Você está na página 1de 15

Módulo de História

TAP – IV

PROFESSOR: NILTON RIBEIRO


Blog - Segundos Livres: http://segundosssa.blogspot.com/

Home: facebook.com/niltonproblematico

APLICATIVO: app.vc/profe_nilton

Sumário
AS INVESTIGAÇÕES SOBRE A ORIGEM DO HOMEM............................................2
ESTUDO SUGERE NOVO ROSTO PARA LUZIA E DESMONTA TEORIA DA
MIGRAÇÃO...................................................................................................................4
CIVILIZAÇÕES AFRICANAS DA ANTIGUIDADE......................................................6
CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANOS........................................................................8
Os Povos indígenas do Brasil – passado e presente...........................................10
A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses........................10
Rituais.....................................................................................................................11
Religião...................................................................................................................11
Características dos grupos indígenas................................................................11
Curiosidades............................................................................................................12
Legislação................................................................................................................13
Hoje – Lutas e desafios........................................................................................13

AS INVESTIGAÇÕES SOBRE A ORIGEM DO HOMEM

A questão sobre a origem do Homem, isto é, do gênero humano, talvez só perca


para a questão da origem da vida no que se refere aos debates científicos e
filosóficos a esse respeito. Cada ciência envolvida nas investigações sobre a origem
do Homem tem seus métodos próprios, mas cada uma delas se serve dos
resultados das demais. O que pode ser dito, de maneira geral, é que todas essas
disciplinas (paleontologia, arqueologia, teoria evolucionista, história etc.) lidam
com evidências empíricas escassas (isto é, fósseis, instrumentos rudimentares
de madeira, ossos, pedras e metais) sobre as quais desenvolvem os seus
métodos e extraem as suas hipóteses.

Paleontologia e evolucionismo
Desde meados do século XVIII, com o desenvolvimento da História Natural e
outras disciplinas correlatas que deram origem à biologia moderna, as especulações
sobre a origem da humanidade começaram a receber um tratamento científico, isto
é, metódico. Todavia, foi no século XIX que as pesquisas destinadas a esse campo
de estudos solidificaram-se. Associadas às pesquisas de paleontólogos,
arqueólogos, etnólogos e historiadores do século XIX, algumas teorias a respeito da
evolução biológica do Homem tornaram-se célebres. Aquela que se mostrou mais
pertinente, ainda que gere discussões até os nossos dias, é a teoria da evolução
das espécies de Charles Darwin. 
Junto à teoria da evolução, muitos cientistas ao longo de décadas de pesquisas
começaram a estabelecer as características do padrão evolutivo do ser humano,
desde os primeiros hominídeos até o Homo sapiens. Entre as características
observadas, destacam-se: o bipedalismo, a capacidade de manipulação de
objetos como as mãos (em virtude do polegar opositor) e
a grande massa encefálica.

Entre o aparecimento dos primeiros hominídeos e o aparecimento do Homo


sapiens, há o espaço de sete milhões de anos. Nesse intervalo de tempo, houve
dois segmentos (ou gêneros) principais de hominídeos, o Australopithecos e
o Homo, como segue na lista a seguir, que está em ordem cronológica de
aparecimento:
Australopithecus anamensi
Australopithecus afarensis
Australopithecus aethiopicus
Australopithecus boisei
Australopithecus robustos
Australopithecus africanus
Homo rudolfensis
Homo habilis
Homo ergaster
Homo erectus
Homo neanderthalesis
Homo heidelbergensis
Homo sapiens

Um dos fósseis de hominídeos mais completos já encontrados é o de “Lucy”, uma


representante dos Australopithecus afarensis encontrada em 1974, na Etiópia, no
deserto de Afar. Esse fóssil possui cerca de 3,2 milhões de anos.
ESTUDO SUGERE NOVO ROSTO PARA LUZIA E DESMONTA TEORIA DA
MIGRAÇÃO

Um estudo realizado a partir de DNA fóssil com amostras dos esqueletos mais
antigos já encontrados nas Américas confirmou a existência de um único grupo
ancestral que deu origem a todas as etnias no continente. O resultado é importante
porque altera a visão dos cientistas sobre diversos aspectos, inclusive de como seria
o rosto de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no continente.

Antes do novo estudo, acreditava-se que o povoamento das Américas teria se dado
por duas levas migratórias vindas do nordeste da Ásia. Isso teria dividido a
população da época em uma com traços africanos e australianos e outra — os
ameríndios — com fisionomia semelhante aos indígenas atuais.

O novo estudo, publicado na revista Cell, foi desenvolvido por 72 pesquisadores de


oito países. Eles encontraram dados arqueológicos que mostram que todas as
populações americanas, na verdade, descendem de um único povo que chegou ao
continente pelo estreito de Bering, há cerca de 20 mil anos. Resquícios dessa
mesma sociedade foram encontrados na Sibéria e no norte da China.

André Menezes Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, que


coordenou a parte brasileira do estudo, explica que o novo estudo contou com
técnicas de arqueogenética que antes eram inacessíveis para os arqueólogos.

“Ela abre um mundo de possibilidades analíticas, não só de relações de


ancestralidade, miscigenação, determinação de sexo, estabelecer relações de
parentesco, investigar o fenótipo, investigar doenças, investigar o metagenoma, é
uma infinidade de tipos de estudo e informações que a gente passa a poder tirar”,
disse Strauss.
Os dados genéticos mostram que o povo da mulher tem forte conexão com a cultura
Clóvis, uma linhagem de humanos que fez o trajeto norte-sul há cerca de 16 mil
anos. Até o momento, os arqueólogos não tinham conhecimento de que esse grupo
teria chegado até a região de Minas Gerais. O que se sabe sobre eles é que, por
algum motivo ainda desconhecido, essa população não teria perdurado por muito
tempo.

“A partir de cerca de 9 mil anos atrás ela desaparece, sendo substituída pelos
ancestrais diretos dos grupos indígenas que habitavam o Brasil durante o período
colonial”, indica o estudo sobre esse povo. O primeiro rosto de Luzia foi feito na
década de 1990 pelo especialista britânico Richard Neave, tendo como base a teoria
do professor Walter Neves, da USP. Segundo ela, o povo ao qual a mulher pertencia
teria chegado à América antes dos ancestrais dos indígenas atuais.

O crânio de Luzia foi encontrado entre os destroços do Museu Nacional, no Rio de


Janeiro, que teve 90% de seu acervo destruído depois de ser atingido por um
incêndio no início de setembro. Ele foi encontrado fragmentado um mês e meio
depois da tragédia. Strauss informou que deve ser extraído DNA dos fragmentos do
crânio de Luzia, recuperados do incêndio, a partir da liberação do material pela
curadoria do Museu Nacional.

Diferenças migratórias

Segundo os cientistas, os descendentes da corrente migratória ancestral se


diversificaram em duas linhagens há cerca de 16 mil anos. Uma delas foi a
responsável por povoar a América do Sul em três levas distintas. A primeira leva
ocorreu entre 15 mil e 11 mil anos atrás, e a segunda se deu há, no máximo, 9 mil
anos. O estudo aponta a presença de DNA fóssil das duas migrações em todo o
continente sul-americano. A terceira leva é mais recente – cerca de 4,2 mil anos – e
se fixou de forma concentrada nos Andes centrais.
CIVILIZAÇÕES AFRICANAS DA ANTIGUIDADE

A Civilização Egípcia, que se desenvolveu ao longo do delta do Rio Nilo, durou


quase três milênios, a partir da unificação política por Menés. O Egito não foi apenas
uma dádiva do Nilo, mas uma criação do ser humano e de estratégias de dominar o
meio ambiente, a aridez do solo e as dificuldades impostas.

Foi o primeiro estado africano a fazer uso da escrita, construiu um complexo sistema
de irrigação, de administração pública, contábil e política, por meio dos faraós, como
forma de gerir a disponibilidade de recursos, organizar os trabalhos e minimizar a
vulnerabilidade às cheias e secas do Rio Nilo. Para sobreviver e se desenvolver
naquela região, foi preciso organizar-se.

Localizada ao sul do Egito e no norte do Sudão, região estratégica e elo entre a


África Central (subsaariana) e o Mediterrâneo (norte da África e oriente próximo), a
Civilização Núbia surgiu por volta de 4.000 a.C, em meio ao Deserto do Saara e,
assim como o Egito, é uma ‘‘dádiva do Nilo’’, bem como do trabalho de construção
de diques e canais de irrigação destes povos para evitar inundações durante as
cheias e garantir boas colheitas.

Por volta de 2.000 a.C, houve a unificação das comunidades núbias sob o poder de
um rei; surgiu então o Reino de Kush (Cuxe), um dos primeiros reinos negros
africanos. O ouro de Kush enriqueceu o Egito e, ao se expandir, os kushitas
passaram a ser uma ameaça ao vizinho do Norte. Por isso, os egípcios ocuparam
Kush, por volta de 1.500 a.C. Este foi o período da egipcianização da Núbia: adotou-
se a religião, o culto às divindades egípcias, os costumes funerários, a construção
de pirâmides. Em Napata e Méroe, cidades kushitas, foram erguidas numerosas
pirâmides. Os meroítas construíram mais pirâmides do que os faraós egípcios; até o
presente já foram contabilizadas mais de 230 pirâmides nos arredores de Méroe,
100 a mais do que no Egito. Por isso, os núbios são conhecidos como ‘‘Faraós
Negros’’.

Seguindo a nossa linha do tempo da antiguidade em África, sairemos um pouco da


região do Saara, com destino à parte oriental do continente, região do ‘‘Chifre da
África’’, para o Império de Axum, que deu origem ao Império Etíope (Etiópia e
Eritreia). O Império Axumita foi considerado um dos quatro grandes impérios do
final da Antiguidade (séculos I-VI d.C.), ao lado de Roma, Pérsia e China.

No século X a.C., de acordo com a mitologia etíope contida no livro Kebra Negast,
acredita-se que nesta região viveu a Rainha de Sabá (Makeda). Acredita-se também
que a família imperial da Etiópia, bem como os imperadores de Axum, têm sua
origem a partir de Menelik I, filho da Rainha de Sabá e do rei Salomão. Esta dinastia
governou o país durante aproximadamente três mil anos, terminando apenas em
1974, com o Imperador Haile Selassie, o que demonstra a origem milenar da Etiópia.

A partir do século I da Era Cristão, teve início a expansão de Axum pelo norte da
Etiópia, parte da Pérsia, sul da península arábica (Iêmen) e, no século IV, a
conquista de Meroé, capitão do Reino de Kush (Sudão). Deste modo, construiu-se
um império, que abarcava ricas terras cultiváveis do norte da Etiópia, do Sudão e da
Arábia meridional.

Nos séculos VII e VIII, o reino se enfraqueceu enquanto os árabes muçulmanos


emergiam. O império de Axum e, posteriormente, o império etíope deixou uma
diversidade de riquezas para a posteridade, a exemplo da língua ainda falada na
região (ge’ez), a igreja etíope com suas tradições, a história milenar que remonta à
Rainha de Sabá e o patrimônio arquitetônico.

Para finalizar o nosso passeio pela antiguidade no continente africano, aportamos no


Império Cartaginês, no Mar Mediterrâneo. A cidade-estado de Cartago localizava-se
no norte da África, próximo de onde hoje é a cidade de Túnis, capital da Tunísia. Foi
fundada pelos fenícios no século IX a.C e, com o tempo, passou a exercer controle
político sobre boa parte do Mediterrâneo, controlando as rotas marítimas deste mar
por mais de seiscentos anos.

No entanto, a prosperidade de Cartago fez com que a cidade-estado entrasse em


choque com outra superpotência, Roma. As lutas entre cartagineses e romanos
ficaram conhecidas como Guerras Púnicas. Ao final da Terceira Guerra Púnica,
Cartago foi incendiada, dizimada e o seu chão foi salgado, para que nada nele
crescesse. Era o ano de 146 a.C quando chegou ao fim o Império e a hegemonia de
Cartago na região.
CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANOS

Com a descoberta da América os colonizadores europeus foram lançados a essa


realidade do imaginário atrelado aos conceitos e valores que não representavam a
real condição dos povos pré colombianos. E, num misto de admiração e repúdio, no
final do século XV , justamente com a chegada dos espanhóis ao continente, três
grandes civilizações eram descobertas: Incas, Maias e Astecas. E todas essas
comunidades eram grandes e independentes o suficiente como qualquer outro
centro urbano da Europa.

Povos Pré-colombianos:

Os Incas

Na primeira parte do nosso resumo sobre os povos pré colombianos estão os Incas.
A língua falada entre eles era o quéchua, que era dito em centenas de dialetos. Os
povos que eram conquistados pelos Incas poderiam ter a sua forma de falar, desde
que o idioma principal fosse o quéchua. Sua escrita não foi desenvolvida, todavia
criaram um complexo de nós em cordas para números. Somente pessoas altamente
capacitadas e treinadas conseguiam decifrar essas contagens, que até os dias
atuais ainda não foram bem traduzidas. Os Incas foram estimados em cerca de 12
milhões de pessoas num sistema extremamente parado, sem perspectivas ou
acensão social. Os pobres permaneceriam pobres, assim como as demais classes.
O regime era feito através de um Imperador frio e sanguinário, que impunha severas
punições aqueles que não seguissem as suas leis. Os Incas possuíam um alto
conhecimento astronômico e aplicavam seus conhecimentos de física e geometria
em praticamente todas as suas construções, mesmo que a base dessas construções
fosse feitas de pedras, como era o costume.

Os Maias

Avançamos no nosso resumo sobre os povos pré-colombianos falando dos Maias.


Ao contrário os Incas, os Maias não possuíam idioma próprio e misturavam vários
dialetos que, apesar de semelhantes, tinhas suas variações de entendimento. As
construções de seus templos místicos e palácios traziam em suas paredes
inscrições em hieróglifos. Nessas inscrições haviam os registros de guerras, dinastia
e outras composições históricas de seu povo. Sua população era estimada em 4
milhões de pessoas, distribuídas entre cabanas de madeira e construções de pedras
(apenas em palácios, repartições públicas ou alta sociedade Maia). E, ao contrário
da paz em que pesquisadores achavam que vivia a civilização Maia, as guerras
entre cidades eram quase constantes.

Os Maias possuíam armas um pouco arcaicas e com concepções primitivas, casos


de arco e flecha com veneno na ponta, lanças, escudos de madeira etc. E também
faziam o uso de pedras pontiagudas que eram arremessadas com suas mãos. Para
isso alguns homens eram treinados com objetivos de mira e força. Nas áreas da
ciência e tecnologia podemos citar que os Maias tinham belíssimos entendimentos
astronômicos e, através de cálculos matemáticos desenvolveram grande capacidade
de entendimento para suas posteriores construções. Compreendiam que a base
numérica partiria de um denominador zero e, através dele, criaram o seu calendário,
composto por 260 dias que eram determinados pela complexa movimentação dos
astros.

Os Astecas

Nosso resumo sobre os povos pré-colombianos termina falando dos Astecas, que
eram compostos por cerca de 6 milhões de pessoas. Seu idioma era o nahuati, que
era uma compilação de vários idiomas indígenas. Também eram chamados de
“Lago da Lua” (mexica). Sua forma de escrever era no mínimo inusitada: usavam
pictógrafos, que eram sinais em forma de serpentes, seres humanos e demais
figuras da natureza, o que formavam suas variadas formas de escrita. Alguns
arremetiam a sons de sílabas. Outros simbolizavam ideias.

O que hoje é conhecida como a Cidade do México na época dos Astecas era
chamada de Tenochtitlan e era a maior cidade das antigas civilizações das
Américas. As cabanas eram feitas de lama seca e madeira e seus templos eram
construídos de forma a que ficassem alinhados com os astros.

Seu império era administrado por militares, burocratas e sacerdotes. A classe menos
favorecida era composta por escravos e serviçais. Para construir ascensão social o
povo Asteca tinha que demonstrar grande bravura nas guerras e lutas. Os
camponeses eram convocados para participarem das lutas e orientados a não
matarem seus inimigos, que seriam feitos de prisioneiros e, posteriormente, usados
em sacrifícios. Seu calendário do ano solar era preciso e composto por 365 dias.
Seu número base de contagem era o 20. Suas construções eram impecáveis.
Tenochtitlan, por exemplo, foi erguida sob solo pantanoso, irregular, devidamente
preparada e drenada. Ali os Astecas levantaram mais de 100 torres e pirâmides.
Os Povos indígenas do Brasil – passado e presente

Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia


aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro,
esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente.

Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco


linguístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias
(região do Planalto Central), aruaques ou aruak (Amazônia) e caraíbas ou karib
(Amazônia).

Atualmente, calcula-se que apenas 800 mil índios ocupam o território brasileiro,
principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São
cerca de 305 etnias indígenas e 274 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais
como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com
que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.

A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses

O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para
ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos
completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época,
graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares
Cabral) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.

Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da


agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente
mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a
técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o
plantio).

Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do


mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é
relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com
uma galinha.

As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e


religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras,
casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças
contra um inimigo comum.

Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar


que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para
a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas
habitações (oca). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros
objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e
utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas
ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer
pinturas no corpo.

Rituais

Algumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o
litoral da região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam
que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria,
valentia e conhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas
fracas ou covardes.

Religião

Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém,


todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos
antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O
pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo.
Algumas tribos colocavam os corpos dos índios em grandes vasos de cerâmica,
onde além do cadáver ficavam os seus objetos pessoais. Isto demonstra que estas
tribos acreditavam na vida após a morte.

Características dos grupos indígenas

Tupi: Os grupos indígenas de língua tupi eram as tribos tamoio, guarani, tupiniquim,
tabajara etc. Todas essas tribos se encontravam na parte litorânea brasileira, foram
os primeiros índios a ter contato com os portugueses que aqui chegaram.

Essas tribos eram especialistas em caça, eram ótimos pescadores, além de


desenvolver bem a coleta de frutos.

Macro-jê: Raramente eram encontrados no litoral, com exceção de algumas tribos


na serra do mar, eles eram encontrados principalmente no planalto central, neste
contexto destacavam-se as tribos ou grupos: timbira, aimoré, goitacaz, carijó, carajá,
bororó e botocudo.

Esses grupos indígenas viviam nas proximidades das nascentes de córregos e rios,
viviam basicamente da coleta de frutos e raízes e da caça. Esses grupos só vieram
ter contato com os brancos no século XVII, quando os colonizadores adentraram no
interior do país.

Karib: Grupos indígenas que habitavam a região onde hoje compreende os estados


do Amapá e Roraima, chamada também de baixo amazonas, as principais tribos são
os atroari e vaimiri, esses eram muito agressivos e antropofágicos, isso significa que
quando os índios derrotavam seus inimigos, eles os comiam acreditando que com
isso poderiam absorver as qualidades daqueles que foram derrotados. O contato
dessas tribos com os brancos ocorreu no século XVII, com as missões religiosas e a
dispersão do exército pelo território.

Aruak: Suas principais tribos eram aruã, pareci, cunibó, guaná e terena, estavam
situados em algumas regiões da Amazônia e na ilha de Marajó, a principal atividade
era os artesanatos cerâmicos.

Curiosidades

De acordo com suas necessidades de sobrevivência, os índios produziam material


de preparo alimentício, caça, pesca, vestimenta, realizavam festas culturais e
comemorativas, construíam abrigo e transporte com materiais tirados da natureza,
sem prejudicá-la.

Os índios produziam vários artesanatos, como:

 Flecha e arco para caça e pesca


 Ralo para ralar mandioca
 Tipiti para espremer a massa da mandioca
 Balaios e Urutus para guardar a massa, farinha, tapioca, beiju, frutas entre
outros
 Peneira para peneirar a massa seca para fazer farinha e beiju, tapioca ou
curadá
 Cumatá especial para tirar goma de massa
 Abano para virar e tirar o beiju do forno feito de argila
 Bancos
 Pilão para moer a carne cozida, peixe moqueado, pimenta e outros sempre
torrados
 Pulseiras
 Anéis de caroço de tucumã
 Cesto e Peneira de cipó para carregar e guardar mantimento
 Zarabatana para caça especial de aves
 Japurutu, Cariçu e Flauta, instrumentos musicais entre outros cada um com
seu específico som harmonioso
 Cerâmicas para fazer pratos, panelas, botija de cerâmica para fabricação de
bebidas alcoólicas especiais e outros ornamentos para momentos de festas.

Legislação

A Constituição Federal promulgada em 1988 é a primeira a trazer um capítulo sobre


os povos indígenas. Reconhece os "direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam". Eles não são proprietários dessas terras que pertencem à
União, mas têm garantido o usufruto das riquezas do solo e dos rios.

A diversidade étnica é reconhecida, bem como a necessidade de respeitá-la. É


revogada a disposição do Código Civil que considerava o índio um indivíduo
incapaz, que precisava da proteção do Estado até se integrar ao modo de vida do
restante da sociedade.

Hoje – Lutas e desafios


Há cerca de 305 povos indígenas no Brasil, totalizando aproximadamente 900.000
pessoas, ou 0,4% da população do país.

O governo reconhece 690 territórios indígenas, que abrangem mais de 13% do


território brasileiro. Quase todas estas terras se encontram na Amazônia.

Mas, apesar de grande parte dos indígenas brasileiros viver fora da Amazônia, eles
ocupam somente 1,5% da área total do restante do país.

Os primeiros povos a serem contatados pelos colonizadores europeus quando


desembarcaram no Brasil em 1500 foram os que vivem na região sul da Mata
Atlântica, como os Guarani e os Kaingang, e no interior e litoral do Nordeste, como
os Pataxó Ha Ha Hãe e os Tupinambá.

Apesar de centenas de anos de contato com a sociedade não indígena e


enfrentando o roubo e a invasão de suas terras, a maioria dos povos indígenas
lutaram e têm lutado para manter sua língua e seus costumes.
O povo mais numeroso hoje é o Guarani, com uma população de 85.000 pessoas,
mas hoje eles têm pouquíssima terra. Durante os últimos 100 anos, uma enorme
parte de suas terras foi roubada e transformada em vastas áreas de pasto e de
plantação de soja e cana-de-açúcar. Muitas comunidades estão morando em
reservas superlotadas e outras vivem sob lonas na beira das estradas.

O povo indígena com o maior território é o Yanomami, que vive relativamente


isolado com uma população de quase 27.000 no Brasil e ocupa 9,4 milhões de
hectares no norte da Amazônia.

O maior povo amazônico no Brasil é o Tikuna, que soma 53.000 pessoas. O menor
é composto por apenas um homem, que vive em um pequeno pedaço de floresta
cercado por fazendas de gado e plantações de soja na Amazônia ocidental, e recusa
todas as tentativas de contato.

Muitos povos amazônicos somam menos de 1.000 indígenas. O povo Akuntsu, por
exemplo, agora é composto por apenas três pessoas, e os Awá por 450.

“…será que permitiremos ser destruídos sem lutar, entregar nossos lares, nosso
país que nos foi dado pelo Grande Espírito, as covas dos nossos mortos e tudo que
para nós é caro e sagrado? Eu sei que vocês gritarão comigo, ‘Nunca! Nunca!’”
(Dee Brown, líder da tribo Shawnee, EUA,1812)

Foi no mês de abril, há 519 anos, que os portugueses chegaram. Não em viagem de
férias, como costumam fazer atualmente. Procuravam novas terras para explorar,
aumentar as riquezas e o poderio das cortes europeias.

A terra encontrada tinha dono, milhões de indígenas que habitavam aqui havia
milênios. Gente dócil, simpática, ingênua, que acreditava serem aqueles estranhos
enviados dos deuses. Deles, falou Pero Vaz de Caminha na sua carta ao rei: “…
criaturas de cor parda, gente boa e de boa simplicidade…”.

Nas três primeiras décadas, a relação continuou amistosa. Os índios até


colaboraram com a retirada do pau-brasil e não conseguiam entender para que os
estrangeiros queriam tanta madeira. Mas, a partir de 1530, quando decidem
colonizar o país, ocupar o litoral, os “amigos” viram completamente a casaca e
transformam os nativos em mão de obra escrava.

Na verdade, para os invasores, os indígenas não passavam de raça inferior (ainda


hoje os europeus assim consideram os povos da América Latina, da Ásia, da África),
que devia ser dominada em nome do “progresso”, da “civilização”, e para disseminar
a religião e os costumes europeus, usando “o nome de Deus em vão”, tornando
perpétua a crucificação de Cristo, cuja mensagem propugnava que todas as
pessoas são iguais.

Os portugueses classificaram os indígenas brasileiros em dois grandes troncos: os


tupis, que viviam no litoral, e os tapuias, que habitavam o interior, os sertões. A
ocupação começou pelo litoral, onde implantaram a monocultura da cana de açúcar,
e depois foram conquistando o interior – primeiro, em vista da extração de minérios,
em seguida, para o desenvolvimento da pecuária.

Os indígenas resistiram. A correlação de forças era, claro, desfavorável. De início,


levavam vantagem pelo conhecimento do terreno e adoção de táticas de guerrilha.
Mas os invasores conseguiram cooptar alguns nativos, aproveitando as diferenças
entre tribos, suas contradições, e foram aprendendo essas táticas e as
aperfeiçoando, como fizeram os sanguinários “bandeirantes”. É claro que não havia
unidade entre as diversas tribos, que até lutavam entre si por ocupação de espaços.
Mas era uma luta entre iguais, sem nada a ver com o extermínio praticado pelos
invasores, como quer fazer crer um gaiato que lançou um tal “Guia politicamente
incorreto da História do Brasil” (Leandro Narloch, Cia. das Letras). Incorreto mesmo,
mas não se brinca com coisa séria; ele, de fato, está servindo às classes
dominantes e prestando um desserviço à verdade histórica.

Os povos indígenas foram vitimados por três tipos de violência: militar (ataques por
armas e propagação de epidemias); econômica (destruição do sistema comunitário e
escravização) e cultural(imposição da religião e dos costumes europeus).

Apesar da inferioridade militar, quando se uniram para enfrentar os colonizadores,


deram-lhe muito trabalho. Falaremos de alguns, entre tantos bravos combates
travados em defesa da terra, das casas, das covas, de tudo o que lhes era (e é)
mais caro e sagrado.

Você também pode gostar