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Arte nas primeiras civilizações:

Americas, China, Índia,


Africa, Mesopotâmia e Egito.
A noção de civilização
| Neolítico | Idade do Bronze | Imagem
Passagem para a civilização é a linha de partida ou o ano zero para a
‘história’

A passagem para a civilização é a linha de partida ou o ano zero para a ‘história’


e a ‘tradição’ da região em questão. Tais mudanças regionais parecem ter
ocorrido pelo menos em sete lugares ao redor do mundo, sem nenhum
estímulo externo significativo: México, Peru, China (delta do rio Yangtze), sul
da Ásia (vale do Indo), Iraque (Mesopotâmia), Egito e Nigéria.
Göbleki Tepe: Pilares com baixos relevos de animais
A complexa noção de civilização

Cultura|
conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes 
etc. que distinguem um grupo social.
Civilização | culturas que resultam de agricultura suficiente para produzir um
excedente de alimento, levando a uma divisão de trabalho que permite a
divisão de atividades e então a construção de cidades (opostas a cidades
agrícolas). Há poucas culturas hoje que não são civilizadas nesse sentido,
pela simples razão de que a economia é global. Transformações para a
civilização ocorrem em períodos diferentes.
Cultura é a totalidade de conhecimento, crenças, arte e costumes
compartilhados por um grupo humano. Civilização é o desenvolvimento
organizado de uma ou mais culturas em um centro urbano (do
latim civis, cidadão).
Objeto ritual t (Cong), ca. 2400 B.C. China.
Cultura Liangzhu (ca. 3200–2000 a.C.) Jade,
25.4 cm; 7 cm)
Máscaras com olhos redondos e
bocas decoram as quinas.
Enigmáticos em sua função e
significado, o cong, feito de
material precioso, provavelmente
significava riqueza e status social.
Num túmulo encontrado em
Sidun, província de Jiangsu,
numerosos cong permanecem
num círculo em torno do morto,
sugerindo que eles também
serviam um propósito religioso ou
ritual. “Suas quatro faces
mascaradas, iguais entre si,
contemplam o mundo nas quatro
direções, que são de importância
central para as doutrinas chinesas
conhecidas posteriormente como
feng shui”.
Cong de jade, Cultura Liangzhu (c. 3300-2200 B.C.) Zhejiang Provincial Institute of Archaeology, Hangzhou
Discos Bi da dinastia Han Ocidental. Discos bi foram associados aos céus enquanto os congs com a
terra. Discos Bi são encontrados com imagens celestes e tererenas sugerindo que o formato
circular do disco possui significado simbólico:

Esses objetos testemunham


estágios iniciais de
desenvolvimento de conceitos
cosmológicos que
permanecem importantes na
cultura chinesa durante os
períodos Reinos Combatentes
e Han: a noção de um céu
(gaitian) que revolve em torno
de um eixo central, o ciclo de
Dez Sóis. Esses objetos foram
usados por shamans que eram
os líderes religiosos da
sociedade Liangzhu e os
transmissores do
conhecimento cosmológico.
1000-600 a. C. Cultura Olmeca, Mexico. Jadeite, 17.1 x 16.5 cm.
Paixão dos chineses no neolítico Metropolitan Museum of Art.
(Pedra Polida) e dos olmecas pelo
jade - encontrado em lugares
distantes e difícil de trabalhar. As
distâncias que essa pedra
misteriosa tinha de percorrer para
chegar às mãos do artesão e o
trabalho paciente para talhá-la,
gravá-la e poli-la, sugerem, em
cada caso, o patronato de uma
aristocracia que prosperava.
Procurar identidades e afinidades
culturais tão profundas é tão
tentador quanto remontar todas a
civilizações ao Egito ou ao Iraque,
e é também uma linha de
pensamento que poderia
facilmente emaranhar-se com o
racismo.
Cultura Olmeca (1200 a.C. a 900 a.C.). Cabeça Colossal ,Museo de Antropología de
Xalapa in Xalapa, Veracruz. Basalto, 2.9 X 2.1 m.
San Lorenzo Tenochtitlán (or San Lorenzo) é o nome coletivo para três sítios arqueológicos relacionados - San
Lorenzo, Tenochtitlán e Potrero Nuevo – localizados na porção sudeste do estado mexicano de Veracruz. Com
La Venta e Tres Zapotes, era uma das três principais cidades dos Olmeca. San Lorenzo Tenochtitlán é mais
conhecido pelas cabeças colossais.
Cultura olmeca. Figura sentada, 1200-900
a.C. Cerâmica e pigmento, 34 x 31.8 x 14.6
cm. Metropolitan Museum of Art.

Figuras de bebês. Significado não


definido. Podem representar
linhagens de elite ou primeiras
divindades mexicanas, ou ambas.
Figuras infantis aparecem como
vítimas em sacrifícios através da
arte Olmeca, e em alguns casos as
efígies de cerâmica podem ter
servido como substitutos para
crianças. Associações estilísticas e
iconográficas existem entre as
figuras de bebê e a escultura
moumental em sítios olmecas de
San Lorenzo e La Venta. Essa figura
é considerada como sendo da parte
central de Las Bocas em Puebla.
Lanzón em Chavin de Huántar. 900 aC. granito irregular de 4,54 m. de altura, permanece en sua
localização original, num setor de uma galeria interior do Templo Velho de Chavín, chamada
“Galería del Lanzón”. Cultura Chavín: aproximadamente 1200 a. C. - 200 a. C. Andes centrais.
Atual Peru.
Ser mitológico representado na escultura apresenta atributos humanos e zoomorfos
combinados. Cabeça ocupa a terceira parte do volume do monolito e nela se destacam
boca de felino e cabeleira formada por serpente. O resto do corpo é curto e grosso, e se
veem as extremidades superiores de forma humana. À altura da garganta se vê o que
pode representar um peitoral. O corpo está coberto por uma especie de túnica.
La Estela de Raimondi en el Museo
Nacional de Arqueología, Antropología
e Historia del Perú.
Cultura Chavín: aproximadamente
1200 a. C. - 200 a. C. Andes centrais.
Atual Peru. Granito de 1,98 m de
altura por 74 cm de largura e 17 cm de
profundidade. 

Representação de divinidade
antropomorfa felinizada de
pé, vista de frente, com os
braços abertos, sustentando
en cada mão. Mãos e pés
terminam em garras.
Fragmento de tecido, 400–300 a.C. Cultura Chavin, Peru
Algodão, pigmentos de ferro, 14.6 x 31.1cm. Metropolitan Museum of Art.
Arte de tecer nos Andes

A arte de tecer começou nos Andes ao menos desde o terceiro milênio a. C. e


permaneceu meio de expressão artística e manifestação de importantes
informações sociais, religiosas e políticas por milênios, precedendo a
cerâmica por mais de mil anos no Peru.
Diferentes estruturas de tecido foram desenvolvidas. Desenhos podiam ser
trançados em tecido ou bordados ou pintados sobre uma base de tecido.
Fornecendo superfície portável ou possível de ser vestida para a
representação de imagens complexas, tecidos podem ter facilitado a
transmissão das imagens Chavín do norte para a costa sul do Peru, onde esse
fragmento foi encontrado.
Os motivos e o estilo de pintura se assemelham àquelas das esculturas de pedra
encontradas em Chavín de Huantar. Os pés e mãos ou garras da figura e
seus cabelos de serpente se relacionam a uma das principais divindades
reverenciadas em Chavín de Huantar.
IN Metropolitan Museum of Art
Chavin e a arquitetura| Cabeças Olmeca e a arte do retrato:civilização?
.

Para os arqueólogos, pedras como essas assinalam primeiras transições


indígenas das estruturas sociais de pequeno para as de grande porte – isto é,
para a “Civilização”.
San Lorenzo e Chavín parecem ter estabelecido precedentes para culturas
vindouras. Podemos ver as sementes da escultura que se desenvolverá mais
tarde na America Central no tenso poder das cabeças olmecas, tão
compactas e arnudas; nos Andes, nos tempos do império inca e conquista
espanhola, os desenhistas expandiriam a linguagem de sinais
compactamente espiralada e quase abstrata vista no “Lanzón”.
Contentemo-nos em usar o termo para descrever o que ocorre quando as
sociedades crescem, não importa muito de que maneira.
Torso masculino em jaspe vermelho, 9
cm, encontrado em Harappa, c. 2200
a.C. Civilização do vale do Indo.
Torso masculino em jaspe vermelho, 9
cm, encontrado em Harappa, c. 2200
a.C. Civilização do vale do Indo.

“Arqueólogos geralmente não


gostam desse torso. Ele é
bom demais” (Bell, p. 39).
Artes do Vale do Indo
Selo Pashupati mostra figura sentada,
cercada por animais
Pedra-sabão, 2100 a 1700 a.C.

Especulações em torno de raiz


do hinduísmo moderno no vale
do Indo por causa da
semelhança da postura da
pessoa com representações
posteriores de Shiva na postura
de Yoga. “… outras imagens do
Indo sugerem que o que seria
posteriormente chamado de
prana yoga (disciplinas do
alento ou do espírito) já era
praticado nessa região”. Bell,
39.
“Ruínas das cidades do Indo levantam-se como objeção
à maioria dos pressupostos sobre como seria a
‘civilização’. Elas não mostram quase nenhum indício da
presença de uma elite: não há palácios ou templos, nem
monolitos ou monumentos, nem hierarquias de
imagens, e pouco que exija mais habilidade artesanal...
Ruínas de Mohenjo-daro, província Sindh, Paquistão. Localizado no
banco direito do Rio Indo.

Gregory Possehl, uma


autoridade no fenômeno do
Indo ... Sugere que houve ali
um ‘niilismo’ deliberado e
ideológico: uma experiência
deliberada em que as pessoas
embarcaram, adotando um
modo de vida que envolvia um
afastamento maior ou menor
em relação à arte elevada e à
tradição hierática. Não existe
uma forma única de fazer as
coisas.” (Bell, p. 40).
O Grande Zigurate de Ur, tem 4100 anos, fica perto da Nassíria, Iraque.
 
Selo-cilindro O « rei-padre » e seu assistente alimentando o rebanho sagrado, c. 3200 a. C.
Calcário branco, 6.2 X 4.3 cm. Louvre
Selos cilíndricos e o culto da deusa Inanna

O aparecimento de tais selos cilíndricos faz parte de uma transformação decisiva


da sociedade como um todo, sendo a mais importante delas o aparecimento
das primeiras cidades, acompanhada pela descoberta da escrita. A
iconografia desses selos cilíndricos reflete a nova forma de organização social
que prevalece na cidade, na qual a figura dominante é o “sacerdote-rei”.
O “sacerdote-rei” aparece aqui em sua função de culto, presidindo uma
cerimônia em honra de Inanna, a deusa suméria da fertilidade, cujo mais
importante santuário era na cidade de Uruk.
Vestido numa longa saia e com adereço de cabeça denotando seu estatuto, o rei
sacerdote parece estar fazendo oferenda, provavelmente um ramo de trigo –
as primeiras plantas a serem cultivadas. A deusa Inanna era ersponsável pelo
ciclo natural de regeneração. Sua atuação dependia dessa adoração, e é
ersponsabilidade do sacerdote-rei assegurar a regularidade dessa adoração e
então garantir a prosperidade do país.
Selo Adda, 2300 a. Greenstone. C. British Museum
As figuras podem ser identificadas como deuses por seus chapéus pontudos com múltiplos
chifres. A figura com correntes de água descendo dos ombros é Ea (Enki sumeriano), deus
das águas subterrâneas e da sabedoria; atrás dele, Usimu, seu mistro de duas faces.
No centro, o deus-sol Shamash (Utu sumeriano), com raios subindo de seus ombros. Ele
cava seu caminho pelas montanhas. À esquerda a deusa alada Ishtar (Inanna sumeriana).
As armas se elevando de seus ombros simbolizam suas características bélicas.
Estátua do templo Aihole (c. VII) da
deusa hindu Durga, armado com leão,
matando o demônio búfalo.
 Os aspectos de guerreira de Durga
podem derivar de Inanna.
Mito grego de Afrodite e Adonis, no
altar da cidade grega de Taras, Magna
Grécia,  c. 400-375 aC, derivado do
mito mesopotâmio de Inanna and
Dumuzid – deus dos pastores,
usualmente descrito como o marido
de Inanna.
Selo cilindro . Pedra sabao cozida, 2,3 X 1,6 cm. Louvre. Irã e Susa durante o terceiro milênio a. C.
Esse selo cilíndrico, com uma inscrição de Harappa se originou no Vale do indo. É feito
de pedra-sabão, material largamente usado por artesãos em Harappa. O selo foi
encontrado em Susa (cidade mesopotâmica, hoje Irã) refletindo a extensão de
ligações comerciais entre Mesopotãmia, Irã e o Indo. A origem do selo pode ser
precisada por causa de sua inscrição: alguns signos harapeanos.
Possível relação entre selo Indiano e selo sumério pode indicar troca/comércio
entre as duas culturas
Selo cilíndrico calcário e impressão - culto de Shamash. Louvre
Museu do papel. Em Basel
Tabua Cuneiforme: contabilidade administrativa da distribuição de cevada, ca. 3100–2900
a.C.Mesopotamia, provavelmente Uruk (moderna Warka). Gesso, 5.5 x 6 x 4.15 cm. Metropolitan
Mesopotâmia - Sumérios

Por volta de 3300 a.C. a escrita teria sido inventada na Mesopotamia, talvez na
cidade de Uruk, onde muitas tábuas de argila foram encontradas.
Desenvolvimento não foi fenômeno isolado, ocorreu durante período de
profundas transformações na política, economia e arte representacional.
Durante o período Uruk do quarto milênio a.C. ,as primeiras cidades
mesopotâmicas foram estabelecidas, os primeiros reis coroados, e uma série
de bens – de vasos cerâmicos a tecidos - foram produzidos em oficinas.
A escrita foi inicialmente usada como meio de registro de informação econômica.
Essa tábua documenta a distribuição de grãos por um grande templo, apesar
da ausência de verbos nos primeiros textos tornarem difícil interpretar com
certeza.
Recentes pesquisas arqueológicas indicam que a origem e a expansão da escrita
pode ser mais complexa do que anteriormente pensado, Complexos sistemas
de estado com escrita proto-cuneiforme sobre argila e madeira pode ter
existido na Siria e Turquia tão cedo quanto em meados no 4 milênio a.C. Se as
excavações nessa área forem confirmadas, a escrita encontrada em Uruk
constituiria somente uma única fase no desenvolvimento inicial da escrita.
Tábua V do Épico de Gilgamesh, 2003-
1595 BCE. From Mesopotamia, Iraq.
Museu Sulaymaniyah, Iraque.
Cópia do Vaso Warka no Museu Pergamon em
Berlim, encontrado no complexo do templo da
deusa Inanna nas ruínas da antiga cidade de Uruk
(atual Al Muthanna), um dos primeiros trabalhos
de escultura narrativa em relevo que sobrevive.
c. 3200–3000 aC.

Mostra uma procissão cerimonial


detalhada de homens e animais para a
deusa da fertilidade Inanna, escavada
em quatro faixas. A de baixo
representa a vegetação no delta do
Tigre e Eufrates ; acima, uma procissão
de animais, tais como bois e ovelhas
em perfil; na segunda faixa, homens
nus caregando jarras de fruta e graõs.
O registro superior é de uma cena
completa, e não um padrão contínuo.
Nesse registro, a procissão termina no
templo de Inanna.
Calha Uruk, 3300-3000 aC. Gesso Gypsum, 96.5 cm. British Museum, London.
Provavelmente objeto de veneração em um dos templos da cidade, talvez o
da deusa Inanna.
Fiel masculino, 2900–2600 B.C..
Alabastro, calcário, 29.5 x 12.9 x 10
cm. Metropolitan Museum of Art

Colocada no “Templo Quadrado” em Tell


Asmar, talvez dedicado ao deus Abu.
Homens e deuses eram considerados
fisicamente presentes em suas estátuas.
Estátuas similares eram algumas vezes
inscritas com os nomes de governantes e
suas famílias.
Enlil, considerado o mais poderoso deus
Mesopotâmio durante grande parte do
terceiro mílênio a.C., era “violenta
tempestade” ou “touro feroz”, enquanto
a deusa Inanna reaparecia em diferentes
disfarces como a manhã ou a estrela da
noite. Divindades literalmente habitavam
suas estátuas de culto depois de serem
animadas pelos próprios rituais.
Sumérios (3500-2000 AEC).

Arte da civilização suméria conhecida pelas escavações (primeira metade do séc XX)
das cidades de Uruk (norte da moderna Bagdá) e Ur. Arte suméria é a base sobre a
qual se desenvolveu a arte dos assírios e babilônios. Depois de 2000 aC, a Suméria
entrou em declínio e foi absorvida pela Babilônia e pela Assíria.
Habitualmente rotulados de 'berço da civilização', estreitaram as ideias dos
historiadores sobre o que constituiria uma sociedade de grande porte. Muitos dos
conhecidos hábitos mentais do Ocidente derivam deles: a concepção de cidade
como forma construída, como expressão e organização da vida comunitária sob
poder estatal e religioso, com a contraposição entre reis e sacerdotes (politico &
espiritual); o conceito de literatura, e talvez até mesmo a semana de sete dias.
Civilização tinha pelos sistemas de registro um interesse de autopreservação
(história). As placas de argila fluvial que recebiam as anotações escritas da
propriedade e da renda, e posteriormente do Gilgamesh, a primeira epopeia
conhecida; também recebiam impressões de cilindros gravados feitos de pedra
sabão e lápis-lazúli, usados como selos de autoridade. Inventores da escrita – a
escrita cuneiforme (c 3200 aC), do torno de ceramista, da roda.
Mesopotâmia

Região mesopotâmica (entre o Eufrates e o Tigre, área que compreende o Irã


moderno e a Síria) foi ocupada por diferentes povos e culturas, viu a
formação e declínio de várias cidades-estado e também grandes impérios,
entre 4000 aC e o domínio Persa por volta de 550 aC.
Por volta de 8000 a.C., comunidades agrícolas já estavam estabelecidas ao norte
de Mesopotâmia, ao leste e no Crescente fértil. No início do sexto milênio a.
C. comunidades agrícolas, dependentes de irrigação mais do que da chuva,
se estabeleceram mais ao sul ao longo dos rios Tigres e Eufrates, Conforme
essas novas comunidades cresceram, arquitetura monumental e formas mais
elaboradas de representação artística refletem uma hierarquia social
crescentemente diferenciada.
Formas de administração e registro são desenvolvidas conforme cidades
emergem ao longo da região, especialmente no sul. Por volta de 2500 a.C.,
inscrições cuneiformes descrevem a rivalidade entre cidades-estados, com
governantes construindo templos e palácios decorados com imagens reais
proclamando seu poder. Dentro de dois séculos, as cidades-estado da
Mesopotamia são unificadas por Sargão da Acádia, que cria o primeiro
império.
Cabeça em bronze de um rei, talvez Sargão de Acádia ou Naram-Sin, 2270 — 2 215 a.C..
National Museum of Iraq, Baghdad. altura 30.5 cm.
Estela do rei Naram-Sin, 2300 a.C. Pedra calcária, 2 X 1,05 m. Imperio acadio, Louvre
Arte suméria

Com a ascensão ao poder de Sargão de Acádia, a arte suméria alcançou nova


expressão na escultura.Ex: cabeça de bronze considerada o retrato de Sargon
e a estela de Naram-sin, um relevo triunfal mostrando o neto de Sargon
numa batalha (2261-24 a.C.; Louvre).
Os acadianos espalharam a escrita cuneiforme através do Oriente Médio e
mesmo depois da destruição do império de Sargon pelas invasões do oriente
na última parte do 3º milênio a. C., técnicas artísticas e estilos sumérios
exerceram profunda influência em culturas contemporâneas e posteriores. A
cidade de Lagash sobreviveu às invasões e foi embelezada por seu
governador Gudea com numerosas obras de arte. Estas muitas
representavam a figura sentada serena e digna de Gudea ele mesmo. Apesar
da maioria ser pequena em estatura, elas possuem um senso de grandeza
em monumentalidade. Após as invasões a glória de Sumer foi revivida de
2200 a 2100 a.C. Durante esse período o grande zigurate da deusa lua em Ur
foi construído.
Estela do rei Naram-Sin, 2300 a.C.
Pedra calcária, 2 X 1,05 m
Imperio acadio, Louvre.

A importância do relevo mesopotâmico:


a propensão ao horror vacui, a
desproporção da figura principal, a
narrativa em tiras ou faixas que se
estendem num plano único, a seriação
de figuras em formas de procissão, tudo
isso se sente na arte egípcia e na greco-
romana. Os relevos assírios são
narrativas visuais de acontecimentos
reais e de mitos, resolvidos em suportes
planos, com soluções como superposição
de figuras, hierarquização por escala de
figuras e pela composição. Além disso,
inércia e rigidez hierática serão traços
característicos da escultura
mesopotâmica, apesar do crescente
naturalismo e riqueza composicional dos
relevos .
Relevos da vida diária na Mastaba de Ti. Ti ou Ty, alto funcionário da corte sob a V dinastia.
O período Neolítico (10000-2000AEC)

Idade antes do uso do metal, testemunhou uma transição de uma existência


nômade para uma de agricultura estabelecida. Os povos faziam instrumentos
de pedra e cerâmica em suas comunidades regionais. Trabalhadores em metal
empregavam o jade para fazer versões prestigiosas, belamente polidas de
instrumentos de pedra utilitários, tais como machados e também para fazer
ferramentas com funções possivelmente cerimoniais e protetoras. O estatuto
do jade continua através da história da China. A cerâmica também atingiu um
alto nível com a introdução da roda do oleiro.
Estatueta (Dançarina), c. 2500 a.C.,
Mohenjo-daro Civilização do Vale do
Indo. Bronze, 10.5 cm × 5 cm.
National Museum, New Delhi, Delhi

A Civilização do Vale do Indo


foi uma civilização da idade
do bronze (3300-1300 a. Que
alcança maturidade em 2600-
1900 a. C.) localizada na
região ocidental do sul da
Asia, e se espalhou pelo que é
hoje Paquistão, noroeste da
India e leste do Afeganistão.
A estátua Bassetki do período acadiano (2350–2100 aC) encontrada nos anos 1960 perto da cidade de Bassetki no
norte do Iraque. Feita de cobre, pesa 150 kg. Somente a parte inferior da figura foi preservada. O pedestal contém
uma inscrição em acadiano indicando que a estátua esteve na entrada de um palácio do governante acadiano Naram-
Sin. A estátua foi tomada do Museu do Iraque durante a invasão do país em 2003 mas depois retornou ao museu.
Yu, vaso ritualístico de bronze da
dinastia Shang, c. 1050 a. C. Um
rei-sacerdote chinês da dinastia
Shang teria carregado esse balde
tigrino com incrustrações
extravagantes durante os
banquetes promovidos no templo
em honra de seus ancestrais. O
balde o acompanharia no túmulo
após a morte, e assim ele poderia
continuar servindo seus
antepassados na outra vida. Um
cervo trepa às coisas to tigre: por
trás, a fera repousa sobre a
própria cauda.
Idade do Bronze. Objetos de rito

O sul do Irã foi a terra natal de um dos mais influentes fatores nas civilizações da
Eurásia: o florescimento da metalurgia. ´... Com o advento da fundição do
metal, descobriram que elas podiam assumir a forma de objetos produzidos
previamente em argila e pedra, tal como vasilhames e armas, convertendo-se
em algo de inaudito glamour – um símbolo de status para a elite (...) um
atrativo do metal era que artefatos muito complexos podiam ganhar existência
duradoura.
A fusão do cobre com o minério de estanho para produzir a liga muito mais robusta
chamada bronze parece ter surgido no Irã e Iraque por volta de 2800 a. C., e
assumido uma forma bastante diversa na China cerca de um milênio mais tarde.
Em Anyang, ao norte, eram os Shangs, posteriormente considerados a dinastia
precursora dos imperadores da China unida. Eles governavam por meio da
realização de ritos – sem a distinção sacerdote/rei que perturbava o Iraque -, e
os objetos para ajudá-los a fazer isso da maneira apropriada constituíram as
principais formas de produção artística.
(p. 48)
Idade do Bronze. Temporalidades distintas em espaços distintos

As datas para essa categoria histórica, como as do Neolítico / Pedra Polida, variam
de região para região. Mesmo que voltássemos ao sudoeste da Ásia, aplicar a
Idade do Bronze a tudo o que ocorreu entre 28000 e 1000 AC seria passar por
cima de mudança consideráveis.
A partir de c de 2200 AEC as civilizações dessas regiões começaram a regredir.
Depois do megalomaníaco Naram-sin, o império ácade logo expirou, e seus
sucessores - um regime neo-sumério mais conhecido por seu rei, Gudea, e
uma outra dinastia semítica sediada rio acima na Babilônia -, mostraram-se
esteticamente mais conservadores.
Enquanto isso, no Egito, o ‘Antigo Império ruiu, e um século de confusão política
se seguiu antes que novas dinastias começassem a restaurar a estabilidade....
Outro fator que estimulou mudanças foi a nova tecnologia da carruagem puxada a
cavalo, que se difundia pela Europa a partir das estepes em torno dos montes
Urais na Rússia (Creta...).
( Julian Bell).
Estátua de Gudea, ca. 2090 a.C.
Diorito, 44 x 21.5 x 29.5 cm)
Metropolitan Museum of Art
Arte sob o governo de Gudea na Mesopotâmia

Império acadiano entrou em colapso depois de dois séculos de governo, e durante


os 50 anos seguintes, reis locais governaram cidades-estado independentes no
sul da Mesopotamia. A cidade-estado de Lagash produziu notável número de
estátuas de seus reis assim como hinos literários sumérios e orações sob o
governo de Gudea (ca. 2150–2125 a.C.) e seu filho Ur-Ningirsu (ca. 2125–2100
a.C.). Diferentemente da arte do período acadiano, caraterizada por
naturalismo dinâmico, os trabalhos produzidos pela cultura neo-sumeriana
tem um sentido de reserva e serenidade.
Escultura pretende a uma série de estátuas de diorito comissionadas por Gudea,
que dedicou suas energias a reconstruir grandes templos de Lagash e instalar
estátuas que o representavam.
Muitas inscritas com seu nome e dedicações divinas sobrevivem. Aqui, Gudea é
representado sentado, suas mãos dobradas no gesto tradicional de oração. A
inscrição suméria em sua veste lista templos que ele construiu ou renovou em
Lagash e nomes da estátua em si, "Gudea, o homem que construiu o templo;
que sua vida seja longa."
a imagem como um meio entre dois mundos

A língua suméria tinha uma palavra separada para ‘imagem’ (Alam), evidência de
que os sumérios não estavam satisfeitos com a noção de um mero ‘duplo’, mas
já pensavam em termos de um meio pelo qual a pessoa se reincorporava.
Gudea ordenou que sua imagem falasse à divindade em seu nome. O texto nos diz
que a estátua era para o principal templo do deus Ningirsu em Girsu, onde por
toda a eternidade ela deveria receber presentes /comida e bebida para Gudea.
O diálogo que os vivos dirigem à imagem é espelhado pelo diálogo que a
imagem dirige à divindade, que torna a imagem um meio entre dois mundos
(BELTING, Hans. An Anthropology of Images: picture, medium, body. New Jersey: Princeton University
Press, 2011, p. 104).
Representavam cidadãos que desejavam manter contato visual com uma divindade
protetora (...). Tais fenômenos ressaltam o fato de que uma vasta porção da
arte antiga não se destinava primeiramente à visão dos mortais. Grande parte,
além disso, seria selada na invisibilidade do túmulo. A maioria dos grandes
ídolos da Suméria desapareceu, mas no Egito, uma terra que não se invadia tão
facilmente e na qual esse princípio se aplica ainda mais, o registro arqueológico
é mais rico (BELL).
Cabeça reserva. IV Dinastia (2551-2496 a. C.). Calcário. Museu do Cairo.
Cabeças de substituição encontradas em 1913 em Giza pela expedição da Harvard
University-Museum of Fine Arts, expostas em Harvard Camp, Giza, Cabeças divididas
entre o Egyptian Museum, Cairo, e Museum of Fine Arts, Boston.
Cabeça reserva ou de substituição

Cabeças de calcário encontradas em tumbas não reais da IV dinastia do Egito.


Guardam uma individualidade, podendo ser associadas aos primórdios do
retrato.Seu propósito não é inteiramente claro, o nome vem de teoria de
1903 do egiptólogo alemão Ludwig Borchardt de que a cabeça serviria como
lar alternativo para o espírito do morto, caso algo acontecesse ao corpo.
O que essas obras têm em comum?
IMAGO - máscara mortuária
feita de cera ( na Roma antiga)
Distinção entre imagem e
meio. Natureza das imagens
como a presença de uma
ausência. Imagem é presente
para o nosso olhar, mas essa
presença ou visibilidade
permanece no meio no qual a
imagem aparece.

Máscara mortuária de Julio César para


ser exibido aos pés de Marco Antonio
na escadaria do Senado.

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