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DIREITO COMERCIAL

TEMA: CONVENÇÕES QUE REGULAM A PROPRIEDADE

INDUSTRIAL

CAPITÚLO I
1.1 SISTEMA DE INCORPORAÇÃO DAS NORMAS
INTERNACIONAIS
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A incorporação é o sistema através do qual, as normas jurídicas do


Direito Internacional passam a integrar no ordenamento jurídico de um
Estado, tornando se obrigatória através de uma norma jurídica interna.
O Estado Angolano quanto ao sistema de incorporação, adoptou a
clausúla geral de recepção semi-plena, traduzindo de que algumas normas
jurídicas do Direito Internacional entram em vigor automaticamente no
ordenamento jurídico nacional, bastando a formalidade de publicita-lá no
Diário República porém, outras normas jurídicas do Direito Internacional
passam pelo mecanismo de transformação, ou sejá, taís normas jurídicas
externas passam pelo regime normal das normas internas, fundamentos estes a
luz dos nº 1 e 2 do art. 13.º do CRA.

1.1 AS CONVENCÇÕES
_______________________________________________________________

A palavra convenção é derivada do latim (CONVENTIONE) que


significa acordo, pacto ou norma de procedimento, formalidade ou congresso
e conferência.
São acordos celebrados entre sujeitos de Direito Internacional que
visam, em princípio, a prossecução de interesses comuns e produzem efeitos
jurídicos entre as partes contratantes.

Thelso Waldir Baptista-Estudante de Direito-thelsowaldir@gmail.com


As convenções são acordos celebrados entre sujeitos de Direito
Internacional que visam, em princípio, a prossecução de interesses comuns e
produzem efeitos jurídicos entre as partes contratantes, também são utilizadas
para referir-se a uma lei internacional ou princípios a serem seguidos pelos
países signatários, desde sempre que os Estados estabelecem relações entre si
para partilhar objetivos comuns ou garantir a não-ingerência nos seus
assuntos internos.

II CAP- A PROPRIEDADE INDUSTRIAL

2.1 HISTÓRICO E BREVES CONSIDERAÇÕES DO DIREITO DA


PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Segundo o autor André L. S. Cruz Ramos afirma em sua obra que a criatividade do
ser humano, ao longo de sua existência na terra, proporcionou o desenvolvimento da
sociedade, pese embora, em contra partida, provocado grandes conflitos, como a 1º e 2º
Guerra Mundial. Face a este fenômeno da globalização da economia, os processos criativos
e a competitividade empresarial têm se intensificado e consequentemente, há uma maior
preocupação com a proteçao das criações do gênio humano na área industrial e econômica.
Entretanto, nem sempre foi assim, sendo que durante muito tempo, o homem não teve a
preocupação específica de proteger as suas invenções. Após a Revolução Industrial, a
humanidade, diante da grande mudança nas relações econômicas, provocadas pela
passagem do sistema da manufacturas (artesanal) para o sistema da maquinofactura
(indústrial), despertando a todos, de que a criação era o grande instrumento de poder e
riqueza.
A história registrou, o primeiro caso de proteção concedida a um invento no ano de
1236, muito antes, da Revolução Industrial, na cidade de Bordeaux, na França, concedeu-se
a Bonafasus de Sancta e Companhia o direito de exploração com exclusividade, por 15
(quinze) anos, o método flamengo de tecer e tingir tecidos de lã. Outro caso, também é de
que Leonardo da Vinci, tinha o cuidado de proteger suas obras, usando variados artificíos
para tanto, como a prática de escrever ao contrário ou de deixar erros propositaís nos seus
textos litérarios. Desta forma, entende-se que Leonardo da Vinci , indirectamente
salvaguardava o seus direitos, num periódo em que não se tinha noção da necessidade de
proteção das invenções. Todavia, esses primeiros registros de proteção das criações e
invenções identificados pelos historiadores na Europa consistiam apenas em meros
privilégios, sempre vinculados a critérios políticos de conveniência e oportunidade.
No entanto, com o surgimento das codificações de patentes editadas em Veneza em
1474 e na Inglaterra em 1623/1624, denominadas de Statute of Monopolies. Estas duas
codificações extinguiram os antigos privilégios medievais e introduziram algumas ideais

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que até hoje são observados pelo direito de propriedade industrial, por ex:, os requisitos da
novidade e da aplicação industrial para a caracterização de uma invenção.
Portanto, somente após a Revolução Industrial, deu-se a importância de conferir
proteção aos direitos de propriedade industrial, culminando com a realização de convecções
entre nações, tema este vislumbrando em seguida.
A propriedade intelectual é um direito constitucionalmente consagrado nos termos
do n.º 4 do art. 42.º da CRA, nos termos do qual, é livre a expressão da actividade
intelectual, artística, política, cientifíca e de comunicação, independemente da licença,
pertencendo aos autores o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissivel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Ainda à luz da CRA, a lei
assegura aos autores de inventos industriais, patentes de invenções e processos tecnológicos
o previlégio para a sua utilização, bem como a proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em
vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e economico do país.
Todavia, a propriedade industrial é regulada na lei civil, nos temos art. 1303.º
C.Civil, mas, está sujeita a legislação especial (Lei n.º 3/92, de 28 de Fevereiro, Lei
Propriedade Industrial).
O Instituto Angolano de Propriedade Industrial, denominada também pelo
acronómo (IAPI) criado pelo Decreto n.° 30/96, de 25 de Outubro, e tutelado pelo
Ministério da Indústria, tem como competência a implementação da política do executivo
no domínio da Propriedade Industrial, bem como o seu incentivo, promoção, estudo e
desenvolvimento. Ao IAPI, compete também o reconhecimento e concessão de direitos
exclusivos sobre propriedade industrial, mediante outorga de títulos aos criadores ou
detentores de marcas e
patentes e outros produtos da propriedade industrial.
Segundo  a OMPI, a propriedade industrial visa abranger os direitos à respeito de
produtos, sejam estes tangíveis ou intangíveis, não se resumindo somente às criações
industriais, mas também "às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos
manufaturados ou naturais, por exemplo: vinhos, cereais, tabaco em folha, frutas, animais,
minérios, águas minerais, cervejas, flores, farinhas.. Entende-se também por conjunto de
direitos inerentes às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações
dos artistas intérpretes e às invenções em todos os domínios da atividade humana, às
descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais,
comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à
proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade
intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico.

2.2 AS CONVENÇÕES QUE REGULAM A PROPRIEDADE


INDUSTRIAL
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2.2.1 CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS DE 1883 (CUP)

Em 20 de março de 1883, vários Estados reuniram-se para celebrarem um tratado


que protege-se a propriedade intelectual e industrial de forma única a nivel internacional, e
garantindo relativa liberdade aos seus signatários.
O tratado sofreu várias revisões :
1) Em Bruxelas a 14 de Dezembro de 1900.
2) Em Washington a 2 de Junho de 1911.
3) Em Haia a 6 de Novembro de 1925.
4) Em Londres a 2 de Junho de 1934.
5) Em Lisboa a 31 de Outubro de 1958.
6) Em Estocolmo a 14 de Julho de 1967.

Está ultima revisão, não visava promover a unificação da legislação sobre propriedade
industrial, mas, apenas uma padronização, estabelecendo regras e normas básicas que devem
ser obedecidas pelos países contratantes. Actualmente são mais de 150 países membros,
incluindo o Estado Angolano, sendo este, o primeiro instrumento ratificado em matéria de
propriedade industrial, aprovado pela Resolução n.º 22/05, de 19 de Agosto e o instrumento de adesão
foi depositado em 27 de Setembro de 2007, tendo a Convenção entrado em vigor na mesma
data.

PRINCÍPIOS DA CONVENÇÃO DE PARIS

1.º TRATAMENTO NACIONAL

É princípio que determina igualdade de tratamento entre estrangeiros e


nacionais, ou seja, o tratamento dado ao nacional beneficiará também o estrangeiro.
Este princípio está no disposto no n.º 1 do art. 2.º da CUP : “ Os nacionais de cada
um dos países da União gozarão em todos os outros países da União, no que se
refere à proteção da propriedade industrial, das vantagens que as leis respectivas
concedem atualmente ou venham a conceder no futuro aos nacionais, sempre juízo
dos direitos especialmente previstos na presente Convenção. Em consequência,
terão a mesma proteção que estes e os mesmos recursos legais contra qualquer
atentado dos seus direitos, desde que observem as condições e formalidades
impostasaos nacionais.”

2.º PRIORIDADE UNIONISTA

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Este princípio estabelecido pela CUP, em seu art. 4.º , dispõe que o primeiro pedido
de patente ou desenho industrial depositado em um dos países membros serve de base para
depósitos subsequentes relacionados à mesma matéria, efetuados pelo mesmo depositante
ou seus sucessores legais. Tem-se o Direito de Prioridade. Os prazos para exercer este
direito são: 12 (doze) meses para invenção e modelo de utilidade e 6 (seis) meses
para desenho industrial.

3.º TERRITORIALIDADE
De acordo com este princípio, a proteção patentária conferida por um País membro
da CUP, tem validade somente dentro dos limites territoriais deste País.

4.º INDEPENDÊNCIA DAS PATENTES

O países signatários da CUP são independentes para apreciar e julgar os pedidos de


patentes depositados e seus territórios. Assim, cada patente obtida para uma invenção é um
título nacional e permanece em vigor inteiramente independente da patente concedida de
outros Países.

2.2.2 O TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES

O supra-citado tratado, denominado também por PCT, foi celebrado em 19 de


Junho de 1970, em Washington E.U.A, com a finalidade de desenvolver o sistema de patentes e
de transferência de tecnologia. Prevê basicamente meios de cooperação entre
os países industrializados e os países em desenvolvimento. A atualização mais recente contabiliza
148 países signatários do PCT, incluindo o Estado Angolano, aprovado pela Resolução n.º 22/05, de
19 de Agosto.
O PCT, tem como objectivo simplificação, tornando mais eficaz e econômico, tanto
para o usuário como para os órgãos públicos com competência na administração do sistema
de patentes, o procedimento a seguir no caso de uma solicitação para proteção patentária
em vários países.
O depósito do pedido através do referido Tratado, denominado “
Pedido Internacional  de Patentes ”, deve ser efetuado em território nacional, nas recepções
do IAPI, bem como, em outros países membros do PCT, ou ainda, directamente no
escritório internacional da OMPI ou WIPO em Genebra, e o depósito terá o efeito de um
pedido nacional em todos os países signatários, caso  atendidas as formalidades e prazos
prescritos no Tratado.
2.2.3 ACORDO TRIPS

O ADPIC, na lingua portuguesa designa-se de Acordo Relativo aos Aspectos do


Direito da Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio, ou Trade Related
Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS) na lingua inglesa, é um tratado
internacional que faz parte dos acordos assinados em 1994 que encerrou a Rodada do

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Uruguai e criou a OMC, da qual, Angola é Estado membro de pleno direito, desde 1996 e
consequetemente vinculado ao Acordo trips por adesão a 23 de Novembro de 1996.
O acordo Trips é um acordo de direitos inerentes à propriedade industrial ( patentes,
marcas, indicações geográficas, desenhos industriais), ou seja, o acordo trips regula os
direitos de autor, proteção do segredo de negócio e controle da concorrência desleal
vinculando-o à vida econômica e comercial.
Entretanto, é um acordo por meio do qual os países-membros da OMC assumiram a
obrigação de protegerem os direitos estrangeiros de propriedade intelectual, dentro do seu
território nacional. Além disso, este acordo visa determinar medidas eficazes para fazer
cumprir os direitos, disponibilizando mecanismos para solução de controvérsias e
possuindo disposições transitórias para a implementação do acordo.
O A. TRIPS foi dividido em três partes: a primeira contendo disposições gerais e
princípios básicos, a segunda sobre cada tipo de direito de Propriedade Industrial e a ultima
por obrigações dos países signatários.
A luz do art. 7.º do TRIPS, os objetivos deste, é salvaguardar a aplicação de normas
de proteção dos direitos de propriedade intelectual, também devem contribuir para a
promoção da inovação tecnológica e para a transferência e difusão de tecnologia em
benefício mútuo de produtores e usuários de conhecimento tecnológico e de forma à
proporcionar um bem-estar social econômico e a um equilíbrio entre direitos e obrigações.

III CAP – CONCLUSÕES


___________________________________________________________________

3.1 Conclusões

1- A incorporação é o sistema através do qual, as normas jurídicas do Direito


Internacional passam a integrar no ordenamento jurídico de um Estado, tornando se
obrigatória através de uma norma jurídica interna. O Estado Angolano quanto ao
sistema de incorporação, adoptou a clausúla geral de recepção semi-plena.
As convenções são acordos celebrados entre sujeitos de Direito Internacional
que visam, em princípio, a prossecução de interesses comuns e produzem efeitos
jurídicos entre as partes contratantes .

2- A propriedade intelectual é um direito constitucionalmente consagrado nos termos


do n.º 4 do art. 42.º da CRA, também, a propriedade industrial é regulada na lei
civil, nos temos art. 1303.º C.Civil, e está sujeita a legislação especial (Lei n.º 3/92,
de 28 de Fevereiro, Lei Propriedade Industrial).
O Instituto Angolano de Propriedade Industrial, denominada também pelo
acronómo (IAPI) criado pelo Decreto n.° 30/96, de 25 de outubro, e tutelado pelo

Thelso Waldir Baptista-Estudante de Direito-thelsowaldir@gmail.com


Ministério da Indústria, tem como competência a implementação da política do
executivo no domínio da Propriedade Industrial.
Para a OMPI a propriedade industrial visa abranger os direitos à respeito de
produtos, sejam estes tangíveis ou intangíveis.

3- Com a ratificação dos instrumentos abaixo referidos, o Estado Angolano tornou-se


possível proteger uma patente internacional em Angola, bem como efetuar o
respetivo pedido, permitindo maior proteção dos direitos de propriedade industrial
em Angola.
1- CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS DE 1883 (CUP)
2- TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTES (PCT)
3- ACORDO TRIPS

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