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Ilha de Jaina

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A Ilha de Jaina é um sítio arqueológico maia pré-colombiano no atual estado
mexicano de Campeche. Trata-se de uma pequena ilha calcária situada na costa
do golfo da península de Iucatã separada do continente por um braço de mar e
serviu como local de enterramento da elite maia. É notável pelo grande número
de finas figuras de cerâmica ali escavadas.[1]

O termo "Jaina" é traduzido como "Templo na Água".[2]

Índice
O sítio
Figuras do estilo Jaina
Retratura?
Fases cronológicas
Notas
Referências
Figura masculina, 650-800 d.C.
Ligações externas
Galeria

O sítio
Tanto a ilha de Jaina como a vizinha ilha Piedras eram sítios de pequenas
povoações ou aldeias. A ocupação de Jaina iniciou-se por volta de 300 d.C.,[3] e
estendeu-se até ao seu abandono por volta de 1200. A principal fase de ocupação
ocorreu perto do final deste período, durante o Período Clássico Tardio.[4] As
ruínas atuais consistem de dois pequenos grupos de praças e um campo do jogo
da bola.

A ilha de Jaina é notável pelas suas cerca de 20 000 sepulturas, das quais mais
de 1 000 foram escavadas arqueologicamente.[5] Em cada sepultura, os restos
Ilha de Jaina e outras comunidades
humanos são acompanhados por utensílios de vidro, lousa e cerâmica bem como
maias principais do Período
Clássico. uma ou mais figuras de cerâmica, usualmente depositadas sobre o peito do
sepultado ou entre as suas mãos.

O nome desta ilha-necrópole provavelmente tem origem na expressão em maia iucateque hail na, ou “casa aguada”. A sua
localização ocidental pode ter estado ligada ao pôr-do-sol, e portanto à morte.[6]

A origem da população ali enterrada é por ora desconhecida, mas provavelmente terá vindo de Edzna, e das regiões vizinhas de
Chenes e Puuc.[7]
Figuras do estilo Jaina
Devido ao grande número de figuras aqui encontradas, estas figuras tornaram-se
conhecidas como "figuras ao estilo Jaina" quer tenham sido ou não encontradas
na ilha de Jaina. De facto, estas figuras são mais numerosas em sítios maias
situados no continente, como no delta do rio Usumacinta, do que na ilha de
Jaina.[8]

As figuras do estilo Jaina mais antigas são naturalistas, delicadamente


detalhadas, e "de um modo geral vistas como o melhor exemplo deste tipo de
arte produzido nas antigas Américas".[9] Embora tenham sido encontradas
figuras maciças e ocas, predominam estas últimas e estão usualmente
apetrechadas com um apito, ou com bolinhas de argila que produzem um som
semelhante ao de uma roca. Tal como no caso das próprias figuras, não se sabe
qual a função que cumpriam os apitos e as rocas.

Feitas de argila alaranjada e originalmente pintadas, sobretudo com ocres e


azuis, as figuras têm geralmente entre 25 e 65 cm de altura, raramente mais.[10]

Estas figuras podem representar também práticas maias de escarificação e a


importância da classe na sociedade maia. Detalhes como marcas na face da
figura bem como a roupa e jóias podem ser usadas para demonstrar o estatuto Figura masculina feita à mão.
social da figura.[2]

Todas as figuras da ilha de Jaina parecem ter sido produzidas especificamente


como acompanhamentos funerários.[11] Poucas destas figuras poderiam ter sido
feitas na própria ilha, mais não seja por falta de espaço. Muitas das figuras
moldadas foram relacionadas com oficinas em Jonuta, situada a sudoeste.[12]

Criadas num estilo realístico, as figuras são um tesouro etnográfico,


possibilitando um vislumbre das características físicas, vestimentas, e vida
quotidiana da elite maia do Clássico Tardio. Os seus elaborados detalhes revelam
as marcas características de estatuto social e as figuras são frequentemente
encontradas com ferramentas e outros acessórios, fornecendo-nos vislumbres
tridimensionais de utensílios há muito desaparecidos.

Retratura?
Os detalhes idiossincráticos exibidos pelas figuras da fase mais antiga levaram
um investigador a declarar que elas são "ensaios genuínos sobre retratura",[13] Figura feminina moldada.
enquanto outro acrescenta que as figuras "descrevem fielmente a idade, estatuto
e expressão".[14] Expressivas e individualizadas como são, tem-se provado ser difícil determinar os sujeitos destas figuras.

Por exemplo, não é possível correlacionar as figuras com a sepultura a que estão associadas. Em particular, o género das figuras
parece apenas ocasionalmente corresponder ao género da sepultura-há figuras femininas que acompanham sepulturas masculinas
e vice-versa, enquanto que sepulturas de crianças são frequentemente acompanhadas por figuras adultas.

Certas figuras, e estilos de figuras, foram identificadas como deidades. Outras apontam para mitos e lendas.[15] Foi também
sugerido que as figuras representam antepassados, distantes ou imediatos. A questão da retratura apenas poderá ser resolvida
quando a função destes artefatos funerários for determinada.
Fases cronológicas
Num artigo de 1975, Christopher Corson propôs três fases baseando-se na
técnica e método de produção:

Fase I 600 - 800 d.C,


Fase II 800 - 1000 d.C.
Fase Campeche 1000 - 1200 d.C.

Embora as datas propostas variem consideravelmente de investigador para


investigador,[16] tal divisão é útil na análise das alterações nos métodos de
produção e talvez das mudanças culturais por detrás destas.

Quase todas as figuras da Fase I são modeladas à mão, com pigmento aplicado
depois da argila ter secado, e mostram o maior grau de manufatura. Embora
possam identificar-se certos temas e estilos recorrentes, as figuras desta fase Figura masculina feita à mão.
possuem uma unicidade generalizada.

A Fase II é marcada pela criação de figuras recorrendo a moldes. Frequentemente estas figuras moldadas eram melhoradas por
meio de incisões ou da adição de finas tiras de argila e adornos. Embora o uso de moldes aumente a produtividade - sem dúvida
uma explicação pelo menos parcial para a sua adopção - ele diminui as oportunidades artísticas, e assim as figuras da Fase II são
geralmente menos inovadoras, menos detalhadas e menos idiossincráticas do que as da Fase I.

A Fase Campeche ficou marcada pela adopção quase total de figuras moldadas, frequentemente branqueadas, predominantemente
representando uma mulher em pé com os braços erguidos. Este tema, identificado variadamente com as deusas Xochiquetzal ou
Ix Chel, é tão prevalecente durante esta fase que ocorre em maior número do que todos os outros juntos, sugerindo que as práticas
funerárias haviam caído sob a influência de uma ideologia nova, talvez importada.[17] (Ver exemplares de uma figura de Jonuta
da fase Campeche (http://anthro.amnh.org/anthropology/databases/common/image_dup.cfm?database=MIXDATA&catno=%20
1%20%20/%20%20305&site=P) e de uma figura de Jaina da fase Campeche (http://anthro.amnh.org/anthropology/databases/com
mon/image_dup.cfm?database=MIXDATA&catno=30.3/%202528&site=P)).

Notas
1. Coe.
2. Birmingham Museum of Art (2010). Birmingham Museum of Art : guide to the collection (http://artsbma.org).
[Birmingham, Ala]: Birmingham Museum of Art. 85 páginas. ISBN 978-1-904832-77-5
3. Muren.
4. Inurreta, sect. 13 (http://www.famsi.org/reports/03053/section13.htm)[ligação inativa].
5. Muren.
6. Muren.
7. Ball, p. 438.
8. Scott, p 269.
9. Ball, p.438.
10. Kubler, p. 266.
11. Ball, p. 438
12. Scott, p. 269.
13. Corson.
14. Kubler, p. 266.
15. Kubler, p. 266.
16. Por exemplo as datas propostas por Kubler são 200 anos mais antigas que as de Corson
17. Corson, p. 67.
Referências
Ball, Joseph W.; (2001) "Maya Lowlands: North" in Archaeology of Ancient Mexico and Central America: An
Encyclopedia, Evans, Susan Toby; Webster, David L., eds.; Garland Publishing, Inc., New York, pp. 433–441.
Coe, Michael D. (1999). The Maya Sixth edition ed. New York: Thames & Hudson. pp. 143–144. ISBN 0-500-
28066-5
Corson, Christopher (1975) "Stylistic Evolution of Jaina Figurines", in Pre-Columbian Art History: Selected
Readings, Alana Cordy-Collins, Jean Stern, eds., Peek Publications, Palo Alto, California, p. 63-69.
Inurreta, Armando (2004) "Isla Piedras: A Northern Campeche Coast Seaport as Part of a Regional Polity (http://
www.famsi.org/reports/03053/index.html)", Foundation for the Advancement of Mesoamerican Studies (http://ww
w.famsi.org).
Kubler, George (1984) The Art and Architecture of Ancient America: The Mexican, Maya and Andean Peoples,
Yale University Press.
Muren, Gladys "Jaina Standing Lady (https://web.archive.org/web/20110717194058/http://umfa.verite.com/?id=N
Dg1)", Utah Museum of Fine Arts, accessed April 2007.
Scott, Sue (2001) "Figurines, Terracotta", in Archaeology of Ancient Mexico and Central America: An
Encyclopedia, Evans, Susan Toby; Webster, David L., eds.; Garland Publishing, Inc., New York.

Ligações externas
Beloit College's Logan Museum's display of Jaina figurines (http://www.beloit.edu/~museum/logan/catalog/cameri
ca/yucatan/ancientmaya/oldmayaimages3.htm#artifact4)
FAMSI (http://www.famsi.org)'s A gallery of dozens of Jaina-style figurines, primarily handcrafted (http://research.f
amsi.org/portfolio_thumbs.php?search=*Jaina*)

Galeria

Flauta de cerâmica. Note Um bêbado, 400 - 800 A canga e as joelheiras


a cabeça em miniatura. d.C. identificam esta figura de
cerâmica moldada como
um jogador de bola.
Como muitas outras,
também funciona como
apito. 600-900 d.C.

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