo) e um controlador de 24 Volts e 80
Amperes. A partir dos dados de irradiação da área de estudo, e das componentes eléctricas dimensionadas, foi
estimada a geração de energia eléctrica de até 1484 Watts hora. O sistema apresenta uma eficiência energética que
varia de 68% a 90% conforme o sistema de irrigação adoptado e um tempo de retorno de investimento financeiro
de 17 anos e 6 meses dependendo do rendimento da cultura a ser irrigada e produzida no campo. O estudo é um
contributo para um desenvolvimento através de aproveitamento sustentável da energia solar na agricultura, e do
potencial solar e hidro-agrícola disponível a nível do País em geral e da comunidade de Matibane no distrito de
Nampula em particular.

Palavras-Chave: Sistema Fotovoltaico, Dimensionamento de Sistema, Irrigação.


xii

Abstract

Photovoltaic systems are a clean, efficient and alternative source of electricity generation for lighting and
agriculture purposes, particularly to serve isolated communities. This study addresses the feasibility of
implementing a photovoltaic system for irrigation of crop fields intended for family farming. The study makes the
design of a photovoltaic system to be used for irrigation of an agricultural field of 5 hectares in the community of
Matibane, district of Nampula. The dimensioned system is of the off-grid type and comprises 10 photovoltaic
modules, 10 batteries (2 in series and 5 in parallel) and a controller of 24 Volts and 80 Ampere. From the irradiation
data from the study area, and from the dimensioned electrical components, the generation of electrical energy of
up to 1484 Watts hour was estimated. The system has an energy efficiency that varies from 68% to 90% depending
on the irrigation system adopted and a payback period of 17 years depending on the yield of the crop to be irrigated
and produced in the field. The study is a contribution to development through the sustainable use of solar energy
in agriculture, and of the solar and hydro-agricultural potential available at the country level in general and at the
Matibane community in the Nampula district in particular.

Keywords: Photovoltaic System, System Sizing, Irrigation.


13

I. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Os sistemas fotovoltaicos estão se tornando cada vez mais comuns dada a sua possibilidade
de implantação em pequena escala. Locais onde a conexão à rede não é possível, o uso de
sistemas fotovoltaicos com baterias de reserva é uma alternativa que pode ser usado para
irrigação de campos de cultivo bem como fornecer electricidade durante a noite quando a luz
solar não está disponível.

Assim, os sistemas de energia renovável por serem limpas, eficientes, acessíveis e


confiáveis, como a fotovoltaica são indispensáveis para promover o bem-estar humano
incentivando no fortalecimento, diversificação de actividades económicas geradoras de renda.

Desse modo, o dimensionamento e montagem de sistemas fotovoltaicos tanto em ambientes


urbanos como em comunidades isoladas e ambientes rurais é de interesse no âmbito dos
processos de universalização do acesso à energia eléctrica um processo vital para erradicação
da pobreza e desenvolvimento sustentável (UN-Energy, 2014).

Um dos factores críticos no processo de universalização da energia é o atendimento a


comunidades isoladas, uma vez que os custos de operação e manutenção para o atendimento a
esses consumidores é muito elevado, tendo em vista que os mesmos estão localizados em
regiões remotas, que possuem condições de acesso difícil e logística de transporte complexa.
Destes, o sector mais sacrificado no acesso a energia eléctrica tem sido o agrário.

A Constituição da República de Moçambique define a agricultura como a base de


desenvolvimento do País (Artigo 103). O sector da agricultura é descrito como de grande
importância para a economia do país e é considerado a base de seu desenvolvimento (MINAG,
2010). Assim, a agricultura emprega mais de 67% da população e contribui com cerca de 22%
do PIB (INE, 2019). A actividade agrícola é praticada maioritariamente pelo sector familiar que
ocupa cerca de 90% da área arável em uso, produzindo em parcelas pequenas (em média abaixo
de 2 ha), com baixo uso de tecnologias modernas. Desta forma, a maximização da produção
passa necessariamente na pesquisa e massificação de tecnologias neste. Dentre as tecnologias
mais acessíveis e bem difundidas é a tecnologia de sistema fotovoltaico para irrigação (Cribb
& Cribb, 2009).
14

Neste sentido, o presente estudo, aborda a viabilidade de implantação de um sistema


fotovoltaico para irrigação de campos de cultivo para agricultura familiar por meio de moto-
bombas.
Em termos de organização, para além da introdução, o trabalho inclui a fundamentação
teórica, a metodologia, a apresentação e discussão dos resultados e as conclusões.

1.2. Problema de estudo

Nos países em desenvolvimento, mais de 80% da produção agrícola é gerada por pequenos
agricultores (UNEP, 2013). Nos últimos anos, Moçambique registou uma melhoria significativa
da produção agrícola. Essa melhoria tem sido atribuída fundamentalmente à expansão das áreas
de cultivo, bem como as medidas adoptadas pelo governo visando o aumento da produção e
produtividade (MASA, 2015).

A localidade de Matibane em Nampula, possui potencialidades favoráveis para produção


agrícola. O governo distrital tem procurado mecanismos para o aumento da produtividade e
produção agrária, para garantia da segurança alimentar, aumento da renda dos produtores,
através de um aproveitamento sustentável do potencial hidro-agrícola.

Uma vez que o local tem potencial, solar e hídrico-agrícola para produção, o uso de um
sistema que requer uma fonte de energia robusta e segura para permitir o bombeamento de água
para os campos de cultivo, a energia solar foi considerada para o presente estudo, a fonte mais
adequada e fiável para este fim.

Neste contexto, surge a seguinte questão para estudo: Que especificações técnicas deve
atender um sistema fotovoltaico para irrigação de campos de cultivo familiar na comunidade
de Matibane?

Para dimensionar um sistema de irrigação fotovoltaico aos pequenos agricultores de


Matibane, o sistema deve fornecer uma resposta à uma série de principais barreiras, incluindo
os aspectos técnicos e financeiros. Assim, afim de obter retornos sobre os investimentos de um
sistema fotovoltaico dimensionado, é vital que os valores iniciais de previsão do rendimento de
energia do sistema fotovoltaico se correlacionem com o desempenho real.
15

1.3. Justificativa

A agricultura é uma parte importante da economia mundial e em Moçambique, 25% do PIB


provém do setor agrário que representa a principal fonte de rendimento para mais de 70% da
população (Banco Mundial, 2011; Araldi et all., 2011).

A agricultura familiar em Moçambique enfrenta uma série de desafios, tanto que, ainda há
muitas famílias passando por privações. A Localidade de Matibane, no distrito de Nampula é
um exemplo dessa realidade escolhida no presente trabalho como caso de estudo. A agricultura
praticada nesta região está voltada para o autoconsumo, caracterizado pela forte dependência
da natureza e fraco uso de tecnologias. O presente estudo, é um esforço para contornar esta
realidade na procura de soluções para aumentar a mecanização agrícola visando incrementar a
produção e produtividade cujo fim último é alcançar o progresso e bem-estar. A modernização
da agricultura baseada na tecnologia de irrigação por sistema fotovoltaico pode gerar resultados
desejados se ela considerar situações e realidades locais.

A localidade de Matibane, distrito de Nampula, tem como base de desenvolvimento local a


agricultura do sector familiar, a qual depende principalmente das chuvas, e é caracterizado pelo
uso de métodos rudimentares cuja produção não é suficiente para a geração de rendimentos.
Contrariamente ao alto potencial hidro-agrário, os níveis de produção são baixos, além de que
não tem acesso à rede nacional de corrente eléctrica. Assim, a implantação de um sistema
fotovoltaico para irrigação de campos de cultivo familiar pode ajudar de forma significativa, no
aumento de produção agrícola, minorar a dependência de chuvas, sem deixar de lado o impulso
para o desenvolvimento socioeconómico da localidade de Matibane.

Outrossim, o estudo revela-se importante por enquadrar-se dentro das abordagens modernas
de uso de energias renováveis, contribuindo para um desenvolvimento através de um
aproveitamento sustentável da energia solar e do potencial solar e hidro-agrícola disponível no
País em geral e das comunidades rurais de Matibane do distrito de Nampula em particular.
16

1.4.Objectivos

O estudo tem como objetivo principal dimensionar um sistema fotovoltaico para irrigação
de campos de cultivo familiar à comunidade de Matibane – Nampula. Como objectivos
secundários foram delineados os seguintes:

• Caracterizar geograficamente a área de instalação;


• Avaliar a radiação incidente e orientação dos módulos fotovoltaicos;
• Dimensionar o sistema fotovoltaico;
• Estudar a viabilidade do sistema fotovoltaico (payback) e;
• Avaliar a eficiência energética do sistema fotovoltaico.

1.5.Hipóteses

A hipótese a ser verificada neste estudo pode ser formulada da seguinte maneira:

Dado que: a localidade de Matibane possui potencial solar e hídrico-agrícola capaz de ser
explorado usando um sistema de irrigação que requer uma fonte de energia robusta e segura
para permitir o bombeamento de água.

Então, é possível dimensionar um sistema baseado na energia solar capaz de bombear água para
irrigação dos campos de produção agrícola.
17

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.Energia Solar

A energia solar é aquela proveniente da radiação solar e pode ser aproveitada basicamente
por dois tipos de processos que seriam o fototérmico e fotovoltaico.

A palavra energia por se só pode sere entendida como sendo a capacidade de produzir
trabalho. Esta palavra surge sempre associada à capacidade de poder fazer qualquer coisa
acontecer, manifestando-se de diversas formas: Calor, movimento ou luz.

A energia solar é indispensável para a existência de vida na Terra, sendo o ponto de partida
para a realização de processos químicos e biológicos. Por outro lado, a energia proveniente do
Sol é das mais “amiga do ambiente”, podendo ser utilizada de diversas maneiras. (Portal
Energia, 2004)

2.2.O sol como fonte de energia

“O Sol é a estrela mais próxima de nós e, portanto, a que foi melhor estudada. Muito do que
sabemos sobre as estrelas se deve ao estudo do Sol, que também funciona como um laboratório
de altíssimas energias para experimentos impossíveis de serem realizados na terra (Silva, 2006).

O Sol fornece energia na forma de radiação, que é a base de toda a vida na Terra. No centro do
Sol, a fusão transforma núcleos de hidrogénio em núcleos de hélio. Durante este processo, parte
da massa é transformada em energia. O Sol é assim um enorme reator de fusão.

Portanto a escala de tempo da terra e com os níveis de consumo energético mundial, o Sol pode
ser adoptado como uma fonte inesgotável energia.

O Sol irradia por ano o equivalente a 10.000 vezes a energia consumida pela população do
mundo, neste mesmo período, e produz continuamente 390 sextiliões (3,9𝑥10323 ) de
quilowatts de potência. (Portal Energia, 2004).

A radiação solar a uma escala global varia essencialmente em função da atmosfera, geometria
e do movimento do planeta relativamente ao sol, sendo que numa escala local, a variação da
radiação solar encontra-se maioritariamente associada à morfologia do terreno, ou seja,
variações de elevação, declive, exposição e sombreamento.
18

Moçambique apresenta uma radiação global em plano horizontal elevada quando comparada
com bons locais na Europa e Ásia, sendo bastante próxima de alguns dos melhores locais do
mundo, como a África do Sul e a Califórnia (Menezes & Saíde, 2011)

2.3.Energia Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica é obtida através da conversão directa da luz em electricidade


(Efeito fotovoltaico), sendo a célula fotovoltaica, um dispositivo fabricado com material
semicondutor, a unidade fundamental desse processo de conversão.
A energia solar fotovoltaica é definida como a energia gerada através da conversão directa da
radiação solar em electricidade. Isto se dá, por meio de um dispositivo conhecido como célula
fotovoltaico que actua utilizando o princípio do efeito fotoelétrico ou fotovoltaico (IMHOFF,
2007).

O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 por Edmund Bequerel e
consiste em uma diferença de potencial entre dois semicondutores de propriedades elétricas
diferentes (Buhler, 2013).

As células fotovoltaicas são constituídas de materiais semicondutores como: silício, arseneto


de gálio, telureto de cádmio ou disseleneto de cobre e índio (gálio). O silício cristalino é o mais
utilizado, mas as tecnologias de película Ina ganharam mercado com a produção em larga
escala.

São incontestáveis as vantagens da energia solar fotovoltaica:


• A matéria prima é inesgotável
• Não há emissão de poluentes durante a geração da eletricidade
• Os sistemas podem ser instalados em todo lado, desde que haja sol.

2.4.Sistemas Fotovoltaicos

O termo fotovoltaico significa a transformação da radiação solar diretamente em corrente


elétrica, utilizando as células fotovoltaicas, também chamadas de células solares.

Um sistema fotovoltaico é uma fonte de potência elétrica, na qual as células fotovoltaicas


transformam a Radiação Solar diretamente em energia elétrica. Os sistemas fotovoltaicos
podem ser implantados em qualquer localidade que tenha radiação solar suficiente.
19

Sistemas fotovoltaicos não utilizam combustíveis, não possuem partes móveis, e por serem
dispositivos de estado sólido, requerem menor manutenção. Durante o seu funcionamento não
produzem ruído acústico ou eletromagnético, e tampouco emitem gases tóxicos ou outro ipo de
poluição ambiental. (Souza, s.d)

A confiabilidade dos sistemas fotovoltaicos é tão alta, que são utilizados em locais inóspitos
como: espaço, desertos, selvas, regiões remotas, etc.

Figura 2.1: Sistema de módulos fotovoltaicos Fonte: (Souza, s.d)

2.4.1. Tipo de Sistema Fotovoltaico


Os sistemas fotovoltaicos são classificados de acordo à forma como é feita a geração ou entrega
da energia eléctrica:

a) Sistemas Conectados à Rede (on-grid)

São os geradores que funcionam em conjunto com a rede elétrica da distribuidora. Dessa forma,
quando a geração do painel é mais baixa, o restante da energia necessária é puxado da rede
elétrica. Quando a geração do painel for maior do que a energia consumida no momento, o
excedente é enviado para a rede elétrica e transformado em créditos energéticos. Ao final de
cada mês, os créditos gerados são automaticamente utilizados para abater a energia consumida
da rede, gerando a economia na conta de luz. (Souza, s.d)

Em propriedades rurais localizadas em região com acesso à rede elétrica, esse é o tipo de
instalação mais recomenda.
20

Figura 2.2: Sistema conectado à rede Fonte: (Jntech, 2006)

Este sistema depende da regulamentação e legislação favorável, pois usam a rede de


distribuição das concessionárias para o escoamento da energia gerada.

b) Sistemas Isolados (off-grid)


Em um sistema que não estão conectados à rede eléctrica onde podem existir três subtipos desse
sistema (Souza, s.d):

➢ Com armazenamento

Nesses sistemas, um banco de baterias é dimensionado para que a energia das placas possa ser
armazenada. Assim, em dias nublados ou durante a noite, essa carga de energia solar pode ser
usada para alimentar o sistema de irrigação.

➢ Sem Armazenamento

Visto que não possui baterias, o sistema sem armazenamento só irá funcionar enquanto houver
luz do sol. Portanto, esse tipo de instalação não é recomendado se existe uma necessidade
constante de irrigação.

➢ Sistemas Híbridos

São os sistemas que utilizam as placas solares em conjunto com outro sistema de geração
elétrica. Este pode ser um aerogerador, sistema por biomassa ou até mesmo o tradicional
gerador a diesel.

2.4.2. Sistema Fotovoltaico Para Irrigação


Um sistema fotovoltaico é uma fonte de potência eléctrica, na qual as células fotovoltaicas
transformam a Radiação Solar directamente em energia eléctrica, podendo ser implantado em
21

qualquer localidade que tenha radiação solar suficiente. Ele não utiliza combustíveis, não possui
partes móveis, e por serem dispositivos de estado sólido, requerem menor manutenção. Durante
o seu funcionamento não produzem ruído acústico ou eletromagnético, e também não emitem
gases tóxicos ou outro tipo de poluição ambiental (Portal Energia, 2004).

Figura 2.3: Sistema fotovoltaico para irrigação Fonte: (Junior, 2019)

2.4.3. Componentes Para o Sistema Fotovoltaico Para Irrigação


O sistema de energia solar para irrigação não utiliza apenas as placas fotovoltaicas. Outros
equipamentos são necessários para que se possa usufruir da energia eléctrica gerada pelo painel.
Um kit de energia solar fotovoltaica deverá conter um ou mais dos equipamentos listados abaixo
(Souza, s.d):

➢ Painéis Solares Fotovoltaicos


É um conjunto de placas que captam a luz do sol, convertendo esta através de suas células
fotovoltaicas. As placas solares à venda no mercado são compostas de 60 ou 72 células cada.

Figura 2.4: Placa ou módulos solares fotovoltaicos Fonte: (Souza, s.d)


22

➢ Inversor Fotovoltaico Interativo


Sendo considerado o cérebro de um sistema fotovoltaico e o seu principal equipamento. O
inversor é responsável por adaptar a energia gerada pelas placas ao padrão que utilizamos em
nossa rede eléctrica e equipamentos electrónicos, alternando de corrente contínua para corrente
alternada.
Também é papel do inversor controlar o fluxo de energia, puxando ou injetando energia na rede
(sistemas On-Grid) ou do banco de baterias (sistemas Off-Grid).

Figura 2.5: Inversores Solares Fonte: (Souza, s.d)

➢ Caixa de Junção / String box


É um conjunto de componentes para proteção dos módulos contra surtos de redes e demais
danos eléctricos nos sistemas on-grid. Aqui também se encontra a chave de acesso para
desligamento do sistema no caso de reparo.

Figura 2.6: Caixa de junção


Fonte: (Souza, s.d)

➢ Estrutura de suporte

São as estruturas metálicas sobre as quais são fixadas as placas solares. Eles têm como função
posicionar os painéis de maneira estável. Além disso, ela deve assegurar a ventilação adequada,
permitindo dissipar o calor que normalmente é produzido devido à acção dos raios solares e ao
processo de perdas na conversão de energia. No caso das instalações dos painéis sobre o
23

telhado, é utilizado o sistema de trilhos. Já para instalações das placas sobre o solo são utilizadas
as estruturas tipo usina solar. Além de dar o suporte e fixação necessários, as estruturas
garantem a correta inclinação das placas em relação ao sol, maximizando a sua geração eléctrica
(Pinho & Galdino, 2014).

Figura 2.7: Suporte para instalação em plano horizontal


Fonte: (Souza, s.d)

➢ Cabos Eléctricos de Conecção


É todo o conjunto de cabos e conectores para fazer a ligação eléctrica entre os equipamentos do
kit de energias solar rural.

Os Cabos variam de qualidades, e tipo, desde os que servem para instalação interna assim como
como instalação externas.

➢ Banco de Baterias

As baterias são necessárias para armazenar a energia nos sistemas isolados. O banco (número)
de baterias deve ser muito bem calculado para que a energia solar armazenada seja capaz de
suprir o sistema de irrigação em momentos de pouca ou nenhuma luz do sol. As baterias podem
ser agrupadas em série ou em paralelo para formar bancos de baterias. A associação em série
permite obter tensões maiores e a associação em paralelo permite acumular mais energia ou
fornecer mais corrente elétrica com a mesma tensão (Villalva, 2012).

Figura 2.8: Bateria


Fonte: (Pereira & Oliveira, 2011)
24

Em sistemas isolados, a baterias tem as seguintes funções:

• Autonomia: serve para suprir a energia para os consumos, quando o painel não é capaz de
gerar energia suficiente. Isso acontece todas as noites, e também nos períodos chuvosos ou
nublados, que podem varia durante o dia.

• Estabilizar a tensão: A conexão de cargas de consumo diretamente aos módulos pode expô-
los a tensões muito altas ou muito baixas para o seu funcionamento. As baterias possuem uma
faixa de tensões mais estreita que os módulos fotovoltaicos, e garantirão uma faixa de operação
mais uniforme para as cargas.

• Fornecer correntes elevadas: a bateria opera como um buffer, fornecendo correntes de parida
elevadas. Alguns dispositivos (como motores) requerem altas correntes (de 4 até 9 vezes a
corrente nominal) para iniciar o seu funcionamento, estabilizando e utilizando correntes mais
baixas depois de alguns segundos.

➢ Controlador de carga
É o equipamento que gerência o carregamento das bactérias, alimentando estas da melhor forma
e evitando desperdícios e sobrecargas. (Ruther, 2004)

Figura 2.9: Controlador de carga


Fonte: (Ruther, 2004)

As funções fundamentais de um controlador de carga são:


• Controle da perfeita recarga do banco de baterias.
• Proteção contra sobrecargas indevidas.
• Proteção contra descarga excessiva (acima de 80%, ou ajustável).
• Informação do nível de carga do banco de baterias.
25

O melhor funcionamento das baterias para um longo período de vida, requer certa inteligência
dos controladores de carga, que devem se adequar as tensões de carga, ao nível de carga,
idade, temperatura de operação e ipo (gel, eletrólito líquido, etc.) de bateria (Souza, s.d).

➢ Bombas Hidráulicas

Bombas hidráulicas são máquinas destinadas a mover líquidos, através de tubulações


pressurizadas, para atender determinados fins, tais como o abastecimento de água para sistemas
urbanos, de irrigação, de combate a incêndio, etc. Para isso, convertem a energia mecânica,
recebida de um motor, em energia hidráulica, na forma de pressão e energia cinética. No
contexto das máquinas de fluxo, as bombas são dispositivos que convertem trabalho mecânico
em energia de fluido (pressão, energias cinéticas e/ou potencial) (Gomes. 2013).

Figura 1.10: Bomba hidráulica


Fonte: Esa (1998)

2.4.4. Dimensionar do Sistema Fotovoltaico

O dimensionamento de energia solar pode ser definido como o estudo e a análise das
especificidades do local em que o sistema fotovoltaico será implementado, bem como a
identificação e a escolha de quais equipamentos deverão ser utilizados na produção de energia.
Ou seja, consiste no planeamento da instalação (Junior, 2019).

2.4.4.1. Tipos de Dimensionamento

Existem dois tipos de dimensionamento para um sistema fotovoltaico, dimensionamento


energético e dimensionamento técnico (Ovelha, 2017).

• O Dimensionamento Energético

O Dimensionamento energético, serve para quantificar a energia (em kWh) que se deverá
produzir/acumular no sistema em causa.
26

Neste tipo de dimensionamento, a partir da carga diária consumida é possível calcular o


consumo que irá se alimentar (no sistema), quanta energia deverá ser produzida por dia pelo
sistema, a potência de pico a se instalar e também é possível fazer o dimensionamento
energético do banco de baterias. Mas por vezes a energia produzida não tem correspondido na
maioria das vezes, à procura pontual de energia do consumidor (Ovelha, 2017).

• Dimensionamento Técnico

O dimensionamento técnico é feito para dar determinar as dimensões do sistema a ser instalado,
para se ajustar na procura energética.

Neste dimensionamento, para além de se calcular a potência a ser instalada, faz-se o estudo dos
módulos fotovoltaicos a serem utilizados, desde a quantidade até a qualidade, faz-se o cálculo
do banco de baterias e a respetiva capacidade, faz-se a escolha do controlador de carga e o
inversor de rede.
27

III. METODOLOGIA

A metodologia compreendeu quatro etapas, nomeadamente: (i) levantamento bibliográfico;


(ii) caracterização geográfica do ambiente de instalação; (iii) avaliação da radiação incidente e
orientação dos módulos fotovoltaicos; (iv) o dimensionamento do sistema e (v) avaliação da
eficiência energética do sistema fotovoltaico.

3.1. Levantamento Bibliográfico

Numa primeira fase, este estudo recorreu a revisão de literatura para examinar questões a
volta de sistemas de irrigação na agricultura rural em Moçambique, especialmente os sistemas
de modelo isolado (off-grid). O procedimento metodológico de revisão de literatura usa livros,
artigos científicos, relatórios, publicados por meios impressos e eletrónicos, página de web e
sites, que abordam sobre o assunto, com objetivo de recolher conhecimentos sobre o tópico
(Garhardt e Silva 2009). Os artigos analisados foram pesquisados no Google Académico,
utilizando as seguintes palavras-chave: a) Sistema fotovoltaico, b) dimensionamento e
instalação do sistemas isolados (Off-grid), c) ambiente de instalação de sistemas fotovoltaicos
em campos agrícolas, d) padrões de consumo de sistemas de irrigação, e) radiação solar
incidente e orientação dos módulos fotovoltaicos, f) viabilidade do sistema fotovoltaico
(payback) e;g) eficiência energética do sistema fotovoltaicos para irrigação de campos
agrícolas. Na busca, foram encontrados uma série de trabalhos científicos. Após uma análise
criteriosa dos resumos/abstracts e considerações finais, foram selecionados aqueles que
discutiam assuntos relacionados ao tema os quais estão devidamente citados nas referências
bibliográfica, e os restantes foram excluídos por não responderem à pergunta de pesquisa.

3.2. Caracterização Geográfica do Ambiente e das Condições Locais Para Implantação do


Sistema Fotovoltaico

A capacidade de geração de um sistema fotovoltaico está diretamente ligada as caraterísticas


geográficas do local de instalação. O local escolhido para a instalação do sistema fotovoltaico
deve apresentar vantagens de insolação permanente durante todas as horas do dia para evitar o
sombreamento nos módulos. Deve-se igualmente levar em consideração o clima local: a
temperatura do local, o regime de precipitação e a disponibilidade de água.
28

A área de estudo, é a localidade de Matibane, localizada no interior do posto administrativo


de Anchilo, a quase 20 Km da cidade de Nampula. Ela é delimitada pelas coordenadas 15º 08'
45" Sul, e 39º 27' 33" Este.

O clima predominante, é o tropical húmido com duas estações: uma chuvosa e quente que
habitualmente começa em novembro e termina em abril, caracterizado por aguaceiros e
trovoadas frequentes. A outra, seca e menos quente que se estende de Maio a Outubro.

Os valor da temperatura do ar, variam entre 33,9º C e 19º C (Ministério da Administração


Estatal , 2005). Como a temperatura do local tem uma influência directa na temperatura dos
módulos solares, sendo este um factor preponderante para geração de energia, os valores de
temperatura da região de estudo mostram um potencial alto para geração de energia solar.

A precipitação média anual da região de estudo é de 1,045 mm. A época chuvosa nessa
região vai desde Outubro a Abril, com pico nos meses de Janeiro e Março (Ministério da
Administração Estatal , 2005). Mesmo em época chuvosa (época escura), há radiação diária
suficiente para que os módulos operem convertendo a energia solar em energia elétrica.

O regime de chuvas predominantes nesta região favorece a prática da agricultura de


irrigação, pois elas reabastecem o rio Muegari que flui nessa zona em direção a foz principal (o
rio Mogincual, no distrito de Mogincual). O rio tem um escoamento permanente, e tem
afluentes que desaguam nele (Ministério da Administração Estatal , 2005), permitindo assim a
captação de água para irrigação em toda época do ano. De água é um rio perene pois é possível
encontrar água em seu curso durante toda a estação.

3.3. Insolação e Radiação solar Incidente

3.3.1. Insolação

A duração do dia em Nampula varia ao longo do ano. Em 2022, o dia mais curto é 21 de
junho, com 11 horas e 14 minutos de luz solar. O dia mais longo é 21 de dezembro, com 13
horas e 2 minutos de luz solar (WeatherSpark, 2022).
29

Figura 3.1: Número de horas em que o sol é visível em Nampula.


Fonte: WeatherSpark, 2022

O padrão de horas em que o sol é visível na região de estudo pode ser visto na Figura 3.1.
Da figura em alusão, constata-se que a região apresenta disponibilidade de raios solares acima
de 10 horas durante todo período do ano.

O dia em que o sol nasce mais cedo é 22 de novembro, às 04:42. O nascer do sol mais tarde
ocorre 1 hora e 7 minutos depois, às 05 horas e 49 minutos em 9 de julho. O dia em que o sol
se põe mais cedo é 2 de junho às 16:59. O dia em que o sol se põe mais tarde ocorre 1 hora e 1
minuto depois, às 18:00 em 21 de janeiro (WeatherSpark, 2022).

3.3.2. Radiação Solar Incidente

Na região de estudo, o período mais radiante do ano dura 2,2 meses (de 21 de Setembro a 28
de Novembro), com média diária de energia de ondas curtas incidentes por metros quadrados
acima de 7,0 kWh. O mês mais radiante do ano nessa zona é o de Outubro, com média de 7,4
kWh, e o período mais escuro do ano dura 2,5 meses (de 20 de Maio a 2 de Agosto), com média
diária de energia de ondas curtas incidente por metro quadrado abaixo de 5,5 kWh. O mês mais
escuro do ano é o de Junho, com média de 5,0 kWh (WeatherSpark, 2022). O padrão de variação
da radiação incidente pode ser visto na Figura 3.2. Os valores mínimos de energia solar de
ondas curtas é de quase 5 kWh, atingido entre Junho e Julho.
30

Figura 3.2: Energia solar de ondas curtas médias que chegam ao solo em Nampula.
Fonte: (WeatherSpark, 2022)

3.4. Dimensionamento do Sistema Fotovoltaico

O dimensionamento de um sistema fotovoltaico pode ser definido como o estudo e a análise


das especificidades do local em que o sistema fotovoltaico será implementado, bem como a
identificação e a escolha de quais equipamentos deverão ser utilizados na produção de energia.
Ou seja, consiste no planeamento da instalação (Junior, 2019).

Neste estudo fez-se o dimensionamento técnico, através da sua abrangência nos dados
esperados em sistemas off-grid, pois proporciona uma margem de erro muito insignificante.
Neste dimensionamento incluem dois métodos, método da insolação – usado para calcular a
energia produzida pelo módulo fotovoltaico quando se tem informação sobre a energia do sol
disponível no local da instalação, e o método da corrente máxima do modulo, que usa as
características do modulo em sua folha de dados, características estas que podem ser: em STC
(condições padrão de teste do módulo) ou NOCT (condições normais de operação do módulo),
sendo a última a mais usada. (Villalva, 2012).

3.4.1. Cálculo da Energia Produzida Pelos Módulos

Para dimensionar a energia produzida pelos módulos é necessário conhecer as características


do módulo fotovoltaico, em especial as suas dimensões físicas (para calcular a área) e sua
eficiência, por vezes fornecida pelo fabricante (Villalva, 2012).
31

A energia produzida pelo módulo fotovoltaico no método de insolação é calculada pela


seguinte equação:

𝐸𝑝 = 𝐸𝑆 × 𝐴𝑀 × 𝑟𝑖 𝑀 (3.1)

onde:
𝐸𝑝: Energia produzida pelo módulo diariamente (𝑊ℎ)
𝐸𝑠: Insolação diária (Wh/m2/dia)
AM: Área da superfície do módulo (m2)
riM: Eficiência do módulo.

No método de corrente máxima a energia produzida pelos módulos é calculada pela


expressão:

𝐸𝑝 = 𝑃𝑀 × 𝐻𝑆 (3.2)

onde:
Ep: Energia produzida pelo módulo diariamente (Wh)
PM: Potência do módulo (W)
HS : Horas diárias de insolação (horas)

A potência do módulo é calculada como produto da corrente de curto-circuito do módulo


(A) pela tensão da bateria ou do banco de baterias (V).

3.4.2. Dimensionamento do Número de Módulos

Para quantificar o número de módulos necessários para o sistema, é preciso conhecer a


energia que irá ser consumida diariamente pelo sistema (neste caso as moto-bombas) e a energia
produzida diariamente (Villalva, 2014).

O número total de módulos necessários no sistema é calculado por:

𝐸𝑐
𝑄=
𝐸𝑝 (3.3)
onde:
Q: quantidade de painéis empregados no sistema (n)
Ec: a energia diária consumida no sistema (Wh)
Ep: Energia diária produzida por cada módulo (Wh).
32

A energia elétrica consumida pelo aparelho, é calculada através da multiplicação da potência


do aparelho (fornecida pelo fabricante) em Watt (W), pelo tempo em horas, que será utilizado
a cada dia segundo a equação 3.4:
(3.4)
𝐸𝑐 = 𝑃 × 𝑡

3.4.3. Dimensionamento do Banco de Baterias

O dimensionamento do banco de baterias no sistema fotovoltaico consiste na determinação


dos tipos, a quantidade e a forma de organização das baterias a serem utilizadas. Este
dimensionamento só é possível conhecendo o valor da energia que precisa ser armazenada, que
depende da energia consumida e da profundidade de descarga permitida nas bactérias (Villalva,
2012).

É necessário igualmente conhecer a tensão de operação do banco de baterias, que pode ser
de 12V, 24V ou 48V. O banco de baterias pode ser associado em série ou em paralelo. A tensão
das baterias empregadas e a tensão desejada para o banco, determinam o número de baterias
que devem ser ligadas em série.

Após ser conhecida a energia, e ser definido o valor da tensão de operação, é necessário
determinar a capacidade de carga (expressa em ampère-hora - Ah), pois ela determina a
quantidade de elementos em paralelo (Villalva, 2014).

Quantidade de baterias em série: o número de baterias em série é determinado pela formula:

𝑉𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜
𝑁𝐵𝑆 = (3.5)
𝑉𝑣𝑏𝑎𝑡
onde:
NBS: número de baterias ligadas em série (n);
Vbanco: tensão do banco de baterias (V);
Vvbat: tensão de bateria utilizada (V).

A capacidade do banco de bateria é determinada pela fórmula:

𝐸𝐴 (3.6)
𝐶𝐵𝐴𝑁𝐶𝑂 =
𝑉𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜
onde:
CBANCO: capacidade de carga do banco de baterias (Ah);
EA: energia armazenada no banco de baterias (Wh);
33

VBanco: tensão do banco de baterias (Wh).

A energia armazenada é calculada pela fórmula:

𝐸𝐶
𝐸𝐴 = (3.7)
𝑃𝐷
onde:
EA: energia armazenada no banco de baterias (Wh);
EC: energia consumida (Wh);
PD: profundidade de descarga permitida (20%, 50%, 80%, etc)

Quantidade de baterias em paralelo: o número de conjuntos paralelos é determinado pela


fórmula:

𝐶𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜 (3.8)
𝑁𝐵𝑃 =
𝐶𝑏𝑎𝑡
onde:
NBP: número de conjuntos de baterias ligadas em paralelo (n);
CBanco: capacidade de carga do banco de baterias em (Ah);
Cbat: capacidade de carga de cada bateria em (Ah).

3.4.4. Dimensionamento do Controlador de Carga e do Inversor

O controlador de carga, é a penas empregue em sistemas Off-grid. O dimensionamento do


controlador de carga deve levar em conta os limites máximos do controlador, seja ele
convencional ou SPPM, com relação à tensão C.C. do sistema e aos níveis de corrente elétrica,
tanto na entrada do módulo fotovoltaico, quanto na saída para as baterias (Pinho & Galdino,
2014).

Para dimensionamento da corrente máxima do controlador (Ic) é considerada a corrente de


curto circuito do módulo fotovoltaico acrescida de um factor mínimo de segurança de 25%,
multiplicado pelo número de módulos em paralelo (Pinho & Galdino, 2014).

𝐼𝑐 = 1,25 ∙ 𝑁º 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 ∙ 𝐼𝑠𝑐 (3.9)

No final, dimensiona-se o inversor, visto que ele é parte importante do sistema fotovoltaico.
Eles podem ser inversores modificados, os que geram uma energia em onda quadrática; e os
34

inversores puros, que podem ser usados para geração de corrente alternada em qualquer
aplicação.

Para estabelecer a demanda máxima de potência para dimensionamento do inversor, é


preciso definir ou estimar o período do dia em que os equipamentos estarão funcionando para
o levantamento curva de carga. A potência do inversor deve ser igual ou superior a potência
máxima da curva de carga. De forma mais conservadora, a potência do inversor pode ser
especificada igual ou superior à potência instalada, que é o somatório da potência de todas as
cargas do usuário, se houver grande probabilidade de que estas possam operar simultaneamente.

O inversor deve apresentar a tensão de entrada igual à tensão C.C do sistema (tensão do
banco de baterias) e tensão C.A. de saída. Em geral, inversores até 5kW são monofásicos.

3.4.5. Escolha do Conjunto de Bombas

Existem duas categorias principais de bombas que podem ser usadas em sistemas fotovoltaicos
isolados: as centrífugas e volumétricas, as quais têm características e princípios de
funcionamento diferentes.

➢ Bombas Centrífugas

As bombas centrífugas são adequadas para aplicações que exigem grandes volumes de água e
pequenas alturas manométricas. Elas possuem pás ou rotores que giram em alta velocidade,
criando pressão e forçando o fluxo de água. A sua eficiência decresce para alturas
manometricamente grandes e vazões diferentes do seu ponto de projeto (Pinho e Galdino,
2014).

As características de operação das bombas centrífugas acionadas por motores C.C adequam-se
razoavelmente bem à saída do gerador fotovoltaico, assim a sua vazão aumenta com a corrente
elétrica (maior nível de irradiância). Existem bombas quando instaladas vão a capacidades de
cerca de 1000m3/h. (idem)

➢ Bombas Volumétricas

As bombas volumétricas, são adequadas quando se deseja atingir grandes alturas manométricas
com pequenos e moderados volume de água. A eficiência das bombas volumétricas aumenta
com o aumento da altura manométrica. A vazão de água bombeada por estas bombas, apresenta
35

menor dependência com altura, se comparada com as centrífugas projeto (Pinho e Galdino,
2014).

Portanto, para este estudo as bombas a serem usadas, são as bombas centrífugas com 750 W de
potência, capaz de cobrir uma área de 1ha2 (hectare ao quadrado).

Quando se deseja aumentar a vazão ou a altura manométrica de uma unidade de bombeamento,


pode-se, simplesmente, aumentar o número de bombas. Quando o objetivo é ganhar vazão,
associam-se as unidades em paralelo e quando o ganho desejado é de altura manométrica, usa-
se associação em série (Gomes, 2013).

Para o estudo serão usadas bombas centrífugas associadas em paralelo, pois através desde tipo
de associação, as bombas operam lado a lado, aspirando água de um mesmo reservatório ou
fonte, através de tubulações de aspiração.

3.4.6. Determinação da Eficiência do Sistema

A eficiência dum painel solar, representa o potencial de conversão da luz solar em energia
eléctrica por m2. Se por exemplo um painel tem uma eficiência de 20% significa que o total de
luz captado pelo módulo 20% será usado na geração de electricidade para o consumo. Assim,
quanto maior a eficiência de um painel solar, maior será a quantidade de energia eléctrica
produzida por metros quadrados (Portal Solar, 2014-2022).

Para determinar a eficiência do sistema é preciso colectar os dados da potência dos painéis,
insolação, o tamanho dos painéis, as características e desempenho dos diferentes materiais e o
posicionamento e inclinação correta dos painéis, pois esses factores definem a eficiência de um
sistema.

Primeiramente foi necessário encontrar a eficiência dos painéis, que pode ser determinada
ou, por meio de cálculo ou recorrendo a valores tabelados de especificações fornecidas pelo
fabricante.

O cálculo da eficiência calcula-se como função de potência (P) e da área (A) na forma:
𝑃
𝜂 = 𝐴 ∶ 10 (3.10)

Alternativamente, pode-se conhecer a eficiência recorrendo-se a valores tabelados de


especificações das eficiências dos painéis segundo o tipo, a potência e tecnologia (Portal Solar,
36

2022). Na tabela 3.2, é apresentado o exemplo de valores de eficiência de painéis


monocristalinos e policristalinos fornecidos pelos fornecedores nas especificações técnicas.

Tabela 3.1: Eficiência dos painéis


Tipo de Painel/Tecnologia Eficiência (%) Designação

Monocristalino PERC 20,2 – 21,6


Painéis solares mais eficientes
Monocristalino Standard 18 – 20

Policristalino PERC 17,8 – 19,9


Painéis solares menos eficientes
Policristalino Standard 15 – 17

Fonte: (Portal solar, 2022)

Para este estudo foram usados os painéis do tipo monocristalinos do modelo CS3L-350P,
com tecnologia standard de potência de 350W, pois os painéis monocristalinos apresentam
índice de eficiência mais alto dada a maior pureza de suas células.

A tecnologia PERC (do inglês, Passivated Emitter and Rear Contact, que significa Emissor
Passivo e Contacto Traseiro), utiliza uma camada de passivação muito fina na parte traseira das
células que permite a reflexão dos raios solares, fazendo com que eles passem mais vezes pela
célula e aumentando assim a sua eficiência (Portal Solar, 2014-2022).

3.4.7. Orientação e Inclinação dos Módulos Fotovoltaicos;

A instalação do módulo fotovoltaico deve ser feita de forma que a exposição aos raios do sol
seja a melhor e a maior possível durante as horas de luz. Um dos factores que deve ser analisado
é a direção do módulo fotovoltaico, de modo que a sua face esteja voltada ao sol ao longo do
seu deslocamento diário (Portal Solar, 2022).

O local de estudo, está localizado no hemisfério Norte, o sol nasce no Este, passando
inclinado ao Norte e se põe no Oeste. Portanto a orientação melhor do painel solar nessa área,
é o modulo voltado ao Norte.

Outro factor que influencia a captação da luz solar, é a inclinação dos módulos fotovoltaicos.
Ela deve ser calculada de forma que favoreça a incidência directa dos raios solares sobre a face
dos módulos.
37

Os módulos fotovoltaicos têm melhor aproveitamento quando os raios solares chegam de


forma perpendicular à placa do módulo, ou seja, aqueles que atingem diretamente a superfície
formando um angulo de 90º (Portal Solar, 2014-2022).

A inclinação corresponde, assim ao valor associado à latitude a qual a radiação solar incide
directamente segundo um eixo ao meio dia solar para certo dia (Twidell & Weir, 2016).

A forma mais comum de encontrar a inclinação certa para instalação dos módulos
fotovoltaicos, é tendo em consideração a latitude do local em estudo, para este caso a latitude é
de 15º. A equação usada para calcular a inclinação dos painéis é (HCC – energia solar, 2022):

𝑙𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒
𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 = 𝑙𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 + ( ) (3.11)
3

Tendo como resultado, uma inclinação de 18º em relação ao solo, estando nos padrões
permitidos de inclinação dos painéis. Uma inclinação inferior a 15º não é aconselhada, pois
tende a acumular muita sujidade na superfície dos painéis (HCC – energia solar, 2022).

No final irá se determinar a eficiência ou rendimento total do sistema a partir da formula


(Freitas, 2008):

𝜂 = 𝜂𝑃𝑣 × 𝜂𝑃𝑣−𝐵𝑎𝑡 × 𝜂𝑐𝑐 × 𝜂𝑑𝑖𝑠𝑡 × 𝜂𝑖𝑛𝑣 (3.12)

Onde:

𝜂: é o rendimento total do sistema;

𝜂𝑃𝑣 : é o rendimento do painel tendo em conta que não está a funcionar no ponto de potência
máxima (80% do valor típico);

𝜂𝑃𝑣−𝐵𝑎𝑡 : representa as perdas devido a quedas de tensão nos cabos que ligam o painel à bateria,
tomando valores de 2%, logo o rendimento é de 98%;

𝜂𝑐𝑐 : é o rendimento do controlador de carga, na ordem dos 98%;

𝜂𝑑𝑖𝑠𝑡 : representa as perdas nos cabos de distribuição na ordem dos 2%, sendo o rendimento de
98%;

𝜂𝑖𝑛𝑣 : é o rendimento do inversor, na ordem de 90%.


38

3.5. Viabilidade Económica do Sistema Fotovoltaico

Em qualquer projeto que envolva um investimento, espera-se sempre uma margem de risco.
Portanto, antes de investir nesses projetos, é preciso fazer um estudo técnico e económico, para
se saber quais a vantagens e os riscos envolvidos (Mendonça, 2017).

Nos sistemas fotovoltaicos para irrigação carecem de um investimento inicial muito caro, por
isso os agricultores precisam na maioria das vezes convencer o investidor (seja do sector
privado, assim como empresas governamentais), que o projeto é de forma financeira rentável e
seguro. Para tal é necessário que alguns aspectos económicos sejam observados.

3.5.1. Indicadores de avaliação económica

Os indicadores de avaliação económica mais utilizados são: o valor atual liquido (VAL), a
taxa interna de rentabilidade (TIR) e o tempo de retorno de investimento (PAYBACK). É com
base nesses indicadores económicos que o estudo económico é feito (Mendonça, 2017).

É importante ressaltar que para o investimento em sistema de irrigação em sistema de


irrigação fotovoltaica seja rentável, o VAL deve ser positivo, a TIR deve ser maior que a taxa
de desconto e o PAYBACK deve ser menor que a vida útil do projeto.

O método mais comum utilizado para avaliação económica é o VAL, onde reflete a
quantidade de renda que o projeto poderá produzir a uma determinada taxa de retorno
predeterminada. Mas ela não revela a taxa de retorno real do projeto.

➢ Valor Atual Líquido

Se VAL > 0, significa que o projeto é viável, pois permite não só cobrir o investimento,
mas também gerar lucro;

Se VAL = 0, significa que o investidor não recebe nenhum lucro, mas também não perdeu;

Se VAL < 0, evidencia a inviabilidade do projeto.

O VAL no modelo mais simplificado é dado pela equação:

𝑉𝐴𝐿 = (𝐶𝑎 𝑇𝑎 ) − 𝐼𝑡 (3.13)


39

Onde:

Ca: é o consumo anual em kWh;


Ta: é a tarifa aplicada (o preço por kWh cobrado pela distribuidora de eletricidade);
It: é o investimento inicial em Mtn.

➢ Tempo de retorno bruto (Payback)

O período de retorno do investimento é uma maneira de medir de forma mais elaborada o tempo
de investimento e é dada pela seguinte equação (Diniz, 2017):

𝐼𝑡
𝑇𝑟𝑏 = (3.14)
(𝑅1 − 𝑑1 )

Onde:

It: é o investimento inicial em Mtn;


d1: são as despesas anuais de operação e manutenção em Mtn;
R1: Receita anual de gasto energético em Mtn;

➢ Considerações

De maneiras a melhor fazer a análise de viabilidade económica do sistema, importa referir


algumas considerações:

i. O investimento no seu todo é feito no ano 0;


ii. Assume-se um período de 25 anos de vida útil dos equipamentos;
iii. Assume-se que o consumo energético se mantém constante do ano 1 até o final;
iv. Assume-se a tarifa aplicada pela Eletricidade de Moçambique para o sector agrícola de
média tensão de 9,31 Mt/kWh;
v. Assume-se uma taxa de operação e manutenção do sistema fixos ao longo dos anos do
projeto cujo valor é de 1% do investimento inicial;
vi. Assume-se que o sistema funcione todos dias do ano;
vii. O valor de investimento inicial está previsto nos apêndices.
40

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a presente análise, os dados levados em conta, que tem haver com a irrigação de um
espaço de 5 hectares com um nível de água bastante abundante e não distante e sem uma altura
significativa.

Para tal, como o sistema de irrigação propõe-se que seja irrigação localizada por
gotejamento, então as bombas a serem usadas serão as bombas centrífugas, pois são adequadas
para aplicações que exigem grandes volumes de água e pequenas alturas manométricas. As
bombas escolhidas são de 750 W de potências.

Como este tipo de bomba pode irrigar de 0,3 a 1 hectare/m2 (Ferreira, 2011), portanto são
necessárias 5 bombas para cobrir os 5 hectares. A irrigação decorre dois períodos por dia, de
manha e de tarde, com um tempo estimado de 2 horas a cada período, totalizando 4 hora por
dia.

No que diz respeito ao sistema, foram selecionados os módulos monocristalinos CS3L-350P –


350W, e as baterias são de chumbo-ácido seladas do modelo HXG12 – 100 A.

A partir daqui é possível dimensionar o sistema todo.

4.1.Sistema Fotovoltaico

Para o dimensionamento do sistema, foi adoptado o método de corrente máxima, com as


características dos módulos e baterias apresentadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Características do módulo e bateria usada

Características do módulo CS3L-350P Características da bateria HXG12-100


Altura (m) 1,76 Tensão da bateria (V) 12
Largura (m) 1,05 Capacidade de carga (Ah) 100
Potência nominal máxima (W) 350 Profundidade de descarga 30%
Corrente de máxima potência (A) 10,61 Tensão do banco de bateria (V) 24
Tensão de circuito aberto (V) 40,2
Corrente de curto-circuito (A) 11,24
Fonte: Adaptado pelo autor
41

Determinou-se a energia produzida pelos módulos usando a equação (3.2), onde potência do
módulo é calculada como produto da corrente de curto-circuito do módulo (A) pela tensão da
bateria (V).
𝐸𝑝 = 𝑃𝑀 × 𝐻𝑆
𝐸𝑝 = 134,88 × 11
𝐸𝑝 = 1484 𝑊ℎ

Daqui foi possível encontrar a quantidade de módulos necessários para o sistema, usando a
equação (3.2), mas antes a equação (3.3), para encontrar a energia elétrica consumida pelos
aparelhos (neste caso as moto-bombas). Para melhor eficiência de produção, foi adotada que a
irrigação fosse realizada duas vezes ao dia, de manhã e de tarde, com um tempo estimado de 2
a cada período, totalizando 4 hora por dia.
𝐸𝑐 = 𝑃 × 𝑡
𝐸𝑐 = (750 × 5)𝑊 × 4ℎ
𝐸𝑐 = 15000 𝑊ℎ
Assim a quantidade de módulos será de:
𝐸𝑐
𝑄=
𝐸𝑝

15000 𝑊ℎ
𝑄=
1484 𝑊ℎ

𝑄 = 10,1 ≈ 10 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

O conjunto de módulos resultantes é configurado como ilustra a Figura 4.1

Figura 4.1: Conjunto de módulos fotovoltaicos de 350W de potência cada.


42

No cálculo das quantidades dos módulos, o valor encontrado, pode-se arredondar por
excesso e por defeito, por isso aqui arredondou-se para 10 como forma de facilitar empregar
dois módulos em série. Aliás, para produzir a tensão de operação de 24V do sistema, é
necessário utilizar um número par de módulos.

Depois, dimensionou-se o número de baterias para o sistema, sendo que ela é dada em duas
fases, o número da bateria em série, usando a equação (3.4), e depois em paralelo, usando a
equação (3.7).

O número de baterias em série é definido pela tensão das baterias empregadas e tensão
desejada. Dai, conhecida a energia e definido o valor da tensão de operação, determinou-se a
capacidade de carga do banco de baterias, valor este que ajuda a determinar a quantidade de
baterias em paralelo.
𝑉𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜
𝑁𝐵𝑆 =
𝑉𝑣𝑏𝑎𝑡
24
𝑁𝐵𝑆 = 12 = 2 (número de baterias em série.)

Para determinar a capacidade do banco de bateria usou-se a equação (3.5), encontrando a


energia armazenada no banco de bateria usando da equação (3.6), com uma profundidade de
descarga das baterias de 30%.

𝐸𝐴
𝐶𝐵𝐴𝑁𝐶𝑂 =
𝑉𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜
12500 𝑊ℎ
𝐶𝐵𝐴𝑁𝐶𝑂 =
24 𝑉
𝐶𝐵𝐴𝑁𝐶𝑂 = 520,8 𝐴ℎ

A partir daqui, foi possível calcular o número de bateria em paralelo a partir da equação
(3.7).

𝐶𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜
𝑁𝐵𝑃 =
𝐶𝑏𝑎𝑡
520,8 𝐴ℎ
𝑁𝐵𝑃 =
100 𝐴ℎ
𝑁𝐵𝑃 = 5,2 ≈ 5 𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠

O conjunto de baterias resultantes foi configurado como ilustra a figura 4.2.


43

Figura 4.2: Banco de baterias dimensionadas para 1000Ah

Depois daqui pode-se dimensionar o controlador de carga para este sistema. A determinação
do controlador de carga leva em conta dois parâmetros, a tensão de operação e a corrente elétrica
máxima fornecida pelos módulos. A corrente máxima fornecida por cada módulo CS3L-350P,
conforme os dados do fabricante, é a corrente de curto-circuito na condição STC, que vale 11,24
A. Como tem-se um conjunto de 10 módulos, sendo 2 conjuntos em série e 5 em paralelo, a
corrente elétrica máxima resultara em: 5 ×11,24 A = 56,2 A.

Para questões de segurança em caso de corrente excessiva provocada por aumento de


radiação, o controlador deve ser sobredimensionado na ordem dos 25% em relação à corrente
de curto-circuito do painel fotovoltaico, usando a equação (3.9).

Sendo assim terá o controlador: a corrente mínima do controlador = 1,25×Icc do painel sendo
56,2 A × 1,25 = 70,25 A

Portanto o controlador de carga empregado nesse sistema deve operar na tensão de 24 V e


suportar a corrente máxima de 70,25 A. Recorrendo ao catálogo do fabricante, neste estudo
pode-se escolher um controlador com as especificações de 24 V e 80 A

Quanto ao inversor, dado que a potência de consumo de todos equipamentos (bombas) é de


3750 Wh, e a potência total dos painéis (CC) é de 3500 Wh, então, 3500×0,75 = 2625Wh, logo,
o inversor escolhido foi o com potência AC de 2625W, com entrada de 24 V e saída de 230 V,
modelo XTH5000-24.
44

4.2.Eficiência do Sistema Fotovoltaico

Para encontrar a eficiência deste sistema, foi necessário estimar a eficiência dos painéis
usados, sendo que através da equação (3.10), estimou-se que a eficiência dos painéis é de
18,93%, estando na fasquia dos modelo e tecnologia escolhida.

Pela equação (3.12), foi possível calcular a eficiência do sistema fotovoltaico no seu todo, que
resultou em aproximadamente 68%.

No caso da irrigação localizada por gotejamento é considerada a mais eficiente atingindo os


90%, pois as perdas de água, seja por espalhamento assim como por evaporação são
minimamente insignificantes.

4.3.Resumo das Características do Sistema Fotovoltaico Dimensionado

Para além dos equipamentos e do material eléctrico bem como das especificações técnicas
determinadas, o sistema irá incluir material adicional como interruptor, suportes metálicos,
cabos eléctricos e tubulações. Adoptou-se cabos de 2,5mm2 de diâmetro, para fazer a conecção
eléctrica dos equipamentos e dois tipos de tubulação, os de 50mm, usados para canalizar a água
do rio até as bombas e os de 3/4" que canalizam a água das bombas, até o campo de irrigação.

Tabela 4.2: Características do Material Dimensionado

Características do material dimensionado para o sistema


10 módulos solares CS3L-350P - 350W 1 Interruptor
10 Baterias secas HXG12 - 100 A 1 Suporte metálico
5 Bombas centrífugas 750 W 100 m de Cabos elétrico 2×2,5mm2
1 Controlador de carga 80 A - 24 V Tubulações (50mm e 3/4")
1 Inversor XTH5000-24 AC 2650 W - 230 V
Fonte: Adaptado pelo Autor
45

4.4.Configuração e Funcionamento do Sistema Fotovoltaico Para Irrigação

Objectivo: Configurar o sistema fotovoltaico dimensionado e explicar o seu funcionamento.

4.4.1. Material Necessário

Para montar e configurar o sistema fotovoltaico dimensionado neste estudo precisa usar a
seguinte relação do material.

Tabela 4.3: Relação nominal do material dimensionado


Item Material e Especificação Quantidade Finalidade
Converter a energia solar
01 Módulos Fotovoltaicos (de 350 W) 10
em elétrica
02 Baterias Secas (de 12 V 100Ah) 10 Acumular energia elétrica
Captar água e conduzir ao
03 Bombas centrifugas (de 750 W) 05
campo de irrigação
04 Controlador de Carga (de 24V, 80 Ah) 01 Gerir a carga das baterias
Converter a tensão
05 Inversor de AC (2625 W – 220V) 01
continua e alternada.
06 Estrutura de suporte 01 Suportar os módulos
07 Disjuntor Bifásico (100 A) 01 Para servir de interruptor
08 Fios condutores de 2,5mm2 100 m Conectar os equipamento.
Canalizar água a partir do
09 Tubulação (50 mm, e 3/4" em rolo) 100 m e 25rl
rio ao campo de irrigação.
Fonte: Adaptado pelo autor

4.4.2. Procedimento Experimental

1. Montar os módulos solares na estrutura de suporte, sendo 2 em séria e 5 em paralelo (como


ilustra a Figura 4.1).

2. Conectar as baterias próximo dos módulos, 2 em série e 5 em paralelo (como ilustra a Figura
4.2).

3. Conectar os fios de saída dos módulos, no controlador de carga numa extremidade de entrada
(positivo e negativo);

4. Conectar os fios de saída das baterias na extremidade de entrada do controlador de carga.


46

5. Conectar o inversor no controlador de carga na extremidade de saída (positivo e negativo);

6. Conectar as 5 bombas associadas em paralelo, ao interruptor conectado ao inversor no ponto


de saída, assim como ilustra a Figura 4.3.

Figura 4.3: Organização do sistema fotovoltaico dimensionado Fonte: Organizado pelo Autor

4.4.3 Modo de Funcionamento

Os módulos solares captam a radiação solar, transformando a energia solar em energia


eléctrica e por sua vez, essa energia é transferida e acumuladas nas baterias, para ser usada
mesmo em períodos em que o recurso solar não está disponível. O controlador de carga, efectua
a gestão da carga contida na bateria, conectado ao inversor que converterá a tensão continua
em tensão alternada para alimentar as moto-bombas. Através da energia eléctrica, as
motobombas captam a água e conduzem-na aos campos de cultivo, permitindo assim irrigar os
campos de cultivo.

4.5.Viabilidade do Sistema Fotovoltaico (Payback)

Para analise da viabilidade do sistema proposto pelo projeto, é preciso tomar algumas
considerações tais como: o investimento inicial no valor de 763.000,00 Meticais, sendo o
orçamento total para implantação do sistema (veja no apêndice), o valor da tarifa cobrada pela
distribuidora de electricidade de 9,31 Mt/kWh para o sector Agrícola, a taxa de operação e
47

manutenção anual que equivale a 1% do investimento inicial (7.630,00 Meticais), a energia


consumida pelo sistema, que é de 15kWh diário.

Usando a equação (3.13), encontra-se o VAL num período de 25 anos de vida útil do
sistema, sendo igual a: 511.306,25 Meticais.

Como o VAL > 0, pode-se afirmar que o projeto é viável, pois permite não só cobrir o
investimento, mas também gerar lucro, se comparado com o valor que seria gasto usando a
corrente eléctrica distribuída pela EDM.

Quanto ao tempo de retorno bruto (Payback), tomando em consideração um gasto anual de


7.630,00 em operação e manutenção e uma receita de gasto energético de 51.000,00 Meticais
anualmente. Usando a equação (3.14), tem-se um retorno do investimento em 17 anos e 6
meses. Estes anos pode sofrer alterações, dependendo do rendimento da cultura a ser produzida
no local.
48

V. CONCLUSÕES E RECOMENDACÕES

5.1.Conclusões

A localidade de Matibane possui condições hidro-agrícolas e de disponibilidade de radiação


solar e espaço sem sombras capaz de instalar um sistema fotovoltaico para irrigação dos campos
de cultivo, que pode gerar energia eléctrica de até 1484 Wh e irrigar até 5 hectares.
Nas condições do problema e padrões de consumo (finalidade), foi definidos o sistema off
grid constituído por 10 módulos solares, 10 baterias (2 em série e 5 em paralelo) e um
controlador de 24 V e 80 A.
O sistema apresenta uma eficiência energética que varia de 68% a 90% conforme o sistema
de irrigação adoptado.
Foi estimado que o sistema fotovoltaico de irrigação tem até 17 anos e 6 meses para retorno
de investimento financeiro. Este tempo pode reduzir dependendo do rendimento da cultura a
ser produzida.

5.2.Recomendações

Recomenda-se que trabalhos futuros:

➢ Pesquisem a viabilidade de dimensionar um sistema fotovoltaico capaz de colectar água


do subsolo para irrigação de campos agrícolas.
➢ Investiguem e profundem formas de mecanização agrícola de modo a melhorar as
condições de vida da população rural.
➢ Estudem formas de tornar os agricultores familiares actores activos no processo de
adequação da tecnologia agrícola, particularmente dos sistemas fotovoltaicos para
irrigação.
➢ Promovam o envolvimento dos agricultores do sector familiar na produção, difusão e
desenvolvimento de tecnologia agrícolas apropriada a realidade do local.
➢ Estudem a forma de reduzir custos de investimento nos sistemas fotovoltaicos de
irrigação visando optimizar o tempo de retorno.
49

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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53

APÊNDICES

ORÇAMENTO GERAL*

Pagamentos
Material
Preço Unit. Quantidade Valor (Mtn)

Painéis solares de 350 Watts 19.400,00 10 194.000,00

Baterias 12 V 100 A 17.600,00 10 176.000,00

Moto Bombas eléctricas 7.500,00 5 37.500,00

Inversores de 2.65 kW – 220 V 80 Hz 26.500,00 1 26.500,00

Controlador de carga 24V 80Ah 18.400,00 1 18.400,00

Tubos de canalização (plástico) 50mm 400,00 100 40.000,00

Cabos eléctricos 2,5mm2 (100m) 5.000,00 1 5.000,00

Interruptor 2.100,00 1 2.100,00

Fitas isoladoras 100,00 10 1.000,00

Tubos de suporte 500,00 25 12.500,00

Tubo flexível (mangueira em rolo) 1.500,00 25 37.500,00

Cantoneira 200,00 50 10.000,00

Tubo metálico de 1.5” 750,00 10 7.500,00

Serviços pessoais 50.000,00 - 50.000,00

Materiais de consumo 25.000,00 - 25.000,00

Outros serviços 25.000,00 - 25.000,00

Tendas 15.000,00 1 15.000,00

Quit de ferramentas 20.000,00 1 20.000,00

Materiais de segurança 60.000,00 - 60.000,00

Total em Algarismos (Mtn) 763.000,00

Total por Extenso Setecentos e sessenta e três mil meticais

* preços obtidos da LOGOS – Nampula

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