Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
www.ssoar.info
Ensaio e erro.
Uma análise marxista das políticas públicas
Tentativa e erro.
Uma análise marxista das políticas públicas
RESUMO ABSTRATO
Este artigo aborda o problema da racionalidade no Este artigo aborda o problema da racionalidade do
processo de formulação de políticas públicas e tem processo de formulação de políticas públicas visando
como objetivo traçar diretrizes sob uma perspectiva traçar diretrizes a partir de uma perspectiva diferente
diferente da concepção racionalista. Propõe como da abordagem racionalista. A hipótese avançada é
hipótese que o processo de políticas públicas que o processo de política pública é um processo de
constitui um processo de tentativa e erro marcado tentativa e erro marcado por uma racionalidade
por uma racionalidade limitada. limitada. Embora estes conceitos provenham do
Embora estes conceitos provenham do debate debate “racionalista/incrementalista”, eles são aqui
“racionalista/incrementalista”, aqui são redefinidos redefinidos com base numa análise do Estado
com base numa análise do Estado capitalista e dos capitalista e dos limites que impõe à sua capacidade
limites que impõe à sua capacidade de intervir de de intervir de acordo com as exigências da reprodução
acordo com as exigências da reprodução capitalista, capitalista enquadradas no sistema derivacionista.
enquadrada na abordagem derivacionista do Teoria versão da teoria marxista do Estado. O artigo
marxista de constitui um trabalho teórico-metodológico, embora
Estado. O artigo constitui um trabalho teórico- se baseie em conclusões extraídas de pesquisas
metodológico, apoiado em observações próprias do empíricas específicas sobre processos específicos
âmbito da pesquisa empírica sobre processos de políticas públicas.
específicos de políticas públicas.
ÿ
Universidade Nacional de Quilmes. E-mail: <lauralvhu@gmail.com>.
ÿÿ
Universidade Nacional de Quilmes e Universidade de Buenos Aires. E-mail: <abonnetprivado@gmail.com>.
Introdução
A ascensão das lutas sociais e a crise político-ideológica do neoliberalismo, registada entre o final
da década de 1990 e o início do século XXI em vários países latino-americanos, permitiram a
ascensão ao poder de governos populistas ou progressistas. Referimo-nos, em particular, aos
governos de Chávez e Maduro na Venezuela (de 1999 até ao presente), de Duhalde, Kirchner e
Fernández de Kirchner na Argentina (entre 2002 e 2015), de da Silva e Dilma Rousseff no Brasil
(entre 2003 e 2016), por Vázquez, Mujica e Vázquez no Uruguai (entre 2005 e 2014), por Morales
na Bolívia (de 2005 até o presente), por Correa no Equador (entre 2007 e 2017) e por Lugo
Méndez no Paraguai (entre 2008 e 2012).
Sem dúvida, estes governos eram muito diferentes entre si, assim como a intervenção do Estado
em cada um deles. Não podemos parar aqui numa análise detalhada das diversas políticas
implementadas por estes governos. Mas podemos afirmar, em termos gerais, que estas políticas
envolveram maiores graus de intervenção estatal do que as implementadas anteriormente,
durante a ascensão do neoliberalismo.
Com efeito, neste novo cenário pós-neoliberal, renovaram-se as esperanças na intervenção do
Estado como recurso privilegiado para promover o atraso do desenvolvimento económico e social
da região em amplos sectores da sociedade em geral e nas lideranças políticas em particular. E,
por sua vez, estas esperanças colocam mais uma vez na ordem do dia os problemas do Estado
capitalista e, em particular, as políticas públicas e a sua relação com a reprodução capitalista. O
debate suscitado em torno da relação entre o Estado e o desenvolvimento, no quadro do chamado
“neodesenvolvimentismo”, é, possivelmente, o melhor exemplo para aprofundar as características
deste renovado compromisso com a intervenção do Estado. Com efeito, as estratégias de
desenvolvimento promovidas por este “neodesenvolvimentismo”, orientadas já não para a
substituição de importações mas sim para a exportação de mercadorias, diferenciaram-se das
anteriores estratégias neoliberais, ao atribuirem maior importância à intervenção do Estado, sem
ignorar a eficiência dos mecanismos de mercado. mecanismos. A intervenção do Estado neste
novo desenvolvimentismo revela características diferentes daquelas do antigo desenvolvimentismo
latino-americano de meados do século passado. Centra-se no fornecimento de infra-estruturas e
na contenção das taxas de juro para incentivar o investimento e a produção, bem como na
definição de uma taxa de câmbio competitiva que incentive as exportações. Mesmo assim,
coincide com o antigo desdesenvolvimentismo ao atribuir um papel importante ao Estado nas suas estratégias de d
1
Para uma abordagem geral do “neodesenvolvimentismo” ver, entre outros, Bresser (2007), Siscú, de Paula e Michel
(2007), Ferrer (2008; 2010) e os trabalhos da CEPAL (2012, em particular o capítulo vii) e papep-undp (2013, em
particular capítulo 1). E, sobre as críticas mais difundidas às estratégias de desenvolvimento promovidas por este
“neodesenvolvimentismo”, consideradas como estratégias “neoextrativistas” que acarretam graves consequências
socioeconômicas e ambientais, ver: Gudynas (2011), Svampa (2013) e Grigera e Alvarez (2013). Uma crítica mais
específica ao papel que o “neodesenvolvimentismo” atribui ao Estado e às políticas públicas encontra-se em Míguez (2015) e Bonnet e Mígue
A intenção deste artigo é revisar esta relação entre políticas públicas e reprodução
capitalista e propor algumas diretrizes gerais para uma conceituação do processo de
políticas públicas em termos de tentativa e erro. Adotamos como quadro teórico a teoria
marxista do Estado e, mais especificamente, alguns contributos do chamado “debate
alemão sobre a derivação do Estado”, recorrendo à interpretação crítica da bibliografia
correspondente. Para sustentar alguns argumentos recorremos a análises empíricas de
processos de políticas públicas realizados noutro momento. Na medida em que a
conceituação do processo de políticas públicas como um processo de tentativa e erro não
predomina no campo da análise de políticas públicas, consideramos que a identificação
de suas principais diretrizes pode contribuir para o seu desenvolvimento futuro.2
Comecemos por esclarecer alguns conceitos que intervêm quando nos referimos à
relação entre políticas públicas e reprodução capitalista. Para definir políticas públicas e
o processo de políticas públicas podemos usar aqui uma versão de Oszlak e O'Donnell
(1981). As políticas públicas podem ser definidas simplesmente como a posição assumida
pelo Estado (ou simplesmente, as suas respostas) face a determinadas questões
socialmente problematizadas (ou seja, que despertam a atenção, o interesse ou a
mobilização de determinados grupos sociais) cujo “ciclo de vida” se inicia quando são
considerados um problema e terminam quando deixam de sê-lo ou quando são reciclados.
E para descrever o processo de uma política pública podemos recorrer a uma divisão
em momentos (ou fases) que incluiriam o surgimento, definição e incorporação desses
problemas (ou questões) na agenda pública, a formulação de políticas públicas, a decisão
implementá-los e sua implementação (Álvarez, 2015). Subjacente a estas definições
está o modelo sequencial tradicional originalmente proposto por Lasswell (1956) em
meados da década de 1950 e posteriormente desenvolvido por Jones (1970), Anderson
(1984) e outros. Esse modelo foi alvo de uma série de objeções, mas continuou a ser
utilizado em diferentes versões para identificar os momentos das políticas públicas,
mesmo por autores não oriundos dessa corrente teórica, e é adequado aos nossos propósitos.
O conceito de reprodução capitalista, contudo, requer maiores esclarecimentos. Para
este trabalho, por um lado, o conceito não inclui apenas a reprodução económica no
sentido estrito em que esta expressão é habitualmente utilizada, mas também se estende
à reprodução das relações sociais como um todo, como relações capitalistas. As políticas
públicas que nos dizem respeito, consequentemente, não se reduzem a políticas
estritamente económicas. Por outro lado, a reprodução capitalista não consiste apenas
na reprodução da classe dos capitalistas, mas na reprodução da relação social em
2
Véase en este sentido el análisis de las políticas públicas de atracción de inversión extranjera directa en el sector
min-ero argentino de Álvarez (2014), que inspiró en gran medida nuestro interés en avanzar hacia esta conceptualización
más general de las políticas públicas en términos de ensaio e erro.
seu conjunto. Nem estamos interessados apenas em políticas que se reduzam a satisfazer
os interesses imediatos de capitalistas individuais, de grupos de capitalistas ou da classe
capitalista como um todo.3 Em resumo, quando nos referimos à relação das políticas
públicas com a reprodução capitalista, não Não nos referimos exclusivamente a políticas
económicas nem a políticas que favoreçam os interesses capitalistas. A racionalidade das
políticas públicas, neste contexto, é um atributo dessa relação e pode ser definida
basicamente em termos da adaptação das políticas públicas às exigências desta reprodução capitalista.
Nossa intenção nestas páginas é fornecer alguns elementos para compreender esta
relação entre as políticas públicas e as exigências da reprodução capitalista de uma forma
rigorosamente objetiva, isto é, independente tanto da influência que a classe capitalista
pode exercer sobre o comportamento do Estado pessoal, bem como a representação que
podem aspirar fazer dos interesses dessa classe capitalista.
Mas, ao mesmo tempo, é capaz de dar conta do comportamento dos funcionários do
Estado e das características do aparelho de Estado envolvido no processo de políticas
públicas. Abordada desta forma, a adaptação das políticas públicas às exigências da
reprodução capitalista não pode ser assumida como um facto, mas torna-se um problema
real em si. A natureza problemática desta adaptação conduzir-nos-á inexoravelmente a
compreender o processo de política pública tal como Holloway o descreve: “A relação
entre o Estado e a reprodução das relações sociais do capitalismo é uma relação de
tentativa e erro” (1992: 13).
O mecanismo que permite a adaptação das políticas públicas às exigências da
reprodução capitalista, sempre limitada, consiste, neste sentido, num mecanismo de
tentativas e erros em que estes últimos funcionam como limites dessa adaptação (na
medida em que colocam em evidência a inadequação entre as políticas públicas
implementadas pelos funcionários do Estado e as exigências da reprodução capitalista).
E, ao mesmo tempo, estes erros funcionam como condições de possibilidade dessa
adaptação (na medida em que só a partir deles os funcionários do Estado podem
reconhecer as exigências da reprodução capitalista). E é precisamente neste mecanismo
de tentativas e erros (isto é, na própria forma que o processo de políticas públicas adopta)
que reside o carácter capitalista deste processo de políticas públicas, e não nos conteúdos
diversos e contraditórios dessas políticas e nas suas ligações complexas com os interesses dos capitalist
Este trabalho está dividido em seis partes, além da introdução. Na primeira discutimos
a abordagem marxista instrumentalista que tem prevalecido no estudo da relação entre as
políticas públicas e as exigências da reprodução capitalista, e
3
É assim que Marx entende de facto a simples reprodução do próprio capital, como um processo que “produz e reproduz
a própria relação capitalista: de um lado o capitalista, de outro o trabalhador” e no qual compreende a intervenção do
Estado na referida reprodução, por exemplo, na “limitação coercitiva da jornada de trabalho pelo Estado” (Marx, 1990:
712 e 287).
Um ponto de partida
4
Esse tipo de análise recebeu duras críticas, mas não perdeu influência nem no meio acadêmico nem na
opinião pública. Ver, por exemplo, a interpretação da formação do gabinete do governo Macri na Argentina,
em termos de uma “ceocracia”, motivada pela nomeação de diretores de grandes empresas como
funcionários (cifra, 2016; Bonnet, 2016a).
Só é plausível se o Estado for concebido como um instrumento que a classe capitalista utiliza
para satisfazer os seus próprios interesses, através de um conjunto de mecanismos que
garantiriam a sua influência privilegiada sobre ela. Este foi o eixo da conhecida crítica de
Poulantzas a Miliband de que “a relação entre a classe burguesa e o Estado é uma relação
objectiva”, no sentido de que:
[…] se a função do Estado numa dada formação social e o interesse da classe dominante
nesta formação coincidem, é em virtude do próprio sistema: a participação direta dos
membros da classe dominante no aparelho de Estado não é a causa mas o efeito – aliás
um efeito casual e contingente – desta coincidência objectiva (Poulantzas, 1991: 81).5
Por outro lado, implicam na verdade uma concepção da reprodução capitalista como um
processo controlado por um pequeno conjunto de grandes capitais. Com efeito, este tipo de
análise só é plausível se a referida reprodução estiver sob o controlo de um punhado de
agentes que sejam capazes, em medida suficiente, de conhecer os seus próprios interesses e
de os impor no processo de políticas públicas. Esta é a razão pela qual as grandes corporações
são invariavelmente os agentes líderes nestas análises e, mais ainda, a razão pela qual estas
análises geralmente concebem o capitalismo contemporâneo como monopolista ou como um
monopólio estatal. É esse o sentido da crítica de Wirth à “subjetificação do conceito de capital”
envolvida nessas concepções, segundo a qual “a forma da aparência – um número cada vez
mais restrito de pessoas possuindo cada vez mais – torna-se no conteúdo da expressão atual
do capitalismo” (2017: 413-414). Ambas as implicações, finalmente, estão intimamente
relacionadas. Sweezy afirmou neste sentido que o Estado é “um instrumento nas mãos da
classe dominante” (1974: 269); enquanto para Barán e Sweezy “sob o capitalismo monopolista
a função do Estado é servir os interesses do capital monopolista” (1986: 57), e Katzenstein
sustenta que, à luz das “relações económicas e pessoais” que se entrelaçam ao aparelho de
Estado com o capital monopolista, “o Estado é um instrumento do capital monopolista” (1973:
15). Por sua vez, Boccara considera que “o capitalismo monopolista de Estado reúne o poder
dos monopólios com o do Estado num único mecanismo destinado a salvar o regime
capitalista” (1977: 29-30).
Estas concepções do Estado como instrumento da classe dominante, em qualquer uma das
suas variantes, e do capital como capital monopolista, em qualquer das suas variantes, são, na
nossa opinião, pontos de partida incondutores para uma conceptualização adequada do
processo de política pública. . Aqui adotaremos, em vez disso, uma concepção de Estado
inspirada no chamado “debate da derivação do Estado” (o Staatsableitungsdeba-
5
Para um desenvolvimento mais detalhado do debate entre Miliband e Poulantzas, consulte os artigos originais em
Tarcus (1991) e a revisão de Thwaites (2007).
6
A nossa análise também deve, no que diz respeito ao conceito de capital, à chamada neue Lekture da crítica da economia
política marxista que começou no final dos anos sessenta e estava intimamente relacionada com o debate acima mencionado
sobre a derivação. Para uma síntese ver Heinrich (2008).
Os limites do Estado
Contudo, aqui sustentamos: a) que existe de facto uma certa adaptação, embora seja muito
mais limitada do que aquela assumida pelas abordagens tradicionais deste problema no âmbito
da teoria marxista do Estado; b) que existem certos mecanismos que operam no sentido de
adaptar as políticas públicas às exigências da reprodução capitalista, embora operem de forma
crítica e, mais importante neste contexto, c) que o processo de política pública deve ser
concebido neste estrutura como um processo de tentativa e erro. Nas palavras de Wirth, trata-
se então de explicar que, face às exigências da reprodução capitalista, o Estado “não pode ser
nem todo-poderoso […] nem completamente inoperante” (2017: 420), que perante o Estado
essas exigências “ aparecem como crises” (430) e que “a forma do método de tentativa e erro é
o que constitui o modo de intervenção do Estado apropriado ao capitalismo” (431).
Essa abordagem do problema ficou conhecida no meio ambiente graças a um artigo clássico
de O'Donnell (1978) sobre a teoria do Estado, no qual afirma que Wirth:
[…] parte de uma realidade: colocados ou não no topo do sistema institucional do Estado, os
seres humanos estão sujeitos a agudas limitações cognitivas, relacionadas com as suas
próprias deficiências e com a multidimensionalidade do mundo social. Isto determina que a
sua “racionalidade limitada”, ou seja, não pode realmente procurar ou encontrar soluções
óptimas. A sua capacidade de atenção é limitada, a agenda de problemas que podem resolver
é curta, a procura de informação tem custos crescentes, os critérios que orientam esta procura são tendenciosos
fatores inconscientes e por rotinas operacionais, e a informação está longe de fluir livremente.
Como consequência, o método típico de tomada de decisão é através de tentativa e erro,
baseado na descoberta de soluções subótimas; (simplesmente “satisfatórias”) que pressupõem
uma teoria rudimentar das conexões causais que regem os problemas que se pretende
resolver (O'Donnell, 1978: 1175-1176).
Contudo, como veremos mais tarde, desviamo-nos até certo ponto da abordagem de
O'Donnell.
A melhor forma de aprofundar o problema da relação entre as políticas públicas e
as exigências da reprodução capitalista é examinar os factores mais importantes que
a condicionam. Talvez a distinção formulada por Blanke, Jürgens e Kastendiek (2017)
no debate alemão entre o “limite do sistema” (Systemgrenze) e os “limites de
atividade” (Tätigkeitgrenze) no que diz respeito à intervenção do Estado seja um bom
ponto de referência. este problema. Estes autores identificam um limite sistémico de
intervenção do Estado, ligado em última instância à separação entre o económico e
o político, que é a própria condição de possibilidade da existência do Estado como
modo de ser particularizado das relações sociais capitalistas. A natureza privada do
vínculo estabelecido entre os capitalistas, como proprietários dos meios de produção,
e os trabalhadores, como proprietários da força de trabalho, é o fundamento último
deste limite do sistema. A esfera da circulação seria, neste sentido, aquela onde a
intervenção do Estado ocorre por excelência. E os autores identificam uma série de
limites de atividade no que diz respeito à referida interferência estatal, limites ligados
às condições históricas e geográficas específicas em que os Estados intervêm na
reprodução capitalista.
A distinção entre os dois tipos de limites (sistema e atividade) é complexa. Em
princípio, pode-se dizer que o primeiro diz respeito ao Estado como forma de relações
sociais capitalistas e, nesse sentido, representa um limite que invariavelmente
enfrentam as políticas públicas, enquanto os limites da atuação variam de acordo com
o período e o Estado nacional. considerado. Ambos os limites são históricos,
certamente, embora num sentido diferente. As da actividade, bem como a forma como
o sistema de intervenção do Estado se revela, variam historicamente, claro, à medida
que se modificam os modos de acumulação e de dominação vigentes nos diferentes
períodos do capitalismo através da luta de classes. Mas mesmo o limite do próprio
sistema é histórico – embora num sentido diferente – porque a própria separação
entre o económico e o político, que constitui a condição de possibilidade da própria
existência do Estado capitalista e que ao mesmo tempo explica a A presença deste
limite do sistema não é um facto acabado, mas um processo constante de separação
que também se desenvolve através da luta de classes. Nesse sentido, não é invariável, porque está
histórico, mas porque a sua reprodução histórica continuada é um requisito para que a
reprodução histórica do próprio Estado persista. A forma como este limite invariável do
sistema se manifesta depende, por sua vez, das condições históricas e geográficas em questão.
Por exemplo, o facto de hoje em dia se manifestar habitualmente sob a forma de fuga de
capitais para o estrangeiro depende em grande parte das características específicas da
inserção de certas economias nacionais no mercado mundial em condições igualmente
específicas que este mercado mundial adopte durante a chamada globalização. E vice-
versa, as manifestações variáveis desses limites de atividade geralmente remetem ao
próprio fato de que o Estado existe como um modo de ser particularizado das relações
sociais capitalistas. Continuando com o mesmo exemplo, por detrás da incapacidade do
Estado em levar a cabo determinadas políticas que aumentem a competitividade do capital
nacional no mercado mundial, neste contexto de globalização costuma encontrar-se, em
última análise, o carácter privado das decisões dos capitalistas em termos de investimentos
nos processos produtivos.
A distinção que Blanke, Jürgens e Kastendiek fazem, no entanto, permanece relevante.
Para além das formas históricas como se manifestam, é possível distinguir analiticamente
entre limites absolutos (sistema) e limites relativos (atividade) das políticas públicas.
A dificuldade em distinguir entre os dois reside no facto de os limites das políticas públicas
funcionarem, por sua vez, dialeticamente, como objectivos inatingíveis de ditas políticas
cujos objectivos são, metaforicamente falando, como alvos móveis elusivos para um
atirador. E a distinção de Blanke, Jürgens e Kastendiek pode ser considerada, neste
sentido, como uma distinção entre os alvos que o atirador poderia atingir, para além das
causas últimas que explicam a sua mobilidade, e aqueles alvos previamente determinados
destinados a errar. . A consideração de um exemplo pode ajudar a compreender esta distinção.
Vejamos o caso das políticas anti-inflacionárias adoptadas no nosso país durante a última
década e meia, como o controlo de preços, para o qual o governo negociou com aqueles
agentes que identificou como formadores de preços (por exemplo, as grandes cadeias).
supermercados) dentro da esfera de circulação. A eficácia destas políticas foi restringida
por uma série de limites de actividade (por exemplo, a influência sobre a inflação interna
da tendência de aumento dos preços internacionais das matérias-primas). Mas o governo
não podia intervir directamente nem interveio nos factos, é claro, na formação desses
preços na esfera da produção.7 A natureza privada destes últimos funcionou mais uma
vez como um limite do sistema. face à intervenção do Estado.
7
O governo, por outro lado, poderia intervir e o fez indiretamente na formação dos preços de determinados insumos. É
o caso de sua interferência nas negociações de preços de chapas metálicas entre os terminais automotivos, agrupados
na Associação dos Fabricantes de Automóveis, e seu fornecedor monopolista, a Siderar-Ternium, insumo que representa
10% do custo de produção do veículos. .
Uma vez traçada esta distinção, especifiquemos analiticamente os principais factores que
limitam a adaptação das políticas públicas às exigências da reprodução capitalista. A primeira
delas refere-se à identificação desses requisitos. É por causa dessas dificuldades que Wirth
afirma que o processo de políticas públicas assume a forma de tentativa e erro.
A tese segundo a qual o Estado deve garantir a reprodução do capital social levanta, em
primeiro lugar, a questão de saber como “o Estado” – diferentemente dos capitalistas
individuais – teria conhecimento das condições desta reprodução social. A burocracia estatal
não “sabe” (tal como os capitalistas individuais) quais as medidas que são “objectivamente”
necessárias para manter o sistema em determinados casos concretos (Wirth, 2017: 430).
Todas as medidas estatais são discutíveis, não importa se se trata de uma reestruturação
concreta do sistema jurídico, da protecção das condições materiais de acumulação ou da
forma e extensão dos benefícios sociais. Em geral, qualquer medida prejudica alguns
capitalistas (às vezes até todos) e beneficia outros (ou prejudica-os menos do que os restantes).
8
Acrescentemos que o primeiro (determinante) refere-se ao capital como relação de exploração e o segundo
(determinado) ao capital como relação de distribuição do excedente originado nessa exploração. Esta diferença
manifesta-se, no processo de reprodução capitalista, como a subordinação da dinâmica dos conflitos interburgueses
à da luta de classes (Bonnet, 2012).
A maioria das análises não marxistas das políticas públicas simplesmente ignora os
factores que limitam a sua adequação às exigências da reprodução, mas há algumas
excepções. Os limites relativos à identificação dos referidos requisitos, conforme observado
9
Não podemos aqui deter-nos nestas causas, mas pode consultar a análise de Piva (2015), bem como o interesse
Há um grande debate em torno deles entre Manzanelli e Schorr (2013) e Astarita (2013).
O'Donnell (1978), aparecem em algumas análises não marxistas como uma questão de
conhecimento e apoiam as visões do processo de políticas públicas como um processo
dotado de uma “racionalidade limitada”. Herbert Simon questionou a ideia de que o
comportamento de organizações como as do setor público pudesse ser explicado pelo
comportamento de indivíduos dotados de perfeita racionalidade e, nesse sentido, afirmou que:
[É] impossível que o comportamento de um indivíduo único e isolado alcance qualquer grau
considerável de racionalidade. O número de alternativas a explorar não é menor e a informação
necessária para as avaliar é tão vasta que mesmo uma aproximação mínima à racionalidade objectiva
é difícil de conceber (Simon, 1947: 79).
Mas outros autores foram mais longe, ligando de alguma forma estas restrições da
racionalidade subjectiva à irracionalidade objectiva do processo de reprodução capitalista
e até problematizando a capacidade de tais agentes determinarem a forma como deveriam
responder a tais exigências. Entre eles, talvez o mais proeminente tenha sido Charles
Lindblom, que concordou com as críticas de Simon, mas acrescentou que as análises baseadas
No método “racional-exaustivo” não eram úteis para analisar problemas sociais complexos
devido aos limites intransponíveis que os funcionários enfrentavam face à diversidade de
objetivos que tinham de cumprir, originados por sua vez da falta de acordos entre os partidos
políticos. e entre os cidadãos da sociedade como um todo. Neste sentido, sustentou que “nem
os cidadãos, nem os congressistas, nem os administradores públicos concordam com muitos
dos valores ou objetivos fundamentais” e que:
[…] os administradores não podem fugir a estes conflitos, com base na preferência da
maioria, porque não há preferências reveladas na maioria dos assuntos públicos e,
frequentemente, não há preferências a menos que a discussão pública consiga despertar
a atenção dos cidadãos para a questão. (Lindblom, 2007a: 208).
10
Isto também afecta a concepção de racionalidade burocrática de Weber, que se baseia numa distinção nítida
entre política e administração. Weber escreveu neste sentido que: “por trás de cada ato de um governo
autenticamente burocrático existe, em princípio, um sistema de ‘motivos’ racionalmente discutíveis, isto é, uma
subsunção às normas ou um exame de fins e meios” (2014: 1171). Uma análise etnográfica do comportamento
efetivo dos agentes no processo de políticas públicas pode ser interessante para a crítica desta racionalidade
instrumental tradicionalmente atribuída a esse processo (ver neste sentido Shore, 2010).
Entre los factores que limitan la adecuación de las políticas públicas a los requerimientos de la
reproducción capitalista mencionamos, en primer lugar, las características anárqui-cas de
dicha reproducción que crean obstáculos para identificar los requerimientos mismos y determinar
cómo puede responder mejor a ellos el personal do Estado. Temos, em segundo lugar, os
limites inerentes à forma como este processo de política pública se desenvolve dentro do
próprio Estado capitalista. Estes limites também não são alheios às características anárquicas
da reprodução capitalista, mas antes respondem à forma como são internalizados na estrutura
do aparelho de Estado e no comportamento do seu pessoal. Na verdade, em sentido estrito, a
própria separação entre o económico e o político que está por detrás da cristalização da forma
de Estado num aparelho burocrático e em pessoal diferenciados estabelece um limite sistémico
que restringe antecipadamente a capacidade desses quadros para implementar políticas em de
acordo com as exigências da reprodução capitalista (Piva, 2012).11 Mas vejamos algumas
características mais específicas da forma como esse processo de política pública se desenrola
no interior do Estado.
11
Relevantes aqui são as críticas do jovem Marx a Hegel sobre a incapacidade da burocracia de representar o
interesse universal face à diversidade de interesses particulares da sociedade civil, e a Ruge sobre a impotência da
administração face a uma separação entre Estado e sociedade civil, que é ao mesmo tempo condição de possibilidade
da sua própria existência (Marx, 1970; 2008).
12
Esta fragmentação e incoerência do aparelho estatal expressa-se, por exemplo, entre os diferentes níveis
de governo. Neste sentido, pode-se considerar o caso das retenções mineiras na Argentina. Durante a
administração Fernández de Kirchner, o imposto sobre as exportações mineiras foi aumentado (um imposto
não partilhável), gerando um conflito com os governos das províncias mineiras, uma vez que esta política não
os beneficiou. Ao contrário daquela administração, o governo Macri eliminou este imposto – que as empresas
mineiras celebraram – para obter o apoio dos governos provinciais nas mãos do partido Justicialista (Álvarez,
2016).
[…] as medidas e ações concretas do aparelho de Estado só podem ser impostas sob a pressão
dos conflitos e das lutas de classes, bem como sob a ação dos capitais individuais uns sobre os
outros e sobre o Estado. A “particularização” do Estado face aos capitais individuais e ao
proletariado, bem como talvez face a outras camadas e classes não imediatamente incluídas nas
relações capitalistas, permanece por esta razão contraditória e deve ser sempre construída de
novo e realizado no processo de confronto entre classes e grupos sociais (Hirsch, 2017a: 481).13
Esta emergência de políticas públicas a partir de conflitos entre classes e frações de classe, que
se sedimenta no aparelho burocrático e no pessoal, impede uma intervenção unitária e coerente
do Estado:
[…] sob condições capitalistas não pode haver uma estratégia intervencionista unificada, muito
menos planeamento político consciente, uma vez que o intervencionismo estatal consiste
necessariamente num conglomerado heterogéneo de conjuntos individuais de medidas (o que,
claro, não exclui medidas parciais relativamente rigorosas e até bem sucedidas) . Um programa
sem princípios para “sobreviver” não deve, portanto, ser entendido como uma peculiaridade de
um determinado partido político, mas é inerente ao sistema (Hirsch, 2017b: 579).
[…] a estrutura heterogénea e cada vez mais caótica do aparelho de Estado burguês é a pré-
condição para que este seja capaz de manter relações complexas com as diversas classes e
frações de classe, relações que são a condição da sua capacidade de funcionar como garante da
dominação. - nação da burguesia (Hirsch, 2017b: 576).
13
É aqui que a abordagem das políticas públicas do falecido Poulantzas se aproxima da nossa: “o estabelecimento da
política de Estado – escreve Poulantzas – deve ser considerado o resultado das contradições de classe inscritas na
própria estrutura do Estado” (1980). : 159-160).
Isto é válido tanto para o pessoal burocrático como para o pessoal político do Estado,
apesar das diferenças nos mecanismos de acesso e permanência nos seus cargos, nos
cargos que ocupam nas hierarquias, nas funções que desempenham, etc. E este
interesse específico do pessoal do Estado na sua autopreservação impõe limites
adicionais à adaptação das políticas públicas às exigências da reprodução capitalista.14
O mecanismo que opera no sentido de uma coincidência entre esse interesse específico
e as exigências gerais repousa no facto de que tanto a autopreservação do pessoal
burocrático como o próprio aparelho de Estado dependem, em última análise, da
continuidade da reprodução capitalista. Mas esta dependência de último recurso não
garante, evidentemente, qualquer coincidência entre os dois em cada situação particular.
Para concluir
Neste artigo partimos de uma crítica à abordagem marxista que pressupõe um elevado
grau de adaptação das políticas públicas às exigências da reprodução capitalista e atribui
essa adaptação à influência privilegiada dos capitalistas sobre o Estado.
Caminhamos então para uma abordagem radicalmente diferente que, partindo de uma
concepção anti-instrumentista do Estado e inspirada nos contributos do debate sobre a
derivação do Estado, entende esta adaptação como uma questão mais problemática.
Afirmamos a seguir que o processo de políticas públicas deve ser concebido, neste
quadro, como um processo de tentativa e erro, e justificamos esta afirmação através de
uma breve análise dos principais factores que limitam esta adaptação.
Voltamos, como ponto de partida, à distinção entre os limites do sistema e os da
atividade que o Estado enfrenta. A seguir examinaremos dois conjuntos de limites. A
primeira está ligada à identificação dos requisitos e da melhor forma de respondê-los por
parte do pessoal burocrático. Neste sentido, salientamos que o facto de a reprodução
capitalista ser um processo anárquico que se desenvolve através da luta entre classes e
dos conflitos entre capitalistas impõe limites intransponíveis à identificação das suas
necessidades tanto para os próprios capitalistas como para o pessoal do Estado. O
segundo conjunto de limites responde à forma como as referidas características da
natureza anárquica da reprodução capitalista são internalizadas na estrutura do aparelho
de Estado e no comportamento do seu pessoal. O primeiro não constitui, neste sentido,
um sistema unitário e coerente, mas antes um agregado largamente fragmentado.
14
Um exemplo são os conflitos entre “tecnocratas” (envolvidos na satisfação das exigências da
reprodução capitalista) e “ponteiros” (envolvidos na manutenção da governabilidade) dentro do quadro
político do Estado durante os ajustes da administração de Menem (ver Thwaytes, 2005) .
Sobre os autores
Laura Álvarez Huwiler é formada em Ciência Política pela Universidade de Buenos Aires, mestre
em Sociologia Econômica pela Universidade Nacional de San Martín e doutora em Ciências
Sociais pela Universidade de Buenos Aires. É pesquisadora da Universidade Nacional de Quilmes,
financiada pelo Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas. Suas linhas de pesquisa
são: a análise da formulação e implementação de políticas públicas no setor de mineração
metálica. Entre suas publicações mais recentes estão: Megaminería na América Latina (2018, no
prelo), “Políticas públicas para atrair capital para o setor de mineração. O caso das Obras por
Impostos”
(Análise e Reflexão Política, 2017) e “Mineração, dinamismo e desapropriação” (relacso, 2017).
Referências bibliográficas
Aguilar Villanueva, Luis Fernando (2007) A elaboração de políticas públicas. México: Porrúa.
Alvarez Huwiler, Laura (2014) Políticas públicas e movimentos de capitais. Uma análise a partir
das políticas de promoção de investimentos estrangeiros no setor mineral argentino entre 1992
e 2007. Buenos Aires: Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, tese
de doutorado.
Álvarez Huwiler, Laura (2015) “Da derivação do Estado às políticas públicas.” Trabalho
apresentado no Congresso Nacional de Ciência Política da Sociedade Argentina de Análise
Política, Universidade Nacional de Cuyo, Mendoza, 12 a 15 de agosto.
Álvarez Huwiler, Laura (2016) “A eliminação das retenções mineiras: é a árvore ou a floresta?”
Página 12. Disponível em: <https://www.pagina12.com.ar/diario/econo-mia/
2-293979-2016-03-07.html>.
Alvater, Elmar (2017) “Alguns problemas do intervencionismo estatal” em Bonnet, Alberto e Adrián Piva (eds.)
Estado e capital. O debate alemão sobre a derivação do Estado.
Buenos Aires: Ferramenta, pp. 241-305. Disponível em <http://www.herramienta.com.ar/
ferramenta de edições/estado-e-capital-o-debate-alemão-sobre-a-derivação-do-estado>.
Anderson, James (1984) Elaboração de políticas públicas. Nova York: Holt Reinehart e Winston.
Astarita, Rolando (2013) “Debate sobre a inflação na Argentina (1)” [blog pessoal].
Disponível em: <https://rolandoastarita.wordpress.com/2013/04/01/debate-sobre-la-in-flacion-en-argentina-1/
> [Acessado em 21 de novembro de 2016].
Barán, Paul e Paul Sweezy (1986) Capital monopolista. Ensaio sobre a ordem econômica e
sociedade dos Estados Unidos. México: século XXI.
Barrow, Clyde W. (1993) Teorias Críticas do Estado. Marxista, Neo-Marxista, Pós-Marxista.
Madison: Imprensa da Universidade de Wisconsin.
Blanke, Bernhard; Jürgens, Ulrich e Hans Kastendiek (2017) “Sobre a recente discussão marxista sobre a
análise da forma e função do Estado burguês. Reflexões sobre a relação entre política e economia” em
Bonnet, Alberto e Adrián Piva (eds.) Estado e capital. O debate alemão sobre a derivação do Estado.
Buenos Aires: Ferramenta, pp. 589-655. Disponível em <http://www.herramienta.com.ar/ediciones-
herramienta/
estado-e-capital-o-debate-alemão-sobre-a-derivação-do-estado>.
Boccara, Paul (1977) Estudos sobre o capitalismo monopolista de estado, sua crise e seu resultado. Paris:
Edições sociais.
Bonnet, Alberto (2007) “Estado e capital. Debates sobre a derivação e reformulação do Estado” em Thwaites
Rey, Mabel (comp.) Estado e Marxismo. Um século e meio de debates.
Buenos Aires: Prometeo, pp. 269-296.
Bonnet, Alberto (2012) “Lutas na irmandade. Conflitos interburgueses nas recentes crises argentinas” in Conflicto
Social. Jornal do Programa de Pesquisa sobre Conflito Social (8): 65-123.
Bresser Pereira, Luiz Carlos (2007) “Estado e mercado no novo desenvolvimentismo” Nova
Sociedade (210): 110-125.
Cepal (2012) Mudança estrutural para a igualdade. Uma visão integrada do desenvolvimento.
Santiago do Chile: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.
figura (2016) A natureza política e econômica da aliança Cambiemos. Documento de Trabalho
15. Centro de Pesquisa e Treinamento da República Argentina Disponível em <http://
www.centrocifra.org.ar/publicacion.php?pid=92>. [Consultado em 19 de dezembro de 2016].
Clarke, Simon (1991) “O debate estadual” em Clarke, Simon (ed.) O Debate Estadual. Londres:
Palgrave Macmillan, pp.1-61.
Domhoff, G. William (1967). Quem governa o poder americano. Nova Jersey: Prentice-Hall.
Dror, Yehezkel (2007) “Emenda, 'ciência' ou inércia?” in Aguilar Villanueva, Luis Fernando. A
construção de políticas públicas. México: Porrúa, pp. 255-264.
Ferrer, Aldo (2008) “Globalização, desenvolvimento e densidade nacional” em Vidal, Gregorio e
Arturo Guillén Romo (comps) Repensando a teoria do desenvolvimento em um contexto de
globalização. Homenagem a Celso Furtado. Buenos Aires: claso, pp. 431-437.
Ferrer, Aldo (2010) “Raúl Prebisch e o dilema do desenvolvimento no mundo global” Revista
da CEPAL (101): 7-15.
Grigera, Juan e Laura Álvarez Huwiler (2013) “Extrativismo e acumulação por desapropriação.
Uma análise das explicações sobre agronegócio, megamineração e território na Argentina
pós-conversibilidade” Theomai (27-28): 80-97.
Gudynas, Eduardo (2011) “O novo extrativismo progressista na América do Sul. Tese sobre um
problema antigo sob novas expressões” em Acosta, Alberto et al. Colonialismo do século
XXI. Negócios extrativistas e defesa territorial na América Latina. Barcelona: Icária, pp. 75-92.
Heinrich, Michael (2008) Crítica da economia política. Uma introdução ao Capital
Marx. Madrid: Escola e maio.
Hirsch, Joachim (1976) “Observações teóricas sobre o Estado burguês e sua crise” em Pou-
lantzas, Nicos (ed.) A crise do Estado. Barcelona: Os livros da cachoeira, pp. 123-151.
Hirsch, Joachim (2017a) “Elementos para uma teoria materialista do Estado” em Bonnet, Alberto
e Adrián Piva (eds.) (2017) Estado e capital. O debate alemão sobre a derivação do Estado.
Buenos Aires: Ferramenta, pp. 441-507. Disponível em <http://www.herramienta.
com.ar/ediciones-herramienta/estado-y-capital-el-debate-aleman-sobre-la-deriva-cion-del-
estado>.
Hirsch, Joachim (2017b) “O aparelho de Estado e a reprodução social: elementos de uma teoria
do Estado burguês” em Bonnet, Alberto e Adrián Piva (eds.) Estado e capital. O debate
alemão sobre a derivação do Estado. Buenos Aires: Ferramenta, pp. 509-587.
Disponível em <http://www.herramienta.com.ar/ediciones-herramienta/estado-y-capi-tal-el-
debate-aleman-sobre-la-derivacion-del-estado>.
Holloway, John (1992) “A reforma do Estado: o capital global e o Estado nacional” Perfis Latino-
Americanos (1): 7-32.
Holloway, John e Sol Picciotto (1978) “Introdução: rumo a uma teoria materialista do estado” em
Holloway, John e Sol Picciotto (eds.) Estado e Capital. Um debate marxista. Londres: Edward Arnold,
pp. 1-31.
Jones, Charles (1970). Uma introdução ao estudo de políticas públicas. Belmont: Duxbury Press.
Katzenstein, Robert (1973) “Sobre a teoria do capitalismo monopolista de estado” e problemas da luta
de classes. Jornal de Ciências Sociais Críticas (8-9): 1-16.
Laswell, Haroldo (1956). O Processo de Decisão: Sete Categorias de Análise Funcional. Ma-
Ryland: Universidade de Maryland.
Lindblom, Charles (2001) O Sistema de Mercado. New Haven e Londres: Yale University Press.
Lindblom, Charles (2007a) “A Ciência de 'sobreviver'” em Aguilar Villanueva, Luis Fernando (comp.) A
elaboração de políticas públicas. México: Porrúa, pp. 201-226.
Lindblom, Charles (2007b) “Ainda tentando atrapalhar” em Aguilar Villanueva, Luis Fernando (comp.) A
elaboração de políticas públicas. México: Porrúa, pp. 227-254.
Manzanelli, Pablo e Martin Schorr (2013) “Abordagem ao processo de formação de preços na indústria
argentina na pós-conversibilidade” Realidade Econômica
(273): 25-52.
Marx, Karl (1970) Crítica da Filosofia do Estado de Hegel. México: Grijalbo.
Marx, Karl (1990) Capital. Crítica da economia política, t. I. México: século XXI.
Marx, Karl (2008) “Glosas críticas marginais sobre o artigo 'O Rei da Prússia e a Reforma Social', de 'um
Prussiano', em Marx, Karl. Escritos juvenis sobre direito. Textos 1837-1847.
Barcelona: Antropos, pp. 111-132.
Míguez, Pablo (2015) “Estado e desenvolvimento na economia política latino-americana”. Artigo
apresentado no VIII Congresso da Associação Latino-Americana de Ciência Política.
Lima: Associação Latino-Americana de Ciência Política.
Parsons, Wayne (2007). Políticas públicas. Uma introdução à teoria e prática da análise
sis de políticas públicas. México: Miño e Dávila/flacso.
Piva, Adrián (2012) “Burocracia e teoria marxista do Estado. Interstícios” Revista Sociológica de
Pensamento Crítico, 6(2): 27-46.
Piva, Adrián (2015) “Inflação argentina na pós-conversibilidade” Realidade Econômica
(293): 34-62 (primeira parte) e (294): 31-51 (segunda parte).
Poulantzas, Nicos (1980) Estado, poder e socialismo. México: século XXI.
Poulantzas, Nicos (1991) “O problema do estado capitalista” em Miliband, Ralph; Pou-lantzas,
Nicos e Ernesto Laclau. Debates sobre o estado capitalista. Buenos Aires: Imago Mundi, pp.
71-90.
Shore, Cris (2010) “Antropologia e estudo de políticas públicas: reflexões sobre a 'formulação' de
políticas” Antipoda. Revista de Antropologia e Arqueologia (10): 21-49.
Simon, Hebert (1947) Comportamento Administrativo. Um Estudo dos Processos de Tomada de Decisão em Ad-
Organizações ministeriais. Nova York: MacMillan.
Siscú, Joãn; de Paula, Luis Fernando y Michel Renalt (2007) “¿Por qué novo-desenvolvi-
mentismo?” Revista de Economía Política (27): 507-527.
Svampa, Maristella (2013) “'Consenso de commodities' e linguagens de avaliação em
América Latina” Nova Sociedade (244): 30-46.
Sweezy, Paul (1974) Teoria do desenvolvimento capitalista. México: Fundo de Cultura Econômica.
Tarcus, Horacio (1991) Debates sobre o estado capitalista. Buenos Aires: Imago Mundi.
Thwaytes Rey, Mabel (2005) “Tecnocratas vs. Ponteiros. Nova falácia de uma velha dicotomia:
política vs. administração” em Thwaites Rey, Mabel e Andrea López (comps.)
Entre tecnocratas globalizados e políticos clientelistas. Trajetória do ajuste neoliberal no Estado
argentino. Buenos Aires: Prometeo, pp. 91-113.
Thwaites Rey, Mabel (2007) “Complexidades de uma controvérsia paradoxal: estruturalismo vs.
Instrumentalismo” em Thwaites Rey, Mabel (comp.) Estado e Marxismo. Um século e meio de
debates. Buenos Aires: Prometeo, pp. 215-267.
Weber, Max (2014) Economia e sociedade. México: Fundo de Cultura Econômica.
Wirth, Margaret (2017) “Sobre a crítica da teoria do capitalismo monopolista de estado” em
Bonnet, Alberto e Adrián Piva (eds.) (2017) Estado e capital. O debate sobre a derivação do
estado alemão. Buenos Aires: Ferramenta, pp. 401-439. Disponível em <http://
www.herramienta.com.ar/ediciones-herramienta/estado-y-capital-el-debate-ale-man-sobre-la-
derivacion-del-estado>.