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Conclui-se por tanto que crime é todo fato típico, ilícito e culpável.
É necessário, portanto, na hora de avaliar a conduta típica e
antijurídica do agente observar qual sua real intenção. Assim pode-se verificar
se o crime foi cometido com culpa ou com dolo.
2.1 DOLO
GRECO (2012, p. 61) afirma que para esta teoria “não há distinção
entre dolo eventual e culpa consciente, uma vez que a antevisão do resultado
leva à responsabilização do agente a título de dolo”.
A teoria da probabilidade, para o doutrinador CEREZO MIR (2001,
p. 149) “se o sujeito considerava provável a produção do resultado estaríamos
diante do dolo eventual. Se considerava que a produção do resultado era
meramente possível, se daria a imprudência consciente ou com
representação”.
GRECO (2012, p.61-62) esclarece afirmando que “a teoria da
probabilidade trabalha com dados estatísticos, ou seja, se, de acordo com
determinado comportamento praticado pelo agente, estatisticamente, houvesse
grande probabilidade de ocorrência do resultado, estaríamos diante do dolo
eventual”.
Por esta teoria Damásio de Jesus (2010, p. 331), salienta que para
que ocorra o dolo eventual a previsão da possibilidade de ocorrência do
evento, não é suficiente, é preciso que seja provável admitindo ou não o autor
da conduta.
2.2 CULPA
2.2.1 Conceito
O Código Penal em seu art. 18, inciso II, define: “o crime é culposo
quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia”.
Segundo BITTENCOURT (2010, p. 328) a culpa é a falta de
observância do dever objetivo de cuidado presente em uma conduta que
acarreta um resultado não desejado, porém perfeitamente previsível. A culpa
no sentido, strictu sensu, tem suas raízes fundadas no Direito Romano, mais
precisamente na Lex aquilia. Entretanto, somente bem mais tarde o Direito
Penal o recepcionou, por meio do senatus consultus, depois do seu
aperfeiçoamento no Direito Privado
Para NUCCI (2010, p. 210), culpa “é o comportamento voluntário
desatencioso, voltado a um determinado objetivo, lícito ou ilícito, embora
produza resultado ilícito, não desejado, mas previsível, que podia ter sido
evitado”.
BRUNO (1966, p. 88) assevera que a culpa “consiste em praticar
voluntariamente, sem a atenção ou cuidado devido, um ato do qual decorre um
resultado definido na lei como crime, que não foi querido nem previsto pelo
agente, mas era previsível”.
MIRABETE (2011, p.138) conceitua o crime culposo como “a
conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado
antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que
podia, com a devida atenção, ser evitado”.
Portanto, a partir da corrente doutrinária acima mencionada,
podemos concluir que o crime culposo consiste na conduta violadora do dever
de cuidado, causadora de um resultado involuntário e que, nas circunstâncias,
era previsível ou deveria ter sido previsto ou evitado.
[...]sendo que para o critério objetivo, ela deve ser encarada, não só
do ponto subjeito, que realiza a conduta, mas face do homem
prudente e de discernimento colocado nas condições concretas.
Para o critério subjetivo, deve ser conferida mirando às condições
pessoais do sujeito, isto é, a problemática de o resultado ser ou não
previsível é resolvido tendo por base as circunstâncias que precedem
á sua produção.
E continuam:
Desta forma, conclui-se que, por mais que existe uma discussão, o
posicionamento da maioria dos doutrinadores é no sentido de que o legislador
deveria na promulgação das normas legais, legislar observando o princípio da
legalidade, visto que de nada valerá elaborar normas repressivas de conteúdo
vago ou indefinido.
Para isto, faz-se análise a seguir do conflito aparente de normas.
O homicídio culposo, presente no artigo 121 § 3º do Código Penal é
um tipo penal aberto, poderá ser qualquer tipo de homicídio culposo, já no
artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, ele trata especificamente do
homicídio culposo cometido no trânsito.
Cássio Mattos Honorato (2000, p. 410) comenta a redação do artigo
302 do CTB e aborda acerca da aplicação do Princípio da Especialidade para a
solução do conflito:
O legislador do novo Código de Trânsito Brasileiro inaugurou a parte
especial dos crimes de trânsito criando um tipo penal especial em
relação ao homicídio culposo, previsto no art. 121 § 3º, do Código
Penal. Utilizando-se o Princípio da Especialidade para solucionar o
conflito aparente entre essas duas normas penais incriminadoras,
conclui-se que toda conduta culposa daquele que conduz veículo
automotor, a partir de 22 de janeiro de 1998, que venha a matar
alguém, poderá adequar-se ao tipo penal previsto no art. 302 da Lei
9503/97.
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