Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REVEDUC
REVEDUC
Resumo
Este artigo apresenta uma revisão teórica das principais abordagens de avaliação que mar-
caram a trajetória da avaliação educacional no cenário internacional. Trata-se de uma pes-
quisa bibliográfica que, referenciada na literatura da avaliação, busca estudar as variadas
dimensões e os diferentes sentidos que constituíram historicamente o campo da avaliação
educacional. São descritas sete abordagens de avaliação: a avaliação baseada em objetivos,
a avaliação baseada na lógica científica, a avaliação baseada no valor agregado, a avaliação
a serviço da decisão, a avaliação orientada para consumidores, a avaliação centrada nos
participantes e a avaliação qualitativa. Cada uma dessas abordagens é caracterizada segun-
do seus protagonistas, objetivos, enfoques conceituais, orientações teóricas decorrentes de
pressupostos metodológicos e os estudiosos que deram continuidade nas suas respectivas
abordagens. Essa literatura internacional exerceu forte influência sobre os pesquisadores
brasileiros da avaliação que, fundamentados nesses referenciais, buscaram sustentar uma
área de conhecimento que ainda se encontra em processo de constituição e fortalecimento
em nosso país.
Palavras-chave: Avaliação educacional, Abordagens de avaliação, Teorias em avaliação.
Abstract
This article presents a theoretical review of the main evaluation approaches that marked
the trajectory of educational evaluation in the international scenario. This is a bibliographi-
cal research that, based on the assessment literature, aimed at studying the various dimen-
sions and different meanings that have historically constituted the educational evaluation
field. Seven evaluation approaches are described: goal-based evaluation, evaluation based
on scientific logic, value-based evaluation, decision-making evaluation, consumer-oriented
evaluation, participant-centered evaluation, and qualitative evaluation. Each one of them is
characterized according to its protagonists, objectives, conceptual approaches, theoretical
orientations deriving from methodological assumptions, and the scholars who continued
their respective approaches. Such international literature had a strong influence on Bra-
zilian evaluation researchers who, based on these references, sought to support a field of
knowledge that is still in the process of constitution and strengthening in our country.
Keywords: Educational evaluation, Evaluation approaches, Theories on evaluation.
1 Professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Doutor em Educação pela
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com Pós-Doutorado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG, Paraná). E-mail: regilsonborges@gmail.com
2 Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) com Pós-Doutorado pela Université de
Strasbourg (UNISTRA, França). Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar). E-mail: jcr3219@yahoo.com.br
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
750 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
Introdução
Este artigo apresenta uma revisão das principais abordagens que marcaram a
trajetória da avaliação educacional no cenário internacional. São analisadas as
principais concepções teóricas formuladas por autores que estiveram envolvidos
com o desenvolvimento da avaliação, procurando-se apontar os sentidos e as for-
mas que ela adquiriu ao longo do tempo. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica
que, referenciada na literatura da avaliação, busca estudar as variadas dimensões e
os diferentes sentidos que constituíram historicamente esse campo.
A justificativa para um estudo dessa natureza encontra razão no que Stufflebeam
e Shinkfield (1987) mencionam ao ressaltarem que nenhuma introdução à avalia-
ção educacional está completa se não prestar devida atenção à evolução histórica
do tema. Igualmente, Fernandes (2010, p. 19) entende que “a análise das múltiplas
abordagens e das diferentes definições e concepções de avaliação constitui um meio
indispensável para se compreender o desenvolvimento e a construção teórica no
domínio da avaliação em educação”.
A partir disso buscamos compreender os numerosos elementos que são encon-
trados nas concepções produzidas por pesquisadores estadunidenses e europeus
interessados nas discussões em torno da temática da avaliação educacional. Trata-
-se de concepções individuais de autores que se esforçam “no sentido de ordenar o
conteúdo de um campo novo e parcial em algum tipo de estrutura lógica” (WOR-
THEN; SANDERS; FITZPATRICK, 2004, p. 237). Para tanto, tomamos como ponto
de partida os trabalhos desses estudiosos que analisam diferentes abordagens de
avaliação existentes na literatura especializada da área, enfatizando-se as concep-
ções teóricas e os pressupostos metodológicos formulados.
A adoção da designação “abordagens de avaliação” em vez de “modelos de ava-
liação”, como refere Stufflebeam e Shinkfield (1987), ou “paradigmas da avaliação”,
como prefere De Ketele (1993), pareceu-nos mais razoável por considerarmos “que
muitas abordagens parecem mais um conjunto de argumentos de persuasão do que
construções teóricas sólidas que lhe confiram o estatuto de modelo” (FERNAN-
DES, 2010, p. 18, grifo do autor). Dias Sobrinho (2002) ressalta, por exemplo, que
Ernest House prefere usar o termo “enfoque” em vez de “paradigma” para tratar dos
tipos básicos de avaliação.
Entre as discussões sobre abordagens de avaliação encontra-se a realizada por
Stufflebeam e Shinkfield (1987), que expõem um panorama da avaliação abran-
gendo oito modelos de trabalho avaliativo. Outro importante trabalho é produzido
por De Ketele (1993), que examina como alguns paradigmas de avaliação podem
se complementar. Worthen, Sanders e Fitzpatrick (2004) apresentam uma ampla
visão de modelos e abordagens de avaliação a partir de uma minuciosa visão sobre
suas mais variadas modalidades. Alkin e Christie (2004) elaboram o desenho de
uma árvore da teoria da avaliação, cujo tronco é construído sobre uma dupla fun-
dação: a prestação de contas e a investigação social.
Assim, Stufflebeam e Shinkfield (1987) agrupam as ideias e os procedimentos
avaliativos em oito “modelos”. São eles:
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 751
De Ketele (1993), por sua vez, classifica a avaliação dentro de dez “paradigmas”:
2) paradigma docimológico;
3) paradigma sociológico;
9) paradigma econômico; e
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
752 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
Alkin e Christie (2004) colocam no topo de sua árvore da teoria da avaliação três
ramos e suas respectivas ênfases teóricas. São elas:
Com base nesses estudos, descreve-se a seguir sete abordagens de avaliação edu-
cacional que resultam do cruzamento das informações apresentadas pelos autores
mencionados, de onde também são extraídas as designações que nomeiam cada
uma das abordagens apresentadas. As sete abordagens são caracterizadas segundo
seus protagonistas, objetivos, enfoques conceituais, orientações teóricas decorren-
tes de pressupostos metodológicos e os estudiosos que deram continuidade nas
suas respectivas abordagens.
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 753
De Ketele (1993) observa que a avaliação proposta por Tyler deveria ser realizada
no final do processo de formação, a fim de colocar em evidência se os alunos domi-
naram os objetivos. A informação resultante do processo possibilitaria um duplo
atendimento: a certificação dos alunos e a regulação do processo de formação.
Como ampliação do método tyleriano, uma série de trabalhos enfatizou a meto-
dologia centrada nos objetivos. Stufflebeam e Shinkfield (1987) e Worthen, Sanders
e Fitzpatrick (2004) incluem nessa abordagem a proposta de Newton S. Metfessel
e William B. Michael, que desenvolveram um paradigma avaliativo de oito etapas
com o propósito de avaliar a consecução dos objetivos nos currículos escolares. Os
oito passos para o processo de avaliação são:
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
754 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
sistema para gerar e analisar objetivos; James Popham, que se concentra na defesa
das especificações dos objetivos comportamentais; e Andrés Steinmetz, que discute
o modelo de avaliação da discrepância.
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 755
Alkin e Christie (2004, p. 20, tradução nossa) ressaltam que as ideias de Camp-
bell e Stanley se encontram presentes na “fundação de quase todos os cursos sobre
métodos de pesquisa em ciências sociais”7, principalmente as ideias relacionadas à
formulação de projetos de pesquisa. A introdução de projetos quase-experimentais
na investigação favoreceu um clima maior de aceitação de um pensamento alterna-
tivo para as ciências sociais.
Outro autor que defende a aplicação de métodos de pesquisa na avaliação, ou seja,
que a avaliação se fundamente na lógica do método científico, é o sociólogo Edward
Suchman (STUFFLEBEAM, 2001; ALKIN; CHRISTIE, 2004). Para Suchman,
a avaliação é um processo científico e, deste modo, os mesmos procedimentos
5 No original: “1. History, the specific events occurring between the first and second measurement in addition to the
experimental variable. 2. Maturation, processes within the respondents operating as a function of the passage of
time per se (not specific to the particular events), including growing older, growing hungrier, growing more tired,
and the like. 3. Testing, the effects of taking a test upon the scores of a second testing. 4. Instrumentation, in which
changes in the calibration of a measuring instrument or changes in the observers or scorers used may produce
changes in the obtained measurements. 5. Statistical regression, operating where groups have been selected on the
basis of their extreme scores. 6. Biases resulting in differential selection of respondents for the comparison groups.
7. Experimental mortality, or differential loss of respondents from the comparison groups. 8. Selection-maturation
interaction, etc., which in certain of the multiple-group quasi-experimental designs, such as Design 10, is confoun-
ded with, i.e., might be mistaken for, the effect of the experimental variable”.
6 No original: “9. The reactive or interaction effect of testing, in which a pretest might increase or decrease the
respondent’s sensitivity or responsiveness to the experimental variable and thus make the results obtained for
a pretested population unrepresentative of the effects of the experimental variable for the unpretested universe
from which the experimental respondents were selected. 10. The interaction effects of selection biases and the
experimental variable. 11. Reactive effects of experimental arrangements, which would preclude generalization
about the effect of the experimental variable upon persons being exposed to it in non experimental settings. 12.
Multiple-treatment interference, likely to occur whenever multiple treatments are applied to the same respondents,
because the effects of prior treatments are not usually erasable”.
7 No original: “foundation of almost all social science research methods courses”.
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
756 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 757
12 No original: “The central advantage of outcome monitoring involving value-added assessment is in the systematiza-
tion and institutionalization of a database of outcomes that can be used over time and in a standardized way to study
and find means to improve outcomes”.
13 No original: “emphasis on sophisticated gain score and hierarchical analysis of data to delineate effects of system
components and identify which ones should be improved and which ones should be commended and reinforced”.
14 No original: “como un proceso mediante el cual se proporcionará información útil para la tomada de decisiones”.
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
758 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
A. Concentrar-se na avaliação;
B. Coleta de informações;
15 No original: “servir de guía para la toma de decisiones, proporcionar datos para para la responsabilidad y promover
la comprensión de los fenómenos implicados”.
16 No original: “para saber cómo una evaluación […] el evaluador necesita, obviamente, planificar el trabajo que debe
hacer. Esto supone preparar los planes preliminares y luego modificarlos y explicarlos a medida que avance el
estudio”.
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 759
– Resultados do acompanhamento.
17 No original: “la clientèle ou marche-cible qui recevront les personnes formées et les ‘utiliseront’ d’une part; les vrais
consommateurs d’autre part, c’est-à-dire les récipiendaires de la formation”.
18 No original: “Proporciona información continua para ayudar a planificar y luego producir algún objeto”; “investiga
todos los efectos de los objetos y los examina comparándolos con las necesidades de los consumidores”.
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
760 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
1. Necessidade;
2. Mercado;
8. Desempenho – processo;
12. Custo-benefício; e
1. Descrição;
2. Cliente;
3. Antecedentes e contexto;
4. Recursos;
5. Função;
6. Sistema de distribuição;
7. Consumidor;
9. Normas;
10. Processo;
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 761
11. Resultados;
13. Custos;
14. Comparações;
15. Significado;
16. Recomendações;
17. Relatório; e
18. Meta-avaliação.19
19 No original: “la lista de control de indicadores de la evaluación […] 1. Descripción; 2. El cliente; 3. Antecedentes y
contexto; 4. Recursos; 5. Función; 6. Sistema de distribución; 7. El consumidor; 8. Las necesidades y valores de los
afectados y potencialmente impactados; 9. Normas; 10. El proceso; 11. Resultados; 12. Posibilidad de generalizaci-
ón; 13. Costes; 14. Comparaciones; 15. Significado; 16. Recomendaciones; 17. El informe; 18. La metaevaluación”.
20 No original: “it can be so independent from practitioners that it may not assist them to better serve consumers”.
21 No original: “It is evaluation based on what people do naturally to evaluate things: they observe and react”.
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
762 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
Para fazer uma avaliação responsiva, o avaliador, claro, faz muitas coisas. Ele
faz um plano de observações e negociações e o organiza para que várias pessoas
observem o programa. Com a ajuda dessas pessoas, ele prepara narrativas bre-
ves, retratos, exibições de produtos, gráficos, etc. Ele descobre o que seu público
valoriza. Ele reúne expressões de valor de vários indivíduos cujos pontos de
vista diferem. Obviamente, ele verifica a qualidade de seus registros. Ele recebe
o pessoal do programa para observar sua reação à precisão de seus retratos.
Ele recebe as figuras de autoridade para observar sua reação à importância das
várias descobertas. Ele recebe os membros do público interessado para obser-
var sua reação à relevância de tais descobertas. Ele faz muitas dessas coisas
informalmente, iterando e mantendo um registro de ação e reação. Ele escolhe
meios acessíveis às suas audiências para aumentar a probabilidade e fidelidade
da comunicação. Ele pode preparar um relatório final escrito – ou não, depen-
dendo do que ele e seus clientes tenham acordado.23
22 No original: “An educational evaluation is responsive evaluation if it orients more directly to program activities than
to program intents, if it responds to audience requirements for information, and if the different value perspectives
of the people at hand are referred to in reporting the success and failure of the program”.
23 No original: “To do a responsive evaluation, the evaluator of course does many things. He makes a plan of obser-
vations and negotiations. He arranges for various persons to observe the program. With their help he prepares for
brief narratives, portrayals, product displays, graphs, etc. He finds out what is of value to his audiences. He gathers
expressions of worth from various individuals whose points of view differ. Of course, he checks the quality of his
records. He gets program personnel to react to the accuracy of his portrayals. He gets authority figures to react
to the importance of various findings. He gets audience members to react to the relevance of his findings. He does
much of this informally, iterating, and keeping a record of action and reaction. He chooses media accessible to his
audiences to increase the likelihood and fidelity of communication. He might prepare a final written report; he might
not – depending on what he and his clients have agreed on”.
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 763
Essas perspectivas apontadas pelo autor supõem uma troca contínua entre o
avaliador e os clientes. O enfoque está na comunicação contínua entre avaliador e
público para descobrir, investigar e tratar dos problemas do programa. Os projetos
de avaliações são relativamente informais e abertos, e são construídos ao longo do
processo. Assim, dependendo do propósito da avaliação, o avaliador pode empregar
diferentes variedades de métodos (STUFFLEBEAM, 2001); por isso “é mais pro-
vável que se sintam à vontade trabalhando com o paradigma naturalista ou etno-
gráfico, fundamentando-se principalmente em técnicas qualitativas” (WORTHEN;
SANDERS; FITZPATRICK, 2004, p. 232). Entre as técnicas preferidas para o re-
trato dos programas, estão o feedback, o estudo de caso, relatórios de amostragem,
relatórios de observação, relatórios descritivos, sociodrama, o relato de histórias,
etc.
Essa abordagem foi também desenvolvida e ampliada por outros estudiosos,
conforme observa Stufflebeam (2001), dentre os quais se destacam Terry Denny,
Barry MacDonald, Malcolm Parlett, David Hamilton, Robert M. Rippey, Louis M.
Smith e Paul A. Pohland. Stufflebeam (2001) ressalta ainda a forte influência da
avaliação responsiva na proposta construtivista de Egon G. Guba e Yvonna S. Lin-
coln, cuja ênfase recai sobre a história pessoal e perspectivas valorativas das partes
interessadas.
24 No original: “Known as naturalistic or qualitative, these approaches give the evaluator freedom to choose the metho-
ds used to collect, analyze, and interpret their data”.
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
764 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 765
Considerações finais
Este artigo analisou a constituição teórica do campo da avaliação no cenário in-
ternacional a partir da contribuição de estudiosos que sistematizaram diferentes
abordagens existentes no campo da avaliação educacional, com destaque para as
abordagens de avaliação centradas nos objetivos, na lógica científica, no valor agre-
gado, no serviço para a decisão, nos consumidores, nos participantes e no enfoque
qualitativo.
A avaliação baseada em objetivos busca determinar se os objetivos educacionais
foram atingidos. Os principais autores dessa abordagem são Tyler, Metfessel, Mi-
chael, Bloom, Hammond, Popham e Steinmetz. Suas vantagens são a fácil utiliza-
ção, a aceitabilidade e o foco nos resultados. As principais críticas a essa abordagem
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
766 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481
Abordagens de avaliação educacional: a constituição do campo teórico no cenário internacional 767
Referências
ALKIN, Marvin C.; CHRISTIE, Christina A. An evaluation theory tree. In: ALKIN, Marvin C. (Ed.). Evaluation
roots: tracing theorists’ views and influences. London: Sage, 2004. p. 381-392.
CAMPBELL, Donald T.; STANLEY, Julian C. Experimental and quasi-experimental designs for research on teach-
ing. In: GAGE, N. L. (Ed.). Handbook of research on training. Chicago: Rand McNally, 1963. p. 1-84.
DIAS SOBRINHO, José. Campo e caminhos da avaliação: a avaliação da educação superior no Brasil. In: FREITAS,
Luiz Carlos (Org.). Avaliação: construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Insular, 2002. p. 13-62.
GUBA, Egon G.; LINCOLN, Yvonna S. Avaliação de quarta geração. Trad. Beth Honorato. Campinas: Editora
da Unicamp, 2011.
HOUSE, Ernest; HOWE, Kenneth R. Deliberative democratic evaluation in practice. In: STUFFLEBEAM, Daniel
L.; MADAUS, George F.; KELLAGHAN, Thomas (Eds.). Evaluation models: viewpoints on educational and
human services evaluation. Boston: Kluwer Academic Publishers, 2000. p. 409-422.
MACDONALD, Barry. Uma classificação política dos estudos avaliativos. In: GOLDBERG, Maria Amélia Azevedo;
SOUSA, Clarilza Prado de (Orgs.). Avaliação de programas educacionais: vicissitudes, controvérsias, desa-
fios. São Paulo: EPU, 1982. p. 16-17.
ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481 Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019
768 Regilson Maciel Borges, José Carlos Rothen
OWSTON, Ron. Models and Methods for Evaluation. In: SPECTOR, J. Michael et al. (Eds.). Handbook of
Research on Educational Communications and Technology. New York: Lawrence Erlbaum Associates,
2008. p. 605-618.
PARLETT, Malcolm; HAMILTON, David. Avaliação Iluminativa: uma nova abordagem no estudo de programas
inovadores. In: GOLDBERG, Maria Amélia Azevedo; SOUSA, Clarilza Prado de (Orgs.). Avaliação de progra-
mas educacionais: vicissitudes, controvérsias, desafios. São Paulo: EPU, 1982. p. 38-45.
SANDERS, William L.; HORN, Sandra P. The Tennessee value-added assessment system (TVAAS): mixed model
methodology in educational assessment. Journal of Personnel Evaluation in Education, New York, v. 8, n.
3, p. 299-311, 1994.
SANDERS, William L.; RIVERS, June C. Cumulative and residual effects of teachers on future student
academic achievement. Knoxville: University of Tennessee Value-Added Research and Assessment Center,
1996.
STAKE, Robert E. Evaluation the arts in education: a responsive approach. Columbus: Merril, 1975a.
STAKE, Robert E. Program evaluation, particularly responsive evaluation. Kalamazoo: Western Michi-
gan University Evaluation Center, 1975b. (Occasional paper n. 5).
STUFFLEBEAM, Daniel L. Evaluation models. New directions for evaluation, San Francisco, n. 89, p. 7-98,
2001.
STUFFLEBEAM, Daniel L.; SHINKFIELD, Anthony L. Evaluación sistemática: guía teórica y práctica. Trad.
Carlos Losilla. Barcelona: Paidós, 1987.
WORTHEN, Blaine R.; SANDERS, James S.; FITZPATRICK, Jody L. Avaliação de programas: concepções e
práticas. Trad. Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Gente, 2004.
Revista Eletrônica de Educação, v. 13, n. 2, p. 749-768, maio/ago. 2019 ISSN 1982-7199 |DOI: http://dx.doi.org/10.14244/198271992481