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A TEORIA DA DECISÃO COMO FORMA DA COEXISTÊNCIA ENTRE O

PROCEDIMENTALISMO E O SUBSTANCIALISMO
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EDMAR JOSÉ CHAGAS JUNIOR,2ALBINO TURBAY GABRIEL JUNIOR
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Acadêmico PIC/UNIPAR
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Professor Doutor e Coordenador do Curso de Direito – UNIPAR, unidade de Paranavaí
Introdução: O relativismo, bem como a ponderação, há muito têm sido objeto de ataque por
parte dos procedimentalistas em face dos substancialistas. Eis que aqueles asseveram que os
juízes, ao utilizarem tais medidas, incorrem em decisões arbitrárias e discricionárias, o que é
incompatível com a hermenêutica filosófica.
Ainda sob a luz deste contexto, infere-se que as decisões devem ser validadas em leis
subsumidas à Constituição Federal, proveniente da tautologia kelsiana. Todavia, a abordagem
não pode ser puramente teórica, sob pena de realizar uma asfixia da realidade do mundo
prático. Neste diapasão, a Teoria da Decisão exsurge-se como forma de equilíbrio,
apresentando uma resolução prática ao referido embate.
Objetivo: Apresentar a problemática existente entre o procedimentalismo e o sustancialismo
em suas várias vertentes, com uma solução proposta na Teoria da Decisão.
Desenvolvimento: A fim de demonstrar a gritante, bem como atual, necessidade de ser
desenvolvida e aplicada uma Teoria da Decisão, houve imensa pesquisa visando demonstrar,
pormenorizadamente, a problemática existente na adoção unilateral do procedimentalismo ou
substancialismo.
Neste contexto, constatou-se que a posição vigente dos juízes não faz uso de métodos no
intuito de solucionar as lides, o que resulta em sentenças discricionárias. Neste diapasão,
encontrou-se em Dworkin excelente amparo a presente defesa, especialmente na ocorrência
de inconcebíveis entendimentos discricionários em casos por eles denominados como
“difíceis”. Eis que a decisão pessoal/ político/ moral/ econômica de um sujeito não escolhido
por voto popular não deveria imperar em um Estado Democrático de Direito.
Constatou-se, igualmente, que o ativismo judicial não é bom nem mau, mas um problema. De
maneira irremediável, denotou-se que tal entendimento levou-nos a criar uma fábrica de
princípios. Esta, por sua vez, é denominada pelo professor Lênio Streck como o Pan-
Principiologismo, eis que na falha da redação do texto de lei é criado um princípio. Não
obstante, questionou-se, inclusive, acerca da normatividade dos aludidos princípios.
Assim, coadunando-se com a proposta de Streck, buscou-se elencar, ainda que de forma
singela, as proposições de Dwokin e Gadamer, a fim de impedir que a falha do positivismo
exegético resulte na interpretação semântica. Uma vez que esta abre espaço para a
discricionariedade que, por sua vez, desemboca na arbitrariedade. Isto, por seu turno,
confronta-se com o direito fundamental do cidadão em ver a Constituição Federal ser
obedecida. Lênio, todavia, elenca seis possibilidades do magistrado excetuar-se a este dever.
Visando solucionar a presente questão, elencou-se uma série de constatações que contribuem
na formação do aludido problema, as quais deveriam ser modificadas. Tal como a premente
necessidade da doutrina voltar a doutrinar, bem como o fato das decisões atuais serem
perpetuações de outras pretéritas a estas, sem a devida apreciação do caso concreto. Não
obstante, discorreu-se acerca da corriqueira utilização desta concretude como álibi para que o
magistrado mude seu posicionamento a cada novo julgamento.
Conclusão: Sob a luz do acima mencionado, constata-se que o controle judicial não significa
proibir a interpretação. Muito pelo contrário. Exige que se interprete. Ademais, no que toca a
atribuição de sentido às decisões, não há que se falar em criação de sentido, eis que a
hermenêutica filosófica não permite divergentes entendimentos. Neste diapasão, é errôneo
afirmarmos que tal proibição enfraquece o judiciário, eis que tal posicionamento dará muito
mais concretude, bem como credibilidade ao judiciário, evitando-se uma farra principiológica.
Neste intransponível contexto, imperioso se faz a aplicação da Teoria da Decisão como forma
de controle judicial como forma de equilíbrio do procedimentalismo e do substancialismo, os
quais não devem ser extintos, mas coexistir.
Referências:
DWORKIN, Ronald. Levando os Direitos a Sério. Tradução de Nelson Boeira. São Paulo:
Martins Fontes, 2002.
STRECK, Lênio Luiz. Verdade e Consenso. Constituição, Hermenêutica e Teorias
Discursivas da Possibilidade à necessidade de respostas corretas em Direito. 3. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método. Traços Fundamentais de Uma Hermenêutica
Filosófica. Tradução de Flávio Paulo Meurer. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
STRECK, Lênio Luiz. O PROBLEMA DA DECISÃO JURÍDICA EM TEMPOS PÓS-
POSITIVISTAS. Novos Estudos Jurídicos. Vol. 14, n. 2, p. 3-26, 2º Quadrimestre de 2009.
STRECK, Lênio Luiz. APLICAR A “LETRA DA LEI” É UMA ATITUDE POSITIVISTA? .
Novos Estudos Jurídicos. Vol. 15, n. 1, p. 158-173, 1º Quadrimestre de 2010.

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