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PESQUISA QUALITATIVA C O M TEXTO, IMAGEM E SOM
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1. QUALIDADE, QUANTIDADE E INTERESSES..
n ã o t r a z e m p r o b l e m a . U m p r o b l e m a d i f e r e n t e surge, c o n t u d o ,
q u a n d o os c o m u n i c a d o r e s d i z e m r e p r e s e n t a r u m g r u p o social que,
n a r e a l i d a d e , n ã o r e p r e s e n t a m . O cientista social deve r e c o n h e c e r
essas falsas p r e t e n s õ e s d e r e p r e s e n t a ç ã o .
Os d a d o s formais r e c o n s t r o e m as m a n e i r a s pelas quais a realida-
de social é r e p r e s e n t a d a p o r u m g r u p o social. U m j o r n a l r e p r e s e n t a
até certo p o n t o o m u n d o p a r a u m grupo d e pessoas, caso contrário
elas n ã o o c o m p r a r i a m . Nesse contexto, o j o r n a l se t o r n a u m indica-
d o r desta visão d e m u n d o . O m e s m o p o d e ser v e r d a d e p a r a dese-
n h o s que as pessoas c o n s i d e r a m interessantes e desejáveis, ou p a r a
u m a música q u e é a p r e c i a d a c o m o agradável. O que u m a pessoa lê,
olha, ou escuta, coloca esta pessoa e m d e t e r m i n a d a categoria, e
p o d e indicar o que a pessoa p o d e fazer n o f u t u r o . Categorizar o p r e -
sente e, às vezes, p r e d i z e r f u t u r a s trajetórias é o objetivo de t o d a pes-
quisa social. Neste livro nós nos c o n c e n t r a m o s quase que exclusiva-
m e n t e n o p r i m e i r o p o n t o : a categorização d o p r o b l e m a .
A filosofia deste livro p r e s s u p õ e que n ã o h á " u m m o d o ótimo" d e
fazer pesquisa social: n ã o h á razões convincentes p a r a nos tornar-
mos pollsters (pessoas que c o n d u z e m pesquisas d e opinião), n e m de-
vemos nos t o r n a r todos focusers (pessoas que realizam pesquisas com
g r u p o s focais). O objetivo deste livro é s u p e r a r a "lei d o i n s t r u m e n -
to" (Duncker, 1995), s e g u n d o a qual u m a criança que só conhece o
martelo p e n s a que t u d o deve ser t r a t a d o a marteladas. Por analogia,
n e m o questionário d e levantamento, n e m o g r u p o focal se consti-
t u e m n o c a m i n h o régio p a r a a pesquisa social. Este c a m i n h o p o d e ,
contudo, ser e n c o n t r a d o através d e u m a consciência a d e q u a d a dos
diferentes m é t o d o s , de u m a avaliação d e suas vantagens e limitações
e de u m a c o m p r e e n s ã o de seu uso e m diferentes situações sociais, di-
ferentes tipos de informações e diferentes p r o b l e m a s sociais.
Estamos de acordo agora que a realidade social p o d e ser repre-
sentada de maneiras informais ou formais de comunicar e que o meio
de comunicação p o d e ser composto de textos, imagens ou materiais
sonoros. Na pesquisa social nós consideramos todos eles como impor-
tantes, de u m m o d o ou de outro. E isto que tentaremos esclarecer.
Estratégias
Quantitativas Qualitativas
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Quantitativa Qualitativa
N ã o formalização Freqüências descritivas Citações, descrições, anedo-
tas
Formalização M o d e l a g e m estatística, por Modelagem
ex. um livro de introdução teórico-gráfica, por ex.
Abell (1987)
A ordenação do tempo
U m m o d o de descrever a funcionalidade dos diferentes métodos
é ordená-los em u m desenho que implique u m a linha de tempo. Jíí
Tradicionalmente, a pesquisa qualitativa foi considerada apenas no
estágio exploratório do processo de pesquisa (pré-desenho), com a |g
finalidade de explorar distinções qualitativas, a fim de se desenvol- j
ver mensurações, ou p a r a que se tivesse certa sensibilidade com o |g
campo de pesquisa. Formulações mais recentes consideram a pes- :j|
quisa qualitativa como igualmente i m p o r t a n t e depois do levanta- |g
mento, p a r a guiar a análise dos dados levantados, ou p a r a f u n d a - |§
m e n t a r a interpretação com observações mais detalhadas (pós-deli- í>
neamento). Delineamentos mais amplos consideram duas correntes fe
paralelas d e pesquisa, tanto simultaneamente, como em seqüências
oscilantes (delineamento paralelo; delineamento antes-e-depois).
Finalmente, a pesquisa qualitativa p o d e ser agora considerada como 5
sendo u m a estratégia de pesquisa i n d e p e n d e n t e , sem qualquer co- ||
nexão funcional com o levantamento ou com outra pesquisa quanti- ^
tativa (independente). A pesquisa qualitativa é vista como u m em- &
p r e e n d i m e n t o a u t ô n o m o de pesquisa, no contexto de u m p r o g r a m a
de pesquisa com u m a série de diferentes projetos.
A função i n d e p e n d e n t e da pesquisa qualitativa possui u m a limi-
tação que nós tentamos enfrentar neste livro. Embora seja possível
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considerar a pesquisa n u m é r i c a e a n ã o n u m é r i c a c o m o e m p r e e n d i -
mentos a u t ô n o m o s , o p r o b l e m a com a p e s q u i s a qualitativa é que
ela é u m " p e s a d e l o didático". Se c o m p a r a d o s c o m a tradição d e
pesquisa n u m é r i c a , b a s e a d a n a a m o s t r a g e m , n o questionário e n a
análise estatística, os pesquisadores qualitativos, e os que p r e t e n -
d e m tornar-se pesquisadores qualitativos, e n c o n t r a m p o u c a clareza
e orientação n a literatura p a r a seus p r o c e d i m e n t o s . E m b o r a isto es-
teja m u d a n d o l e n t a m e n t e , à m e d i d a que a massa crítica de pesquisa-
dores desta linha está a u m e n t a n d o , a m a i o r i a d a literatura está ain-
da p r e o c u p a d a e m d e m a r c a r o território legítimo deste procedi-
mento metodológico a u t ô n o m o . Esta retórica Iegitimadora levou a
u m a h i p e r t r o f i a epistemológica, o r i g i n a n d o definições de posicio-
namentos e contraposicionamentos d e n t r o d e u m c a m p o competiti-
vo, com mais obscurantismo e j a r g õ e s d o q u e com esclarecimento e,
ao final d e contas, foi d e p o u c a serventia q u a n d o se trata d e saber o
que fazer q u a n d o se faz pesquisa qualitativa. Até o p r e s e n t e m o m e n -
to, temos m u i t o a p o i o p a r a nos "sentirmos b e m " , face à crítica tradi-
cional, mas h á p o u c a auto-observação crítica.
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Referências bibliográficas
ABELL, P. (1987). The Syntax of Social Life. Oxford: Clarendon Press.
BAUMAN, Z. (1976). Towards a Criticai Sociology: an Essay on Common
Sense and Emancipation. London: Routledge.
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