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ROTA FORTIFICAÇÕES MARÍTIMAS DE CASCAIS

  

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Ao longo dos séculos foram erigidas na costa circundante da embocadura do Rio Tejo
diversas estruturas militares para defesa do litoral, de forma a dissuadir o
desembarque de tropas inimigas e os ataques de piratas e corsários. Este roteiro,
organizado em dois passeios entre Carcavelos e o Cabo da Roca, apresenta a história
dos edifícios que desde finais do século XV protegeram a entrada da Barra do Tejo,
porta de acesso à cidade de Lisboa, percorrendo, ainda, locais de interesse
paisagístico, como a Área Marinha Protegida das Avencas ou o Sistema  Dunar
Guincho/Oitavos.
 
PASSEIO 1
 
1. Fortaleza de Nossa Senhora da Luz | Torre de Cascais
Passeio Maria Pia, Cascais
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi edificado antes de
1580, como o abaluartamento da antiga Torre de Cascais, para reforço das defesas de
costa, face à ameaça de invasão, aquando da crise dinástica.
Na face virada para o pátio ainda hoje se identifica a torre primitiva, mandada
construir por D. João II, em 1488, para proteção da vila e como atalaia de Lisboa, que
rapidamente se tornara obsoleta.
A Fortaleza foi devidamente guarnecida e artilhada durante o período filipino, ainda
que em finais de Quinhentos já se começasse a projetar uma fortificação maior, que
esteve na génese da Cidadela, concretizada após a restauração da independência
nacional, em 1640. Viria a albergar as tropas de Junot, aquando da 1.ª invasão francesa
(1807-08) e 241 presos políticos, em 1833-34, no período das guerras liberais.
Aí funcionou, mais tarde, uma Escola de Pesca e a Estação Radionaval (1939-92). No
ano de 1987 iniciaram-se as primeiras sondagens arqueológicas, que permitiriam a
reabertura dos acessos a todos os baluartes e a identificação da estrutura da torre
joanina.
Em 2014, por ocasião das comemorações do 650º aniversário da vila de Cascais, a
Fortaleza de Nossa Senhora da Luz abriu as suas portas ao público.
 
2. Cidadela de Cascais
Avenida D. Carlos I, Cascais
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público, mandado edificar por
D. João IV depois da restauração da independência, em 1640, é o maior e mais
imponente monumento do concelho de Cascais. A porta de armas era o único acesso
ao seu interior, que se organizava a partir de um pátio central, em torno do qual se
dispunham quatro quarteirões: o de Santa Catarina, junto às antigas Casas do
Governador – onde a partir de 1870 os Reis D. Luís e D. Maria Pia instalaram o Paço
Real de Cascais – os de S. Pedro e de Santo António, que se destinavam à guarnição, e
o de S. Luís, onde funcionava o hospital.
Sob o pátio foi construída uma grande cisterna, de planta quadrangular, com abóboda
assente em nove colunas. Do conjunto destaca-se, ainda, a Capela de Nossa Senhora
da Vitória. O projeto de adaptação da Cidadela enquanto residência da Família Real foi
entregue a Joaquim Possidónio Narciso da Silva. Para o efeito, o arquiteto gizaria a
ligação das Casas do Governador ao Pavilhão de Santa Catarina, que confinava com a
Praça de Armas, redimensionando salas, decorando vestíbulos e salões e criando um
salão de banquetes e uma ligação direta para o coro alto da Capela de Nossa Senhora
da Vitória. O Rei D. Luís veio a falecer, no Paço de Cascais em 1889, sucedendo-lhe D.
Carlos, que promoveria profundas alterações no edifício, onde instalou o primeiro
laboratório português de biologia marinha, em 1896, mandando acrescentar, para o
efeito, em 1902, um terceiro piso sobre o antigo Pavilhão de Santa Catarina.
O Palácio recebeu, depois de 1910, os Presidentes da República, funcionando, mesmo,
como residência oficial de Óscar Carmona, de 1928 a 1945. Depois de muitos anos sem
utilização, já em acentuado estado de degradação, seria alvo de uma profunda
intervenção de reabilitação e restauro, entre 2007 e 2008.
Cumpre hoje as funções de residência oficial do Presidente da República, assegurando
simultaneamente o acesso às suas salas de aparato e dependências plenas de história,
através de visitas guiadas, promovidas pelo Museu da Presidência da República.
Na Cidadela, que de 1959 a 1993 albergou o Centro de Instrução de Artilharia
Antiaérea de Cascais, funciona, agora, a Pousada de Cascais, cujo projeto foi
distinguido com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana na categoria Melhor
Intervenção de Uso Turístico, em 2013
 
3. Forte de Santa Marta | Farol Museu
Rua do Farol de Santa Marta, Cascais
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi mandado edificar
depois de 1640, no âmbito do plano de defesa da Barra do Tejo, dirigido pelo conde de
Cantanhede, integrando-se, assim, num grande conjunto de fortificações marítimas
destinado a defender a costa de Peniche a Setúbal.
Dotado de uma bateria de grandes dimensões relativamente ao forte e de três corpos
retangulares justapostos, com áreas diversas, cruzava fogo com a bateria da Cidadela e
defendia a pequena foz da Ribeira dos Mochos.
Em 1868, a necessidade de reforço da sinalização marítima do corredor norte da Barra
do Tejo ditou a edificação de um farol na bateria alta desta fortificação, que já havia
perdido a sua função militar. 
Este seria ampliado em 1936, vindo a integrar a rede de faróis automatizados em 1983,
data a partir da qual deixou de exigir a presença regular de um corpo de faroleiros. O
Forte e Farol de Santa Marta seriam alvo de um inovador projeto de musealização
inaugurado em 2007, no âmbito de protocolo entre a Marinha Portuguesa e Câmara
Municipal de Cascais.
Continuando a assegurar a sinalização marítima, o farol transformou-se num museu
que dá a conhecer quatro séculos de histórias e vivências, assumindo-se enquanto
espaço de revelação e divulgação do universo plural dos faróis portugueses.
 
4. Vigia do Facho
Avenida da Vigia do Facho, Cascais
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público, de data de construção
incerta, dispunha, em 1805, de guarnição composta por um cabo e um soldado. É o
único edifício sobrevivente de um modelo que foi igualmente edificado no Cabo da
Roca, nos Oitavos e na Parede, ainda que esteja por explicar a coerência da sua
disposição na costa face ao restante complexo de fortificações.
De planta retangular, com apenas um compartimento, abobadado, que servia de
alojamento e armazém, dispunha de uma escada exterior, em pedra, que facultava o
acesso a um pequeno terraço lajeado, onde o vigia de serviço atentava ao horizonte. 
Em caso de perigo tocava o sino de alarme que se encontrava na parede oeste.
 
5. Forte de Nossa Senhora da Guia
Estrada Nacional nº 247
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público começou a ser
edificado em 1642, junto ao local onde, segundo o relatório do marquês de Fronteira,
de 1675, desembarcou, em 1580, o exército invasor espanhol, comandado pelo duque
de Alba.
A importância estratégica da zona justificou, assim, a urgência da construção de uma
fortificação que a defendesse, já operacional em 1646.
De estrutura simples, o pequeno forte manteve-se quase intacto até ao terramoto de
1755, que o danificou severamente. Em 1928, já desartilhado, foi entregue à Faculdade
de Ciências de Lisboa, para a instalação do Museu Bocage; e em 1999, ao Instituto do
Mar, que aí instalou o Laboratório Marítimo da Guia, onde se conduzem investigações
sobre ecologia marinha (sistemas costeiros e profundos) e ecofisiologia marinha
(fisiologia do crescimento, nutrição e reprodução de espécies marinhas).
 
6. Forte de S. Jorge de Oitavos
Estrada Nacional nº 247
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi construído entre
1642 e 1648, num local onde a existência de lajes na zona de entremarés permitia
desembarques hostis. Cruzava fogos com o Forte de S. Brás de Sanxete, a noroeste e o
Forte da Guia, a nascente, para assim defender esta zona costeira, missão para a qual
dispunha também de uma curiosíssima linha de fuzilaria.
O Forte de S. Jorge apresenta uma estrutura poligonal, de cinco lados, com dimensões
e organização diferentes das dos seus congéneres, que parece não ter sofrido grandes
alterações ao longo dos tempos.
Abandonado após as Guerras Liberais, foi ocupado pela Guarda Fiscal em 1889. Em
1999 o imóvel foi cedido pela Direção-Geral do Património do Estado ao Município de
Cascais, com vista à sua musealização, reabrindo em 2001 após profundas obras de
reabilitação, que permitiram fazer ressurgir o seu traçado original.
Para além da extensa bateria, dotada de peças de artilharia, apresenta, no edifício que
integra o quartel, a casa da pólvora, os armazéns e as cozinhas, uma exposição que
atesta a relevância de S. Jorge de Oitavos para a defesa avançada da Barra do Tejo e
revela aspetos da sua organização funcional e vivências em tempos de guerra e de paz.
 
7. Forte de S. Brás de Sanxete | Farol do Cabo Raso
Estrada Nacional nº 247
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi construído no
reinado de D. João IV, após a restauração da independência nacional, em 1640.
Localizado em posição geograficamente excecional, no Cabo Raso, manteve-se
praticamente inalterado ao longo dos séculos. Após a vitória dos liberais seria
desartilhado e votado ao abandono, até que em 1893 fosse cedido ao Ministério da
Marinha, para a instalação de um farol.
A arquitetura do forte ainda é percetível, mas a imagem dominante é a da torre do
farol, construída em 1915. O alarme sonoro é composto por um interessante
mecanismo, que já pode receber a denominação de arqueologia industrial. A
perspetiva marítima, a proximidade do mar e a Serra de Sintra proporcionam uma
atitude contemplativa, repousante, em contacto com a Natureza.
 
8. Baterias do Guincho - Crismina | Alta | Galé
Estrada Nacional nº 247
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público é o remanescente de
um conjunto de três baterias localizadas a sul da Praia do Guincho: a Bateria da Galé, a
Bateria Alta e a Bateria da Crismina.
O conjunto foi projetado e construído em 1762, sob a direção do conde de Lippe,
reformador do exército português, quando da entrada de Portugal na Guerra dos Sete
Anos. Estas fortificações seriam desativadas no século XIX, vindo sobre a Bateria da
Galé a ser instalada a Estalagem Muchaxo e sobre a Bateria Alta o Hotel do Guincho.
A Bateria da Crismina encontra-se muito degradada, tendo já um projeto de
restauração aprovado para o local.
As baterias procuravam compensar as deficiências na defesa desta parcela de costa,
face ao perigo de um ataque franco-espanhol, pelo que a escolha dos locais para a sua
construção obedeceu a um plano estratégico. Desta forma, a Bateria da Galé, erigida
numa ponta rochosa, visava impedir, com o apoio do Forte do Guincho, o
desembarque inimigo na extensa praia que separava as duas fortificações.
Paralelamente, em fogo conjunto com a Bateria Alta, defenderia a enseada próxima.
As baterias Alta e da Crismina protegiam também a praia que delimitavam.
 
9. Forte do Guincho
Estrada do Abano
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público, também conhecido
por Forte do Abano, foi construído em 1642, quando da reformulação do sistema de
defesa da Barra do Tejo. 
De planta quadrangular, destinava-se a impedir os possíveis desembarques no extenso
areal da Praia do Guincho, bem como em toda a enseada da Praia do Abano,
funcionando, ainda, como atalaia com comunicação visual para o Forte da Roca, a
norte; e o forte de S. Brás de Sanxete, a sul, no Cabo Raso.
No final do século XIX a sua estrutura foi alterada em função do possível
desmoronamento da plataforma rochosa. Após a sua desativação, a história do Forte
do Guincho foi marcada por períodos de abandono e de cedência a particulares para
fins de lazer. Em 2016 o Estado colocou este imóvel num concurso de concessão a
privados por um período de 30 a 50 anos.
Na Praia do Guincho inicia-se um conjunto dunar que faz parte do corredor eólico
Guincho/Oitavos. Este sistema dunar persiste devido à particularidade do regime de
ventos e à disponibilidade de areia nas praias do Guincho e da Crismina, que é
transportada sobre a plataforma rochosa do Cabo Raso, regressando ao mar mais a
Sul, entre Oitavos e a Guia. Trata-se de um sistema ativo, semiaberto e extremamente
instável devido à constante mobilização de partículas arenosas associada ao transporte
eólico direcionada de norte-noroeste para sul-sudeste.
 
PASSEIO 2
 
1. Forte de Santa Catarina | Casa Seixas
Rua Fernandes Tomás, n.ºs 2-4, Cascais
O já desaparecido Forte de Santa Catarina foi erigido logo após 1640, no âmbito do
plano coordenado pelo conde de Cantanhede. Localizado num pequeno promontório a
leste da baía, assegurava o “fecho” defensivo da vila, mercê de uma sequência de
muralhas e cortinas de atiradores que o uniam à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz. O
seu poder de fogo protegia, assim, a vila, a que seguia, para oriente, uma linha de
fuzilaria que chegava ao Forte de Nossa Senhora da Conceição ou dos Inocentes.
Apresentando planta quadrangular, seguia o modelo da maioria das fortificações deste
período.  Normalmente abandonado em tempos de paz, em 1777 ainda dispunha de
oito peças de artilharia em bom estado, não precisando, contudo, de guarnição
permanente, pela proximidade da Cidadela. Em 1821 deixou de ser reconhecido como
de utilidade militar, pelo que em 1876, já muito arruinado, foi tomado pelo surto de
construção civil que então se apossou de Cascais. No ano de 1916 Henrique de Seixas
comprou o remanescente ao Estado, mandando erigir a Casa Seixas, um dos ex libris
da vila, onde hoje funciona a Capitania do Porto de Cascais.
 
2. Forte de Nossa Senhora da Conceição | Casa Palmela
Paredão de Cascais, Praia da Duquesa
Os restos das muralhas do Forte de Nossa Senhora da Conceição ou dos Inocentes
foram classificados como Monumento de Interesse Público, à semelhança do Palácio
Palmela, que seria edificado sobre o antigo baluarte. Destinada à defesa das praias
adjacentes, passíveis de desembarque, estava já operacional em 1646, dispondo de
uma bateria maior que a dos seus congéneres, com três peças de bronze e três de
ferro, a cargo de três artilheiros, doze soldados e um cabo. Vazado de artilharia logo
em 1834, após a vitória liberal, foi adquirido, em 1868, pelos duques de Palmela para
aí construírem a sua casa de verão, que em 1873 era já uma das imagens de marca de
Cascais.
 
3. Forte de S. Roque | Casal de S. Roque
Paredão de Cascais, Praia do Tamariz
O já desaparecido Forte de S. Roque integrou desde 1642 o conjunto de fortificações
construídas depois da restauração da independência. Localizado na ponta ocidental da
Praia do Tamariz, defendia o seu areal/desembarcadouro juntamente com os fortes de
Santo António e da Cruz de Santo António da Assubida.
Apresentava traça retangular, com áreas semelhantes de bateria e alojamentos e
ainda que tenha sido alvo de obras importantes em 1805, a tempo das invasões
francesas, no ano de 1829 estava desocupado e «sem objeto algum de artilharia», pelo
que foi demolido em 1887, quando da construção do caminho-de-ferro.
Nas suas imediações existia a ermida de S. Roque, cuja memória se perpetua no Casal
de S. Roque, construído em 1901, com projeto de Raul Lino.
 
4. Forte de Santo António do Estoril | Casa Schröter
Paredão de Cascais, Praia da Tamariz
Quase a meio da Praia do Tamariz, outrora denominada de Praia de Santo António,
sobre umas rochas não muito acima das águas do mar, existiu durante séculos o Forte
de Santo António, que defendia esta área de um possível desembarque, com o apoio
do Forte de S. Roque, a poente e do Forte da Cruz de Santo António da Assubida, a
nascente.
Em 1646, já terminada a construção, o seu comando foi entregue ao capitão Francisco
de Vilhegas, que contava com um cabo, três artilheiros e doze soldados, à semelhança
do Forte de S. Roque.
Depois de um longo período de abandono e degradação, foi reparado no contexto da
Guerra do Rossilhão, c. 1793-94, tal como aconteceu com os restantes fortes da região.
Ainda que tenha sido artilhado em 1821, no ano de 1886 já era considerado obsoleto,
pelo que, em 1889, a construção do caminho-de-ferro veio a cortar as suas defesas de
retaguarda: trincheiras, muros e linhas de fuzilaria.
Em 1894 foi levado a hasta pública e arrematado por Ernesto Schröter, que o demoliria
para a construção de uma residência de verão com uma arquitetura inspirada em
referências da Europa central, que ainda constitui um dos pontos de referência do
Tamariz.
 
5 Forte da Cruz de Santo António da Assubida | Casa Barros
Paredão de Cascais, Praia da Tamariz
O já destruído Forte da Cruz de Santo António da Assubida, localizado a nascente da
Praia do Tamariz, protegia o areal em conjunto com o Forte de S. Roque e o Forte de
Santo António, no âmbito do projeto da defesa de Lisboa gizado depois da restauração
da independência nacional, em 1640. O seu curioso nome parece ter origem no
topónimo local – Santo António, nome do Convento do Estoril – no cruzeiro – datado
de 1624, sito na Rua de Olivença – e no facto de esta ser uma subida um pouco
íngreme.
Viveu, à semelhança dos seus congéneres, longos períodos de abandono e fases de
recuperação e restauro. Depois das obras de 1793 não voltou a receber artilharia, mas
manteve sempre uma presença simbólica, como atesta o facto de ter disposto de
governador até ao ano de 1894, quando foi vendido em hasta pública.
Foi adquirido por João Barros que depois das demolições fez erguer a sua imponente
moradia de verão, num estilo revivalista medieval italiano, com projeto de Cesar Ianz:
a Casa Barros.
 
6. Forte de S. Pedro, de S. Teodósio ou da Poça
Avenida Marginal, S. João do Estoril
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi construído em
1643, exercendofunções combinadas com o Forte da Cadaveira naestratégia de defesa
desta linha de costa, marcada pela Praia da Poça e pela foz da Ribeira da Cadaveira.
A sua estrutura não sofreu alterações até ao século XIX, ainda que tenha sido
parcialmente reabilitado no período miguelista.
Desartilhado e sem guarnição, foi cedido no século XIX à Santa Casa da Misericórdia de
Cascais, para apoio aos Banhos da Poça, vindo, em 1954 a ser transformado numa Casa
de Chá. O facto de existirem duas designações para esta fortificação deve-se à
circunstância de ter sido batizada com os nomes de dois dos príncipes herdeiros de D.
João IV: D. Teodósio (que morreu em 1653, com 19 anos) e D. Pedro II (que assumiu o
trono devido à incapacidade física e mental do seu irmão D. Afonso VI).
Em 2016 o Estado colocou este imóvel num concurso de concessão a privados por um
período de 30 a 50 anos.
 
7. Forte de S. João da Cadaveira
Avenida Marginal, S. João do Estoril
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi construído entre
1642 e 1648, integrando o sistema de defesa da barra de Lisboa gizado quando da
restauração da independência.
Tinha por missão a defesa da Praia da Poça e da foz da Ribeira da Cadaveira, em
colaboração com o Forte de S. Pedro, a poente. Apresenta o traçado caraterístico da
maioria das fortificações costeiras deste período, de planta quadrada dividida em dois
espaços retangulares contíguos: a bateria e os alojamentos.
Durante o governo miguelista foi alvo de reedificação. Todavia, com a vitória liberal
seria desartilhado. No século XIX também esteve a cargo da Santa Casa da Misericórdia
de Cascais, para apoio aos Banhos da Poça, servindo, depois, a Guarda Fiscal, até ser
desativado.
 
8. Forte de Santo António da Barra
Avenida Marginal, S. João do Estoril
Este imóvel classificado como Monumento de Interesse Público foi uma das
fortificações construídas para a defesa da barra do Tejo em finais do século XVI, por
ordem de Filipe II de Espanha.
O Forte de Santo António da Barra teve projeto e direção do engenheiro militar e
padre Vicenzo Casale, num período em que igualmente se procedeu à (re)edificação de
outros fortes que apoiavam a defesa da Barra do Tejo.
A sua localização sobre a arriba e a adaptação das suas muralhas aos rochedos
conferem-lhe uma dimensão telúrica e uma intimidade com os escarpados, só
percetíveis quando visualizados a partir do mar. No final do século XVI já se encontrava
construído e apto a receber artilharia, sendo mantido guarnecido e artilhado até ao
final do século seguinte.
No período das lutas liberais foi alvo de algumas intervenções e melhorias e recebeu
artilharia com a respetiva guarnição.
Durante o século XX sofreu novas alterações, com vista à adaptação às suas novas
funções: Posto Fiscal para controlo do contrabando de mercadorias (1897), Campo de
Férias do Instituto Feminino de Educação e Trabalho de Odivelas (1915) e residência de
Verão do então Presidente do Conselho, António Oliveira Salazar (1950-1968).
 
9. Projetores de Descoberta da Bataria da Parede
Avenida Marginal
Projetor n.º 1 | S. Pedro do Estoril
Projetor n.º 2 | Praia das Avencas (Oeste)
Projetor n.º 3 | Praia das Avencas (Este)
No rescaldo da II Guerra Mundial, uma comissão lusobritânica, coordenada pelo
general britânico Barron, gizou um plano de defesa costeira para a região de Lisboa. O
chamado Plano Barron previa um Comando de Defesa Costeira, que viria depois a
designar-se por Regimento de Artilharia de Costa, responsável pela coordenação de
dois setores de defesa costeira: o setor norte – para defesa do Rio Tejo e do Porto de
Lisboa – e o setor sul – para defesa do Rio Sado e do Porto de Setúbal.
Em cada um destes setores existiria um grupo de artilharia de costa de
contrabombardeamento, um grupo de artilharia de costa de defesa próxima, uma rede
de telemetria e observação e uma zona de projetores de descoberta, para além de
uma faixa de minas, defesas interiores dos portos e fundeadouros para fiscalização.
Os grupos de artilharia de costa seriam compostos de batarias fixas instaladas ao longo
das margens do Tejo, do Sado e da Península de Setúbal. Entre 1948 e 1958, as
batarias previstas no Plano Barron tornaram-se operacionais, sendo maioritariamente
instaladas em fortificações compostas por casamatas e paióis subterrâneos e armadas
com peças navais de grande calibre em torres couraçadas.
Considerou-se que o primeiro tipo de defesa deveria ser executado por duas baterias
pesadas de 9”2 (23,4 cm Vickers), com o alcance de 36 km, nas imediações de
Alcabideche e do marco trigonométrico da Raposa, na Fonte da Telha.
O segundo tipo de defesa seria assegurado por duas baterias de calibre médio 6” (15,2
cm) localizadas na Parede e no Outão, com o alcance máximo de 22 km. As batarias
colaboravam entre si na fiscalização e controlo de todos os navios que pretendessem
entrar nestes portos, recorrendo durante a noite à iluminação artificial e organizavam-
se num sistema de projetores de descoberta – um dos quais na Parede – e em duas
zonas iluminadas, com uma divisão no Cabo Raso e outra na Fonte da Telha.
A Bataria da Parede, guarnecida com três peças, desempenhou um papel de relevo na
defesa do porto de Lisboa e da Baía de Cascais. O sistema de Projetores de Descoberta
da Parede dispunha de três postos: um na Pedra do Sal e dois a poente e a nascente da
Praia das Avencas (este último já desaparecido). Eram compostos por duas
subunidades: a casa do projetor e a casa do gerador. Os vestígios deste sistema de
iluminação encontram-se hoje no centro da Área Marinha Protegida das Avencas.
 
10. Forte de S. Domingos de Rana ou do Junqueiro
Rua de Luanda, Carcavelos
Erigido em 1645, este forte procurava colmatar as dificuldades de defesa do lado
poente da Praia de Carcavelos, cruzando fogo com o Forte de S. Julião da Barra. Em
1762 veria reconhecida a sua importância estratégica, ao ser dotado de mais artilharia
e reconfigurado. Com as guerras napoleónicas, nomeadamente com a invasão de
1810, liderada por Massena, o exército inglês, ocupante de Portugal, comandado por
Wellesley, fez construir as Linhas Defensivas da Península de Lisboa, mais conhecidas
por Linhas de Torres Vedras. A terceira linha ligava Paço de Arcos ao Forte do
Junqueiro, garantindo a segurança do embarque das tropas britânicas na Praia do
Portinho (Praia da Torre) em caso de derrota na zona de Torres Vedras. Nesta praia
foram construídos quatro pontões em madeira para o embarque. Em 1897, na
sequência da perda do seu estatuto militar, foi cedido ao Conselheiro Tomás Ribeiro e
ao médico António José de Almeida para a montagem de um sanatório marítimo
destinado a crianças pobres, que veio a ser inaugurado em 1902, em prol da difusão
dos princípios higiénicos e das terapêuticas héliomarítimas no tratamento e combate à
tuberculose óssea e da pele, linfatismo e debilidades como o raquitismo. A evolução da
medicina e a difusão de fármacos mais eficazes no combate à tuberculose conduziria,
depois, à sua transformação em hospital ortopédico.
Em 2010 cessou a sua atividade, com a inauguração do novo Hospital de Cascais, em
Alcabideche, que recebeu a designação de Hospital Dr. José de Almeida.

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ROTA DA ARQUITETURA DE VERANEIO - MONTE ESTORIL


  

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A intenção de urbanizar a antiga Costa de Santo António, que viria, depois, a chamar-
se Monte Estoril, foi preconizada por José Jorge de Andrade Torrezão, a partir de 1869,
que aí mandou edificar quatro chalets num alto sobranceiro à praia.
No entanto, só em finais de 1888, com a criação da Companhia Monte Estoril, e no ano
seguinte, com a inauguração da linha férrea Pedrouços-Cascais é que o plano
efetivamente se desenvolveu, por iniciativa do Conde de Moser e de Carlos de Anjos,
de modo a «civilizar» a aridez do Monte Estoril, por meio da criação de infraestruturas
que permitissem à nova estância competir com os mais reputados destinos turísticos
internacionais.
Inicialmente foram os aristocratas e os capitalistas abastados quem construiu no
Monte Estoril. Todavia, com a viragem do século, o gosto pelo veraneio e
a possibilidade de dispor de casa de férias alargar-se-ia a mais estratos sociais.
Neste contexto, no início do século XX a Companhia Monte Estoril urbanizou  uma
zona periférica ao núcleo inicial da estância turística: o Monte Palmela.
 
1. Casa S. Cristóvão
Rua Alfredo da Silva, n.º 61 | Av. Marginal
Com projeto da autoria do arquiteto Tertuliano Marques, este palacete, que expressa
o estilo barroco joanino, foi mandado construir em 1917 pelo industrial Alfredo da
Silva. É uma imponente construção de dois pisos, marcada na fachada a sul por uma
ampla varanda panorâmica suportada por colunata classizante.
 
2. Vila Maria Pia
Rua D. António Guedes de Herédia, n.º 3B | Av. Marginal
Esta casa, ainda hoje imagem de marca do Monte Estoril, foi adquirida a João Henrique
Ulrich, em 1893, pela Rainha D. Maria Pia, para utilização durante o período do ano
consagrado aos banhos de mar. No entanto, em função da sua privilegiada localização
também viria a ser utilizada durante grandes períodos no inverno, assumindo, então,
a designação de Paço do Estoril. Para acomodar condignamente a Rainha, seria alvo de
grandes obras internas, concluídas em 1895, sob direção do arquiteto Rosendo
Carvalheira, em que se salientam as intervenções realizadas em talha e marcenaria
por Frederico Augusto Ribeiro e as pinturas murais de António Ramalho.
Característico chalet de fim de século, de planta irregular, formado pelo adossamento
de diversos corpos de distintas formulações planimétricas, distingue-se pelo telhado
de duas águas e o pequeno torreão com telhado em coruchéu octogonal,
revestido com telha cerâmica vidrada, de cor preta à data, com decorações
geométricas a azul e branco, hoje desaparecidas. O alçado principal possui
quatro andares, desenvolvendo-se inferiormente um terraço suportado por soluções
de ferro forjado.
 
3.Vila Aduar
Rua D. Manuel de Melo, n.º 1
Casa que Carlos Anjos, um dos responsáveis pela urbanização do Monte Estoril,
construiu para si e para a sua família. Está situada num local magnífico e rodeada de
palmeiras e magnólias, pertencendo atualmente à família Sommer de Andrade.
 
4. Vivenda Lakximi
Rua de Belmonte, n.º 2
Casa mandada edificar por Manuel Ferreira dos Santos, possivelmente para habitação
permanente. O projeto, de 1910, da autoria de Rafael Duarte Melo, expressa a junção
de valores próprios do ecletismo oitocentista, com correntes estéticas
contemporâneas, nomeadamente através da utilização de guardas em ferro forjado e
frisos de azulejos Arte Nova.
 
5. Vivenda Malvina
Avenida Sanfré, n.º 15
Mandada construir por Manuel Ferreira dos Santos, o “brasileiro”, com projeto do
Arquiteto Rafael Duarte de Melo, datado de 1907.
É um edifício neorromântico e eclético, em que merece particular destaque a aplicação
de bandas horizontais de azulejos Arte Nova, com predominância para motivos
vegetalistas, em composições entrançadas. Salientam-se ainda os frisos com os bustos
e animais fantásticos que enquadram a entrada principal, da autoria de Luís Cardoso e
datados de 1908.
 
6. Vivenda Laura
Avenida Sanfré, n.º 39
Também projetada por Rafael Duarte de Melo, em 1911, revela planta composta por
justaposição de corpos, cujos alçados são pontuados por frisos azulejares vegetalistas
e figurativos. Destaca-se uma composição azulejar com representação de
busto feminino vincadamente Arte
Nova, executado, em 1912, pelo pintor Luís Cardoso. Salientam-se, ainda, os grandes
janelões enquadrados por bandas azulejares Arte Nova e por composições de ferro
forjado.
 
7.Vila Estefânia
Avenida da Venezuela, n.º 1 | Avenida Faial
Edifício que se destaca pela sua implantação geográfica, sobre uma pequena
plataforma do antigo Monte Palmela, imediatamente atrás da Vila Maria Pia. Trata-se
de um chalet de grande relevância para a evolução deste parque habitacional, cuja
monumentalidade e cenografia é sobretudo transmitida pelo enorme torreão
quadrangular, que funciona como fachada principal.
 
8. Vila Sara
Avenida Faial, n.º 2
Foi mandada construir, na primeira fase de vida do Monte Estoril, pelo Engenheiro
Alberto da Silva Monteiro, grande colecionador de azulejos históricos.
A Vila Sara é uma referência patrimonial relevante, nomeadamente pelos painéis
azulejares aplicados no exterior do edifício, com especial referência para os
exemplares do século XVII, da autoria de Gabriel del Barco, as duas composições
setecentistas atribuídas a Nicolau de Freitas e ainda alguns painéis do início do século
XX, da autoria do pintor Pereira Cão.
 
9. Casa Monsalvat
Travessa do Calhariz, n.º 19
No topo do Monte Palmela encontra-se o principal núcleo de casas concebidas por
Raul Lino. Deste conjunto, classificado como Monumento de Interesse Público, esta é a
primeira casa “marroquina” projetada por Raul Lino, em 1901, para o seu
amigo Alexandre Rey Colaço, músico oriundo de Tânger.
A vertente mourisca é bem visível em diversos pormenores de decoração e arquitetura
deste projeto, nomeadamente no uso exterior e interior do tijolo.
Nesta casa estruturada de dentro para fora, todos os elementos se fundem e
contribuem para a harmonia do conjunto.
 
10. Casa Victor Schalk
Rua do Calhariz, n.º 72
Projetada por Raul Lino em 1915, a sua construção só estaria terminada em 1924.
Repetem-se, aqui, algumas das dominantes estruturais e estéticas da obra daquele
autor, em particular a orientação funcional da planta, concentrando-se as
dependências de carácter social a sul, em cuja face se destaca a ampla sala octogonal,
composição já ensaiada na Vila Tânger. Nos alçados destacam-se as aplicações de
ladrilhos formando composições radiais e, na face nascente, voltada ao jardim,
salienta-se o grande terraço protegido por guardas em adufa.
 
11.Vila Tânger
Rua do Calhariz, n.º 28
Foi construída, em 1903, para o artista plástico Jorge Colaço. Ao contrário do ecletismo
que dominava a arquitetura do Monte Palmela, Lino impunha um novo conceito, em
torno do que viria a ser conhecido
por Casa Portuguesa, tipologia que privilegiava uma série de pesquisas teóricas de
pendor “historicista”.
Possui três pisos, sendo os alçados animados por aplicações de azulejos polícromos de
motivos geométricos, que dialogam com os característicos duplos beirados que
marcam grande parte da obra deste arquiteto.
 
12.Vila Ralph
Avenida das Acácias, n.º 460
Classificada como imóvel de Interesse Municipal, esta moradia assume-se enquanto
uma das mais importantes realizações privadas do Monte Estoril, particularmente no
que diz respeito ao património azulejar que integra. Foi mandada construir por James
Gilman, segundo proprietário da Fábrica de Loiça de Sacavém, com projeto de Gaston
Landeck, datado de 1 de janeiro de 1899. Destaque para os frisos de azulejos Arte
Nova, merecendo especial referência os painéis de azulejos que decoram as
paredes do amplo terraço, da autoria de Jorge Colaço.
 
13.Casa Silva Gomes
Avenida das Acácias, n.º 316 | Rua Conde Moser
Projetada em 1902 por Raul Lino para o amigo Silva Gomes e sua esposa, Maria do
Rosário Gomes. Debruçada sobre a rua, apresenta um caráter mais urbano. De
dimensões mais reduzidas do que as restantes habitações construídas no Monte
Palmela, apresenta nítida influência mourisca, sendo um volume fechado com
pequenos rasgos (janelas pequenas).
O arquiteto projeta para esta casa vãos em arcos de ferradura debruados em tijoleira,
telhas em canudo, azulejos e beirais de estilo português. O alpendre foi substituído por
uma varanda parcialmente revestida com azulejos neomudéjares. No alçado poente
destaca-se o registo azulejar de Nossa Senhora do Rosário, cuja autoria é atribuída a
Roque Gameiro.
 
14. Casa Abamonte
Rua Vitorino Vaz, n.º 1A
Hoje com a designação “Villa do Monte”, a propriedade é constituída pela casa
principal, que embora modificada, conserva ainda a sua estrutura inicial, rodeada por
uma densa vegetação e delimitada por muros de pedra irregular. O conjunto integra
dois anexos dispersos no imenso e denso jardim, em que se destaca o chalet Mathilde,
com telhados em bico e beirais em madeira.
 
15. Casa Manuel Duarte
Rua do Pinheiro | Av. Marginal, n.º 7980
Construída já no final da década de 90 do século XIX, com projeto do pintor Francisco
Vilaça, autor da Torre de S. Sebastião, atual Museu-Biblioteca Condes de Castro
Guimarães, em Cascais. Foi apelidado, de forma depreciativa, como jazigo,
sobretudo pelo desenho da porta principal em ferro e vidro e pelo desenho dos vãos
em forma ogival, ao estilo neogótico.
 
16. Vivendas Júlia, Luiza, Hermínia e Othília
Rua do Pinheiro, n.ºs 4, 6, 8 e 10
Conjunto de quatro casas geminadas, de planta longitudinal, construídas para Miguel
Henriques dos Santos, segundo projeto do Arquiteto Ventura Terra, um dos principais
nomes da arquitetura portuguesa na viragem do século XX e galardoado com
diversos prémios Valmor. 
 
17. Instituto Maria Auxiliadora
Rua de Trouville, n.º 104
O edifício originalmente designado por “Vila Sarah” foi projetado em 1899 por Gaston
Landeck.
Constituído por quatro pisos, alia o gosto de chalet dos primeiros tempos a uma busca
de modernidade, visível nos painéis e frisos de azulejos que decoram alguns alçados.
Em 1959, a propriedade passou para a posse do Instituto das Filhas de Maria
Auxiliadora.
 
18. Casa Abreu Valente
Rua de Nice, n.º 8
Com projeto de 1901, da autoria de Ventura Terra, a casa da Rua de Nice constitui uma
obra ainda de gosto neorromântico. No entanto, o arquiteto propõe uma coerência
programática contrastante com os chalets do Monte Palmela, sem o exotismo e
o impacto cenográfico daqueles.
O edifício é uniformemente marcado por linhas retas, em que a única extravagância é
a aplicação de frisos de azulejos a anteceder as linhas de telhado.
 
19. Vila Montrose
Rua de Mondariz | Rua Alegre, n.º 4B
Situada na parte alta do Monte Estoril, é hoje um dos vestígios do núcleo habitacional
que, na época, se implantou à volta do “lago” Ostende
Foi nesta casa, cedida pela família Reynolds, que a Rainha D. Maria Pia se instalou em
1892, para veranear nos Estoris.
 
20. Casas Manoella e Maria Fernanda
Avenida de São Pedro, n.ºs 21 e 23
Foram os dois primeiros chalets a serem construídos no Monte Estoril, rodeados de
jardim de estilo romântico e muro de pedra tão característico desta povoação nos
finais do século XIX e inícios do seguinte.
 
21. Torre de S. Patrício – Casa Verdades de Faria | Museu da Música Portuguesa
Avenida Sabóia, n.º 1146
Classificado como monumento de interesse público, o atual Museu da Música
Portuguesa é um palacete de tendência romântica tardia, mandado construir por Jorge
O’Neill, em 1918, com projeto de Raul Lino.
Com claustro no seu interior, possui uma torre neomedieval.
Apresenta uma dinâmica entre interior-exterior, nos jogos de luz e de sombra, na
utilização das varandas e dos alpendres, no revivalismo árabe na arquitetura, com os
seus arcos em ferradura, os pátios, uma cantaria bastante ornamentada
e a grande profusão dos azulejos setecentistas.
O Museu alberga o espólio do compositor Fernando Lopes-Graça e a coleção de
instrumentos musicais e etnográficos de Michel Giacometti.
Arquitetura de Veraneio

29-03-2012

Em 1870, o rei D. Luís escolhia as casas do governador da Praça de Cascais na Cidadela


para sua residência de verão. Com ele virão as mais importantes famílias do reino que
aqui, aos poucos, se irão instalar para usufruir da novíssima moda do veraneio. Nos
anos que se seguiram e enquanto nas vizinhanças, nascia a nova estância do Monte
Estoril sob o impulso da alta burguesia, Cascais ia-se enchendo de palacetes e chalets a
maior parte dos quais pertencentes à alta aristocracia do reino. As novas habitações
eram distintas daquelas que os seus proprietários habitavam na cidade durante o ano.
A principal finalidade destas construções era serem «um refúgio para uma interrupção
do calendário, vocacionado para o descanso e a fruição da natureza».
Assim, as opções construtivas e decorativas vão determinar e caracterizar um novo
tipo de arquitetura: a Arquitetura de Veraneio.
Descobrir o encanto dessas casas e “perder-se” nas ruas e becos da antiga vila da Corte
que nos levam a recantos inesperados são algumas das propostas que aqui lhe são
feitas.

in "Roteiros do Património de Cascais"


Categoria: 

Arquitetura

Imagem: 
Galeria: 

Arquitetura de Veraneio

Arquitetura de Veraneio

13-03-2012

Casa Duque de Loulé | Arq. Luís Caetano Pedro d'Ávila


Casa Duque de Loulé | Arq. Luís Caetano Pedro d'Ávila

Casa Duque de Loulé | Arq. Luís Caetano Pedro d'Ávila


Casa dos Marqueses do Faial | Arq. José Luís Monteiro

Casa dos Marqueses do Faial | Arq. José Luís Monteiro


Casa dos Marqueses do Faial | Arq. José Luís Monteiro

Casa dos Condes de Monte Real | Arq. Guilherme Gomes


Casa dos Condes de Monte Real | Arq. Guilherme Gomes

Casa dos Condes de Monte Real | Arq. Guilherme Gomes


Casa Palmela | Aqr. Thomas Henry Wyatt

Casa Palmela | Aqr. Thomas Henry Wyatt


Casa Palmela | Aqr. Thomas Henry Wyatt

Casa Seixas | Arq. Joaquim Norte Júnior


Casa Seixas | Arq. Joaquim Norte Júnior

Casa Seixas | Arq. Joaquim Norte Júnior


Em 1870, o rei D. Luís escolhia as casas do governador da Praça de Cascais na cidadela
para sua residência de verão. Com ele virão as mais importantes famílias do reino que
aqui, aos poucos, se irão instalar para usufruir da novíssima moda do veraneio. Nos
anos que se seguiram e enquanto nas vizinhanças, nascia a nova estância do Monte
Estoril sob o impulso da alta burguesia, Cascais ia-se enchendo de palacetes e chalets a
maior parte dos quais pertencentes à alta aristocracia do reino. As novas habitações
eram distintas daquelas que os seus proprietários habitavam na cidade durante o ano.
A principal finalidade destas construções era serem «um refúgio para uma interrupção
do calendário, vocacionado para o descanso e a fruição da natureza».
Assim, as opções construtivas e decorativas vão determinar e caracterizar um novo
tipo de arquitectura, a Arquitectura de Veraneio.
Descobrir o encanto dessas casas e “perder-se” nas ruas e becos da antiga vila da Corte
que nos levam a recantos inesperados são algumas das propostas que aqui lhe são
feitas.

in "Roteiros do Patrimínio de Cascais"

ARQUITETURA DE VERANEIO

  

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A história da Vila de Cascais é profundamente marcada, a partir de 1870, quando o rei
D. Luís decide instalar-se no Palácio da Cidadela para estar perto do mar que muito
amava.
A família real passa a veranear em Cascais e com eles, a aristocracia elegia também
este destino como residência estival, de tal modo que a terra passou a ser Vila de
Corte. É neste contexto que se vai desenvolver a designada “arquitetura de veraneio”
que, com os seus belos palacetes e chalets, vai marcar a malha urbana da vila.
Este roteiro pretende dar a conhecer, a quem percorre as ruas de Cascais, algumas das
suas peças mais representativas.
 
1. CASA PALMELA
Mandada edificar pelos terceiros Duques de Palmela, esta casa erguida sobre o antigo
baluarte de Nossa Senhora da Conceição, é a peça mais destacada da nascente
arquitetura de veraneio em Cascais. O seu projeto foi elaborado, entre 1870 e 1871,
pelo arquiteto inglês Thomas Henry Wyatt que foi fortemente influenciado pelas
mansões rurais inglesas neogóticas.
 
2.CASA FAIAL
Mandada construir em 1896, pelos terceiros Duques de Palmela, sobre a Praia da
Conceição, este edifício com projeto de José Luís Monteiro, é inspirado nos modelos
arquitetónicos dos chalets suiços.
 
3.CASA ANTÓNIO LENCASTRE
Edificada nos primeiros anos do século XX, para D.António Lencastre, médico da
Rainha D. Amélia, a casa, de gosto italianizante, constitui um excelente exemplar da
arquitetura de veraneio eclética.
 
4.CASA DUQUES DE LOULÉ
Foi erigida em 1873, junto à Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes
(Séc. XVII). O projetista, Luís Caetano Pedro d’Ávila, opta por um modelo palaciano,
designado por “estilo Luís XIII”, de gosto francês.
 
5.CASA D. NUNO
Casa projetada, em 1922, pelo engenheiro Gastão Benjamim Pinto para D. Nuno
Miguel d’Almada Lencastre. Esta casa, construída por cima de uma antiga linha de
mosqueteria (Séc. XVII), está situada num promontório sobre a pequena Praia da
Rainha. Na sua composição, ela mescla a figura do chalet, expressa no corpo destacado
com telhado piramidal, com os modelos propostos por Raul Lino para a criação
moderna da “casa portuguesa”. 
 
6.CHALETS DO LARGO DA ESTAÇÃO
Típicos de uma arquitetura de veraneio mais modesta, estes dois chalets geminados,
de finais do séc. XIX,apresentam acentuados telhados de duas águas, com pequenos
jardins, ladeados de muros de pedra mal aparelhada.
 
7.CASAS DA AVENIDA VALBOM
Nestas duas construções, de “estilo português”, ressalta a utilização de padrões de
azulejos coloridos nas fachadas, elemento decorativo de grande impacto visual e que
marca a individualidade de cada casa, característica permanente da arquitetura de
veraneio.
 
8.CHALET DO LARGO DA MISERICÓRDIA
Construção de finais do século XIX, localizada em frente à Igreja da Misericórdia, tem
como elemento predominante a longa varanda em ferro forjado que une as duas
fachadas.
 
9.CASA PINTO BASTO
Com forte presença na malha urbana da vila, sobre o Jardim do Visconde da Luz, esta
bela casa, a primeira que a família Pinto Basto teve em Cascais, é de difícil datação.
Esta apresenta elementos morfológicos nobilitantes que podem resultar de um
revivalismo historicista do século XIX ou eventualmente de uma casa nobre anterior.
 
10.CHALET DA RUA DA BELA VISTA
O número 126 da Rua da Bela Vista, apresenta dois corpos, um deles sugerindo uma
“torre”, coroada em arco redondo e coruchéu e moldura de estuque branco. O aspeto
cenográfico da casa assenta na profusão de elementos que deliberadamente a tornam
distinta, entre eles destaque para o revestimento cerâmico de cor verde.
 
11. CASA DA RUA AFONSO SANCHES
Residência com dois fogos, integrados numa imagem conjunta, um alongado
paralelepípedo ao baixo, o corpo central ligeiramente reentrante em relação aos
topos e vãos geminados de geometria simples. Todos os alçados são revestidos com
azulejos verdes e brancos.
 
12. CASA DE SANTA MARIA
Com projeto de 1918, da autoria de Guilherme Gomes, esta casa miniaturista, resulta
da ampliação e alteração de uma pré-existência. Destaque para o uso de diversos
padrões de azulejos que ornamentam os vãos, os tímpanos e os frisos da cimalha, bem
como a cobertura do torreão.
 
13. CHALETS DA RUA DA VISTA ALEGRE
Estes três chalets de finais de oitocentos, representam as casas de veraneio sem
intenções ostensivas de afirmação. Relativamente discretas, integram um conjunto
arquitetónico de moradias que fugiram ao modelo palaciano, ou aos arquitetos de
nomeada, e compuseram a Cascais de cerca de 1900.
 
14.CASA EDUARDO PERESTRELLO DE VASCONCELOS
Casa de inícios do século XX, mandada construir pela família Perestrello, conjuga
elementos característicos da “casa portuguesa” de matriz palaciana, com elementos
decorativos neomanuelinos. 
 
15.VILA EULÁLIA
Chalet construído não para residência individual mas com vários fogos, para aluguer.
Mantem caraterísticas identificadas noutros chalets desta época, destacandose,neste
caso as varandas abauladas de ferro forjado, apoiadas em mísulas.
 
16. CASA NA AVENIDA EMÍDIO NAVARRO
Casa construída na segunda década do século XX, apresenta numa escala miniatural, a
arquitetura de “estilo português”, muito influenciada pela divulgação do ideário
estético de Raul Lino. Destaque para o pequeno painel azulejar, de motivo religioso,
sobre o frontão.
 
17. TRÊS CASAS GEMINADAS
Confinantes com a anterior, estas casas geminadas, projetadas por Raul Lino, nos anos
20 do séc. XX, possuem uma organização de fachadas quase miniatural, mas
preenchidas com os elementos decorativos próprios de Lino: alpendres, beirais,
arcarias e muros caiados.
 
18. CASA EMA TORRE DO VALE
Moradia unifamiliar, de cerca dos anos 20 do século passado, com projeto de Norte
Júnior. A sua arquitetura exterior, apresenta as linhas estéticas que nos remetem para
a arquitetura de “estilo português”.
 
19. CHALET FICALHO
Mandada edificar em 1897, esta residência, construída sobre projeto de Manuel
Ferreira dos Santos, manifesta a clara influência dos valores da Casa Faial,
na organização compósita dos vários corpos, na forte inclinação dos telhados e na
cobertura integral dos alçados com pedra rústica. A casa adquiriu o nome do seu
segundo proprietário, Francisco Manuel de Mello Breyner, Conde de Ficalho e de
Mafra, e um dos mais destacados Vencidos da Vida, grupo que tantas vezes se reuniu
em Cascais.
 
20. CASA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Excelente exemplar da “casa portuguesa”, edificada entre 1917 e 1920 para D.
Francisco Lobo de Almeida Mello e Castro de Avillez, com projeto de
Guilherme Gomes, um discípulo de Raul Lino.
 
21. CASA DE SANT’ANA
Mandada construir em 1931 por Ana Maria Burnay Aranha, esta casa de “estilo
português” foi projetada por Raul Lino.
 
22. CASA DOS PÓRTICOS
Moradia de veraneio da década de 20 do séc. XX. A sua arquitetura exterior, apresenta
as linhas estéticas que nos remetem para a arquitetura de “estilo português”, tão
divulgada por Raul Lino que em 1957, assina o projeto da capela existente nesta
propriedade.
 
23. CASA EDUARDO LUÍS PINTO BASTO
Moradia de veraneio, edificada na década de 20 do séc. XX. Hoje profundamente
alterada e transformada numa unidade hoteleira, recebeu o nome por influência do
seu habitante mais ilustre, o rei Umberto II de Itália.
 
24. CASA D’OREY
Tal como as anteriores, o seu estilo arquitetónico remete-nos para a “casa
portuguesa”, modelo difundido por Raul Lino. Foi projetada e construída, em
1923, pelos irmãos Gonçalo e José de Mello Breyner para Frederico Guilherme d’Orey.
 
25. CHALET DOS CONDES DA PENHA LONGA
Construído próximo da falésia, junto ao Farol de Santa Marta, este chalet foi habitado,
em época de veraneio, por D. Carlos de Bragança, enquanto Príncipe real. Hoje está
profundamente alterado, em consequência da sua adaptação a unidade hoteleira.
 
26. CASA DE SANTA MARIA
Mandada edificar em 1902 por Jorge O’Neill, é sem qualquer dúvida a casa mais
excecional de Raul Lino, realizada em Cascais. Para além da arquitetura eclética da
casa, destaque, no seu interior, para o recheio artístico da autoria de António de
Oliveira Bernardes, considerado o melhor pintor de azulejos da época final de D. Pedro
II e da fase áurea de D. João V.
 
27. CASA DE S. BERNARDO
Projetada em 1890, pelo Conde de Arnoso, engenheiro de profissão, que a designou
por “casa minhota”. É a primeira casa de “estilo português” a ser construída na vila de
Cascais. Nela se reuniram o grupo Vencidos da Vida, constituído, entre outros, pelo
proprietário da casa, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão.
 
28. MUSEU-BIBLIOTECA CONDES DE CASTRO GUIMARÃES
Mandado edificar por Jorge O’Neill, no início de 1900, este palacete de veraneio
eclético, projetado por Francisco Vilaça, assume-se como unificador de várias
linguagens arquitetónicas que lhe conferem um enorme sentido de monumentalidade.
Foi posteriormente adquirido pelos Condes de Castro Guimarães que o doou ao
município de Cascais, através de testamento.
 
29. CASA HENRIQUE SOMMER
Esta moradia, mandada construir por Henrique Sommer, em finais do séc. XIX, é o mais
importante e erudito exemplo de residência privada neoclássica da vila. Nela será
instalada o Arquivo Histórico Municipal / Centro de História Local.
 
30. CASA TRINDADE BAPTISTA
Datada de 1899, este palacete tal como o seu confinante, afastam-se da retórica da
arquitetura dos chalets, para adotarem uma sólida imagem urbana. Neste edifício,
valorizando a dupla fachada, a atenção do desenho concentra-se na varanda de ângulo
do 2º andar, dinamizada por delicadas colunas, apoiadas nas mísulas que comunicam
com os vãos de peitoril do andar inferior. 
 
31. CASA LUÍS AUGUSTO PERESTRELO DE VASCONCELOS
Tal como a anterior, é também datada de 1899. Da sua arquitetura de matriz
romântica, destaque para o emolduramento dos vãos que são coroados com pequenos
frontões neoclássicos no andar nobre, alternadamente triangulares e em segmento de
círculo.
 
32. CASA DOS CONDES DE MONTE REAL
Edificada em 1920, com projeto de Guilherme Gomes,esta casa manifesta a
permanência do gosto palaciano, reconvertido em “casa portuguesa”.
 
33. CHALET LEITÃO
Datado de 1896 e com projeto de António Dias da Silva, o chalet Leitão implantou-se
na Av. D. Carlos (inaugurada em 1899) e faz parte do notável conjunto de edifícios que
definem a silhueta ocidental da Baía de Cascais. Neste destaca-se as suas varandas
com excecional estrutura em ferro.
 
34. CASA MARIA HELENA
Edificada nos primeiros anos do séc. XX, destaca-se pelos seus magníficos painéis
azulejares que compõem a fachada virada para a Baía de Cascais, com representação
de São João e um conjunto de temática marítima, muito apropriado ao local.
 
35. CASA SEIXAS
Localizada numa posição privilegiada na Baía de Cascais, foi edificada sobre o baluarte
de Santa Catarina (Séc. XVII). O projeto de 1920 de Joaquim Norte Júnior segue o
modelo do palácio português setecentista. Foi doada pelo seu encomendador,
Henrique Maufroy de Seixas, à Capitania do Porto de Cascais, por testamento de 1945.
 
36. CASA D. PEDRO DOM PEDRO HOUSE
Foi mandada construir em 1903 pelos terceiros Duques de Palmela para a oferecerem
à escritora Maria Amália Vaz de Carvalho, autora da biografia do Duque de Palmela, D.
Pedro de Sousa e Holstein. De estilo marcadamente português, está alterada devido à
sua adaptação a unidade hoteleira.

Arquitetura de veraneio

03-03-2016

Chalet D. Maria Pia | Monte Estoril


Casa Malvina | Monte Estoril

Torre de S. Patrício | Monte Estoril


Casa Monsalvat | Monte Estoril

Casa de S. Bernardo | Cascais


Casa Seixas | Cascais

Casa Lancastre | Cascais


Chalet Palmela | Cascais

Casa de Santa Maria | Cascais


Casa dos Condes de Monte Real | Cascais

Torre de S. Sebastião | Cascais


Casa dos Almadas e Chalet Faial | Cascais

Chalet Barros | Estoril


Casal de S. Roque | Estoril

Casa das Pedras | Parede


Nascida na segunda metade do século XIX, a arquitetura de veraneio surgiu em Cascais
após a instalação da Família Real no Palácio do Governador da Cidadela, a partir de
1870, aquando da imposição da vila enquanto rainha das praias portuguesas.
Espraiando-se depois pelo Monte Estoril, fixou-se em vários pontos da costa, como S.
João do Estoril, Estoril ou Parede.
O conjunto ainda hoje existente permite diferenciar as várias opções estéticas que
marcaram um período que se estendeu por cem anos, de 1870 a 1970.
PUBLICADO EM FEVEREIRO 3, 2015 VISITAR CASCAIS, PORTUGAL PORTUGAL
[ CASCAIS ] 39 PARTILHAS FacebookTwitterPinterest Cascais fica a cerca de 30 minutos
de Lisboa e é uma das mais interessantes vilas de Portugal. Se partir da capital
portuguesa, a viagem de comboio, pela marginal, junto ao rio e mar é um dos passeios
mais bonitos que pode fazer. Cascais © Viaje Comigo Cascais © Viaje Comigo A praia
ampla e as ruas pitorescas fazem de Cascais um local muito visitado por turistas e
também por ser uma vila piscatória – com muitos restaurantes a servirem o peixe
fresco. Entre a baía e a serra de Sintra, Cascais foi, no século XIX, o local escolhido pela
família real para férias. No Largo de Camões, no centro histórico, estão as lojas e
restaurantes. Estátua de Luís de Camões – Cascais © Viaje Comigo Rua dos
restaurantes em Cascais © Viaje Comigo Havia um dizer antigo “Cascais, uma vez e
nunca mais”, devido aos maus acessos que existiam para a vila. Isso era no século XIX,
atualmente não é assim e os acessos são bons e modernos. Esta é uma zona que
geralmente goza de bom tempo e, por ter um centro pitoresco, convida a passeios e a
experimentar os restaurantes de variados estilos: desde os tradicionais portugueses,
aos italianos, irlandeses, bares, cafés e pastelarias de grande qualidade. Restaurantes
em Cascais © Viaje Comigo Restaurantes em Cascais © Viaje Comigo Cascais © Viaje
Comigo A Baía de Cascais – feita música pelo grupo português Delfins – é o centro dos
passeios. É onde se organizam as festas locais e também onde estão muitas lojas,
restaurantes, bares e, claro, a praia. A marina de Cascais tem também espaços para
relaxar, desde restaurantes (com especialidades de peixe e mariscos) e bares. O
Paredão ou Passeio Marítimo do Estoril é o local escolhido para longos passeios,
sempre junto ao mar. Passeando pelo centro de Cascais verá que a antiga Rua Direita,
hoje chamada de rua Frederico Arouca, tem várias lojas e bancas. No Parque Marechal
Carmona vai encontrar o Museu Condes de Castro Guimarães e ainda uma grande
diversidade na fauna e flora. O espaço conta com um local para as crianças brincarem.
Aqui perto está a Casa das Histórias Paula Rego. Cascais © Viaje Comigo Cascais ©
Viaje Comigo A Boca do Inferno fica na costa oeste de Cascais e é onde toda a gente
vai espreitar as ondas a baterem na caverna. Aproveite para ver aqui o pôr-do-sol e
ficar deslumbrado. A cerca de 8 quilómetros de Cascais está a praia do Guincho, muito
ventosa e, por isso, aconselhada para a prática de surf, kitesurf e windsurf. Ficou
conhecida internacionalmente porque apareceu no filme de James Bond “Ao Serviço
de Sua Majestade” e acolheu a Taça do Mundo de Windsurf. Campeonatos de surf e
bodyboard também passam por esta praia. Cascais © Viaje Comigo Cascais © Viaje
Comigo Igreja em Cascais © Viaje Comigo Cascais © Viaje Comigo O QUE VER/ VISITAR
– Casa das Histórias Paula Rego: Museu inaugurado em 2009 que exibe alguns dos
trabalhos da artista conhecida internacionalmente Paula Rego. O edifício é trabalho do
arquiteto Eduardo de Souto Moura. Casa das Histórias Paula Rego © Viaje Comigo –
Museu do Mar D. Carlos: com exposições permanentes e temporárias relativas à
marinha e biologia. Estátua do Rei D. Carlos © Viaje Comigo – Museu Condes de Castro
de Guimarães: abriu ao público em 1931 e aqui pode visitar obras de arte que
mostram a Cascais de outros tempos- desde porcelanas a livros variados. Está dentro
do Parque Marechal Carmona – Palácio de Seixas é a Messe de Cascais: foi construído
sobre o que restava do Forte de Santa Catarina. Chegou a servir de casa – Residência
de Ornelas – e depois nomeada de Palácio de Seixas. Posteriormente, o dono,
Henrique Maufroy de Seixas, deixou em testamento o palácio à Marinha Portuguesa
que a explora atualmente. – Centro Cultural de Cascais está no antigo Convento Nossa
Senhora da Piedade: com exposições temporárias variadas. Centro Cultutral de Cascais
© Viaje Comigo – Casa da Guia: já foi a Quinta dos Condes de Alcáçovas, onde está um
palacete do século XVII. Fica a caminho da praia do Guincho, este local onde poderá
relaxar, nos restaurantes, lojas e cafés junto ao mar. – Forte e Farol Santa Marta:
funciona como farol e acolhe um museu dedicado à história dos faróis. – Forte da
Nossa Senhora da Luz: no início, chamava-se Torre de Santo António e servia para
proteger as margens de Lisboa. – Cidadela de Cascais: é onde está inserida a Pousada
de Cascais e e inclui a Fortaleza da Luz. No século XIX serviu de residência de verão ao
rei D. Luís. Pousada de Cascais – Vista do quarto © Viaje Comigo Cidadela de Cascais ©
Viaje Comigo – Palácio dos Duques de Palmela: construído no século XX, o palácio está
situado no paredão que liga Cascais ao Estoril. – Casa da Pérgola: aluga quartos e fica
mesmo em frente à geladaria Santini. – Casa Santa Maria; de início do século XX, é da
autoria do arquiteto José Lino, e considerada uma obra de arte. Cascais © Viaje
Comigo – Estoril: Casino e jardins no exterior, para relaxar. Do outro lado da linha de
comboio pode passear à beira-mar, onde tem restaurantes e bares. A zona do Tamariz
tem um restaurante à beira-mar que é bar-discoteca durante o verão. – Forte de São
Julião da Barra: construído no século XVI é a sede do Ministério Nacional da Defesa. –
Forte São Lourenço do Bugio (Torre do Bugio), está situado no meio do rio Tejo. Jardim
em Cascais © Viaje Comigo – Forte de São Bruno de Caxias (foi usado como prisão
política durante o regime de António de Oliveira Salazar. Outros Fortes: Forte da Cruz
(também conhecido como o Chalet Barros); Forte da Giribita; Forte de São Pedro
conhecido por Forte Velho; Forte da Cadaveira conhecido como São Teodósio Forte da
Cadaveira ; Forte de São Julião da Barra; Forte de São João das Maias; Forte de São
Jorge de Oitavos; e Forte do Guincho (Forte da Praia do Abano). – Parque Natural de
Sintra-Cascais Estende-se desde a Serra de Sintra, passando pela Praia do Guincho até
ao Cabo da Roca – o ponto mais ocidental da Europa. Cascais © Viaje Comigo ONDE
DORMIR EM CASCAIS Fique com as sugestões do Viaje Comigo sobre alojamento em
Cascais. Pousada de Cascais © Viaje Comigo ONDE COMER São muitos os restaurantes
com gastronomias do mundo inteiro. Junto da praia estão estacionadas food trucks
com sabores diferentes. Experimentámos o restaurante Taberna da Praça (na
Cidadela) e aconselhámos. Quer deixar-nos a sua sugestão de onde comer? Pousada
de Cascais – Taberna da Praça © Viaje Comigo Food truck junto da praia de Cascais ©
Viaje Comigo Em Cascais, seja verão ou inverno, a Santini é a geladaria mais
concorrida. Os gelados ao estilo italiano, feitos com frutas e produtos frescos, chegam
a fazer filas que vêm até à rua. Abriu há mais de 60 anos no Tamariz mas agora tem
mais lojas no país. Pastelarias: tem muitas e boas! Pastelaria Garrett Avenida Nice, 54 –
Estoril 2765-259 Cascais Pastelaria A Bijou de Cascais Rua Regimento Infantaria
Dezanove, 55, Cascais Praia em Cascais e roda gigante © Viaje Comigo Cascais © Viaje
Comigo Cascais © Viaje Comigo Baía de Cascais © Viaje Comigo Comentários Salvar 39
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autocaravana que fiz pela costa alentejana. Foi, aliás, o primeiro … VIAJE COMIGO
Susana Ribeiro é jornalista desde 1998. Especializou-se em turismo e gastronomia mas
tem experiência em várias áreas e meios: revistas, jornais, rádio, televisão, internet,
locuções e redes sociais. Fez o Viaje Comigo para incentivar outros a viajarem mais.
Saiba Mais sobre a Susana Ribeiro

Leia mais em: https://www.viajecomigo.com/2015/02/03/cascais-portugal/


Parque Marechal Carmona

20-02-2012
É um espaço singular no concelho de Cascais resultando da junção dos jardins do
Palácio dos Condes de Castro Guimarães com a propriedade do Visconde da
Gandarinha. Nele pode desfrutar-se de uma tranquilidade única conferida por um
conjunto vegetal notável e diversificado, que em articulação com o ondular suave do
terreno, que integra um troço da Ribeira dos Mochos, permite em cada percurso,
novas perspectivas e descobertas.

Amplos relvados, canteiros de herbáceas e de arbustos decorativos desenvolvem-se


em consonância com o traçado romântico dos percursos, magnificamente
enquadrados por uma mata com árvores de grande porte.

Para além das possibilidades mais contemplativos de utilização de todo este parque,
da qual faz parte a mata propriamente dita, os orlas relvadas, a estufa, a envolvente da
linha de água  e dos lagos  e os diversos recantos preparados para acolher o visitante,
aqui e além assinalados por elementos escultóricos e arquitectónicos, conta-se ainda
com algum equipamento de uso mais activo. A área de recreio infantil, o mini-zoo, a
biblioteca juvenil, os campos de jogos tradicionais, o parque de merendas e os
relvados constituem atractivos suplementares para as diversas faixas etárias, possui
ainda sanitários e uma cafetaria.

Horário de Verão: 8h30 - 19h45


Horário de Inverno: 8h30 - 17h45
Categoria: 
Parques e Jardins
Imagem: 
Galeria: 
Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona

12-06-2014

Parque Marechal Carmona


Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona


Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona


Parque Marechal Carmona
Parque Marechal Carmona

SAIBA MAIS

PARQUE MARECHAL CARMONA

Parque Marechal Carmona


Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona


Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona


Parque Marechal Carmona

Parque Marechal Carmona


  

NOV. A MAR.8h30 - 17h45


ABRIL A OUT.8h30 - 19h45

Gratuito
Parque Marechal CarmonaPraceta Domingos D’Avilez - Av. da República
Cascais

Criado na década de 40, este grande espaço verde resulta da junção dos jardins do
Palácio Condes Castro Guimarães com a propriedade do Visconde da Gandarinha, na
vila de Cascais.
Desde a primeira metade do século XVI, o espaço já era utilizado como quinta de
recreio, lazer e produção.
Foi comprado à Misericórdia de Cascais pelos Carmelitas Descalços, sob o patronato do
D. António de Castro.
Depois de, em 1834 passar para os bens do Estado, teve vários donos, até ter sido
finalmente adquirido pelo Visconde da Gandarinha, que construiu aí um parque
romântico.
O jardim do Palácio Condes Castro Guimarães também se caraterizava por um toque
de romantismo e, em 1944, após o terreno da Gandarinha ter sido adquirido, os dois
espaços foram unidos e abertos ao público. Após a revolução de 1974, passou a
designar-se Parque do Gandarinha, apesar de ainda hoje ser conhecido como Marechal
Carmona.
O Parque tem amplos relvados, canteiros de herbáceas e arbustos, uma mata com
árvores de grande porte e percursos com um toque de romantismo. O Parque integra,
ainda, um troço da Ribeira dos Mochos, lagos, um parque de merendas e um campo
para jogos tradicionais.
Ali encontra-se a Biblioteca Municipal Infantil e Juvenil. Junto a uma cafetaria com
esplanada e um belo lago, onde nadam patos, é perfeito para proporcionar momentos
de descanso e contemplação. O espaço tem também um parque infantil, que está
dividido em três áreas, adaptadas às faixas etárias das crianças.
Todos os sábados este Parque recebe o Mercado Biológico de Cascais, onde pode
encontrar produtos de agricultura biológica, certificados. Frutas, verduras, compotas,
doces, pães e bolos regionais são alguns dos ‘mimos’ que pode levar para casa, após
um belo passeio pelo Marechal Carmona.

 OHficina
 Quem conta um conto acrescenta um ponto...
 Yoga & Qigong para Famílias
 Dia Internacional do Animal Abandonado
Património Arqueológico | Cetárias romanas (Cascais)

03-03-2016
Em 1992, no âmbito das obras de uma habitação da Rua Marques Leal Pancada, em
Cascais, surgiu a oportunidade da realização de sondagens arqueológicas. Procurava-se
então localizar uma das antigas portas no torreão do castelo de Cascais que aparece
representada em plantas dos finais do século XVI. 
É exatamente numa das duas sondagens realizadas no interior da casa que se vai
identificar uma cetária completa, revestida de opus signinum. Este tipo de estrutura,
um largo tanque com paredes revestidas de uma argamassa impermeável, encontra-se
associado à indústria romana de salga e transformação de pescado e derivados
piscícolas.
Foram ainda encontrados dois outros pisos de opus signinum – os quais estariam
certamente relacionados com este espaço fabril – e no interior da cetária,
completamente preenchida de areia, uma base de coluna de tipo toscano e alguns
escassos fragmentos de cerâmicas comuns romanas. Estes achados incluíam
fragmentos de ânfora, vasilha de grandes dimensões, típica do transporte de pescado
e derivados piscícolas, com ampla difusão por todo o império romano.
Com a realização das obras de reacomodação de infraestruturas ao longo da mesma
rua, realizadas nos anos de 1998 e 1999, foi possível estender as sondagens, tendo-se
identificado um conjunto de seis novas cetárias, muito danificadas pela instalação de
antigas infraestruturas contemporâneas.
Foram também recolhidos fragmentos de ânforas, entre outras cerâmicas, e três
sestércios do Imperador Domiciano, Trajano e Adriano e um asse do Imperador
Antonino Pio.
Ficou, assim, demonstrada a presença de uma fábrica de conservas de derivados
piscícolas a laborar junto à praia de Cascais durante a segunda metade do século I d. C.
e finais do século II. Quando a fábrica deixou de laborar os tanques foram preenchidos
com areia e, sobre eles, construídas as estruturas do castelo, já em época medieval.
Património Arqueológico | Grutas do Poço Velho

01-03-2016
Coelhinho de osso polido. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.144

Enxó de pedra polida. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.10


Colar. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.159

Ponta de seta de sílex. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.78


Lâmina de sílex. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.95

Pequeno vaso de cerâmica. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.134


Recipiente cerâmico. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.174

Pequeno recipiente de osso polido. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.141


Fivela de cinturão. Grutas do Poço Velho. Nº Inv. PV.203
As grutas naturais do Poço Velho localizam-se na margem direita da Ribeira das Vinhas,
a cerca de 500 metros da sua foz, na Praia da Ribeira, em plena vila de Cascais.
Atualmente, o acesso à rede de galerias faz-se por duas entradas diferentes.
Em 1879, o geólogo Carlos Ribeiro (o “fundador” da arqueologia cascalense) explora
pela primeira vez estas grutas, tendo detetado nos sedimentos que preenchiam o seu
interior vestígios arqueológicos que vão desde o Paleolítico até à Antiguidade Tardia.
No entanto, a principal ocupação é de época neolítica e calcolítica (4º e 3º milénios a.
C.) e corresponde à utilização da gruta como necrópole, tendo sido identificada mais
de uma centena de enterramentos.
Entre 1945 e 1947, Abreu Nunes promove novas intervenções neste sítio arqueológico,
então sob a gestão da Junta de Turismo de Cascais. Os trabalhos de escavação
permitiram recolher um diversificado conjunto de espólio funerário, que inclui
artefactos de pedra polida e lascada, artefactos votivos de calcário, placas de xisto
decoradas, elementos de adorno e cerâmica.
Algum do espólio recolhido neste sítio arqueológico encontra-se em exposição no
Museu da Vila de Cascais, podendo as grutas ser visitadas virtualmente num passeio
em 360º 
Património Arqueológico | Poço Novo (Cascais)

12-02-2016

No decurso das obras de remodelação da rede de águas pluviais na Travessa do Poço


Novo, foi localizada por um morador a abertura de um poço no entroncamento da Rua
do Poço Novo, da Travessa do Poço Novo e do Beco do Poço Novo, em Cascais. Note-
se que há muito se conjeturava sobre a localização do Poço Novo no centro histórico
da vila, para além de que os nomes das três vias que ali se cruzam sugeriam a
existência de uma importante estrutura hidráulica. A intervenção arqueológica
decorreu em novembro de 2007 numa das principais artérias do traçado da baixa
Idade Média e da Idade Moderna, que comunicava com uma das portas do antigo
castelo, já existente no reinado de D. Fernando I. A malha urbana medieval organizava-
se, então, em função do eixo viário com início na saída norte do castelo que
assegurava a ligação com a vila de Sintra: a atual rua do Poço Novo. O natural
crescimento de Cascais para norte fez, depois, aumentar a necessidade de se garantir
o abastecimento de água à população que também aumentava, promovendo-se a
realização das primeiras grandes obras de abastecimento de água à vila e
promulgando-se posturas com vista à proteção das fontes, chafarizes e ribeiros. A
intervenção arqueológica poria a descoberto as duas grandes lajes que cobriam o poço
que nos finais do século XIX já deveria estar desativado. Foi a fratura de uma delas que
permitiu a sua localização, uma vez que estavam consolidadas por forte argamassa de
cal e assentavam sobre um grande monólito calcário. Esta cobertura garantiu que
permanecesse selado até à sua relocalização, e consequentemente que o seu interior
se conservasse em ótimo estado. Embora não se tenha escavado o seu interior, o poço
apresentava forma circular com um diâmetro de 1,75 metros e uma altura conservada
de 8 metros. A parede foi construída com blocos de calcário, grosseiramente
aparelhados, sobrepostos em camadas horizontais, regulares e ligados por argamassa
de cal. A importância deste achado para a memória de Cascais levou a que se decidisse
representar graficamente no pavimento de calçada a abertura do poço, relembrando
ao transeunte a importância deste local, igualmente recordada numa placa de bronze
instalada junto à placa toponímica.
Património Arqueológico | Ruínas do antigo Posto de Turismo de Cascais

03-03-2016
As ruínas que podem ser vistas no interior das instalações do antigo Posto de Turismo
de Cascais, na Rua Regimento 19 de Infantaria, foram descobertas em 1988, durante a
investigação arqueológica que precedeu os trabalhos de remodelação do antigo
edifício da Sociedade Musical de Cascais. Esta intervenção integrava-se num projeto
mais amplo que preconizava caraterizar e datar a evolução da malha urbana da vila.
No interior do espaço musealizado podemos ver parte da estrutura base do nível
térreo de uma habitação de finais do século XVI, reforçada no lado nascente, o que
tornou possível a construção deste edifício na margem da Ribeira das Vinhas.
Entre os achados destacam-se fragmentos de faiança espanhola, italiana e portuguesa,
que foram encontrados com porcelanas chinesas da dinastia Ming (período Wanli
1572-1620). Quanto aos objetos metálicos, o principal destaque vai para um fecho de
roupa em bronze, banhado a ouro, que conservava parte do tecido onde estava
aplicado e algumas moedas de cobre de D. Sebastião (1557-1578).
A área escavada revelou uma porta com dois degraus, à qual estava associado um
lintel de calcário chanfrado, que daria acesso à margem da ribeira. Um dos degraus
apresentava lateralmente duas perfurações, onde se implantava uma porta que
deveria abrir de par em par. Posteriormente, este vão foi nivelado e os degraus
cobertos por um pavimento de cal e areia, ainda visível em alguns locais. O extenso
pavimentado de tijoleira, contíguo à parede norte, abrange uma ampla zona que se
desenvolve ao longo de uma parede divisória.
Quando esta habitação foi erigida, Cascais já detinha o estatuto de vila há mais de
duzentos anos e o burgo desenvolvia-se para norte, devido ao crescimento da
população, ligada à pesca e, em particular, às atividades militares, que aumentaram a
partir da construção, em 1488, da Torre de Cascais, estrutura de elevada importância
estratégica na defesa marítima da capital.
Do século XVI em diante, o crescimento urbano da vila foi quase inexistente, sendo de
notar que após a vasta destruição causada pelo terramoto de 1755, a reconstrução
seria muitíssimo lenta. Esta casa não foi, assim, reconstruída de acordo com o plano
original, tendo a estrutura sido, antes, alargada para o atual edifício, mantendo as
paredes sul e oeste. O pavimento foi, então, elevado e coberto com lajes calcárias, das
quais resta um testemunho.
Património Arquitetónico

O património arquitetónico considerado reúne um conjunto de elementos construídos


representativos da riqueza do concelho.
Localizada à entrada da Barra de Lisboa, a frente marítima de Cascais distingue-se por
uma notável sequência de fortificações, intercalada por um extraordinário conjunto de
moradias de veraneio construído depois de 1870, na sequência da instalação da
Família Real e da Corte em Cascais, no período do ano consagrado aos banhos de mar. 
Não deixa, ainda, de marcar presença neste território a arquitetura popular, com
habitações, moinhos, tanques e aquedutos que atestam a matriz rural e saloia do
concelho.
A religiosidade da comunidade está representada por diversos templos, alguns dos
quais com importantes conjuntos decorativos, como painéis azulejares ou pinturas a
óleo quinhentistas.
E se nesta listagem incluímos quintas históricas, quase todas associadas à produção do
célebre vinho de Carcavelos, não deixamos também de assinalar a arte pública
contemporânea, contributo recente para a melhoria da qualidade dos nossos espaços
de vivência.
 
 
Arquitetura de veraneio
Nascida na segunda metade do século XIX, a arquitetura de veraneio surgiu em Cascais
após a instalação da Família Real no Palácio do Governador da Cidadela, a partir de
1870, aquando da imposição da vila enquanto rainha das praias portuguesas.
Espraiando-se depois pelo Monte Estoril, fixou-se em vários pontos da costa, como S.
João do Estoril, Estoril ou Parede. O conjunto ainda hoje existente permite diferenciar
as várias opções estéticas que marcaram um período que se estendeu por cem anos,
de 1870 a 1970.
Veja aqui algumas imagens | Conheça melhor a Arquitetura de Veraneio neste vídeo
 
Arquitetura modernista
A arquitetura modernista marcou presença no concelho de Cascais sobretudo a partir
da década de 30 do século XX, tendo, então, o Estoril recebido os mais emblemáticos
edifícios públicos e privados desta nova corrente estética. Estes imóveis dão resposta a
uma alteração de gosto que passa a favorecer uma arquitetura mais funcional e com
novas conceções de espaço inspiradas em modelos internacionais.
Veja aqui algumas imagens
 
Quintas históricas
As quintas históricas identificam-se como os remanescentes das quintas de recreio,
lazer e produção, ou só de produção, que tradicionalmente formaram uma unidade
sustentada e coerente de produção agrícola, apresentando valores paisagísticos,
arquitetónicos, patrimoniais e uma dimensão geográfica que as distinguem de simples
“casais”.
Veja aqui algumas imagens
 
Arquitetura militar
A arquitetura militar em Cascais, que se insere no esquema de defesa da Barra de
Lisboa, é representada essencialmente pelas suas fortificações marítimas, desde finais
de Quatrocentos, como a Torre de Cascais, até meados do século XX, como a Bateria
de Artilharia de Costa de Alcabideche, construída imediatamente após a II Guerra
Mundial.
Veja aqui algumas imagens | Conheça a melhor a Fortaleza Nossa Senhora da
Luz neste vídeo
 
Arquitetura religiosa
A arquitetura religiosa é uma forma de manifestação cultural e artística que se traduz
em edifícios consagrados ao culto, de imagem mais erudita ou popular. Estes templos
permitem-nos caraterizar e identificar as comunidades no que têm de mais simbólico –
iconografia, romarias, cultos e tradições – mas também ao nível da sua vivência
quotidiana.
Veja aqui algumas imagens
 
Arquitetura popular
De origem rural e saloia, a arquitetura tradicional ou vernácula de Cascais ainda
mantém exemplares que representam a ligação das populações à terra. Com várias
tipologias, algumas destas modestas casas e respetivas arribanas subsistiram até hoje,
principalmente no interior do concelho.
Veja aqui algumas imagens
 
Estruturas de moagem e arquitetura da água
Tendo o pão como base da alimentação, as populações necessitavam de farinha para
assegurar a sua sobrevivência. Assim, ao longo dos séculos foram sendo construídas
azenhas e moinhos de vento que vieram a pontuar os locais mais ventosos ou junto a
ribeiras. Foram erigidos aquedutos para transporte de água para as azenhas, mas
também para tanques de rega, essencial à horticultura.
Veja aqui algumas imagens
 
Arte pública
Por arte pública entende-se todas as peças artísticas, inseridas no espaço público,
representativas das várias correntes estéticas e culturais, designadamente esculturas,
temáticas ou abstratas; estatuária e monumentos comemorativos dedicados a
personalidades, factos históricos e a instituições.
Veja aqui algumas imagens
 
Elementos Singulares de Interesse Relevante
Para além dos bens que são inequivocamente património cultural existe um conjunto
significativo de elementos que mercê da sua singularidade intrínseca detêm valências
relevantes para a construção da nossa identidade cultural. Referimo-nos a mais de
meio milhar de elementos de caráter geralmente vernacular ou etnográfico que
integram a paisagem cultural, tanto rural como urbana, do concelho. No conjunto
congregam-se tanto muros tradicionais, maioritariamente de pedra seca, como
portais, eiras ou fornos de cal, entre outros elementos.
Arquitetura Militar

03-03-2016

Cidadela de Cascais
Bateria da Crismina

Fortaleza de Nossa Senhora da Luz | Cascais


Forte da S. Brás de Sanxete | Cabo Raso

Forte de Nossa Senhora da Guia


Forte do Abano | Guincho

Forte de S. Jorge dos Oitavos


Forte de Santo António da Barra | S. João do Estoril

Troço da antiga muralha do castelo de Cascais | Cascais


Forte e farol de Santa Marta | Cascais

Bateria de Artilharia de Costa de Alcabideche


A arquitetura militar em Cascais, que se insere no esquema de defesa da Barra de
Lisboa, é representada essencialmente pelas suas fortificações marítimas, desde finais
de Quatrocentos, como a Torre de Cascais, até meados do século XX, como a Bateria
de Artilharia de Costa de Alcabideche, construída imediatamente após a II Guerra
Mundial.
 
Conheça a melhor a Fortaleza Nossa Senhora da Luz neste vídeo

Arquitetura Religiosa

03-03-2016
Capela de S. Sebastião | Cascais

Capela de Nossa Senhora da Vitória | Cascais


Ermida de Nossa Senhora da Guia | Cascais

Capela de Sant’Ana | Parede


Igreja da Misericórdia | Cascais

Igreja de S. Vicente | Alcabideche


Igreja de Nossa Senhora dos Remédios | Carcavelos

Igreja de S. Domingos de Gusmão | S. Domingos de Rana


Igreja e convento de Santo António | Estoril

Convento de Nossa Senhora da Piedade, atual Centro Cultural de Cascais


A arquitetura religiosa é uma forma de manifestação cultural e artística que se traduz
em edifícios consagrados ao culto, de imagem mais erudita ou popular. Estes templos
permitem-nos caraterizar e identificar as comunidades no que têm de mais simbólico –
iconografia, romarias, cultos e tradições – mas também ao nível da sua vivência
quotidiana.
ROTA D. CARLOS, UM REI EM CASCAIS

  

D. Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de
Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha, filho
primogénito dos reis D. Luís e D. Maria Pia, nasceu no Palácio da Ajuda, a 28 de
setembro de 1863.
Em Cascais, mercê das condições privilegiadas da sua enseada, D. Carlos encontrou o
cenário ideal para apurar interesses artísticos, aptidões desportivas e uma curiosidade
científica insaciável, beneficiando do facto de, a partir de 1870, a Família Real se
instalar na Cidadela, no período do ano consagrado à prática dos banhos de mar.
D. Luís soube transmitir a D. Carlos o seu fascínio pelo oceano, oferecendo-lhe, em
1878, por ocasião do seu 15.º aniversário, o palhabote Nautilus, no mesmo dia em que
Cascais assistiu à primeira experiência de iluminação elétrica em Portugal.
 
Partamos, assim, à descoberta de alguns dos locais que fizeram parte da história de um
Rei que tanto amou Cascais!
 
VERSÃO EM PDF
 
1. Casa D. Maria Pia
Avenida Marginal, n.º 18 | Rua D. António Guedes de Herédia, n.º 3 B, Monte Estoril
Construída na última década do século XIX, em posição dominante sobre a escarpa da
costa do Monte Estoril, esta casa, ainda hoje imagem de marca do Monte Estoril, foi
adquirida pela Rainha D. Maria Pia, para utilização durante o período do ano
consagrado aos banhos de mar, em 1893, quatro anos depois do falecimento do Rei D.
Luís na Cidadela de Cascais e da ascensão de D. Carlos ao trono. No entanto, em
função da sua privilegiada localização também viria a ser utilizada durante grandes
períodos no inverno, assumindo, então, a designação de Paço do Estoril, que se
manteria até à implantação da República, em 1910.
 
2. Praia da Rainha 
Cascais
A enseada que abriga a Praia da Rainha foi outrora conhecida por Boca do Asno,
provavelmente devido à sua forma. Cedo este pequeno areal, protegido do vento e da
ondulação, se transformou no preferido da Rainha D. Maria Pia, que o elegeu para os
banhos de mar dos príncipes D. Carlos e D. Afonso. Seria também nesta praia que a
Rainha D. Amélia, mulher de D. Carlos, salvaria, em 1900, um pescador que se
encontrava prestes a afogar-se…
 
3. Praia da Ribeira
Cascais
A presença sazonal da Família Real em Cascais, a partir de 1870, em função da moda
dos banhos de mar, transformou a vila na rainha das praias portuguesas, obrigando os
pescadores a cederem aos banhistas parte da Praia da Ribeira, assim designada por aí
então desaguar a Ribeira das Vinhas.
Foi a partir deste areal, hoje conhecido por Praia dos Pescadores, que D. Carlos
impulsionou a prática da vela, do remo e da natação, transformando Cascais no mais
prestigiado campo de regatas em Portugal, onde se disputou, por exemplo, em 1893, a
primeira corinthian race nacional, regata em que as embarcações correm tripuladas
apenas por amadores ou, em 1898, a primeira regata internacional nas nossas águas.
 
4. Avenida D. Carlos I
Cascais
A estada da Família Real no Palácio da Cidadela a partir de 1870 acentuou a
necessidade de construção de uma nova via de acesso à Praia da Ribeira. A Avenida D.
Carlos I, inaugurada em 1899, em homenagem ao Rei, que a terá ajudado a pagar,
transformou-se num dos eixos fundamentais da vila e em mostruário da arquitetura de
veraneio, então em voga, de que a Casa Silva Leitão, projetada em 1896, com seu
telhado pontiagudo, constitui belíssimo exemplar.
 
5. Passeio Maria Pia 
Cascais
Este passeio contíguo à Cidadela de Cascais era local de passagem obrigatória dos
elegantes instalados na vila para a prática dos banhos de mar, razão pela qual foi
batizado, em 1890, como Passeio Maria Pia, em homenagem à Rainha, mãe de D.
Carlos.
 
6. Marégrafo
Passeio Maria Pia, Cascais
Marcação de visitas: 214 815 907/55 | museumar@cm-cascais.pt
Tendo por função a medição do nível médio das águas do mar, o Marégrafo de Cascais,
que estava ligado ao laboratório oceanográfico de D. Carlos, foi instalado em 1882,
vindo a ser deslocado cerca de 30 metros, para a sua atual localização, em 1900.
O sistema de medição, composto por uma boia num poço, ligada a um relógio de alta
precisão e a um cilindro horizontal que permite o registo gráfico das oscilações da
boia, ainda funciona e é visitável por marcação.
 
7. Palácio da Cidadela
Avenida D. Carlos I, Cascais
Aberto de 4.ª a domingo, 14h00-20h00
A Cidadela é uma fortificação compósita, que resultou de mais de quinhentos anos de
sucessivas construções e readaptações. Tendo por base a Torre de Cascais, mandada
construir em 1488 pelo Rei D. João II, veio a ser integrada, no último quartel do século
XVI, na Fortaleza de Nossa Senhora da Luz e depois de 1640 na fortificação que hoje
conhecemos.
A porta de armas era o único acesso ao seu interior, que se organizava a partir de um
pátio central, em torno do qual se dispunham quatro quarteirões: o de Santa Catarina,
junto às antigas Casas do Governador – onde a partir de 1870 os Reis D. Luís e D. Maria
Pia instalaram o Paço Real de Cascais – os de S. Pedro e de Santo António, que se
destinavam à guarnição, e o de S. Luís, onde funcionava o hospital. Sob o pátio
construiu-se uma grande cisterna, de planta quadrangular, com abóboda assente em
nove colunas. Do conjunto destaca-se, ainda, a Capela de Nossa Senhora da Vitória.
O projeto de adaptação da Cidadela enquanto residência da Família Real, a partir de
1870, foi entregue a Joaquim Possidónio Narciso da Silva. Para o efeito, o arquiteto
gizaria a ligação das Casas do Governador ao Pavilhão de Santa Catarina, que confinava
com a Praça de Armas, redimensionando salas, decorando vestíbulos e salões e
criando um salão de banquetes e uma ligação direta para o coro alto da Capela de
Nossa Senhora da Vitória.
O Rei D. Luís veio a falecer, no Paço de Cascais em 1889, sucedendo-lhe D. Carlos, que
promoveu profundas alterações no edifício, onde instalou o primeiro laboratório
português de biologia marinha, em 1896, mandando acrescentar, para o efeito, em
1902, um terceiro piso sobre o antigo Pavilhão de Santa Catarina. O Palácio veio,
depois de 1910, a receber os Presidentes da República, funcionando, mesmo, como
residência oficial de Óscar Carmona, de 1928 a 1945.
Depois de muitos anos sem utilização, já em acentuado estado de degradação, seria
alvo de uma profunda intervenção de reabilitação e restauro, entre 2007 e 2008.
Cumpre hoje as funções de residência oficial do Presidente da República, assegurando
simultaneamente o acesso às suas salas de aparato e dependências plenas de história,
através de visitas guiadas, promovidas pelo Museu da Presidência da República.
 
8. Teatro Gil Vicente
Largo Manuel Rodrigues Lima, n.ºs 7-13, Cascais
Marcação de visitas: 214 830 522
Inaugurado em 1869, com quinhentos lugares, por iniciativa de Manuel Rodrigues
Lima, este espaço cultural segue as linhas clássicas do palco à italiana. O edifício é um
corpo retangular com fachada principal na face mais curta, marcada por três portas
emolduradas por cantaria, segundo um modelo do século XVIII, a que sobrepõem três
janelas "de verga" semicircular. A platibanda com balaustrada apresenta, ainda, sobre
os cunhais, florões de barro. 
Durante décadas esta sala de espetáculos desempenhou um papel essencial no
quotidiano das elites instaladas em Cascais, por meio da promoção de concertos e
peças de teatro a cargo de artistas vindos expressamente de Lisboa e até de récitas de
amadores. Constituía, assim, um dos palcos da convivialidade da alta sociedade “a
banhos” em Cascais, que beneficiou, muitas vezes, da presença da Família Real.
 
9. Sporting Club de Cascais | Museu do Mar Rei D. Carlos
Rua Júlio Pereira de Mello, s/n.º, Cascais
Foi na Parada, antiga área de instrução militar das tropas aquarteladas na Cidadela de
Cascais, que se instalou, em 1879, o Sporting Club de Cascais, sociedade desportiva e
recreativa de acesso condicionado, onde se reuniam os mais prestigiados banhistas.
Para além dos bailes que organizava, o clube, que cedo se transformou no centro da
vida social da vila, notabilizar-se-ia, ainda, pela introdução de diversas modalidades
desportivas em Portugal, casos do ténis, em 1882 – que o Rei D. Carlos tanto apreciava
– ou do futebol, no ano de 1888.
Hoje funciona neste edifício o Museu do Mar, formalmente inaugurado em 1992 e
rebatizado enquanto Museu do Mar – Rei D. Carlos no ano de 1997, em homenagem
ao monarca, fundador da oceanografia portuguesa. Entre os diversos núcleos
expositivos destacam-se os dedicados à arqueologia subaquática, à memória da
comunidade piscatória local, a D. Carlos e à ciência oceanográfica e à biodiversidade
do mar de Cascais.
 
10. Esplanada de tiro aos pombos 
Santa Marta, Cascais 
Era nesta esplanada em Santa Marta, já desaparecida, que a alta sociedade assistia ou
praticava (a)o tiro aos pombos, como sucedia com D. Carlos, ainda hoje recordado pela
sua extraordinária pontaria. O tiro e a caça constituíam duas das suas grandes paixões,
chegando, mesmo, a roubar horas ao sono para poder praticar…
 
11. Casa de S. Bernardo
Av. Rei Humberto II de Itália, s/n.º, Cascais
A casa de Bernardo Pinheiro de Melo, secretário e amigo de D. Carlos, que o
distinguiria, em 1895, com o título de 1.º Conde de Arnoso, foi local privilegiado de
convívio para os “Vencidos da Vida”, de que faziam parte algumas das mais destacadas
personalidades da vida cultural portuguesa da época, como Eça de Queirós, Ramalho
Ortigão e, apesar de se considerar um confrade suplente, o próprio Rei.
D. Carlos, que estudara desenho com Teodoro da Mota e pintura com Tomás da
Anunciação, Miguel Ângelo Lupi e Enrique Casanova, cedo se consagraria enquanto um
dos expoentes do naturalismo português. Conhecem-se vários trabalhos
representando Cascais assinados pelo monarca, que aproveitava a pacatez da varanda
da Casa de S. Bernardo para aguarelar e desenhar alguns objetos, como pratos e abat-
jours, que oferecia, depois, ao dono da casa.
 
12. Casa dos Condes de Olivais e Penha Longa
Av. Rei Humberto II de Itália, n.º 7, Cascais
Em 1886, D. Carlos casou-se com a Princesa Amélia de Orleães, filha dos Condes de
Paris, passando, a partir desta data, por ocasião da estada em Cascais, a residir numa
casa cedida pelos Condes de Olivais e Penha Longa. Construir-se-ia, pouco depois, um
enorme passadiço de acesso à Cidadela, de forma a permitir a comunicação entre as
duas habitações reais.
Este belíssimo exemplar da designada arquitetura de veraneio foi recentemente alvo
de uma importante obra de ampliação, de forma a receber o Farol Design Hotel.

ROTA DOS ESCRITORES

  

Cascais

«Cinco galinhas e meia


deve o Senhor de Cascais;
e a meia vinha cheia
de apetite para as mais»
 
Assim troçava de D. António de Castro, 4.º Conde de Monsanto, o grande Luís Vaz de
Camões, por continuar a aguardar as galinhas recheadas que lhe haviam sido
prometidas em troca de uma copla, eternizando em epigrama o nome da vila pela qual
já passara, a bordo da nau Santa Clara, em 1570. A região seria, depois, visitada por
muitos outros poetas e escritores, sobretudo a partir dos finais do século XIX, quando a
vila se transformou, durante o período do ano consagrado aos banhos de mar, na
capital do lazer em Portugal. Nenhum destes homens e mulheres lhe foram
indiferentes, escolhendo Cascais para passar férias, para viver ou até como local de
exílio. Partamos, assim, à descoberta da(s) sua(s) história(s) em Cascais!
 
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1. Almeida Garrett [1799-1854]
Jardim Visconde da Luz
«Acabava ali a terra
Nos derradeiros rochedos,
A deserta árida serra
Por entre negros penedos
Só deixa viver mansinho
Triste pinheiro maninho.
 
E os ventos despregados
Sopravam rijos na rama,
E os céus turvos, anuviados, 
O mar que incessante brama...
Tudo ali era braveza
De selvagem natureza»
[Folhas Caídas, 1853]
 
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida
Garrett, foi escritor, dramaturgo, orador, par do reino, ministro e secretário de estado
honorário. A esta figura maior do romantismo português, cuja atividade marcou de
forma decisiva a história da literatura e da dramaturgia, com obras como Frei Luís de
Sousa (1843), Viagens na Minha Terra (1846) ou Folhas Caídas (1853), se deveu,
também, a fundação do Teatro Nacional de D. Maria II e do Conservatório de Arte
Dramática.
A sua relação com Cascais remonta, pelo menos, a 1849, quando visitou a vila numa
época em que ainda era hábito dizer «A Cascais, uma vez, para nunca mais», para
visitar Rosa Montufar Infante, Baronesa e depois Viscondessa de Nossa Senhora da
Luz, por quem se apaixonara anos antes. Note-se que ao seu marido, Joaquim António
Velez Barreiros, Visconde da Luz, se devia, então, a promoção de Cascais em função da
moda dos banhos de mar, nomeadamente por meio da reconstrução da estrada que
ligava a vila a Oeiras e a Lisboa. Em 1885, Pinheiro Chagas referir-se-ia abertamente à
razão das visitas de Garrett ao concelho, secundando Tomás Ribeiro, que em Delfina
do Mal, de 1868, já aludira à «poética solidão» do Estoril, «onde habitou Garrett»,
junto às Termas, afamadas pela qualidade terapêutica das suas águas.
O Jardim Visconde da Luz, foi inaugurado em 1867, em terreno cedido pelo titular,
junto à Ribeira das Vinhas.
 
2. Herberto Helder [1930-2015]
Rua Frederico Arouca, antiga Loja Valentim de Carvalho, n.º 383
Considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX, foi também
jornalista, bibliotecário, tradutor e apresentador de programas de rádio e um dos
colaboradores da revista Pirâmide (1959-1960). 
Criando em seu torno uma atmosfera algo misteriosa, negava-se a conceder
entrevistas ou a ser fotografado, assim como a receber homenagens, prémios ou
condecorações, como sucedeu, em 1994, quando recusou o Prémio Pessoa. A sua
escrita, marcada por sucessivas viagens, começou por se situar no âmbito de um
surrealismo tardio, traduzindo-se numa quantidade assinalável de obra, como O Amor
em Visita (1958), Os Passos em Volta (1963), Húmus: Poema-montagem (1967),
Apresentação do Rosto (1968), O Bebedor Noturno (1968), Vocação Animal (1971),
Cobra (1977), Photomaton e Vox (1979), Flash (1980), A Plenos Pulmões (1981), A
Cabeça entre as Mãos (1982), As Magias (1987), Última Ciência (1988), Poesia Toda
(1996), A Faca Não Corta o Fogo (2008), Ofício Cantante: Poesia Completa (2009),
Servidões (2013), A Morte Sem Mestre (2014) e Poemas Completos (2014).
O seu último livro, Poemas Canhotos, foi publicado, em 2015, dois meses após a sua
morte, em Cascais, onde residia há muitos anos. Uma das suas mais curiosas obras é
exatamente o poema que ilustra a pintura de Sá Nogueira nas paredes exteriores da
antiga loja da Valentim de Carvalho, em Cascais, que remonta aos anos de 1966-69.
 
3. Mircea Eliade [1907-1986]
Rua da Saudade, n.º 13
«Passei cerca de cinco anos em Portugal, e uma parte da ação do romance decorre em
Lisboa, Cascais e Coimbra […] Se os compreendi bem, os Portugueses têm uma
determinada conceção do Tempo, da Morte e da História, que lhes permite pressentir o
tema central (e “secreto”) do romance»
[Bosque Proibido, 1954]
 
Nascido na Roménia, em 1907, este romancista e ensaísta viria a ser considerado um
dos mais influentes especialistas em história e filosofia das religiões, não obstante ter
trabalhado como adido cultural nas representações diplomáticas romenas em Londres,
em 1940, e em Lisboa, nos anos de 1941 e 1944, onde escreveria Os Romenos: Latinos
do Oriente e Salazar e a Revolução Portuguesa. Entre a sua extensa obra literária e
científica, traduzida em português, destaca-se, ainda, Tratado de História das Religiões
(1949), O Mito do Eterno Retorno: Cosmo e História (1949) e O Sagrado e o Profano
(1959).
Passaria duas curtas estadas em Cascais, onde chegou a inscrever-se como leitor do
Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães. No verão de 1941 arrendou casa a
Costa Pinto, instalando-se, de fevereiro a julho de 1945, numa habitação da Rua da
Saudade, a que se refere nas suas Memórias, da seguinte forma: «Situava-se no n.º 13
da Rua da Saudade, uma ruela pitoresca, possuindo um pequeno terraço sobre os
rochedos avançando sobre o oceano. Algumas estantes vazias na maior das divisões
bastaram para arrumar os livros que havia conservado». Alojar-se-ia, depois, até
setembro de 1945, noutra casa, na mesma rua.
Impossibilitado de voltar à Roménia do pós-guerra, devido às suas convicções políticas,
estabeleceu-se em Paris, onde escreveu o romance Bosque Proibido, em 1954, cuja
ação também se desenvolve em Cascais. Emigraria, em 1956, para os Estados Unidos
da América, onde veio a lecionar História das Religiões, na Universidade de Chicago. 
 
4. Maria Amália Vaz de Carvalho [1847-1921]
Vila D. Pedro, Rua Fernandes Tomás, n.º 1
Tendo publicado apenas com vinte anos a sua primeira obra, o poema a quatro cantos
Uma Primavera de Mulher, viria, depois, a casar-se com o poeta Gonçalves Crespo.
Cedo se destacou por intensa colaboração na imprensa, celebrizando-se pela produção
de crónicas, críticas literárias, artigos políticos e opiniões sobre a ética, a educação ou
a condição e o papel da mulher na sociedade, o que lhe garantiria, em 1912, o ingresso
na Academia das Ciências de Lisboa, distinção que nunca havia sido atribuída a uma
mulher.
Entre a sua vasta produção literária destacam-se A Arte de Viver na Sociedade (1897) e
Vida do Duque de Palmela D. Pedro de Sousa e Holstein (1898-1903), obra que lhe
valeu a oferta de uma «pequena casa à beira do Oceano» pelos Duques de Palmela: a
Vila D. Pedro. Não obstante ter constituído na Travessa de Santa Catarina o mais
importante salão literário de Lisboa, por onde passaram Ramalho Ortigão, Camilo
Castelo Branco e Guerra Junqueiro, entre outros, Maria Amália Vaz de Carvalho
também reuniria na casa de Cascais muitos amigos, como Eça de Queirós, para
animados convívios.
 
5. Fernando Pessoa [1888-1935]
Alameda dos Combatentes da Grande Guerra [Rua Oriental do Passeio, n.º 2,
atualmente inexistente]
Rua de Santa Rita, n.º 331, S. João do Estoril
«O que lhe disse de ir para Cascais (Cascais quer dizer um ponto qualquer fora de
Lisboa, mas perto, e pode querer dizer Sintra ou Caxias) é rigorosamente verdade:
verdade, pelo menos, quanto à intenção. Cheguei à idade em que se tem o pleno
domínio das próprias qualidades, e a inteligência atingiu a força e a destreza que pode
ter. É pois a ocasião de realizar a minha obra literária, completando umas coisas,
agrupando outras, escrevendo outras que estão por escrever. Para realizar essa obra,
preciso de sossego e um certo isolamento. Não posso, infelizmente, abandonar os
escritórios onde trabalho (não posso, é claro, porque não tenho rendimentos), mas
posso, reservando para o serviço desses escritórios dois dias da semana (quartas e
sábados), ter de meus e para mim os cinco dias restantes. Aí tem a célebre história de
Cascais»
[Carta a Ofélia Queirós, 29 de setembro de 1929]
 
Fernando António Nogueira Pessoa passou parte da sua infância em Durban, na África
do Sul. Aos 17 anos voltou a Lisboa para frequentar o Curso Superior de Letras, que,
todavia, abandonou, vindo a colaborar em revistas como A Águia ou a Presença e a
fundar, em 1915, a Orpheu, que lançou o movimento modernista em Portugal e, em
1924, a Athena: Revista de Arte. 
A 9 de outubro de 1929, o mais universal poeta português referir-se-ia, numa carta à
sua amada Ofélia, à vontade de se mudar para Cascais, escrevendo: «Preciso cada vez
mais de ir para Cascais...». O seu fascínio pela região levou-o a passar várias
temporadas na vila, assim como na casa da sua irmã, em S. João do Estoril, produzindo,
então, textos de propaganda à Costa do Sol, em inglês; uma reportagem sobre a
Colónia Infantil Macfadden nos Banhos da Poça; uma narrativa tendo por cenário uma
“Casa de Saúde de Cascais” ou simplesmente poesia, com o mar por perto. Em 1930,
voltaria à vila para um misterioso encontro com o mago britânico Aleister Crowley,
que, culminando num suicídio encenado na Boca do Inferno, animou o poeta para a
conceção de uma novela policial.
De forma a dedicar-se à sua obra literária, procuraria em Cascais «sossego e um certo
isolamento», razão pela qual, em 1932, se candidatou ao lugar de Conservador do
Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães – por requerimento em que afirma
morar provisoriamente em Cascais, na Rua Oriental do Passeio, n.º 2 – que veio ser
atribuído ao pintor Carlos Bonvalot. Ainda assim, dois anos depois surgiria Mensagem,
o único livro de poesia em português que publicou em vida, porventura inspirado pelo
mar de Cascais.
 
6. Ramalho Ortigão [1836-1915]
Praia da Ribeira
«Com os primeiros dias de setembro, terminou o período consagrado pela moda à
vilegiatura de Sintra. Desde que o mês de agosto finda, até que S. Carlos começa,
prescrevem as praxes que a estação marítima suceda à estação de montanha.
Enchem-se nesta época, até deitar por fora, as praias de banhos da saída do Tejo e do
litoral desde Setúbal até Âncora. Lisboa inteira debanda. [...] Mas de todas as praias
portuguesas, é principalmente Cascais a que herda de Sintra a élite do seu verão»
[As Praias de Portugal: Guia do banhista e do viajante, 1876]
 
José Duarte Ramalho Ortigão sentiu, desde cedo, uma forte inclinação para as letras,
que o levou a colaborar na imprensa e a participar nos mais distintos círculos
intelectuais, ligando-se, assim, ao grupo das Conferências do Casino e a Eça de
Queirós, com quem iniciaria, em 1871, a publicação de As Farpas, que redigiu, depois,
sozinho, até 1884. O pendor didático da sátira política e social de cariz positivista que
sempre o caraterizou não colidiu com o seu acendrado amor pelos valores da terra
portuguesa, que divulgou numa obra marcada pela versatilidade, como o atestam
Literatura de Hoje (1866), Em Paris (1868), Histórias Cor-de-Rosa (1870), O Mistério da
Estrada de Sintra (com Eça de Queirós, 1870), Banhos de Caldas e Águas Minerais
(1875), As Praias de Portugal (1876), Notas de Viagem (1878), A Holanda (1885), John
Bull 1887), O Culto da Arte em Portugal (1896), El-Rei D. Carlos, o Martirizado (1908) e
Últimas Farpas (1916).
Mercê da ascensão de Cascais à condição de rainha das praias portuguesas, sob o alto
patrocínio da Família Real, a partir de 1870, Ramalho Ortigão – que quando visitava a
vila costumava pernoitar no Hotel do Globo, junto à Praia da Ribeira – produziu alguns
textos sobre o concelho. Todavia, seria sobretudo em As Praias de Portugal, de 1876,
que mais se referiria à vila, anotando que «Desde o meado de setembro até ao fim da
estação, Cascais torna-se o centro mais completo, o mais fino extrato da vida elegante
em Portugal […]. É a plena vida de corte na sua expressão mais genuína. De dez
senhoras que passam, com as suas toilettes de campo, vestidos de mousseline
semeados de flores silvestres, chapéus de palha, o grande leque – coup de vent –
suspenso do cinto por um gancho – oito são titulares».
 
7. José da Cunha Brochado [1651-1733]
Praça 5 de Outubro
«O nosso modo de escrever é mui diverso do dos estrangeiros. Nos nossos escritos tudo
são palavras dependuradas, muitas vezes sem significação nem sentido; nos
estrangeiros há uma expressão genuína e breve, um modo singelo e sem rodeios. Este
abuso tem princípio na nossa ignorância, pois nos parece que valem mais o culto e as
palavras do que o argumento da oração» 
[Memórias, 1909]
 
Natural de Cascais, destacar-se-ia como magistrado em Lisboa, estreando-se na
carreira diplomática em 1695, ao serviço de D. Luís Álvares de Castro, Marquês de
Cascais, na sequência da sua nomeação enquanto Embaixador em Paris, a quem
sucederia, até 1704, como enviado extraordinário na Corte de Luís XIV. No ano de
1710 foi enviado em missão diplomática para Londres e depois para Madrid, vindo a
representar Portugal no Congresso de Utrecht, que em 1713 pôs termo à Guerra de
Sucessão de Espanha. Ingressou na recém-criada Academia Real da História
Portuguesa, no ano de 1721, dando início à produção da Coleção de Documentos e
Memórias da Academia Real Portuguesa. Deixou, ainda, alguns textos inéditos, como
Memórias Particulares ou Anedotas da Corte de França apontadas por José da Cunha
Brochado, no tempo em que foi enviado àquela mesma Corte e Auto da Vida de Adão,
Pai do Género Humano (1784), sob o pseudónimo de Félix José de Soledade. A sua
correspondência constitui fonte incontornável para o estudo do Portugal dos séculos
XVII e XVIII.
 
8. Ruben A. [1920-1975]
Casa Silva Leitão, Avenida D. Carlos I, n.º 106
«O verão contrastava. Julho é o mês agreste em Cascais. Uma nortada de levar as
ideias pela costa fora, os chapéus de palha, os patetinhas, as boinas de cor que
começavam a usar-se, voavam rentes à areia e, quantas vezes, caíam na borda-
d’água, ali na praia da Conceição, cheia de gentes que se conheciam desde os sons
indistintos da chupeta»
[O Mundo à Minha Procura, 1964-1968]
 
Ruben Alfredo Andresen Leitão, conhecido por Ruben A., nasceu em Lisboa, mas viveu
alguns dos momentos mais marcantes da sua juventude em Cascais, que imortalizou
na autobiografia O Mundo à Minha Procura, redigida entre 1964 e 1968. Passou,
assim, parte das suas férias na Casa Silva Leitão, que o avô mandara construir em 1896,
na futura Avenida D. Carlos I, em estadas marcadas pela praia e pela prática do bridge,
do ténis e do golfe. A partir de 1939 passou também a frequentar, aos fins de semana,
Cascais, o Guincho e o Estoril, onde desenvolveria o gosto pela escrita e pela leitura,
vindo a inscrever-se, em 1941, como leitor do Museu-Biblioteca Condes de Castro
Guimarães.
Entre 1947 e 1951 foi professor no King's College, em Londres, trabalhando, entre
1954 e 1972, na Embaixada do Brasil em Lisboa, até ser nomeado para o Conselho de
Administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. No plano literário afirmou-se
pela publicação de Páginas (1949-70), Caranguejo (1954), Cartas de D. Pedro V aos
seus Contemporâneos (1961), A Torre de Barbela (1964) e O Outro que era Eu (1966).
Publicaria a sua última obra, a novela Silêncio para 4, em 1973, deixando inédito Kaos,
romance de inspiração histórica.
 
9. Branquinho da Fonseca [1905-1974]
Travessa Tenente Valadim, n.º 4
Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, Avenida Rei Humberto II de Itália
António José Branquinho da Fonseca que assinou os seus primeiros textos sob o
pseudónimo de António Madeira, experimentou diversos géneros literários, desde o
poema lírico ao romance, passando pela novela, o texto dramático e o poema em
prosa, ainda que, como costumava dizer, a sua «expressão natural» era o conto.
Tendo cofundado, em 1927, com José Régio e João Gaspar Simões, a revista Presença,
onde colaborou até 1930, seria nomeado, no ano de 1942, Conservador do Museu-
Biblioteca Conde de Castro Guimarães, fixando-se, então, em Cascais, terra natal da
sua mulher, onde desenvolveu durante 19 anos um meticuloso trabalho em prol da
divulgação do livro e da leitura.
No seu primeiro relatório de atividades do Museu-Biblioteca registaria que «A lista dos
livros adquiridos [...] informa a orientação que se pretende dar a esta biblioteca: não
um arquivo dos séculos, mas uma biblioteca viva, um órgão de verdadeira
cultura; decerto com o alicerce nas idades passadas, mas voltada para os dias de hoje e
de amanhã». Não obstante, o momento mais marcante da sua passagem por Cascais
ocorreria em 1953, ao implementar uma inovadora «Biblioteca Circulante», destinada
a servir as localidades mais afastadas da vila, ao mesmo tempo que sua atividade
literária progredia, editando algumas das obras de maior sucesso, como O Barão
(1942), Rio Turvo e Outros Contos (1945), Porta de Minerva (1947) ou Mar Santo
(1952).
Convidado, em 1960, por Azeredo Perdigão para organizar e dirigir o Serviço de
Bibliotecas Itinerantes na Fundação Calouste Gulbenkian, expandiu a nível nacional a
experiência de Cascais, onde continuou a viver, na Travessa Tenente Valadim.
 
10. Eça de Queirós [1845-1900]
Casa de S. Bernardo, Avenida Humberto II de Itália
«Meu querido Bernardo… não quero eternizar esta epístola. Por isso não te digo a
saudade com que penso na varanda de Cascais e nas preguiçosas manhãs passadas a
pasmar para a luz e para a água, nas cavaqueiras com a prima Matilde»
[Carta ao Conde de Arnoso, 25 de julho de 1896]
 
José Maria de Eça de Queirós, um dos mais importantes escritores portugueses de
sempre, é também considerado mestre do realismo nacional. Entre as suas obras mais
aclamadas destacam-se O Mistério da Estrada de Sintra (1870), O Crime do Padre
Amaro (1875), A Tragédia da Rua das Flores (1877-78), O Primo Basílio (1878), O
Mandarim (1880), A Relíquia (1887), Os Maias (1888) e A Ilustre Casa de Ramires
(1900), bem como textos editados postumamente, casos de A Cidade e as Serras
(1901), Prosas Bárbaras (1903), A Capital (1925) e O Conde de Abranhos (1925).
Eça de Queirós gostava de Cascais, que visitou amiúde, passando temporadas na Casa
de S. Bernardo, propriedade de Bernardo Pinheiro Correia de Melo, 1º Conde de
Arnoso, de quem era amigo. Aqui se reuniam os “Vencidos da Vida”, grupo com forte
ligação ao movimento conhecido por Geração de 70, de que faziam parte, entre
outros, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, o Marquês de Soveral e os Condes de
Arnoso, Ficalho e Sabugosa. 
 
11. João Gaspar Simões [1903-1987]
Casa do Dragão, Avenida da República, n.º 666
Romancista, dramaturgo e ensaísta, João Gaspar Simões é sobretudo conhecido como
crítico literário. Foi cofundador de algumas das mais importantes revistas literárias
portuguesas, como a Tríptico (1924) e a Presença (1927), colaborando, ainda, no Diário
de Lisboa, no Diário Popular e no Diário de Notícias. O seu primeiro romance, Elói ou o
Romance numa Cabeça, data de 1932 e valeu-lhe o “Prémio da Imprensa”. Igualmente
premiada foi a biografia Eça de Queirós: O Homem e o Artista (1945), não obstante a
sua vastíssima atividade se traduzir em outras obras fundamentais, tais como
Tendências do Romance Contemporâneo (1933), Pântano (1940), Obras Completas de
Fernando Pessoa (1942-1945), Perspetiva da Literatura Portuguesa do Século XIX
(1947-1948), História da Poesia Portuguesa (1955-1959), Almeida Garrett: Vida,
Pensamento, Obra (1964), 50 Anos de Poesia Portuguesa: Do Simbolismo ao
Surrealismo (1967), História do Romance Português (1969-1978), Retratos de Poetas
que conheci (1974) e José Régio e a História do Movimento da “Presença” (1977).
Entre 1943 e 1957 residiria na Avenida da República, em Cascais, onde redigiu parte
das biografias de Eça de Queirós e de Fernando Pessoa. A casa dispunha de um
simbólico cata-vento em forma de dragão devido ao facto de o escritor ser
considerado um «Dragão da Crítica»!
 
12. Pedro Falcão [1908-2000]
Casa de Sant’Ana, Avenida Emídio Navarro, n.º 350
«No meu Cascais Menino há dois grupos distintos: Os que vêm passar o verão e os que
ficam no inverno. São grupos completamente diferentes que mal se toleram, quase se
desprezam. Quando está quase a acabar a temporada, os que cá ficam estão ansiosos
por que os “lisboetas” se vão embora. E eles dão por isso e afinam com a história.
Sentem-se indesejados. E nós, os de Cascais, estamos como quando se recebe uma
visita em casa. Gostamos que esteja, mas quando já é tempo de mais, ansiamos por
que se vá»
[Cascais Menino, 1981]
Natural de Cascais, Simão do Santíssimo Sacramento Pedro Cotta Falcão Aranha de
Sousa e Menezes, celebrizado pelo nome de Pedro Falcão, veio, a par da sua atividade
profissional multifacetada, a dedicar-se à escrita e à pintura, que soube sempre colorir
com memórias do quotidiano da terra que o viu nascer.
Esta capacidade é fortemente evidenciada em obras como Os Valares (2004) ou
Cascais Menino, testemunho escrito por um cascalense para os cascalenses. Quem
gostaria de ler as suas impressões sobre o Senhor Antunes, o Zé Crespo ou o
Retratista, senão um cascalense, de nascença ou de coração? E que cascalense não
deixa de sorrir com as histórias saloias ou as alcunhas de Cascais? É esta vertente
humana e local que importa reter na obra deste autor.
ROTA DAS ÁRVORES

  

Cascais é um concelho que prima pela defesa do seu património histórico, cultural e
ambiental. Deste último fazem parte as árvores existentes em todo o território, que
desempenham um papel fundamental na manutenção da biodiversidade do município,
tanto em meio natural como urbano.
Visando dar a conhecer as diferentes espécies, esta rota reúne informação sobre os
exemplares mais emblemáticos do nosso concelho, uma vez que a lista de espécies
arbóreas de Cascais vai para além da lista de espécies indicadas neste roteiro que
apenas cobre o centro de Cascais, num trajeto comodamente visitável a pé, por quem
pretenda conhecer melhor a monumentalidade de alguns exemplares, em
complementaridade com outros aspetos de interesse cultural também patentes.
Sabia, por exemplo, que Cascais tem árvores provenientes dos mais diversos pontos do
planeta, da Ásia ao Médio Oriente, passando pela América Latina?
O roteiro revela isso e muito mais: o tipo de folha de cada árvore, o seu período de
floração e a utilidade de cada espécie são informações que os munícipes e
visitantes poderão encontrar neste circuito.
 
VERSÃO EM PDF
 
Pitósporo japonês (Pittosporum tobira)
Origem: Japão e China
Altura: Até 7 metros
Folha: Persistente
Floração: Março a junho
Utilidades: Construção de sebes, ornamental
 
Casuarina (Casuarina equisetifolia)
Origem: Sudoeste Asiático, Austrália e Polinésia
Altura: Até 35 metros
Folha: Persistente
Floração: Primavera e outono
Utilidades:  Quebra-ventos, controlo da erosão e melhoradora dos solos, resistente à
poluição urbana
 
Jacarandá (Jacaranda mimosifolia)
Origem: América do Sul
Altura: Até 15 metros
Folha: Caduca
Floração: Maio a junho
Utilidades: Ornamental, resistente à poluição urbana, óleo da casca usado com fins
medicinais
 
Salgueiro-chorão (Salix babylonica)
Origem:China
Altura: Até 20 a 25 metros
Folha: Caduca
Floração: Abril a maio
Utilidades: Ornamental, utilizada experimentalmente na recuperação de águas
poluídas
 
Paneira sumaúmai (Ceiba speciosa)
Origem: Brasil e Bolívia
Altura: Até 20 metros
Folha: Caduca
Floração: Agosto a outubro
Utilidades: Ornamental, produção de fibras e de óleos alimentares a partir da semente
 
Lodão-bastardo (Celtis australis)
Origem: Sul da Europa e Médio Oriente
Altura: Até 25 metros
Folha: Caduca
Floração: Abril a maio
Utilidades: Amplamente usada como árvore de arruamento, fruto comestível e folhas
medicinais
 
Tipuana (Tipuana tipu)
Origem: Brasil, Argentina e Uruguai
Altura: Entre 10 e 20 metros
Folha: Marcescente [semi-caduca]
Floração: Junho a agosto
Utilidades: Ornamental, resistente à poluição urbana
 
Freixo (Fraxinus angustifolia)
Origem: Europa Central e do Sul, Bacia Mediterrânica
Altura: Até 25 metros
Folha: Caduca
Floração: Maio
Utilidades: Ornamental, madeira com interesse pela sua resistência e elasticidade
 
Figueira de folha pequena (IFicus rubiginosa)
Origem: Austrália
Altura: Até 30 metros
Folha: Persistente
Floração: Agosto a outubro
Utilidades: Ornamental e popularmente usada como bonsai
 
Eucalipto (Eucalyptus globulus)
Origem: Austrália [Tasmânia]
Altura: 60 metros ou mais
Folha: Persistente
Floração: Setembro a dezembro
Utilidades: Polpa usada na indústria do papel, primeira espécie florestal em Portugal
em área
 
Cipreste do Buçaco (Cupressus lusitanica)
Origem: México e América Central
Altura: Até 40 metros
Folha: Persistente
Floração: Março a maio
Utilidades: Produção de madeira, ornamental
 
Tília (Tilia cordata)
Origem: Europa
Altura: Até 30 metros
Folha: Caduca
Floração: Julho
Utilidades: Madeira para marcenaria, infusão das flores com propriedades calmantes,
ornamental
 
Plátano (Platanus x hibrida)
Origem: Indefinida
Altura: Até 35 metros
Folha: Caduca
Floração: Abril a maio
Utilidades: Ornamental, muito usada como árvore de arruamento em toda a Europa
 
Cedro do Libano (Cedrus libani)
Origem: Líbano, Síria e Turquia
Altura: Até 40 metros
Folha: Persistente
Floração: Agosto a outubro
Utilidades: Ornamental, produção de madeira e resina
 
Palmeira-de-leque (Washingtonia robusta)
Origem: México
Altura: Até 25 metros
Folha: Persistente
Floração: Julho e agosto
Utilidades: Ornamental, tolera bem o transplante
 
Palmeira-das-Canárias (Phoenix canariensis)
Origem: Ilhas Canárias
Altura: Até 20 metros
Folha: Persistente
Floração: Maio a junho
Utilidades: Ornamental, resistente à poluição urbana
MURALIZA

  

A Linha de Cascais é tida como o berço das expressões artísticas de rua em Portugal.
O festival MURALIZA surgiu para que muitos apreendam este episódio da história mais
recente e artística de Cascais, aportando uma renovação deste estatuto, já algo
esquecido ou desconhecido.
Desde junho de 2014 que algumas paredes de Cascais ganharam uma nova
dimensão. De spray ou de pincel em punho, Mário Belém, Nomen, Arraiano, Exas,
Youth One e Add Fuel, Moneyless, Daniel Eime, Kruella d'Enfer, Millo, Bosoletti, Draw,
Third ou Paula Bonet, trouxeram - ao longo de várias edições - a arte mural para as
paredes de seis edifícios de Cascais. As intervenções originaram um Circuito de Arte
Mural que serve de mostra da evolução artística local e dos próprios percursos de cada
um dos artistas.
A edição de 2016 saiu da Vila e estendeu o Muraliza ao Bairro da Torre, com a pintura
de murais de grande e média dimensão, sempre inspirados nas inúmeras e únicas
características da região e, concretamente, nas peculiaridades deste bairro social
construído na década de 60.
Faça o percurso e conheça estas obras de arte.
 
Para visitar no Centro da Vila e Bairro da Torre
 
O QUE PODE VER
MILLO (it) _ Avenida de Sintra, junto da Cepsa
BOSOLETTI (arg) _ Avenida do Ultramar, edifício do Antigo Hospital
DRAW (pt) _ Esquina do Largo Dr. Passos Vella com Rua Latino Coelho
THIRD (pt) _ Travessa da Ressurreição, 11
SAMINA (pt) _ Esquina entre Travessa Visconde da Luz com Rua Afonso Sanchez
ADD FUEL (pt) _ Largo Dr. Passos Vella (traseiras da Igreja Nossa Senhora dos
Navegantes) | Cruzamento entre Rua Nova da Alfarrobeira e Rua Alexandre Herculano
| Alameda dos Combatentes da Grande Guerra | Largo da Praia da Rainha
MÁRIO BELÉM (pt) _ Largo da Lota (traseiras do edifício da Lota) | Largo da Lota
(traseiras do edifício da Lota)
CARMELINO (pt) _ Rua Latino Coelho, 236 | Rua Nova da Alfarrobeira, 7D
Colectivo ALTURA (pt) _ Alameda dos Combatentes da Grande Guerra, 113 e 117
PAULA BONET (es) _ Rua do Salmonete (Bº da Torre)
MONEYLESS (it) _ Rua Estrela do Mar, 261(Bº da Torre)
DANIEL EIME (pt) _ Rua dos Maias, 149 (Bº da Torre)
KRUELLA D’ENFER (pt) _ Travessa dos Bivaldes, 41 (Bº da Torre)
MAR (pt) _ Rua Estrela do Mar, 830 (Bº da Torre)
ADD FUEL (pt) _ Praça da Gaivota, 112 (Bº da Torre)
 

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