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TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA E A EXCLUSÃO DA

RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA

A teoria da actio libera in causa pode ser definida como aquela em que o
agente, de uma maneira consciente, coloca-se no estado de inimputabilidade,
sendo desejável ou ao menos previsível o cometimento de alguma ação ou
omissão penalmente punível em nosso ordenamento jurídico pátrio, não podendo
trazer a tona a inconsciência do agente no momento da ação delituosa.

Entende-se como sendo a situação em que determinado sujeito agente


pratica um comportamento criminoso sendo inimputável, ou ao menos incapaz de
agir, mas, que em momento anterior ao do crime, ele mesmo tenha se colocada
nesta situação de ausência de imputabilidade ou de capacidade de ação,
propositalmente, ou ao menos previsível.

Nesta teoria, para que seja aferida a imputabilidade penal, no caso de


embriaguez, o tempo do crime é desprezado e considera-se como o marco da
imputabilidade penal o período que antecede a embriaguez, em que o agente
espontaneamente decidiu consumir bebida alcoólica.

É invocada, por sua vez, a fim de justificar a punição do agente que se


encontrava em um estado de inconsciência ao tempo do cometimento do crime,
de modo que, para que o agente responda pelo fato, necessário se faz que o
resultado produzido posteriormente seja ao menos previsível no momento do
consumo da substância alcoólica.

Podemos trazer como exemplo, quando o agente propositalmente consome


bebida alcóolica, embriagando-se, a ponto de perder a noção do razoável e
começar a importunar ofensivamente o pudor de uma mulher.
Nota-se que, o estado de embriaguez do agente é tanto que, compromete
a capacidade de discernimento do sujeito, de maneira que, esse fator será
irrelevante para efeito de sua responsabilidade penal, ou seja, responderá
penalmente pelo delito sexual correspondente.

Essa teoria é penalmente aplicada para os casos de embriaguez


preordenada, quando o agente se embriaga com o fito de cometer crime; aos
casos de embriaguez voluntária, quando o agente tem a intenção apenas de
embriagar-se; sobre a embriaguez culposa, quando o agente não tem a intenção
de embriagar-se, mas apenas de beber e sobre demais casos de estado de
inconsciência.

Contudo, essa teoria não se aplica aos casos de embriaguez acidental ou


fortuita, que são os casos em que o indivíduo não tinha a opção de ingerir ou não
o álcool ou substância análoga a este.

Nesses casos de embriaguez completa e involuntária, ou seja, aquela que


é oriunda de caso fortuito ou força maior, exclui-se por completa a culpabilidade d
agente, visto que, como supracitado, o mesmo não tinha opção de escolha entre
ingerir ou não substância que altere seu estado de consciência.

Portanto, como elucidado neste texto, a teoria actio libera in causa será
apenas aplicada apenas aos casos de embriaguez voluntária, dolosa ou culposa,
imputando ao agente a responsabilidade penal objetiva do delito que cometer,
ainda que “inimputável” ao tempo do crime.

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