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AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA OFERECIDA POR CAPACETES DE USO

INDUSTRIAL – CLASSE B

Emerson Júnio Diniz


Luis Gustavo Queiroz da Cruz
Marcelo Corrêa da Mata
Mateus de Barros Teixeira
luis.queiroz@sga.pucminas.br
PUC Minas

RESUMO

Este trabalho visa avaliar a confiabilidade da segurança oferecida por capacetes de


uso industrial geral, incluindo trabalhos com energia elétrica (Classe B) em acordo
com a Norma Técnica aplicável (ABNT/NBR 8221-2003) e a NR 6. Para tanto, a
peça, constituída basicamente por polietileno de alta densidade, é submetida a uma
serie de ensaios mecânicos e elétricos. Os ensaios de tipo são os seguintes: exame
dimensional e visual; de vão livre vertical; de tensão elétrica aplicada e de rigidez
dielétrica; de resistência a impacto; de resistência a penetração; de inflamabilidade.

Palavras Chave: Capacete, polietileno, segurança, industrial, ensaios.


1. INTRODUÇÃO

Um capacete, ou casco, é um objeto que serve para proteger a cabeça


principalmente contra impactos externos. Existem capacetes para várias aplicações,
variando quanto à segurança oferecida. Via de regra, fabricantes de capacetes que
utilizam padrões de qualidade aceitos internacionalmente, tem como matéria prima
básica o Polietileno de Alta Densidade na fabricação dos cascos.
Os capacetes de segurança devem atender à NR 06 e à norma NBR - 8221
sob a égide da qual a Ministério do Trabalho emite o Certificado de Aprovação
(C.A.) correspondente.
O polietileno é um composto de combustão lenta e é resistente aos raios
ultravioleta, à ação da água e possui ainda alta resistência mecânica.
O mercado oferece modelos de cascos aba frontal Classe "B", para serviços
gerais inclusive energia elétrica, com fendas (Slot) nas abas laterais que possibilitam
o acoplamento de acessórios sem a perfuração do casco.
Tão importante quanto o casco é a suspensão, formada pela carneira e
cintas, fabricados preferencialmente em tecido, não em plástico rígido. Projetos da
Suspensão no formato de duplos cintos permitem que os mesmos sejam
sustentados pelo casco e não pela carneira. O deslizamento dos cintos funciona
como amortecedor em eventual impacto. Um conjunto de suspensão deficiente pode
causar graves lesões na região cervical, no caso de impacto na parte superior do
capacete.
A distância entre a face interna do casco e a parte externa dos cintos não
deve, por norma, ser menor do que 6 mm, nem maior que 9 mm, quando a carneira
(suspensão) estiver nos seus pontos de ajuste máximo e mínimo, respectivamente.
A norma recomenda, ainda, que se utilize uma tira absorvente de suor,
fabricada em material atóxico, de forma a cobrir a porção da suspensão que cobre a
região da testa.
Uma suspensão deficiente ou rígida não amortece impactos, ou seja, pode
permitir que toda a força do impacto no casco seja transmitida à coluna cervical. O
efeito do impacto em uma superfície rígida sem a devida condição de
amortecimento, produz o mesmo resultado de uma bola de sinuca arremessada
contra outra: a primeira, ao chocar-se contra a segunda, transmite toda a energia à
esta, que se desloca. A suspensão deficiente pode permitir a ocorrência de lesões
com gravidade na região do pescoço do usuário, mesmo sem avarias no casco.
O capacete de segurança deve atender aos padrões mínimos previstos na
NBR 8221, através dos ensaios:
1. Exame dimensional e visual;
2. de vão livre vertical;
3. de tensão elétrica aplicada e de rigidez dielétrica (ambos aplicáveis
somente aos capacetes classe B);
4. de resistência a impacto;
5. de resistência a penetração;
6. de inflamabilidade.

Figura 1 (Arranjo de um capacete de segurança)

2. MATERIAIS E METODOS

Capacete de proteção individual para uso industrial – Classe B


Capacete de segurança, com uma nervura no casco, tipo aba frontal (extensão do
casco que prolonga para frente acima dos olhos), injetado em polietileno de alta
densidade com dois pontos para fixação da jugular. Possui suspensão injetada em
plástico, fixa ao casco, através de quatro pontos de encaixe, tira absorvente de suor
em espuma e material sintético, coroa composta de duas tiras de tecido de náilon
cruzadas, montadas em quatro "clips" de plástico e fixadas com uma costura, com
regulagem de tamanho através de ajuste simples ou catraca. A classe B determina
que este é apropriado para uso em áreas ou serviços elétricos.
Ensaios Laboratoriais previstos pela norma NBR 8221
1. Exames de massa, dimensional e visual.
Foram avaliadas massa, dimensões e inspeção visual conforme dados
estabelecidos pela NBR 8221, e aprovado dentro da faixa de variação conforme
determinação da norma.
2. Ensaio de vão livre vertical
O ensaio foi realizado aplicando-se um peso de massa 11,75 kg, com base plana de
diâmetro 51 mm, sobre o ponto mais alto do casco de um capacete montado sobre a
cabeça-padrão, de forma que o conjunto se estabilizou e foi verificado com um calço
padrão que a distancia entre o ponto mais alto do casco e a carneira era superior a
38 mm, atendendo a norma.
3. Ensaio de tensão elétrica aplicada e de rigidez dielétrica
De acordo com a NBR 8221 para o teste de rigidez dielétrica o casco foi submergido
com mesmo nível de água a 15 mm abaixo da borda (exterior e interior), na qual o
ambiente se encontrava a 27º C. e umidade relativa do ar de 55% com desvio de
3%. Antes do teste o casco foi totalmente submerso em água a temperatura
ambiente por 24 horas.
A tensão aplicada ao corpo de prova foi variada positivamente em 1000V/s até
20.000 V, e mantida por 3 min., obtendo-se uma corrente de fuga inferior a 7mA.
No ensaio de tensão elétrica a corrente foi aumentada na mesma razão de 1000V/s
até a tensão de 30000V. E não houve descarga disruptiva até os 30000V
especificados pela NBR 8221.
Figura 2 (Ensaio de tensão elétrica aplicada e rigidez dielétrica)

4. Ensaio de Resistência a Impacto


Utilizando o método Brinell, foi aplicado uma carga de 500 kg, utilizando-se de uma
esfera de aço de aproximadamente 95 mm de diâmetro, massa 3,6 Kg e a uma
distância de 152 cm medida da parte inferior da esfera de ensaio ao ponto mais alto
do casco. A área de impressa obtida foi analisada por um microscópio de exatidão
0,05mm. Obtendo valor 3900N para 23 Brinell aproximado.
Teste feito em maquinário apresentado na figura 3.

Figura 3 (Ensaio de resistência a impacto)


5. Ensaio de resistência a penetração
Este ensaio foi realizado com prumo de aço cônico, com 3,025Kg (ver figura 4), solto
em queda livre sobre o casco a uma distancia de 1m e foi verificado que o mesmo
não tocou diretamente a cabeça padrão.

Figura 4 (Esquema do dispositivo para ensaio de resistência a penetração)

6. Ensaio de resistência a inflamabilidade


Utilizamos uma chama de 12 mm a 19 mm de altura, em três corpos de prova
(127mm x 13mm) retirados da parte lateral a contar 30mm da aresta da aba.
Cada corpo-de-prova foi marcado, ao longo de sua maior dimensão, com traços a
cada 12,7 mm a partir de uma das extremidades. Cada corpo-de-prova foi preso a
um suporte pela extremidade mais distante do início das marcações, ficando
horizontal a sua maior dimensão e inclinada a 45° a sua menor dimensão. A chama
foi aplicada durante 30 s, iniciando a contagem dos segundos quando a chama
atingiu totalmente a primeira marca e finalizando a marcação do tempo quando
atingir ao atingir a ultima marcação, (88.99mm).
Figura 5 (Corpo de prova submetido ao ensaio de inflamabilidade)

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos seguem conforme a tabela 1

Ensaio Valores de Referência Valores Obtidos

Dimensões conforme Medições encontradas


1.Dimensional e Visual
NBR 8221 conforme norma

2. Vão Livre Vertical Vão maior que 38 mm Aproximadamente 43 mm

3.Tensão e Rigidez Dielétrica


Fuga < 9 mA 7 mA

4.Resistência a Impacto
21 à 24 Brinell a 500kg 23 Brinell

Coerente NBR 8221


Aplicável conforme NBR
5.Resistência a Penetração O prumo não toca a
8221
cabeça padrão
6.Resistência a Queima superior a
3’54”57
Inflamabilidade 1min.

Tabela 1

Conforme orientação da norma NBR 8221, oito capacetes foram preparados para os
testes. No primeiro, feito os testes dimensional e visual, de vão livre vertical e de
tensão e rigidez dielétrica. Outros seis capacetes sofreram os ensaios de resistência
a impacto (três precondicionados a quente e três a frio). E o oitavo capacete passou
pela avaliação de resistência a penetração e a inflamabilidade.
Para o teste de resistência a inflamabilidade (feito nos domínios da PUC), alem do
ensaio conforme norma, submetemos outros corpos de prova a situações extremas
variando a condição da chama e obtendo resultados relevantemente positivos.
Para os ensaios mais complexos contamos com a estrutura do fabricante e foi
seguido o procedimento interno da empresa para a realização das atividades (todas
conforme norma).

4. CONCLUSÃO

A NBR 8221 determina as exigências (acordadas por comissões de estudo) mínimas


quanto às características físicas e de desempenho, e prescreve de forma sucinta os
ensaios necessários para aprovação dos equipamentos. A cargo do Ministério do
Trabalho esta a emissão dos Certificados de Aprovação (C.A).
A avaliação feita nos capacetes de segurança classe B confirma a viabilidade do uso
destas peças como instrumento destinado a proteção da cabeça contra impactos
mecânicos, descargas elétricas e agentes agressivos no meio industrial, o que
traduz a acertada concepção no projeto do equipamento.
O desenvolvimento de novos materiais traz a expectativa na melhora da questão
ergonômica, e também de performances cada vez mais superiores.

5. AGRADECIMENTOS

Ao corpo docente da Pontifícia Universidade Católica (MG/Contagem), ao Grupo


Racco e seu segmento de educação corporativa e a ORTENG Equipamentos e
Sistemas.

6. REFERÊNCIAS

(1) NBR 8221 - Equipamento de proteção individual - Capacete de segurança para


uso na indústria - Especificação e métodos de ensaio
(2) Material Grupo Racco para execução dos testes de avaliação de capacetes de
segurança
(3) Norma / Procedimento Interno ORTENG
EVALUATION OF THE SECURITY OFFERED FOR HELMETS OF INDUSTRIAL
USE - CLASSROOM B

ABSTRACT

This work aims to evaluate the reliability of safety helmets offered for general
industrial use, and works with electric energy (Class B) in accordance with applicable
Technical Standard (ABNT / NBR 8221-2003) and NR 6. To this end, the piece,
consisting mainly of high density polyethylene, is subjected to a series of electric and
mechanical tests. Type tests are: visual and dimensional examination; of a vertical
free will; of electric voltage and dielectric strength, the resistance to impact,
resistance to penetration; flammability.

Keywords: Capacete, polietileno, segurança, industrial, ensaios

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