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Estive pensando em alguns motivos que fazem o paciente evitar ou parar a terapia

precocemente. As justificativas dadas podem ser variadas, como falta de dinheiro, de tempo,
estar ali porque outra pessoa quer que ele esteja. Me parece que algumas dessas razões são
também usadas para justificar outras. Nem sempre temos coragem de dizer o que realmente
sentimos.

Quando li esse trecho expresso na imagem em um dos textos de Von Franz percebi o quanto
isso é uma realidade na terapêutica contemporânea.

Alguns insights são alcançados pelo paciente, e ele se sente melhor. Acredita que já não
precisa mais da terapia.

É mesmo necessário que algum alívio da sobrecarga psíquica seja experimentada. O


inconsciente traz essa paz para que o ser sinta-se mais livre e com maior esperança.

Porém, trabalhar com dores emocionais por tão pouco tempo não atinge as camadas mais
profundas. Então em algum momento, muito próximo por sinal, a angústia pode voltar.

Pensando no lado do terapeuta, que desenvolve a percepção dessa "esperança" que o


inconsciente dá mas que o dá apenas com o intuito de fortalecer primordialmente - e não
exatamente tratar, é preciso praticar o desapego, pois não é possível desejar pelo outro a
ponto de "o obrigar a ficar". Sempre será ele quem escolherá o próprio caminho.

Ao terapeuta resta a sabedoria de não usar a percepção desenvolvida como uma ameaça. O
que está ao seu alcance é fazer o convite, ciente de que poderá ser aceito ou não pelo outro
lado.

Por Mical Cavalcante

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