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Estuános do rio T ejo e do rio Sado onde se situa a maior concentração de unidades fabris romanas de preparados piscícolas no atual território Português
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREEIROS

~.

Nota Prévia

Reabilitar os bairros históricos e as vilas operárias de Lisboa tornou-se um imperativo urgente


do município, a partir da década de oitenta, dado o elevado estado de degradação a que
chegou este inestimável património da cidade.

Atingida pelos mesmos fatores de degradação, agravados pelo encerramento de alguns


edifícios e estabelecimentos comerciais, a Baixa Pombalina conhece igualmente um processo
de requalificação do edificado e de melhoria do seu ambiente urbano.

Estas intervenções no património construído implicam muitas vezes remeximento do subsolo.


Nestes casos, são tomadas medidas tendentes à prévia salvaguarda e estudo dos vestígios
arqueológicos.

É num clima de gradual abertura entre diferentes instituições que a partir de 1990 o IPPC,
atual IPPAR passa também a desenvolver trabalhos arqueológicos de emergência na Baixa
Pombalina, dando assim resposta às crescentes solicitações, por parte de entidades públicas
e privadas, para a realização de obras de reabilitação e reconversão do interior de prédios
pombalinos, preservando-se, no entanto, a sua fachada.

É neste âmbito que se inserem os trabalhos arqueológicos iniciados em 1991 num conjunto
de edifícios adquiridos pelo Banco Comercial Português (BCP) para instalação da sucursal da
Rua Augusta. Realizaram-se três campanhas arqueológicas a última das quais fói concluída em
abril de 1995.

No decurso da intervenção arqueológica, rapidamente se constata a grande importância do


património arqueológico em presença, o seu bom estado de conservação e a viabilidade da
sua integração em cave. Assim nasce a ideia da criação de um núcleo arqueológico.
5
o tratamento museológico do núcleo passou pela montagem de infraestruturas várias, pela
conceção de uma sala de exposição permanente e elaboração de um catálogo e outros
instrumentos de informação.
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREEIROS

A presente exposição e respetivo catálogo é assim o resultado dos conhecimentos obtidos


à data atual, ainda sem se ter procedido ao estudo global do espólio arqueológico e sua
divulgação científica. É com esta ressalva que aceitámos fazer a primeira edição do presente
catálogo, em simultâneo com a apresentação pública do "Núcleo Arqueológico da Rua dos
Correeiros".

Na sala de exposição procura-se pôr em evidência as várias fases de ocupação da zona


baixa, através de uma proposta de "leitura" cronológica dos vestígios materiais, devidamente
enquadrados na evolução histórica da cidade, particularmente nos seus aspetos urbanístico,
económico e social.

Por se tratar de .uma zona urbana sistematicamente ocupada, registam-se, em média, 3,50
metros de aterros e de estruturas sobrepostas desde os pavimentos dos prédios pombalinos
até ao nível freático. Dado o bom estado de conservação e feliz disposição dos muros, a sala de
exposição é testemunho da sobreposição de estruturas de diferentes períodos (pré-Pombalino,
Medieval e Romano) de onde se removeram apenas os aterros arqueológicos.

As estruturas habitacionais, industriais e até arruamentos identificados neste núcleo estão por
norma "cortados" pelos alicerces da reconstrução pombalina, dificultando e limitando muitas
vezes a sua interpretação.

A opção de privilegiar a salvaguarda e valorização das estruturas ibero-púnicas e romanas em


detrimento dos períodos posteriores resulta do bom estado de conservação que apresentam
e da sua "coerência" arquitetónica, situação não observada nos restantes casos, salvo situações
pontuais devidamente referenciadas.

De um modo geral as peças expostas caracterizam-se pela sua simplicidade. Trata-se, na sua
grande maioria, de objetos de uso doméstico e de apoio às atividades industrial e piscatória
e que acabam por ilustrar a longa permanência destas atividades na zona baixa da cidade.

A designação de "Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros" para além de fazer referência
ao seu acesso, traz até nós a "memória" do sistema corporativo, com raiz medieval, de
6
agrupamento dos ofícios por ruas, e onde a vertente oficinal está a desaparecer na Baixa
Pombalina.
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o Tejo é o maior rio a desaguar na fachada atlântica


da Península Ibérica. Navegável em grande parte da
sua extensão, torna-se na melhor via de drenagem
económica de um vasto território até ao advento do
caminho-de-ferro no século XIX.

o estuário do Tejo e o seu regolfo são enquadrados a


norte por um conjunto de colinas calcárias e montes
vulcânicos atravessados por pequenas linhas de água e
a sul por margens baixas com as suas matas e barreiros.

É nesta situação geográfica privilegiada, associada


a clima ameno, fácil exploração de sal, costa rica e
variada em pescado - base da sua grande exportação
futura - que se vai estruturar um castro (topo da colina
do castelo de S. Jorge),aglomeração defensiva que passa
a receber a visita de povos mediterrânicos.
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREEIROS

No interior de um dos tanques


recolhe-se uma vasta
coleção de loiça

Áreas da cave
e da sala de exposição
na fase de obras
As intervenções arqueológicas ultimamente realizadas no núcleo histórico
de construção civil
e de reabilitação
de Lisboa permitem já vislumbrar a importância gradualmente adquirida pelo
povoado que se vai consolidando na colina do castelo até ao antigo esteiro
da Baixa, a partir do século VII a.c..
O resultado dos trabalhos arqueológicos iniciados em 1991 nos edifícios
adquiridos pelo BCP, é demonstrativo da importância e vocação industrial
e portuária atribuída à antiga zona ribeirinha na margem esquerda do braço
de rio que em épocas pré-históricas teria sido navegável em toda a sua extensão,
ou seja, por alturas do largo do Martim Moniz.

O comércio essencialmente da prata, mas também do ouro, cobre e estanho,


atrai os fenícios à Península Ibérica, a partir de inícios do século VIIIa.C .. Gadir
(Cádiz), fundada pelos fenícios, vai receber, através do rio Guadalquivir, a prata
extraída nas minas da atual província de Sevilha.

Por razões de estabilidade


dos edifícios pombalinos,
a escavação inicia-se apenas
em algumas salas
ou em áreas restritas

10

I I IDADE DO FERRO

Séc. VIII a.c. Séc. VII a. C.

Gadir (Cádiz) fundada Sinais do comércio vindo Desenvolve-se uma nova Intensifica-se o comércio
pelos fenícios do Mediterrâneo Oriental urbanização de infiuência marítimo vindo do
passam a ser registados no rio T ejo mediterrânica junto ao antigo Mediterrâneo Oriental
castro na colina do Castelo até às costas atlânticas
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREElROS

,.TlÂNTICO f ..
Áreas
de colonização

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ESTREITODEGIBRALTAR
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Roma

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Grega
Fenícia

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••••••• FENIClÀ Tiro


MAR MEDITERRÁNICO

•• # Naucratis
Zona de denrube
EGIPTO do fomo ibero-púnico

No século VII a.C, intensifica-se o comércio marítimo vindo do Mediterrâneo


Oriental até às costas atlânticas. O ouro das areias do Tejo, o acesso às regiões
estaníferas do interior e o controlo desta excelente via fluvial, motiva
a localização de povoados no curso inferior e no estuário do rio. No núcleo
histórico de Lisboa, na área do atual claustro da Sé, é identificada, em 1991, uma
lixeira que inclui materiais arqueológicos de raiz orientalizante, situação esta
comum ao longo da costa portuguesa e nos estuários dos grandes rios onde são
vários os povoados em que o espólio recolhido se filia culturalmente na área do
Fragmento de uma Mediterrâneo Oriental. No Tejo, destacam-se ainda os sítios da Quinta do
taça onde foi gravada,
Almaraz (Almada), de Alpiarça e da Alcáçova de Santarém.
com a pasta branda,
a silhueta de um barco
No século V a.C; a atividade comercial no Mediterrâneo passa a contar com
o importante papel desempenhado, durante o período púnico, de Cartago,
cidade de fundação fenícia.
É a partir deste momento que surgem cerâmicas importadas da Ática, região da
Grécia, para o nosso território. Gades deve ter continuado a desempenhar um
importante papel de redistribuição das cerâmicas áticas para as zonas atlânticas
nos atuais territórios da Andaluzia Ocidental e de Portugal.
É natural que então se tenha divulgado no nosso território a técnica de
preparados de peixe, indústria que contribui para a recuperação económica
de Gades a partir do século V. a.C ..
A ocupação ibero-púnica evidenciada no núcleo arqueológico, não
é suficientemente concludente para a associar a esta produção. No entanto,
o povoado já reúne todas as condições necessárias para a existência daquela
indústria.
o primeiro compartimento
bero-púnico escavado,
vendo-se ainda um dos muros
sob a camada de areia ~
assoreamento do local)

~
Suporte para apoio de ânfora.
com marca de oleiro dupla
representando a estilização de um equídio

II

PERíODO PÚNICO

Séc. Va.c. Séc. IV a.c.

Cartago passa a controlar Surgem no nosso território Construções ibero-púnicas


o comércio no Meditenrâneo cerâmicas importadas junto ao braço do rio
Ocidental e com as costas atlânticas da Ática, região da Grécia da atual Baixa Pombalina
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREEIROS

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A Casa dos Bicos
B, C R. dos Fanqueiros
D Mil/ennium bcp, R. Augusta
E Mandarim Chinês, R. Augusta
Necrópoles
Reconstituição hipotética F R. das Canastras
• G Praça da Figueira
_ do conjunto ibero-púnico H Área da R. dos Remédios, Alfama

As estruturas e os materiais aqui identificados, datáveis entre os séculos V e III


a.C, correspondem a um conjunto constituído por compartimentos de planta
retangular, definidos por um soco em pedra ligada por argila, no qual assentam as
paredes em estrutura de caniço, revestida a argila endurecida pela ação do fogo.
Os compartimentos apresentam uma zona de combustão, relativamente central,
estruturada com seixos rolados. O pavimento seria em argila.
Atendendo à sua localização na margem do esteiro e ao espólio aqui recolhido,
é plausível propor-se que esta pequena área urbana esteja de alguma forma
relacionada com a atividade portuária e comercial a que, em dado momento,
Fragmentos cerâmicos se associa a atividade oIeira, após o sacrifício de, pelo menos, uma das casas.
no interior do fomo
datáveis do Séc. IV - IIIa.C. As lutas que se vão travar entre Roma e Cartago pelo controle das rotas
e centros comerciais, leva à expulsão definitiva dos cartagineses da Península
Ibérica seguindo-se um longo período de ocupação da bacia mediterrânica pelos
exércitos romanos. Olissippo (Lisboa), assim se designava a cidade - aglomerado
por certo importante e com um porto ativo - foi ocupada em 138 a.c. por

. ~mporiae Décimo Júnio Bruto, governador da Hispânia Ulterior. O topónimo Olissippo


//
. Tarraco

Sagunto
do povoado pré-romano, com o seu sufixo IPO, de origem não
indo-europeia mas eventualmente tartéssica, sugere um importante
Obssippo • •• Augusta relacionamento económico com o sudoeste peninsular tanto por via
·'38a.C ~C",,··.\ 197 c
terrestre (como refere o escritor clássico Avieno), como por via marítima,
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nomeadamente com a região de Gades (atual Cádiz).


c:artt:go Nova
Gades

Início da II Guenra Púnica O comércio com o Meditenrâneo


com o desembarque de Cneio Comélio Cipião dá a conhecer novos produtos e técnicas
em 218 a.C, em Emporion. que se conjugam com conhecimentos locais
Os cartagineses são denrotados (pote fabricado no fomo ibero-púnico)
no sudeste da Península Ibérica
e inicia-se a conquista romana do tenritório

12

PERíODO ROMANO

Séc. IIIa.c. Séc. II a.c. 138 a.c.


Guenras Púnicas entre Roma Ocupação de Olissippo (Lisboa)
e Cartago na Costa Oriental pelo exército romano comandado
da Península Ibérica por Décimo Júnio Bruto
NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREEIROS

As estruturas desativadas
~ I Mosaico da 2." metade do séc. 11I junto à saída da cidade
~ J Criptopórtico, R. da Prata são reutilizadas em alguns
K Hipódromo romano casos como necrópoles
@ L Teatro romano
'I M Rua romana do Claustro da Sé
<) N Termas dos Cassios
'#Jt O Templo de Cibe/e
E:f' P Cais romana da R. das Canastras
~ Q Dreno
'><Q<' Esquema viário romano (seg. Vasco Mantas)

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Olissippo rece~c;ognome de Felicitas lulia e foi municipium civium Romanorum
categoria jurídico-administrativa com tanto prestígio quanto o de colónia o que
vem mais uma vez testemunhar a sua importância administrativa e económica
e o grau de romanização já atingido, resultado dos intensos contactos comerciais
anteriores à ocupação militar.
O período de renovação urbanística, encetada pelo imperador Augusto
Pré-existências do urbanismo e continuada posteriormente, apetrecha a cidade com vários equipamentos
romano na zona do antigo
emblemáticos dos quais foram já identificados o teatro, as termas dos Cassios,
esteiro da Baixa
o templo de Cibele, o criptopórtico da Rua da Prata e, em inícios de 1995,
o circo.
Da fase de conquista e consolidação do domínio romano no nosso território,
(2" metade do século II a.c. até à primeira metade do século I d.C.),
é identificado, no atual núcleo, parte de uma necrópole onde coexistem
Planta de os rituais de inumação e de cremação .
.rma estrutura
No prolongamento da necrópole para Sul, junto à via, destaca-se a presença
:::e combustão
de umas inéditas "estruturas de combustão" delimitadas por ânforas vinárias
organizada
com ânforas Haltern 70, cortadas deliberadamente ao nível do bojo.
ze oeradarnente
cortadas Nas duas vezes em que se regista uma certa retração no perímetro urbano,
é este local usado como necrópole. A primeira é na sequência de um movimento
de transgressão do rio a partir do século III a.C, que proporciona a acumulação
de, pelo menos, um metro de areia sobre as abandonadas instalações
ibero-púnicas. Este novo contexto é utilizado como necrópole e num segundo
momento esta zona ribeirinha é escolhida para a gradual instalação de unidades
fabris de preparados piscícolas.

Um dos entenramentos é efetuado


na areia que se depositou durante
cerca de dois a três séculos
sobre as estruturas ibero-púnicas
após o seu abandono
13

Séc. I a.e. Séc. I d.e.

Olissippo recebe a categoria Jurídico-administrativa Início do período de renovação urbanística


de municipium civium Romonorum testemunho da cidade a partir de Augusto - forum,
da sua importância administrativa e económica teatro, termas, templos, circo, novos
bairros residenciais
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NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORRCLlRO

Fóbricas de conserva de peixe As estruturasdesativadas ',)


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A Casa dos Bicos
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NÚCLEO ARQUEOLÓGICO DA RUA DOS CORREEIROS/

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À esquerda "leitura"
do atenro que se sobrepõe
aos tanques e pátios
romanos a partir do
nível do pavimento
da loja que aqui existiu

Reconstituíção hipotética
do complexo industrial,
banhos e via romana

Após o encerramento destes estabelecimentos, por finais do século V,


o local é novamente usado como espaço de enterramento, pelo menos de forma
esporádica. Trata-se de uma zona junto a uma das vias de saída da cidade,
espaços estes escolhidos para a localização das necrópoles
romanas em meio urbano.
Esta segunda fase de enterramento está testemunhada pela inumação presente
entre dois tanques de salga (cetárias). Enterramento modesto, apresentava uma
simples cobertura em telha.
Sob o domínio romano, a atividade conserveira de tradição mediterrânica
desenvolve-se no Norte de África e na Península Ibérica, com a instalação
de grande número de centros fabris.
Ponmenor de dois tanques,
conredor e pátio com vestígios O estuário do Tejo, a par do estuário do Sado, são os mais importantes centros
da porta de acesso de produção conserveira no período romano, no atual território português.
As costas alentejana e algarvia deram um contributo mais modesto à produção
e comércio a longa distância.
A partir do primeiro quartel do século I d.e., inicia-se a instalação de núcleos de
Locais onde foram preparados piscícolas desde a margem direita do rio Tejo de que se encontraram
registadas ânforas Lusitanas vestígios na Casa dos Bicos, até ao longo da margem esquerda do Esteiro.
Aqui assinalam-se mais cinco núcleos de cetárias nas Ruas dos Fanqueiros,
• A. T reverorum
(Trier) Correiros e Augusta. A área industrial e portuária forma, assim, um arco
OCEANO ATLÁNTlCO

envolvendo, a Sul/Sudoeste, a área residencial, administrativa, religiosa e lúdica,


numa extensão já identificada de cerca de 500 metros o que permite avaliar da
OliSSlppo Marcnia
(Marselha) R0'1l" real extensão e importância que esta atividade económica teria na vida da cidade
• (Lisboa)
Óstia
e no seu quotidiano através de outras atividades complementares: pesca;
exploração de sal; construção naval e de apetrechos vários; olarias; exploração
-Cartagc

de barreiros, madeiras, resinas e outros.


MAR MEDITERRÂNICO
Em Cacilhas, na Outra Banda, estão identificados dois núcleos de cetárias
e vestígios de um outro no Porto Brandão. Em Cascais, foi identificado em 1992
mais um núcleo junto ao castelo medieval da vila.

14

Séc. 11

Início da instalação de centros Os fomos de fabrico de ânforas


industriais de conserva de peixe da Ganrocheira (Benavente)
no estuário do T ejo e Porto dos Cacos (Alcochete)
estão em plena laboração
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Levantamento do teatro

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romano de Olissippo
Segundo T Hausduld

RUA DE 5 MAMEDE
I-':~~,--
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,, ,,
~,o complexo fabril da Rua dos Correeiros. a área da cave corresponde
// aJ setor in~ustrial onde o peixe é cortado e salgado nos tanques. Estas unidades
produzem igualmente outros preparados altamente apreciados. tais como molhos
de peixe - gorum. Iiquomen. murio e hol/ec - usados como condimento. Na sua
I , confeção entram restos de peixe. sangue. ovas, mariscos. ostras e outros
Ib- I
I moluscos. tudo macerado em sal. de mistura com especiarias e ervas aromáticas.
A mistura é entretanto aquecida para acelerar o processo de decomposição.
O complexo fabril é construído numa praia fluvial e sobrepõe-se aos vestígios
de uma primeira ocupação ibero-púnica e parte da necrópole romana.
Dispõe-se em socalco para vencer o declive até ao braço de rio. É constituído por
quatro núcleos de tanques. perfazendo um total de vinte e cinco unidades. com
acesso através de cinco pátios. Subsiste um poço romano de planta circular. na
área ibero-púnica. alimentado pelo nível freático. Não se tem uma visão completa
do complexo fabril já que este se prolonga sob a Rua Augusta e o lado norte
do quarteirão.
O período de laboração dos centros de preparados piscícolas é particularmente
longo nos estuários do Tejo e do Sado (século I a V). como é o caso deste
complexo industrial. Verificam-se. assim. momentos de decadência. seguidos
Loiça usada na
de surtos de expansão (como aconteceu no século IV) e até alterações ao nível
:reparação de molhos
de peixe do gosto e da procura. Estes movimentos flutuantes de mercado promovem
reestruturações. restauros. adaptações e até abandono de certas áreas fabris
- fases estas que deixam "marcas" nas estruturas fabris e de serviços.

TERMAS ROMANAS OEoicAoAS A ESCULÂPIO


NAS I!.UAS DA 'RATA [ 001 ·FltTROnUI.OS. [104 LISBOA
nCALA 1:.0.
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uW-.fI •• 1I#

Planta do criptopórtico
(conhecido por Termas Romanas
da Rua da Prata) reconstituída por .-I~:;;r..;-,.,';~
Augusto Vieira da Silva i: :",.~:t"+=N_.JeI-
z-·=tZü~.~=Ifr-
a partir de plantas anteriores -c:s:~i;=.Ii!Z:-cr.i:rti.
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(1934)
IS

Séc 111 SéclV

Crise na indústria conserveira Grande atividade exportadora


e reestruturação deste setor dos centros industriais de conserva
nos vales do Tejo e do Sado

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