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Gil Vicente

Por Daniele Fernanda Feliz Moreira


Apesar da escassez de referências precisas sobre esse importante
personagem, é possível compilar algumas informações convergentes entre
historiadores e pesquisadores. Gil Vicente foi um dramaturgo e poeta
português, criador de vários autos é considerado um dos maiores
representantes do teatro popular em Portugal. Nasceu em Guimarães no ano
de 1465 e faleceu em Évora, no ano de 1536.

No início do século XVI, há referência a um Gil Vicente na corte, participando


dos torneios poéticos. Em documentos da época, aparece outro Gil Vicente, o
ourives, a quem é atribuída a Custódia de Belém (1506), recipiente para
exposição de hóstias feita com mais de 500 peças de ouro. Há ainda mais um
Gil Vicente que foi "mestre da balança" da Casa da Moeda. Alguns autores
defendem, sem provas, que os três seriam a mesma pessoa, embora a
identificação do dramaturgo com o ourives seja mais viável, dada a abundância
de termos técnicos de ourivesaria nos seus autos. Seu nome apareceu pela
primeira vez, em 1502, quando encenou a peça “Auto da Visitação” ou
“Monólogo do Vaqueiro”, em homenagem ao nascimento do príncipe D. João,
futuro D. João III.

Gil Vicente. Ilustração: via Wikimedia Commons


Embora tenha vivido em pleno Renascimento, Gil Vicente não se deixou afetar
pelas concepções humanísticas do período, retratando, por meio de suas
peças, os valores populares e cristãos da vida medieval. Seu teatro é
caracterizado como primitivo e popular, embora tenha surgido no ambiente da
corte, com a finalidade de servir ao entretenimento nos serões oferecidos ao
rei. A produção de Gil Vicente também se deu por meio de poemas ao estilo
das cantigas dos Trovadores medievais.

São atribuídas ao dramaturgo lusitano mais de quarenta peças, algumas em


espanhol e muitas em português, onde criticava impiedosamente toda a
sociedade de seu tempo. O valor do teatro vicentino encontra-se na sátira,
muitas vezes agressiva, contrabalançada pelo pensamento oriundo da
religiosidade cristã predominante à época. Sua obra é rica pela universalidade
dos temas e pelo lirismo poético que soube colocar na arte, em plena
atmosfera renascentista.

Constata-se que de sua observação satírica ninguém escapava: papa, rei, clero
feiticeiras, alcoviteiras, judeus, moças casadoras e agiotas. Vários tipos foram
ridicularizados: a imperícia dos médicos - “Farsa dos Físicos”, a prática das
feiticeiras - “Auto das Fadas”, o comportamento do clero – “O Clérigo da Beira”,
entre outros.

De acordo com o assunto abordado, a obra de Gil Vicente pode ser classificada
em três fases: na primeira fase, (1502-1508), com influência espanhola de Juan
del Encina, o autor apresenta peças que possuem um conteúdo religioso, entre
elas: “Auto da Visitação”, “Auto Pastoral Castelhano”, “Auto de São Martinho” e
“Auto dos Reis Magos”.

Na segunda fase, (1508-1516), a sátira social apresenta ampla visão da


sociedade da época, a arte possui uma linguagem ferina, e adquire caráter
mais pessoal, são dessa época suas obras-primas: “Quem Tem Farelos?”,
“Auto da Índia” e “Exortação da Guerra”.

A terceira fase (1516-1536) atinge sua maturidade intelectual. Aparece, ao lado


da crítica de costumes, atitudes moralizantes de caráter medieval. São dessa
época as melhores obras teatrais da Literatura Portuguesa: “Farsa de Inês
Pereira”, “Auto da Beira”, “O Clérigo da Beira”, “Auto da Lusitânia”, “Comédia
do Viúvo”, “Trilogia das Barcas” (Auto das Barcas do Inferno, Auto da Barca do
Purgatório e Auto da Barca da Glória) e “A Floresta dos Enganos” de 1536, sua
última obra.

Bibliografia:

https://www.ebiografia.com/gil_vicente/

http://www.iea.usp.br/pessoas/CurriculumVitaeGilVicenteAPessoa.pdf
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/gil-vicente/

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