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IMPORTÂNCIA DA TEMPERATURA NO PROCESSO DE CRESCIMENTO E

DESENVOLVIMENTO DO GLADÍOLO

ROGÉRIO PEIXOTO AMARAL

O crescimento e o desenvolvimento vegetal do Gladíolo têm uma forte relação com a


temperatura. A temperatura tem grande impacto sobre a fotossíntese e respiração da planta,
pois influencia diversas reações bioquímicas ligadas a esses dois processos fisiológicos
(TAIZ; ZEIGER, 1998). Cada processo vital é ajustado dentro de uma faixa de temperatura,
mas o crescimento ótimo só pode ser alcançado se os diversos processos envolvidos no
metabolismo e no desenvolvimento estiverem em harmonia (LARCHER, 2000).
O efeito da temperatura na germinação das sementes pode ser expresso em termos de
temperaturas cardeais, que são mínima, ótima e máxima (Malavasi, 1988). Essa influência
pode ser também observada na presença ou ausência de eventos, como inflorescência por
exemplo; e duração do ciclo da planta.
Cultivos realizados em meses mais frios apresentam maior duração do ciclo, ou seja,
ocorre um atraso no florescimento, enquanto em cultivos realizados nos meses mais quentes o
florescimento ocorre antes (SCHWAB et al., 2015).
O gladíolo se adapta a diferentes tipos de solos e a variações de temperatura do ar e do
solo, por isso é considerada uma planta rústica. A temperatura do ar ótima para o cultivo está
entre 20ºC e 25ºC, mas se desenvolve bem em uma faixa de 15ºC a 30ºC. Temperaturas
extremas causam queimaduras na planta e atrasam seu desenvolvimento e produção de flores
(PAIVA et al., 1999; SCHWAB et al., 2018).
As temperaturas baixas e baixa luminosidade podem provocar um atraso na colheita,
gerar plantas com tamanho reduzido, hastes secas ou com baixo número de botões florais,
caracterizando uma diminuição da qualidade das plantas como um todo (SEVERINO, 2007).
Nowak et al. (1992 apud SCHWAB et al., 2018) afirmam que flores de origem
subtropical e tropical não devem ser expostas a temperaturas inferiores a 4°C e 7°C,
respectivamente, porque abaixo dessas temperaturas pode ocorrer calafrios, apresentando
sintomas como descoloração, lesões necróticas nas pétalas e nas sai e demora em abrir o botão
floral.
Além do impacto no crescimento e desenvolvimento, os bulbos (cormos) de Gladíolo
apresentam um período de dormência, que pode ser quebrado pela prática da vernalização.
A vernalização das mudas consiste em fornecer às plantas artificialmente condições de
temperatura para que ocorra a diferenciação das gemas em botões florais, na época em que
tais condições não ocorrem naturalmente (BALDINI, 1997). A dormência pode ser quebrada
artificialmente pelo armazenamento à frio (em torno de 5ºC). A exposição dos cormos, após o
armazenamento à frio, à temperatura ambiente irá induzi-los à brotação (SCHWAB et al.,
2015).
Percebe-se assim a importância das temperaturas cardinais, visto que elas indicam as
técnicas recomendadas para o melhor estabelecimento da cultura.

REFERÊNCIAS

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 2. ed. Sunderland: Sinauer Associates,


1998. 792 p.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: Rima, 2000. 531 p.
MALAVASI, M.M. Germinação de sementes. In: Pinã-Rodrigues, F.C.M. Manual de
análise de sementes florestais. Campinas: Fundação Cargill, 1988. p.25-40.
SCHWAB, N.T.et al. Como uma planta de gladíolo se desenvolve. UFSM, CCR,
Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Santa Maria, p. 23, 2015a.
SCHWAB, N.T. et al. Parâmetros quantitativos de hastes florais de gladíolo conforme a
data de plantio em ambiente subtropical. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.50, p.902-911,
2015b
PAIVA, P.D.O. et al. Cultura do gladíolo. Lavras: UFLA-Departamento de Agricultura,
1999. 12p.
SCHWAB, N. T. et al. Duration of cycle and injuries due to heat and chilling in
Gladiolus as a function of planting dates. Ornamental Horticulture, v.24, p.163-173, 2018.
SEVERINO, C.A. de M. Cultivo comercial de Palma de Santa Rita (Gladiolussp.
Tourm.). Brasília: Ibict, Serviço Brasileiro de RespostasTécnicas; Salvador: Rede de
Tecnologia da Bahia, p.22, 2007.
BALDINI, E.M. Vernalização de duas cultivares de morango: produção e análise
econômica. 1997. 54f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

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