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CEFALÉIA E FIBROMIALGIA (slide, artigo, livro e estudo dirigido)

O International headache society (IHS) classifica a cefaleia em 13 grupos, já a Classificação


Internacional de cefaleias (CIC-II) reconhece dois subgrupos principais: síndromes de
cefaléia primária e síndromes de cefaleias secundária.
Cefaléia primária: “Dor de cabeça sem causa temporal que pode ser reconhecido como
causa”. São distúrbios sem qualquer doença estrutural intracraniana, dor de cabeça sem
causa temporal que possa ser reconhecida como causa. Podem ser subdivididas em 3
grupos principais: enxaquecas, cefaleia do tipo tensão e cefaleias autônomo do trigêmeo.
Cefaléia secundária: Dor de cabeça ligada a algum fator outro que não a dor em si.
Artigo:
● Um número considerável de condições são comórbidas à FM, dentre elas estão as
cefaléias primárias. Esta pode ser definida como a dor que ocorre na cabeça sem
relação temporal com outro transtorno que poderia ser reconhecido como causa de
cefaléia.
● A prevalência de fibromialgia nos pacientes com cefaléia é cerca de dez vezes
maior do que na população em geral.
● A prevalência de cefaléia na cidade de Ribeirão Preto é de 49,9%, sendo mais
freqüente em pacientes do gênero feminino (63,8%) do que do masculino (28,3%).
Os diagnósticos mais prevalentes foram: CTT episódica (16,2%), M sem aura
(13,9%) e M com aura (5,1%). A cefaléia crônica diária (CCD) ocorreu em 3% da
população. Em 78,1% dos pacientes, a cefaléia interferia nas atividades gerais da
vida, e 41,7% dos indivíduos referiam interferência na qualidade de vida.
As cefaleias primárias podem ser divididas em quatro subgrupos:
● Migrânea (enxaqueca);
● Cefaleia do tipo tensional;
● Cefaleia em salvas (cs) e outras cefaléias trigêmino-autonômicas;
● Outras cefaleias primárias.
Nos interessa apenas saber os diagnósticos, para diferenciá-las das afecções que devem
ser tratadas pelo dentista.
Enxaqueca migrânea:
Enxaqueca -> dor de cabeça crônica composta de grupo específico de características:
- Náusea, fotofobia (sensibilidade à luz), fonofobia (sensibilidade ao som)

Os sinais e sintomas associados são náuseas e/ou fotofobia e fonofobia, ocorrem no


mínimo 5 episódios, cada qual com duração de 4 a 72h. Deve ter pelo menos 2 das
seguintes características: localização unilateral, qualidade pulsátil, moderada a intensa ou
agradava pelas atividades físicas.
É 2 a 3x mais prevalente em mulheres. Existem associações significativas descritas entre a
enxaqueca e alguns transtornos psiquiátricos (ansiedade e depressão), acidente vascular
encefálico (AVE) em mulheres de menos de 45 anos e epilepsia
O sintoma mais sensível e específico do diagnóstico da enxaqueca são náuseas, seguida
de fotofobia, fonofobia e agravamento com atividade física. Cerca de 66% são descritas
como unilaterais e 76% são pulsáteis.
Artigo: a análise dos dados até aqui apresentados contribui para a hipótese de que M e FM
sejam doenças comórbidas do tipo unidirecional. Explicando melhor, o fato de uma mulher
ter FM não aumenta a probabilidade de ela ter M, mas se ela tiver M ou MT, terá maior
probabilidade de ter FM.
Cefaléia tensional:
● A Tensional pode ser episódica ou crônica: a primeira entre 30 min e 7 dias. A
segunda no mínimo 15 dias de dor.
● No máximo um sintoma entre: Náusea, fotofobia (sensibilidade a luz), fonofobia
(sensibilidade ao som).

Cefaléia bilateral e provoca pouca ou nenhuma náusea e não mais que um dos sintomas
(náuseas, fotofobia ou fonofobia leve). A dor se caracteriza pela sensação de aperto ou
compressão, é leve a moderada e ocorre em episódios curtos com duração variável
(episódica), ou é contínua (crônica). A dor é associada a fator negativo quanto a todos os
outros da enxaqueca.
● EPISÓDICA: no mínimo 10 episódios ocorridos entre 12 e 15 dias ao mês, com
duração de 30min a 7 dias. A dor é bilateral, não pulsátil, é leve a moderada e não
piora com a atividade física. Os sintomas associados incluem ausência de náuseas
e não mais que um dos sintomas (fotofobia ou fonofobia)
● CRÔNICA: persiste por no mínimo 15 dias a cada mês e estendem-se por no
mínimo 3 meses. Os sinais associados devem incluir não mais que um de náuseas,
fotofobia ou fonofobia leve.
Definida também como ‘não-enxaqueca’, pois não é unilateral, não é pulsátil, não piora com
atividade física e não está associada á náuseas. Essa possui frequência , duração e
gravidade extremamente variáveis.
Cefaléia autônomo do trigêmeo: caracterizam-se por dor trigeminal associada ás
manifestações parassimpáticas autonômicas, inclusive alterações da sudorese, ptose,
miose, hiperemia das escleras e das conjuntivas, congestão nasal e/ou rinorréia. O
mecanismo ocorre pela estimulação do ramo V1 do nervo trigêmeo, que causa ativação dos
reflexos parassimpáticos cranianos. É constituída por um grupo de cefaleias:
Cefaleia em salva:
Estimulação do ramo V1 do trigêmeo que causa estímulos reflexos parasimpáticos
Alterações parassimpáticas: sudorese, ptose, miose, hiperemia das escleras e das
conjuntivas, congestão nasal e/ou rinorréia

Outras cefaléias primárias se distinguem muito das anteriores.


Cefaléias secundárias têm diagnóstico facilitado porque são ligadas a outros
acontecimentos, patologias, consumo de drogas e fármacos.
Explicação do livro: a crise começa abruptamente, piora rapidamente (pico em 5-15 min) e
cessa subitamente. A dor localiza-se ao redor da órbita e nas regiões temporais e pode
irradiar-se para pescoço, a orelha, mandíbula, maxila, dentes superiores e inferiores e o
nariz ipsolaterais. A dor é intensa e descrita como perfurante, dilacerante, cortante ou em
queimação. Ocorrem em dias alternados, até 8x ao dia com a ritmicidade de um
despertador e são muito comuns nos homens. Durante a crise, do mesmo lado da dor, há
pelo menos um sinal ipsolateral: hiperemia conjuntiva ou lacrimejamento, congestão nasal
ou rinorréia, edema palpebral, ptose ou miose, sudorese na fronte ou na face, ou
inquietação ou agitação extremas. A dor sempre é unilateral e o lado acometido geralmente
é o mesmo em todas as crises.

Cefaleias secundárias: são sintomas causados por distúrbio detectável. Possuem


diagnóstico facilitado porque são ligadas a outros acontecimentos. São causas das
cefaléias secundárias: traumatismo craniano; distúrbio vascular craniano ou cervical;
distúrbio intracraniano não-vascular; uso abusivo ou abstinência de substâncias; infecções;
distúrbios da homeostasia ou do controle regulador; distúrbios do crânio, pescoço, olhos,
orelhas, nariz, seios da face, dentes, boca ou outras estruturas faciais ou cranianas;
transtorno psiquiátrico; neuralgias cranianas e causas centrais de dor facial.

Fibromialgia:
Dor generalizada crônica e hipersensibilidade à estímulos mecânicos Resposta anormal do
eixo hipotálamo-hipofisário ao estresse.
Associada a outras síndromes dolorosas crônica.
Considerações gerais:
1. Patogenia não esclarecida.
2. Redução generalizada no limiar de dor mecânica (compressão).
3. Prevalência feminina 9:1
4. Queixa de insônia, fadiga e angústia.
Nos interessa apenas saber os diagnósticos, para diferenciá-las das afecções que devem
ser tratadas pelo dentista.
Explicação do livro:
● Dor generalizada crônica há mais de 3 meses (partes superior e inferior do corpo,
região lombar) e hipersensibilidade aos estímulos mecânicos evidenciada em mais
de 11 dos 18 pontos dolorosos. Além da dor musculoesquelética os pacientes
também se queixam de insônia, fadiga e angústia.
● É decorrente de uma resposta anormal do eixo hipotálamo-hipofisário ao estresse,
associada a outros transtornos significativos de humor e outras síndromes dolorosas
crônicas, tais como síndrome da guerra do Golfo e lombalgia.
● ‘Síndrome dolorosa crônica que se caracteriza por dor generalizada, pontos
dolorosos, distúrbios do sono e fadiga extrema’.
● A Síndrome fibromiálgica (SFM) não apresenta uma única manifestação específica,
mas constitui um complexo de sinais e sintomas.
● O elemento mais importante no seu diagnóstico é a dor musculoesquelética crônica
(há mais de 3 meses) generalizada de origem desconhecida. A dor deve ser relatada
em todos os quatro quadrantes do corpo e também na região lombar, entretanto não
necessariamente ao mesmo tempo.
● Sinais e sintomas: insônia e fadiga; alodinia mecânica (pontos dolorosos);
sensibilidade central (somação temporal anormal da segunda dor); ativação
exagerada das áreas encefálicas relacionadas com a dor (evidenciada por
ressonância magnética); resposta hipotálamo-hipófisária anormal ao estresse;
disautonomia (variabilidade anormal da frequência cardíaca, hipotensão medida por
mecanismos neurais).
● A Alodinia mecânica é avaliada através dos pontos dolorosos localizados nas áreas
das inserções tendíneas a partir de um algômetro ou por compressão com o polega.
O ponto doloroso é positivo quando o limiar da dor é alcançado a aplicação de
pressões menores que 4kg, ou quando se aplica pressão com o polegar e o limiar de
dor é alcançado (antes que o leito do polegar empalideça).
Artigo:
● FM é uma síndrome clínica de etiologia desconhecida, que acomete principalmente
mulheres, sendo caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica,
tipicamente associada a fadiga, distúrbios do sono, distúrbios do humor, entre outros
sintomas. É relacionada, em sua fisiopatologia, a uma desregulação
neuromodulatória central. O diagnóstico da FM é essencialmente clínico, sendo os
critérios definidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) em 1990.
● A Prevalência da FM varia em média de 0,5%a 5%na população em geral;
predomina no sexo feminino (9:1) e acomete um número maior de indivíduos na
faixa etária de 30 a 60 anos. A prevalência de FM não sofre influência de raça, nível
socioeconômico ou cultural.
Dor e a vida social:
● Limitações
● Qualidade de vida
● Atendimento
● Mudanças de Humor
● Relação com a depressão
Artigo:
● Em relação ao gênero feminino: Apesar de tanto as cefaléias primárias quanto a FM
serem prevalentes no gênero feminino, a FM é proporcionalmente mais freqüente do
que as cefaléias primárias nesse gênero. Diferentemente do que ocorre com a M, na
qual a faixa etária mais acometida está entre os 20 e 40 anos de idade, na FM a
maior prevalência é observada em pacientes com idades pouco mais avançadas.
● Tanto na FM como na cefaléia, a dor é o principal sintoma. Dor é associada com
alterações no processamento central do estímulo sensitivo. Ainda, as síndromes
dolorosas são caracterizadas pela diminuição no limiar da dor e na diminuição da
capacidade de atuação dos sistemas descendentes de modulação da dor. A relação
de comorbidade entre cefaléia e FM pode indicar a existência de alguma forma de
sensibilização central comum às duas doenças, com compartilhamento de eventos
neuroquímicos.
● Nicolodi et al.(17) relataram que M e FM teriam em comum uma desregulação no
sistema serotoninérgico e hiperalgesia difusa associada a um padrão anormal
de síntese de óxido nítrico. A indução de uma deficiência de serotonina por
meio da administração de fenclonina a pacientes migranosos levou ao surgimento
de dor difusa. Esse quadro de dor característico da FM foi revertido com a
suspensão da medicação. Ainda, realizaram um estudo farmacológico em que
bloquearam receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), relacionados à presença de
hiperalgesia, quando excitados. Outro braço do estudo foi a administração de
cetamina, um antagonista NMDA, a pacientes com MC (n = 97) e com FM (n = 35)
refratárias aos tratamentos convencionais. Após 15 dias, houve melhora significativa
dos sintomas dolorosos.
● Em 1999, Okifuji et al.(18) observaram que dos 70 pacientes com cefaléia primária
(M e CTT) avaliados, 28 apresentaram hiperalgesia difusa à digito-pressão
muscular, apesar de não se queixarem desse sintoma.
● Peres et al.(28) relataram que os pontos dolorosos (tender points) da FM poderiam
ser considerados como uma alodínia que, provavelmente, seria a expressão clínica
de uma sensibilização central secundária ao aumento de glutamato no sistema
nervoso central.
● Conclusão do artigo: Poucos são os estudos epidemiológicos que demonstram a
relação entre FM e cefaléia. Os dados publicados na literatura não são homogêneos
quanto à amostragem e à metodologia empregada, dificultando comparações.
Assim, seus achados e conclusões devem ser interpretados com cautela. Com base
nos estudos avaliados, ainda não é claro se o diagnóstico de cefaléia é mais
prevalente nos pacientes com FM. Contudo, pode-se observar que FM é muito mais
prevalente nos pacientes com cefaléia primária, especialmente M, quando
comparada com a sua freqüência na população em geral. A análise realizada neste
trabalho permite inferir que, num ambulatório de cefaléia de atendimento terciário, a
provável prevalência de fibromialgia é em torno de 30%.

ESTUDO DIRIGIDO
1- Dores de cabeça causadas pelo uso de medicação excessiva, ou por consumo de
álcool, são classificadas como secundárias. Explique o que são dores de cabeça
primárias, dando 3 outros exemplos de ambas.
R: Cefaléia primária são distúrbios por si só. O livro cita a não existência de alterações intra
cranianas, mas alguns exames podem apontar modificação nos impulsos nervosos, por
exemplo. A cefaleia secundária é decorrente de alguma outra alteração, que trás consigo a
dor.
2- Estabeleça aspectos diagnósticos diferenciais entre as dores de cabeça tensional e
Migrânea.
R: A dor de cabeça tensional apresenta apenas um estímulo entre s diversos que podem
ser apontados na migranea, entre eles: náuse, fotofobia e fonofobia. A migrânea geralmente
é pulsátil e unilateral.
3- Cite 5 características da dor de cabeça em salva.
R: Congestão nasal, queimação na região, ptose, rinorreia e sudorese.
4- Segundo o artigo, todos os pacientes com Fibromialgia têm Cefaléia primária? Se
não, explique a relação que o artigo apresenta sobre essas duas morbidades.
R: Não. No entanto, em um local para tratamento de Fibromialgia, 1/3 em média dos
pacientes apresentarão Cefaléia. O tratamento de ambas é independente apesar de
acontecer essa associação no seu acontecimento.
5- Qual é a cefaleia mais frequente?
R: Tensional.
6- Qual é o aspecto clínico mais comum, observado no Current, dos pacientes com
Cefaléia tensional?
R: A ausência de outros fatores normais as outras cefaleias. O diagnóstico de cefaleia
tensional termina sendo por exclusão, visto ser importante tratá-la após a exclusão de
qualquer outra causa.
7- Qual é o exame por imagem utilizado para o diagnóstico da Cefaléia por salvas ou
trigeminal? Que região ele explora e qual é o resultado que aponta uma condição
positiva a essa morbidade?
R: Ressonância Magnética. Hiperatividade do Hipotálamo.
8- Observando o Current, descreva uma manifestação clínica de cefaléia por salva ou
trigeminal.
R: A crise começa repentinamente, com dores fortes e termina abruptamente também.
Ocorre em órbita e têmpora e possui curta duração.
9- Descreva clinicamente um paciente que possui Fibromialgia.
R: Dor musculo esqueletal crônica generalizada, ligada a quadros de ansiedade, fadiga
constante e insônia. \Essa dor localizada acontece não somente em pontos, mas de
maneira generalizada com uma baixa do limiar de dor do paciente como um todo.
10- O que são eventos desencadeantes para os pacientes com Fibromialgia?
R: São acontecimentos que antecedem uma crise como: traumatismo físico, infecções,
sofrimento emocional, distúrbios endócrinos e ativação imunológica que, em alguns casos,
provoca distúrbios auto- imunes e respostas graves no SNC.

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