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Leandro Silva

Faculdade UNICESUMAR

A prática do Direito Romano.

Este presente trabalho tem o objetivo de elencar os principais pontos referentes a pratica do
direito em Roma.

No princípio romano de que jus et obrigatio sunt correlata, a todo direito de alguém
corresponde a obrigação de respeitá-lo por parte de outrem. A proteção social vem em
socorro do titular de um direito para o proteger, como a coação social que procura castigar
aquele que, por ação ou omissão, lesa ou ameaça o direito alheio. Todo direito implica na
existência de um titular, dito de sujeito do direito, o que se prende ao objeto do direito, onde
incide sua fruição ou gozo, por uma relação jurídica, protegida pela coação social. E, assim, se
têm os elementos necessários para a formação de um direito: sujeito, objeto, relação e
coação. Nesta acepção, toma o Direito várias denominações: direito pessoal, direito real,
direito adquirido, direito obrigacional, direito patrimonial, direito atual, direito hereditário,
etc. A cada direito, neste conceito, corresponde uma ação, que o assegura.

O Direito Romano, é como casa paterna das nações civilizadas tendo como pérola a História do
Direito Romano. Esse organismo jurídico da antiguidade é considerado como a razão escrita. O
Corpus Juris representa 10 séculos de uma moral puramente humana. Ganhou a função de um
eterno paradigma, de fonte de origem de toda a sistematização jurídica. É por isso que Hallan
diz: que a velha legislação guiará, por longos séculos ainda, as gerações. O Direito Romano,
infiltrou-se nos costumes judiciários de todos os povos e tem resistido à corrente dos códigos,
que inauguram contra ele o espírito reacionário. O Direito Romano, em vez de surgir de um
jacto, como Minerva na cabeça de Júpiter, bem ao contrário sofreu uma longa gestação, no
longo percurso entre a fundação de Roma até a constituição do Império Bizantino. Assim, três
fases características se assinalam:
1ª – Com Tarquínio Soberbo, surgiu a ideia de unificação do Direito, sem que houvesse
participação do povo;

2ª – quando, sob a República, todas as classes, de comum acordo, reclamam a codificação,


cuja necessidade ficou acentuada com o aparecimento da compilação Papiriana. É nesta fase
que surgiu as chamadas Leis das XII Tábuas, as Leis das Ações;

3ª – Quando imperadores e o povo se juntam os jurisconsultos, que elaboram o Edicto


Perpétuo, os Códigos Gregoriano e Hermogeniano, o Código Teodosiano, e, sob Justiniano, o
Corpus Juris Civilis Romanorum.

No desenvolvimento do Direito Romano se distinguem, de outro lado, 4 partes:

1ª – Direito arcaico ou quiritário (desde a fundação de Roma até a codificação das XII Tábuas);
direito rigoroso, formalista, apto só a um povo de economia agrária;

2ª – o período de Augusto, poucos anos antes da vinda de Cristo (fim da República Romana);
prevalência do jus gentium, o direito comum a todos os povos do Mediterrâneo, a fundação
sobre o bonum et aequum e a boa-fé, o direito universal se aplica a todos os homens livres;
constrói-se um sistema jurídico magistraturas, o jus honorárium que, por influência do jus
gentium auxilia, supre, emenda com elasticidade o cepo originário do jus civile.

3ª – O período do direito clássico, constitui a época áurea da jurisprudência, chegando até o


imperador Diocleciano. O direito recebe a maior elaboração científica dos jurisconsultos. O
direito magistratural é substituído pelo cognitio extra órdinem, administração da justiça
assumida diretamente pelo imperador.

4ª – Depois de Diocleciano, no IV século depois de Cristo, começa o direito post-clássico.


Faltam os grandes jurisconsultos, porém o direito se adapta aos novos princípios sociais
firmados pelo Cristianismo. Nesse período se forma o direito moderno, que vem codificado no
VI século pelo imperador Justiniano (Sciascia).

Para compreendermos a importância do Direito Romano, precisamos recorrer aos escritos dos
Jurisconsultos (Pomponius, Paulus, Ulpianus, Justinianus), ao lado dos monumentos
epigráficos. Estes constituem testemunhas fiéis das épocas desaparecidas, embora reste um
pequeno número de inscrições relativas ao direito privado Romano dos primeiros séculos. Tais
obras encerram materiais abundantes, para o estudo do direito público e privado; nelas se
acham, com fidelidade, regras do direito antigo e moderno. O De légibus contém as leis
antigas, isto é, inspiradas nos deuses (Cuq).

“LEX DUODECIM TABULARUM”


Antecedentes da história
Diz Pompônio que a causa que originou a compilação da Lei das XII Tábuas não foi,
como afirmam os estudiosos, a exigência da plebe de ser equiparada aos patrícios para
que fosse colocado um termo ao arbítrio dos cônsules e para que houvesse igualdade de
direito e deveres frente à lei, mas foi feita porque as leis do período monárquico não
mais se adaptavam à nova forma de governo, isto é, à República.
A renovação das normas se fez necessário por causa da queda da monarquia, com tal
renovação eliminavam as diferenças de classes.

Silvio Meira diz a respeito: Pompônio alega que a transformação política operada se deu
pelo fato da queda da monarquia e com nascimento da República exigia uma legislação
nova que viesse substituir os costumes tradicionalmente aplicados. (A Lei das XII Tábuas –
Pág. 60 – 3ª Edição – Forense – 1972).

Pompônio ainda menciona uma classificação de direito em três partes, a primeira a Lei
das XII Tábuas, que deu origem ao Direito Civil e às ações da lei. Nesta parte, ficava
por responsabilidade dos Pontífices o direito de interpretar as leis, fixar as ações e
nomear os juízes que as deviam julgar. Tal uso se manteve durante quase um século.
Pela exiguidade do tempo que ora foi disposto para nossa turma apresentar o presente
trabalho, me reservo de resumir algumas das muitas informações que poderiam ser
incluídas neste artigo.
Mencionando, todavia, os pontos principais que elucidam a natureza do presente
trabalho.
O primitivo estado romano estava dividido em tribos, cada qual autônoma, mas
integrante do Estado, e que funcionavam com distritos dos quais se arregimentavam
homens para a formação de contingentes militares. A divisão em tribos não era a que
mais caracterizava o estado romano primitivo, mas sim a distinção bem acentuada que
separava a classe patrícia da plebeia. E a distinção se fazia sentir exatamente na
exclusão dos plebeus da administração do município, além da proibição recíproca do
casamento, isto é, não podia um plebeu ou uma plebeia casar com uma patrícia ou
patrício, e vice-versa. Aliás essa proibição do casamento evidencia profundamente a
distinção entre as duas classes e tudo leva a crer ter sido, tal proibição, obra dos mesmos
patrícios que dominavam o decemvirado, chefiado por Apio Cláudio. A esse respeito
Cícero diz: “ Aqueles que, com as XII Tábuas, escreveram a suprema das leis, por
equidade e prudência, um ano depois substituíram outros decêmviros que acrescentaram
suas Tábuas de leis iníquas, as quais também para os povos que costumam ser divididos
em tribos, sancionaram lhe esta lei iniquíssima (pela qual) os plebeus não podem casar
com os patrícios”.

Aliás, a abolição do ius connubii entre patrícios e plebeus, deve-se ao tribuno Canuleio,
que desde o ano 445 a.C. teria usado novamente o meio da secessão, à qual o estado
romano não achava indecoroso ceder, para apresentar a sua proposta do conúbio entre as
duas classes (Lex Canuleia) e teria vencido.

Não era apenas o ius connubii que separava as duas classes, mas também o fato de que
somente os patrícios tinham direito de ingressar na magistratura e no sacerdócio e
lutavam para manter e garantir esses privilégios. Se aceitarmos a opinião de que a
distinção tem origem em uma maior ou menor possibilidade de riqueza, isto é, da
diferença econômica entre quem pode mais e. quem pode menos, conclui-se que as lutas
entre patrícios e plebeus, foram lutas não somente para a igualdade econômica, mas
também para a igualdade civil e política.

Embora seja necessário um estudo mais minucioso, que a finalidade desse trabalho não
comporta, não resta dúvida de que existiu uma clara distinção entre a classe patrícia e a
plebeia e que tal distinção era marcada essencialmente pelo poder econômico mais
elevado da classe patrícia através do qual originava-se também o poder político e seus
privilégios dentro da sociedade romana.
As conquistas da plebe
Deu-se na primeira metade do século V que a plebe consegue conquistar os órgãos e os
institutos que a colocaram em condições de alcançar as metas desejadas. Com a
instituição das tribos territoriais como distritos para servir de recrutamento, podendo-se
reunir em tribos conforme a localização da posse fundiária; antes feita por cúrias,
quebra-se a preponderância da plebe urbana e das clientelas patrícias. Tais comícios
adquiriram logo grande importância a ponto que os plebeus se dispuseram até a usar a
violência para defender essas suas reuniões e impor ao estado a observância dos
plebiscitos isto é, das deliberações que se tomavam, de forma que a autoridade dos
chefes da plebe, os tribunos, crescia sempre mais.
Contudo, a origem do tribunato é obscura e discutida. Contesta-se a afirmação de
Diodoro de Sicília, segundo o qual o tribunato teria nascido de uma secessão entre
patrícios e plebeus, dando-se preferência, porém, ao texto de Tito Lívio, que afirma sua
origem da autoridade adquirida através da revolução plebeia que se empenhava, com
leis sagradas, a defender a autoridade dos seus tribunos.
Foi assim que a plebe, na primeira metade do século V a.C., pode constituir-se em
estado dentro do estado para combater os privilégios dos patrícios e conquistar a
igualdade civil e política. A civil foi obtida através da legislação das XII Tábuas.

Portanto, o tribunato, depois de uma dura luta que durou um decêndio, teria obtido uma
importante vitória. Assim diz a respeito Bonfante: “Com o propósito de subtrair os
plebeus aos arbítrios da magistratura e da casta patrícia, Terentillo Arsa, no ano 462
a.C. propôs que se elegesse uma magistratura de cinco membros (para a criação dos
quinqueviros) com a missão de redigir para a plebe um código de leis”.( Opere
complete di Pietro Bonfante – Storia del Diritto Romano. Giuffré Editore – 1958 – Pág.
119).
em suma, todo contraste e toda luta giravam em torno dos interesses das duas classes.
Por isso a necessidade da elaboração de novas leis era um imperativo categórico, leis
em que, sobre um plano comum, fossem atendidas as pretensões dos plebeus e nas quais
os patrícios também se sentissem garantidos e amparados quanto a seus créditos. E não
foi sem resistência, como se disse, que os patrícios desceram a um acordo, pois, após a
expulsão dos reis, seu sistema manteve-se ainda durante muitos anos. Por isso, na Lei
das XII Tábuas percebe-se, no rigor da parte processual, a mão autoritária do patriciado.
No regulamento muito minucioso das formas, diz Bonfante, no intuito de, através de
atrozes prescrições que todavia parecem tornar mais brando o procedimento, em alguns
preceitos, também fora do campo processual, como aquele pelo qual os débitos são
divididos em “ipso iure”, entre mais herdeiros, reflete-se o drama da primitiva sociedade
romana. (Op. cit. pág. 119). Todavia, malgrado a preeminência do procedimento que
ocupava inteiramente as primeiras três Tábuas, as normas relativas do código
decemviral possuem todas um caráter especial e delas com dificuldade pode-se
dessumir, por indução, os princípios fundamentais do antigo direito processual.
Diante do exposto conclui-se que; as XII tábuas é um Marco histórico de suma
relevância, pois, ao ser posto em escrito este importante documento, regeu a
convivência daquela sociedade, e com este modelo de visava a positivação das normas,
foi criada a estrutura jurídica que influenciou todo o ocidente desde aqueles dias até os
dias de hoje.

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