BNCC, neoliberalismo,

conservadorismo e estado
mínimo – projetos de
sociedade em disputa.

Marcus Quintanilha da Silva

CE-DHP-UFPB
Política Educacional da Educação
Básica
 Texto 1: PERONI, V. M. V. CAETANO, M. R. VALIM, P. L.

Referências Neoliberalismo e Neoconservadorismo nas políticas

educacionais para a formação da juventude brasileira. Jornal de
Políticas Educacionais. V. 15, n. 36, P. 1 - 23, 2021. Disponível
em: https://revistas.ufpr.br/jpe/article/view/82294.

Texto 2: CORSETTI, Berenice. Neoconservadorismo e

políticas educacionais no Brasil. Educação Unisinos – v.23, n.
4, outubro-dezembro 2019, P. 774 – 784. Disponível em:
https://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/ed
u.2019.234.11/60747441.

Textos complementares:
LAZZARATO, M. O governo das desigualdades: crítica da
insegurança neoliberal. São Paulo: EdUFSCar, 2011.
DARDOT, Pierre. LAVAL, Christian. A nova razão do mundo:
ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução de Mariana
Echalar. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2016.
Objetivos

O que é o neoliberalismo?
Reconhecer as principais vertentes históricas do conservadorismo e
diferenciá-lo de neoconservadorismo
Projetos em disputa. De que se trata?
Neoliberalismo: projeto de
sociedade, relações pessoais e de
trabalho
Premissa inicial: Estado mínimo;
Histórico: uma resposta ao liberalismo reformador do final do século XIX e primeiras décadas do
século XX
Colóquio de Walter Lippmann -1938
Principais autores – Friedrich Hayek, Milton Friedmann e Ludwig Von Mises
Objetivo final: fazer do mercado tanto um princípio do governo dos homens como o do governo
de si
A tensão entre dois tipos de liberalismo, o dos reformistas
sociais que defendem um ideal de bem comum e dos
partidários da liberdade individual como fim absoluto, na
realidade nunca cessou (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 37-38)
Projeto de
Pensamento neoliberal, em Von Mises, estruturado
em dois processos, um de destruição e outro de
construção

governo: Os liberais tendiam a ver a ordem estabelecida

como uma ordem natural, o que os levava
sistematicamente tomar posições conservadoras,
Estado tendendo a manter os privilégios existentes. Não
intervir era, em resumo, respeitar a natureza

mínimo? Virada do liberalismo moderno: a teorização de um

intervencionismo propriamente liberal. Não é só
um registro de nascimento, mas um elemento
revelador
 Lógica de mercado nas
Políticas sociais Manutenção da
relações humanas e
caritativas perspectiva concorrencial
trabalhistas

Intervenção do Estado
Neoliberal

Instituição do sujeito
Seguro social privado em Relação direta entre
empresarial/
detrimento ao público empregado e empregador
empreendedor
 Destituição da regulação das regulações de
Tipos de trabalho
Deslocamento do fundo público para o
intervenção financiamento de instituições privadas
(terceirização, parcerias público privadas,
precarização do trabalho)
Ampliação das formas de avaliação,
responsabilização e gerencialismo do
público, transferindo a lógica da empresa
privada ao público
Ênfase no empreendedor, distância ao
mercado formal de trabalho e às leis de
proteção ao trabalhador
Não haverá mais troca daquilo que tem mais, como se supunha os primeiros
teóricos da ordem do mercado, mas vai empreender, estabelecendo um plano
individual de ação, estabelecendo objetivos e se lançando no mercado como um
sujeito empresa.
Autogoverno do sujeito
Não há meio termo: ou a democracia do consumidor ou a ditadura do Estado. Os
princípios éticos ou estéticos não valem nada na esfera do mercado, como
dissemos. Não pode haver economia de mercado sem a primazia absoluta do
interesse, excluídos quaisquer outros motivos da ação (DARDOT; LAVAL, 2016, p.
142)
Na educação
Significa certo tipo de conhecimento diretamente utilizado no mercado, relacionado às
circunstâncias de tempo e lugar – conhecimento que se refere não ao porquê, mas ao
quanto; o conhecimento que um indivíduo pode adquirir em sua prática, e cujo valor só
ele pode avaliar: o conhecimento que ele pode utilizar de maneira proveitosa para
vencer os outros na competição.

Para Hayek é normal que um imobiliário ganhe muito mais que um engenheiro, um
pesquisador ou um professor; todos ganham, inclusive essas últimas categorias, quando
possibilidades de lucro são efetivamente realizadas no mercado.
Na educação
Ampliação das avaliações externas e responsabilização dos dirigentes e da escola por maus
resultados

Direito de gerir do dirigente escolar: fazer muito com poucos recursos

Profissionais do magistério: bolsas de produtividade, contratos de trabalho precarizados,

ampliação de estudantes por turma, pressão por criatividade e mérito

Parcerias público privadas e privatização da educação

Conservadorismo. O neoliberalismo sobrevive sem a democracia, mas, se ela existe, este projeto
se pauta em ofertar o mínimo de conhecimentos que não contemplem a emancipação do
sujeito, um discurso conservador em termos de currículo e atividade pedagógica.
Resultados
A corrosão progressiva dos direitos ligados ao status de trabalhador, a
insegurança instilada pouco a pouco em todos os assalariados pelas novas
formas de emprego precárias, provisórias e temporárias, as facilidades cada
vez maiores para demitir a diminuição do poder de compra até o
empobrecimento de frações inteiras das classes populares são elementos
que produziram um aumento considerável do grau de dependência dos
trabalhadores em relação aos empregados (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 329).
Conservadorismo e
neoconservadorismo
Conservadorismo

Primeiras ondas do fenômeno - século XVII e XVIII: A pretensão desses partidos era conservar
certa relação de poderes e instituições após a derrubada das estruturas do antigo regime e da
emancipação política dos cidadãos.
Exemplos recentes: EUA e Brasil – avanços da extrema direita.
Conservadorismo: Questões de
ordem
Reagir às ameaças ao modelo hegemônico vigente
Não se trata somente de políticas de viés econômico (combate às crises do capitalismo), mas
transcende esta pasta para um debate sobre valores morais e costumes – para o
conservadorismo, a deturpação destes valores é o que destrói a sociedade e a economia
Exemplos de países em crise, mas que não adotaram essa perspectiva – Portugal, Grécia e
Espanha
Neoconservadorismo: Questões
de ordem
Reagir às ameaças ao modelo hegemônico vigente
Não se trata somente de políticas de viés econômico, mas transcende esta pasta para um debate
sobre valores morais e costumes – para o conservadorismo, a deturpação destes valores é o que
destrói a sociedade e a economia.
Valorização à valores religiosos (proselitismo), nacionalismo chauvinista, apego à xenofobia,
racismo, ódio a imigrantes e ciganos, islamofobia e anticomunismo.
Discurso neoliberal e práticas políticas incorporadas à estes valores – incapacidade de
solidariedade
Neoconservadorismo: Questões
de ordem
Subserviência aos EUA.
Neoconservadorismo brasileiro: ultraliberal, neopentecostal e militarista, sequer é compatível
com o pensamento conservador.
Ideologia repressiva e culto à violência policial.
Caso brasileiro: apelo aos militares (não é o mesmo da Europa e dos EUA).
Neoconservadorismo: Questões
de ordem
Os neoconservadores se constituem em aliados imprescindíveis dos neoliberais,
apesar de suas diferenças. Na educação, isso pode ser constatado nas
propostas que defendem “currículos obrigatórios no nível nacional e estadual,
provas no nível nacional e estadual, um ‘retorno’ a um padrão de qualidade
melhor, uma revivificação da ‘tradição ocidental’, patriotismo e variantes
conservadoras da educação do caráter” (Apple, 2003, p. 57).
Neoconservadorismo: Questões
de ordem
Os neoconservadores se constituem em aliados imprescindíveis dos neoliberais,
apesar de suas diferenças. Na educação, isso pode ser constatado nas
propostas que defendem “currículos obrigatórios no nível nacional e estadual,
provas no nível nacional e estadual, um ‘retorno’ a um padrão de qualidade
melhor, uma revivificação da ‘tradição ocidental’, patriotismo e variantes
conservadoras da educação do caráter” (Apple, 2003, p. 57).
Materialização do
neoconservadorismo no Brasil
Emenda Constitucional n. 95/2016
Lei n. 13.415/2017
BNCC
Lei n. 13.467/2017, Lei n. 13.874/2019
DECRETO Nº 10.004, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 – Institui o Programa Nacional das Escolas
Cívico-Militares
PROJETO DE LEI N.º 4.938, DE 2019 - Acrescenta o art. 24-A à Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, para disciplinar a gestão cívico-militar nas escolas públicas de educação básica, e dá outras
providências
Reflexos do neoconservadorismo na
educação no Brasil
Redução de investimento
Ampliação dos contratos de trabalho temporários e/ou sem proteção trabalhista
Imposição de bases curriculares comprometidas com o mercado e a formação estratificada da
sociedade
Lógica de mercado nas relações trabalhistas, congelamento de planos de carreira e redução do poder
de compra da classe trabalhadora
Medo e imposição ideológica à classe trabalhadora docente
Indução ao proselitismo e ao civismo (Deus, pátria e família)
Novos contratos para a oferta da educação básica, desvinculando a educação como bem público e a
aproximando como serviço assistencial de formação para o mercado de trabalho (principalmente
informal)
 Projetos em disputa:
afinal, do que se trata?
Direito à educação
Perspectiva inclusiva
Educação como direito de todos e todas.
Seguridade social aos profissionais da educação.
Planos de carreira, aspectos pedagógicos plurais e
gestão democrática do ensino.
Investimento em educação.
Consideração das diferenças e combate à
desigualdade.
Equidade é parte fundamental no projeto, dando
suporte aos desiguais na medida de sua
desigualdade.
Perspectiva excludente
Educação como direito aos que se esforçam.
Seguridade privada aos que assim desejarem.
Vinculos de trabalho temporários e postos à prova
em processos avaliativos com vistas ao
ranqueamento.
Educação como gasto: o dinheiro é suficiente,
basta gerir à lógica mercantil.
As diferenças precisam se adaptar ao modelo
hegemônico vigente. A desigualdade se supera com
o mérito.
A concorrência é o motor do progresso.