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Especial Consciência Negra - As cinco faces da

opressão

Em “La justicia y la política de la diferencia”, trabalho da filósofa e cientista política estadunidense,

Iris Marion Young, a opressão muitas vezes se dá de maneira sutil, em nosso cotidiano. Ao

indicar as formas de opressão sofrida por vários grupos, a autora destaca que os negros sofrem

sistematicamente as cinco categorias elencadas.O texto não tem tradução para o português. A

seguir, leia o resumo proposto pelo entrevistado, Jair Costa Júnior, sobre as principais

manifestações da opressão em uma sociedade:


• A exploração
• - Que seria a transferência dos resultados do trabalho de um grupo social em benefício de
outro. Como vemos, esta é a mais nítida, o processo de opressão praticado sobre os negros
permitiu ter hoje, um exército de reserva de mão-de-obra barata que alimenta uma lógica de
distribuição de renda desigual. É o famigerado capitalismo, o liberalismo;

• A marginalização
• - Corresponde ao processo em que uma categoria de pessoas seria expulsa da participação
na vida social. Este é agenciado principalmente pela mídia. Sobre este não precisamos dizer
nada, assista à televisão, ao jornalismo policial e tire suas próprias conclusões, isso para não
mencionar as novelas, em que o negro ainda é colocado, principalmente, em papeis de
subalternos e marginalizados socialmente;

• O desempoderamento
• - Referente àqueles a quem o poder é exercido sem o seu respectivo exercício, sendo que
eles estariam situados de modo a que fossem impedidos de tomar decisões e raramente
teriam o direito de dar opiniões. Todo o processo de opressão culmina para este ponto, uma
vez que parte da população que vive sem infraestrutura básica, sem acesso à saúde e à
educação de qualidade não se desenvolve como um cidadão crítico, muito menos
desenvolve suas habilidades e potencialidades que poderiam ser desenvolvidas em um
contexto favorável;

• O imperialismo cultural
• - Relaciona-se ao processo em que os significados dominantes de uma sociedade se
tornariam a perspectiva particular de um grupo invisível, ao mesmo tempo em que este se
tornaria um estereótipo e marcado como “os outros”. Esse aspecto também é muito nítido
quando observamos as manifestações culturais ou religiosas de matriz africana e o lugar que
ocupam no imaginário social. Eu cresci ouvindo e acreditando que o congado pegava
crianças e que o candomblé fazia magia para matar pessoas ou outras coisas ruins. Esse
tratamento social da cultura negra incute no imaginário social o medo e na mesma linha
supervaloriza os costumes da cultura “dominante”;

• A violência
• - Trata-se especificamente da violência dirigida às pessoas, por serem membros de algum
grupo específico. Essa violência varia em suas formas. O olhar discriminador, o desviar de
um negro na cidade ou em um bairro nobre, ou o fato de não permitir que seus filhos joguem
bola com um garoto negro em um parque público, não é menos danoso para o negro que a
violência de um policial em uma abordagem.

Considerando todos os mecanismos de violência utilizados por policiais quando abordam um


negro nas ruas, ofensas verbais, adjetivos altamente pejorativos e a violência física que vai dos
chutes nos tornozelos, para se abrir as pernas ao ponto de quase fazer uma abertura completa,
aos socos e tapas na cara.Isso, sem mencionar o racismo institucional que se observa também
no extermínio e encarceramento de jovens negros no Brasil. Essa violência é mantida por toda a
sociedade quando sabemos da sua existência e a aplaudimos ao vermos aquele negro, nosso
possível algoz (pois é assim que os negros são vistos), ser diminuído como forma de repressão
social.Imagem: Latuff.

CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DE MINAS GERAIS – CRESS 6ª Região


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