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Disciplina - Lingua Portuguesa -

Filmes e minisséries podem ensinar sobre literatura brasileira


Português
Enviado por: aquiasvalasco@seed.pr.gov.br
Postado em:11/06/2012

Mesmo que as adaptações de grandes títulos da literatura brasileira não substituam a leitura dos
livros, ver os personagens de clássicos nas telas do cinema ou da TV pode motivar os estudantes a
retornar aos textos com outra visão da narrativa.

"Muitos alunos que não são habituados a ler acham difícil transformar o que está naquelas páginas
em imagens, sons, personagens e ideias", explica Cláudio Caus, professor de literatura do Cursinho
da Poli de São Paulo. Caus ressalta que não se pode condensar toda a narrativa em algumas horas,
mas, para o professor, assistir às adaptações antes de ler os livros é um método válido como ponto
de partida, pois facilita a combinação de elementos visuais retirados do filme ou minissérie com
outros gerados pela interpretação pessoal do leitor. Confira abaixo algumas dicas de adaptações
que podem enriquecer a leitura de clássicos brasileiros. Vidas Secas (1963) O famoso livro de
Graciliano Ramos sobre uma família de retirantes nordestinos foi adaptado para o cinema em uma
produção cujo valor artístico foi reconhecido internacionalmente: Vidas Secas foi indicado à Palma
de Ouro no Festival de Cannes de 1965. Com direção de Nelson Pereira dos Santos, o filme tem
marcada influência do neorrealismo italiano e do Cinema Novo. "As técnicas desse movimento,
como o improviso e a câmera na mão, rendem recursos rudimentares de imagem que combinam
com o ambiente rústico da história", comenta Cláudio Caus. De acordo com o professor, o próprio
livro é uma obra plástica, que compõe quadros por meio de figuras de linguagem e parece pensado
para ser um filme. Devido a isso, várias cenas parecem se adequar muito bem ao cinema, como
aquela que expõe o significado da palavra "inferno" ao menino mais velho. "A referência visual do
filme demonstra o quanto a descrição de inferno feita pela mãe corresponde ao espaço em que o
menino vivia", explica Caus. Grande Sertão: Veredas (1985) Considerado um dos maiores romances
brasileiros já escritos, o livro ganhou uma adaptação para a TV em comemoração aos vinte anos da
Rede Globo, com direção de Walter Avancini. Cláudio Caus destaca as cenas de ação reproduzidas
na minissérie, que conta as peripécias do jagunço Riobaldo pelos sertões de Minas Gerais e da
Bahia. O professor acrescenta que a composição visual da produção foi facilitada pelo estilo do
autor Guimarães Rosa. "Ele é um escritor bastante detalhista, que providencia um repertório
descritivo muito rico ao leitor", comenta. No elenco, estão nomes como Tony Ramos, Tarcísio Meira
e Bruna Lombardi no papel de Diadorim, personagem-chave com quem Riobaldo mantém um
relacionamento único. Memórias Póstumas (2001) Uma das obras mais célebres de Machado de
Assis ganhou uma adaptação para o cinema em 2001, com direção de André Klotzel. O filme segue
a mesma estrutura do livro e desenvolve a história em dois tempos, apresentando a vida de Brás
Cubas quando jovem (interpretado pelo ator Petronio Gontijo) narrada pelo personagem depois de
morto (representado por Reginaldo Faria). Para Caus, a adaptação cinematográfica sucedeu em
capturar a ironia machadiana, que permeia a obra literária de forma sutil e constitui sua essência.
"Na atuação do Brás morto, elementos como as expressões faciais e a narração denotam o cinismo
com que o personagem enxerga as relações humanas", analisa o professor. Capitu (2008) A mais
recente releitura de Dom Casmurro, clássico de Machado de Assis publicado em 1899, foi exibida
pela TV Globo com direção de Luis Fernando Carvalho. A minissérie chamou atenção por pontuar o
visual anacrônico dos cenários e figurinos com elementos modernos, o que rendeu cenas como a de

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um suntuoso baile cuja música era providenciada por MP3 e fones de ouvido. Logo no primeiro
capítulo, o espectador se depara com o protagonista Bentinho no metrô, introduzindo a história a
outro passageiro. Para o professor Cláudio Caus, a atualização do romance não só resultou em uma
adaptação bem-sucedida como mostra que a obra não está parada no tempo. "A modernização da
narrativa serve para mostrar que a obra de Machado de Assis é atemporal: por mais que o tempo
passe, os valores humanos, as convenções sociais e jogos de interesse permanecem", afirma.
Notícia publicada no Terra. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade do autor.

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