Aula1 2015 PDF

Abordagem axiomática para o comportamento do consumidor
Preferências e função de utilidade: existência e formas funcionais

Preferência revelada: axiomas forte e fraco
Teoria do consumidor
Susan Schommer
Susan Schommer Teoria do consumidor

Principais tópicos e bibliografia
Principais tópicos:
(i) Teoria do Consumidor
(ii) Teoria da Firma
(iii) Teoria dos Jogos
(iv) Equilı́brio Geral
Bibliografia:
MAS-COLELL, WHINSTON e GREEN - Microeconomic Theory,
Oxford Economic Press, 1995.
VARIAN, H. - Microeconomic Analysis, 2nd ed., New York, W. W.
Norton e Company, 1984.

Problema de decisão individual
É um conjunto de alternativas possı́veis no qual o indivı́duo

deve escolher.
Denotamos este conjunto por X
Exemplo: Decisão de qual carreira seguir, as alternativas em

X pode ser: ir para uma pós graduação, ir para uma escola de
negócios,...,tornar-se um artista
Quando falamos do problema de decisão do consumidor, os

elementos do conjunto X são possı́veis escolhas de consumo.

Problema de decisão individual
Existem dois métodos para modelar o comportamento de

escolha individual.
1 método baseado nas preferências no qual impõe o axioma da

racionalidade
2 método baseado nas escolhas que tem como hipótese central
o axioma fraco da preferência revelada
Entender a relação entre estes dois métodos é importante.

Preferências
No método baseado nas preferências, os objetivos dos

tomadores de decisão são resumidos em uma relação de
preferência, denotada por %
% é uma relação binária no conjunto de alternativa de X,

permitindo a comparação de pares de alternativas x, y ∈ X
Escrevemos x % y e lemos “x é pelo menos tão bom quanto

y” ou “x é fracamente melhor do que y”
(i) x y ⇔ x % y mas não y % x e lê-se “x é (estritatemente)

melhor do que y” ou “x é preferı́vel a y”
(ii) x ∼ y ⇔ x % y e y % x e lê-se “x é tão bom quanto y” ou “x
é equivalentemente a y” ou “o indivı́duo é indiferente entre x e
y”

Preferências
Definição: A relação de preferência % é racional se ela possui as

duas seguintes propriedades:
(i) Completude: para todo x, y ∈ X, nós temos que x % y ou
y % x.
(ii) Transitividade: para todo x, y, z ∈ X, se x % y e y % z,
então x % z.

Função utilidade
Podemos descrever as relações de preferências por meio de

uma função de utilidade u(x)
Definição: Uma função u : X → R é uma função de utilidade

representando a relação de preferência %, se, para todo x, y ∈ X
x % y ⇔ u(x) ≥ u(y)
u(x) atribui um valor numérico para cada elemento em X,

ordenando os elementos de X de acordo com as preferências
individuais.
A relação de preferência tem propriedades ordinais enquanto

os valores numéricos associado com as alternativas em X tem
propriedades cardinais
Proposição: A relação de preferência % pode ser representada por

uma função de utilidade somente se ela é racional.
Prova: Suponha que u : X → R representa a preferência %.
Vamos provar que % é completa. Dados x, y ∈ X temos
u(x) ≥ u(y) ou u(y) ≥ u(x). Logo, x % y ou y % x, ou seja, % é
completa.
Agora, se x % y, ou y % z, então u(x) ≥ u(y) e u(y) ≥ u(z).
Logo, u(x) ≥ u(z) ou x % z o que mostra que % é transitiva.
As % serem racionais é uma condição necessária para haver

uma representação for função de utilidade, nossa próxima
pergunta é saber se seria também condição suficiente.

Exemplo: Preferências Lexicográficas

Seja X = R2 e a preferência Lexicográfica % definida como:
(x1 , x2 ) % (y1 , y2 ) ⇔ x1 > y1 ou x1 = y1 e x2 ≥ y2
Esta preferência é racional, mas não tem representação for função

de utilidade.

Precisaremos de mais duas definições:
Definição: Dizemos que % é contı́nua quando os conjuntos

{y ∈ X : y % x} e {y ∈ X : x % y} são fechados para todo
x ∈ X.
Definição: Seja X = RL + . Uma preferência % sobre X é

monótona se para todo x, y ∈ X temos que x ≥ y, x 6= y implica
x y, onde x = (x1 , ..., xL ) ≥ y = (y1 , ..., yL ) se e somente se
xk ≥ yk para todo k = 1, ..., L.

Existência
Proposição: Seja X = RL
+ e % uma preferência racional, contı́nua
e monótona sobre X. Então existe uma função de utilidade
u : X → R que representa %.

Formas Funcionais
Quase-lineares: u(x) = x1 + v(x2 )
Substitutos perfeitos: u(x) = x1 + x2
complementares perfeitos: Leontief u(x) = min{x1 , x2 }
Cobb-Douglas: u(x) = xα1 1 + xα2 2

Regras de escolha
Uma estrutura de escolha (B, C(·)) consiste de:

(i) B é uma famı́lia de subconjuntos não vazios de X, ou seja,
todo o elemento de B é um conjuto B ⊂ X
(ii) C(·) é uma regra de escolha que atribui um conjunto não vazio
de elementos escolhidos C(B) ⊂ B para todo o conjunto
B∈B
Exemplo: Suponha que X = {x, y, z} e

B = {{x, y}, {x, y, z}}. Podemos ter possı́veis escolhas:
(B, C1 (·)) sendo C1 ({x, y}) = {x} e C1 ({x, y, z}) = {x}
(B, C2 (·)) sendo C2 ({x, y}) = {x} e C2 ({x, y, z}) = {x, y}
A segunda estrutura de escolha não parece muito consistente.
Por isso, gostarı́amos de definir uma propriedade razoável que
impeça este tipo de escolha.

Axioma Fraco da Preferência Revelada
Definição: A estrutura de escolha (B, C(·)) satisfaz o Axioma

Fraco da Preferência Revelada se as seguintes propriedades se
mantém: Se para algum B ∈ B com x, y ∈ B nós temos
x ∈ C(B), então para qualquer B 0 ∈ B como x, y ∈ B 0 e
y ∈ C(B 0 ), nós devemos ter também x ∈ C(B 0 ).
O axioma fraco diz que se x é sempre escolhido quando y está

disponı́vel, então não pode ter outro conjunto contendo
ambas alternativas para o qual y é escolhido e x não é.
Se C({x, y}) = {x} então o axioma diz que não pode ter
C({x, y, z}) = {y}

Uma forma simples pode ser vista definindo uma relação de

preferência revelada %∗
Definição: Dada uma estrutura de escolha (B, C(·)) a relação de

preferência revelada %∗ é definida por
x %∗ ⇔ y existe algum B ∈ B tal que x, y ∈ B e x ∈ C(B)
Lemos x %∗ ⇔ y como “x é revelado ser tão bom quanto y”
Note que a relação de preferência revelada %∗ não precisa ser

completa nem transitiva.


Agora vamos analisar as implicações do AFrPR para o
comportamento da demanda de um consumidor.
Supomos um conjunto finito L = (1, ..., L) de bens e serviços
Conjunto do consumo:
X = RL L
+ = {x ∈ R : xl ≥ 0 para l = 1, ..., L}
Para cada L está associado um preço p ∈ RL++
A renda do consumidor é um escalar denotado por w
O consumo x ∈ RL + é viável se:
p · x = p1 x1 + · · · + pL xL ≤ w
Denotamos o conjunto orçamentário por:
Bp,w = {x ∈ RL : p · x ≤ w}
x(p, w) é o vetor demanda: conjunto de escolhas de consumo
para cada dado p e w. Quando x(p, w) possui um único valor
chamaremos de função demanda.
No contexto de funções de demanda o axioma fraco será:
Definição: A função demanda x(p, w) satisfaz o Axioma Fraco da

Preferência Revelada se as seguintes propriedades se mantém para
quaisquer duas situações de preço-riqueza (p, w) e (p0 , w0 ): Se
p · x(p0 , w0 ) ≤ w e x(p0 , w0 ) 6= x(p, w), então p0 · x(p, w) > w
A escolha do consumidor pode satisfazer o axioma fraco, mas

não é capaz de gerar uma relação de preferência racional
Substituiremos, então, axioma fraco pelo Axioma Forte da

Preferência Revelada como forma de impor transitividade na
nossa teoria da escolha.

Axioma Forte da Preferência Revelada
Definição: A função demanda x(p, w) satisfaz o Axioma Forte da

Preferência Revelada se para qualquer lista
(p1 , w1 ), ..., (pN , wN )
com x(pn+1 , wn+1 ) 6= x(pn , wn ), para todo n ≤ N − 1, nós temos

pN · x(p1 , w1 ) > wN sempre que pn · x(pn+1 , wn+1 ) > wn para
todo n ≤ N − 1.
Em outras palavras, se x(p1 , w1 ) é diretamente ou

indiretamente revelado preferido a x(pN , wN ), então
x(pN , wN ) não pode ser diretamente revelado preferido a
x(p1 , w1 ). Então x(p1 , w1 ) não pode ser acessı́vel a (pN , wN )

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(i) Teoria do Consumidor

(ii) Teoria da Firma

(iii) Teoria dos Jogos

(iv) Equilı́brio Geral

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É um conjunto de alternativas possı́veis no qual o indivı́duo

Denotamos este conjunto por X

Exemplo: Decisão de qual carreira seguir, as alternativas em

Quando falamos do problema de decisão do consumidor, os

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Problema de decisão individual

Existem dois métodos para modelar o comportamento de

1 método baseado nas preferências no qual impõe o axioma da

Entender a relação entre estes dois métodos é importante.

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No método baseado nas preferências, os objetivos dos

% é uma relação binária no conjunto de alternativa de X,

Escrevemos x % y e lemos “x é pelo menos tão bom quanto

(i) x  y ⇔ x % y mas não y % x e lê-se “x é (estritatemente)

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Definição: A relação de preferência % é racional se ela possui as

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Podemos descrever as relações de preferências por meio de

Definição: Uma função u : X → R é uma função de utilidade

u(x) atribui um valor numérico para cada elemento em X,

A relação de preferência tem propriedades ordinais enquanto

Proposição: A relação de preferência % pode ser representada por

As % serem racionais é uma condição necessária para haver

Susan Schommer Teoria do consumidor

Exemplo: Preferências Lexicográficas

(x1 , x2 ) % (y1 , y2 ) ⇔ x1 > y1 ou x1 = y1 e x2 ≥ y2

Esta preferência é racional, mas não tem representação for função

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Precisaremos de mais duas definições:

Definição: Dizemos que % é contı́nua quando os conjuntos

Definição: Seja X = RL + . Uma preferência % sobre X é

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Quase-lineares: u(x) = x1 + v(x2 )

Substitutos perfeitos: u(x) = x1 + x2

complementares perfeitos: Leontief u(x) = min{x1 , x2 }

Cobb-Douglas: u(x) = xα1 1 + xα2 2

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Uma estrutura de escolha (B, C(·)) consiste de:

Exemplo: Suponha que X = {x, y, z} e

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Axioma Fraco da Preferência Revelada

Definição: A estrutura de escolha (B, C(·)) satisfaz o Axioma

O axioma fraco diz que se x é sempre escolhido quando y está

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Axioma Fraco da Preferência Revelada

Uma forma simples pode ser vista definindo uma relação de

Definição: Dada uma estrutura de escolha (B, C(·)) a relação de

x %∗ ⇔ y existe algum B ∈ B tal que x, y ∈ B e x ∈ C(B)

Lemos x %∗ ⇔ y como “x é revelado ser tão bom quanto y”

Note que a relação de preferência revelada %∗ não precisa ser

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Axioma Fraco da Preferência Revelada

(i) x y ⇔ x % y mas não y % x e lê-se “x é (estritatemente)