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Material complementar de Arte.

Conteúdo: Arte pré-colombiana.


Professor: Thiago Veronezzi.

Arte pré-colombiana.
A expressão “arte pré-colombiana” refere-se à arquitetura, à arte e ao artesanato dos povos nativos das
Américas do Norte, Central e do Sul, abrangendo o período que se inicia, aproximadamente, em 13.000 a.C. e se
encerra em 1.500 d.C., marco da chegada de Cristóvão Colombo à América. Tudo o que resta das grandes
civilizações do período anterior à colonização do continente americano pelos europeus faz parte da arte pré-
colombiana. Nesse caso, arte compreende objetos com funções definidas, em geral mágica ou religiosa, e também
artigos ornamentais. Faziam parte do universo artístico dessas civilizações tanto os templos e as casas quanto as
esculturas, os relevos, as pinturas, os utensílios domésticos, os objetos ornamentais, os amuletos e os tecidos. Essas
obras foram realizadas por artífices anônimos, cuja tarefa era transpor para os materiais (pedra, barro, metal, etc.)
padrões de representação determinados pelas crenças ou ciências de cada povo. Entre os estudiosos, a identificação, a
interpretação e a comparação dos sistemas de representação dos povos ameríndios servem para classifica-los e
decifrar um pouco de sua cultura como um todo.
Nas Américas do Norte, Central e do Sul, existem estruturas monumentais em pedra que integravam a
arquitetura dos povos nativos americanos. A exemplo disso, podem-se observar as edificações erigidas pela
civilização maia, que compunham a cidade de Chichén Itzá, na Península de Yucatán, México. Os templos desses
povos eram construídos sobre plataformas acessadas por degraus, similares a pirâmides.
Paralelamente ao desenvolvimento das civilizações maia e asteca, que ocuparam a América Central e parte do
México, a civilização inca, o centro de cujo império localizava-se ao atual Peru, estendeu-se ao longo da Cordilheira
dos Andes, no segmento central da América do Sul. Com uma arquitetura e escultura altamente desenvolvidas, essa
civilização também deixou um legado artístico em peças de ouro, prata, joias e tecidos. Os incas, assim como os
astecas, eram povos guerreiros e realizaram importantes obras arquitetônicas como palácios, fortificações e templos
que ainda persistem em Cusco, Machu Picchu e Ollantaytambo.
Entre as civilizações mais instáveis que se desenvolveram no território hoje ocupado pelo México, é
importante mencionar os olmecas. Considera-se que essa civilização tenha existido por volta dos anos 1.100 a.C. a
200 d.C. e produzido principalmente esculturas rústicas, mas de grande força expressiva, muitas vezes com materiais
raros, como o jade. Suas obras impressionam também pela monumentalidade.
Ao norte do Peru, a cultura moche ou mochica, que floresceu entre 100 a.C. a 800 d.C., criou uma faiança
antropomórfica impressionante por seu realismo intenso e obras-primas de joalheria e esculturas em ouro.
A partir do século XVI, as civilizações maia, asteca e inca foram dizimadas tanto pelas armas dos
conquistadores europeus como pelas doenças trazidas por eles.

Arquitetura e escultura pré-colombianas.

Apesar de não ter sido totalmente compreendida e ainda ser objeto de investigação, acredita-se que parte da
produção artística das civilizações pré-colombianas estava profundamente relacionada às cerimônias religiosas
daquelas sociedades. Os nativos das Américas eram suficientemente habilidosos e capazes de representar o rosto
humano de maneira naturalista. Entretanto, a maioria das representações dessas culturas pode parecer pouco natural e,
por vezes, estranha se comparadas às da arte ocidental.

Escultura.

As imagens dessas culturas, geralmente objetos dos cultos locais, seguem outras tradições figurativas. A
escultura de Tlatoc, deus da chuva e da agricultura para os astecas, pode ter parecido assustadora para os
conquistadores europeus, que destruíram grande parte dessas imagens por considerarem que estas eram de cultos
pagãos.
As culturas pré-colombianas parecem ter sido dominadas pela crença de que o fim do mundo acontecia
periodicamente e que somente poderia ser evitado por meio de sacrifícios humanos. Alguns dos seus deuses foram
retratados como seres terríveis, cuja hostilidade só poderia ser aplacada pelo sacrifício, a exemplo do deus
Quetzalcóatl, que era representado por uma serpente emplumada.

Arquitetura.

A civilização asteca foi a última a se desenvolver entre os séculos XIV e XVI, antes da chegada dos
colonizadores europeus. Os astecas muito contribuíram para a arquitetura do ponto de vista urbanístico, erguendo
luxuosos palácios, templos e pirâmides. Construíram, entre muitas outras, Teotihuacán – perto da Cidade do México
– da qual, atualmente, restam apenas ruínas.
Os astecas dominavam conhecimentos de matemática e astronomia. É o que evidencia a peça encontrada em
1790 – a Pedra do Sol – durante as reformas da catedral da Cidade do México, construída sobre o local do antigo
templo de Tenochtitlán. Esse grande calendário talhado em pedra apresenta, ao centro, a figura de Tonatiuh, o deus
Sol, e, em círculos concêntricos, figuras que simbolizam os dias, as semanas e os meses, além de entidades do
universo carioca.
Mais ao sul do México, na Península de Yucatán, os maias também foram grandes construtores, tendo
projetado edificações monumentais entre pirâmides e palácios. Grande parte das ruínas maias está localizada no norte
da América Central, na região onde hoje se situam as repúblicas de México, Guatemala, Belize, norte de El Salvador
e Honduras. Para decorar seus templos e palácios, os maias desenvolveram uma talha refinada, da qual se destacam
monólitos complexos, como o Calendário Maia. Além da arquitetura, a arte maia se manifestou na escultura, que
decora os templos e os palácios ou que se apresenta sob a forma de pequenas figuras.
Na América do Sul, os povos que desenvolveram uma produção cultural mais organizada localizaram-se
principalmente ao norte, na região do atual território peruano.
As culturas que formaram o patrimônio artístico do Peru pré-colombiano têm raízes muito remotas e evolução
histórica bastante complexa. Por isso, abordaremos as civilizações que nos são mais próximas e conhecidas, como as
culturas mochica, tiahuanaco e chimu. A cultura mochica existiu ao longo da costa setentrional do Peru, entre os anos
200 e 800 da nossa era. De sua arte, destaca-se a ourivesaria, que produziu joias e adereços femininos. Sua cerâmica
também é apreciável, pela decoração pictórica e pelos curiosos formatos dados aos objetos de uso diário: animais e
cabeças humanas.
Por volta do ano 1000, ao sul e já próximo da Bolívia, a civilização mais significativa foi a tiahuanaco. Seu
nome provém de uma antiga cidade do altiplano boliviano. Localizada próximo de La Paz, na Bolívia, a antiga
cidade de Tiahuanaco ainda desafia a análise e a interpretação dos arqueólogos, com sua arquitetura e escultura de
maciças figuras.
Ao norte, entre os anos 1300 e 1438, desenvolveu-se a requintada civilização chimu, cujos trabalhos em
cerâmica e ourivesaria, como vasos zoomórficos e antropomórficos, ídolos e máscaras cerimoniais, apresentam ora
motivos realistas, ora motivos abstratos.
Por fim, aproximadamente entre os anos 1400 e 1532 – já em época próxima à chegada dos espanhóis -,
desenvolveu-se a civilização inca, que ocupou principalmente a alta região andina.
A civilização inca desenvolveu-se ao longo da cadeia central da Cordilheira dos Andes, especialmente no
Peru. Sua arquitetura era imponente, porém simples, sem excessivos elementos ornamentais. Os incas desenvolveram
uma técnica bastante eficaz de construções sólidas, pois a região é, até hoje, comumente abalada por terremotos. Os
espanhóis aproveitaram os muros incas e os usaram como base para suas construções.
Além de Cusco, as ruínas arquitetônicas mais conhecidas desse povo são as da cidade de Machu Picchu,
descobertas em 1911. Os incas plantavam os alimentos sagrados, como o milho e o feijão, em terraços irrigados
construídos nas encostas de montanhas. Possuíam, ainda um eficiente sistema de estradas de pedra interligando as
regiões do império. Destacaram-se também na criação de joias trabalhadas em ouro e prata, além de confecção de
tecidos.

Máscaras e danças.

Entre as culturas andinas antigas, as máscaras eram largamente utilizadas para cobrir os rostos dos mortos,
cujos corpos eram cuidadosamente vestidos e embrulhados antes do sepultamento. As máscaras são grandes com os
olhos e a boca feitos por meio de incisão no material, sem perfura-lo. No canto das pálpebras e dos lábios, dois
pequenos furos eram utilizados para a fixação de olhos e dentes removíveis, feitos com materiais preciosos,
geralmente pérolas, jades ou turquesas.
A máscara era utilizada por esses povos como um substituto para o rosto humano, na intenção de lhe conferir,
para além da morte, preservação física. Alguns deuses eram representados usando máscaras Xochipilli, a máscara do
deus asteca do amor, da arte e dos jogos. Além disso, vários textos do século XVI aludem a máscaras de dança, que
faziam parte de um conjunto de ornamentos que incluíam atributos simbólicos e penteado. Para os Astecas, o adorno
era fundamental, pois operava a transmutação da personalidade.

Cerâmica.

Em muitos sítios arqueológicos, foram encontradas cerâmicas globulares, zoomórficas e antropomórficas,


com ornamentos ou decorações geométricas feitas com linhas de corte e de uma variedade de estilos. O primeiro
registro do uso da técnica do positivo e negativo na pintura para decoração foi identificado em restos de cerâmica
decorada e esculpida com linhas grossas pelos povos pré-colombianos da Mesoamérica.

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