Você está na página 1de 86

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM


ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE
SAÚDE.

MARCOS CARVALHO FERREIRA

2º Semestre de 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TUCURUÍ-PARÁ
i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MARCOS CARVALHO FERREIRA

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM


ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE
SAÚDE.

TRABALHO SUBMETIDO AO COLEGIADO DO


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA PARA
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO
ELETRICISTA.

Tucuruí – Pará
2013
ii

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM


ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE
SAÚDE.

Este trabalho foi julgado em 19 de dezembro de 2013, adequado para


obtenção do Grau de Engenheiro Eletricista, e aprovado na sua forma final pela
banca examinadora que atribuiu o conceito Excelente.

_____________________________________________________
Profª. Drª Carminda Célia Moura de Moura Carvalho
Orientadora

_____________________________________________________
Prof. Esp. Paulo Sérgio de Jesus Gama
Membro da Banca

_____________________________________________________
Prof. Ms Fábio Corrêa dos Santos
Membro da Banca
iii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, pelo amor e ensinamentos de vida


compartilhados.

Aos meus amigos que sempre me apoiaram nos momentos difíceis.


iv

AGRADECIMENTOS

A Deus por permitir mais uma chance de vida após o dia 06/03/12.

A minha mãe, Ana Maria Valente Carvalho, pelo amor incondicional.

Ao meu pai de criação, José Maria Coelho Valente, pelo carinho, dedicação e
apoio nos momentos mais difíceis.

A meus irmãos, Claudomiro Coelho Ferreira Neto, Renato Cesar Carvalho


Ferreira, Adriana Carvalho Ferreira, José Luis Pontes Carvalho pelos momentos
compartilhados.

A meu pai biológico, Waldir Caldas Ferreira (in memoriam), pelos momentos
de descontração.

A minha namorada, Andréa Gonçalves de Brito pelo amor, pelo carinho e


companheirismo.

A Carla Vaneza da Silva Brito, hoje uma grande amiga, por trilhar ao meu lado
cinco anos dos seis que foram necessários para concluir o curso de Engenharia
Elétrica.

A todos os meus amigos que dividiram comigo as dificuldades e conquistas


adquiridas nesse percurso acadêmico.
v

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA .......................................................................................................... III

AGRADECIMENTOS ................................................................................................ IV

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. IX

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XI

LISTA DE SIGLAS ................................................................................................... XII

RESUMO................................................................................................................. XIV

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................... 1

1.1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1


1.2 – OBJETIVOS DO ESTUDO ......................................................................................... 3
1.3 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................. 3

CAPÍTULO 02 - NORMAS, DEFINIÇÕES EM EAS E INSTALAÇÕES EM CARGAS


DE MISSÃO CRÍTICA. ................................................................................................ 5

2.1 – NORMAS ............................................................................................................... 5


2.1.1 – ABNT NBR5410/2004 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO. ................. 5
2.1.2 – ABNT NBR13534/2008 – REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA INSTALAÇÃO EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE. .............................................................. 6


2.1.3 – ABNT NBR5419/2005 – PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS CONTRA DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS. ............................................................................................................ 7
2.1.4 – ABNT NBR IEC 60601-1:1997 – EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS –
PRESCRIÇÕES GERAIS DE SEGURANÇA. .......................................................................... 8
2.1.5 – MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA Nº 2.662 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1995............. 8
2.1.6 – RESOLUÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) – RDC Nº
50 DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002. .................................................................................. 9
2.1.7 NORMAS TÉCNICAS DE DISTRIBUIÇÃO (NTD‟S) – FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA EM BAIXA, MÉDIA E ALTA TENSÃO. ................................................................... 9
2.1.8 – NORMA REGULAMENTADORA - NR 32. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM

SERVIÇOS DE SAÚDE. ................................................................................................... 10

2.2 - DEFINIÇÕES BÁSICAS EM EAS .............................................................................. 10


vi

2.3 – CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA ............................................................................... 12


2.4 – INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA ...................................................... 12

CAPÍTULO 03 - CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELETRICAS EM EAS DE


ACORDO COM O FORNECIMENTO E O RESTABELECIMENTO DA ENERGIA
DURANTE A FALTA ................................................................................................ 14

3.1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14


3.2 - CLASSIFICAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NOS EAS................................................... 14
3.2.1 – FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA NORMAL ................................................ 14
3.2.2 - FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DE EMERGÊNCIA ..................................... 15
3.3 - COMPONENTES DO SISTEMA ELÉTRICO NOS EAS ................................................... 15
3.3.1 INSTALAÇÕES EM MÉDIA TENSÃO (MT) ................................................................. 15
3.3.2 - SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO ............................................................ 16
3.3.3 – SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ................................................................... 16
3.3.3.1 – ATUAÇÃO NÃO-AUTOMÁTICA .......................................................................... 16
3.3.3.2 – ATUAÇÃO AUTOMÁTICA .................................................................................. 18
3.3.3.3 - GRUPO GERADOR COM PARTIDA AUTOMÁTICA ................................................. 19
3.3.3.4 - QUADRO DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA ...................................................... 21
3.3.3.5 – FONTE ININTERRUPTA DE POTÊNCIA (UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY - UPS) ...
.................................................................................................................... 22
3.3.3.5.1 – MODOS DE OPERAÇÃO DOS UPS ................................................................ 24
3.3.4 – SISTEMA IT MÉDICO: ........................................................................................ 26
3.3.5 – SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO: ................................................................................ 26
3.3.6 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) ................ 26
3.3.7 – PLANO DE EMERGÊNCIA PARA FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA. .............................. 27
3.3.7.1 – DESCRIÇÃO DO PLANO ................................................................................... 27
3.3.7.2 – AUSÊNCIA PARCIAL DE ENERGIA ELÉTRICA ....................................................... 27
3.3.7.3 – AUSÊNCIA TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 28
3.3.7.4 - TREINAMENTO DA POPULAÇÃO HOSPITALAR ..................................................... 28

CAPÍTULO 04 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ESTABELECIMENTOS


ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EAS) ......................................................................... 29

4.1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 29


4.2 – ATERRAMENTO ................................................................................................... 30
4.3 – PISO CONDUTIVO ................................................................................................ 30
vii

4.4 - MEDIDAS PARA PROTEÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E EQUIPAMENTOS.............. 31


4.4.1 - PROTEÇÃO DE PESSOAS E ANIMAIS CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS ..................... 32
4.4.2 – PROTEÇÃO POR DISPOSITIVOS: FUSÍVEIS, DISJUNTORES E OUTROS. ................... 33
4.5 - A PROTEÇÃO BÁSICA ........................................................................................... 33
4.6 - PROTEÇÃO SUPLETIVA .......................................................................................... 33
3.7 - PROTEÇÃO SUPLEMENTAR AVANÇADA .................................................................... 34
3.8 - EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICO NO CORPO HUMANO ............................................ 34
4.8.1 PERIGOS DO CHOQUE ELÉTRICO EM PESSOAS DEVIDO A CORRENTE DE FUGA ........ 35
4.8.1.1 – INTENSIDADE DA CORRENTE ........................................................................... 35
4.8.1.2 – DURAÇÃO DO CHOQUE .................................................................................. 36
4.8.1.3 – FREQUÊNCIA DO SINAL ................................................................................... 37
4.8.1.4 – DENSIDADE DA CORRENTE ............................................................................. 37
4.8.1.5 - CAMINHO PERCORRIDO PELA CORRENTE ......................................................... 38
4.9 - SISTEMA IT MÉDICO ............................................................................................. 42
4.9.1 FUNCIONAMENTO ................................................................................................ 43
4.9.2 - VANTAGENS DO ESQUEMA NÃO ATERRADO (SISTEMA IT): .................................... 45
4.9.3 – COMPONENTES BÁSICOS DO SISTEMA IT MÉDICO ............................................... 47
4.9.3.1 – TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO .................................................................. 47
4.9.3.2 – DISPOSITIVO SUPERVISOR DE ISOLAMENTO (DSI)/ SUPERVISOR DE TEMPERATURA
(DST)/ SUPERVISOR DE CORRENTE (DSC) ................................................................... 48
4.9.3.3 - DISPOSITIVO ANUNCIADOR .............................................................................. 49
4.9.3.4 - QUESITOS GERAIS PARA UM SISTEMA IT MÉDICO EFICIENTE ............................. 50
4.10 – CONCLUSÃO ...................................................................................................... 50

CAPÍTULO 05 - VISITA TÉCNICA AO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ (HRT)


.................................................................................................................................. 51

5.1- HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................................................................... 51


5.2 - SERVIÇOS PRESTADOS PELO HRT ........................................................................ 53
5.2.1 - CLÍNICAS E LEITOS ........................................................................................... 53
5.3 - REESTRUTURAÇÃO FÍSICA .................................................................................... 54
5.4 - EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO HOSPITAL ............................................................ 55
5.41 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NO HRT NO ANO DE 2012 .................. 58
5.5 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DO HRT........................................................................ 59
5.5.1 - ATERRAMENTO ................................................................................................. 59
viii

5.5.2 – SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO............................................................ 59


5.5.3 - SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ................................................................. 60
5.5.4 – SISTEMA IT MÉDICO ......................................................................................... 65
5.5.5 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) ................ 66
5.6 – CONCLUSÃO ....................................................................................................... 67

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 70


ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1- Arranjo de Instalação com Chave de Transferência. Fonte [23] ............. 22
Figura 3.2 - Representação do sistema elétrico conectado a UPS ligado à carga.
Fonte [18] .................................................................................................................. 23
Figura 3.3 - UPS em Operação Normal. Fonte [23]. ................................................. 24
Figura 3.4- UPS Operando Via Bateria. Fonte [23] ................................................... 25
Figura 4.1 - Marcação de distinção de pisos condutivos e não condutivos. Fonte [1].
.................................................................................................................................. 31
Figura 4.2- Gráfico com zonas em função da duração do choque X corrente de fuga
e os efeitos sobre as pessoas. IEC 604779-1 (percurso mão esquerda ao pé). ....... 36
Figura 4.3 - Limiar de perda do controle motor em função da frequência do sinal
(IEC479). ................................................................................................................... 37
Figura 4.4- Caminho percorrido pela corrente em contato direto. Fonte [15] ............ 39
Figura 4.5 - Caminho percorrido pela corrente em contato indireto. Fonte [15] ........ 39
Figura 4.6 - Situação de macrochoque. Fonte [12] ................................................... 40
Figura 4.7 - Diagrama equivalente da impedância do corpo ZT. Fonte [3] ............... 41
Figura 4.8 - Esquema IT Médico. Fonte [3] .............................................................. 44
Figura 4.9 - Transformador Isolador de Separação conforme norma IEC 61558-2- 15,
especifico para uso hospitalar. Fonte [17] ................................................................. 47
Figura 5.1 – Hospital Regional de Tucuruí ................................................................ 51
Figura 5.2 - Registro do HRT Figura 5.3 - Registro do pronto socorro Figura
5.4- Registro de melhorias ........................................................................................ 52
Figura 5.5 - Transformador e QGBT's do HRT .......................................................... 59
Figura 5.6 - Placa de valores nominais do transformador ......................................... 60
Figura 5.7 - Grupo gerador com partida automática .................................................. 61
Figura 5.8 - Placa do gerador do HRT ...................................................................... 61
Figura 5.9 - Bisturi Elétrico Figura 5.10 - Desfibrilador Figura 5.11 - Monitor
cardíaco .................................................................................................................... 62
Figura 5.12 - Equipamento de gases medicinais Figura 5.13 - Monitor de
oxigenação Figura ..................................................................................................... 63
Figura 5.14 - CTA- Chave de Transferência Automática ........................................... 63
Figura 5.15 - Chave de acionamento manual do gerador ......................................... 64
x

Figura 5.16 - Diagrama real da estrutura elétrica do HRT ......................................... 64


Figura 5.17 - Centro cirúrgico do HRT ...................................................................... 65
Figura 5.18 - Vista frontal do HRT ............................................................................. 66
Figura 5.19 - Unidade de Assistência de alta complexidade em Oncologia do HRT . 66
xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Competência das pessoas quanto a capacidade física e intelectual.


Fonte ABNT NBR 5410 -Tabela 18. .......................................................................... 17
Tabela 4.1 - Efeito fisiológico da corrente elétrica de 60Hz, aplicada entre as mãos
de homem de 70kg por um período de 1 a 3s. Fonte [12] ......................................... 35
Tabela 4.2- Efeito da densidade de corrente na região aplicada ao corpo humano.
Fonte [10] .................................................................................................................. 38
Tabela 4.3 - Resistência do corpo elétrico. Fonte (Tabela 19 - NBR 5410) .............. 41
Tabela 4.4– Aplicação dos critérios de grupo aos locais médicos. Fonte[1] ............. 42
Tabela 4.5 - Implicações resultantes de falha na alimentação da energia. Fonte [3] 46
Tabela 5.1 - Tabela de Clinicas e Leitos do HRT ...................................................... 54
Tabela 5.2 - Unidades instaladas no HRT ................................................................. 54
Tabela 5.3 - Quadro de servidores por especialidade ............................................... 56
Tabela 5.4 -- Quadro de servidores contratados ....................................................... 57
Tabela 5.5 - Dados estatístico de procedimentos cirúrgicos de 2012 do HRT. ......... 58
xii

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

BT – Baixa Tensão

CTA – Chave de Transferência Automática

CA – Corrente Alternada

CC – Corrente Contínua

CELPA – Centrais Elétricas do Pará

CNES – Conselho Nacional de Estabelecimentos de Saúde

DDP – Diferença de Potencial

DSC – Dispositivo Supervisor de Corrente

DSI – Dispositivo Supervisor de Isolamento

DST – Dispositivo Supervisor de Temperatura

DR – Disjuntor Residual

DRH – Divisão de Recursos Humanos

EAS – Estabelecimentos Assistenciais de Saúde

GMG‟s – Grupos Motores Geradores

HRT – Hospital Regional de Tucuruí

IEC – International Electrotechnical Commission - Comissão


Eletrotécnica Internacional

MT – Média Tensão

NBR – Normas Brasileiras Regulamentadoras

NTD – Normas Técnicas de Distribuição

PNH – Programa Nacional de Humanização


xiii

QTA – Quadro de Transferência Automático

QGBT – Quadro Geral de Baixa Tensão

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas

SUS – Serviço Único de Saúde

SAME – Serviço de Arquivo Médico e Estatístico

SAU – Serviço de Atenção ao Usuário

THD – Taxa de Distorção Harmônica

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

UPS – Uninterruptible Power Supply - Fonte de Alimentação Ininterrupta

UNACON – Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia

RPO - Recuperação Pós Operatório

RPA - Recuperação Pós Anestésica

UTI – Unidade de Tratamento Intensivo


xiv

RESUMO

Este estudo tem como finalidade esclarecer a importância das instalações


elétricas nos estabelecimentos assistenciais de saúde. Local repleto de equipamentos
essenciais para a supervisão, monitoramento e sustentação da vida. Equipamentos
estes, considerados como cargas críticas que necessitam de energia confiável e de boa
qualidade. Inicialmente são apresentados as normas e os conceitos relacionados às
instalações elétricas e os ambientes médicos. Em seguida é feita a descrição dos
componentes elétricos e também discorre sobre o plano de emergência em situações de
falta de energia. Em seguida são descritas as medidas de proteção de equipamentos e
pacientes e os efeitos da corrente de fuga, bem como a importância do sistema IT
médico e seus componentes. E também apresenta as vantagens de segurança do
sistema IT Médico em relação a outros sistemas de aterramento. Por fim, são
apresentados os resultados coletados durante a visita técnica ao Hospital Regional de
Tucuruí, comparando com as normas regulamentadoras apresentando as
conformidades e desconformidades com as mesmas.
1

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 – INTRODUÇÃO

Instalações em cargas de missão crítica são consideradas especiais, pois


alimentam cargas críticas que não podem sofrer interrupções. Para o estudo em
questão, essas cargas são equipamentos de suporte, monitoração e/ou substituição
temporária de algumas das funções vitais de pacientes em estabelecimentos de
assistência de saúde.

O foco do estudo concentra-se nas instalações elétricas de Estabelecimentos


Assistenciais de Saúde (EAS) onde os equipamentos médicos utilizados são sujeitos
a demandas altamente críticas. A vida e a saúde dos pacientes estão sujeitas ao
risco de uma pequena corrente elétrica fluir pelo corpo humano ou fluir pelos
equipamentos eletromédicos, implicando avarias, redução da vida útil e até mesmo
falsos diagnósticos. Pode ainda haver um desligamento imprevisto, isto é, um
equipamento de suporte à vida pode ser desligado.

O estudo considera que há pacientes conectados aos equipamentos


eletromédicos e que suas condições físicas podem ser críticas. As correntes
elétricas diretas no coração podem ser extremamente perigosas, visto que a
sensibilidade do músculo do coração é critica diante de correntes elétricas.

A norma ABNT NBR 13534 – Requisitos Específicos para Instalação em


Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – estabelece requisitos para uma
segurança elétrica adicional nos ambientes, bem como classifica os ambientes em
grupos (0, 1 e 2). Esta classificação será abordada nos próximos capítulos com mais
detalhes. Estes grupos são classificados com base em um conjunto de regras que
determinam os riscos envolvidos em cada ambiente de um EAS.

Devido a esses riscos, justifica-se em ambientes do Grupo 2 (UTI‟s e Centros


cirúrgicos), a exigência pela norma de um sistema elétrico diferenciado denominado
“Sistema IT-médico”. Este tipo de esquema de aterramento contém quatro pontos
essenciais para respaldar a sua utilização, que são: confiabilidade do fornecimento
2

de energia, baixa corrente de fuga à terra, aumento da segurança elétrica aos


pacientes e equipe médica e aumento da continuidade operacional.

O trabalho se propõe a considerar alguns aspectos importantes das


aplicações de segurança, referentes à proteção do conjunto como um todo, desde o
seu sistema de proteção contra descargas atmosféricas até aos sistemas de
geração em emergência, quando empregados como parte essencial dos sistemas de
energia para cargas de missão crítica, com a finalidade de oferecer melhor
atendimento às necessidades dos pacientes.

Sabe-se que uma variação ou perturbação na energia elétrica pode ter


consequências irreversíveis para os usuários dos serviços de assistência de saúde.
Atualmente, as principais preocupações são: confiabilidade e disponibilidade,
eficiência operacional e manutenção com custo reduzido. Em casos de emergência
exige-se muita agilidade para recomposição do sistema. Portanto, os sistemas de
missão crítica necessitam de energia segura, confiável e de boa qualidade.

A evolução tecnológica, a cada dia, disponibiliza novos serviços e produtos


voltados para a qualidade de vida, sendo todos dependentes do uso de energia
elétrica, o que também acrescenta problemas que exigem soluções cada vez mais
elaboradas. Os desafios que se apresentam estimulam o desenvolvimento de novas
alternativas, tornando os sistemas mais dependentes de fontes de energia de alta
confiabilidade.

Para complemento do estudo foi realizada uma visita técnica ao Hospital


Regional de Tucuruí (HRT) onde foram observados requisitos no que diz respeito à
segurança da estrutura e sua fonte de geração em emergência com uma análise
construtiva em relação à observância às normas ABNT‟s, NR‟s e IEC‟s relacionadas
às instalações em estabelecimentos de assistência a saúde. Entretanto, devido a
fatores burocráticos, não foi possível realizar um estudo detalhado com
levantamento de carga, de demanda e dimensionamento de parâmetros, que
permitiria uma comparação em relação a questões de capacidade de sustentação
das cargas pelas fontes geradoras de energia e de transformação da unidade.
3

1.2 – OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo central é a segurança dos pacientes, dos funcionários e das


instalações. Enfatizando a importância de uma unidade adequada às normas de
segurança e de instalações elétricas de uma estrutura complexa como de uma
unidade de assistência de saúde. Outros objetivos são:

 Apresentar sugestões para adequação e melhorias que venham contribuir


com a qualidade e a segurança dos serviços prestados pela mesma,
apresentando medidas de proteção para as instalações elétricas e para os
equipamentos essenciais responsáveis pela sustentação da vida.

 Apresentar contribuições e possíveis propostas de melhorias ao Hospital


Regional de Tucuruí, localizado na Avenida Amazonidas s/n Centro – Vila
Residencial de Tucuruí-PA [6].

1.3 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Instalações em Cargas


de Missão Crítica com Ênfase em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”, é
constituído por seis capítulos que apresentam a seguinte estrutura:

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Apresenta o assunto abordado no


trabalho, seus objetivos, assim como a descrição dos demais capítulos, os quais
estão organizados da seguinte forma:

CAPÍTULO 02 – NORMAS, DEFINIÇÕES EM EAS E INSTALAÇÕES EM CARGAS DE

MISSÃO CRÍTICA: Neste capítulo são apresentadas as normas que padronizam as


instalações de um Estabelecimento de Assistência de Saúde (EAS), as definições e
conceitos de locais médicos e instalações críticas.
4

CAPÍTULO 03 – CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELETRICAS EM EAS DE

ACORDO COM O FORNECIMENTO E O RESTABELECIMENTO DA ENERGIA DURANTE A FALTA:


Este capítulo apresenta a classificação quanto ao fornecimento de energia ao EAS,
bem como seus componentes como: proteção contra descargas atmosféricas,
subestação e casa de geração de energia em emergência. E também discorre sobre
o plano de contingência para situações de crise geradas pela falha no fornecimento.

CAPÍTULO 04 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS


DE SAÚDE (EAS): Neste capítulo são enfatizados os componentes de segurança que
garantem a integridade física dos pacientes. Componentes estes relacionados a
proteção das estruturas como: a equipotencialização das massas metálicas, do
aterramento, das medidas de proteção das instalações e dos equipamentos para
prever e solucionar situações de risco de choques elétricos por contato direto e
indireto e a importância do sistema IT Médico.

CAPITULO 05 – VISITA TÉCNICA AO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ (HRT):


Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos através da pesquisa de
campo realizada na unidade e comparado com as normas regulamentadoras
abordadas no capitulo 02, para verificar se o estabelecimento está em conformidade
com as mesmas ou não, sugerindo melhorias no que diz respeito a seu sistema
elétrico como um todo.

CAPÍTULO 06 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este capítulo apresenta a conclusão


geral do trabalho e também algumas contribuições proporcionadas pelo mesmo.
5

CAPÍTULO 02 - NORMAS, DEFINIÇÕES EM EAS E INSTALAÇÕES EM CARGAS


DE MISSÃO CRÍTICA.

2.1 – NORMAS

Na realização de um projeto de instalação elétrica, o cumprimento às normas


é fundamental para garantir um projeto seguro e de qualidade. A Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em conjunto com as normas Internacionais
e, especificamente para o estado do Pará, as Normas Técnicas de Distribuição
(NTD‟s), sob responsabilidade das Centrais Elétricas do Pará (CELPA),
regulamentam as instalações elétricas em estabelecimentos de uso coletivo e
individual na região.

O estudo em questão está direcionado para estabelecimentos assistenciais


de saúde (EAS). O termo EAS foi padronizado de acordo com a norma brasileira
“ABNT NBR13534 – Requisitos Específicos para Instalação em Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde”. Nesse sentido, as principais normas exigidas nesse tipo de
projeto são:

2.1.1 – ABNT NBR5410/2004 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO.

Esta norma determina as condições que devem satisfazer as instalações


elétricas de baixa tensão, com a finalidade de garantir a segurança de pessoas e
animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens.

Aplica-se principalmente às instalações elétricas de edificações, qualquer que


seja seu uso (residencial, comercial, público, industrial, de serviços, agropecuário,
hortigranjeiro etc.), incluindo as pré-fabricadas e também às instalações elétricas
temporárias. As especificações técnicas da norma são aplicáveis [11]:

 Aos circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a


1000V em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz ou a
6

1500V em corrente contínua;


 Aos circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos, funcionando
sob uma tensão superior a 1000 V e alimentados através de uma instalação
de tensão igual ou inferior a 1000 V em corrente alternada (por exemplo,
circuitos de lâmpadas a descarga, precipitadores eletrostáticos etc.);
 A toda fiação e a toda linha elétrica que não sejam cobertas pelas normas
relativas aos equipamentos de utilização; e
 Às linhas elétricas fixas de sinal (com exceção dos circuitos internos dos
equipamentos).

Esta Norma não se aplica a:

 Instalações de tração elétrica;


 Instalações elétricas de veículos automotores;
 Instalações elétricas de embarcações e aeronaves;
 Equipamentos para supressão de perturbações radioelétricas, na medida em
que não comprometam a segurança das instalações;
 Instalações de iluminação pública;
 Redes públicas de distribuição de energia elétrica;
 Instalações de proteção contra quedas diretas de raios. No entanto, esta
Norma considera as consequências dos fenômenos atmosféricos sobre as
instalações (por exemplo, seleção dos dispositivos de proteção contra
sobretensões);
 Instalações em minas;
 Instalações de cercas eletrificadas (ver IEC 60335-2-76).

2.1.2 – ABNT NBR13534/2008 – REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA INSTALAÇÃO EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE.

Esta norma foi elaborada pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB03),


baseada na IEC 60364-7-710:2002 e estabelece os padrões técnicos para
7

estabelecimentos assistenciais de saúde, as quais abrangem clínicas estéticas,


veterinárias, odontológicas, médicas e hospitais de pequeno, médio e grande porte,
tendo como objetivo garantir a segurança contra riscos elétricos de pacientes e
profissionais de saúde em EAS.

É importante salientar que esta norma não se aplica a equipamentos


eletromédicos, pois este tipo de aplicação é padronizado pela série de normas ABNT
NBR IEC 60601.

2.1.3 – ABNT NBR5419/2005 – PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS.

Esta Norma fixa as condições exigíveis ao projeto quanto à instalação e


manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) de
estruturas, bem como de pessoas e instalações no seu aspecto físico dentro do
volume protegido.

Esta Norma aplica-se às estruturas comuns, utilizadas para fins comerciais,


industriais, agrícolas, administrativos ou residenciais, e às estruturas especiais. Por
outro lado não se aplica a:

 Sistemas ferroviários;
 Sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica externa
às estruturas;
 Sistemas de telecomunicação externos às estruturas;
 Veículos, aeronaves, navios e plataformas marítimas.
 Equipamentos elétricos e eletrônicos contra interferências eletromagnéticas
causadas pelas descargas atmosféricas.

A aplicação desta norma não dispensa a observância dos regulamentos de


órgãos públicos aos quais a instalação deva satisfazer.
8

2.1.4 – ABNT NBR IEC 60601-1:1997 – EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS –


PRESCRIÇÕES GERAIS DE SEGURANÇA.

Esta norma contempla as prescrições gerais para segurança em


equipamentos eletromédicos, incluindo as suas emendas. Ela é obrigatória aos
equipamentos elétricos sob regime de vigilância sanitária para os quais exista norma
particular na série ABNT NBR IEC 60601 aplicável aos mesmos.

2.1.5 – MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA Nº 2.662 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1995.

Considerando a necessidade de garantir a segurança das instalações


elétricas de estabelecimentos assistenciais de saúde, para melhoria da qualidade
dos serviços de assistência à saúde prestada a população e, ainda, a necessidade
de dotar as secretarias Estaduais e Municipais de instrumento para elaboração,
avaliação e execução de projetos de instalações elétricas de EAS, bem como para a
fiscalização do funcionamento das mesmas em conformidade com o disposto na
Portaria GM/MS nº 1884 de 11 de novembro de 1994, o ministério da saúde define,
entre outras medidas, que:

 A norma técnica brasileira NBR 13534 é obrigatória em projeto de Instalações


Elétricas para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – Requisitos para
Segurança.
 Os casos de inobservância às prescrições da NBR 13534 constituem-se em
infração a legislação sanitária federal, conforme dispõe o inciso II do Artigo 10
da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977.
 As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, em seu âmbito
administrativo, deverão implantar no prazo referido no artigo 1º da portaria os
procedimentos necessários para aprovação, acompanhamento e fiscalização
dos projetos de instalações elétricas de estabelecimentos assistenciais de
saúde.
9

2.1.6 – RESOLUÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) – RDC Nº


50 DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002.

Esta resolução dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,


programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde. O descumprimento das determinações deste regulamento
técnico constitui infração de natureza sanitária, sujeitando o infrator a processo e
penalidades previstas na Lei Federal nº 6437 de 20 de agosto de 1977 e suas
atualizações ou instrumento legal que venha a substituí-la, sem prejuízo das
responsabilidades penal e civil cabíveis.

2.1.7 NORMAS TÉCNICAS DE DISTRIBUIÇÃO (NTD‟S) – FORNECIMENTO DE ENERGIA


ELÉTRICA EM BAIXA, MÉDIA E ALTA TENSÃO.

Esta norma Técnica tem a finalidade de estabelecer regras e recomendações


para a elaboração e/ou execução de projetos de novas instalações ou reforma e
ampliação de instalações já existentes de unidades consumidoras de uso individual
e coletivo, a fim de possibilitar o fornecimento de energia elétrica em tensão primária
e secundária de distribuição em toda a área de concessão da empresa responsável
pelo fornecimento de energia.

Esta norma se aplica às instalações consumidoras novas, ampliações e


reformas não agrupadas, atendidas em Baixa, Média e Alta Tensão, localizadas nas
zonas urbanas ou rurais que pela localização necessitam de medição
individualizada, localizadas na área de concessão da CELPA, respeitando-se a
legislação emanada pelos órgãos competentes.

As ligações em caráter provisório (temporárias) e as ligações em redes


secundárias de distribuição tanto aéreas como subterrânea reger-se-ão pela
presente Norma.
10

2.1.8 – NORMA REGULAMENTADORA - NR 32. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM

SERVIÇOS DE SAÚDE.

Esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer as


diretrizes básicas para inserir medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades
de promoção e assistência à saúde em geral.

Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer


edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as
ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em
qualquer nível de complexidade.

2.2 - DEFINIÇÕES BÁSICAS EM EAS

A norma ABNT NBR 13534 utiliza alguns termos e definições para identificar
os ambientes assistenciais de saúde e seus componentes, tais como:

 Local médico:
- Ambiente destinado à realização de procedimento de diagnóstico,
terapêutico, cirúrgico, monitoração e de assistência à saúde de pacientes.

 Paciente:
- Qualquer pessoa ou animal submetido a exame ou tratamento médico ou
odontológico.

 Equipamento eletromédico:
- Equipamento destinado para diagnóstico, tratamento ou monitoração do
paciente sob supervisão médica, que estabelece contato físico ou elétrico
e/ou fornece energia para o paciente, ou receba a que dele provém.
11

 Parte Aplicada:
- Parte do equipamento eletromédico que, em uso, entra ou pode a vir entrar
em contato com o paciente ou precisa ser tocada pelo paciente (ABNT NBR
IEC 60601-1).

 Grupo 0:
- Local médico não destinado à utilização de parte aplicada de equipamentos
eletromédicos.

 Grupo 1:
- Local médico destinado a utilização de partes aplicadas, sendo seu uso
condicionado a partes externas do corpo ou internas não tratadas no grupo 2.

 Grupo 2:
- Local médico destinado à utilização de partes aplicadas em procedimentos
cirúrgicos de sustentação da vida de pacientes e outras aplicações em que a
descontinuidade da energia pode resultar em óbito.

 Sistema Eletromédico:
- Combinação de dois ou mais equipamentos, sendo um deles no mínimo um
equipamento eletromédico, interligados por conexão funcional ou pelo uso de
tomada múltipla móvel.

 Ambiente do Paciente:
- Espaço onde é possível ocorrer, intencionalmente ou não, contato entre o
paciente e parte de um sistema eletromédico.

 Esquema IT médico:
- Esquema de aterramento com requisitos específicos para aplicações
médicas
12

2.3 – CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA

Cargas elétricas de missão crítica são todos aqueles equipamentos cuja


interrupção de funcionamento possa resultar em prejuízos para os usuários e/ou
beneficiários dos serviços aos quais se destinam. Cargas de missão crítica
necessitam de energia segura e de boa qualidade [27].

O trabalho em estudo se propõe a considerar alguns aspectos importantes


das aplicações dos grupos motores geradores de emergência, quando empregados
como parte de sistemas auxiliares de energia para estabelecimentos assistenciais de
saúde, garantindo o máximo de eficiência.

2.4 – INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA

São instalações consideradas essenciais e que apresentam particularidades,


que por razões de segurança de pessoas ou de danos materiais não podem sofrer
interrupções, uma vez que alimentam fontes e equipamentos classificados como
carga crítica.

Logo, a inobservância às normas de segurança em instalações elétricas


resulta em prejuízos causados pelas interrupções do suprimento de energia elétrica,
que podem ser [27]:

 Financeiros – perdas de faturamento;


 De rendimento – perdas diretas, perda de rendimentos futuros;
 De reputação – clientes e/ou fornecedores insatisfeitos;
 De produtividade – duração da falha versus número de funcionários.
 De vidas humanas – em unidades de assistência a saúde.

Algumas das instalações associadas a estas operações de riscos e que


merecem “tratamento diferenciado” são [3]:

 Instalações hospitalares;
 Instalações de defesa militares;
13

 Instalações industriais associadas aos processos de fabricação de


semicondutores, indústrias químicas e farmacêuticas, petroquímicas;
 Instalações industriais onde uma parada do processo contínuo implica em
perda de produção não recuperável, bem como em danos aos equipamentos
tais como fábricas de vidro, siderurgia, etc;
 Instalações associadas à infraestrutura de cidades como sistemas de energia,
telecomunicações e saneamento;
 Transporte urbano e trens;
 Data centers e instituições financeiras;
 Sistemas de Tecnologia de Informação aplicados em todos os processos;

Portanto, diante do exposto e em se tratando de instalações em


Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, deve-se sempre seguir o que
regulamentam as normas, pois em caso de uma interrupção inesperada, o qual está
sujeito os sistemas elétricos podem sofrer prejuízos materiais, financeiros e
humanos.

Porém, em instalações consideradas como de missão crítica, ainda não é


possível a utilização de fontes de energia que ofereçam 100% de disponibilidade e,
para a maioria dos sistemas considerados críticos, não bastam 99%. As soluções de
engenharia visam a aumentar o número de "noves", de forma que para cada
aplicação se obtenha índices de disponibilidade o mais próximo possível de 100%,
suficientes para atender aos requisitos da instalação.
14

CAPÍTULO 03 - CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELETRICAS EM EAS DE


ACORDO COM O FORNECIMENTO E O RESTABELECIMENTO DA ENERGIA
DURANTE A FALTA

3.1 - INTRODUÇÃO

A energia elétrica é o principal e mais importante insumo em um Hospital. Ela


é responsável em manter em pleno funcionamento todos os sistemas e
equipamentos que suportam os processos, procedimentos clínicos e assistenciais
realizados na unidade. As instalações elétricas de um Hospital são as mais
complexas de se projetar em comparação a qualquer outro tipo de instalação, pois
tudo que se pensa em segurança e tecnologia é aplicável e utilizado nos EAS.

Os estabelecimentos assistenciais de saúde precisam de sistemas elétricos


confiáveis e seguros, que possuam uma elevada disponibilidade operacional e que
estejam prontos para operar em situações emergenciais. Desta forma as instalações
elétricas devem ser cuidadas da mesma forma que é tratada a saúde dos pacientes:
com responsabilidade, eficiência e imparcialidade.

3.2 - CLASSIFICAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NOS EAS

No ambiente hospitalar a energia elétrica é classificada de acordo com sua


característica de fonte de fornecimento e confiabilidade do seu sistema de suporte.
Apresentando basicamente dois tipos de sistema: fornecimento de energia elétrica
normal e de emergência.

3.2.1 – FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA NORMAL

É a energia entregue pela concessionária local ao consumidor final, para


aplicações como: iluminação, tomadas de uso geral, equipamentos e instalações de
15

uso específico. As cargas elétricas ligadas neste tipo de energia ficam condicionadas
somente ao fornecimento da Concessionária, isto é, as instalações e equipamentos
por ela alimentados. Portanto, eles estarão sujeitos a interrupções em casos de
falhas, bem como a toda e qualquer perturbação que o sistema elétrico externo ao
hospital possa apresentar, tais como: harmônicas, distorções, ruídos etc [3].

3.2.2 - FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DE EMERGÊNCIA

É a energia disponível em Stand By no estabelecimento que, diante de uma


interrupção no fornecimento normal, entra em operação e devem ser capazes de
manter o fornecimento de energia para as principais cargas do EAS. Em condições
normais de fornecimento, esta classificação se comporta com os mesmos
parâmetros que a energia normal, isto é, também sofre influência de agentes
externos ao sistema elétrico do hospital. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) determina o uso de sistemas de suprimento de energia em emergência
através de legislações como a RDC-50/02.

3.3 - COMPONENTES DO SISTEMA ELÉTRICO NOS EAS

Após a classificação da energia elétrica, conforme as fontes de fornecimento


devem ser dimensionados e implantados os seguintes componentes, para um
sistema elétrico seguro e eficiente, em um estabelecimento de assistência de saúde.

3.3.1 INSTALAÇÕES EM MÉDIA TENSÃO (MT)

Os estabelecimentos assistenciais de saúde são classificados como


consumidores especiais, pois são alimentados pelo sistema de distribuição em
média tensão disponibilizados em 13,8 kV, 21 kV e 34,5 kV.
16

3.3.2 - SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO

A subestação elétrica é o local onde ocorre o rebaixamento da tensão, o


controle e a transferência da energia fornecida pela concessionária para as tensões
de alimentação das cargas criticas e não-criticas do hospital (380 V, 220 V e 127 V).
Na Subestação também são posicionados os principais Quadros Gerais de Baixa
Tensão - QGBT‟s para controle dos circuitos de distribuição da energia nas
categorias e classes de energia (normal e emergencial) [3].

3.3.3 – SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA

Os estabelecimentos hospitalares como classificado anteriormente possuem


os seguintes meios para gerar energia de forma a assegurar a continuidade dos
serviços, sendo:

 Geração Normal – Definida como sendo a energia fornecida pela


Concessionária

 Geração Stand By – Definida como fonte de reserva para geração em


emergência, em caos de falhas no fornecimento normal.

Na ocorrência de uma falta, a norma ABNT NBR 5410 estabelece que o


sistema de segurança deverá ser capaz de alimentar e manter o fornecimento da
energia através de Grupos Motores Geradores (GMG‟s) com atuação: não-
automática e automática.

3.3.3.1 – ATUAÇÃO NÃO-AUTOMÁTICA

A ABNT NBR 13554 define em situações de emergência, para interrupções

superiores a 15 s, que o restabelecimento do fornecimento por geradores pode ser


17

realizado manualmente por um operador advertido ou qualificado (BA4 ou BA5).

Esta classificação quanto a qualificação das pessoas é estabelecida de acordo com

sua capacitação técnica ou grau de instrução que lhe permita evitar situações de

risco, conforme Tabela 3.1 definida pela norma ABNT NBR 5410.

Tabela 3.1 – Competência das pessoas quanto a capacidade física e intelectual. Fonte
ABNT NBR 5410 -Tabela 18.

Código Classificação Características Aplicações e exemplos

BA1 Comuns Pessoas inadvertidas

BA2 Crianças Crianças em locais a elas Creches, escolas


destinados

BA3 Incapacitadas Pessoas que não dispõem de Casas de repouso,


completa capacidade física unidades de saúde.
ou intelectual (idosos,
doentes )

BA4 Advertidas Pessoas informadas ou Locais de serviço


supervisionadas por pessoas elétrico
qualificadas, de tal forma que
lhes permite evitar os perigos
da eletricidade (pessoal de
manutenção e/ou operação)

BA5 Qualificadas Pessoas com conhecimento Locais de serviço


técnico ou experiência tal que elétrico fechados
lhes permite evitar os perigos
da eletricidade (engenheiros
e técnicos)
18

3.3.3.2 – ATUAÇÃO AUTOMÁTICA

A alimentação restabelecida por GMG‟s com partida automática (quando sua


entrada em operação não depende de um operador) é classificada em função do
tempo de comutação como segue [11]:

 Sem interrupção: alimentação automática capaz de assegurar suprimento


contínuo de energia, sendo o suprimento durante o instante de comutação
sob condições especificadas;
 Com interrupção muito breve: alimentação automática disponível em até 0,15
s;
 Com interrupção breve: alimentação automática disponível em até 0,5 s;
 Com interrupção média: alimentação automática disponível em até 15 s;

 Com interrupção longa: alimentação automática disponível em mais de 15 s.

Em EAS, por exigir a necessidade de pouco tempo de interrupção na


ocorrência de uma falta da energia, a utilização dos GMG‟s concentra-se em
circuitos essenciais aos serviços da unidade, como [3]:

 Equipamentos específicos, com capacidade de suportar um breve intervalo de


interrupção de energia elétrica, sem que, contudo, comprometa suas
características operacionais, quando estas estiverem restabelecidas;

 Iluminação de suporte que garanta os serviços de assistência (corredores,


salas, enfermarias, quartos, etc.);

 Em todas as cargas críticas ligadas nos No-Break’s;

 Instalações especiais em locais pertencentes ao grupo 2.

Para atender as normas vigentes as organizações Hospitalares devem


possuir em seu sistema elétrico, Gerador de energia Stand-By/Emergência movidos
19

a Diesel, sendo seu fornecimento de energia efetuado em tensão primária de


distribuição, onde a sua carga instalada, na unidade consumidora é superior a 75
kW na área de concessão sob responsabilidade das Centrais Elétricas do Pará (
CELPA ). Valores fora dos limites poderão ser atendidos, em caráter excepcional, a
critério da CELPA, quando as condições técnico-econômicas do seu sistema o exigir
ou permitir [21].

Os seguintes componentes são considerados no conjunto auxiliar de energia:


o grupo gerador com partida automática, o quadro de transferência automática
(QTA) e os no-breaks.

3.3.3.3 - GRUPO GERADOR COM PARTIDA AUTOMÁTICA

Em locais médicos, a instalação elétrica deve estar estruturada de modo a


permitir a comutação automática entre a alimentação normal e a alimentação de
segurança para garantir que os equipamentos apresentem funcionamento normal
após uma interrupção no fornecimento de energia, atendendo aos critérios
especificados por normas [1].

A ABNT NBR 13534 estipula o tempo de atuação em até 15 s, no máximo,


para o grupo gerador atuar e restabelecer a alimentação quando ocorrer uma queda
de tensão superior a 10% do seu valor nominal, por um tempo superior a 3 s. O
conjunto gerador não necessita cumprir quaisquer outros requisitos além de fornecer
energia em situações de emergência por pelo menos 24 horas aos equipamentos e
locais relacionados a seguir:

 Equipamentos de utilização dos locais do grupo 1, com mínimo de uma


luminária em cada local sendo sustentada pela alimentação de segurança;

 Iluminação dos sinais indicativos das saídas de emergência;


20

 Locais onde se situam os quadros de comando dos grupos geradores e os


quadros de distribuição principais da alimentação normal e da alimentação de
segurança (subestação; por exemplo);

 Locais que acomodam serviços essenciais, com no mínimo uma luminária


alimentada pelo sistema de segurança;

 Locais do grupo 2. Tendo 50% das luminárias atendida pelo sistema de


segurança;

 Elevadores para brigada de incêndio e bombeiros;

 Sistemas de exaustão de fumaça;

 Sistemas de chamada/busca de pessoas;

 Equipamentos eletromédicos usados em locais do grupo 2 e destinados a


cirurgias ou outros procedimentos vitais;

 Equipamentos elétricos de suprimento de gases medicinais, bem como seus


dispositivos de monitoração e alarme;

 Instalação de detecção, alarme e extinção de incêndio.

Os seguintes elementos devem ser considerados no dimensionamento do


grupo gerador [3]:

 Grupos geradores não são adequados para a alimentação de cargas


capacitivas com fator de potência inferior a 0,97;

 Qualquer distorção harmônica total (THD) gerada por cargas será traduzida
para harmônicas de tensão que são produzidas pela fonte geradora como
consequência da circulação de correntes distorcidas (In) pela instalação sobre
a reatância subtransiente (x"d) do gerador síncrono. Essas harmônicas de
tensão podem ser aproximadas pela Equação 1 [28]

X"d%
THDU% = (2I2% )2 + (3I3% )2 + ⋯ . + (nIn% )2 (1)
100
21

 O conjunto gerador e o transformador MT/BT devem possuir o mesmo


sistema de neutro para evitar qualquer disparo desnecessário do dispositivo
de corrente residual.

3.3.3.4 - QUADRO DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA

O quadro de transferência automática é onde se encontra a Chave de


Transferência Automática (CTA), que efetua a comutação entre a alimentação
normal da rede e a alimentação de emergência.

O quadro de transferência é uma das partes fundamentais de uma instalação


onde se utiliza um grupo gerador como fonte alternativa de energia. Para fazer a
comutação das cargas a serem supridas pela rede ou pelo gerador de emergência
são usadas chaves comutadoras automáticas, constituídas de pares de contatores
ou disjuntores motorizados, com comandos à distância para abertura e fechamento.
Um contator ou disjuntor é responsável por comutar a alimentação normal via rede
da concessionária e o outro, aciona a alimentação via grupo gerador de emergência
[23].

As chaves de transferência devem ser dotadas de intertravamento mecânico,


a fim de não permitir que seja fechado um curto-circuito entre a rede e o grupo
gerador. As chaves a contatores ou disjuntores possuem um intertravamento elétrico
adicional feito através de contatos auxiliares [24].

Na maioria das aplicações, o grupo gerador de emergência é utilizado para


prover suprimento apenas às cargas que são essenciais na instalação. Então,
quando acontece uma falha na alimentação da rede, a chave de transferência retira
a rede do circuito e comuta para o gerador de emergência como fonte de
alimentação.
22

Figura 3.1- Arranjo de Instalação com Chave de Transferência. Fonte [23]

O arranjo elétrico básico mostrado na Figura 3.1 ilustra a composição do


sistema de alimentação, para as cargas elétricas, pela rede da concessionária,
sendo a alimentação (em situações de emergência) para as cargas essenciais feitas
pela rede local e pelo grupo gerador acionado automaticamente pela CTA.

Um hospital necessita que seu sistema de emergência atue com mais rapidez
do que o sistema de um edifício comercial. Para isso os quadros de transferência
devem possuir sensores (relés) de subtensão e frequência ajustados para variações
de 10% na tensão e de 5% na frequência, para mais ou para menos.

3.3.3.5 – FONTE ININTERRUPTA DE POTÊNCIA (UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY - UPS)

Sistema de energia condicionada para atender as áreas de altíssima


criticidade em ambientes hospitalares, onde a atenção total ao paciente não está
restrita somente à qualidade dos serviços prestados pelos profissionais da área da
saúde [19].

Esta energia condicionada elimina todas as influências externas. A energia


fornecida pelo “No-Break” é de alta qualidade, isto é, sem variações de tensão,
frequência e outras perturbações provenientes do sistema elétrico convencional [16].
23

Os no-breaks são equipamentos que devem estar ligados no sistema de


distribuição de energia e, portanto, alimentados por duas fontes, ou seja, pela
Concessionária em condições normais e pelo sistema de Geradores quando da falta
de alimentação externa [22]. Conforme diagrama na Figura 3.2.

Figura 3.2 - Representação do sistema elétrico conectado a UPS ligado à carga. Fonte [18]

A norma ABNT NBR 13534 prevê a utilização dos UPS em áreas que
necessitam de energia elétrica de alta qualidade e confiabilidade, bem como, para
alimentar equipamentos e sistemas de elevada criticidade quanto ao desempenho
de suas funções na falta de energia elétrica, devendo restabelecer a alimentação,
em 0,5 s no máximo, e ser capaz de mantê-la por no mínimo 3 horas. As áreas e
equipamentos onde se devem usar este tipo de equipamento são
fundamentalmente:

 Centro Cirúrgico;

 UTI‟s;

 RPA/RPO (Recuperação pós Anestésica/Operatória);

 Salas de Emergência;

 Pronto Socorro - Setores de Emergência;

 Laboratório – Equipamentos Interfaceados;


24

 Setores que possuem procedimentos invasivos;

 Todos os setores que possuem equipamentos de sustentação à vida;

 Setores de Diagnóstico por Imagem para os equipamentos de processamento


e comando;

 Central de Segurança;

 Sistema de Detecção de Incêndio;

 Postos de Trabalho de Informática vitais as atividades do hospital (Internação,


Postos de Enfermagem, Farmácias, etc.);

 Outros ambientes de aplicações especiais.

Deve ser previsto instalações separadas para as cargas deformantes dos


estabelecimentos assistenciais de saúde, tais como motores, elevadores, Raios-X,
para evitar que estas cargas gerem interferências nos sistemas elétricos que
alimentam as demais cargas elétricas [13].

3.3.3.5.1 – MODOS DE OPERAÇÃO DOS UPS

Operação Normal

Figura 3.3 - UPS em Operação Normal. Fonte [23].


25

Durante a operação normal da UPS, o retificador converte a tensão de


entrada CA em tensão CC para suprir o inversor de frequência, bem como carregar
o banco de baterias. Após a saída do retificador, a tensão passa por um conversor
elevador CC/CC, e então chega às entradas do carregador de baterias e do inversor
de frequência. O inversor é responsável por converter a tensão CC em tensão CA
regulada [25]. Na Figura 3.3, a cor verde ilustra os elementos que São ativados
nesse modo de operação.

Operação com Falha da Alimentação Principal

Figura 3.4 – UPS Operando Via Bateria. Fonte [23]

Quando ocorre uma interrupção na rede de alimentação principal, o banco de


baterias alimenta o inversor com tensão contínua. Com isso, a carga continua sendo
alimentada pelo circuito do inversor. Durante a descarga das baterias, o mostrador
da UPS informa quanto tempo de autonomia ainda resta ao banco de baterias. E na
iminência de ter sua descarga total, o sistema ativa o sinal de alarme, e se prepara
para fazer o desligamento. O modo de operação está ilustrado no diagrama da
Figura 3.4 [23].
26

3.3.4 – SISTEMA IT MÉDICO:

Sistema que através da separação elétrica e monitoração contínua da


corrente de fuga à terra e da resistência de aterramento é responsável (em áreas
hospitalares como: Centro Cirúrgico / UTI/ Salas de Emergência, visando a proteção
para os médicos e pacientes) pela continuidade da alimentação elétrica onde a
mesma não pode ser interrompida. Este sistema será abordado com maiores
detalhes na seção 4.9 do próximo capítulo.

3.3.5 – SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

O sistema de iluminação de um EAS deve ser estruturado com base em


estudo e cálculo luminotécnico, considerando aspectos arquitetônicos com
desempenho funcional dos ambientes, proporcionando comodidade visual aos
pacientes, visando o enquadramento às normas técnicas aplicáveis. Devem ser
dimensionado sistema de Iluminação Normal, Emergência, Blocos Autônomos, bem
como Iluminação de Balizamento para rota de fuga [20].

3.3.6 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA)

Sistema com base na ABNT NBR 5419, norma responsável pela proteção
predial contra efeitos decorrentes de fenômenos atmosféricos, exercendo
basicamente duas funções fundamentais; A primeira de neutralizar, pela atração das
pontas, o crescimento do gradiente de potencial elétrico entre o solo e as nuvens,
através do permanente escoamento de cargas elétricas do meio ambiente para a
terra. A segunda de oferecer à descarga elétrica que for cair em suas proximidades
um caminho preferencial, reduzindo os riscos de sua incidência sobre as estruturas.
27

3.3.7 – PLANO DE EMERGÊNCIA PARA FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA.

Em todas as instalações elétricas, a segurança, a confiabilidade e a alta


disponibilidade dos suprimentos elétricos são aspectos indispensáveis para o
sucesso das instalações em estabelecimentos hospitalares.

As instalações devem estar preparadas para operar em situações de


emergência, para isto, o sistema elétrico deve conter planos de contingências de
fontes e distribuição de energia para que sejam realizadas manobras sem
comprometer a continuidade dos processos realizados nos estabelecimentos.

3.3.7.1 – DESCRIÇÃO DO PLANO

Para contornar as situações de crise geradas pela falta de energia elétrica,


onde são consideradas duas possibilidades: a ausência total e a ausência parcial de
energia elétrica. Estas situações vão requerer tomadas de decisões diferenciadas,
como descritas adiante.

3.3.7.2 – AUSÊNCIA PARCIAL DE ENERGIA ELÉTRICA

Neste caso, considera-se que a falta do fornecedor principal é suprida pelo


grupo de geração de energia auxiliar. As seguintes atitudes devem ser tomadas [26]:

 Informar automaticamente a todos os setores que consomem energia elétrica


auxiliar que a mesma está operando. Assim, os funcionários dessas unidades
estarão em prontidão para o caso de falha no gerador;
 Informar imediatamente ao fornecedor principal a ausência de energia elétrica
e solicitar informações sobre o tempo aproximado para a normalização do
fornecimento;
 Os setores supridos pela fonte de energia auxiliar deverão reduzir ao máximo
os seus consumos, ligando somente os circuitos indispensáveis;
28

 O sistema de som e alarme deverá informar a todo o hospital o fato ocorrido e


a previsão de normalização;

3.3.7.3 – AUSÊNCIA TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA

É a situação mais grave, pois existe a falha no fornecimento de energia


auxiliar, tanto pelo gerador como pelo banco de baterias de emergência. Nesse
caso, o plano deverá prever as seguintes medidas [26]:

 Comunicação imediata ao serviço de manutenção corretiva;


 Após a causa da falha haver sido solucionada, um relatório da anormalidade
deverá ser enviado para a diretoria do hospital;
 Nesses casos é necessário ter o apoio de outros serviços de manutenção
especializada, realizados por terceiros;
 Caso a falha não possa ser solucionada imediatamente, o hospital deverá
entrar em contato com outras instituições hospitalares, caso serviços de
remoção de pacientes sejam necessários.

3.3.7.4 - TREINAMENTO DA POPULAÇÃO HOSPITALAR

Um bom plano de emergência para falta de energia elétrica só terá êxito


quando todas as partes envolvidas forem adequadamente treinadas para que suas
funções sejam desempenhadas corretamente. Para tanto, o hospital deve criar
meios de treinar cada membro integrante do plano, nas atividades de sua
competência.

Para que seja evitado o pânico, pacientes e visitantes devem ser informados
rotineiramente sobre os procedimentos em caso de ausência total e parcial de
energia elétrica.
29

CAPÍTULO 04 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ESTABELECIMENTOS


ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EAS)

4.1 – INTRODUÇÃO

As instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS)


são instalações especiais, pois alimentam circuitos ligados a equipamentos
responsáveis pelo monitoramento e sustentação da vida. Portanto é fundamental
garantir a continuidade no fornecimento da energia a esses equipamentos.

Nessas instalações o cuidado com os pacientes é de suma importância.


Cabe, portanto, ao corpo médico, garantir que os pacientes sejam tratados com
eficácia. Entretanto, uma falta de energia, mesmo breve, pode colocar em risco a
saúde dos pacientes, visto que a energia elétrica está diretamente associada a
situações envolvendo [3]:

 Redução ou eliminação da possibilidade de o paciente reagir a possíveis


riscos;
 Danos a dispositivos eletromédicos responsáveis pelo suporte ou
substituição temporária de funções do corpo;
 Riscos de incêndio e explosão causados por anestésicos ou agentes
desinfetantes ou de limpeza;
 Interferências elétricas e magnéticas, como, por exemplo, do sistema de força
(por meio de harmônicas) que podem expor os pacientes a riscos e influenciar
o funcionamento dos dispositivos eletromédicos ou até causar diagnósticos
incorretos;
 Procedimentos cirúrgicos que não podem ser interrompidos;
 Tratamento intensivo que exige a aplicação simultânea de vários dispositivos
eletromédicos;
 As correntes de fuga permissivas podem somar-se a valores críticos;
30

 Registros de longo prazo sobre o paciente podem se perder no caso de falhas


de energia.

A implantação de um EAS inicia-se com um projeto em consonância com as


normas e regulamentos institucionais vigentes. Porém, muitas vezes, este
fundamento é deixado de lado, o que pode levar a um projeto pouco confiável e
perigoso aos pacientes e profissionais.

Em EAS vários aspectos são considerados para assegurar a qualidade e a


segurança, devendo ser projetado desde o sistema de aterramento ao sistema de
geração de emergência.

4.2 – ATERRAMENTO

Todas as instalações elétricas de média e baixa tensão, para funcionar com


desempenho satisfatório e seguro contra riscos de acidentes fatais devem possuir
um sistema de aterramento que leve em consideração a equipotencialidade das
massas metálicas expostas em uma instalação [2]. Todos os sistemas devem
atender às normas ABNT NBR 13534, ABNT NBR 5410 e ABNT NBR 5419, no que
diz respeito ao sistema de aterramento.

De acordo com a norma ABNT NBR 13534, fica proibida a utilização do


sistema TN-C a jusante do quadro de distribuição principal em EAS. E nenhuma
tubulação destinada à instalação pode ser usada para fins de aterramento. No
entanto, tubulações de gases devem ser interligadas com o sistema de aterramento
para equipotencialização [1].

4.3 – PISO CONDUTIVO

Em Centros Cirúrgicos e UTI‟s, mesmo os menores movimentos produzem


descargas eletrostáticas que normalmente passam despercebidas e para assegurar
à integridade das pessoas e controlar as descargas estáticas, a norma ABNT NBR
31

13534 estabelece:

 A utilização de piso condutivo somente quando houver uso de misturas


anestésicas inflamáveis com oxigênio ou óxido nitroso, bem como quando
houver agentes de desinfecção, incluindo-se aqui a zona de risco.
 Na utilização de piso não condutivo no mesmo ambiente de piso condutivo,
exigidos nas salas cirúrgicas, deve-se fazer uma marcação de distinção para
ambos os pisos.

Figura 4.1 - Marcação de distinção de pisos condutivos e não condutivos. Fonte [1].

A marcação com os limites de 1,5 metros ao redor da cama cirúrgica ou leito


da UTI faz a distinção entre o piso condutivo e não condutivo, este ultimo protege o
paciente contra os microchoques provenientes das correntes de fuga. Conforme
ilustra Figura 4.1.

4.4 - MEDIDAS PARA PROTEÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E EQUIPAMENTOS

De acordo com a norma ABNT NBR 5410 vários aspectos devem ser
considerados sobre proteção da instalação e equipamentos. A norma ABNT NBR
13534 trata em particular das questões de equipamentos eletromédicos e
instalações hospitalares, enfatizando a importância da qualificação dos profissionais
responsáveis pela assistência técnica das instalações e equipamentos.
32

Para fins de proteção das instalações deverá ser utilizado um formulário


descritivo com o registro de todas as ocorrências envolvendo os equipamentos,
desde sua chegada à unidade de saúde, até sua efetiva instalação e início de
funcionamento, ficando de posse do setor técnico competente a operação de
manutenção corretiva e preventiva [29].

4.4.1 - PROTEÇÃO DE PESSOAS E ANIMAIS CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

Para que o sistema de proteção atinja a finalidade a que se propõe, deve


atender pelo menos três requisitos básicos: seletividade, que se refere a capacidade
de selecionar a parte danificada e retirá-la sem danificar o circuito, exatidão e
segurança, que garante ao sistema uma alta confiabilidade operativa, e
sensibilidade, que representa a faixa de operação [2].

A norma ABNT NBR 5410 estabelece que as partes acessíveis condutivas


não devam se tornar partes vivas perigosas:

 Sob condições normais;


 Sob uma condição de falta à terra.

As regras de acessibilidade aos locais de riscos, que são definidas de acordo


com a classificação apresentada na Tabela 3.1 no capítulo 3 para pessoas comuns
(BA1) diferem de pessoas qualificadas (BA5) e podem também variar para diferentes
ambientes.

Desse modo, a proteção contra choques elétricos compreende dois tipos de


proteção: sob condições normais é feita pela proteção básica, que consiste na
proteção quando as massas ou as partes condutivas acessíveis tornam-se
acidentalmente vivas, a qual seria destinada a preservar a segurança e em caso de
falha da proteção básica, é realizada pela proteção supletiva.
33

4.4.2 – PROTEÇÃO POR DISPOSITIVOS: FUSÍVEIS, DISJUNTORES E OUTROS.

Basicamente a proteção é feita por três dispositivos: fusíveis, disjuntores e


relés. Toda proteção deve ser projetada e construída para ser eficaz durante a vida
útil da instalação, do sistema ou do equipamento [7].

Durante a instalação deve-se considerar a temperatura do ambiente, as


condições climáticas, a presença de água, os desgastes mecânicos, a qualificação
das pessoas na instalação e a área de contato de pessoas ou de animais com o
potencial terra.

4.5 - A PROTEÇÃO BÁSICA

A norma ABNT NBR 5410 define a proteção básica como constituída de uma
ou mais proteções que, sob condições normais evita contatos com as partes vivas
da instalação. Esta proteção é denominada de proteção contra choques elétricos em
contatos diretos.

A proteção básica é realizada com:

 A isolação básica (isolação ou capa protetora de um fio), que deve ser feita
com base em normas que exigem testes mecânicos, químicos, elétricos e
térmicos;
 O uso de barreiras ou caixas (quadro elétrico fechado ou um equipamento
com sua caixa externa) sendo necessárias chaves ou ferramenta para
removê-las;
 Limitação da tensão;

4.6 - PROTEÇÃO SUPLETIVA

A proteção supletiva é constituída de uma ou mais proteções independentes e


adicionais à proteção básica. São especificadas e efetuadas [11]:
34

 Na instalação;
 Através de isolação suplementar;
 Na equipotencialização e seccionamento automático da alimentação;
 A separação elétrica das partes condutivas;
 Nos equipamentos;
 Na utilização do condutor PE;
 Na proteção seletiva;
 Nos disjuntores ou fusíveis;

3.7 - PROTEÇÃO SUPLEMENTAR AVANÇADA

De acordo com o local (ex: sala cirúrgica) a norma ABNT NBR 13554 define
um nível maior de proteção, a proteção supletiva, através de:

 Isolação reforçada;
 Utilização de transformador de separação de circuitos (ex: sistema IT
médico);
 Fonte limitadora de correntes de fuga (ex: impedância para terra).
 Proteção por meio de Dispositivo Supervisor de Isolamento (DSI).

3.8 - EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICO NO CORPO HUMANO

A consequência da corrente de fuga são os choques elétricos em operadores


e as paradas de produção no decorrer do tempo em que a fuga cresce e se torna um
curto-circuito.

A corrente de fuga é composta por dois componentes: capacitivo e resistivo.


Estas correntes podem ser microcorrentes, mas no evento de uma interrupção
podem ter seus valores aumentados, assim como o perigo à pessoa e à operação O
condutor PE é por onde flui a corrente de fuga para o equipamento funcionar sem
problemas [1].
35

Em uma análise comparativa com o sistema aterrado (sistema TN e TT), a


corrente perigosa no sistema não aterrado (sistema IT) é menor, na maioria dos
casos.

4.8.1 PERIGOS DO CHOQUE ELÉTRICO EM PESSOAS DEVIDO A CORRENTE DE FUGA

Os efeitos causados pela passagem da corrente elétrica através do corpo


humano dependem, basicamente, de cinco fatores [12]:

 Intensidade da corrente (medida em Amperes);


 Duração do choque (em segundos);
 Frequência do sinal (em Hertz);
 Densidade da corrente (em mili-Amperes/mm2);
 Caminho percorrido pela corrente

4.8.1.1 – INTENSIDADE DA CORRENTE

A passagem da corrente elétrica no corpo causará efeito fisiológico de acordo


com a intensidade da corrente, conforme descrito na Tabela 41.

Tabela 4.1 - Efeito fisiológico da corrente elétrica de 60 Hz, aplicada entre as mãos de
homem de 70 kg por um período de 1 a 3 s. Fonte [12]

INTENSIDADE EFEITO

Menor que 1 mA Imperceptível se aplicada externamente.

Se aplicada ao miocárdio, pode causar fibrilação


ventricular.

Entre 1 e 10 mA Limiar de percepção

Entre 10 e 30 mA Perda do controle motor

Entre 30 e 75 mA Paralisia ventilatória

Entre 75 e 250 mA Fibrilação ventricular

Entre 250 mA e 5 A Contração miocárdica sustentada

Maior que 5 A Queimadura dos tecidos


36

4.8.1.2 – DURAÇÃO DO CHOQUE

A duração do choque elétrico é diretamente proporcional à probabilidade de


fibrilação ventricular do individuo. Os limites são definidos, para corrente alternada,
de acordo com figura 4.2 [9].

Figura 4.2- Gráfico com zonas em função da duração do choque X corrente de fuga e os efeitos sobre
as pessoas. IEC 604779-1 (percurso mão esquerda ao pé).

Na zona AC-1, com limite até 0,5 mA curva a, percepção possível, mas
geralmente não causa reação. Na zona AC-2, de 0,5 mA até curva b, provável
percepção e contrações musculares involuntárias, porém sem causar efeitos
fisiológicos. Na AC-3, a partir da curva b para cima, fortes contrações musculares
involuntárias, dificuldade respiratória e disfunções cardíacas reversíveis. Podem
ocorrer imobilizações e os efeitos aumentam com o crescimento da corrente elétrica,
normalmente os efeitos prejudiciais podem ser revertidos. Na zona AC-4, entre c1 e
c2, a probabilidade de fibrilação ventricular é aumentada até aproximadamente 5%.
Entre c2 e c3, AC-4.2 a probabilidade de fibrilação ventricular é de 50% e além da
c3, AC-4.3 a probabilidade é superior a 50% [30]
37

4.8.1.3 – FREQUÊNCIA DO SINAL

Para um mesmo nível de intensidade, a resposta de um corpo humano


será diferente para cada faixa de frequência. A figura 4.3 apresenta a curva
característica do limiar de perda do controle motor em função da frequência do sinal
que provoca o choque elétrico.

Figura 4.3 - Limiar de perda do controle motor em função da frequência do sinal (IEC479).

As curvas 1, 25, 50, 75 e 99,5 indicam a probabilidade (%) da

ocorrência de perda de controle motor de uma pessoa de 70 kg. Por exemplo, a

linha central mostra as intensidades da corrente (segundo a frequência) para que

50% dos homens percam o controle de sua musculatura. Note como essa

intensidade varia com a frequência [12].

4.8.1.4 – DENSIDADE DA CORRENTE

Independentemente dos efeitos fisiológicos internos (perda de controle motor,

fibrilação ventricular,...) no local de aplicação da corrente elétrica, o efeito sobre os


38

tecidos depende da densidade de corrente, a qual relaciona a intensidade da

corrente com a área de contato no corpo humano.

Tabela 4.2- Efeito da densidade de corrente na região aplicada ao corpo humano. Fonte [10]

DENSIDADE DE CORRENTE EFEITO

Abaixo de 20 mA/mm2 Em geral não são observadas alterações na pele

Entre 20 e 50 mA/mm2 Coloração marrom na pele na região de contato. No


caso de períodos superiores a 10s, são observadas
pequenas bolhas na região de aplicação da corrente.

Acima de 50 mA/mm2 Possibilidade de carbonização dos tecidos

Tabela 4.2 apresenta os efeitos provocados no tecido humano pela


intensidade da corrente durante a passagem pelo corpo. Efeitos estes diretamente
relacionados com a densidade de corrente com a região aplicada no corpo.

4.8.1.5 - CAMINHO PERCORRIDO PELA CORRENTE

Os caminhos de circulação entre mão e braço levarão a perda de


controle motor daquele membro, já os caminhos que passam através do coração,
apresentam probabilidade de fibrilação ventricular ou contração miocárdica
sustentada [15].

A pele, dentre outras funções, atua como atenuador de corrente por oferecer
um caminho de alta impedância se comparada com tecidos internos do corpo
humano. Dependendo da região do corpo e do nível de sudorese, a pele intacta
apresenta uma resistência entre 15 kΩ e 1 MΩ. Em contraste a esses valores, se
rompida a camada de pele, a resistência interna do corpo cai para valores da ordem
39

de 100 Ω (tronco) a 500 Ω (entre dois membros) (IEC 479). Quanto à proteção
oferecida através da pele, pode-se classificar os choques quanto ao tipo de contato
e local de aplicação [10]:

 Tipo de contato;

 Contato direto com partes energizadas de equipamentos em operação


normal. Isto acontece quando os obstáculos entre a pessoa e a parte
energizada, tal como a distância e a isolação, são ineficientes.

Figura 4.4 – Caminho percorrido pela corrente em contato direto. Fonte [15]

Os caminhos percorridos pela corrente na maioria das incidências passam


pelo coração provocando contrações ventriculares. A figura 4.4 mostra os caminhos
percorridos, somente na ultima situação o caminho não passa pelo coração.

Figura 4.5 - Caminho percorrido pela corrente em contato indireto. Fonte [15]

 Contato indireto acontece quando há um toque na armadura de um


equipamento e este apresenta falha de isolamento, tornando o choque
elétrico inevitável e a corrente atravessa o corpo passando pelo coração
40

como mostra a figura 4.5.

 Local de aplicação;

 Macrochoque: é o contato elétrico sobre a pele intacta. Devido à


resistência da pele, um caminho de maior impedância é produzido,
reduzindo a intensidade de corrente pelo corpo para uma mesma
diferença de potencial (DDP). Outro fato a ser considerado é a área de
circulação de corrente, que produz uma maior distribuição da mesma, e
implica em uma menor densidade de corrente passando através de órgãos
vitais, como o coração [9]. A figura 4.6 Ilustra do caminho percorrido pela
corrente.

Figura 4.6 - Situação de macrochoque. Fonte [12]

 Microchoque: durante procedimentos cirúrgicos ou em casos de acidentes


onde o contato elétrico é feito internamente ao corpo (sem a proteção da
pele), um caminho de baixa impedância oferecido pelos tecidos propiciará
a presença de correntes elevadas, mesmo em tensões baixas, esta
situação é denominada microchoque [3].

No que diz respeito à proteção, devem ser adotadas técnicas que abranjam
tanto instalações, quanto pessoas. As instalações devem ser protegidas contra
correntes elevadas através de dispositivo disjuntor ou fusível e as pessoas contra
choques elétricos causados por correntes fase-terra, através de dispositivos DR [1].
41

A impedância do corpo expressa por ZT, a geometria da impedância no corpo


e a impedância da pele estão representadas na Figura 4.7. As variáveis que
influenciam no valor da impedância são várias (estado da pele, local, área, pressão e
duração de contato), no entanto, deve-se considerar que essas reações mudam de
pessoa para pessoa, pois além das diferenças antropométricas, existem as
condições biológicas [15].

Figura 4.7 - Diagrama equivalente da impedância do corpo ZT. Fonte [3]

De acordo com a norma NBR 5410, a resistência do corpo humano na


presença de corrente é classificada de acordo com a tabela 4.3.

Tabela 4.3 - Resistência do corpo elétrico. Fonte (Tabela 19 - NBR 5410)


Código Classificação Características Aplicações e Exemplos

BB1 Alta Condições secas Circunstâncias nas quais a pele está


seca (nenhuma umidade)
BB2 Normal Condições úmidas Passagem da corrente elétrica de uma
mão a outra, ou de uma mão a um pé,
com a pele úmida de suor, sendo a
superfície de contato significativa.
BB3 Baixa Condições Passagem da corrente elétrica entre
Molhadas as duas mãos e os dois pés, estando a
pessoa com os pés molhados, ao
ponto de se poder desprezar a
resistência da pele e dos pés.
BB4 Muito baixa Condições imersas Pessoas imersas na água
42

4.9 – SISTEMA IT MÉDICO

O sistema IT médico consiste na aplicação prevista na norma ABNT NBR


13534 e na norma RDC 50 da ANVISA, que visa garantir a manutenção de serviços
em caso de falta nas instalações elétricas dos estabelecimentos assistenciais a
saúde (EAS).
A aplicação desse sistema concentra-se nas salas cirúrgicas e nas UTI‟s,
locais estes que devem ser protegidos pelo esquema IT, que assegura o
funcionamento dos equipamentos e preserva a vida dos pacientes. A classificação
dos locais médicos é feita em “grupos 0, 1 e 2”, de acordo com A norma NBR 13534
que se baseia:

 Nos procedimentos nestes realizados;


 Nas partes aplicadas dos aparelhos eletromédicos utilizados;
 Nos riscos elétricos envolvidos.
 NA indicação dos procedimentos pela equipe médica;
 Na legislação vigente da área da saúde (ex. RDC 50 da Anvisa);
 Na legislação vigente da área da segurança do trabalho (ex. NR 10);

A ABNT NBR 13534 apresenta uma tabela dos locais com as respectivas
denominações de grupo, definindo previamente os requisitos para o projeto.

Tabela 4.4– Aplicação dos critérios de grupo aos locais médicos. Fonte [1].
LOCAL GRUPO
 Posto de enfermagem
 Sala de serviço
 Sala de exames e curativos 0
 Área de recreação
 Internação geral
 Salas de hemodiálise
 Salas de fisioterapia
 Sala de recuperação pós-anestésica 1
 Sala de transfusão
 Sala de terapia
 Sala de procedimentos invasivos
 Sala de emergência
 Hemodinâmica 2
 Sala de indução anestésica
 Salas de cirurgia em geral
43

Além do disposto na ABNT NBR 5410, a ABNT NBR 13534 acrescenta em


locais do Grupo 1 que os circuitos de tomada (esquema TN) devem ter proteção
adicional por dispositivos DR tipo A ou B com sensibilidade de atuação de, no
máximo, 30 mA.

Os locais médicos do Grupo 2, que são ambientes repletos de equipamentos


ligados à corrente elétrica, como as salas cirúrgicas, UTIs, salas de procedimentos
invasivos como os intracardíacos, de emergência, de hematologia entre outras,
devem atender a norma que obriga o uso de sistemas de proteção, para impedir a
ocorrência de acidentes como queimaduras, fibrilamento e até óbitos [8].

Nos locais do grupo 2, onde este sistema é de uso obrigatório, a instalação


deve ser projetada de forma que não interrompa a alimentação na primeira falta à
terra, apresentando:

 Alimentação por no mínimo dois circuitos distintos;


 Tomadas de corrente protegidas individualmente.

Os locais do grupo 2 alimentados por outros esquemas de aterramento (TN-S


ou TT) devem apresentar [12]:

 Tomadas do esquema IT médico com marcação clara e permanente (ex.


distinção por cor e placa “apenas equipamentos eletromédicos”);
 Não intercambialidade garantida para que seja impossível conectar
equipamento à tomada do equipamento IT médico capaz de provocar
desligamento de sua alimentação;
 Todos os circuitos de tomadas de corrente em uma mesma tensão.

4.9.1 FUNCIONAMENTO

A utilização de sistema IT Médico aumenta a segurança para o paciente e


para o corpo clínico, pois mesmo uma primeira falha de isolamento, um curto-circuito
à terra ou um contato nas partes condutivas, não influenciam no equipamento
suprido [14]. Além disso, ocorre uma redução nas correntes de fuga circulando pelo
44

condutor de proteção, o que reduz a tensão de contato e consequentemente a


intensidade de um choque elétrico indireto acidental.

Figura 4.8 - Esquema IT Médico. Fonte [3]

O sistema possui sensor de falta de fase, sensor de sobrecorrente,


Dispositivo Supervisor de Temperatura (DST) e Dispositivo Supervisor de Isolamento
(DSI) este ultimo mede a resistência de isolamento entre os condutores de
alimentação e o de proteção e, quando, o sistema IT é sujeito a uma segunda falha,
e se torna TN e uma perigosa corrente de curto-circuito para terra é originada,
sinalizando sonora e visualmente o decréscimo da resistência [15].
A supervisão de resistência de isolamento só é feita em sistemas IT, não
aterrados. A supervisão da resistência de isolamento é muito semelhante à
supervisão de corrente de fuga, pois a função é a mesma, implantar uma
manutenção preditiva, antecipando a falha que irá ocorrer. Como foi definido
anteriormente, no esquema IT nenhuma parte condutiva é aterrada ou aterrada com
altas impedâncias [7]. Para isso, a fonte geralmente é um transformador de
separação monofásico. A figura 4.8 ilustra a estrutura de um IT médico.
45

4.9.2 - VANTAGENS DO ESQUEMA NÃO ATERRADO (SISTEMA IT):

O sistema de aterramento IT possui características particulares que o tornam


mais eficiente, quando aplicado em estabelecimentos de assistência a saúde
principalmente em locais do grupo 2, em relação aos outros esquemas de
aterramento. Dentre as vantagens destacam-se:

 Supervisão de isolamento: o sistema fica em perfeito estado de segurança


que somente é possível no sistema IT;
 O condutor pode ser totalmente curto-circuitado para a terra, sem interferir na
operação do sistema;
 A manutenção preditiva é possível com a supervisão da resistência de
isolamento;
 Possibilidade de detecção de falha de isolamento em aparelhos off line;
 Supervisão de sistemas CC;
 Baixo isolamento, sobrecarga e superaquecimento são permanentemente
supervisionados;
 Um alarme é acionado quando estas ainda não representam perigo a
pessoas, equipamentos e instalações;
 A continuidade dos procedimentos é assegurada;
 Em sistemas IT, uma pessoa não recebe choque elétrico ao tocarem um
condutor energizado;
 Não há um caminho direto de retorno para uma corrente fluindo por meio de
uma pessoa que está tocando o condutor;
 O transformador isola o circuito secundário do circuito primário.

O seccionamento automático pelo uso de dispositivo DR é proibido nos


seguintes circuitos para evitar a desconexão na 1ª falta à massa ou à terra [3]:

 No circuito de alimentação de equipamentos eletromédicos;


 De sistemas de sustentação da vida;
 De sistemas de aplicações cirúrgicas;
 Nos circuitos de equipamentos eletromédicos dispostos no ambiente do
46

paciente, com exceção dos anteriormente mencionados.

Tabela 4.5 - Implicações resultantes de falha na alimentação da energia. Fonte [3]


FALHA NA TENSÃO NOMINAL DE ALIMENTAÇÃO
GRUPO DESCONEXÃO NA PRIMEIRA FALHA RESULTADOS

Pacientes em risco? Não

Exame ou procedimento pode ser repetido ou


Grupo 0
interrompido?
Sim

Uso de partes aplicadas de equipamentos


eletromédicos?
Não

Pacientes em risco? Não

O exame ou tratamento pode ser repetido ou


Grupo 1 interrompido Sim

Uso de partes aplicadas de equipamentos


eletromédicos Sim

Pacientes em risco? Sim

O exame ou tratamento pode ser repetido ou


interrompido? Não

Grupo 2 Uso de partes aplicadas de equipamentos


eletromédicos em procedimentos intracardíacos,
cirúrgicos, de sustentação à vida, onde a Sim
descontinuidade elétrica pode colocar a vida em
risco?

Alguns resultados de análise de riscos, apresentados pelos sistemas de


aterramento, diante de falha na tensão nominal de alimentação ou desconexão na
primeira falha, de acordo com o grupo, são apresentados na tabela 4.5.
47

4.9.3 – COMPONENTES BÁSICOS DO SISTEMA IT MÉDICO

O sistema é composto por:

 Transformador de Separação
 Dispositivo Supervisor de Isolamento (DSI)/ Supervisor de Temperatura
(DST)/ Supervisor de Corrente (DSC)
 Dispositivo Anunciador

4.9.3.1 – TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO

O transformador de separação é um equipamento especifico para suprimento


de energia em instalações de sistemas médicos. Possui isolação reforçada,
blindagem eletrostática entre os enrolamentos primário e secundário conectados a
um terminal próprio, e características elétricas e mecânicas que garantem a
qualidade e confiabilidade à sua aplicação [17].

Os transformadores de separação do Esquema IT Médico devem estar em


conformidade com o exigido pelas normas IEC 742, IEC 61558-2-15 e NBR 13534.
Eles devem ser instalados o mais próximo possível do local médico, ou no seu
interior, e devem ser dispostos em cubículos ou invólucros, de modo a evitar contato
acidental com partes vivas, ver figura 4.9.

Figura 4.9 - Transformador Isolador de Separação conforme norma IEC 61558-2- 15,
especifico para uso hospitalar. Fonte [17]
48

Algumas das especificações complementares exigidas pela norma ABNT


NBR 13534, para transformadores de separação, em conformidade com a IEC
61558-2-15 com a finalidade de assegurar um funcionamento eficiente, são:

 A tensão nominal Un do secundário do transformador deve ser ≤ 250 V CA;


 O transformador de separação deve ser provido de monitoração de
sobrecarga e elevação de temperatura;
 A corrente de fuga à terra do enrolamento do secundário e a corrente de fuga
do invólucro devem ser medidas com o transformador sem carga e
alimentado sob tensão e frequência nominais. O valor não deve exceder 0,5
mA;
 A potência nominal de saída do transformador deve estar entre 0,5 kVA e 10
kVA.
 Seja para alimentação de equipamentos fixos ou portáteis, os
transformadores devem ser monofásicos.
 Caso haja necessidade de alimentação de cargas trifásicas, deve ser previsto
um transformador dedicado com tensão secundária ≤ 250 V entre fases.

4.9.3.2 – DISPOSITIVO SUPERVISOR DE ISOLAMENTO (DSI)/ SUPERVISOR DE TEMPERATURA


(DST)/ SUPERVISOR DE CORRENTE (DSC)

Os DSIs são de uso obrigatório, conforme a NBR 13534 em salas do grupo 2


em hospitais e clínicas médicas, veterinárias, odontológicas e estéticas. São
projetados para supervisionar a resistência de isolamento em esquemas IT Médico
monofásicos em CA e CC para fornecimento de energia a centros Cirúrgicos e
também a corrente de carga e temperatura do transformador.

O esquema IT médico deve ser equipado com dispositivo supervisor de


isolamento (DSI), o qual deve estar em conformidade com a IEC 61557-8 e as
seguintes especificações:

 Impedância interna CA > 100 kΩ;


 Tensão de medição ≤ 25 V CC.;
 Corrente injetada ≤ 1 mA de valor de crista, mesmo em condição de falta;
49

 Indicação da queda da resistência de isolamento ≤ 50 kΩ. É exigido um


dispositivo de teste para verificar este requisito;
 Sinalização em caso de sua desconexão ou ruptura do condutor de proteção
PE;
 Alguns DSI‟s também supervisionam sobrecarga e sobretemperatura do
transformador, conforme exigido pela ABNT NBR 13534.

A ABNT NBR 13534 é a norma para as instalações elétricas em


estabelecimentos assistenciais de saúde, que complementam a norma para
instalações elétricas de baixa tensão (no Brasil, a ABNT NBR 5410).

Os equipamentos devem seguir as seguintes normas:

 IEC 61557-8 – dispositivo supervisor de isolamento, inclusive o Anexo A da


mesma, que exige medição de fuga à terra em corrente contínua.
 IEC 61557-9 – sistemas para localização de falhas de isolamento.

4.9.3.3 - DISPOSITIVO ANUNCIADOR

O sistema IT médico deve ser equipado por um sistema de sinalização sonora


e visual, disposto de forma a permitir supervisão permanente pela equipe médica, e
o mesmo não necessita de alimentação auxiliar. A norma NBR 13534 define a
sinalização de alarmes a distância da seguinte forma:

 Led verde para indicar operação normal;


 Led amarelo sinalizando falha;
 Alarme audível, que dispare quando a resistência de isolamento atingir o
valor mínimo ajustado.
 Botão silenciar para desligar o alarme, quando for ultrapassado o nível de
intervenção;
 Botão de teste para verificar periodicamente a eficiência do dispositivo como
recomendado pela norma
50

4.9.3.4 - QUESITOS GERAIS PARA UM SISTEMA IT MÉDICO EFICIENTE

 É necessário pelo menos um sistema IT médico por recinto do grupo 2;


 Em salas cirúrgicas, a regra é um sistema IT médico para cada sala cirúrgica,
normalmente, uma potência para o transformador de separação de 8 kVA a
10 kVA é suficiente;
 Todos os transformadores devem ser monofásicos;
 Todos os disjuntores são bipolares em 127 V ou 220 V;
 Nas UTIs geralmente é feito um sistema IT médico de quatro a seis leitos
cada, considerando a média de 1,5 kVA por leito;
 Atenção ao local de instalação dos transformadores, preferencialmente em
um piso técnico adequado;
 Atenção ao local de instalação dos quadros elétricos, preferencialmente perto
da sala cirúrgica e UTI;
 Atenção ao local de instalação dos anunciadores, que devem ficar próximos
ao corpo de enfermagem e do local que o sistema IT médico alimenta.

4.10 – CONCLUSÃO

O projeto de um EAS deve ser planejado em conformidade com as normas


brasileiras e complementado pelas normas internacionais que tratam os padrões de
qualidade e segurança de estabelecimentos assistenciais de saúde. É importante
que o projeto siga as recomendações das normas ABNT NBR 5410 e ABNT NBR
13534, a qual está diretamente relacionada à segurança dos pacientes e do corpo
médico.

Um projeto baseado em normas e coerente com a realidade de cada EAS


oferece segurança elétrica aos pacientes e ao corpo médico, assim como proteção
aos equipamentos eletromédicos, reduzindo assim custos onerosos de parada
operacional e queima de equipamentos, proporcionando um aumento da
continuidade operacional do EAS.

Cada vez mais esses ambientes estão sendo direcionados para a excelência
em seus processos e a energia elétrica é um dos pilares para o funcionamento
coordenado e seguro para todos.
51

CAPÍTULO 05 - VISITA TÉCNICA AO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ (HRT)

Figura 5.1 – Hospital Regional de Tucuruí

5.1- HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

A história do Hospital Regional de Tucuruí (HRT), Figura 5.1, remonta desde


os tempos da construção da Hidrelétrica desta mesma cidade. Por volta da década
de 1970, sob o comando da empresa Camargo Corrêa, foi erguido um posto com o
intuito de fornecer atendimento ambulatorial de baixa complexidade aos operários da
hidrelétrica ainda em construção, tais como: primeiros socorros, consultas médicas
etc.

Com o passar dos anos e o crescimento da demanda, bem como, a procura


constante por atendimentos mais especializados, iniciou-se um longo processo de
ampliação e melhorias. Essas mudanças significativas permitiram atendimentos mais
complexos, adaptando-se às novas exigências que se apresentavam.

Foi somente a partir do ano de 1993, durante o governo do Sr. Jader


Fontenelle Barbalho que essa unidade foi instituída Hospital Regional de Tucuruí,
passando a integrar-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme placa de
registro, figura 5.2. Em 2003, no governo do Sr Simão Jatene, o Hospital Regional
52

de Tucuruí iniciou atendimento de pronto socorro, como observa-se na placa da


figura 5.3 e em 2008, no governo da Srª Ana Julia de Vasconcelos Carepa, o HRT
passou por melhorias na rede de gases medicinais, na unidade de terapia intensiva
(UTI), na brinquedoteca/videoteca e na enfermaria de ortopedia, figura 5.4.

Figura 5.2 - Registro do HRT Figura 5.3 - Registro do pronto socorro Figura 5.4 - Registro de melhorias

O HRT pertence a 11ª Regional de Proteção Social com sede na cidade de


Tucuruí, sudeste paraense. Desenvolve atualmente atividades de assistência de
média e alta complexidade na atenção hospitalar e ambulatorial, com perfil voltado
ao trauma, sendo o único hospital da região do entorno do lago de Tucuruí com
atendimento de urgência e emergência 24 horas.

O Hospital está passando por um processo de mudanças e ampliações tanto


na sua estrutura física quanto na forma de tratar seus usuários. A serviço do SUS
busca melhorias na oferta de seus serviços com ampliação e qualificação de seus
profissionais, aquisição de novos equipamentos e materiais, acréscimo de alguns
serviços e melhorias na sua estrutura física.

O Hospital atende pacientes vindos dos municípios de Tucuruí, Breu Branco,


Goianésia, Pacajá, Novo Repartimento, Jacundá e Baião que são os municípios
pactuados. Oferece os serviços de especialidades nas áreas de: Clínica Médica,
Cirurgia Geral, Pediatria, Obstetrícia de Alto-risco, Cirurgia Buco-maxilo,
Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Infectologia, Ginecologia, Anestesiologia,
53

Cardiologia, Cirurgia Reparadora, Proctologia, Endoscopia Digestiva, Neurocirurgia,


Traumatologia/Ortopedia, Radiologia, Ultrassonografia, Psiquiatria e Urologia.

Durante o ano de 2012 houve melhorias e modernização dos equipamentos


das UTI‟s adulto e neonatal. As enfermarias receberam reformas e novos leitos, bem
como a refrigeração total e a revitalização que foram feitas com a preocupação na
ambiência e acolhimento dos pacientes conforme preconiza a Política Nacional de
Humanização (PNH). Com a implantação da UNACON (Unidade de Assistência de
Alta Complexidade em Oncologia), o HRT está sendo reestruturado em seus
serviços, para poder dar o suporte adequado a esta nova unidade com ampliação do
quadro de servidores e qualificação dos existentes, adequação e ampliação da
estrutura física atual são outras demandas.

5.2 - SERVIÇOS PRESTADOS PELO HRT

De acordo com SAME - Serviço de Arquivo Médico e Estatístico, O hospital


possui serviço de Ambulância, Central de Material Esterilizado, Farmácia, Lactário,
Serviço de Nutrição e Dietética, Serviço de Processamento de Roupas, Necrotério,
Serviço de Manutenção de Equipamentos, Núcleo de Epidemiologia, Controle de
Infecção Hospitalar, Ambulatório, Brinquedoteca e Videoteca e SAU (Serviço de
Atenção ao Usuário).
No diagnóstico, a unidade oferece serviço de Radiologia, de Tomografia, de
Ultrassonografia, Eletrocardiografia, de Endoscopia Digestiva Alta e Colonoscopia,
bem como terapia de apoio nas áreas de fisioterapia, serviço social, fonoaudiologia e
psicologia.

5.2.1 - CLÍNICAS E LEITOS

De acordo com o CNES – Conselho Nacional de Estabelecimentos de Saúde,


os leitos que o HRT dispõe atualmente estão distribuídos por clínicas de acordo com
tabela 5.1:
54

Tabela 5.1 - Tabela de Clinicas e Leitos do HRT

Nº DE
CLÍNICAS
LEITOS
Cirúrgica 38
Médica 35
AIDS 02
Biopsicossocial 08
Pediatria 24
Maternidade de Alto-Risco 22
Terapia Intensiva Adulto 07
Semi-Intensiva Pediátrica 03
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 10
Unidade de Cuidados Intermediários 12
Total de leitos 161

Outras unidades instaladas são apresentadas na tabela 5.2

Tabela 5.2 - Unidades instaladas no HRT

QTDE. LEITOS
INSTALAÇÃO
Sala de Cirurgia 04 04
Sala de Recuperação 01 03
Sala de Parto Normal 01 03
Sala de Pré-Parto 01 02

5.3 - REESTRUTURAÇÃO FÍSICA

De acordo com o SAME, o HRT passou por diversas reformas,


adaptações e revitalizações em sua estrutura física para oferecer melhores
condições de trabalho aos profissionais e assim, maior assistência aos pacientes,
algumas das melhorias são:
55

 Revitalização das enfermarias das clínicas: Médica, Cirúrgica, Pediátrica e

UTI Neonatal;

 Adaptação dos banheiros da clínica médica, para clientes com deficiência

física;

 Revitalização dos mobiliários: camas, poltronas, escadinhas, macas,

armários, cadeiras, mesas;

 Revitalização do Serviço de Acolhimento do Serviço de Urgência e

Emergência;

 Climatização de todas as enfermarias do hospital;

 Substituição da câmara frigorífica do setor de nutrição;

 Reestruturação do fluxo da entrada e saída de materiais e alimentos (limpos e

contaminados) do setor de nutrição;

 Adaptação da sala para realização de eletrocardiograma do Pronto Socorro;

 Acordo com a Eletronorte para revisão e manutenção da rede elétrico-

hidráulica hospitalar;

 Reforma do Pronto Socorro;

 Reforma do SAME;

 Construção do novo estacionamento;

 Projeto arquitetônico de construção da capela ecumênica e

 Reestruturação do setor de tomografia e radiologia.

5.4 - EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO HOSPITAL

O HRT conta com uma equipe de profissionais para atendimento de


assistência a saúde da população com as qualificações apresentadas na tabela 5.3
e 5.4 como seguem.
56

Tabela 5.3 - Quadro de servidores efetivos por especialidade. Fonte: DRH/HRT/SESPA

CARGO QUANTIDADE

Ag. Portaria 14

Ag. de saúde 05

Ag. Vig. Sanitária 01

Fonoaudiologia 02

Farm. Bioquímico 03

Psicólogo 03

Cir. Dentista 01

Bucomaxilo 03

Maqueiro 06

Nutricionista 03

Motorista 05

Ag. Art. Práticas 46

Ag. Endemias 01

Fisioterapeuta 02

Téc. Radiologia 03

Médico 60

Enfermeiro 34

Ag. Administrativo 21

Ass. Social 09

Téc. Enfermagem 180

Farmacêutico 02

Aten. Cons. Dentário 01

Total 405
57

Tabela 5.4 - Quadro de servidores contratados. Fonte: DRH/HRT/SESPA

CARGO QUANTIDADE

Ag. Administrativo 15

Direção 06

Farmacêutico 01

Bioquímico 01

Bucomaxilo 01

Coordenador compras 01

Ag. Artes práticas 24

Enfermeiro 21

Fisioterapeuta 02

Fonoaudiólogo 01

Analista de sistemas 01

Téc. em patologia 06

Maqueiro 04

Ag. de portaria 04

Téc. em radiologia 05

Téc. enfermagem 15

Médico 10

Total 118
58

5.41 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NO HRT NO ANO DE 2012

Os procedimentos cirúrgicos realizados no HRT no ano de 2012 de acordo


com a especialidade médica estão apresentados na tabela 5.5.

Tabela 5.5 - Dados estatístico de procedimentos cirúrgicos de 2012 do HRT. Fonte: Centro
Cirúrgico / HRT

NÚMERO DE CIRURGIAS REALIZADAS NO HRT POR ESPECIALIDADE


JANEIRO A DEZEMBRO/2012
Especialidade Nº de Cirurgias Percentual %

Bucomaxilo 84 3,21

Cirurgia geral 590 22,58

Cirurgia pediátrica 49 1,88

Cirurgia reparadora 104 3,98

Ginecologia/obstétrica 494 18,91

Neurocirurgia 67 2,56

Otorrinolaringologia 11 0,42

Traumato-ortopedia 1157 44,28

Cirurgia vascular 49 1,88

Oftalmologia 0 0,00

Urologia 5 0,19

Odontologia 3 0,11

Total 2.613 100,00


59

5.5 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DO HRT

Os principais componentes observados das instalações elétricas do Hospital


Regional de Tucuruí durante a visita técnica relacionados a segurança foram:

5.5.1 - ATERRAMENTO

Não foi possível obter informações documentais, a respeito do tipo de


aterramento existente na unidade, que comprovem a conformidade à norma ABNT
NBR 13534.

5.5.2 – SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO

O HRT possui em sua Subestação um transformador tipo plataforma


com potência de 500 kVA que efetua o rebaixamento da tensão de 13.8 kV,
fornecida pela Concessionária, para as tensões de alimentação das cargas do
Hospital em 220 e 127 V, valores obtidos na leitura da placa do transformador como
mostra a Figura 5.6.. Na Subestação também são posicionados os principais
Quadros Gerais de Baixa Tensão - QGBT‟s para distribuição interna na unidade,
como mostra a Figura 5.5.

TRANSFORMADOR QUADROS GERAIS QUADRO DE COMANDO


REBAIXADOR DE TENSÃO DE BAIXA TENSÃO DO GERADOR
13,8 kV/220 V 220 / 127 V

Figura 5.5 - Transformador e QGBT's do HRT


60

Figura 5.6 - Placa de valores nominais do transformador

5.5.3 - SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA

O estabelecimento visitado possui dois meios para gerar energia de forma a


assegurar a continuidade dos serviços: Geração Normal – Fornecimento pela
Concessionária e Geração Stand By – Sistema de Geração em Emergência. Este
último é composto por grupo gerador, quadro de transferência automática e no-
break’s.

 Grupo gerador com partida automática

A unidade está equipada com gerador com partida automática. No entanto, há


situações em que é preciso acioná-lo manualmente devido as condições físicas do
gerador, Figura 5.7. O gerador com capacidade de 205 kVA de potência e geração
em tensão de 220 V, com fator de potência de 0,8. Os valores nominais do gerador
61

da marca HOOS, datado de agosto de 1979, podem ser observados na placa, figura
5.8.

MOTOR DIESEL

MAQUINA SINCRONA

Figura 5.7 - Grupo gerador com partida automática

Figura 5.8 - Placa do gerador do HRT


62

O Gerador fornece energia em situações de emergência aos equipamentos e


locais relacionados a seguir:

 Iluminação dos principais corredores de acesso aos locais do grupo 2 (Centro


Cirúrgico e UTI‟s Adulto e Neonatal) e de saídas de emergência, tendo 50%
das luminárias atendidas pelo sistema de segurança;

 Aos locais onde se situam os quadros de comando dos grupos geradores e os


quadros de distribuição principais da alimentação normal e da alimentação de
segurança, Figura 5.5;

 Aos locais que acomodam serviços essenciais;

 Equipamentos eletromédicos usados em Centros Cirúrgicos e UTI‟s Adulto e


Neonatal destinados a cirurgias ou outros procedimentos vitais, conforme
Figuras 5.9, 5.10 e 5.11;

 Equipamentos elétricos de suprimento de gases medicinais, bem como seus


dispositivos de monitoração e alarme; Figuras 5.12, 5.13;

Figura 5.9 - Bisturi Elétrico Figura 5.10 - Desfibrilador Figura 5.11 - Monitor cardíaco

O bisturi elétrico possui uma potência de 1 kVA, tensão de alimentação 220 V.


O desfibrilador opera tanto em tensão de 220 V quanto 127 V. O monitor cardíaco
com potência de 115 VA também opera em 127 V e 220 V.
63

Figura 5.12 - Equipamento de gases medicinais Figura 5.13 - Monitor de oxigenação Figura

 Quadro de Transferência Automática

Figura 5.14 - CTA- Chave de Transferência Automática

O quadro de transferência automática é onde se encontra a Chave de


Transferência Automática (CTA), que efetua a comutação entre a alimentação
normal da rede e a alimentação de emergência, figura 5.14. Na falha da comutação
pela chave o responsável pela manutenção efetua manualmente a transferência da
64

geração de energia do sistema normal para sistema de segurança (gerador). Figura


5.15. apresenta a chave de acionamento manual do gerador.

Figura 5.15 - Chave de acionamento manual do gerador

 Fonte Ininterrupta de Potência – UPS

Com relação às fontes ininterruptas (no-break) foi observado que estas estão
conectadas às cargas não essenciais, como computadores de registros de dados e
impressoras , quando deveriam alimentar os aparelhos essenciais que monitoram e
sustentam a vida dos pacientes, diante disso, a unidade possui uma configuração
inadequada como ilustra a figura 5.16.

Figura 5.16 - Diagrama real da estrutura elétrica do HRT


65

5.5.4 – SISTEMA IT MÉDICO

O Hospital Regional de Tucuruí não está equipado com o sistema IT Médico,


o qual seria responsável pela separação elétrica e monitoração contínua da corrente
de fuga e da resistência de aterramento nos setores como: Centro Cirúrgico / UTI
Neonatal e Adulto/ Salas de Emergência. Locais onde a continuidade da
alimentação elétrica não pode ser interrompida, uma vez que há vidas dependendo
de equipamentos de suporte e/ou substituição de algumas das funções.vitais dos
pacientes internados na unidade.

Figura 5.17 - Centro cirúrgico do HRT

O HRT não está em conformidade a norma NBR 13534 com relação a


utilização de piso condutivo para centro cirúrgico como observado na Figura 5.17,
onde sua aplicação é obrigatória por norma, pois um paciente debilitado possui sua
resistência elétrica reduzida e a passagem de uma microcorrente pelo corpo do
paciente pode ocasionar uma parada cardíaca.
66

5.5.5 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA)

Figura 5.18 - Vista frontal do HRT

O Hospital Regional de Tucuruí não possui sistema de proteção contra


descargas atmosféricas, como pode ser observado na Figura 5.18. A ABNT NBR
5419, norma responsável pela proteção predial contra efeitos de correntes de
fenômenos atmosféricos, exige este tipo de proteção.

Figura 5.19 - Unidade de Assistência de alta complexidade em Oncologia do HRT

Brevemente será inaugurada a unidade de assistência de alta complexidade


em Oncologia para aliviar a demanda do hospital Ophir Loyola, localizado em Belém,
no tratamento de câncer, esta unidade está em conformidade com a norma e possui
sistema de geração de energia independente e também proteção contra descargas
atmosféricas, como se pode observar na Figura 5.19.
67

5.6 – CONCLUSÃO

Na visita técnica ao Hospital Regional de Tucuruí foi possível observar as


condições reais de uma estrutura hospitalar e contextualizá-las com as teorias
adquiridas no curso de graduação em Engenharia Elétrica, estabelecendo padrões
de conformidade, bem como, verificando a importância da observância às normas e
regulamentos que garantem a segurança aos pacientes atendidos por um
estabelecimento de assistência à saúde e aos profissionais que atuam na unidade.

Ainda há vários pontos a serem considerados e adequados à norma ABNT


NBR 13534 que estabelece padrões de segurança e requisitos específicos para
instalação elétrica em estabelecimentos assistenciais de saúde, tais como:

 Substituição da fonte de geração em emergência (Gerador),


considerando que a fonte atual possui 34 anos, os quais não recebeu
manutenção periódica;
 Instalação de fontes ininterruptas de potência nas cargas essenciais;
 Realizar melhorias tanto na área humana (contratação e qualificação
de pessoal) para realizar manutenção técnica nas instalações da
unidade;
 Instalações de proteção contra descargas atmosféricas;
 Implantação do sistema IT Médico nos locais do grupo 2;
 Instalação e marcação de pisos condutivos e não condutivos nas salas
que compõem o centro cirúrgico para proteção contra microchoques
elétricos;
 Substituição do Quadro de Transferência Automática, para garantir o
funcionamento do sistema de geração em emergência em situações de
falhas no fornecimento, etc.
68

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apresentou a importância de uma estrutura adequada e preparada


para funcionar em condições de emergência, abordando aspectos quanto: a
qualidade e confiabilidade no fornecimento de energia, a capacidade de
transformação da tensão para distribuição interna e a capacidade de sustentação
das cargas essenciais por fontes independentes de geração de energia como no-
breaks e grupo motor gerador.

Também foi ressaltado o quanto o sistema IT Médico é essencial para garantir


a sustentação das cargas críticas, e consequentemente, das vidas que dependem
diretamente dessas cargas. E, também, apresentando medidas de proteções contra
riscos elétricos por contato direto ou indireto dos pacientes nas massas metálicas
expostas nos locais do grupo 2.

O dimensionamento da carga instalada em uma unidade mostra-se crucial


para definir as características técnicas ideais de um gerador capaz de suprir as
necessidades de um estabelecimento de assistência após uma falha no
fornecimento, assim como para munir os equipamentos essenciais com fontes
ininterruptas de energia para suprir a alimentação até o restabelecimento pela fonte
de emergência e posteriormente pela fonte normal.

Na visita técnica ao Hospital Regional Tucuruí (HRT), no que se refere as


condições das instalações da unidade, visando a eficiência e a segurança, verifica-
se a necessidade de alguns componentes serem submetidas a reparos técnicos e
também a necessidade de manutenção, na subestação e no gerador, a ser
executada por profissional qualificado, pois alguns procedimentos são feitos de
maneira incorreta, como o acionamento manual da unidade de geração em
situações em que há falha no acionamento automático para o gerador entrar em
operação, os reparos improvisados nas instalações internas, etc..

O trabalho permitiu uma percepção real em questões de segurança, o


quanto a observância às normas que estabelecem padrões de conformidades para
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) são importantes e em se tratando
69

de vidas, justifica-se sua obrigatoriedade nos projetos de instalações elétricas em


EAS.

Como proposta para trabalhos futuros pode-se sugerir:

 Estudo detalhado a respeito das instalações elétricas incluindo


levantamento de carga instalada para o dimensionamento correto da
casa de força de um EAS;
 Extensão do estudo para prédios comerciais e públicos do município
de Tucuruí e clinicas de pequeno porte;
70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – Norma ABNT


NBR13534:2008. Instalações Elétricas de Baixa Tensão – Requisitos Específicos
para Instalação em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, 2008.

[2] MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 8ª edição. Brasil:


editora GEN/LTC, 2010.

[3] CASTELLARI, Sérgio. Instalações elétricas. O Setor Elétrico. Rio de Janeiro,


n.86, p.28-40, mar. 2013.

[4] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Assistência Saúde. Equipamentos para


Estabelecimentos Assistenciais de Saúde: Planejamento e Dimensionamento, 1994.

[5] AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA; Resolução – RDC nº 50, de


21 de fevereiro de 2002. Regulamento Técnico para planejamento, programação,
elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de
saúde. Brasília, Brasil.

[6] IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Disponível


em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php#>. Acesso em 10 out. 2013.

[7] CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. Livros Técnicos e Científicos. 15. ed. Rio
de Janeiro: Ltda, 2011.

[8] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR IEC 60601-
1:1997. Equipamentos Eletromédicos e os Ensaios de Compatibilidade
Eletromagnética – Prescrições Gerais de Segurança. 1997.

[9] WEBSTER, Robert J. “Instrumentação Médica – Aplicação e Projeto”. 2ª Ed.


Houghton Mifflin, 1992.

[10] GEWER, Pedro M. “Riscos de choques elétricos presentes no ambiente médico


hospitalar: Avaliação e prevenção” Faculdade de Engenharia Elétrica de Campinas,
Unicamp, 1993.

[11] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – Norma ABNT NBR


5410:2004 – Instalações Elétricas em Baixa Tensão. 2004.

[12] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão de Investimentos em


Saúde. Projeto REFORSUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2002.

[13] Programa de Certificação Operacional. Disponível em:


<http://www.abraman.org.br/Arquivos/40/40.pdf>. Acesso em: 10 out. 2013.

[14] IT Médico evita falhas de energia e garante segurança do paciente. Disponível


em: <http://www.hospitalarquitetura.com.br/servicoes-e-tecnologia/it-medico-evita-
falhas-e-garante-seguranca-do-paciente.html>. Acesso em: 16 ago. 2013.
71

[15] Um estudo sobre os efeitos da eletricidade no corpo humano. Disponível em:


HTTP//www.uninove.br/ . Acesso em 04 Nov 2013.

[16] Sistema de Proteção Elétrica Hospitalar. Disponível em:


<http://www.betaeletronic.com.br/categories/3>. Acesso em: 28 out. 2013.

[17] Sistema IT Médico – A proteção elétrica que protege a vida. Disponível em:
www.g3h.com.br/it medico. Acesso em: 20 set. 2013.

[18] Juvenal. S. Langa Projecção de uma Fonte de Alimentação Ininterrupta „‟ No


Break EKSI ‟‟ Maputo 2010.

[19] Sistema IT Médico – Produtos Médicos. Disponível em:


http://catalogohospitalar.com.br/construcao-hospitalar/eletrica.html. Acesso em 20 de
Set 2013.

[20] COUTINHO, Alberto. Papel da Energia em Hospitais. ELETEL 2002. Disponível


em: www.g3h.com.br/materia_energia. Acesso em: 03 out. 2013.

[21] CELPA – Centrais Elétricas do Pará - NTD 02 - Normas Técnicas de


Distribuição - – Fornecimento de energia elétrica em tensão primária de distribuição.
Agosto 2010 revisão 02 -

[22] Euro-diesel - Funcionamento e Descrição do Sistema No-break. Disponível em:


http://www.eurodieselbrasil.com.br/portugues/no-break-ks5>. Acesso em: 10 nov.
2013.

[23] PEREIRA, José Cláudio. Chave de Transferência Automática. Disponível em:


http://www.joseclaudio.eng.br. Acesso em: 27 set. 2013.

[24] Seccionamento Automático – Chave de Transferência Automática. Disponível


em: http://www.cat.com/chavedetransferênciaautomática .acesso 2013

[25] ALMEDE.Ashfaq. Eletrônica de Potência. 8ª Edição. Editora Pearson Educação


São Paulo 2000.

[26] Segurança no Ambiente Hospitalar. Disponível em:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaçoes/seguranca_hosp.pdf. Acesso em: 27 Out.
2013.

[27] Missões Críticas. – Suprimento de Energia para Cargas Críticas Disponivel em:
http://www.selinc.com.br/missoes_criticas.aspx. Acesso em 18 out 2013.

[28] MENEZES, F.F.S. Qualidade de Energia – Comparação das Normas IEC


61000-3-2 e IEEE 519. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Engenharia
Elétrica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

[29] NR – Norma Regulamentadora. NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em


Estabelecimentos de Saúde. 2005

[30] GUIA DO ELETRICISTA. A ajuda teórica e prática para o Instalador Eletricista.


Siemens. Disponível em: www.siemens.com.br. Acesso em: 28 Nov 2013.

Você também pode gostar