Você está na página 1de 4

ANEXO 1

EDUCAÇÃO MUSICAL NAS ESCOLAS DE ENSINO REGULAR


Irajá Menezes – Outubro de 2011

Há mais de 10 anos fazendo parte do currículo da escola Espaço Viva Vida, a área de música tem se
organizado levando em conta o perfil e o projeto da instituição, os referenciais pedagógicos e curriculares
vigentes e uma concepção original de ensino e aprendizagem em música. O presente documento procura
discorrer sobre os princípios norteadores da proposta, seus objetivos gerais e específicos, as opções
metodológicas e os conteúdos selecionados para a Educação Infantil.

Espaços de Aprendizagem
Assumimos um modelo: a professora polivalente em parceria com o especialista cria um espaço de trabalho
em sala de aula. O tempo reduzido dos encontros quinzenais é, então, potencializado pelo espaço da família,
através da memória que se manifesta em casa quando a criança partilha suas vivências, relatando-as.
É indispensável que especialista e polivalente saibam “falar a língua” das crianças pequenas, reconheçam
seus interesses, suas especificidades por faixa etária, etc. No entanto, tão ou mais importante será preservar o
que há de mais específico no ensino de cada área do conhecimento. É muito importante ter claro o que seja
conhecimento em música para tomar decisões curriculares. Se a aprendizagem significativa se dá quando o
aluno percebe seus saberes prévios sendo exigidos em atividades que estejam ao seu alcance, ao professor
cabe propor novos desafios que convidem as crianças a novas aquisições.
Diante da constatação de que o ensino não transmite “o patrimônio cultural humano” e sim apenas “uma
parte deste, em formas específicas”, a organização curricular se dará por selecionar conteúdos fundamentais,
que, ao mesmo tempo, sirvam de alicerce e sejam essenciais e necessários a todas as manifestações musicais.
Em outras palavras, que sejam básicos, formem a base da experiência.
É importante, ainda, não distorcer ou falsear a experiência: aproximar o aluno da linguagem e não o
contrário. Como na abordagem da leitura e escrita por meio do trabalho com gêneros textuais, precisamos
pensar as manifestações musicais com e sem letra como “produtos coletivos e em constante processo de re-
elaboração, que resultam de um trabalho sócio-histórico sobre e com a linguagem, trabalho este produzido por
determinados agentes sociais no interior de esferas comunicativas específicas em função de um determinado
intuito discursivo” (um projeto de dizer).

Uso da Voz e Canção Popular


Levando em consideração que pode haver três fontes para a construção do repertório (a saber: o próprio
aluno, a intenção de observar referências culturais diversificadas e a consecução dos objetivos didáticos),
optamos por um recorte metodológico: a canção popular como fonte do repertório didático.
Em virtude dessa opção, fica clara a importância da voz como principal instrumento expressivo e como
ferramenta para o trabalho com a percepção.
Por trabalharmos com crianças muito pequenas, que têm entre dois e sete anos, a garantia de um ambiente
intensamente sonoro, que as envolva na experiência de produzir música exige que professor especialista e
professoras de sala se comprometam a assumir a função de modelo para o uso da voz e do corpo no
desenvolvimento de habilidades para se adequar a situações que requeiram introspecção ou participação
coletiva organizada em atividades específicas. Perceber a si mesmo e, ao mesmo tempo, perceber o outro,
sejam pessoas ou obras, é um dos objetivos gerais desta proposta.
Para aprender a usar a voz adequadamente à produção de música, o aluno da Educação Infantil deverá, por
aproximações sucessivas, apropriar-se de procedimentos que o auxiliem a adotar uma postura corporal que
facilite a concentração e potencialize a energia da voz e os movimentos do corpo; d esenvolver habilidades para
se adequar às entradas e pausas nas diferentes partes das músicas, identificando instrumentos que dão
"deixas"; reconhecer a altura (nota ou tom) que a voz precisa atingir nas variadas músicas aprendidas e adquirir
domínio sobre a intensidade da voz em diferentes arranjos e suas partes. Deverá ser capaz de "deter-se" ante
uma obra musical, desenvolver o hábito de "examinar e refletir sobre" para aprender a perceber a música
como um todo e os seus elementos, sendo também capaz de associá-los às impressões ou sentimentos que a
escuta revela no próprio corpo e, trocando impressões, contribuir com os processos de fabulação no grupo,
entendendo e estendendo os significados de canções e peças instrumentais.

Postura de estudante
Por coerência com a natureza ordenadora da expressão musical e insistindo em não falsear a experiência, o
trabalho com os conteúdos procedimentais viabiliza um refinamento das atitudes, criando compromissos de
grupo onde as crianças deverão atuar de maneira cooperativa na organização da roda de cadeiras para o início
da aula; otimizar o tempo da aula a partir da chegada do professor, evitando dispersão; cuidar da postura do
corpo e buscar atitude que favoreça a concentração; cooperar com o grupo buscando cantar com
envolvimento; participar das rodas de conversa sobre as letras, organizando sua fala e ouvindo os colegas e o
professor; contribuir para a compreensão dos conteúdos estudados organizando suas dúvidas e
compartilhando suas descobertas.

Escolarização - o toddler se transformando em aluno da EI


Estabelecer planos de aula que considerem as diferenças típicas entre o 1º e o 2º semestre, por exemplo, a
assimilação das rotinas nos primeiros meses do ano letivo e o tema das passagens no 2º semestre.
Conteúdos e análises para avaliação: as listas de repertório como apoio para pensar o caminho percorrido e
o caminho a percorrer.
Aceitando o sistema de seriação como uma “fita métrica” do desenvolvimento, garantir atividades que
integrem gradativamente os conteúdos por grupo e entre grupos e que operacionalizem a passagem da
percepção básica (fazer de ouvido) para a percepção consciente (acesso à leitura e escrita).
Considerar que a criança vive numa permanente “fase de transição” e age “como pequeno e como grande”
simultaneamente, que os encontros de grupos incrementam aprendizagens socialmente orientadas,
possibilitam troca de acervos, que os interesses brotam igualmente das dimensões cognitiva, afetiva, biológica,
motora, social e moral do aluno, articulam-se ao mesmo tempo com o currículo escolar, família, comunidade e
espaços educacionais e que os processos de ensino e aprendizagem devem oferecer às crianças, em última
instância, ampliação de possibilidades de escolha no cotidiano sócio-político.

02 Anos
Repertório
Da Maré / Família Adams / Lua de Mel / Sabiá / A Roda dos Nomes / Sereia / Batman / Chocolate / Splish,
Splash / The Lion Sleeps Tonight / Dinossauro / O Calhambeque

Conteúdos
Uso expressivo da voz: letra, música e narrativa; o canto como expressão do grupo e do sujeito.
Uso expressivo do movimento: concentração e propositividade da energia; jogos de mímicas.
Reconhecimento do grupo: o nome próprio como material musical e a imersão no coletivo sonoro.
Sensibilização para percepção de durações: pulso básico, frases musicais e ritmo da melodia.
Sensibilização para percepção de formas: composições estróficas, número de frases; estrofe e refrão;
composições por seções (partes, refrões, introduções, solos e arranjos).
Sensibilização para percepção de alturas: perfis melódicos.
Habilidades expressivas: fortes e pianos, dinâmicas.
Narrativa e contextualização: o uso de elipses e entrelinhas nas letras de músicas e a possibilidade de
recontar a narrativa subjacente.

O que eles já demonstram saber


Reconhecem todas as músicas por suas introduções e demonstram respeitar os detalhes, incluindo a escuta
em silêncio como parte do arranjo. Participam ativamente da interpretação das músicas, seguindo o modelo
dos professores com gestos, batimentos corporais e vozes.
Cantam, com ajuda, indicando estar sensibilizados para os perfis melódicos e para os batimentos no pulso.
Sabem adequar o tônus vocal para interpretar dinâmicas expressivas de acordo com as diversas exigências da
composição.
Podem colaborar, trocando impressões, para a análise e contextualização de textos poéticos associados às
canções ou fabular durante atividade de escuta reflexiva de passagens instrumentais das canções aprendidas.
Conhecem e dão conta de cumprir os combinados de organização do espaço de aula.

O3 Anos
Repertório
Da Maré / Lua de Mel / Sabiá / Família Adams / The Lion Sleeps Tonight / A Roda dos Nomes / O
Calhambeque / Batman / A Liga da Justiça / Chocolate / Splish Splash / Um Leão Está Solto nas Ruas /
Dinossauro / Sebastiana / Mariana Conta 1 / Garota de Ipanema / Yellow Submarine / Hello, Goodbye / Love
Me Do / A História de um Homem Mau / É Duro Ser Estátua

Conteúdos
Uso expressivo da voz: letra, música e narrativa; o canto como expressão do grupo e do sujeito.
Uso expressivo do movimento: concentração e propositividade da energia; jogos de mímicas em apreciação
de passagens instrumentais das canções estudadas.
Reconhecimento do grupo: o nome próprio como material musical e a imersão no coletivo sonoro.
Sensibilização para percepção de durações: pulso básico, frases musicais e ritmo da melodia.
Sensibilização para percepção de formas: composições estróficas, número de frases; estrofe e refrão;
composições por seções (partes, refrões, introduções, solos e arranjos).
Sensibilização para percepção de alturas: perfis melódicos.
Habilidades expressivas: fortes e pianos, dinâmicas.
Narrativa e contextualização: o uso de elipses e entrelinhas nas letras de músicas e a possibilidade de
recontar a narrativa subjacente.

O que eles já demonstram saber


Sabem de cor todas as músicas, reconhecem-nas prontamente por suas introduções e respeitam os
detalhes, incluindo a escuta em silêncio como parte do arranjo. Participam ativamente da interpretação das
músicas, seguindo o modelo dos professores com gestos, batimentos corporais e vozes , algumas crianças já
com razoável independência.
Cantam, com ajuda, definindo os perfis melódicos e imitam com precisão os batimentos no pulso quando
guiados pelo professor.
Sabem adequar, com pouca ajuda, o tônus vocal para interpretar dinâmicas expressivas de acordo com as
diversas exigências da composição.
Podem colaborar, trocando impressões, para a análise e contextualização de textos poéticos associados às
canções ou fabular durante atividade de escuta reflexiva de passagens instrumentais das canções aprendidas.
Conhecem e dão conta de cumprir os combinados de organização do espaço de aula.

04 Anos
Repertório
Batman / O Calhambeque / Lua de Mel / Splish Splash / Da Maré / Família Adams / The Lion Sleeps
Tonight / Sabiá / Sereia / Roda dos Nomes / Garota de Ipanema / Chocolate / Yellow Submarine / Love Me Do /
Hello, Goodbye / A História de um Homem Mau / O Dinossauro / Mariana conta 1 / Sebastiana / Um Leão Está
Solto nas Ruas / É Duro Ser Estátua / O Carnaval dos Animais

Conteúdos
Uso expressivo da voz: letra, música e narrativa; o canto como expressão do grupo e do sujeito.
Uso expressivo do movimento: concentração e propositividade da energia; jogos de mímicas e apreciação
de instrumentos em trechos instrumentais e peças para orquestras.
Reconhecimento do grupo: o nome próprio como material musical e a imersão no coletivo sonoro.
Percepção consciente de durações: pulso básico, frases musicais e ritmo da melodia.
Sensibilização para percepção de durações: pulso do compasso e pulso da subdivisão.
Percepção consciente de formas: composições estróficas, número de frases; solista e coro - adequação ao
arranjo; estrofe e refrão; composições por seções (partes, refrões, introduções, solos e arranjos).
Sensibilização para percepção de alturas: perfis melódicos.
Habilidades expressivas: fortes e pianos, dinâmicas.
Narrativa e contextualização: o uso de elipses e entrelinhas nas letras de músicas e a possibilidade de
recontar a narrativa subjacente.
Contextualização: marcos, históricos e sociais, como portadores de sentido em letra e música. Música
popular e a tematização da condição humana.

O que eles já demonstram saber


Cantam todas as músicas de cor, conhecem em detalhes os arranjos e podem desempenhar funções
diversificadas, incluindo a escuta em silêncio como parte do arranjo. Cantam articulando os ritmos das
melodias com precisão. Definem os perfis melódicos quando cantam em uníssono seguindo modelo do
professor ou do Cd didático.
Sabem adequar, com pouca ajuda, o tônus vocal para interpretar dinâmicas expressivas de acordo com as
diversas exigências da composição, demonstrando independência e memorização compreensiva das canções.
Podem colaborar, trocando impressões, para a análise e contextualização de textos poéticos associados às
canções ou fabular durante atividade de escuta reflexiva de músicas instrumentais.

05 Anos
Repertório
Da Maré / Lua de Mel / Sabiá / Família Adams / The Lion Sleeps Tonight / A Roda dos Nomes / Meu Grande
Bem / Yellow Submarine / Hello Goodbye / Eight Days a Week / A História de um Homem Mau / É Duro Ser
Estátua / Sabiá na Gaiola / O Carimbador Maluco / O Dinossauro / Mariana Conta 1 / Sebastiana / Um Leão Está
Solto nas Ruas / É Proibido Fumar / Parei na Contramão, entre outras

Conteúdos
Uso expressivo da voz: letra, música e narrativa; a voz como expressão do grupo e do sujeito.
Uso expressivo do movimento: concentração e propositividade da energia; jogos de mímicas e apreciação
de peças para orquestras.
Reconhecimento do grupo: o nome próprio como material musical e a imersão no coletivo sonoro.
Percepção consciente de durações: pulso básico, frases musicais e ritmo da melodia.
Sensibilização para percepção de durações: pulso do compasso e pulso da subdivisão.
Percepção consciente de formas: composições estróficas, número de frases; solista e coro - adequação ao
arranjo; estrofe e refrão; composições por seções (partes, refrões, introduções, solos e arranjos).
Percepção de alturas: “Chamadas Musicais” - bases harmônicas e improvisação com duas alturas -
sensibilização (fazer de ouvido) e percepção consciente (princípios de leitura e improvisação); delimitação de
gamas de alturas – grave, médio e agudo; configurações implícitas - pentacórdio Maior e menor.
Habilidades expressivas – Dinâmicas: fortes e pianos. Acelerando e ralentando.
Narrativa e contextualização – o uso de elipses e entrelinhas nas letras de músicas e a possibilidade de
recontar a narrativa subjacente.
Contextualização - marcos, históricos e sociais, como portadores de sentido em letra e música. Música
popular e a tematização da condição humana.

O que eles já demonstram saber


Cantam todas as músicas de cor, conhecem em detalhes os arranjos e podem desempenhar funções
diversificadas, incluindo a escuta em silêncio como parte do arranjo. Articulam os ritmos das melodias com
grande precisão, “respiram junto”, no sentido de bem entrosados. São muito afinados cantando em uníssono e
algumas crianças, às vezes, podem se aventurar a ocupar a função de solista. Sabem adequar o tônus vocal
para interpretar dinâmicas expressivas de acordo com as diversas exigências da composição.
Podem colaborar, trocando impressões, para a análise e contextualização de textos poéticos associados às
canções ou fabular durante atividade de escuta reflexiva de músicas instrumentais.

06 Anos
Repertório
Da Maré / Lua de Mel / Sabiá / Família Adams / The Lion Sleeps Tonight / A Roda dos Nomes / Meu Grande
Bem / Yellow Submarine / Hello Goodbye / Eight Days a Week / A História de um Homem Mau / É Duro Ser
Estátua / Sabiá na Gaiola / O Carimbador Maluco / O Dinossauro / Mariana Conta 1 / Sebastiana / Um Leão Está
Solto nas Ruas / É Proibido Fumar / Parei na Contramão, entre outras

Conteúdos
Uso expressivo da voz: letra, música e narrativa; a voz como expressão do grupo e do sujeito.
Uso expressivo do movimento: concentração e propositividade da energia; jogos de mímicas e apreciação
de peças para orquestras.
Reconhecimento do grupo: o nome próprio como material musical e a imersão no coletivo sonoro.
Percepção consciente de durações: pulso básico, frases musicais e ritmo da melodia.
Sensibilização para percepção de durações: pulso do compasso e pulso da subdivisão.
Percepção consciente de formas: composições estróficas, número de frases; solista e coro - adequação ao
arranjo; estrofe e refrão; composições por seções (partes, refrões, introduções, solos e arranjos).
Percepção de alturas: “Chamadas Musicais” - bases harmônicas e improvisação com duas alturas -
sensibilização (fazer de ouvido) e percepção consciente (princípios de leitura e improvisação); delimitação de
gamas de alturas – grave, médio e agudo; configurações implícitas - pentacórdio Maior e menor.
Habilidades expressivas – Dinâmicas: fortes e pianos. Acelerando e ralentando.
Narrativa e contextualização – o uso de elipses e entrelinhas nas letras de músicas e a possibilidade de
recontar a narrativa subjacente.
Contextualização - marcos, históricos e sociais, como portadores de sentido em letra e música. Música
popular e a tematização da condição humana.

O que eles já demonstram saber


Cantam todas as músicas de cor, conhecem em detalhes os arranjos e podem desempenhar funções
diversificadas, incluindo a escuta em silêncio como parte do arranjo. Articulam os ritmos das melodias com
grande precisão, “respiram junto”, no sentido de bem entrosados. São muito afinados cantando em uníssono e
algumas crianças, às vezes, podem se aventurar a ocupar a função de solista. Sabem adequar o tônus vocal
para interpretar dinâmicas expressivas de acordo com as diversas exigências da composição.
Podem colaborar, trocando impressões, para a análise e contextualização de textos poéticos associados às
canções ou fabular durante atividade de escuta reflexiva de músicas instrumentais.

Você também pode gostar