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RESUMO
ABSTRACT
1
Universidade Federal de Mato Grosso
I INTRODUÇÃO
É a partir dessa tríade envolvendo Estado, sociedade e família que faremos algumas
reflexões em torno do papel que cada um desses elementos vem desempenhando na
construção e efetivação de políticas públicas para a juventude.
Sabemos que o Estado, revestido do papel de entidade representativa do interesse
coletivo, é responsável pela formulação e implementação de políticas e programas sociais
que visam o atendimento das necessidades sociais da população. No entanto, o que se tem
acompanhado é que essas políticas sociais são implementadas em ações pontuais, de
caráter compensatório e seletivo, não promovendo a equidade social e econômica.
Ressurge então a família, vista como uma instância de proteção social e um meio de
desoneração dos gastos públicos. O Estado, por sua vez, confere à família a
responsabilidade de prover as necessidades sociais de seus membros numa tentativa de
reduzir ao máximo a dependência em relação aos serviços públicos demandados pela
população.
O questionamento é, de que forma a família pode ser vista como um meio de
proteção social dos seus membros, especialmente aquelas de baixa renda, frente aos
limites de atendimento do Estado para com ela? Como delegar tal responsabilidade à família
ao mesmo tempo em que o desamparo público a torna fragilizada, a mercê de carências das
mais diversas naturezas: econômica, social, afetiva, intelectual e que recai, de modo ainda
mais perverso sobre os mais vulneráveis, dentre eles crianças, adolescentes, jovens,
idosos, deficientes e em especial os mais pobres?
Não pretendemos aqui desresponsabilizar e nem minimizar o papel da família como
instância primária de proteção social do jovem e nem a sua capacidade de desempenhar tal
papel, mas sim as contradições que permeiam essa realidade que são refletidas nas
condições de vida, principalmente das famílias pobres destituídas de direitos e condições
mínimas de sobrevivência.
Os governos neoliberais ignoram a realidade social das famílias e as mudanças
ocorridas dentro do núcleo da estrutura familiar. Podemos citar como exemplo de uma
dessas mudanças o deslocamento da centralidade da figura do pai como fonte de sustento
ou de apoio moral desde a entrada da mulher no mercado de trabalho, conforme explica
Pereira (2010):
O Estado tem que se tornar partícipe, notadamente naquilo que só ele tem
como prerrogativa, ou monopólio – a garantia de direitos. Isso não significa
desconsideração da chamada solidariedade informal e do apoio primário,
próprios da família, mas, sim, a consideração de que essas formas de
proteção não devem ser irreais a ponto de lhes serem exigidas
participações descabidas e impraticáveis. Para além do voluntarismo e da
subsidiaridade típica dos arranjos informais de provisão social, há que se
resgatar a política e, com ela, as condições para a sua confiabilidade e
coerência, as quais assentam no conhecimento mais criterioso possível da
realidade e no comprometimento público com as legítimas demandas e
necessidades sociais relevadas por esse conhecimento. Pereira (2010, p.
40).
REFERÊNCIAS