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Autor
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Elias Silva
APRESENTAÇÃO
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identidade, podemos Afirmar que a partir de agora Araçariguama se
encontra plenamente identificada, e com méritos.
Prof. Guilherme Augusto Guiducci Motta
Professor de História e ex-presidente da ANPAP-
Assoc. Nacional de Pesquisadores em Arquivos Públicos.
AGRADECIMENTOS
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INTRODUÇÃO
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Capítulo I
DO IBITURUNA À ARAÇARIGUAMA
12
Capítulo II
16
Capítulo III
ÍNDIOS EM ARAÇARIGUAMA
19
Capítulo IV
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Em 1679, o primeiro filho de Guilherme Pompeu, que nascera
em Santana de Parnaíba e herdara-lhe o nome sagrou-se padre e passou
a exercer suas funções sacerdotais nas inúmeras capelas existentes na
região onde estava as fazendas do pais, notadamente na capela de Nos-
sa Senhora da Conceição de Araçariguama onde tornaria famosa a festa
anual realizada no dia 8 de dezembro.
Oito anos depois o padre Guilherme Pompeu iniciou a constru-
ção de uma capela anexa à casa onde vivia o administrador das fazendas
do pai (Antonio de Godói Moreira casado com sua irmã Ana de Lima
Moraes) para que ali pudesse realizar missas para os escravos que traba-
lhavam nas plantações da família. Consta que a primeira missa realizada
nesta capela aconteceu em 1688 e portanto foi registrada em seu portal
externo a frase " 14 de julho de 1688,Maria,Jesus Salvador dos Homens,
José" e no seu interior "Lembra, homem que és poeira" dado que a
mesma era voltada basicamente para a conversão dos escravos e para
estes as mensagens se dirigiam.
Esta capela, anexa a parte da casa ainda existente no local de-
nominado sítio dos Barbosa preserva parte de suas características, prin-
cipalmente na parte do oratório onde um crucifixo permanecia exposto
até meados de 1997,ou seja, trezentos anos resistindo ao tempo e ao
abandono porém preservando suas características.
A fazenda Araçariguama tornou-se a principal propriedade da
família Pompeu pois era palco da festa anual de Nossa Senhora da Con-
ceição e também a principal produtora de cereais para o consumo de
seus habitantes ( cerca de duzentos escravos entre negros e índios e
trabalhadores livres) e visitantes que ali se hospedavam durante vários
meses do ano, conforme registros no 1º Cartório de Órfãos de São Pau-
lo.
Segundo registros da Cúria Metropolitana de São Paulo, as ca-
pelas existentes nas fazendas da família Pompeu de Almeida em Araça-
riguama( Nossa Senhora da Conceição do Ibituruna, Nossa Senhora da
Conceição de Araçariguama e a Capela da Casa de Administração) eram
ornamentadas com castiçais de ouro e prata confeccionados a mando
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do padre Pompeu com os minérios que traziam de suas minas espalha-
das em vários pontos das Minas Gerais.
Além destas riquezas doadas às capelas, todas as despesas
com transporte e hospedagens de padres e autoridades convidadas para
as festividades religiosas realizadas na paróquia eram pagas com recur-
sos da família.
Após a morte do vizinho Gonçalo Chassim que deixou sua he-
rança para o filho Rodrigo Chassim, o capitão Guilherme Pompeu adqui-
riu a mesma e tornou-se proprietário de toda a área e patrono também
da capela de Nossa Senhora da Penha.
No dia 12 de novembro de 1691 faleceu Guilherme Pompeu(
pai ) deixando para o padre toda sua fortuna e propriedades e este a fez
ampliar com as remessas de ouro que seus feitores e escravatura extraí-
am nas minas herdadas em testamento.
Ao final do século XVII o padre Guilherme Pompeu possuía em
Araçariguama - Santana de Parnaíba quatro fazendas, sendo elas a Ibitu-
runa (passando a gravar-se Ivuturuna), a Araçariguama, a Taquarimin-
duba e a Apoteroby, nas quais mantinha trezentos e cinco escravos(
cento e um negros e duzentos e quatro índios conforme registrara em
1691) e onde produzia milho, mandioca, trigo, amendoim e criava gado,
cavalos, porcos e cabras. Há que se registrar que a quase totalidade da
produção era voltada para o consumo local e só o excedente era comer-
cializado em Santana de Parnaíba.
Detentor de tantas riquezas, ao falecer no dia 07 de janeiro de
1713, o padre Guilherme Pompeu de Almeida que não possuía herdeiros
deixou todos os seus bens para a Companhia de Jesus( administradora
espiritual de suas capelas) sendo sepultado em São Paulo sob o epitáfio
"Hic jacet in tumulo Guilelmus Presbíter auro et genere et magno nomi-
ne Pompeyus".
Os jesuítas que receberam os bens de seu sacerdote falecido
tomaram posse dos mesmos e poucos anos depois com exceção da casa
onde vivia Guilherme Pompeu( o chamado Casarão no bairro do Colé-
gio) desfez-se destes remetendo os recursos obtidos ali para São Paulo,
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tornando as capelas locais desamparadas economicamente, muito em-
bora assistidas por padres como desejara o padre em seu testamento.
Inúmeras são as questões em que o nome do padre Pompeu e
suas atividades são apresentadas em desacordo com o sacerdócio e com
as virtudes necessárias para tal, destacando-se o livro do Barão de Pira-
tininga (que trataremos posteriormente) Cruz de Cedro onde o mesmo é
apresentado como um negociante com escrúpulos discutíveis, notada-
mente pelo papel de "banqueiro" que exercia. Importante registrar que
o padre Pompeu, assim como o pai, fazia empréstimos a juros e patroci-
nava expedições de busca ao ouro nas Minas Gerais cobrando percentu-
ais deste metal sobre as mesmas o que justificava o sempre crescente
enriquecimento destes.
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Capítulo V
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Assim, no plano paisagístico-arquitetônico araçariguamense
anterior ao século XVII não houve maior influência do que a registrada
nas edificações realizadas pela família Pompeu de Almeida, cujas carac-
terísticas presentes nas construções das paredes em taipa(madeiras
recobertas com barro) estiveram presentes em todas suas capelas e
casas. Em taipa de mão( aplicação do barro com as mãos) ou taipa de
pilão( barro e cascalho socados com madeira) as edificações construídas
pelos escravos da família Pompeu ainda apresentam resquícios em di-
versos locais de Araçariguama e Santana de Parnaíba.
Já num plano social, o desaparecimento dos Pompeus provo-
cou uma dispersão de centenas de escravos( negros e índios)que lhes
pertenciam e que se refugiaram em outras fazendas e áreas circunvizi-
nhas passando a ocupar papel de destaque na formação étnica local
como salientamos no capítulo III.
Agricultores, ferreiros, doceiros, sapateiros, padeiros e tantos
outros que exerciam funções nas fazendas Ivuturuna, Taquariminduba,
Apoteroby e Araçariguama e se viram órfãos de seus senhores passaram
a vagar na região trabalhando no ramo de jornal(diaristas) miscigenan-
do-se entre negros e índios e produzindo uma alteração social extre-
mamente significativa na composição física do araçariguamense.
Na condição de escravos sem donos, centenas de homens e
mulheres estabeleceram alguns núcleos populacionais que rapidamente
impulsionaram a miscigenação e geraram um crescimento demográfico,
em dadas épocas superior ao que se verificava na Vila de Santana de
Parnaíba à qual a paróquia se vinculava.
Enquanto pertencente à Santana de Parnaíba a paróquia de
Araçariguama firmava-se como povoado de "escravos sem donos" e de
"quilombos"( núcleos de aglomeração de escravos negros foragidos) dos
quais os mais significativos foram os de Apotribu e do Ubaté ( no morro
homônimo) e sobressaía-se demograficamente em relação àquela.
Se por um lado Santana de Parnaíba via sua população ser
constantemente reduzida, ora pela morte de muitos bandeirantes que
ali residiam e em razão destas a mudança das viúvas com numerosa
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escravaria, ora pelas expedições ao centro oeste do país onde muitos se
fixavam e não mais retornavam e mesmo por epidemias, por outro Ara-
çariguama mantinha-se em constante crescimento populacional.
Os escravos que se dispersaram bem como os demais traba-
lhadores das fazendas dos Pompeus se transformaram em pequenos
agricultores, diaristas e tocadores de tropas(tropeiros) deixando de vive-
rem como ciganos(de fazenda em fazenda), mas, transformaram-se
sobretudo em arrendatários o que lhes permitia viverem na região de
Araçariguama na condição de sitiantes.
No denominado "Bairro das Três Capelas" a população araçari-
guamense crescia, a produção local se avolumava e a paróquia tomava a
forma de um verdadeiro vilarejo.
Muito embora a Companhia de Jesus tenha se desfeito de
grande parcela das propriedades que o padre Guilherme Pompeu lhe
deixou de herança em nome da capela de Nossa Senhora da Conceição
de Araçariguama, esta e a casa da família foram preservadas sendo a
segunda transformada em colégio e a primeira mantendo-se assistida
por padres da Companhia.
Após a morte do padre Pompeu registraram-se como párocos
de Araçariguama os seguintes padres: Antonio Rodrigues (1714-1717),
Belchior de Pontes (1717-1719), Inácio Pinheiro (1719-1720), Manuel de
Oliveira (1720-1721), Manuel Cabby (1721-1722), Manuel Velho( 1722-
1724), Antonio dos Reis (1725), Domingos Rêbelo (1726-1729), Gonçalo
de Souza (1727), Inácio de Moraes (1728), Antonio Bacelar (1731), Ma-
nuel Cardoso(1732), Manuel Rodrigues( 1733), Domingos Machado
(1734) e novamente Antonio Bacelar que ali permaneceu até a expulsão
dos jesuítas, do Brasil, em 1759.
O padre Belchior de Pontes que assistiu nos principais núcleos
populacionais e aldeamentos da hoje denominada região metropolitana
de São Paulo faleceu aos 75 anos de idade( 22/ 09/ 1719) como pároco
de Araçariguama após dois anos de frutífero trabalho no colégio, paró-
quia e capelas de Araçariguama e localidades vizinhas o que lhe rendeu
honrarias em toda província de São Paulo.
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Em Araçariguama o padre Belchior de Pontes teve seu nome
registrado na memória histórica local notadamente pelo obelisco na
praça da Matriz, inaugurado por ocasião das festividades pela passagem
do III Centenário da fundação da paróquia em 1953.
Durante todo o decorrer do século XVII o povoado da paróquia
de Araçariguama manteve-se em crescimento populacional e produtivo,
onde o amendoim, o milho, o trigo, o arroz e a mandioca eram os prin-
cipais cultivos (notadamente nas terras de Policarpo Joaquim de Olivei-
ra que se tornara um grande proprietário de terras que as arrendava aos
ex-escravos ampliando suas produções)e nelas fazia exploração minera-
lógica(no morro do Saboó) as atividades voltadas para o transporte de
tropas ocupava uma grande parte de seus moradores não ligados à agri-
cultura.
Tal crescimento, passou todavia a ser estacionário após a cons-
trução de novas vias ligando São Paulo a Itú e Sorocaba( e vice-versa)
que deixaram Araçariguama à margem dos caminhos de tropas e liga-
ções mais próximas com os povoados vizinhos. Tornando-se distante das
rotas comerciais para a capital, a estagnação seria superada pela força
produtiva local como veremos em capítulos posteriores.
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Capítulo VI
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Capítulo VII
DA PARÓQUIA A
FREGUESIA E VILA
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instalação do pelouro na mesma (a instalação do pelouro indicava a
elevação da freguesia à condição de vila).
Em 1849 foi criada a primeira cadeira de primeiras letras (lei nº
13 de 21/03) para estudantes do sexo masculino. Já dissemos anterior-
mente que todo o transporte, fosse de carga ou passageiros que partia
ou chegava a Araçariguama era realizado por meio de tropas e a fregue-
sia que contava com importante fração na economia decorrente desta
(por situar-se em condições mais favoráveis para acessar as vilas de Itú e
Sorocaba onde se realizavam grandes feiras de compra e venda de ani-
mais para atenderem a demanda de São Paulo) buscava obter para si as
condições administrativas que em breve as ferrovias que começavam
ser construídas poderiam lhe dificultar.
Neste sentido, as confabulações com Antonio Joaquim da Rosa
resultava em grandes possibilidades de elevação à Vila, sobretudo de-
pois deste ter obtido a elevação de São Roque à categoria de cidade em
22 de abril de 1864.
Ciente de que Araçariguama apresentava as condições neces-
sárias para se auto-administrar o deputado encaminhou pedidos à As-
sembléia Provincial e no dia 16 de abril de 1874 o presidente da provín-
cia João Teodoro Xavier assinou a Lei nº 43 que consubstanciava a cria-
ção da Vila de Araçariguama e determinava a realização da qualificação
eleitoral para que esta pudesse escolher seus próprios governantes.
Há que se ressaltar que no ano em que Araçariguama obtinha
sua elevação à Vila, São Roque passava por um momento de angústia,
quando uma forte epidemia de varíola dizimaria 153 vidas naquela cida-
de, em poucos meses (agosto-outubro).
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Capítulo VIII
PRIMEIROS GOVERNANTES
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Capítulo IX
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Para São Roque que em 1873 era elevado à condição de co-
marca (compreendendo Una, Piedade e Araçariguama) a ferrovia seria
uma alavanca para o seu progresso, principalmente para a população
que estabelecida na área central da cidade teve um incremento nas suas
atividades comerciais por meio do abastecimento dos trabalhadores
braçais e técnicos da mesma que ali se fixaram enquanto os trilhos eram
colocados.
Por outro lado, também os moradores que não viviam exclusi-
vamente do transporte de tropas, mas que se utilizavam destes para
fazerem suas produções chegarem aos pontos em que desejavam, tive-
ram seus hábitos alterados. Os grandes produtores que fazendo com
que o resultado de suas lavouras fossem direcionados para as estações
ferroviárias ao diminuiriam o número de trabalhadores envolvidos no
transporte destas a fim de obterem preços mais compatíveis interferiri-
am também no quadro de atividades profissionais praticadas na Vila.
Num plano propriamente social, as ferrovias que cortaram as
principais localidades da região, deixaram duas vilas com ligações geo-
gráficas bastante significativas ilhadas em meios aos avanços e progres-
sos que estas ofereciam aos pontos onde passavam. Santana de Parnaí-
ba e Araçariguama que outrora tinham importantes ligações e se viram
privadas inicialmente das vias de comunicações viárias eram atingidas
também pelas vias ferroviárias, iniciando um processo onde as vanta-
gens de um primeiro momento refletiriam extremamente negativas no
decorrer dos anos.
As fazendas antes procuradas por inúmeros trabalhadores pa-
ra venderem sua mão-de-obra, principalmente no período das colheitas
passaram a se deslocar para as localidades próximas às ferrovias onde
obtinham trabalho ora ligado a elas, ora ligados a locais servidos pelas
mesmas e que dispunham de melhores condições para deslocamentos
diários, condições que não se apresentavam para Santana de Parnaíba e
Araçariguama.
As ferrovias e as vias de comunicação com as vilas mais impor-
tantes da província à época, Itú, Sorocaba, Jundiaí, São Paulo e Santos
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por estarem distantes de Araçariguama tornavam os produtos desta
menos compatíveis com o mercado, mas não interferiam na disposição
de seus governantes de torná-la viável economicamente e inseri-la no
rol de desenvolvimento que os trilhos ofereciam, daí a construção de
uma via ligando Araçariguama a São Roque voltada principalmente para
a escoagem de suas colheitas, via esta que denominada estrada do Ibaté
ligava-se a atual rua sanroquense, Dr.Stevaux .
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Capítulo X
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Ano População Eleitores Não eleitores
1874 1.621 218 1.403
1876 1.718 228 1.496
1881 2.012 104 1.908
1885 2.072 105 1.967
1889 2.202 101 2.101
1893 2.615 102 2.513
1897 2.701 51 2.650
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Capítulo XI
DÉCADAS DE OPULÊNCIA
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As riquezas araçariguamenses, centralizadas em poucas mãos
tornavam o número de elegíveis aos cargos de vereadores e prefeitos
bastante limitados sendo que dos 15 contribuintes de 1916 com renda
superior a 200$00( duzentos réis) apenas 11 voltaram a registrar os
mesmos bens em 1928.
Pelas condições locais, o grupo que detinha poder econômico
e que era também o que detinha o poder político tornava-se instável
ano a ano e oscilavam de acordo com as produções, constando também
em relatórios que alguns destes embora com poder político sonegavam
suas contribuições refletindo seriamente nos interesses da maior fatia
da população.
Em 1925, a Câmara de Araçariguama solicitou a Afonso de
D’Escragnolle Taunay a confecção de um brasão para o município. O
heráldico, Afonso Taunay foi o criador dos brasões de Santana do Par-
naíba, Itú, Sorocaba, Jundiaí e Lorena dentre outros. O trabalho apre-
sentado pelo heráldico, descrito em registros da Câmara Municipal de
1925, apresentava os seguintes aspectos: Um garimpeiro à direita e um
índio à esquerda, ladeando um escudo onde se destacavam três torres
sobre uma panóplia de fundo amarelo, contendo em seu interior uma
floresta, um sino e um ramo de algodão,(fazendo lembrar as grandes
matas do então município, suas capelas e o produto mais importante à
época- 0 algodão, além do ouro já representado pela panóplia amarela
e pelo garimpeiro) divisadas por uma faixa prateada, representando o
rio Anhembi (Tietê). Sob o brasão a frase Liberior et Auctum (Livres para
crescer)entre as datas, 1653-1874. Apesar de solicitado pelo tão presi-
dente da Câmara, Antonio de Oliveira Pinto, os vereadores não oficiali-
zaram o brasão pois alguns deles se posicionaram contra o mesmo,
principalmente por não haver referências à atividade comercial em sua
estruturação. As demandas da população começaram a se agravar e
entre 1925 e 1928 muitos). A ausência de serviços públicos em com-
passo com as araçariguamenses transferiram-se para outras localida-
des, principalmente para aquelas mais próximas da ferrovia, como Itú,
Sorocaba e São Roque, onde encontravam melhores condições de tra-
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balho e transportes e mesmo para as regiões suburbanas de São Paulo
onde as indústrias iniciavam uma fase de grande expansão.
O primeiro prefeito de Araçariguama foi escolhido em pleito
indireto (pelos vereadores, em conformidade com lei 1038) e coube a
Joaquim Augusto da Silva ocupar este cargo. Em 1908,o prefeito foi José
Nunes de Mattos que pediu afastamento antes do primeiro ano de
mandato, cabendo ao vice, Joaquim Augusto da Silva, concluí-lo. Suce-
dendo Joaquim Augusto, Domingos Marucci foi o prefeito escolhido em
1910,1912 e 1914.(em 1914 os mandatos de prefeitos foram reduzidos
para um ano).
Em 1915 Joaquim Augusto voltou a ocupar o cargo de prefeito,
sendo reeleito em 1916 e 1917 quando transferiu-o ao sucessor Thomás
Gomide que governou até 1919 quando João Pereira Oliveira Penteado
foi o escolhido. No ano de 1920 Bazilio Benjamim de Castro assumiu o
cargo e em 1921 Gastão D’Orleans Borba foi eleito pela Câmara. No ano
seguinte, o indicado para o cargo, Aloísio Honorato de Moraes renunci-
ou por motivo de doença e João Pereira Penteado, que era o vice, con-
cluiu o mandato, transferindo – o em 1923 para José da Silveira Castro
que governou até junho e pediu afastamento, assumindo o vice Francis-
co Rodrigues Correia.
Com a volta do mandato de dois anos, em 1924 Joaquim Au-
gusto da Silva retomou o governo municipal sendo reeleito, permane-
cendo no cargo portanto, até 1928 quando Domingos Marucci voltou a
responder pelo governo municipal. Em 1930, foi eleito para o cargo de
prefeito, Bazilio Benjamim de Castro que governando por apenas um
ano transferiu o cargo para João de Moraes que permaneceu no mesmo
até 1932, quando Joaquim Augusto da Silva retornou ao mesmo, per-
manecendo nele até a extinção do município em 1934.
Como poucos homens ocuparam o cargo de prefeito no muni-
cípio de Araçariguama em sua primeira emancipação, e alguns dos quais
o fizeram em várias oportunidades, a prefeitura que funcionava em uma
casa de propriedade de Belarmino Francisco Alves, registrou em sua
chefia neste período os seguintes prefeitos:
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Cap.Joaquim Augusto da Silva - 1906-1907,1909,1915-1917 e 1932-34
José Nunes de Matos - 1908
Domingos Marucci - 1910-1914,1927-28,1929-30
Thomás Gomide de Castro - 1918-1920
João Pereira Oliveira Penteado- 1920, 1922
Bazilio Benjamim de Castro - 1921,1931
Aloísio Honorato de Moraes - (março/ 1921-set/1922)
José da Silveira Castro - ( fev- junho /1923)
Ten.Gastão D’Orleans Borba - ( junho /1923 –fev./1924)
Francisco Rodrigues Correia - ( 1924-1926)
João de Moraes - (1931-32)
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Capítulo XII
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Decreto 19.398 de 11/11/1930
...Art.9 - É mantida a autonomia financeira dos Estados e do Distrito Federal.
...Art 10 - São mantidas em pleno vigor todas as obrigações assumidas pela União
Federal,pelos Estados e pelos municípios,em virtude de empréstimos ou de qua-
esquer operações de crédito público.
... Art.11 - O governo provisório nomeará um interventor federal para cada
estado...
§ 4º - O interventor nomeará um prefeito para cada município, que exercerá
ahí todas as funções executivas e legislativas podendo o interventor exonerá-lo
quando entenda conveniente, revogar ou modificar qualquer dos seus atos ou
resoluções e dar-lhe instruções para o bom desempenho dos cargos respectivos e
regularização e eficiência dos serviços municipaes."
... Art. 18* - Revogam-se todas as disposições em contrário
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Capítulo XIII
55
Mesmo tendo este decreto prorrogado pelo interventor Ar-
mando de Sales Oliveira que assumira o cargo em 21 de agosto de 1933,
Araçariguama não apresentava numerário para saldar a exigibilidade de
suas obrigações vencidas ou perspectivas para as que estavam por ven-
cer.
Em janeiro de 1934, Armando Sales de Oliveira nomeou uma
comissão para realizar uma revisão dos valores das propriedades, co-
mércio e indústria de Araçariguama objetivando um relatório pormeno-
rizado das condições financeiras do município.
A comissão composta por um coletor estadual, um escrivão de
rendas e dois membros escolhidos entre os contribuintes do município,
tinha como responsabilidade avaliar a viabilidade de recuperação eco-
nômica de Araçariguama e determinar as soluções a serem tomadas se
esta não se apresentasse possível, algo que o prefeito Joaquim Augusto
da Silva julgava inadmissível.
Independente dos anseios do prefeito, o relatório apresentado
ao interventor estadual colocava a impossibilidade de Araçariguama se
auto-administrar, pelas dificuldades de manutenção de sua estrutura
municipal.
Descrevendo um quadro desalentador em relação a previsão
de receitas futuras, o relatório teve um impacto extremamente negati-
vo, fazendo com que "para defender os interesses da população do mu-
nicípio", o governador-interventor assinasse e fizesse publicar o seguin-
te decreto:
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Decreto 6.448 de 21 de maio de 1934
Extingue os municípios de Araçariguama, Buquira, Capoeiras, Espirito
Santo do Turvo, Igaratá, Iporanga, Jatahy, Lagoinha, Pilar, Pinheiros, Platina,
Redempção, Ribeira, Ribeirão Vermelho, Ribeirão Branco, Sarapuhy, Santa Cruz
da Conceição e Vila Bella e dispõe sobra sua annexação a outros municípios.
O Doutor ARMANDO SALES DE OLIVEIRA, Interventor Federal no
Estado de São Paulo, usando das attribuições que lhe confere o decreto n* 19.398
de 11 de novembro de 1930,
Considerando que os municípios de Araçariguama... não podem com seus
próprios recursos manter os encargos decorrentes de suas administrações devido à
exiguidade das respectivas rendas
considerando que a renda annual desses municípios inferior a
25:000$000(vinte e cinco contos de réis) ,em alguns delles não atinge a
10:000$000(dez contos de réis) e é, na sua maior parte applicada sómente com as
despesas do funcionalismo, sem vantagens para os serviços públicos
considerando que é de toda conveniência a annexação desses municípios a
outros mais prósperos
Atendendoe de as
melhores condições do
determinações financeiras:
governo estadual, o então
DECRETA
prefeito de São Roque, Argeu Vilaça nomeou uma comissão para realizar
Art.1º - Os municípios de Araçariguama... passam à categoria de disctritos de paz
um actuaes
e suas levantamento de todos
divisas ficam os valores, bens móveis e imóveis, bem co-
annexados:
O município de Araçariguama
mo um relatório ao de São
pormenorizado dasRoque: ... e despesas município ex-
receitas
...Art. 4º - Os débitos e outros compromissos assumidos
tinto e que passou para a sua administração na condição pelos municípios
de distrito.extinctos
ficarão a cargo do município ao qual for elle anexado.
... Art. 5º - Os funccionários com mais de 5(cinco)annos de effectivo exercício nas
prefeituras ora transformadas em districtos de paz serão incluídos, de accordo
com a conveniência do serviço, no quadro do funccionalismo do município ao qual
for annexada a prefeitura extincta.
... Art.6º - Este decreto entra em vigor na data da publicação, revogadas as dispo-
sições em contrário.
Palácio do Governo do Estado de São Paulo, aos 21 de maio de 1934.
Armando de Sales Oliveira
Marcio P. Munhoz Valdomiro Silveira
Publicado no Departamento de Administração Municipal aos 21 de maio de 1934 -
Mario Egydio de O. Carvalho - Director
58
Capítulo XIV
NOVAMENTE DISTRITO
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Variação da população de Araçariguama 1874-1940
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Capítulo XV
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Capítulo XVI
OS ANOS SESSENTA
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reflorestamento sediadas em Araçariguama, como a Santa Rita, dentre
outras.
Em capítulos anteriores referimo-nos ao impacto econômico
que a construção, primeiramente da Estrada de Ferro Sorocabana e
depois da rodovia Raposo Tavares trouxeram para o município de São
Roque.
Para que possamos ter um parâmetro que nos permita com-
preender melhor este paralelo econômico, apresentamos adiante um
quadro onde comparamos o crescimento demográfico de dois municí-
pios aos quais o distrito esteve vinculado geográfica e administrativa-
mente, São Roque e Santana de Parnaíba.
Tal quadro se faz necessário para que possamos visualizar a
evolução perene de São Roque e a oscilação demográfica de Santana de
Parnaíba que ao ter emancipado o seu distrito servido por ferrovia e
rodovia (Barueri) teve uma queda abrupta em seu quadro demográfico,
pois não encontrava meios de crescimento sem vias de comunicação
que a ligasse aos demais centros e lhe apresentasse perspectivas de
desenvolvimento autônomo.
Comparação Demográfica São Roque / Parnaíba
Ano São Roque Santana de Parnaíba
1940 22.465 14.350
1945 24.120 13.345
1948 26.220 16.983 *
1953 28.506 10.904
1958 28.658 3.223
1960 29.100 5.244 **
1969 34.358 6.192
Fonte; Anuários Estatísticos de São Paulo
* - Sem Barueri emancipado em 1949 ( com ferrovia e rodovia)
** - Sem Cajamar emancipado em 1959 e Pirapora do Bom Jesus emancipado em
1960 (com rodovias).
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influência destes serviços tornara-se imprescindível para o crescimento
populacional de ambas.
O distanciamento que colocara Santana de Parnaíba à margem
dos eixos de desenvolvimento alicerçados no setor de transportes atin-
gira Araçariguama nas mesmas dimensões, ressaltando-se o fato de
Araçariguama contar com apenas um distrito enquanto Santana de Par-
naíba apresentava-se com o maior número de núcleos populacionais e
área territorial de toda região.
A década de sessenta, todavia, apresentava-se aos araçari-
guamenses como um período onde o distrito adentrando no mapa ro-
doviário do Estado de São Paulo, iniciava uma fase de retomada demo-
gráfica e de busca da importância que a sua redução a distrito lhe fizera
perder no decorrer dos anos 40 e 50.
67
Capítulo XVII
71
Capítulo XVIII
72
tistas) acumulavam informações e instruções para a realização do proje-
to que defendiam.
Sem a presença de importantes personalidades da sociedade
araçariguamense que alimentavam a expectativa do restabelecimento
da autonomia perdida( até mesmo comparecendo com frações de suas
posses para tal) mas que vieram a falecer sem comemorarem a realiza-
ção deste anseio, tais como João de Oliveira Penteado, Albertino de
Castro Prestes, João de Castro Andrade, Humberto Victorazzo e outros,
os novos autonomistas encontravam nas esperanças destes o combustí-
vel que os moveriam na empreitada emancipacionista.
Buscando a emancipação em todas as possibilidades em
1981 a Comissão teve um segundo pedido rejeitado pela Assembléia
Legislativa mas a mesma se enraizava e sem desviar a atenção da políti-
ca municipal e buscando ampliar a representação araçariguamense na
Câmara de vereadores de São Roque nas eleições de 1982 lançaria a
candidatura de Dimas Ferreira de Carvalho Junior à prefeitura sanro-
quense e outro membro do grupo, Severino Alves Filho à vereança, pelo
Partido dos Trabalhadores (PT).
Apesar da boa votação de Severino Alves Filho (292 votos), a
falta de uma maior votação da legenda deixou o emancipacionista fora
da câmara porque sua legenda não logrou ter obtido o coeficiente elei-
toral necessário.
Não obstante as pregações emancipacionistas o envolvimen-
to da população do distrito na política administrativa de São Roque tor-
nava-se sólido e os representantes locais, caso do vereador Luiz Roberto
Sanches Soares(Beto) somavam melhorias para a comunidade, como o
centro de saúde, inaugurado em setembro de 1983.
Se por um lado Araçariguama seguia sua trajetória obtendo
significativos avanços nos setores comerciais e industriais e ampliando o
ideário emancipacionista local, por outro o prefeito Mário Luiz buscava
dotar o distrito com melhorias que pudessem inibir o emancipacionis-
mo. À medida que pressupunha que a comunidade se contentasse com
os investimentos ali realizados, o prefeito acreditava que com benefícios
73
públicos pudesse esvaziar os propósitos emancipacionistas e minimizar
a participação da população neste processo.
Desta forma, ao tentar abortar o movimento autonomista
pela via da destinação de obras para o distrito a política-administrativa
sanroquense refletia-se inversamente, pois, dotando o distrito com me-
lhorias, dava-lhes as condições necessárias para o preenchimento dos
requisitos exigidos para este se tornar município, tal como pré-
estabelecia a legislação para a criação e incorporação de distritos e mu-
nicípios.
Em 1986, dez dos dezesseis municípios que haviam sido re-
duzidos à condição de distrito, juntamente com Araçariguama (em
1934) já haviam restabelecido sua autonomia administrativa (Platina,
Sarapuí, Santa Cruz da Conceição, Ribeirão Branco, Ribeira, Redenção,
Pilar, Lagoinha, Iporanga e Igarataí) sendo que o mais populoso deles
neste ano era Ribeirão Branco (16.145 habitantes) e o menor Platina
(2.118 habitantes).
Dos demais distritos atingidos pelo decreto 6.448(ver capítu-
lo XIII ) apenas Araçariguama vinha realizando gestões junto às esferas
estaduais e federais visando a sua emancipação.
Com a nova legislação para a criação de novos municípios
sancionada em 1985, Araçariguama encontrava-se em condições de se
enquadrar economicamente e demograficamente na mesma pois man-
tinha os requisitos para estar em conformidade com a Lei complementar
que previa que:
... Art. 108 - São requisitos para que o Distrito ou Sub-distrito se constitua em
município, além dos fixados pela lei complementar federal,os seguintes:
I- Ser Distrito ou Sub-distrito há mais de três anos;
II- ter condições apropriadas para instalação da Prefeitura e da Câma-
ra Municipal;
III- apresentar solução de continuidade de cinco quilômetros no mí-
nimo, entre o seu perímetro urbano e do Município de origem, excetuando-se os
distritos e sub-distritos integrantes da área metropolitana da Grande São Pau-
lo;
IV- não interromper a continuidade territorial do município de origem.
74
Como Araçariguama apresentava os quesitos ora exigidos pe-
la legislação que passara a vigorar a partir de 1985, os autonomistas
buscaram organizar a documentação comprobatória destes aspectos
para que pudessem reformular o projeto que permitiria a sua inserção
na Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia Legislativa objeti-
vando aprovação após as eleições de 1986 que definiria o novo gover-
nador, deputados e senadores do estado.
75
Capítulo XIX
A CAMINHO DA EMANCIPAÇÃO
76
Apesar das ações anti-autonomia desencadeadas pelo prefei-
to Mário Luiz e levadas adiante pelo sucessor Antonio Carlos Moya, a
Assembléia Legislativa de São Paulo iniciou a tramitação político-
burocrática da legislação estadual para criação de novos municípios a
ser inserida na Constituição estadual, enquanto os autonomistas aguar-
davam o melhor momento para que seu projeto pudesse ser inserido no
rol dos distritos que realizariam plebiscito no período 1988-1991.
Objetivando evitar um novo recorte no município que já tive-
ra na emancipação de Mairinque uma perda significativa para o municí-
pio, décadas antes, e que agora convivia com a possibilidade de perder
Araçariguama, o Executivo sanroquense passou a investir no distrito no
sentido de preservar a unidade territorial de São Roque ou na pior das
hipóteses transferir tal recorte para a gestão seguinte.
Atuando em conjunto com a Frente Distrital Paulista de
Emancipação, que tinha como finalidade conquistar alterações políticas
e jurídicas para a criação de novos municípios, junto à Assembléia Legis-
lativa, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, o auto-
nomista Severino Alves Filho acreditava e não media esforços para que
o sonho da emancipação se tornasse realidade.
A Constituição federal promulgada em 05 de outubro de
1988 em seu artigo 18 # 4* previa que: "A criação, a incorporação, a
fusão e o desmembramento de Municípios preservarão a continuidade
e a unidade histórico-cultural do ambiente, far-se-ão por lei estadual,
obedecidos os requisitos previstos em lei complementar estadual, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dire-
tamente interessadas", texto que foi transferido em sua íntegra para o
artigo 145 da Constituição Estadual promulgada em 05 de outubro de
1989.
Após as eleições municipais de 1988, quando Araçariguama
elegeu três vereadores à Câmara de São Roque, Severino Alves Fi-
lho(com a maior votação do município - 522 votos), Celso Grande e João
de Castro de Andrade Neto e o suplente Belarmino Alves Pinto, o auto-
nomista Severino Alves Filho indicado presidente da Câmara passou a
77
defender da tribuna da mesma a emancipação do distrito de Araçari-
guama, tendo a favor deste projeto um foro próprio para tal, o legislati-
vo.
Ancorados na luta do vereador emancipacionista o movimen-
to ganhava contornos cada vez mais sólidos com a incorporação de
segmentos sociais ligados ao comércio local e a movimentos da comuni-
dade, como a U.J.A (União de Jovens de Araçariguama). O Executivo
sanroquense, por sua vez ocupado pelo prefeito José Fernandes Zito
Garcia buscava mecanismos para desarticular a A.M.D.A, (cuja atuação
veremos no capítulo seguinte) que em seus estatutos priorizava de for-
ma indelével a criação do município de Araçariguama.
78
Capítulo XX
80
IV- a área deve apresentar solução de continuidade de pelo
menos cinco quilômetros, entre o seu perímetro urbano e o do Município
de origem, excetuando-se neste caso, os distritos e sub-distritos inte-
grantes de áreas metropolitanas;
V - a área não pode interromper a continuidade territorial do
Município de origem;
VI- o nome do novo Município não pode repetir outro já exis-
tente no País, bem como conter a designação de datas e nomes de pes-
soas vivas.
...§ 3* - Somente será considerada aprovada a emancipação
quando o resultado favorável do plebiscito obtiver a maioria dos votos
válidos, tendo votado a maioria absoluta dos eleitores.
81
Com o aval dos deputados já mencionados que aprovaram o
Projeto de Lei Complementar (PLC/03) apresentado pelo deputado Edi-
nho Araújo no dia 29 de junho de 1990, Araçariguama pôde novamente
ser inserida no rol dos distritos que pleiteavam emancipação após o
governador sancionar o projeto e transformá-lo em Lei dois dias depois.
Tendo a Assembléia compreendido que Araçariguama dispu-
nha de todos os requisitos necessários para sua emancipação, marcou-
se nova data para que os moradores pudessem optar pela mesma e
torná-la efetiva. O plebiscito foi marcado para o dia 19 de maio de 1991.
No plano interno, em março de 1991(dia 31) tendo já obtido
o respaldado da população, a A.M.D.A realizou a eleição de sua diretoria
colocando fim a provisoriedade da mesma. O consenso resultou na
formação de uma chapa única denominada "Independência" que foi
composta por Severino Alves Filho (presidente), Belarmino Alves Pinto
(vice), Benedito Aparecido Godoy (1º secretário), Mauro Bonifácio (2º
secretário), Hermes da Fonseca (1º tesoureiro), Luiz Gonzaga Prestes (2º
tesoureiro), Luiz Rovina Salgado (Diretor Social), João Roque de Andra-
de, José Luiz de Mattos e Argemiro dos Santos (Conselho Fiscal), e Círio
Omero Pereira, José dos Santos Aguiar e Pedro Felix (suplentes do Con-
selho Fiscal).
Obtendo 46 dos 51 votos válidos (5 brancos e um nulo e au-
sência de 16 associados) a chapa "Independência" tornou-se o principal
baluarte para as lutas emancipatórias, cujo trabalho iniciou-se com a
campanha para que a população votasse SIM no plebiscito que se reali-
zaria no 19 de maio seguinte (49 dias depois).
Com a confecção de materiais de divulgação e ampla campa-
nha, a diretoria da A.M.D.A. apostava na vitória do SIM, e no dia 19 de
maio de 1991 compareceram às urnas 2.073 eleitores, sendo que 1.984
votaram a favor e 89 votos foram dispersos entre nulos, brancos e con-
trários. O resultado do plebiscito foi encaminhado às instâncias legais e
no dia 30 de dezembro de 1991 o governador Luiz Antonio Fleury sanci-
onaria a Lei 7.664 que assim foi redigida:
82
Lei 7.664
30 de dezembro de 1991
Dispõe sobre alterações no Quadro
Territorial- Administrativo do Estado
84
Capítulo XXI
NOVAMENTE MUNICÍPIO
Vereador Partido
Gilberto Brandão Fonseca * PFL
Márcio dos Santos Reino PFL
Leandro Amaro de Andrade PFL
Ana Ap.Castro Marchiori PSDB
Missias Reis da Silva PSDB
Rodrigo de Almeida Souza PSDB
Mauro Bonifácio PMDB
José Ap. Felix (Tatu) PMDB
José Donizete de Araújo PMDB
* Presidente da Câmara (1997-98)
88
A população estimada (dados de março de 1997) é de cerca
de 9.569 habitantes, servidos no município por Delegacia de Polícia,
Centro de Saúde, Agência de Correios, Serviço de Telefonia ( móvel e
celular), linhas de ônibus que ligam o município a São Roque, Itapevi,
Sorocaba, São Paulo e Itú além de serviço de transporte coletivo muni-
cipal operado por empresa concessionária, dois jornais semanários (Ci-
dade de Araçariguama e Gazeta de Araçariguama) e um posto bancário
da Nossa Caixa & Nosso Banco, recentemente inaugurado.
89
Capítulo XXII
92
ras notas sobre o local onde se fundaria e se desenvolveria o hoje muni-
cípio araçariguamense, o morro do Voturuna.
Ao restabelecer a importância histórica desta área onde Affon-
so Sardinha garimpara o “ouro de lavagem” em 1590, EcoVille alia os
registros documentais de uma época e de um local onde se estabelecia
a riqueza araçariguamense, nos séculos XV e XVI, com a riqueza do ho-
mem deste final de século XX e inicio do XXI, que é, a qualidade de vida
e a revalorização do seu espaço ambiental.
A “edge-city”, EcoVille, representa uma forma diferenciada de
ocupação territorial não só no município de Araçariguama, mas em toda
nossa região , nosso estado e nosso país, representando um avanço
urbanístico em busca da retomada da qualidade de vida que o desen-
volvimento industrial retirou dos moradores da metrópole paulistana,
conciliando natureza e urbanização.
Esta estrutura urbana criada por Rafaelli Belassai conduz Ara-
çariguama para uma relação social e ambiental própria do milênio que
se aproxima, onde a tecnologia e a ecologia ditam as formas de capaci-
tação do espaço, em sintonia com os interesses sócio-culturais e ambi-
entais dos seus moradores.
93
Capítulo XXIII
O VALE DA BENÇÃO
97
Capítulo XXIV
O ESPAÇO HIDRO-AMBIENTAL
98
silvestres)e vários tipos de peixes no interior dele, como o pacú, o pira-
canjuba, o tabarana, a traíra, o bagre e o cascudo).
Serpenteada pelo Tietê e constituída em grandes extensões
por Mata Atlântica, Araçariguama registra em seu território uma fauna
vastíssima, que num passado, até recente, apresentava várias espécimes
de capivaras, veados, pacas, catitus, tatus e jaguatiricas além de aves
como a seriema, a perdiz, o araçari (que empresta seu nome à cidade) e
o sanhaço de encontro amarelo, entre outros, que foram sendo reduzi-
dos ao longo do tempo, principalmente devido à exploração do carvão
vegetal e a substituição de grandes faixas de matas nativas por planta-
ções de eucaliptos.
Neste sentido, também a flora araçariguamense foi atingida
significativamente, inicialmente pelas atividades agrícolas, depois pela
exploração mineralógica e posteriormente em função da ocupação terri-
torial devido à rápida urbanização do município, que, atingiu a cidade
em todos os seus quadrantes, eliminando-se por conseguinte várias
espécies de paineiras, angicos e seringueiras, só para citar os arvoredos
que predominavam na cidade.
A faixa territorial araçariguamense que circunda e acompanha
a sinuosidade do rio Tietê, bem como o trecho de Mata Atlântica que
pertence ao município e é considerada área de preservação ambiental
(Constituição do Estado de São Paulo, artigo 190) são, na justa medida,
os espaços hidro-ambientais do município que formam o seu complexo
ecológico e em caráter mais específico, somados aos morros do Ibaté,
Saboó e Voturuna, constituem o pulmão biológico da região formada
por Santana do Parnaíba, Cabreúva, Itú, São Roque , Pirapora do Bom
Jesus e Araçariguama.
Ao oferecer aos municípios banhados pelo Tietê, situados adi-
ante do nosso, uma água purificada e oxigenada pelas nossas cachoeiras
e corredeiras, Araçariguama assume um papel de grande importância
para a preservação e revitalização do “velho Anhembi” que após ganhar
importância histórica na colonização e expansão territorial paulista foi
amplamente degenerado pelo crescimento do demográfico e industrial
99
dos municípios metropolitanos por onde passa, até chegar em nosso
território e dele sair menos problemático.
Juntamente com os ribeirões Potribú, Cavetá, Paiol, Coruru-
quara, Araçariguama, Colégio e Santo Antonio, os córregos Ibaté, do
Sabiá e da Grama e os rios Jundiuvira e São João, que banham ou cor-
tam o município em seus diversos pontos, o rio Tietê integra a bacia
hidrográfica araçariguamense e coloca o município no mapa hidrográfi-
co e morfológico de São Paulo.
No aspecto topográfico e hidrográfico, caracterizados por uma
formação tectônica quartzítica que acentuam os declives das serras e
morros locais, como o Voturuna(dotado geologicamente de jazidas de
minério de ferro, ouro, prata, quartzito, calcário e xisto) há uma intensi-
ficação de níveis de anfibólitos que formam blocos lacustres e geram as
corredeiras e cachoeiras do Tietê, explicando assim a elevação da estru-
tura cristalina do seu leito.
Segundo os professores Valdemar Lefévre e Lester King que
estudaram profundamente a formação geomorfológica das áreas cir-
cundadas pelo rio Tietê, as barragens naturais que formam as cachoei-
ras existentes em Araçariguama, muito mais que um espetáculo natural
de rara beleza, funcionam como purificadores biológicos da poluição
que o Tietê recebe desde sua nascente em Salesópolis até chegar às
proximidades da Usina do Rasgão e de Araçariguama.
A topografia de Araçariguama, cuja área originária da povoa-
ção foi encravada em um vale, apresenta desde os primórdios do povo-
ado, um obstáculo constante às vias de comunicação. Os problemas do
relevo que dificultaria inicialmente a penetração dos bandeirantes e
outras correntes de povoamento em nosso território, não obstruiria
porém os mineradores que, compensando o desgaste do solo agrícola
em meados deste século, introduziram nesta região a exploração de
calcário que aparece na estrutura cristalina do solo local, em quase todo
o município.
Impelido pelo relevo acidentado, cujas partes mais baixas ele-
vam-se a mais de 60 metros do nível do Tietê, com suas rochas memór-
100
ficas sedimentadas, como no cimo do Voturuna, o conjunto de serras e
montanhas de Araçariguama constituem uma topografia muito repre-
sentativa para a geologia, para a ecologia e para a mineralogia, consubs-
tanciada pela riqueza e diversificação do solo, que vai do calcáreo aos
metais nobres, evidenciando nos afloramentos de rochas o seu papel
escultural / natural em nossas áreas mais elevadas.
Estas características hidro-ambientais araçariguamense real-
çam sua temperatura média de 19C, sua umidade relativa do ar de 77
HR% e precipitações pluviométricas médias de 1300/1600 mm/ano.
No que se refere especificamente à nossa fauna e flora, estas
passaram a ser recuperadas de forma indireta, e , gradativa, com a divi-
são das grandes propriedades em sítios de lazer e áreas de camping, que
limitaram a ação de caçadores e extração de carvão e no momento
permitem uma retomada na reprodução dos animais componentes de
nossa fauna e um recrudescimento de nossa flora, principalmente pelo
processo de arborização dos sítios e propriedades afins.
Temos desta forma, um constituição hidrográfica, topográfica
e ecossistêmica no território municipal que a coloca dentre os municí-
pios privilegiados pela natureza no estado de São Paulo, tornando – o
um espaço permanente de preservação dos seus recursos naturais.
101
CONCLUSÕES
107
VOCABULÁRIO BÁSICO
SUMÁRIO
Introdução ...................................................................................
Capítulo I
Do Ibituruna à Araçariguama.....................................................
Capítulo II
Das fazendas e capelas à paróquia...............................................
Capítulo III
Índios em Araçariguama.............................................................
Capítulo IV
A família Pompeu de Almeida....................................................
Capítulo V
Uma nova estruturação social....................................................
Capítulo VI
Revalorização das fazendas.......................................................
Capítulo VII
Da paróquia a freguesia e vila....................................................
Capítulo VIII
Primeiros governantes...................................................................
Capítulo IX
Uma vila à margem dos trilhos urbanos.......................................
Capítulo X
Primeiros anos de vila......................................................................
Capítulo XI
Décadas de opulência.......................................................................
Capítulo XII
A corrida do ouro e a decadência....................................................
Capítulo XIII
110
O município perde a autonomia ................................................
Capítulo XIV
Novamente distrito ..................................................................
Capítulo XV
A década do III Centenário ........................................................
Capítulo XVI
Os anos sessenta .......................................................................
Capítulo XVII
A Castelo Branco e a retomada econômico-demográfica................
Capítulo XVIII
A alvorada dos anos 1980 .................................................................
Capítulo XIX
A caminho da emancipação .......................................................
Capítulo XX
A A.M.D.A e o sentimento emancipacionista..............................
Capítulo XXI
Novamente município ...............................................................
Capítulo XXII
Ecoville ..................................................................................
Capítulo XXIII
O Vale da Benção ....................................................................
Capítulo XXIV
O Espaço-Hidroambiental .........................................................
Conclusões ...............................................................................
Vocabulário básico ..................................................................
111