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Agricultura
4%
Manufatura
32%
Serviços
64%
Os serviços que buscam lucro diferem daqueles sem fins lucrativos no tocante a suas
metas, embora ambos busquem criar valor para seus vários stakeholders (ou seja, para to-
dos os que, de alguma forma, são afetados pelas atividades da empresa, desde os mais
próximos, como acionistas, consumidores e funcionários, até comunidades e membros da
sociedade em geral. A expressão at stake, que gerou o termo em inglês stakeholder, significa
‘estar em jogo’ e representa o grupo de pessoas que tem algo em jogo em relação às ativi-
dades da empresa). Os serviços que pretendem lucrar buscam atingir resultados financeiros,
atuando dentro de restrições sociais, ao passo que os que não almejam lucro têm em vista
resultados sociais, atuando dentro de restrições financeiras.4 Muitos órgãos públicos e insti-
tuições sem fins lucrativos cobram por seus serviços um preço que cobre parcialmente seus
custos, e costumam depender de donativos, subvenções ou subsídios fiscais para cobrir o
restante. (Embora exista diferenças entre essas designações, para simplificar, usaremos ao
longo deste livro os termos negócios, empresa, corporação, firma e organização para nos referir
genericamente a todos os tipos de fornecedor de serviço.)
Assim como nos Estados Unidos e no Brasil, a maioria dos países emergentes e
desenvolvidos tem verificado um acelerado crescimento de suas economias de serviços.
A Figura 1.3 mostra o tamanho relativo do setor de serviços em uma seleção tanto de
economias grandes quanto de pequenas. Na maioria das nações mais desenvolvidas, os
serviços representam entre dois terços e três quartos do PIB, embora a Coreia do Sul,
com sua forte orientação à manufatura (58 por cento), seja uma exceção. Quais são as
economias mundiais mais dominadas pelos serviços? Uma delas são as Ilhas Caimã (95
por cento), um grupo de pequenas ilhas administrado pelo Reino Unido no Caribe oci-
dental, conhecido por suas atividades predominantes: serviços de turismo, financeiros
offshore e de seguros. Jersey, Bahamas e Bermuda — pequenas ilhas com uma combina-
ção econômica semelhante — também são dominadas pelos serviços. Luxemburgo (86
por cento) possui a economia de serviços mais predominante da União Europeia. A forte
participação dos serviços no Panamá (78 por cento) reflete não somente a operação do
Canal do Panamá — bastante usado tanto por navios de cruzeiros como por embarca-
ções de carga —, mas também os serviços relacionados a ele, como terminais de contêi-
ner, registros na capitania e uma zona de porto livre, além dos serviços financeiros, de
seguros e de turismo (Figura 1.4).
Próximo à ponta oposta da escala está a China (40 por cento), uma economia emer-
gente dominada por um setor agrícola substancial e por setores industriais e de constru-
ção em franca expansão. Entretanto, o crescimento econômico do país leva agora a um
aumento na demanda por serviços para empresas e consumidores, o que deve alterar
substancialmente este perfil nos próximos anos, assim como ocorreu com o Japão após
a Segunda Guerra Mundial. O governo chinês investe pesado em infraestrutura de ser-
viços, incluindo instalações portuárias e novos terminais aéreos. Xangai, o maior centro
comercial do país, orgulha-se do serviço ferroviário de aeroporto mais rápido do mun-
Figura 1.3 Tamanho estimado (como porcentagem do PIB) do setor de serviços em países selecionados
EUA (79%), Fiji (78%), Barbados (78%), Panamá (78%), França (77%), Reino Unido (76%), Bélgica (75%)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Serviço como percentual do PIB
Fonte: The World Factbook 2008, Central Intelligence Agency. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2012.html>.
Acesso em: 26 mar. 2009.
Figura 1.4 Canal do Panamá forma a espinha dorsal da economia de serviços do país
Hbarkan/stock.xchng
D
ados do Banco Mundial (Figura 1.5) mostram a evo- no de 27 por cento. O setor de serviços saiu da faixa dos 40
lução da participação dos três setores de atividade — para os 50 por cento na década de 1990, e hoje ultrapassa
agricultura, indústria e serviços — no PIB nas últimas os 60 por cento, estabelecendo definitivamente o Brasil
cinco décadas (1960-2009). Nesse período, o setor agrí- entre os países de economia de serviços.
cola reduziu sua participação de 20 para cerca de 6 por Em 2009, a participação do setor de serviços no
cento. A indústria (ou manufatura), que já representou 40 PIB brasileiro foi de 66,2 por cento, conforme gráfico
por cento da economia, hoje participa com parcela em tor- da Figura 1.6.
Figura 1.5 Evolução da participação dos setores de atividade no período de 1960 a 2009
100%
90%
80%
70%
20%
10%
0%
1960
1963
1966
1969
1972
1975
1978
1981
1987
1990
1993
1996
1999
2002
2005
2008
1984
6.6%
Serviços, valor
adicionado (% do PIB)
27.2%
Indústria, valor
adicionado (% do PIB)
700.000.000
600.000.000
580.583.449
492.249.503
500.000.000
438.912.351
380.514.968
400.000.000
297.150.400 325.322.478
300.000.000 250.723.675
222.008.131
200.000.000 160.991.477 183.946.052
100.000.000
0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Serviços de manutenção e reparação: ma- 2008. Isso comprova que o setor no Brasil tem se desen-
nutenção e reparação de veículos; manutenção volvido com qualidade, o que lhe permite ser competitivo
e reparação de objetos pessoais e domésticos; e no mercado internacional.
manutenção e reparação de máquinas de escritó- Em contrapartida, nesse mesmo período, as importa-
rio e de informática. ções de serviços cresceram a um ritmo inferior ao das im-
portações de bens: 27,9 contra 43,6 por cento. Além disso,
Outras atividades de serviços: serviços auxi-
as importações brasileiras estão fortemente concentradas
liares da agricultura; agentes de comércio e re-
em quatro setores: viagens internacionais, transportes,
presentação comercial; serviços auxiliares finan-
aluguel de equipamentos e serviços empresariais, pro-
ceiros, dos seguros e da previdência complemen-
fissionais e técnicos, respondendo por 72 por cento das
tar; e limpeza urbana e esgoto.
despesas dessa conta de serviços. Esses números sugerem
O crescimento interno desses grupos de atividades que o governo tem atuado segundo uma política de estí-
tem sido constante e leva o País a uma posição de des- mulo da importação de bens de capital, para desenvolvi-
taque no cenário internacional, a qual merece uma breve mento de infraestrutura, e restringido o acesso dos ser-
discussão. Em 2008, a exportação de serviços excedeu a viços estrangeiros ao mercado nacional, com exceção de
exportação de bens — 27,4 contra 23,2 por cento, respec- algumas categorias.
tivamente. Os subsetores que mais participam da exporta- No Capítulo 5, quando falarmos de distribuição inter-
ção de serviços são os serviços empresariais, profissionais nacional, comentaremos as dificuldades específicas que as
e técnicos; as viagens internacionais e os transportes, res- empresas de serviços encontram para levar sua oferta a
pondendo por 80 por cento das receitas de serviços em outros mercados.