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Aula terceira (Direito Administrativo)

Assunto: A Marcha do Procedimento Administrativo de Iº grau para tomada de uma


decisão.

- Fases do procedimento decisório do 1º grau.

Entende-se por marcha de procedimento administrativo quer a dinâmica


procedimental destinada a obter uma decisão administrativa (procedimentos decisórios),
quer a sucessão estruturada de actos e formalidades tendentes à execução de um acto
administrativo (procedimento executivo).
Aliás, como refere José de Almeida, a marcha do procedimento administrativo
determina quais as formalidades, actos e factos que concorrem na formação estrutural
da vontade da Administração cuja pretensão determina a invalidade do acto final.

Fases do procedimento decisório do 1º grau


O procedimento administrativo do 1º grau tem quatro fases regulares e uma
complementar, se necessário:
 Fase da iniciativa (47º a 56º do DL nº 16-A/95) – é a fase em que se dá
o início ao procedimento. Nos procedimentos administrativos de 1º grau, a iniciativa
pode resultar dos órgãos da Administração Pública ou dos particulares (29º). Os
procedimentos administrativos de iniciativa particular inciam-se a requerimento dos
interessados e os requisitos constam no art. 45º .
A apresentação do requerimento pode consistir no envio postal, com aviso de
recepção (art.46º).
O requerimento, uma vez recebido, é obrigatoriamente objecto de registo e dele
será passado recibo (art. 48º).
Sobre o requerimento pode recair um despacho inicial de serviço e pode assumir
os seguintes conteúdos:
a) Aceitação;
b) Indeferimento liminiar;
c) Aperfeiçoamento, se o requerimento não satisfazer todas as exigências.

 Fase da instrução (art. 51º a 54º) – é a fase da recolha das provas que
habilitarão a tomada da decisão final. É a fase onde se procede à recolha e ao tratamento
dos dados indispensáveis à tomada da decisão.
As diligências a realizar, para obtenção de provas podem traduzir-se no seguinte:
a) Pedido de pareceres, a solicitar a especialista em determinadas áreas do
saber ou a órgão colegial consultivo;
b) Recolha e apreciação de documento;
c) Audição de pessoas.

 Fase da audiência dos interessados (art. 52º e 53º) – a possibilidade de


notificação dos interessados, na fase introdutória, não dispensa que, finda a instrução, se
cumpra a formalidade da audiência dos interessados. Nos termos da lei, o órgão
instrutor pode dispensar a audiência dos interessados, se os elementos constantes do
procedimento conduzirem a uma decisão favorável aos interessados;

 Fase da decisão (art. 56º) – é a fase em que o órgão competente profere


a decisão final, que pode ser precedida de um relatório do instrutor se a instrução não
foi feita pelo órgão que toma a decisão;

 Fase complementar – é a fase em que se ocupam as formalidades


posteriores à decisão final do procedimento, como por exemplo, aprovação tutelar, visto
do Tribunal de Contas, notificações aos destinatários da decisão, etc.

O procedimento administrativo extingue-se, via de regra, com a tomada de


decisão, ou por outras causas, a saber:
a) A desistência do pedido e a renúncia dos interessados aos direitos ou
interesses que pretendiam fazer valer no procedimento;

b) A deserção dos interessados, expressa pela falta de interesse dos


particulares;

c) A impossibilidade ou nulidade superveniente do procedimento, resulta


da impossibilidade física ou jurídica do respectivo objecto ser exigível ou
quando o procedimento perde a sua utilidade prática;

d) A falta de pagamento de taxa ou dispesas, nos casos em que a lei exige a


comparticipação nos encargos pela utilidade que se tira ou se espera a ter.
A eventualidade de não se poder custear os honorários fixados pela
administração é motivo bastante para por termo ao procedimento;

e) E, finalmente, quando se verifica uma omissão juridicamente relevante


que dá lugar ao “acto tácito”.

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