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FILTRAGEM DE HARMÔNICAS EM FORNO DE FUSÃO POR

INDUÇÃO PARA O ATENDIMENTO DA RECOMENDAÇÃO


IEEE 519
Aluno: Guilherme Schallenberger
Orientador: Prof. Dr. Vicente Mariano Canalli

Resumo

Esse trabalho apresenta um estudo de aplicação de filtro de harmônica


sintonizado para filtragem de harmônicas de médias e grandes cargas não lineares.
Atendendo a critérios de qualidade de energia por parte do cliente e da
concessionária o trabalho descreve as etapas de modelagem, medições, cálculo e
simulação do sistema elétrico.
No início do trabalho será descrita a motivação da filtragem das harmônicas e
dos limites existentes, tanto do ponto de vista da concessionária que fornece
energia, atendendo os limites nacionais e recomendações internacionais, como do
ponto de vista do cliente.
O trabalho abordará problemas causados por harmônicas, na planta fabril e
externamente para a concessionária que atende outros clientes. Será abordada a
filtragem das correntes harmônicas por parte do cliente, descrevendo técnicas
utilizadas, equipamentos de medição, critérios de modelagem, e programa utilizado
no dimensionamento do filtro e o custo estimado do filtro com sistema de manobra,
proteção.

Palavras-chave: filtragem; harmônicas; cargas não lineares.


1. INTRODUÇÃO

Os fornos de fusão por indução são cargas geradoras de corrente harmônica.


A filtragem dessas harmônicas, principalmente a quinta e sétima de corrente, que
tem valores típicos de 21 % e 13 % da fundamental respectivamente para este tipo
de conversor de 6 pulsos, resultará a uma melhora da qualidade de energia global
do sistema, tanto por parte do cliente como da concessionária.

1.1. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

A energia elétrica é um elemento indispensável para a sociedade moderna.


Ela oferece meios para que a população tenha melhor qualidade de vida sendo um
insumo básico para a maioria das atividades comerciais e industriais.
A qualidade da energia elétrica – QEE tem se tornado uma preocupação
crescente tanto para empresas de energia elétrica como para os consumidores. O
conceito da Qualidade de Energia está relacionado a um conjunto de alterações que
podem ocorrer no sistema elétrico. Uma boa definição para o problema de qualidade
da energia é: "Qualquer problema da energia manifestado na tensão, corrente ou
nas variações de frequência que resulte em falha ou má operação de equipamentos
de consumidores" [1].
O tema específico desse trabalho envolve a filtragem de correntes em fornos
de fusão por indução. Segundo Resende e Naves [2] as correntes harmônicas
geradas pelos fornos de fusão por indução circulam pelo secundário do
transformador e são aplicadas no circuito de alta tensão, provocando distorções na
forma de onda da tensão em função da característica da impedância do circuito de
alta tensão, tendo em vista o sistema da concessionária. Em linhas gerais, essa
característica é influenciada mais diretamente pela potência de curto circuito do
(Ponto de Acoplamento Comum) PAC (módulo e ângulo).
Conclui-se desta forma a importância da filtragem de harmônicas em cargas
não lineares.

1.2. DESCRIÇÃO DA PROPOSTA

A filtragem de harmônicas é o principal objetivo deste trabalho, sendo que a


abrangência ficará restrita a; modelagem da unidade conversora de potência de um
forno de fusão por indução com potência nominal de 500 kW, levantamento de
custos do filtro e aplicação em campo. Este trabalho não abrangerá filtros ativos ou
sistemas por cancelamento de harmônicos.

1.3. PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

Este trabalho contribui para a solidificação dos conhecimentos adquiridos até


agora e desenvolve conhecimento prático nas aplicações e correções de problemas
voltados a qualidade de energia em ambiente industrial.

1.4. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Dugan [10] para modelarmos o circuito equivalente simplificado para


um filtro passivo sintonizado, dentro de um sistema básico de potência, pode ser
descrito por uma fonte de corrente harmônica, em paralelo com um ramo LC do filtro
e outro ramo L formado pela indutância do transformador e sistema a montante.
Desta forma, o ramo LC do filtro formado por um indutor e um capacitor tenderá a
um curto circuito para a frequência de sintonia desejada.

1.4.1. Características do Capacitor utilizado em Filtros Passivos Sintonizados.

Os limites toleráveis pelo filtro normalmente levam em conta primeiramente os


esforços elétricos no capacitor. Os capacitores tem seus limites básicos projetados
para operar abaixo ou no máximo igual à sua tensão. Entretanto eles devem
suportar em operação continua sob contingência do sistema, os limites de tensão,
corrente e potência, definidos pela IEEE Std 18 [15] e conforme tabela 1. O capacitor
utilizado será trifásico, com fechamento em delta e limite de tensão será de 1,1 pu
para 8 horas em um período de 24 horas. O limite de corrente é de 1,35 pu incluindo
as harmônicas e excluindo os transitórios conforme tabela 1, mas para capacitores
impregnados que seguem a IEEE Std. 18 esse limite poderá ser de 1,8 pu.

Tabela 1. Limites de tensão, corrente e potência (capacitor de potência)


Grandeza Limites
Tensão eficaz 110% da tensão eficaz nominal
Tensão de pico 120%√2 da tensão eficaz nominal ≈1,7 da tensão eficaz nominal
Corrente eficaz 135% da corrente eficaz nominal (baseada no kVAr e tensão eficaz nominal)
Potência reativa 135% do kVAr nominal

O limite da potência reativa do capacitor visa a proteção contra


sobreaquecimento do dielétrico. Esses limites deverão ser considerados no
dimensionamento do filtro para garantir que não ocorra a degradação do dielétrico
do capacitor por fenômenos térmicos e químicos conforme [18].
Os capacitores de potência utilizados para o filtros sintonizados conforme
informações do fabricante, serão formados por armadura de fita de alumínio de alta
pureza, separadas por dielétrico de papel e filme de polipropileno, impregnado por
óleo dielétrico biodegradável, com três buchas de porcelana vitrificada, em caixas
serão de aço inoxidável, sendo a superfície externa pintada com tinta à base de
poliuretano alifático. Eles serão equipados com resistores para descarga 50 volts em
1 minuto.

1.4.2. Características do Reator utilizado em Filtros Passivos Sintonizados.

O reator utilizado em série com o capacitor terá que suportar todos os


esforços elétricos da corrente harmônica drenada pelo filtro. Segundo dados de um
fabricante [17], esse reator poderá ser trifásico ou monofásico, com núcleo de ferro
ou de ar. A indutância poderá ter uma variação de +/- 5 % considerando o pior caso,
e no caso do núcleo de ferro não deverá saturar. A simulação computadorizada via
software dedicado [8] mostrará a forma de onda e harmônicos de tensão e corrente
no filtro. Dessa forma o fabricante do reator terá informações para o projeto, levando
em conta a corrente eficaz e de pico, mínima e máxima, para manter a indutância
dentro do percentual solicitado, em diferentes patamares de carga.
A recomendação conforme [19] indica que o núcleo deverá ser construído a
partir de chapas de aço silício, com uma densidade máxima de fluxo aproximada de
1,5 T (Tesla). O enrolamento deverá ser feito por fios de cobre, em alguns casos a
utilização de fios em paralelo de menor bitola é indicado para reduzir o aquecimento.
O reator deverá ser impregnado a vácuo e com verniz adequado para impregnação.
A classe de isolamento deverá ser de 180 °C a 200 °C. Pelo menos uma das fases
deverá ter proteção por temperatura.

1.4.3. Sistema típico para filtragem de harmônicas

Segundo J.C. Das [14] os filtros passivos de harmônicas deverão ser


instalados junto às cargas não lineares, fazendo com que estas correntes
harmônicas não circulem pelo sistema. A estratégia de filtragem depende das
tensões e correntes envolvidas, bem como a potência de curto circuito no ponto de
instalação do filtro. Utilizando como base para dimensionamento do filtro as
referências da IEEE [19] e Dugan [10], será utilizado conforme descrito
anteriormente a ligação dos capacitores em delta ∆ conforme figura 1. Esse tipo de
ligação é utilização por razões de custos, pois possui 1⁄3 da capacitância da
configuração em estrela para a mesma potência reativa, reduzindo assim o volume
de material necessário para a produção do banco de capacitores. Para aplicações
acima de 1000 V a configuração em estrela poderá trazer custos melhores.

Figura 1. Configuração trifásica. Figura 2. Circuito equivalente.

A representação para análise do filtro terá um equivalente por fase,


adicionando a resistência efetiva do conjunto conforme figura 2. Nesse caso o valor
da capacitância será utilizado a partir dos dados de potência reativa total e tensão
de linha do capacitor em delta conforme (1) e (2).

A reatância capacitiva 𝑋𝑐 do filtro será:


𝑉𝐿𝐿(𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎) 2
𝑋𝑐 = (1)
𝑀𝑉𝐴𝑟

Dessa forma a capacitância poderá ser calculada:


1
𝐶= (2)
2𝜋∗𝑓∗𝑋𝑐
1.5. Literatura e artigos recentes relacionados ao tema

Propostas semelhantes a esta já foram apresentadas, por [11]. O caso em


estudo mostra que o sistema alimentado por um transformador de 3,75 MVA de 34.5
kV para 0,48 kV necessita de filtros de harmônicas para a correção do fator de
potência e atendimento dos limites de corrente harmônica da recomendação IEEE
519. Neste caso [11] são instalados dois filtros sintonizados de 600 kVAr cada,
reduzindo a distorção harmônica de corrente de 29,26 % para 2,76 %.
Baez Moreno [13] faz a modelagem do sistema tendo como base uma
potência de curto circuito de 50 MVA na barra de AT e um transformador de 1 MVA,
que rebaixa a tensão para 480 Volts entre fases. Neste caso foram utilizados dois
filtros, um sintonizado próximo da quinta harmônica e outro próximo da sétima
harmônica, como foi colocado por J.C. Das [14], a utilização de filtros com várias
frequências de sintonia torna o sistema mais complexo, pois o filtro de maior ordem
harmônica pode tornar ineficiente o de mais baixa ordem. Neste estudo, Baez
Moreno [13] mostra que a redução da distorção harmônica de corrente que era de
35 % sem filtros, caiu para 7.52 % com filtros e a distorção harmônica de tensão na
BT que era de 15.17 % sem filtros, caiu para 4.55 % com filtros.

2. ESTUDO DE CASO PROPOSTO E DIMENSIONAMENTO

Para sintetizar o estudo de caso da filtragem de harmônicas em um forno de


fusão por indução, será indicado no diagrama unifilar o ponto de filtragem na planta
para a carga não linear conforme figuras 3 e 6. O dimensionamento, a seleção dos
componentes do filtro, as medições e levantamento de dados de campo será
indicado/demonstrado no decorrer do trabalho através de planilhas e figuras.
A simulação do filtro calculado, levando em conta todo o sistema e verificação
dos esforços dos componentes, juntamente com dados para comparação com os
limites estipulados será realizado conforme os limites de atendimento da IEEE 519
em [3].

2.1. Diagrama unifilar geral da planta

Na figura 3. é indicado o diagrama unifilar da planta, objeto deste trabalho. A


entrada de energia é feita em 13800 V fornecidos pela concessionária local
juntamente com dados de curto circuito no ponto de acoplamento comum (PAC).
A planta fabril é composta a jusante do ponto de acoplamento comum (PAC)
por um transformador a óleo que alimenta as cargas lineares da fábrica em 127/220
V. As cargas deste transformador são compostas por pequenos motores de indução,
aquecimento por resistência, setores administrativos e demais cargas elétricas.
O outro transformador com secundário em 480 V é exclusivo para alimentação
do forno de fusão por indução. Esta carga é representada como não linear e está
indicada na figura 3.
Concessionária
Isc 3P 3000.0 Amps
X/R 3P 4.000
Isc SLG 2500.0 Amps
X/R SLG 6.000
Tensão Base 13800 V
MVA Base 100.0 MVA
PAC
13800 V

P P
TR1 TR2
S S
Size 500.00 kVA Size 750.00 kVA
Pri Delta Pri Delta
Sec Wye-Ground Sec Wye
%Z 5.0000 % %Z 5.0000 %
X/R 4.7 X/R 5.2

BARRA-BT TR1 BARRA-BT TR2


220 V 480 V

Cargas Lineares Forno de Indução


350 kW (Input) 500 kW (Input)
412 kVA 515 kVA

Figura 3. Diagrama unifilar do caso


2.2. Modelagem do sistema e cargas.

A planta em análise conforme descrita no diagrama unifilar da figura 3. está


separada em 3 partes para análise conforme segue:

2.2.1. Dados de projeto.

As informações de curto circuito a montante do ponto de acoplamento comum


(PAC) são informados pela concessionária local, nessas informações tem-se os
dados de curto circuito trifásico e monofásico incluindo a relação da reatância
indutiva pela resistência.
O modelo utilizado pela concessionária nesse estudo será uma indutância em
serie com uma resistência. Para o cálculo da impedância da concessionária por
sequência positiva 𝑍1𝑠 [Ω] conforme (3) foram utilizados os dados de curto circuito
trifásico bem como sua relação X/R. Já em (7) é calculada a impedância de
sequência zero 𝑍0𝑠 [Ω] com dados de curto circuito e X/R.

a. Concessionária – Impedância de Sequência Positiva (𝑍1𝑠 )


13800
𝑉𝐿𝑁 √3
𝑍1𝑠 [Ω] = 𝐼𝐶𝐶 = = 2,6558 (3)
3𝐹 3000

𝑋
𝑡𝑔(𝜑3𝐹 ) = 𝑅 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(4) = 75,96° (4)

𝑍1𝑠 [Ω] = 2,6558∠75,96° (5)

𝑍1𝑠 [Ω] = 0,6443 + 𝑗2,5764 (6)


b. Concessionária – Impedância de Sequência Zero (𝑍0𝑠 )
13800
3∗𝑉𝐿𝑁 3∗ ∠0°
√3
𝑍0𝑠 [Ω] = − 2 ∗ 𝑍1𝑆 = 2500∠−80,53 − 2 ∗ 2,6558∠75,96° (7)
𝐼𝐶𝐶1𝐹

𝑍0𝑠 [Ω] = 4,2871∠86,19 (8)

𝑍0𝑠 [Ω] = 0,2848 + 𝑗4,2776 (9)

2.2.2. Modelo dos Transformadores

O transformador que alimenta o forno de indução terá seu modelo com uma
indutância em série com uma resistência. Como ele tem o secundário em estrela
não aterrado, a impedância de sequência zero não será calculada, pois não há
contribuição nesse caso. Os dados de impedância percentual foram retirados das
placas dos transformadores e os valores de X/R das recomendações da IEEE, para
o cálculo da impedância de sequência positiva 𝑍1𝑇𝑅2 [Ω] do transformador TR2 foram
utilizadas as equações (10) e (11). Para o transformador TR1 as equações (14) e
(15).

a. Transformador TR2 – Impedância de Sequência Positiva (𝑍1𝑇𝑅2 )

𝑘𝑉𝐿𝐿 2 0,482
𝑍1𝑇𝑅2 [Ω] = ∗ 𝑍% = ∗ 0,05 = 0,01536 (10)
𝑀𝑉𝐴 0,75

𝑋
𝑡𝑔(𝜑 𝑇𝑅2 ) = 𝑅 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(5,2) = 79,11° (11)

𝑍1𝑇𝑅2 [Ω] = 0,01536∠79,11° (12)

𝑍1𝑇𝑅2 [Ω] = 0,002901 + 𝑗0,01508 (13)

b. Transformador TR1 – Impedância de Sequência Positiva (𝑍1𝑇𝑅1 )

𝑘𝑉𝐿𝐿 2 0,222
𝑍1𝑇𝑅1 [Ω] = ∗ 𝑍% = ∗ 0,05 = 0,00484 14)
𝑀𝑉𝐴 0,5

𝑋
𝑡𝑔(𝜑 𝑇𝑅1 ) = 𝑅 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(4,7) = 77,98° (15)

𝑍1𝑇𝑅1 [Ω] = 0,00484∠77,98° (16)

𝑍1𝑇𝑅1 [Ω] = 0,001007 + 𝑗0,004734 (17)

2.2.3. Modelo da Carga Linear conectada no TR 1.

O modelo de carga linear conforme figura 4 será composto por uma


indutância em paralelo com uma resistência conforme foi relatado em [20]. A
resistência é calculada a partir a potência ativa conforme (18) e a reatância a partir
da potência reativa conforme (19), a reatância da carga 𝑋𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 [Ω] aumenta com a
frequência.
Onde:
n = ordem da harmônica
Q = potência reativa em MVAr
P = potência ativa em MW
V = tensão em kV

Figura 4. Modelo de carga linear

𝑘𝑉𝐿𝐿 2 0,222
𝑅[Ω] = = = 0,1382 (18)
𝑀𝑊 0,35
𝑘𝑉𝐿𝐿 2 0,222
𝑋𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 [Ω] = 𝑗𝑛 𝑀𝑉𝐴𝑟 = 𝑗𝑛 0,125 = 𝑛 ∗ 0,3872 (19)

2.2.4. Modelo de carga não linear conectada no TR 2.

O modelo de carga não linear será representado pelo forno de indução


conforme relatado em [14], por fontes de corrente harmônicas para as frequências
características como módulo e fase.
De posse das medições e sabendo que a carga é um forno de fusão por
indução e possui uma ponte retificadora trifásica com 6 SCR’s, tendo potência
máxima de 500 kW com fator de potência em 0,97 indutivo, para a rede de 480 V e
60 Hz, é indicado na figura 5 a forma de onda de corrente medida na Fase A, com
seus respectivos percentuais de corrente harmônica conforme tabela 2 para análise
e projeto do filtro.

Figura 5. Forma de onda de corrente medida na entrada do forno de indução


A tabela 2 indica os percentuais e ângulo de fase da corrente harmônica
produzida pelo forno, esses dados foram retirados da medição considerando o pior
caso para o funcionamento do filtro.
Tabela 2. Dados dos componentes harmônicos da figura 5.
Harm. Harm.(%) Ângulo(°) Amps [RMS] Harm. Harm.(%) Ângulo(°) Amps [RMS]
[01] 100 268,15 620 [20] 0,02 86,56 0,124
[02] 0,14 340,93 0,868 [21] 0,47 108,45 2,914
[03] 0,77 259,24 4,774 [22] 0,06 64,96 0,372
[04] 0,13 184,88 0,806 [23] 1,08 346,23 6,696
[05] 20,55 79,2 127,41 [24] 0,05 172,14 0,31
[06] 0,08 72,36 0,496 [25] 0,94 176,72 5,828
[07] 10,53 265,94 65,286 [26] 0,13 138,86 0,806
[08] 0,07 321,18 0,434 [27] 0,88 98,59 5,456
[09] 0,44 258,29 2,728 [28] 0,05 53,59 0,31
[10] 0,08 73,38 0,496 [29] 1 283,03 6,2
[11] 6,5 72,45 40,3 [30] 0,09 306,48 0,558
[12] 0,19 52,89 1,178 [31] 0,64 127,7 3,968
[13] 4,35 249,47 26,97
[14] 0,19 233,29 1,178
[15] 0,12 176,96 0,744
[16] 0,13 123,69 0,806
[17] 2,43 51,87 15,066
[18] 0,08 336,78 0,496
[19] 1,87 227,11 11,594
2.3. Critérios de dimensionamento do filtro e instalação.

Está seção tratará dos princípios de dimensionamento do filtro, localização de


sua instalação, ponto de onde foi instalado o analisador de energia, circuito
equivalente

2.3.1. Critérios e limites de distorção harmônica.

A instalação do filtro de harmônicas em paralelo com a carga poluidora busca


o atendimento dos seguintes pontos: (a) reduzir a distorção harmônica de tensão na
baixa tensão pelos critérios do PRODIST (THD ≤ 10 % e 5ª harmônica individual
para a baixa tensão); (b) compensar a potência reativa requerida pela carga; (c)
limitar os níveis de distorção harmônica de corrente injetadas no sistema da
concessionária, conforme a orientação americana da IEEE 519 em [3].

2.3.2. Localização da instalação do filtro e ponto das medições

O filtro será projetado para ser instalado na entrada do forno de indução, que
é alimentado pelo transformador de 750 kVA em 480 Volts, com principal objetivo de
filtra a 5ª harmônica de corrente gerada pela carga não linear, além de fazer a
compensação de reativos conforme figura 6.
Concessionária
Isc 3P 3000.0 Amps
X/R 3P 4.000
Isc SLG 2500.0 Amps
X/R SLG 6.000
Tensão Base 13800 V
MVA Base 100.0 MVA
PAC
13800 V

TR2
Size 750.00 kVA
Pri Delta
P P Sec Wye
TR1 %Z 5.0000 %
S S
Size 500.00 kVA X/R 5.2
Pri Delta
Sec Wye-Ground
%Z 5.0000 % Analisador
X/R 4.7

BARRA-BT TR1 BARRA-BT TR2


220 V 480 V

Cargas Lineares Forno de Indução


350 kW (Input) 500 kW (Input) Filtro
412 kVA 515 kVA

Figura 6. Diagrama unifilar com ponto de instalação do analisador e localização do


filtro
2.3.3. Sistema equivalente para filtragem

A análise do filtro tem como base a corrente harmônica gerada pela carga não
linear, que é modelada por fontes de corrente independentes com amplitude
constante para ordens “n” conforme [10].

Impedância do Sistema

Impedância
Fontes de Corrente Harmônica
do
Filtro I_filtro[A]

Corrente no
Filtro.

Figura 7. Circuito equivalente do sistema


A impedância da concessionária e do transformador podem ser somadas, pois
formando um circuito série.
O filtro terá suas características definas pelo capacitor e indutor. Normalmente
a resistência dos filtros sintonizados é expressada em função do fator de qualidade
do indutor.
A corrente no filtro, tendo como base uma fonte de corrente equivalente para
n freqüências harmônicas com módulo e fase, pode ser descrita como um divisor de
corrente conforme equação (20), onde a harmônica em análise é reprsentada
conforme [14].

𝑍̇(𝑛)𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
𝐼 (̇ 𝑛)𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = ∗ 𝐼 (̇ 𝑛)𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 (20)
𝑍(𝑛)𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎+𝑍̇(𝑛)𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜
̇

Na frequência de ressonância do filtro, somente a resistência deverá


representar a impedância do filtro, considerando a sintonia exatamente na
harmônica perturbadora conforme equação (21).
1
𝑍̇(𝑛)𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑅 + 𝑗(𝑤𝐿 − 𝑤𝐶) = 𝑅 (21)

Considerando o desvio da freqüência de sintonia para a frequência harmônica


tem-se segundo [19] a expressão em (22):

1
𝑓𝑠𝑖𝑛𝑡𝑜𝑛𝑖𝑎 = 𝑓𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ ( ) (22)
√(1+𝑡𝑟 )+(1+𝑡𝑐 )
onde:

𝑓𝑠𝑖𝑛𝑡𝑜𝑛𝑖𝑎 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑖𝑛𝑡𝑜𝑛𝑖𝑎


𝑓𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑖𝑛𝑡𝑜𝑛𝑖𝑎
𝑡𝑟 = 𝑡𝑜𝑙𝑒𝑟𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 %
𝑡𝑐 = 𝑡𝑜𝑙𝑒𝑟𝑎𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 %

Conforme a equação (22), o filtro não deve estar exatamente sintonizado com
a frequência da harmônica que se pretende filtrar. A tolerância para reatores e
capacitores de filtro pode mudar devido ao envelhecimento e aos efeitos da
temperatura. A tolerância para as unidades comerciais do capacitor de um fabricante
consultado é de -0%/+15%, e em reatores -5% a +5%. Para aplicações de filtros, é
necessário aderir a tolerâncias mais próxima de capacitores e reatores. Uma
mudança em L ou C de 2% faz com que a freqüência de sintonia mude em 1%
conforme relatado em [14].

2.3.4. Dimensionamento do filtro.

Para o dimensionamento do filtro as grandezas em análise deverão ser


referidas a frequência fundamental da rede elétrica tendo assim as harmônicas
características, que nesse caso foram retiradas da medição. Os passos para
elaboração do projeto partirão da análise do ponto de conexão do filtro na barra do
secundário que alimenta o forno de indução conforme figura 6. A potência reativa
necessária no ponto de conexão para elevar o fator de potência para a unidade será
a base do cálculo.

a. Determinação da potência reativa requerida para compensação.

Sabendo que o filtro entregará potência reativa na frequência fundamental,


calcula-se com base nas medições e levantamentos de dados do forno de indução o
valor de reativo capacitivo para o sistema, lembrado que a prioridade não é deixar a
barra capacitiva e nem ultrapassar os limites de fator de potência impostos pela
concessionária. Na equação (23) 𝜙1 é o fator de potência para onde queremos
chegar, que nesse caso é 1, e 𝜙2 é o fator de potência medido.

𝑘𝑉𝐴𝑟𝑐 = 𝑘𝑊 ∗ (tan(𝑎𝑐𝑜𝑠𝜙1 ) − tan(𝑎𝑐𝑜𝑠𝜙2 )) (23)

Como será compensada toda a potência reativa medida, tornando o fator de


potência unitário para o pior caso, a expressão em (23) resultará que a potência
reativa injetada pelo filtro será a potência reativa medida, em torno de 100 kVAr.
Selecionada a potência reativa que filtro terá, e supondo que ele será
conectado na barra de saída do transformador que alimenta o forno com tensão
nominal 𝑉𝐿𝐿 , será calculada a reatância efetiva do filtro por fase conforme (24) em
[19].
2
𝑉𝐿𝐿 0,48𝑘𝑉 2
𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜𝑒𝑓𝑓 [Ω] = 𝑄𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 0,1𝑀𝑉𝐴𝑟 = 2,304 (24)
𝑒𝑓𝑓

O forno possui basicamente dois patamares de carga, nominal com 500 kW e


média de 215 kW, ambos com fator de potência em 0,97 indutivo. No caso da
potência média, o fator de potência com o filtro ligado será um pouco capacitivo,
mas não ultrapassará o limite estipulado pela concessionária.

b. Definição da frequência de sintonia.

A frequência de sintonia é determinada pelos parâmetros L e C do filtro


harmônico passivo, ela impõem para a harmônica perturbadora uma baixa
impedância ou elevada admitância, neste caso para a corrente harmônica gerada
pelo forno.
A decisão para qual frequência harmônica o filtro será sintonizado depende
de fatores principais como a medição, nela tem-se o espectro harmônico do sistema,
nesse caso a principal harmônica perturbado é quinta em 300 Hz referente a tabela
2, tendo 20 % de corrente harmônica quando comparada com a fundamental.
Conforme já foi colocado, os componentes L e C do filtro que são os
capacitores e indutores tem tolerâncias associadas aos valores de suas
capacitâncias e indutâncias, os capacitores do ponto de vista da fabricação, tem
tolerâncias de -0% até +10% em relação ao valor de placa conforme [15], podendo
chegar até 15% do valor de placa a 25°C com tensão de placa e freqüência nominal.
As indutâncias utilizadas pelos fabricantes, consultores e estudos em geral,
tem variação de -5% até 5% do valor nominal, mas para casos críticos esses valores
pode ser reduzidos. De acordo com a equação (22) levando em conta os valores de
tolerância dos componentes a ordem da frequência de sintonia, poderá haver uma
variação entre 4,33 (259,8 Hz) e 4,8 (288 Hz) de acordo com a recomendação IEEE
em [19].
𝑓
Onde 4,33 e 4,8 é ℎ𝑟 = 60𝑟 , o filtro é ligeiramente sintonizado abaixo da
harmônica perturbadora para não entrar em ressonância coma rede, de fato que
para a quinta harmônica o filtro é indutivo com baixa impedância e abaixo da
ressonância e ele é capacitivo fazendo a correção do fator de potência.

c. Seleção da reatância indutiva e capacitiva do filtro

A equação em (26) define a reatância capacitiva do capacitor do filtro tendo


como base a potência reativa inserida na barra de saída do transformador conforme
(25) em [19].

ℎ𝑟 2 4,72
𝑋𝑐 [Ω] = (ℎ𝑟 2 −1) ∗ 𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜𝑒𝑓𝑓 = (4,72 −1) ∗ 2,304 = 2,4132 (26)

A reatância indutiva do filtro para a frequência fundamental 𝑋𝑐 será obtida em


função de 𝑋𝑐 e ℎ𝑟 conforme (28).
𝑋 2,4132
𝑋𝐿 [Ω] = ℎ 𝑐2 = = 0,1092 (28)
𝑟 4,72

Estando definidos os valores de C e L, a seletividade depende apenas dos


valores de R para a frequência de sintonia, mas que somente terá exatidão depois
da construção do reator, adotar um valor de Q na ordem de 50 em projetos de filtros
sintonizados conforme [22]. Nem sempre um fator de qualidade maior corresponde
ao projeto de melhor desempenho, pois terá que ser levado em conta e quantificar o
desvio da freqüência de sintonia em relação a projetada, podendo chegar muito
próximo da harmônica perturbadora sendo limitada somente pela resistência do
filtro, por causa da dessintonização que normalmente é quantificada por 𝛿𝑚 que é o
desvio máximo equivalente a frequência.

d. Seletividade do filtro

A seletividade do filtro é medida pelo seu fator de qualidade conforme equação (30).
𝑋𝐿𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙∗ ℎ𝑟 2∗𝜋∗𝑓𝑠𝑖𝑛𝑡𝑜𝑛𝑖𝑎 ∗𝐿
𝑄= = (30)
𝑅 𝑅
𝑋𝐿𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙∗ ℎ𝑟 0,1092∗4,7 0.5133
𝑅= = = = 0,01026 (31)
𝑄 50 50

Na prática, isto faz com que a frequência seja corrigida pelo fator (1± 𝛿𝑚 )
conforme [23] tendo o módulo da impedância do filtro conforme (32).
1
𝑍̇(𝑛)𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 = 𝑅 + 𝑗(𝑤𝐿 − 𝑤𝐶) (32)
1
𝑍𝑓 𝛺 = 0,01026 + 𝑗 (2 ∗ 𝜋 ∗ 60 ∗ 0,2896𝑚𝐻 ∗ 5 −
5° 2∗𝜋∗60∗5∗1099,24𝑢𝐹
) (33)
|𝑍𝑓 5° 𝛺| = |0,01026 + 𝑗(0,546 − 0,4826)| = 0,064 (34)

Considerando uma redução de -5% na indutância devido a variação de


temperatura e construção, e juntando a esse fator a variação da frequência de rede
para 59,9 Hz, temos em (35).
1
𝑍𝑓 𝛺 = 0,01026 + 𝑗 (2 ∗ 𝜋 ∗ 59,9 ∗ 0,2896𝑚𝐻 ∗ 5 ∗ 0,95 − 2∗𝜋∗59,9∗5∗1099,24𝑢𝐹)

(35)
1
𝑍𝑓 𝛺 = 0,01026 + 𝑗 (2 ∗ 𝜋 ∗ 59,9 ∗ 0,2896𝑚𝐻 ∗ 5 ∗ 0,95 − 2∗𝜋∗59,9∗5∗1099,24𝑢𝐹)

(36)
𝑍𝑓 𝛺 = 0,01026 + 𝑗(0,5177 − 0,4834) = |0,03577| (37)

A nova impedância mantendo o mesmo fator de qualidade, é de 0,03577 Ω


para a quinta harmônica conforme (37).

e. Estimativa das correntes no filtro

Na fase de projeto do filtro uma estimativa da corrente harmônica será


calculada. A estimativa leva em conta os dados da impedância do sistema e
impedância do filtro conforme pode ser visualizado na figura 7.
A primeira estimativa será o cálculo da corrente fundamental do filtro
conforme (33).
𝑉𝐿𝐿 480
|𝐼𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜𝑓 |[𝐴] = = 3.9906 = 120,28 (33)
√3∗𝑋𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜𝑒𝑓𝑓

Para análise da corrente harmônica do filtro será considerado um divisor de


corrente, com base na impedância do sistema para a quinta harmônica, e conforme
equação (34).

|𝑍|(5°)𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
|𝐼𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜5° |[𝐴 𝑅𝑀𝑆] = ∗ |𝐼(5°)|𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 (34)
|𝑍|(5°)𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎+|𝑍|(5°)𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜

|0,091|(5°)𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎
|𝐼𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜5° |[𝐴 𝑅𝑀𝑆] = ∗ |128|𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛ã𝑜 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 (35)
|0,091|(5°)𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎+|0,03577|(5°)𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜

|𝐼𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜5° |[𝐴 𝑅𝑀𝑆] = 92 (36)

Como foi verificado, 72 % da corrente de quinta harmônica produzida pela


carga não linear passa pelo filtro, para uma situação de contingência é possível
considerar que toda quinta harmônica de corrente gerada pela carga não linear
passe pelo filtro, tendo no pior caso 178A de corrente eficaz no filtro, no caso
calculado tem-se 152A de corrente eficaz no filtro conforme (37).

|𝐼𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑎𝑧 |[𝐴] = √1212 + 922 = 152 (37)

f. Cálculos da suportabilidade dos componentes do filtro

Conforme a expressão (33) a corrente fundamental do filtro foi estimada com


base na tensão nominal da barra e sabendo que o indutor não deverá saturar para
2,5 vezes a corrente fundamental do filtro, que será considerada como corrente de
pico conforme [17]. Para a corrente eficaz e conforme informações de um fabricante
em [17], o indutor suporta 100 % de distorção harmônica de corrente mantendo suas
características.

𝐼𝑓𝑢𝑛𝑑 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 120,28


𝐼ℎ𝑎𝑟𝑚_𝑅𝑀𝑆 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 [𝐴] = ∗ 100 = ∗ 100 = 120,28 (38)
𝐷𝐻𝑇𝑖[%] 100

𝐼𝑅𝑀𝑆 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 [𝐴] = √𝐼𝑅𝑀𝑆 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 2 + 𝐼𝑓𝑢𝑛𝑑 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 2 = 171 (39)

No caso do indutor a máxima corrente harmônica eficaz suportada para esse


caso é 171 A, ou 1,41 x Ifundamental mantendo a indutância dentro dos limites
impostos e considerando a elevação de temperatura para o caso simulado. Mesmo
considerando que toda corrente harmônica produzida pela carga não linear passe
pelo filtro em uma contingência, os limites de corrente eficaz e de pico projetadas
ficaram dentro dos limites toleráveis para essa situação.
Do ponto de vista do capacitor os valores de tensão de pico deverão ser
analisados conforme (40) de [19].

𝑉𝑐𝑓𝑎𝑠𝑒−𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜 = 𝑋𝑐 𝐼1 + ∑50
𝑛≥2 𝑋𝑐 (𝑛)𝐼𝑐 (𝑛) (40)

2,4132
𝑉𝑐𝑓𝑎𝑠𝑒−𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜 = (2,4132 ∗ 120,28) + ∑50
𝑛≥2 ( ∗ 92) (41)
5

𝑉𝑐𝑓𝑎𝑠𝑒−𝑓𝑎𝑠𝑒 = (290,25𝑓𝑢𝑛𝑑 + 44,405°ℎ𝑎𝑟𝑚 ) ∗ √3 = 579,63 (42)

A potência reativa mínima requerida para não haver superaquecimento do


dielétrico varia com o produto da frequência versus capacitância e versus o
quadrado da tensão. De acordo com [19] e conforme (43) e (44).

3 ∗ |∑50
≥1 𝑉𝑐𝑓𝑎𝑠𝑒−𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜 (𝑛) ∗ 𝐼𝑐 (𝑛)| ≤ 1,35|𝑄𝑟 | (43)

Onde:
2 2
(√3∗𝑉𝑐 ) (√3∗334,65)
𝑄𝑟 [𝑘𝑉𝐴𝑟] = = = 139,22 (44)
𝑋𝑐 2,4132

Assim:

3 ∗ |(290.25 ∗ 120,28) + (44,39 ∗ 92)| ≤ 1,35|139,22| (45)


3 ∗ |(290.25 ∗ 120,28) + (44,39 ∗ 92)| ≤ 1,35|139,22| (46)

116,98𝑘𝑉𝐴𝑟 ≤ 187,94𝑘𝑉𝐴𝑟 (47)

Nesse caso (47) é satisfatório.


De posse disso, será utilizado um capacitor com tensão nominal de 600 V e
150 kVAr de potência reativa, ele será impregnado em óleo. A sua capacitância por
fase é igual a 1105,24uF em “у” (estrela) e 368,41 em ∆ (delta). A indutância
considerando uma variação no pior caso de -5%, onde trará o maior valor de
dessintonia em relação a sintonia calculada, fica em 0,28819mH.
A tensão atende com folga os valores calculados, tanto do ponto de vista
eficaz como de pico. O capacitor de 600 V e 150kVAr conduzira uma corrente
nominal eficaz de 144,33A. Dado que a corrente estimada eficaz incluído os
harmônicos foi de 152A e para o pior caso 174A. O capacitor impregnado em óleo
suporta 1,8 x 144,3 A, fica claro que os limites são atendidos abaixo das condições
de contingência conforme tabela 1.

2.4. Simulação da Suportabilidade do filtro.

A figura 8 foi retirada do programa de simulação utilizado para este caso


conforme [8]. Neste programa é montado o diagrama unifilar e inseridos tods os
dados dos componentes do sistema, juntamente com a corrente harmônica
produzida pela carga.

Figura 8 - Resultado da simulação da suportabilidade do filtro.


Tabela 3 – Comparação entre dados calculados e simulados
Corrente RMS calculada no filtro 152 A
Corrente RMS simulada no filtro 151,79 A
Tensão RMS calculada no filtro 508,57 V
Tensão RMS simulada no filtro 504,67 V
Tensão PICO calculada no filtro 579,63 V
Tensão PICO simulada no filtro 592,12 V
Potência kVAr calculada no filtro 116,98 V
Potência kVAr simulada no filtro 115,89 V
Os dados calculados e comparados conforme tabela 3, mesmo levando em conta
somente a quinta harmônica ficam muito próximos dos simulados que considerou
todo o espectro da corrente harmônica. A distorção harmônica de corrente DHTi[%]
ficou em 78 % no indutor, indicando que o equipamento está dentro da faixa
especificada.

3. RESULTADOS DOS NIVEIS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA

3.1. Nível de distorção harmônica de Corrente na barra do Ponto Acoplamento


Comum (PAC).

Analisando a figura 10 sem os filtros, a corrente harmônica no ponto de


acoplamento comum (PAC) ultrapassa os limites da recomendação IEEE 519,
principalmente a quinta harmônica.
Com a entrada do filtro e conforme a figura 9 a corrente de quinta harmônica
foi reduzida em 70% na barra de 13,8kV, conforme simulação. A DHTi[%] que
considera a média quadrática de todas as harmônicas menos a fundamental, reduziu
em torno de 44 % na AT.

Figura 10 - Corrente Harmônica Simulada no PAC sem filtro. Figura 9 - Corrente Harmônica Simulada no PAC com filtro.
3.2. Nível de distorção harmônica de Tensão na barra do Ponto Acoplamento
Comum (PAC).

A distorção harmônica de tensão na barra de AT (13,8kV), considerando


somente o impacto da carga do consumidor e não levando em conta capacitores e a
tensão harmônica presente na concessionária, teve sua maior redução na quinta
harmônica, em torno de 70 %.

Figura 11 - Tensão Harmônica Simulada no PAC com Filtros. Figura 12 - Tensão Harmônica Simulada no PAC sem Filtro.

3.3. Estimativa de custos.

O custo final desse filtro, levando em conta o trabalho de medição, levantamento


de dados, projeto, simulação, montagem, transporte e instalação fica em torno de R$
73.000,00.

O que compõem o filtro:

a) 3 indutores monofásicos
b) 1 capacitor trifásico com fechamento em delta de 150kVAr, tensão de 600 V e
impregnado em óleo.
c) 1 chave seccionadora para manobra do filtro com suporte para fusíveis.
d) 3 fusíveis NH.
e) 1 contatora com comando para a entrada e saída do filtro.
f) 1 relé de corrente para proteção do filtro.
g) Um relé controlador de potência mínima do forno para entrada e saída do
filtro.
h) 1 painel com abertura fronta.
4. CONCLUSÃO

O dimensionamento e a especificação de um filtro para a instalação em um forno


de indução por fusão foi apresentado nesse trabalho.
Foi demonstrado que o cálculo dos parâmetros do filtro não é a etapa conclusiva
do projeto, onde temos como base a reatância capacitiva, reatância indutiva de
indutor e o fator de qualidade.
A análise da suportabilidade dos componentes do filtro levando em conta as
harmônicas presentes na rede, o projeto e a construção do reator, a especificação e
tipo do capacitor escolhido é que são decisivos para a definição dos verdadeiros
valores dos componentes do filtro.
Dentre todas as etapas do projeto de um filtro, a medição é talvez a mais
importante. É com base na medição das distorções harmônicas e na quantidade de
potência reativa necessária no circuito que se decide pelo emprego ou não de filtros
de harmônicos passivo sintonizado.
A partir dos dados obtidos das medições, é realiza a análise da suportabilidade
dos componentes do filtro, juntamente com o fluxo de carga para obtenção dos
valores de tensão e potências nas barras.
O controle (entrada e saída) desse tipo de filtro pode ser feito por fator de
potência, corrente, distorção harmônica ou horário pré definido, respeitando os
limites especificados no projeto.
O filtro de harmônica descrito será instalado e entrará em operação nesse caso a
partir de setembro desse ano. O acompanhamento do seu desempenho será feito
através de medições periódicas. Serão feitas também medições no ponto de
acoplamento comum entre a concessionária e o cliente para verificação do
atendimento da recomendação citada.
Esse tipo de análise não se aplica somente a fornos de indução. Ele pode
contemplar outros sistemas, com outros tipos de cargas não lineares, sempre tendo
como base uma medição realista e confiável no ponto de conexão do filtro, que será
o ponto de partida para o projeto.
Em muitos casos a distorção harmônica de tensão e a correção de fator de
potência estão ligadas, relaciona-se diretamente com a outra, podendo elas
prejudicarem-se mutuamente afetando o desempenho elétrico da instalação, tendo
como fim a especificação de um filtro modular e controlável. Nesses casos, o retorno
do investimento é de curto prazo, sendo amortizado pela retirada dos custos com
reativo excedente da fatura de energia.
As soluções são amplas, e os casos são variados. Deve ser considerando no
projeto o crescimento da distorção harmônica na rede global e contingências na rede
e mudanças de configuração do sistema elétrico.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PARTIR DE CARACTERÍSTICAS DOS TRANSFORMADORES E DE DADOS DE
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Departamento de Engenharia Civil, Departamento de Matemática dos setores de
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