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Teoria da firma

Aula 5

Susan Schommer
Maximização de lucro
I Assumimos: (i) p  0; e (ii) as firmas são tomadoras de
preços
I Objetivo: maximizar lucro (receita menos despesa)
P
I Se o produtor escolhe y seu lucro será p · y = l pl yl onde y
pode ser positivo (receita) e negativo (despesa)
I O problema da firma é:

max p · y
y

s.a y ∈ Y
I Usando a função transformação temos o equivalente

max p · y
y

F (y) ≤ 0
Maximização de lucro

I Dado Y , a função lucro é definida por

π(p) = max{p · y : y ∈ Y }

I Correspondentemente definimos a função oferta

y(p) = {y ∈ Y : p · y = π(p)}

I Se F (·) é diferenciável, então podemos caracterizar a solução


do problema pelas condições de primeira ordem (CPO)

∂F (y ∗ )
pl = λ para l = 1, ..., L
∂yl
Maximização de lucro
I Quando Y corresponde a uma única tecnologia com f (z)
diferenciável, sendo p > 0 preço do produto e w  0 preços
dos insumos, temos:

max pf (z) − w · z
z≥0

I Se z ∗ é otimal, então as CPO devem ser satisfeitas para


l = 1, ..., L − 1:

∂f (z ∗ )
p ≤ wl com igualdade se z ∗ > 0
∂zl

I Se Y é convexo, então as condições de primeira ordem para os


problemas são necessárias e suficientes para determinar a
solução
Minimização de custo

I Vantagens:
(i) perminte modelar o comportamento das firmas em mercados
competitivos e estruturas com poder de mercado
(ii) permite utilizar métodos analı́ticos de problemas de otimização
restrita

I Analisaremos o caso de um só produto, sendo o problema de


minimização:
min w · z
z≥0

f (z) ≥ q
Minimização de custo

I O mı́nimo custo é definido por:

c(w, q) = min{w · z : (−z, q) ∈ Y }

I Denotaremos o fator de demanda condicional por z(w, q)


I Se z ∗ é otimal e f (·) é diferenciável, então podemos
caracterizar a solução do problema pelas CPO para todo
l = 1, ..., L

∂f (z ∗ )
wl ≥ λ com igualdade se z ∗ > 0
∂zl
I Se Y é convexo (i.e., f (·) côncavo) então as CPO são
necessárias e suficientes para que z ∗ seja um ótimo do
problema de minimização
Propriedades da função lucro

(i) Homogênea de grau 1 em p. π(tp) = tπ(p) para todo t ≥ 0.


Seja y o vetor de max de lucro ao precço p, então py ≥ py 0
∀y 0 ∈ Y . Isso segue que para t ≥ 0, tpy ≥ tpy 0 ∀y 0 ∈ Y . Assim, y
também maximiza lucro ao preço tp. Então, π(tp) = tpy = tπ(p).

(ii) Convexa em p.
Seja p  0, p0  0, α ∈ [0, 1], e y ∈ y(αp + (1 − α)p0 ), então
p · y ≤ π(p) e p0 · y ≤ π(p0 ). Então,
(αp + (1 − α)p0 ) · y = αp · y + (1 − α)p0 · y ≤ απ(p) + (1 − α)π(p0 )
Desde (αp + (1 − α)p0 ) · y = π(αp + (1 − α)p0 ,
π(αp + (1 − α)p0 ) ≤ απ(p) + (1 − α)π(p0 ) Então π(·) é convexo.
Propriedades da função lucro

(iii) Contı́nua em p. A função π(p) é contı́nua, pelo menos


quando π(p) está bem definida e pi > 0 para i = 1, ..., L
Teorema do Máximo de Berge

(iv) Quando Y é convexo Y = {y ∈ Rn : py ≤ π(p) ∀p  0}


Definir uma função suporte de Y

(v) Lema de Hotelling: se y(p0 ) consiste em um único ponto,


então π(·) é diferenciável para p0 e ∇π(p0 ) = y(p0 ).
O teorema da dualidade diz que se Y é um conjunto convexo e
fechado, e π(p) é sua função suporte, então existe um único vetor
x ∈ Y tal que px = π(p see π(·) é diferenciável em p. Neste caso
∇π(p) = x
Propriedades da função custo
Cabe ressaltar aqui que o problema de minimização de custos é
matematicamente equivalente ao problema de minimização de
despesas na teoria do consumidor
Se f (z) é contı́nua e estritamente crescente em RL
+ temos que
c(w, q) é
(i) Igual a zero quando q = 0
(ii) Contı́nua em RL ++ × R+
(iii) Estritamente crescente e sem limite superior em
q (∀w >> 0)
(iv) Crescente em w
(v) Homogênea de grau 1 em w
(vi) Côncava em w
(vii) Lema de Shephard: se c(w, q) é diferenciável no ponto
(w0 , q 0 ) e w0 >> 0, então

∂i (w0 , q 0 ) = zi (w0 , q 0 )
Convexidade. Condições de segunda ordem

I No problema de maximização de lucro temos que:


I Se Y é convexo, fechado e satisfaz free disposal, então π(p)
proporciona uma descrição alternativa (“dual”) da tecnologia
I Se y(·) é uma função diferenciável em p0 então
Dy(p0 ) = D2 π(p0 ) é uma matriz simétrica e positiva
semi-definida com Dy(p0 )p0 = 0
I No problema de minimização de custo temos que:
I Se Y é convexo (f (·) côncava), então c(·) é uma função
convexa de q (em particular os custo marginais são não
decrescentes em q)
I Se z(·) é diferenciável em w0 , então Dw z(w0 , q) = Dw
2
c(w0 , q)
é uma matriz simétrica e negativa semi-definida com
Dw z(w0 , q)w0 = 0
As funções custo no curto prazo

I No curto prazo, algum dos fatores de produção são fixados.


I Seja zf o vetor de fatores fixados e zv o vetor de fatores
variáveis
I Os preços denotaremos w = (wf , wv ) e o fator de demanda
condicional é zv (w, q, wf )
I A função de custo de curto prazo é descrito por:

c(w, q, zf ) = wv zv (w, q, zf ) + wf zf
As funções custo médio e marginal

I Derivaremos vários conceitos de custos no curto prazo:


I Custo médio curto prazo: c(w, q, zf )/q
I Custo médio variável curto prazo: wv zv (w, q, zf )/q
I Custo médio fixo curto prazo: wf zf /q
I Custo marginal curto prazo: ∂c(w, q, zf )/∂q
I No longo prazo todos os fatores são variáveis, assim:
I Custo médio longo prazo: c(w, q)/q
I Custo marginal longo prazo: ∂c(w, q)/∂q
Curvas de custos de curto e longo prazo

I O custo de longo prazo nunca é maior que o custo de curto


prazo.
I A curva de custo de longo prazo é o “envelope inferior” das
curvas de custo de curto prazo.
Teorema da envoltória

I Considere o seguinte problema:

M (a) = max g(x1 , x2 , a)


x1 ,x2

s.a. h(x1 , x2 , a) = 0
I No caso da função custo g(x1 , x2 , a) = w1 z1 + w2 z2 ,
h(x1 , x2 , a) = f (z1 , z2 ) − q e a poderia ser um dos preços.
I O Lagrangiano para este problema é:

L = g(x1 , x2 , a) − λh(x1 , x2 , a)

e as condições de primeira ordem são:


∂g ∂h ∂g ∂h
∂x1 − λ ∂x1 = 0, ∂x2 − λ ∂x2 = 0, h(x1 , x2 , a) = 0
Teorema da envoltória

I Estas condições determinam as funções de escolhas ótimas


(x1 (a), x2 (a)), que por sua vez, determinam o máximo do
valor da função

M (a) = g(x1 (a), x2 (a), a)

I O teorema da envoltória nos dá uma fórmula para a derivada


do valor da função com respeito ao parâmetro a
dM (a)
da = ∂L(x,a)
∂a |x=x(a)
dM (a) ∂g(x1 ,x2 ,a)
da = ∂a |xi =xi (a) − λ ∂h(x∂a
1 ,x2 ,a)
|xi =xi (a)
I São as derivadas de g e h com respeito a a mantendo x1 e x2
fixados em seus valores ótimos.
Teorema da envoltória e suas aplicações

I Aplicamos para o problema de minimização de custo


I O parâmetro a pode ser escolhido para ser um dos preços dos
fatores, wi
I O valor da função otimal M (a) é a função custo c(w, q)
I O teorema da envoltória afirma que:

∂c(w, q) ∂L
= = zi |zi =zi (w,q) = zi (w, q)
∂wi ∂wi
I No qual é o Lema de Shephard
Teorema da envoltória e suas aplicações

I Uma outra aplicação é do custo marginal


I Considere a derivada da função custo com respeito a q
I O teorema da envoltória nos dá a derivada do Lagrangiano
com respeito a q
I O Lagrangiano para a minimização de custo é:

L = w1 z1 + w2 z2 − λ[f (z1 , z2 ) − q]

então
∂c(w1 , w2 , q)

∂q
I Ou seja, o multiplicador de Lagrange é o custo marginal
Estática comparativa

I Analisaremos usando a função custo temos:


(1) Não decrescente nos fatores de preços. Isto segue de
∂c(w, q)/∂wi = zi (w, q) ≥ 0
(2) Homogênea de grau 1 em w. Então os fatores demanda são
homogêneos de grau 0 em w
(3) Côncava em w. Então a matriz das segundas derivadas é
simétrica negativa semi-definida. Isto tem várias implicações:
(a) Os efeitos dos preços cruzados são simétricos. Isto é,
∂zi (w, q)/∂wj = ∂ 2 c(w, q)/∂wj ∂wi = ∂ 2 c(w, q)/∂wi ∂wj =
∂zj (w, q)/∂wi
(b) Os efeitos nos próprios preços são não positivos
∂zi (w, q)/∂wi = ∂ 2 c(w, q)/∂wi2 ≤ 0
(c) O vetor de trocas nos fatores de demanda movem-se opostos
ao vetor do fatores preços. Isto é, dwdz ≤ 0.
Recuperação do conjunto de possibilidades de produção

I Considere o conjunto de requerimento de insumo:


V (q) = {z ∈ RL
+ : (q, −z) ∈ Y }
I Dada uma função custo podemos definir um conjunto de
requerimento de insumo:
V ∗ (q) = {z : wz ≥ wz(w, q) = c(w, y)∀w ≥ 0}
I Se a tecnologia é convexa e monotona temos que
V (q) = V ∗ (q), i.e., a função custo associada com a tecnologia
pode ser usada para recuperar completamente a tecnologia
original.
I Se a tecnologia não for convexa e monotona, o V ∗ (q) poderá
tornar-se convexo fazendo com os custos dos dois conjuntos
sejam os mesmos.
Dualidade na produção

I Podemos recuperar a função de produção da função custo, da


mesma forma que recuperamos a utilidade da função gasto.
I Seja c : RL
++ × R+ → R+ uma função que satisfaça as
propriedades da função custo. Então, a seguinte função
f : RL
+ → R+

f (z) = max{q ≥ 0 : wz ≥ c(w, q), ∀w >> 0}

é crescente, ilimitada superiormente e quse-côncava. Além


disso, a função custo gerada por f é c
Dualidade na produção

I Se a função de produção é originalmente quase-côncava


(isoquantas convexas), a função recuperada f é a função
original.
I Se a função de produção não é originalmente quase-côncava,
a função recuperada f é a igual à função original nos trechos
nos quais as isoquantas originais são convexas (ou seja, nas
regiões economicamente relevantes).
I Integrabilidade. Uma função continuamente diferenciável
z(w, q) : RL L
++ × R+ → R+ é uma função demanda
condicional por fatores para alguma função de produção
crescente e quase-côncava se e somente se ela é homogênea
de grau zero em w e sua matriz de substituição é simétrica e
negativa semi-definida.

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