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Conhecimentos Específicos

Redação
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A Prova de Redação da Universidade Estadual do Ceará, como já aconteceu em outras edições,
apresenta, como temática geral, uma realidade vivenciada por nosso estado. Neste ano, certamente por
causa da maior estiagem dos últimos trinta anos, ambas as instruções abordam a seca do Nordeste. Por
ser assunto de amplo conhecimento da população cearense e, consequentemente, dos candidatos, acre-
dita-se que não haja tantas dificuldades para o desenvolvimento de qualquer um dos textos solicitados.
A instrução 1 exige do vestibulando que se posicione criticamente, através de uma carta – gênero
textual recorrente nas avaliações dessa instituição –, diante da situação-problema. O foco é o fato de,
em plena segunda década do século XXI, haver registros de calamidade pública ocasionada pela escassez
de água no Nordeste do País, visto que se trata de um fenômeno climático característico, ou seja, típico
dessa região. O candidato deve argumentar de modo a justificar o posicionamento tomado inicialmente,
assim como propor soluções viáveis à minimização dessa dificuldade. O caráter argumentativo é claro no
comando da instrução. Trata-se de uma carta argumentativa e, como tal, precisa acompanhar a estrutura
de uma carta:
Primeira linha escrita – local (nome da cidade) e data (por extenso, no modelo dos documentos
oficiais – “Fortaleza, 16 de junho de 2013.” – podendo iniciar em qualquer parte da linha, desde que não
exija translineação);
Segunda linha escrita – vocativo (em se tratando de uma carta dirigida ao Centro de Estudos e
Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, presidida por um parlamentar, é possível utilizar “Exce-
lentíssimo Senhor Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados”,
que deve iniciar na margem do parágrafo e, se necessário, deve ser feita a translineação como em um
parágrafo normal, e seguido por vírgula);
A partir da terceira linha escrita – assunto (dividido em parágrafos e estruturado como um texto
dissertativo-argumentativo – apresentação de tese, argumentos que fortaleçam o posicionamento tomado
e conclusão com solução);
Última linha escrita – despedida cordial (também como nos documentos oficiais, faz-se neces-
sário o uso de advérbios indicadores de encerramento de carta – “Atenciosamente”, “Respeitosamente”,
seguidos de vírgula ou ponto-final).
O candidato pode utilizar de alusão histórica para mostrar a regularidade da seca, expondo que o
fenômeno é recorrente e inevitável, mas cujas consequências são passíveis de eliminação. Outro recurso
consiste no estabelecimento de relações da causas e consequências, buscando mostrar como as con-
sequências, por sua gravidade, exigem soluções rápidas e permanentes. Outro expediente poderia ser
o contraste ou a comparação entre localidades que enfrentam problemas semelhantes, analisando que
ações são viáveis em nossa região.

A instrução 2 solicita que se escreva uma história que se passe em uma comunidade nordestina,
cujos habitantes convivam com a seca, mas que sabem enfrentar o flagelo. Assim, o candidato deve ter
o cuidado de criar seus personagens, sinalizar o tempo e o espaço da narrativa, optar por um tipo de
narrador (em 1ª ou 3ª pessoa).
Sabendo que não se pode impedir que haja a estiagem, mas que é possível minimizar muito os
seus efeitos danosos, os moradores da localidade aproveitaram-se de experiências e de pesquisas feitas
por outras cidades que sofriam sob a seca. Mais que demonstrar o domínio da estrutura básica de uma
narrativa, o candidato se destacará, principalmente, se revelar conhecimento de ações de enfrentamento
às consequências desse fenômeno climático. Listamos algumas a seguir, que não esgotam, certamente,
o que o vestibulando bem informado poderá apresentar em seu texto.
Certamente, não se consegue suportar os efeitos da seca se não houver ações do poder público
para isso, por exemplo, as construções de cisternas, açudes e barragens; os investimentos em infraes-
trutura na região; a distribuição de água através de carros-pipa em épocas de estiagem (situações de
emergência), o incentivo público à agricultura adaptada ao clima e ao solo da região, com sistemas de
irrigação. Além disso, é importante que priorizem a capacitação dos recursos humanos, com educação e
treinamento, que, efetivamente, levem conhecimento para a fragilizada população rural. Bem instruída, a
população não dependerá tanto de ações assistencialistas e saberá, por exemplo, reparar as cisternas de
alvenaria, reflorestar certas áreas e cultivar produtos agrícolas por meio de técnicas de plantio e acesso
à água de barreiros ou poços. Ilustramos esses comentários com o exemplo da cidade baiana de Lagoa
Real, a pouco mais de 700 km de Salvador. A cidade tem conseguido enfrentar a estiagem com ações
conjuntas do poder público e da população, algumas delas mencionadas acima. Repetimos que as ideias
apresentadas não esgotam as possibilidades de desenvolvimento de uma narrativa coerente e coesa por
parte do candidato.

Digitador: Pat
Revisor: m@v

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