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T.W Um Bonde Chamado Desejo PDF
T.W Um Bonde Chamado Desejo PDF
Parte Um
BLANCHE – E o nenê?
BLANCHE – Isso quer dizer que nós dois vamos ficar aqui sozinhos?
STANLEY - Imagine!
STANLEY – De Dallas?
STANLEY – Bom, contando que ele seja de algum lugar. (começa a tirar a
camisa.)
Parte Dois
STANLEY – Bem, nós dois temos motivos para festejar hoje. Você pelo
seu milionário do petróleo e eu pelo meu filho! (Vai até a cômoda no
quarto, e agacha-se para retirar alguma coisa da gaveta do fundo.)
BLANCHE – Quando eu penso no prazer divino que vai ser poder estar a
sós de novo... me dá vontade de chorar de alegria..
STANLEY – Esse milionário de Dallas não vai interferir nessa sua solidão?
BLANCHE – Não vai ser esse tipo de coisa que o senhor está pensando.
Esse homem é um cavalheiro e me respeita. (Melhorando sua disposição,
aumentando a intensidade até se tornar febril.) O que ele deseja é a minha
companhia, mais nada! Ser muito rico, às vezes, deixa as pessoas solitárias.
Uma mulher culta, inteligente, e de boa educação pode enriquecer a vida de
um homem. Beleza física é efêmera. Uma posse transitória. Mas a beleza
do espírito e a ternura do coração – e eu tenho tudo isso – não se pode tirar,
ao contrário, elas crescem. Crescem com os anos! Como é estranho que me
digam que eu sou uma mulher frustrada! Quando eu tenho todos esses
tesouros enterrados no coração. (Um soluço sufocado a interrompe.) Mas
tenho sido tola, atirando minhas pérolas aos porcos.
STANLEY – Mandou?
BLANCHE – Mas depois ele voltou! Voltou com uma caixa de rosas para
pedir perdão. Há certas coisas imperdoáveis. Crueldade deliberada, por
exemplo. E foi por isso que eu lhe disse: “Obrigada, meu amigo”, mas foi
tolice pensar que era possível nos adaptarmo-nos um ao outro. Nossos
caminhos são diferentes. Precisamos ser realistas sobre essas coisas.
Portanto, adeus, meu amigo, não me guarde rancor... Foi isso que eu lhe
disse.
BLANCHE – Que telegrama? Oh, não, não, foi depois. Para ser franca...
BLANCHE – Oh!
BLANCHE – Oh!
Parte Três
BLANCHE – Não. Você fique... fique ali! (Indica uma posição mais
distante.)
BLANCHE – Não com você aí! Mas eu tenho de sair de alguma forma!
STANLEY – Acha que eu vou interferir? Ha, ha! (O piano blue soa
suavemente. Ela se volta, confusa, e faz um gesto desalentado. As vozes
inumanas, como numa selva, aumentam de intensidade. Ele dá um passo
em direção a ela, mordendo a língua, que se espicha entre seu lábios.)
STANLEY – O quê?
STANLEY – Que papel você está representado agora? (Agora, ambos estão
dentro do quarto.)
STANLEY – Ah, então você quer violência? Muito bem, vamos ser
violentos! (Ele salta na direção dela, virando a mesa. Ela dá um grito e o
golpeia com o gargalo da garrafa, mas ele a agarra pelo pulso.) Largue,
vamos! Largue a garrafa, sua gata do mato! A gente tinha esse encontro
desde o começo! (Ela geme. O gargalo da garrafa cai. Ela cai de joelhos.
Ele apanha a figura inerte de Blanche e a carrega para a cama. O trompete e
a bateria do Quatro Naipes soam alto).
Fim.