Derivações da arte moderna • Os caminhos abertos pelas experimentações modernistas propiciaram elaborações envolvendo tecnologias, estudos científicos e incorporações de elementos da propaganda, da mídia, de uma forma geral, em que a cidade se constitui como repositório, ela mesma apropriada e reinventada nas novas expressões artísticas. A op art, a pop art, o grafite e a instalação são exemplos dessas novas elaborações no campo da arte. A Op art • A op art surgiu dentro da segunda metade da década de 50 e na década de 60 popularizou-se na América e na Europa. Seu nome deriva da forma abreviada de Optical-art. Com uma gestação relativamente longa, foi oficialmente apresentada ao grande público, em 1965, numa exposição coletiva chamada The Responsive Eye, no Museu de Arte Moderna de Nova York. • É uma forma de arte abstrata que utiliza figuras geométricas (representadas inicialmente em preto e branco), nas quais a repetição sucessiva de elementos resulta numa dinâmica visual, que leva o espectador a sentir os efeitos de uma ilusão ótica com movimentos pulsantes. • O impacto sensorial sobre a vista do observador é causado pela sensação de movimento, do ritmo e das vibrações criada pela composição, principalmente quando ele muda seu ângulo de observação da obra. • Uma das principais características da Op art é a forte sensação de movimento e transformação que a obra sofre aos olhos do observador, na medida em que ele, observador, move-se em torno dela. A obra parece “respirar”; ela cria, além de outros efeitos, o moiré • A Op art propõe menos expressão e mais visualização, ou seja, vincula-se menos às humanidades e muito mais às ciências e às tecnologias, por suas ilimitadas possibilidades. Tenta reproduzir a instabilidade da sociedade moderna, em que tudo se modifica a cada instante e, na ilusão ótica de suas telas, a realidade se confunde. Victor Vasarely • O principal representante e um dos precursores da Op art foi Victor Vasarely (1908-1997). Artista franco-húngaro, após estudar arte em Budapeste, radicou-se na França, onde, por treze anos, trabalhou como designer gráfico em empresas de publicidade. • Como quase todos os artistas, iniciou sua arte no figurativismo e seguiu depois para o construtivismo e para a arte geométrica abstrata. Utilizou seus conhecimentos em artes gráficas nas pesquisas e experiências dos fenômenos de percepção ótica, culminando na sua grande criação: a plástica cinética. • Vasarely, em seu fascínio por padrões lineares, desenhou diversas grelhas lineares, inicialmente em preto e branco, depois policromáticas. Criou grandes combinações com círculos, triângulos e quadrados e belíssimas deformações ondulantes, mas sempre preocupado com a sensação de multidimensionalidade e de profundidade dos objetos. • O legado de Vasarely para a Op art foi tão rico e intenso que o nome deste estilo estará sempre ligado ao seu. Zebras – 1950, Victor Vasarely, óleo sobre tela – 92 x 116 cm. Coleção particular. Bélgica Bridget Riley • Ao lado de Vasarely, apresenta-se também como figura de destaque da Op art a artista inglesa Bridget Riley (1931–....). Riley, no início dos anos 60, inspirada em Vasarely, produziu uma série de pinturas também com linhas pretas e brancas apenas, mas, em 1965, partiu para sua fase colorida, pois descobriu nas cores a força necessária para seus temas. Círculos que se movem , 1960 - Bridget Riley Pop Art • A Pop art, embora tenha surgido na Inglaterra em meados da década de 50, ganhou força e amadureceu seus propósitos na Nova York dos anos 60. Seus dois polos de irradiação para o mundo foram Londres e Nova York. • Pop art é uma expressão abreviada, oriunda do inglês, que significa arte popular, não no sentido de ser feita pelo povo, mas produzida para o consumo de massa. Ela seria mais uma tendência que viria a combater a arte convencional e trazia no bojo de sua proposta o resgate das imagens “reconhecíveis”, opondo-se ao expressionismo abstrato, liderado por Jackson Pollock, que rejeitava os elementos figurativos, enfatizando a expressividade e a individualidade do artista. Embora retornando aos temas pictóricos figurativos, a Pop art não pretendia voltar aos padrões da arte tradicional. • Dois grandes artistas norte-americanos foram responsáveis pela ruptura com o expressionismo abstrato e precursores da Pop art, sendo nomeados por alguns estudiosos como pré-pop: Robert Rauschenberg – (1925–...) pintor e gravador, nascido no Texas, e Jasper Johns – (1930–...), pintor nascido na Geórgia. Ambos, ao reintroduzirem as imagens reconhecíveis, abririam as portas para a Pop art, que eclodiria logo depois. • Rauschenberg foi um artista de muito prestígio durante os anos 60. Sua especialidade naqueles anos eram as pinturas chamadas Combinações, nas quais mesclava imagens, técnicas e toda sorte de materiais. • Destas mesclas nasceram obras polêmicas, como Monograma. Nela, o artista, ao combinar materiais como um bode (empalhado) envolvido em um pneu de carro, apoiado sobre um painel com colagens, tenta mostrar que todos os materiais são válidos e importantes na arte. Defendia também a teoria de que a forma é igual ao fato, afirmando: “Um quadro é mais parecido com o mundo real quando é feito de mundo real”. Andy Robert Rauschenberg, Canyon, 1959 Jasper Johns (1930- ) • Amigo de Robert Rauschenberg, participou ativamente do movimento que romperia com o expressionismo abstrato. Em 1955, pinta o mais famoso e conhecido dos seus quadros, A bandeira norte-americana, e faz outros vários ensaios com este ícone. Os dois artistas juntos tirariam do exílio a imagem. • A Pop art elevou à condição de verdadeiros ícones objetos do cotidiano da sociedade de consumo e produtos industrializados dirigidos às massas urbanas, como enlatados, hambúrgueres, lâmpadas elétricas, estojos de batom, cortadores de grama. • Esses artistas, na verdade, não queriam fazer apologia de todos estes itens e produtos, mas criticar a sociedade por seu consumismo exacerbado e, por outro lado, mostrar, através de imagens, um retrato fidedigno dos grandes centros urbanos que tiveram suas paisagens alteradas pela moderna tecnologia industrial. • Outro de seus objetivos era acabar com a distinção entre “arte erudita” e “arte popular”, tornando seus símbolos universais e acessíveis a todos. • Os artistas da Pop art utilizaram também como tema para suas obras imagens de grandes artistas norte-americanos, como Marilyn Monroe e Elvis Presley. • Além do reprocessamento de imagens populares, eles utilizaram para sua expressão ilustrações, quadrinhos e toda sorte de materiais, como látex, tinta acrílica, poliéster. Valeram-se ainda de vários recursos não tradicionais, lançando mão até dos mesmos meios utilizados pelos veículos de comunicação de massa, como a publicidade, a televisão e o cinema. A bandeira norte-americana – Jasper Johns Roy Lichtenstein (1923-1997) • Roy Lichtenstein foi um legítimo artista pop norte-americano que, a partir de 1962, adotou como tema de suas obras as histórias em quadrinho, mostrando a descuidada violência que as impregnava e como elas revelavam a futilidade da cultura americana. • Retirando imagens do contexto da história e ampliando-as, deu-lhes tratamento pictórico e a dimensão de uma obra de arte, que era imediatamente reconhecida por todos. Com isso, levava o espectador a uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Lichtenstein O Beijo, 1962 No carro - 1963 – Lichtenstein Andy Warhol (1930-1987) • Polêmico artista norte-americano, é um dos criadores e uma das figuras centrais da Pop art. Foi um verdadeiro criador de mitos dentro da Pop art, quando elegeu nomes como Marilyn Monroe, Elvis Presley, Marlon Brando e Liz Taylor para retratá-los em suas obras. • Da mesma maneira que na serigrafia, Andy Warhol representava objetos produzidos em massa, como as garrafas de Coca-Cola e as famosas latas de sopa Campbell. Representava os símbolos do cinema e da música, revelando o quanto essas personalidades públicas eram figuras impessoais, podendo ser comparadas a verdadeiros artigos de consumo pela • “No futuro, todas as pessoas serão famosas durante quinze minutos”. Esta é uma de suas famosas e polêmicas frases, após analisar a efemeridade e a condição da pessoa humana na moderna sociedade de consumo. Campbell’s Soup – 1965. Andy Wahrol – Acrílico sobre madeira, Milwaukee Art Museum, Wisconsin/USA Double Elvis – 1964, Silkscreen e polímero sintético sobre madeira. 207 x 208,3 cm. Tate Turquoise Marilyn – 1962 – Serigraph – Andy Warhol