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Ribeirão Preto SP • Julho 2016 • Ano 17 • nº 209

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Caderno

GAF16 GRÃOS AEDES AEGYPTI BIOELETRICIDADE


Global Agribusiness Produção deve Bagaço da cana Biomassa representa
Forum discute cair 5,4% na entra na briga 8,8% da matriz
"Agropecuária
do Amanhã"
safra 2015/16 contra o mosquito 1 elétrica do Brasil
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Editorial

Parceria de Sucesso

Diretor: Plínio César

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Editor Chefe: Doca Pascoal


Reportagem: Doca Pascoal e Marcela Falsarella
Colaboradores desta edição: Alexandre Carolo e
Leonardo Massuda
Setor agro reage diante
Revisão: Agostinho Francisco Nicolas
Editor Gráfico: Jonatas Pereira
de possível nova tributação
E sta edição traz uma repercussão sobre a ideia do governo federal de taxar
as empresas exportadoras do agronegócio nacional como uma das medi-
das para cobrir o rombo da Previdência Social. O INSS seria o instrumento de
Contato: redacao@canamix.com.br
tributação, mas vale lembrar que atualmente os exportadores agrícolas são
Outras publicações da Agrobrasil: isentos deste imposto. A notícia caiu como uma bomba no setor, embora o pre-
Guia Oficial de Compras
sidente interino da República, Michel Temer, tenha negado qualquer discussão
do Setor Sucroenergético
Revista CanaMix sobre o assunto no Executivo. Segundo ele, "quem vai definir a reforma da
Portal CanaMix Previdência é o Congresso".
Mesmo com a negativa de Temer, o setor agrícola se apressou
Publicidade: a rechaçar qualquer medida que venha a criar taxas que comprometam o de-
Alexandre Richards (16) 98828 4185
sempenho do agronegócio brasileiro, considerado um pilar de equilíbrio da
alexandre@canamix.com.br
Fernando Masson (16) 98271 1119 economia nacional. No entanto, é bom que o setor se mantenha em alerta, uma
fernando@canamix.com.br vez que há quem defenda a ideia de tributação de empresas agrícolas expor-
Marcos Afonso (11) 94391 9292 tadoras. A Força Sindical se posicionou favorável à referida taxação e garante
marcos@canamix.com.br
que a medida é "vista com bons olhos" pelas demais entidades que integram
Nilson Ferreira (16) 98109 0713
nilson@canamix.com.br as Centrais Sindicais (UGT, NCST e CSB).
Plínio César (16) 98242 1177 Mas o "contra" prevalece. "Isso é nonsense", disse o ex-ministro
plinio@canamix.com.br
da Previdência Roberto Brant, consultor da Confederação Nacional da Agri-
Assinaturas: redacao@canamix.com.br cultura e Pecuária do Brasil (CNA). O mesmo termo foi usado pelo presidente
do Grupo Maubisa, Maurílio Biagi Filho. "Uma loucura", disse o atual ministro
da Agricultura, Blairo Maggi. A T&C ouviu alguns empresários e lideranças do
Grupo AgroBrasil
setor agro brasileiro sobre o assunto. Confira os depoimentos nesta edição.
R. Genoveva Onofre Barban, 495 - 14056-340
ABCZ - Julho é o mês decisivo para a campanha eleitoral que
Planalto Verde - Ribeirão Preto - SP
16 3620 0555 / 3234 6210 / 3446 3993 / 3446 7574 vai definir a nova diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Zebu,
www.canamix.com.br para o triênio 2016/2019. A eleição será no dia 1º de agosto. Na disputa, Ar-
naldo Manuel de Souza Machado Borges e Frederico Cunha Mendes. Ambos
Para assinar, esclarescer dúvidas sobre sua concederam entrevista à Terra&Cia para apresentar as propostas que julgam
assinatura ou adquirir números atrasados:
mais adequadas para a gestão de uma das maiores entidades representativas
SAC 16 3620 0555 e 3234 6210-
2º a 6º feira, das 9h às 12h e das de gado do mundo, com mais
13h30 às 18h. de 20 mil associados. Boa sorte
a ambos. Qual seja o resultado,
Artigos assinados e mensagens publicitárias refletem ponto
de vista dos autores e não expressam a opnião da revista. É a T&C deseja muito sucesso no
permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que
citada a fonte.
comando da ABCZ. Boa leitura! Plínio César
Diretor

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Sumário

8
Capa
Eleição ABCZ
Disputa à presidência
entra na reta final

22 30 64
GAF16 Bioeletricidade BeefExpo 2016
- Global Agribusiness Forum - Biomassa representa 8,8% - Evento destaca pecuária de
discute "Agropecuária do da matriz elétrica do Brasil corte brasileira
Amanhã"

Eleição ABCZ
8 - Entrevista com Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges,
27 - Caderno CanaMix chapa A a Z, ABCZ para todos
14 - Entrevista com Frederico Cunha Mendes, chapa ABCZ unida
Bioeletricidade
35 - Governo reavalia leilões de energia de 2016
38 - Desempenho das usinas à biomassa cresce Biotecnologia
10,5% no 1º tri de 2016 18 - Pesquisa genômica pode aumentar produtividade do Nelore
39- Empresários defendem maior uso de bioeletricidade

GAF16
Controle biológico 24 - Desperdício de alimentos é um dos temas do Fórum
40 - Bagaço da cana entra na briga contra 26 - Programação do GAF 2016
Aedes aegypti

Sustentabilidade
Censo Varietal 2016 54 - Relatório avalia produção simultânea de alimentos e bioenergia
44 - Ridesa inicia levantamento anual de variedades de cana
45 - Variedades RB ocupam 65% dos canaviais em SP e MS
Grãos
56 - Produção deve cair 5,4% na safra 2015/16
Produtividade 58 - Soja brasileira interrompe sequência de recordes
47 - Estudo avalia eficiência agrícola da cana-de-açúcar

Horticultura
Notas 60 - 23ª Hortitec prevê alavancar R$ 100 milhões em negócios
50 - Unica lança fórum bianual em setembro
50 - Nissan desenvolve célula de combustível baseada em etanol
51 - Jacyr Costa é homenageado pela Embaixada da França 71 - Caderno Turismo & Negócios
no Brasil 72 - Pousada Alto Xingu. Pérola da pesca no Mato Grosso
51 - Guarani Tereos renova sua marca de açúcar
52 - Nardini Agroindustrial lança Ouvidoria
52 - Workshop da Esalq/USP discute cadeia sucroenergética Política Setorial
53 - Siamig recebe premiação ambiental em MG 78 - Governo planeja taxar empresas exportadoras do agronegócio

Opinião
82 - Tá no agro, tá favorável, por Leonardo Massuda

5
Capa

Disputa à
presidência da
ABCZ é acirrada
Dois candidatos
querem o comando
de uma das
maiores entidades
representativas de
gado do mundo.
Associados vão
escolher a nova
diretoria no dia
1º de agosto

6 José Maria Matos


Alexandre Carolo ção às articulações políticas com o governo
e Congresso, além da maior aproximação

N
a reta final da campanha à presidên- com lideranças empresariais e entidades
cia da Associação Brasileira dos de classe que também representam os pe-
Criadores de Zebu (ABCZ), para cuaristas e produtores rurais brasileiros. O
o triênio 2016/2019, a revista Terra&Cia candidato defende a seguinte filosofia: "ou-
entrevista os candidatos Frederico Cunha vir, aprender, modernizar, evoluir".
Mendes e Arnaldo Manuel de Souza Ma- Do outro lado, Arnaldo, candi-
chado Borges. Ambos disputam o coman- dato da oposição, médico-veterinário com
do de uma entidade com mais de 20 mil as- 37 anos de atuação junto à ABCZ, da qual
sociados, que tem a missão de promover o é hoje vice-presidente. Arnaldinho, como é
aumento sustentável da produção mundial chamado, quer o fortalecimento do elo en-
de carne e leite, através do registro gene- tre a ABCZ e os criadores, através da va-
alógico, melhoramento genético e promo- lorização do trabalho do Corpo Técnico da
ção das raças zebuínas. entidade, do aprimoramento de todas as
A eleição, que está marcada ferramentas de melhoramento e programas
para o dia 1º de agosto de 2016, prome- de avaliação das raças, além do fomento
te ser disputada. De um lado, Frederico, das atividades de criação, comercializa-
médico-veterinário que na atual gestão da ção e promoção do zebu.
ABCZ atua como diretor de Tecnologia da Arnaldo defende a "desburo-
Informação e também do Programa de Me- cratização dos serviços e uma ABCZ mais
lhoramento Genético das Raças Zebuínas democrática", o que, segundo ele, são rein-
(PMGZ), uma de suas principais bandeiras vindicações e reclamações dos criadores.
de campanha. Fred, como é chamado, de- Entre as bandeiras da campanha de oposi-
fende "um grande salto com o nosso pro- ção estão a "redução de custos, a transpa-
grama de melhoramento genético das ra- rência financeira e a reversão dos déficits
ças zebuínas, o PMGZ 100%". consecutivos desde 2013 e da queda dos
Frederico, candidato que Registros Genealógicos, tanto de nasci-
conta com o apoio do atual presidente da mento como definitivos". Arnaldo quer uma
ABCZ, Luiz Claudio Paranhos, também entidade "moderna, democrática, dinâmi-
destaca os avanços da entidade em rela- ca, uma ABCZ Para Todos - de A a Z".

7
Capa

Divulgação
Transparência,

Arnaldo Manuel de Souza


democratização e
descentralização da
ABCZ são algumas das
bandeiras de campanha

Machado Borges - A a Z,
de Arnaldo Manuel

ABCZ para todos


T
erra&Cia - O que motivou sua candi- final da gestão do presidente Eduardo Bia-
datura à presidência da ABCZ para o gi, quando foi selada nossa participação na
próximo triênio, após anos sem que sucessão da presidência da ABCZ. Por ter-
houvesse oposição? mos a certeza que deveríamos dar mais um
passo importante em nosso trabalho para a
Arnaldo Manuel de Souza ABCZ, confirmamos e oficializamos a deci-
Machado Borges - A decisão pela candida- são da candidatura para o próximo triênio
tura à presidência da ABCZ foi consolidada 2016/2019. A minha trajetória de trabalho
a partir do apoio de criadores de diversas motivou esse desafio, pois viajo o Brasil in-
regiões do Brasil e do importante manifesto teiro e alguns países na realização do traba-
assinado por 100 tratadores e colaborado- lho com Zebu e ouvi e conheço as reinvindi-
res que nos foi entregue durante a Expoinel cações e reclamações dos criadores, entre
Nacional 2012, que a tornou não apenas elas, a desburocratização dos serviços e
uma escolha, mas um compromisso e res- uma ABCZ mais democrática, com portas
ponsabilidade perante os criadores e téc- verdadeiramente abertas para todos. Por
nicos. Esse compromisso foi ratificado ao isso, nosso objetivo é fazer uma ABCZ de A

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9
Capa
a Z e trabalhar em parceria forte com as de- eu encabeço, representa o preparo, reno-
mais entidades do setor rural, como as as- vação e a mudança voltados, principal-
sociações de raças e os Sindicatos Rurais. mente, para democratização e expansão
Por essa trajetória de dedicação, preparei da ABCZ, ou seja, uma ABCZ de todos e
para representar os zebuzeiros do Brasil, ao para todos. Esses pontos divergem com a
lado de representantes de todas as raças, continuidade. Queremos fortalecer a con-
para buscar a democratização e descentra- fiança, resgatar o orgulho de ser associado
lização de uma entidade de importância his- e rumo ao futuro de uma ABCZ cada vez
tórica, política, social e aberta para novos mais forte. Entre nossas bandeiras para mu-
"Ouvi e conheço
horizontes, com uma gestão transparente, dança estão a redução de custos, a trans-
as reinvindicações
verdadeira e participativa; enfim, uma ABCZ parência financeira e a reversão dos défi-
e reclamações para todos. cits consecutivos desde 2013 e da queda
dos criadores, dos Registros Genealógicos, tanto de nas-
entre elas, a T&C - Como o senhor avalia a cimento como definitivos. Os serviços de
desburocratização atuação de Frederico Cunha Mendes na di- registro e melhoramento genético (progra-
dos serviços e retoria da ABCZ? mas PMGZ, PROGENETICA e PNAT) são
uma ABCZ mais Arnaldo - Frederico é diretor pilares da ABCZ em prol de todas as raças
na atual gestão da ABCZ e, na distribuição e associados. Por isso, vamos valorizar o
democrática"
de funções como acontece no início de trabalho do Corpo Técnico, o elo forte entre
cada nova diretoria, recebeu a atribuição na a ABCZ e os associados. Esse comprome-
área de informática. É filho de José Olavo timento é uma preocupação nossa de bas-
Borges Mendes, ex-presidente por três ges- tante tempo e nos levou a defender a rea-
tões, e avalio que Frederico tem a possibili- bertura dos Escritórios Técnicos Regionais
dade de continuar trilhando seu caminho. O do Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
interesse dos associados é conhecer bem Rio de Janeiro, aprovada recentemente, e
cada candidato e suas propostas. Por isso, a abertura do ETR de Santa Catarina, ainda
durante as eleições, o mais importante para não admitida apesar do crescente número
o associado é que cada candidato apresen- de associados naquele Estado. A experi-
te sua experiência prática e suas propostas ência aliada à renovação está na própria
para a futura gestão. Esse é nosso objetivo formação da nossa diretoria. Os diretores e
durante toda a campanha, juntamente com conselheiros são associados com trabalho
o desafio de ouvir as reinvindicações dos e liderança conhecidos e realizados com
associados de todas as raças e regiões. competência, de todas as raças e modelos
de criação, e sua grande maioria participa-
T&C - Quais os principais pon- rá pela primeira vez da gestão da ABCZ.
tos de convergência e de divergência em Também inovamos ao trazer a participação
relação às propostas do candidato adver- de um integrante do Conselho de Jurados
sário? das Raças Zebuínas na Diretoria, através
Arnaldo - Todos nós quere- de Valdecir Marin Junior, jurado com mais
mos trabalhar em prol da ABCZ e do Zebu de 30 anos e conhecido de todos os asso-
e esse propósito deve estar presente an- ciados. São atributos em prol da mudança
tes, durante e após as eleições. Isso é uma para avançar.
convergência que deve existir sempre. A
Diretoria ‘A a Z, ABCZ para todos’, a qual T&C - Quais mudanças ou ini-

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Divulgação

Arnaldo (quarto da
ciativas o senhor avalia como fundamentais e o desempenho dos serviços.
esquerda para a direita)
e urgentes para a ABCZ? T&C - Que mensagem o se- recebe apoio de ex-
presidentes da ABCZ
Arnaldo - É fundamental a nhor gostaria de deixar para os eleitores
abertura das portas da ABCZ aos associa- nesta reta final de campanha?
dos em todas as atividades da entidade,
o que abrange a transparência, o diálogo Arnaldo - Falta pouco para
permanente, as parcerias com entidades, que o associado da ABCZ vá às urnas di-
associações, sindicatos e órgãos governa- zer o que quer para a entidade nos próxi-
mentais. As mudanças serão debatidas e mos três anos. Pode parecer um simples
iniciadas desde o primeiro dia da gestão, gesto, mas é muito importante que todo
reformulando e resgatando o importante associado, ativo ou não, participe, conhe-
trabalho do Conselho Deliberativo Técnico, ça os candidatos, diretorias e propostas,
formando comissões para discutir as rein- e vote, por cédula a ser recebida e de-
vindicações de todas as raças, programas, volvida via correio ou pessoalmente dia
serviços e regulamentos, e fortalecendo o 1º de agosto. Acreditamos na renovação
"Entre nossas
elo entre ABCZ e seus associados através e avanço da ABCZ. Todos os associados bandeiras para
do Corpo Técnico. de todas as raças podem contar conosco mudança estão
e o apoio e participação de todos são fun- a redução
T&C - Qual será o seu primei- damentais. Agradeço a todos que apoiam de custos, a
ro despacho caso seja eleito presidente da e contribuem para a campanha e nosso transparência
ABCZ? trabalho. Sou muito honrado e grato por
financeira e
Arnaldo - Estamos prepara- cada oportunidade e gesto de respeito
a reversão
dos para iniciar o trabalho imediatamente nos eventos, reuniões, feiras, exposições
e já contamos com apoio de muita gente e visitas realizadas, bem como por cada dos déficits
competente disposta a contribuir, além dos comentário e sugestão. Além de nos con- consecutivos
membros da diretoria. Respeitando o pro- ferir grande responsabilidade, toda essa desde 2013"
cedimento democrático, formaremos pron- união fortalece nosso trabalho em busca
tamente o conselho de cada raça zebuína, do avanço da ABCZ em todas as áreas, de
comissões e grupos de trabalho. Também A a Z, promovendo uma gestão propositi-
será prioridade a decisão para implantar as va e de resultados pautada no respeito, na
ações necessárias para a transparência das ética e na verdade. Vamos juntos, por uma
atividades e contas da ABCZ, esclarecendo ABCZ moderna, democrática, dinâmica,
aos associados sobre a realidade financeira uma ABCZ Para Todos - de A a Z.

11
Capa

Chapa A a Z, ABCZ para todos

O pecuarista Carlos Viacava é candidato a vice-


presidente da ABCZ na chapa de Arnaldo Manuel
Divulgação

Presidente - Arnaldo Manuel de - Claudia Irene Tosta Junqueira


Souza Machado Borges - Eduardo Falcão de Carvalho
1° Vice - Carlos Viacava - Fabiano França Mendonça Silva
2° Vice - Marco Antônio Andrade - Gabriel Garcia Cid
Barbosa - Gil Pereira
3° Vice - Ronaldo Andrade Bichuette - Luiz Antônio Felippe
- Marcelo Antônio Neto Breijão Ártico
Diretores - Marcos Antônio Astolphi Gracia
- Ana Cláudia Mendes Souza - Rivaldo Machado Borges Júnior
- Arnaldo Prata Filho - Valdecir Marin Júnior
- Cícero Antônio de Souza

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Fermentação em Primeiro Lugar
Mais que um SLOGAN
Um principio que esta no centro de nossas crenças.

LEVEDURAS:
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CanaMax®
Varias outras leveduras

LEVEDURAS AVANÇADAS (celulósico):


C5 FUEL®

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Protemosto™ LIQ
IsoBio™
TetraBio™

brazil.lallemandbds.com
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Frederico Cunha
Mendes - ABCZ unida
Ale Carolo / alecarolo.com

T
Frederico: "Tenho origem
familiar rural e de criação erra&Cia - O que motivou sua candi- versas regiões do Brasil, de técnicos e de
das raças zebuínas, sou
pecuarista, agricultor, técnico
datura à presidência da ABCZ para entidades parceiras da ABCZ, eu aceitei
de campo trabalhando há o próximo triênio? motivado principalmente pela responsabi-
24 anos como veterinário,
portanto entendo as
lidade que temos com a continuidade do
dificuldades do setor" Frederico Cunha Mendes - A processo de profissionalização e moder-
ABCZ é uma associação que conquista a nização que vem sendo feito a várias ge-
todos os que convivem com o seu trabalho, rações. Sabemos que há muito por fazer,
principalmente quem teve a oportunidade novas melhorias, novos avanços e os de-
de testemunhar e fazer parte dos avanços safios são ainda maiores. A ABCZ trabalha
que vem sendo implantados ao longo das em equipe e temos um time profissional,
últimas gestões. Avanços nos serviços, na qualificado. Estamos unidos e motivados,
representatividade, na gestão e na capa- esse trabalho não pode parar.
cidade de articulação política, de somar
esforços com outras entidades em defesa T&C - Como o senhor avalia
do produtor rural brasileiro. Tenho origem a atuação de Arnaldo Manuel de Souza
familiar rural e de criação das raças zebu- Machado Borges na vice-presidência da
ínas, sou pecuarista, agricultor, técnico de ABCZ?
campo trabalhando há 24 anos como ve- Frederico - Não me sinto à
terinário, portanto entendo as dificuldades vontade para avaliar a atuação do nosso
do setor. Então, quando eu recebi a indica- adversário. Mas posso falar da avaliação
ção e o apoio dos meus colegas diretores, que recebi da maioria absoluta dos mem-
e também de muitos outros criadores de di- bros da atual diretoria. E posso afirmar

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que o apoio dado à nossa candidatura se como: uma sofisticada infraestrutura de
deu justamente pela capacidade demons- tecnologia da informação, que envolve o
trada, na prática, na liderança do progra- desenvolvimento de softwares, manuten-
ma de melhoramento genético da ABCZ. ção de serviços online 24 horas por dia,
Como diretor de Tecnologia da Informação sete dias por semana e o maior banco de
e também do Programa de Melhoramen- dados de raças zebuínas do mundo; uma
to Genético das Raças Zebuínas - PMGZ, área comercial atuante, que realiza gran-
nós articulamos a formação de uma equi- des eventos; e um sistema de gestão pa-
pe altamente profissional, com técnicos da drão internacional, que é inclusive certifi-
própria casa e cientistas das instituições cado pelas normas ISO 9001 e ISO 14001.
de pesquisa mais conceituadas do Brasil, É preciso muita disposição, energia, ca-
e a aquisição de softwares de padrão in- pacidade, vontade e conhecimentos múl-
ternacional. Orientamos a criação de no- tiplos para lidar com todas estas questões
"O apoio
vos serviços e investimos no fortalecimento no dia a dia. dado à nossa
do corpo técnico da entidade, dotando a candidatura se
ABCZ das melhores ferramentas para mo- T&C - Quais mudanças ou deu justamente
dernizar e melhorar a produtividade da pe- iniciativas o senhor avalia como fundamen- pela capacidade
cuária comercial brasileira nas próximas tais e urgentes para a ABCZ? demonstrada,
décadas, tanto para a produção de carne Frederico - A ABCZ tem que
na prática, na
como de leite. Os resultados apareceram. seguir em frente, não pode parar ou andar
liderança do
Graças a uma equipe técnica extremamen- para trás. Até porque as mudanças já estão
te profissional e dedicada, o PMGZ cresceu acontecendo. É fundamental mantermos programa de
100% e tem 96% de satisfação por parte o rumo da modernização e o aumento da melhoramento
dos criadores que adotam o programa. representatividade que já vem sendo rea- genético da
lizado pelo presidente Cau Paranhos (Luiz ABCZ"
T&C - Quais os principais Claudio de Souza Paranhos Ferreira), que
pontos de convergência e de divergência faz este trabalho com muita dedicação e
em relação às propostas do candidato ad- competência à nossa pecuária. Ganhamos
versário? espaço no relacionamento com o governo
Frederico - Publicamos o nos- e o Congresso, com as lideranças empre-
so plano de trabalho bem antes. E quando sariais e políticas de todo o país, com o
vimos as propostas que surgiram depois, MAPA e CNA, além das entidades de clas-
avaliamos que muitas são até semelhantes. se que também representam os pecuaris-
Mas a questão principal, no nosso entendi- tas e produtores rurais. Da mesma forma
mento, não são só as propostas. Mas sim a com empresas parceiras e apoiadoras.
capacidade de executá-las. O presidente Este trabalho é importantíssimo, e precisa
da ABCZ hoje, mais do que nunca, tem que continuar. Por isso, vamos trabalhar ouvin-
ser vendedor, para levar adiante nossas do as entidades do setor, dialogar com as
ideias. Construir parcerias com entidades, universidades, com a cadeia produtiva,
patrocinadores e apoiadores. Tomar deci- governo, Congresso e a sociedade em ge-
sões o tempo todo sobre os processos da ral. Nossa proposta é de manter e reforçar
associação, que vão das atividades técni- nossas ações em defesa da segurança
cas, que todos conhecem até o que pouca jurídica dos produtores, no combate às in-
gente já teve oportunidade de vislumbrar, vasões de terras, na luta com todo o setor

15
Capa

produtivo, pelas conquistas do novo Có-


digo Florestal. Participaremos ativamente
das ações para o fortalecimento da Frente
Parlamentar do Agronegócio, por meio do
Instituto Pensar Agro. Seguiremos com as
ações junto ao Supremo Tribunal Federal
em defesa dos produtores (Funrural, Códi-
go Florestal). Enfim, a articulação política
e os relacionamentos citados continuarão
sendo uma prioridade em nossa gestão.
Tudo isso pensado para termos uma clas-
se produtora cada vez mais forte, unida e
Frederico: "Vamos trabalhar ouvindo as entidades
valorizada. do setor, dialogar com as universidades, com
a cadeia produtiva, governo, Congresso e a
sociedade em geral"
T&C - Qual será o seu primei-
ro despacho caso seja eleito presidente da Ale Carolo / alecarolo.com
ABCZ?
"Publicamos Frederico - Somos uma equi- ma de melhoramento genético das raças
o nosso plano pe que dirige a entidade de forma dedica- zebuínas, o PMGZ 100%. Para isso con-
de trabalho da, apaixonada pelo Zebu, mas que o faz tratamos novos cientistas e técnicos, cria-
bem antes. E de forma profissional, aberta e sem vaida- mos e equipamos o centro de pesquisa e
quando vimos as des pessoais. Nossa ideia, logo de início, é desenvolvimento da ABCZ com todos os
intensificar este trabalho em parceria com recursos humanos e tecnológicos. Investi-
propostas que
toda a cadeia produtiva, inclusive no mer- mos na formação dos nossos colaborado-
surgiram depois,
cado externo, que beneficia diretamente res e dos colaboradores dos nossos asso-
avaliamos que ciados porque acreditamos no trabalho em
os nossos associados e pecuaristas em
muitas são até geral. Temos que fazer a nossa parte (me- equipe, em pessoas. Atingimos o nosso
semelhantes" lhoramento genético, nutrição, manejo, sa- objetivo e é com esse mesmo espírito que
nidade, sustentabilidade, gestão) e somar agora vamos incentivar cada vez mais os
esforços com os demais elos da pecuária criadores, principalmente os pequenos e
(fornecedores, indústria, comércio, institui- médios. Mostrar os melhores resultados na
ções, mercado internacional). O mercado Expogenética, na ExpozebuDinâmica, no
mundial vai crescer e seremos mais fortes Progenética, no PNAT, nos dias de campo,
se atuarmos de forma articulada. Todos os em nossas comunicações. Vamos fomen-
produtores se beneficiarão desta visão de tar o uso de animais registrados e com
mercado e atuação conjunta. Acreditamos avaliação genética. Abrir mais mercados,
em soluções conjuntas e compartilhadas. democratizando e contribuindo com o au-
mento da produtividade e competitividade
T&C - Que mensagem o se- da pecuária comercial, de corte e de leite.
nhor gostaria de deixar para os eleitores Esta é a nossa filosofia - ouvir, aprender,
nesta reta final de campanha? modernizar, evoluir. Por isso precisamos
Frederico - Entramos na do seu voto e do seu apoio para continuar
ABCZ com um objetivo muito específico: esta evolução. Para seguir em frente, vote
dar um grande salto com o nosso progra- Fred Presidente – ABCZ unida.

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Biotecnologia

Pesquisa genômica pode


aumentar produtividade
do Nelore

Ale Carolo / alecarolo.com

A raça Nelore representa

I
mais de 80% do rebanho de
gado de corte nacional nformações obtidas a partir de um amplo aproximadamente 68 mil CNVs.
mapeamento de regiões de duplicação Para comprovar os resultados,
genômica, conhecidas como CNVs (Copy o grupo de cientistas sequenciou material
Number Variations), em animais da raça genético de oito genearcas (touros que foram
Nelore, podem aumentar a acurácia das importantes para a formação da raça no Bra-
avaliações de bovinos. O trabalho realizado sil), como contraprova. "A sobreposição dos
por pesquisadores brasileiros da Embrapa resultados obtidos comprovou a solidez das
Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) análises realizadas, já que 92% das CNVs
identificou trechos que apresentam possíveis foram observados com os dois métodos",
relações com doenças genéticas e caracte- ressalta Caetano. O estudo utilizou duas tec-
rísticas de importância econômica como a nologias de ponta da área de genômica para
qualidade da carne. comprovar a alta incidência de duplicações
De acordo com o coordenador e deleções no genoma do Nelore, em regi-
do trabalho, Alexandre Caetano, "trata-se ões que afetam características de produção.
do mapa de CNVs mais extenso do mundo A pesquisa foi executada em
com bovinos dessa raça". O estudo, iniciado parceria entre o Laboratório Multiusuário de
há dois anos, mapeou pela primeira vez as Bioinformática da Embrapa Informática Agro-
CNVs usando uma amostragem ampla do pecuária (SP), Embrapa Recursos Genéticos
gado Nelore, levando à conclusão de que e Biotecnologia (DF), Embrapa Gado de Cor-
64% do genoma desses bovinos apresentam te (MS), Unicamp e Unemat. De acordo com
regiões de variações de número de cópias. Caetano, os avanços das pesquisas na área
O cientista conta que os genótipos de 700 mil de genômica e marcadores moleculares nas
marcadores moleculares de 1,7 mil animais últimas décadas levaram à observação de
foram analisados, resultando na detecção de que muitas regiões do genoma de organis-

18
mos complexos, como os humanos e ani- todo inovador e inédito na literatura científica
mais de produção, apresentam duplicações mundial até o momento. "Os resultados obti-
e deleções de genes. dos identificaram regiões com CNVs que po-
A alta incidência dessas regi- dem estar sob forte seleção nas duas raças
ões em todo o genoma estimulou cientistas e que possuem regiões do DNA que afetam
de vários países a desenvolver pesquisas características de produção e qualidade do
para caracterizar as chamadas CNVs (Copy leite e carne, conhecidas como QTL (Quanti-
Number Variations) e, mais recentemente, tative Trait Locus)".
detectar seu efeito sobre doenças genéticas Um total de 47 CNVs foram
e características fenotípicas, como altura, observadas em frequências altas, baixas
peso, produção de leite, entre outras. Estu- ou divergentes entre as duas raças, repre-
dos realizados com humanos levaram à con- sentando assinaturas de seleção que serão
clusão surpreendente de que mais de 70% avaliadas em estudos futuros, podendo levar
do genoma humano apresentam CNVs, ou à identificação de regiões do genoma que
regiões de duplicação genômica. controlam características de importância
Caetano explica que essas ob- econômica para a bovinocultura.
servações levaram a novas pesquisas para As conclusões do estudo mos-
avaliar a possível correlação das CNVs com tram que, a partir das análises realizadas, é
doenças genéticas e características produti- possível afirmar que as CNVs têm impacto
vas, entre outras. Diante da importância da nas características de produção dos bovinos
pecuária de corte para a economia brasilei- da raça Nelore. E, mais do que isso: compro-
ra e da raça Nelore, que representa mais de vam definitivamente que a inclusão de infor-
80% do rebanho de gado de corte Nacional, mações de CNVs nas avaliações genômicas
os pesquisadores da Embrapa e das univer- trarão avanços para o melhoramento genéti-
sidades decidiram se unir para estudar a fun- co do Nelore.
do as CNVs nessa raça. Segundo Alexandre, essas in-
O País tem hoje o maior reba- formações poderão ajudar os melhoristas
nho comercial de bovinos do mundo (mais na seleção de material genético. Além disso,
de 200 milhões de animais) e ocupa o se- futuramente, poderão contribuir em novas
gundo lugar como maior produtor de carne pesquisas científicas para identificar genes
bovina, atrás apenas dos Estados Unidos. causadores de doenças genéticas ou com
Estudos realizados por outros impacto na produtividade de carne do Ne-
grupos demonstraram que as CNVs podem lore, em prol da pecuária de corte no Brasil.
Arquivo
afetar características de produção e qualida-
de do leite na raça Holandesa. "Esses estu-
dos mostraram que a inclusão de dados de
CNVs nos modelos de análise genética pode
trazer ganhos de acurácia nas avaliações
genômicas e, portanto, impactar as taxas de
ganho no melhoramento genético", afirma
Alexandre.
A equipe brasileira comparou
os resultados obtidos no gado Holandês com
Estudo pode ajudar a identificar genes
as CNVs observadas no Nelore, com um mé-
causadores de doenças genéticas ou com
impacto na produtividade de carne do Nelore,
em prol da pecuária de corte no Brasil

19
20
21
GAF16

Datagro

GAF reúne os

Global Agribusiness Forum


grandes expoentes da
agricultura mundia

discute "Agropecuária
do Amanhã"

T
udo pronto para o Global Agribu- senvolvimento sustentável.
siness Forum 2016 (GAF16), maior Para contribuir com as dis-
evento de agronegócio global, que cussões, um elenco de personalidades
acontece dias 4 e 5 julho, no Hotel Grand do setor já confirmou presença. Entre os
Hyatt, em São Paulo, SP. Este ano o en- destaques desta edição, o GAF conta com
contro vai reunir os grandes expoentes da a participação da Darci Vetter, Chefe de
agricultura mundial para discutir o tema Agricultura da United States Trade Repre-
“Agropecuária do Amanhã: Fazer mais sentative, por meio do USDA, apontando a
com menos - Disseminando as bases do importância do agronegócio no desenvol-
desenvolvimento sustentável”. O GAF16 vimento. Já Alan Bojanic, representante da
debaterá o futuro da agropecuária e a bus- FAO no Brasil, abordará questões relacio-
ca de alternativas aos desafios para o de- nadas à segurança alimentar e geopolítica.

22
Durante a programação, os de comunicação do país. Os especialistas
delegados poderão acompanhar de- darão suas visões sobre a importância e o
mais palestras ministradas por José Ma- posicionamento do consumidor diante do
nuel Silva Rodríguez, ex-diretor geral de agronegócio.
agricultura da Comissão Europeia; Juan Outros 40 conceituados lí-
Carlos Marroquín, presidente da Nestlé deres e especialistas contribuirão com
Brasil; Julius Schaaf, ex-presidente da novas discussões do setor em constan-
United States Grains Council e Maizall; te desenvolvimento. Serão debatidos
e Maurício Antônio Lopes, presidente da assuntos como a promoção comercial,
Embrapa. o desafio de abastecer o mundo, a pro-
Renomadas personalida- dução sustentável, as projeções globais
des de outros segmentos da sociedade para a agricultura até 2050, entre outros.
também estarão engajadas nessas dis- O GAF terá transmissão ao vivo e pode-
cussões. Está confirmada a presença de rá ser assistido por qualquer plataforma
Drauzio Varella, oncologista e autor de digital. O evento acontece a cada dois
diversos artigos sobre qualidade dos ali- anos e é realizado pela Datagro, SRB,
mentos, e de Nizan Guanaes, fundador Abramilho e ABCZ. Saiba mais no site
do Grupo ABC, um dos maiores grupos globalagribusinessforum.com.

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23
Arquivo
Cerca de 41 mil toneladas de
alimentos são desperdiçadas,
diariamente, no Brasil Desperdício de alimentos
é tema do GAF16

O
desafio de produzir cada vez mais alimentos são desperdiçadas, diariamente,
alimentos com menos recursos no Brasil. Dados esses números, a Organi-
e de forma mais sustentável será zação das Nações Unidas para Alimenta-
uma das discussões do Global Agribusi- ção (FAO) coloca o Brasil na lista dos dez
ness Forum 2016. O tema estará em pauta países que mais desperdiçam comida em
abordado por especialistas como Alan Bo- todo o mundo.
janic, representante da FAO Brasil, Ibiapa- “Com essa quantidade que
ba Netto, diretor executivo da Associação nós desperdiçamos poderíamos alimentar
Nacional dos Exportadores de Sucos Cí- 25 milhões de pessoas. Infelizmente nós vi-
tricos (CitrusBR), além de Drauzio Varella, vemos num país onde a fome não é levada
renomado médico Oncologista. a sério devido à abundância de alimentos”,
Diante da preocupação de diz Camila Kneip, coordenadora de nutri-
como alimentar o mundo com cada vez ção da ONG Banco de Alimentos.
menos recursos surge um dado alarman- Segundo Camila, existe uma
te. Segundo estimativa do Instituto Akatu série de fatores que inutilizam os alimentos.
realizada neste ano, 41 mil toneladas de Seja no campo, devido à utilização de téc-

24
Everton Amaro/Fiesp
nicas inadequadas no plantio, no comér-
cio, com formas erradas de manusear os
produtos, e até mesmo na casa do consu-
midor, que compra mais do que necessita.
Todo esse excesso, muitas vezes jogado
no lixo. “Somos todos responsáveis pelo
desperdício dos alimentos. Infelizmente
nós temos uma cultura de consumo exa-
gerado e de que ‘é melhor sobrar do que
faltar’ – o que colabora para o aumento dos Alan Bojanic, representante
dados”, afirma a nutricionista. lizar tudo que ele oferece sem desperdiçar. da FAO Brasil

Entretanto, não é exclusivida- “Desta forma, para preparar as receitas


de do Brasil a questão do desperdício. Se- dentro do conceito AIA, são utilizadas fo-
gundo a FAO, em toda a América Latina, lhas, cascas, entrecascas, talos e semen-
são descartados 127 milhões de toneladas tes de diversos alimentos”.
de alimentos por ano. Em nível global, a De acordo com a nutricionista,
população se desfaz de 1,3 bilhão de to- seguindo a linha do AIA, é possível apro-
neladas por ano, quantidade que seria su- veitar partes importantes de frutas e verdu-
ficiente para alimentar mais que o dobro ras que possuem alto valor nutricional, que,
das pessoas que hoje sofrem de falta de na maioria das vezes, vão para o lixo. Veja
alimentos (em torno de 800 milhões). alguns exemplos:
Para tentar reverter esse qua- - Os talos do agrião contêm grande con-
dro, alguns países na Europa contam com centração de ferro, cálcio e vitamina C;
projetos, feitos em parceria com super- - As folhas da cenoura são ricas em vi-
mercados para minimizar o desperdício e tamina A;
conscientizar as pessoas. Camila Kneip - A casca da laranja é rica em cálcio e
cita algumas iniciativas, como Les Gueles pode ser usada caramelizada;
Cassés, na França; Fruta Feia, em Portu- - A parte branca (entrecasca) da melan-
gal; e o Second Bite, na Austrália. Ela res- cia e do melão é rica em fibras e potássio.
salta, ainda, uma lei aprovada na França É muito comum que todos es-
em 2015, proibindo supermercados de ses itens citados acima sejam descartados
mais de 400 metros quadrados de jogarem todos os dias. Afinal, muitos pensam que
comida fora. “Todo esse alimento, ou se são apenas sobras e que tais alimentos po-
destina para compostagem ou para ração dem ser prejudiciais à saúde. Mas Camila
animal”. garante: “Estes micronutrientes atuam em
Como amenizar o desperdí- diversas funções corporais e são essen-
cio? - A coordenadora de nutrição da ONG ciais para um bom funcionamento do or-
Banco de Alimentos pontua que grande ganismo, regulando o trato gastrointestinal,
parte da população brasileira normalmen- prevenindo contra doenças cardiovascu-
te inutiliza partes não convencionais dos lares e contra a diabetes”. Seguindo esse
alimentos. É nesse momento que pode ser conceito de reaproveitar ao máximo os ali-
inserido o conceito de Aproveitamento In- mentos, a ONG recolhe doações de diver-
tegral dos Alimentos (AIA), que consiste sas empresas e auxilia na alimentação de
na utilização total do alimento, ou seja, uti- 22 mil pessoas diariamente.

25
Programação GAF16
DIA 04 DE JULHO Palestrantes: João Paulo Ribeiro Capobianco, presidente do Instituto de
08:00 - 09:00 - CAFÉ DE BOAS-VINDAS Desenvolvimento Sustentável (IDS); Jason Clay, vice-presidente sênior
09:00 - 09:20 - CERIMÔNIA DE ABERTURA OFICIAL de Mercados e Alimentação da World Wildlife Fund (WWF); Julius Scha-
Palestrante: Cesário Ramalho da Silva, presidente do Conselho do Glo- af, ex-presidente do United States Grains Council e Maizall (USGC), EUA
bal Agribusiness Forum, Brasil 18:30 - 20:30 - COQUETEL
09:20 - 09:40 - DISCURSO DE ABERTURA
Palestrante: Pamela Johnson, farmer and past president of NCGA - Na- DIA 05 DE JULHO
tional Corn Growers Association, USA 08:00 - 09:00 - CAFÉ DE BOAS-VINDAS
09:40 - 10:10 -KEYNOTE ADDRESSES 1 - PLANEJANDO A AGRICUL- 09:00 - 10:00
TURA DO FUTURO PAINEL 6 - PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE PROTEÍNA ANIMAL
Moderador: Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura, Brasil Moderador: Luiz Claudio Paranhos, presidente da ABCZ, Brasil
Palestrante: Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abasteci- Palestrantes: Geraldo Bueno Martha Junior, coordenador da Embra-
mento do Brasil pa Labex-USA; Luis Osvaldo Barcos, representante regional para as
10:10 - 11:00 - PAINEL 1 - SEGURANÇA ALIMENTAR E GEOPOLÍTICA Américas da World Organisation for Animal Health (OIE), França; Mar-
Moderador: Alan Jorge Bojanic, representante da FAO no Brasil cos Molina, presidente do conselho administrativo da Marfrig Global
Palestrantes: Marcos Jank, vice-presidente de Assuntos Corporativos Foods, Brasil
e Desenvolvimento de Negócios da BR Foods, Singapura; Jean-Pierre 10:00 - 11:00 - KEYNOTE ADDRESS 3 - PERCEPÇÃO DO CONSUMI-
Lehmann, professor emérito de Economia Política Internacional, IMD & DOR SOBRE O AGRONEGÓCIO
Founder - Grupo Evian, Suíça; Luiz Vieira, sócio e vice-presidente da Moderador: Plinio Nastari, presidente da Datagro, Brasil
PWC, Brasil Palestrante: Nizan Guanaes, fundador do Grupo ABC, Brasil
11:00 - 11:30 - INTERVALO PARA CAFÉ 11:00 - 11:40 - INTERVALO PARA CAFÉ
11:30 - 12:30 11:40 - 12:40 - PAINEL 7 - O PAPEL DO AGRONEGÓCIO NO DESEN-
PAINEL 2 - PROMOÇÃO COMERCIAL E O DESAFIO DE ABASTECER VOLVIMENTO ECONÔMICO
O MUNDO Moderador: José Manuel Silva Rodríguez, ex-diretor geral de Agricultu-
Moderador: Rubens Barbosa, Instituto de Relações Internacionais e Co- ra da Comissão Europeia, Bélgica
mércio Exterior (IRICE), Brasil Palestrantes: Marcos Pereira, ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Palestrantes: José Serra, ministro das Relações Exteriores do Brasil Comércio Exterior do Brasil (convidado); Itamar Glazer, Deputy Director
(convidado); David Barioni Neto, presidente da Apex-Brasil; Juan Car- for Research & Development, ARO – Agricultural Research Organiza-
los Marroquín, presidente da Nestlé Brasil; Darci Vetter, chief agricultural tion, The Volcani Center & Full Professor, Hebrew University, Israel; José
negotiator da United States Trade Representative, Washington, DC María Sumpsi, presidente da Fundación Triptolemos, Espanha (convi-
12:30 - 14:00 - ALMOÇO dado); Octavio de Barros, economista chefe do Banco Bradesco S/A
14:00 - 15:20 - PAINEL 3 - AGREGANDO VALOR À PRODUÇÃO AGRÍ- 12:40 - 14:00 - ALMOÇO
COLA 14:00 - 15:00 - PAINEL 8 - FINANCIAMENTO E SERVIÇOS
Moderador: Julie Borlaug, diretor associado da The Norman Borlaug Moderador: Renato Sucupira, presidente da BF Capital, Brasil
Institute for International Agriculture, Texas A & M, EUA Palestrantes: Alvaro Dabus, diretor executivo da AD Corretora de Se-
Palestrantes: Flavio Castelar, diretor executivo da APLA Brasil; Sergio C. guros, Brasil; Oscar Chemerinski, global corporate director, manufac-
Trindade, Former Under Secretary General for Science and Technolo- turing, agribusiness and services department da International Finance
gical Development, United Nations, New York, USA; Alain Jeanroy, pre- Corporation (IFC) – World Bank Group, USA (convidado); Claudia Pra-
sidente da Confederation Generale des Planteurs de Beterrave (CGB), tes, diretora administrativa do BNDES, Rio de Janeiro
Paris, França; Ignacio Lopez, professor associado do Institute of Agri- 15:00 - 16:00 - PAINEL 9 - COMMODITIES: O MERCADO
culture and Environment, Massey University, New Zealand Moderador: Sergio Bortolozzo, ex-presidente da Maizall e presidente
15:20 - 16:00 - KEYNOTE ADDRESS 2 - TECNOLOGIA OU IDEOLOGIA da Abramilho, Brasil
Moderador: Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasi- Palestrantes: Etsuo Kitahara, diretor executivo do International Grains
leira (SRB) Council (IGC), Reino Unido; Jean-Marc Anga, diretor executivo da In-
Palestrante: Rodrigo Santos, presidente da Monsanto para a América ternational Cocoa Organization, África; José Orive, diretor executivo da
Latina International Sugar Organization (ISO), Reino Unido; Angela Pellegrino
16:00 - 16:40 - INTERVALO PARA CAFÉ Missaglia, consultora independente do Sindirações, Brasil
16:40 - 17:30 - PAINEL 4 - AGRICULTURA ENERGÉTICA COMO FA- 16:00 - 16:40 - INTERVALO PARA CAFÉ
TOR DE DESENVOLVIMENTO 16:40 - 17:40 - KEYNOTE ADDRESS 4 - OLHANDO PARA O FUTU-
Moderador: Alberto Morelli, vice-presidente e ex-presidente da MAI- RO: NUTRIÇÃO E QUALIDADE DOS ALIMENTOS
ZAR- Associação Argentina de Milho e Sorgo Moderador: Ibiapaba Netto, diretor executivo da Associação Nacional
Palestrantes: Fernando Bezerra Coelho Filho, ministro de Minas e Ener- dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Brasil
gia do Brasil (convidado); Luis Roberto Pogetti, presidente do Conselho Palestrante: Drauzio Varella, Oncologista da USP, Brasil
da Copersucar; Víctor Villalobos, presidente do Instituto Interamericano 17:40 - 18:10 - PAINEL 10 - PROJEÇÕES GLOBAIS PARA A AGRI-
de Cooperación para la Agricultura (IICA), México; Monte Shaw, diretor CULTURA: VISÃO ATÉ 2050
executivo da Iowa Renewable Fuels, EUA Moderador: Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do Brasil
17:30 - 18:30 - PAINEL 5 - O DESAFIO DA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL Palestrantes: Maurício Antônio Lopes, presidente da Embrapa, Brasil;
Moderador: Evaristo Eduardo de Miranda, chefe geral da Embrapa Mo- Warren Preston, Deputy Chief Economist, USDA, Washington, EUA
nitoramento de Satélite 19:00 - 19:30 - CONCLUSÕES

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BIOELETRICIDADE
Cana representa 78,2% das fontes de biomassa

Aedes aegypti Censo Varietal 2016 Produtividade


Larvicida extraído Ridesa inicia Estudo avalia
do bagaço vira arma levantamento eficiência agrícola
contra o mosquito anual da planta
27
28
29
Bioeletricidade

Ale Carolo / alecarolo.com


O setor sucroenergético
detém hoje 7% da potência

Biomassa representa
outorgada pela Aneel no
Brasil, sendo a terceira fonte
de geração mais importante
da matriz elétrica nacional

8,8% da matriz elétrica


em termos de capacidade
instalada

do Brasil
Doca Pascoal sa lista, com 20% do total, o equivalente
a 2.803.847 KW. As outras fontes de bio-

A
potência outorgada pela Agên- massa, como resíduos animais, resíduos
cia Nacional de Energia Elétrica sólidos urbanos, biocombustíveis líquidos
(Aneel) na matriz elétrica do Brasil e outros agroindustriais, dividem os 11,8%
indica que a biomassa é responsável por restantes.
8,83% do total nacional, o equivalente a A participação de menos de
14.019.781 KW. Das fontes de biomassa, 9% da biomassa na matriz elétrica brasilei-
o bagaço da cana-de-açúcar represen- ra pode parecer pouca. De fato, poderia ser
ta 78,2% do total com 11.008.691 KW. O bem maior, mas vale destacar a importân-
setor florestal vem em segundo lugar nes- cia dessas fontes de energia no contexto

30
ambiental. Números elaborados pela União Brasil, sendo a terceira fonte de geração
da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) em mais importante da matriz elétrica nacional
junho de 2016, a partir de dados da Aneel, em termos de capacidade instalada, atrás
mostram que a biomassa aparece em ter- somente da fonte hídrica e das termelétri-
ceiro lugar na lista, atrás das fontes fósseis cas com gás natural.
que representam 17,25% da matriz elétrica Histórico recente - A evolu-
total, com 27.388.731 KW. A fonte hídrica ção anual de capacidade instalada nacio-
se mantém na liderança com 66,95%, o nal mostra que a fonte biomassa teve seu
equivalente a 106.296.520 KW. recorde em 2010, com 1.750 MW (equiva-
A bioeletricidade, fonte limpa lente a 12,5% de uma Usina Itaipu), resulta-
de geração de energia, assume a segunda do de decisões de investimentos anteriores
posição na matriz elétrica brasileira quan- a 2008, quando o cenário era estimulante à
do se estratifica a fonte fóssil, oriunda basi- expansão do setor sucroenergético. A fon-
camente do gás natural, petróleo e carvão te biomassa, que já chegou a representar
mineral. Isso porque o gás natural, líder dos 32% do crescimento da capacidade ins-
fósseis com 13.214.271 KW, possui capa- talada no País, tem previsão de terminar
cidade instalada inferior à fonte biomassa 2016 com apenas 7% da expansão anual
A fonte hídrica se
(tabela). Com referência somente à bioele- da capacidade instalada no Brasil, índice mantém na liderança
da matriz energética
tricidade da cana, o setor sucroenergético que poderá cair para apenas 3% em 2020.
brasileira com 66,95%
detém hoje 7% da potência outorgada no Em 2014 as usinas a biomas- de participação,
o equivalente a
106.296.520 KW

31
Bioeletricidade
sa aumentaram em mais de 20% a gera- mês. O setor sucroenergético também tem
ção para o Sistema Interligado Nacional apresentado um crescimento significativo
(SIN), em relação ao ano anterior. Já 2013, na oferta de eletricidade para o Sistema
o aumento foi de 32% em relação à 2012. Interligado Nacional. De 2013 para 2014 o
A geração pela biomassa em geral con- crescimento na oferta de excedentes para
tinuou crescendo em 2015, mas em um a rede foi de 21%. Já em 2015 a variação
ritmo menor comparativamente com anos foi de 4% em relação ao ano anterior.
anteriores. De janeiro a dezembro do ano A oferta de 20,2 TWh do setor
passado, dados da Câmara de Comerciali- sucroenergético à rede em 2015 represen-
zação de Energia Elétrica (CCEE) mostram tou uma economia de 14% da água nos re-
que a bioeletricidade gerou um volume servatórios do submercado elétrico Sudes-
aproximadamente 9% superior para o SIN te/Centro-oeste, justamente porque essa
em comparação a igual período de 2014. geração ocorre na época de seca, período
O valor acumulado de 2015 mostra que a crítico do setor elétrico. Essa energia reno-
biomassa gerou o equivalente a abastecer vável e limpa ofertada à rede foi equivalente
11,7 milhões de residências brasileiras. a ter provido o atendimento a 10,4 milhões
Ainda de acordo com a CCEE, de residências ao longo de 2015 e evitou a
em agosto de 2015 a fonte biomassa bateu emissão de 8,6 milhões toneladas de CO2,
seu recorde histórico de geração mensal volume que somente seria alcançado com
para a rede, chegando a representar 8% do o cultivo de 60 milhões de árvores nativas
consumo nacional de eletricidade naquele ao longo de duas décadas.

32
33
Bioeletricidade

Desde 2013 o setor sucroe- usinas que podem passar por um processo
nergético vem gerando mais energia elé- de reforma (retrofit) para aproveitarem ple-
trica para o SIN do que para o consumo namente o bagaço, a palha e o biogás da vi-
próprio das unidades industriais, ficando nhaça, para oferecer bioeletricidade à rede.
numa relação 60% de energia para a rede O último Plano Decenal de Ex-
e 40% para consumo próprio em 2014. De pansão de Energia (PDE 2024) indica que
2010 a 2014, em termos de indicador de a geração de bioeletricidade sucroener-
kWh exportado para a rede elétrica por to- gética para a rede tem potencial técnico
nelada de cana processada, a bioeletrici- para chegar a mais de seis vezes o volume
dade teve um incremento de quase 120%. de oferta à rede em 2015, considerando o
De 2004 a 2015, a bioeletricidade do ba- aproveitamento pleno da biomassa exis-
gaço de cana já comercializou um total de tente (bagaço e palha) nos canaviais no
120 projetos nos leilões regulados soman- ano passado. O PDE mostra ainda que o
do 1.622 MW médios (ou 14.209 GWh para potencial técnico de geração anual para a
entrega anual). rede pela biomassa da cana pode ir além
Além do Leilão A-5 2016, reali- e alcançar quase duas usinas do porte de
zado em abril, já estão agendados dois Lei- Itaipu, com geração de 165 TWh/ano até
lões de Energia de Reserva para as fontes 2024.
eólicas, solar e para as pequenas centrais Ano passado, a geração de
hidrelétricas (PCH). Porém, a fonte biomas- energia para a rede pela biomassa da
sa não foi convidada a participar desses cana respondeu por 4,3% do consumo na-
certames, fato que se repete desde 2011. cional de energia elétrica no Brasil. Se o
Segundo a Empresa de Pesquisa Energé- País aproveitar plenamente o potencial téc-
tica (EPE), em 2014 existiam 177 unidades nico da bioeletricidade da cana, segundo
sucroenergéticas, de um universo de 355 a EPE, somente esta fonte tem capacidade
usinas (Unica), exportando excedentes de de representar 24% do consumo nacional
bioeletricidade à rede. Há, portanto, muitas na rede até 2024.

34
Fernando Coelho

Governo reavalia leilões


Filho quer avaliar a
real necessidade de
expansão da capacidade
instalada do País

de energia de 2016
O
governo brasileiro vai rediscutir a ideia, em princípio, é manter os certames.
agenda de leilões para contrata- Há dois leilões de reserva (LER) já agenda-
ção de novas usinas de energia dos para contratação de novas usinas, nos
programados para 2016. Segundo o minis- dias 29 de julho e 28 de outubro. Ambos
tro de Minas e Energia, Fernando Coelho tiveram a data definida em março, antes do
Filho, é preciso avaliar a real necessida- afastamento da presidente Dilma Rousseff,
de de expansão da capacidade instalada que enfrenta processo de impeachment.
do País, considerando que o consumo de "Talvez não ocorram nas datas previstas,
energia tem caído. Neste cenário, as em- tenha algum ajuste quanto à data, mas
presas distribuidoras alegam possuir mais nossa disposição é fazer", disse Coelho Fi-
eletricidade contratada do que a demanda. lho a jornalistas.
A reavaliação faz parte do processo de re- De acordo com o secretário-
organização do MME e órgãos relaciona- -executivo do MME, Paulo Pedrosa, as de-
dos. finições sobre os leilões deverão ser con-
Apesar da possibilidade de cluídas somente após avaliação feita pela
mudança, Coelho Filho afirmou que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE),

35
36
37
Bioeletricidade

órgão que promove estudos sobre a ex- dee) afirma que as concessionárias do
pansão da geração e da transmissão de segmento deverão terminar 2016 com
energia e é responsável pela preparação aproximadamente 13% em sobras de ener-
e apoio técnico aos leilões de energia. Pe- gia, gerando perdas para as empresas que
drosa destacou a importância estratégica têm vendido os excedentes a preços bai-
dos leilões para atrair investidores e tecno- xos no mercado spot de eletricidade. Paulo
logia, mas também defende uma reflexão Pedrosa definiu a questão das sobras de
sobre o custo da energia para o consumi- energia como um dos temas "urgentíssi-
dor quando há sobreoferta. mos" a serem tratados pelo MME e disse
A Associação Brasileira de que o governo busca uma "solução estru-
Distribuidores de Energia Elétrica (Abra- tural" para o problema.

Desempenho das usinas


à biomassa cresce 10,5%
no 1º tri de 2016

N
os três primeiros meses de 2016, as entregaram 481 MW médios, o equivalente
usinas térmicas brasileiras movidas a 44,7% de toda a geração da fonte no SIN.
à biomassa produziram 10,5% a Mato Grosso do Sul, Bahia e Paraná apa-
mais de energia na comparação com mes- recem na sequência com médias de 275,7
mo período do ano passado. Os dados da MW, 61,9 MW e 59 MW, respectivamente.
Câmara de Comercialização de Energia Na análise da capacidade ins-
Elétrica (CCEE) apontam que a geração no talada, SP (5.166 MW) também é o principal
período foi de 722,6 MW médios, ante os destaque, seguido por MS (1.830 MW), MG
654,2 MW médios em 2015. A capacidade (1.177 MW) e GO (1.034 MW). Os dados
instalada das plantas movidas à biomas- apontam ainda que o bagaço de cana foi
sa do Sistema Interligado Nacional (SIN) o combustível mais utilizado pelas usinas
também cresceu e alcançou 11,5 GW em à biomassa. O material representou cerca
março, alta de 9,7% em relação ao mesmo de 80% do total, com 858,9 MW médios.
período do ano passado, quando a capaci- Na sequência, aparecem o licor negro com
dade era de 10,5 GW. 13% (141 MW médios) e o biogás prove-
Segundo o boletim mensal niente de resíduos sólidos urbanos com
InfoMercado, a geração alcançou 1.077 3% do total (32 MW médios).
MW médios em março, com destaque para Em março, 244 plantas movi-
o desempenho de São Paulo, que segue das à biomassa em funcionamento estavam
como principal produtor de energia pro- cadastradas na CCEE, frente às 229 instala-
veniente de biomassa. As usinas paulistas ções registradas no mesmo período de 2015.

38
Empresários defendem maior
uso de bioeletricidade

U
m grupo de representantes do Fó- ce em dezembro. Este último refere-se a
rum Nacional Sucroenergético es- um crédito presumido que equivale a zerar
teve em Brasília, DF, na primeira a alíquota incidente sobre o etanol. A com-
semana de junho, para apresentar a minis- pensação tributária, com corte de R$ 0,12
tros do governo interino de Michel Temer por litro de álcool, foi tomada em 2013.
as principais demandas do setor para im-
pulsionar a cogeração de energia a partir
do bagaço de cana-de-açúcar no País. Li-
derado pelo presidente da entidade, André
Rocha, o grupo foi recebido pelos ministros
Fernando Coelho Filho (Minas e Energia),
Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exte-
rior e Serviços), Bruno Araújo (Cidades) e
Gilberto Kassab (Comunicações/Ciência,
Tecnologia e Inovação).
Rocha afirmou que a recep-
tividade por parte dos ministros foi "muito
boa" e que em breve o Fórum Nacional Su-
croenergético deve discutir os pleitos do
setor com os chefes da Fazenda, Henrique
Meirelles, e da Agricultura, Blairo Maggi,
assim como senadores e deputados. "Já
começamos a tratar da questão da bioele-
tricidade. Queremos aumentar a participa-
ção (da biomassa como fonte de energia),
de modo a ajudar o setor a sair da crise
e contribuir com uma fonte renovável",
comentou. "Hoje, todas as usinas são au-
tossuficientes, mas apenas 40% exportam
energia (para a rede)", disse André Rocha.
De acordo com o presidente
do Fórum, foram apresentadas demandas
em torno da competitividade do etanol
ante a gasolina, o que envolve o aumento
da Contribuição de Intervenção no Domínio
André Rocha, Fórum Nacional
Econômico (Cide) sobre o combustível fós- Sucroenergético, disse que a receptividade
sil e a prorrogação do PIS/Cofins, que ven- por parte dos ministros foi "muito boa"

39
Controle biológico

Arquivo

Larvas do mosquito

Bagaço da cana entra na


Aedes aegypti morrem
por asfixia em até 24h
em contato com o novo

briga contra Aedes aegypti


biolarvicida extraído do
bagaço da cana

Da redação surfactantes, que já são largamente usados


na indústria, principalmente em produtos

U
m biolarvicida extraído do bagaço químicos de limpeza, como detergentes.
da cana-de-açúcar é a mais nova No entanto, a maioria dos surfactantes en-
arma para combater o desenvol- contrados hoje no mercado é derivada de
vimento do mosquito Aedes aegypti, vetor petróleo e pode causar graves problemas
dos vírus da dengue, zika e chikungunya. ao meio ambiente, principalmente em ecos-
O produto, desenvolvido por pesquisadores sistemas aquáticos.
da Escola de Engenharia de Lorena, da Uni- De acordo com o chefe do
versidade de São Paulo (EEL-USP), mata as Departamento de Biotecnologiada da EEL-
larvas do mosquito em até 24 horas após -USP, Silvio Silvério da Silva, o processo de
ser diluído na água, ao dificultar a respira- produção do biolarvicida já foi patenteado
ção. Em até 48 horas, o biolarvicida é capaz e resulta do projeto "Biossurfactantes como
de desintegrar a cutícula (exoesqueleto) moléculas versáteis", a partir do trabalho
que reveste as larvas. de doutorado do pesquisador Paulo Fran-
O larvicida extraído da biomas- co. “Conseguimos obter o composto, que
sa da cana é classificado como um bios- chamamos de surfactante ‘verde’ ou bios-
surfactante, tipo de "detergente" de origem surfactante de segunda geração, a partir de
natural que não agride o meio ambiente e leveduras que produzem a substância du-
apresenta baixa toxicidade para seres hu- rante o processo de fermentação dos açú-
manos. É uma alternativa sustentável aos cares presentes no hidrolisado hemiceluló-

40
sico do bagaço da cana”, disse Silva, que as mesmas propriedades dos surfactantes
coordena o projeto. sintéticos de reduzir a tensão superficial
Estudos apontam que em am- dos líquidos e emulsionar substâncias com
bientes com excesso de surfactantes sinté- diferentes polaridades, os pesquisadores
ticos nota-se acúmulo de espuma nos rios, tiveram a ideia de testar sua aplicação no
além da redução de oxigênio dissolvido na combate ao mosquito Aedes aegypti.
água e da permeabilidade da luz. "Além dis- Os primeiros testes com o lar-
so, esses compostos interferem em proces- vicida foram realizados com sucesso, em
sos biológicos, como o ciclo do nitrogênio, e parceria com pesquisadores da Universi-
sua degradação pode aumentar as concen- dade Estadual Paulista (Unesp), campus
trações de compostos xenofóbicos - estra- de Rio Claro. O composto interage com o
nhos a um organismo ou sistema biológico sifão respiratório das larvas, deixando a
- e causar a mortandade de organismos”, região – formada por moléculas apolares,
alerta o pesquisador. com umidade controlada e protegida pelo
Sendo assim, o desenvolvi- exoesqueleto – suscetível à interação com a
mento de uma alternativa de surfactante pro- água. Com isso, as larvas do mosquito não
veniente de fonte renovável, com toxicidade conseguem respirar e morrem "afogadas"
baixa ou nula, vai ao encontro dos anseios em até 24 horas.
do planeta por tecnologias que auxiliem na Os pesquisadores também ob-
preservação do meio ambiente. Além dis- servaram que em até 48 horas após o con-
so, uma vez que o composto natural tem tato inicial com as larvas, o biossurfactante

41
Marcos Santos / USP Imagens

Silvio Silvério da Silva


(à esquerda) é o tem a capacidade de desintegrar o exoes- em meio aquoso. “Pretendemos realizar es-
coordenador do projeto,
ao lado do pesquisador
queleto do inseto. Uma das hipóteses levan- tudos no âmbito do projeto para determinar
Paulo Franco tadas para explicar os efeitos do composto se há alguma interação entre esses hidro-
sobre o exoesqueleto das larvas do mosqui- carbonetos cuticulares do mosquito e os
to é o fato de as moléculas do biolarvicida biossurfactantes”, disse o pesquisador.
possuírem uma característica química anfifí- Pó - Testes com o produto na
lica, isto é, parte é solúvel em água e parte forma líquida já mostraram a dosagem ide-
em solvente. al para aplicação em criadouros de Aedes
Segundo Silvio, a estrutura aegypti. O passo seguinte será desenvolver
química das moléculas do biossurfactante, um composto sólido para verificar suas pro-
assim como a dos surfactantes sintéticos, priedades físico-químicas e definir a melhor
possui uma região solúvel em meio aquoso forma de aplicação. A ideia é avaliar qual
(polar) e outra região apolar, insolúvel em a melhor formulação - em líquido ou pó -
água, porém solúvel em lipídeos e solventes de modo a resultar em um biolarvicida que
orgânicos. "Essa característica permite que possa ser produzido em escala industrial.
o composto possa interagir e, em alguns As pesquisas podem ajudar a desenvolver
casos, dissolver tanto substâncias polares biossurfactantes para combater outras do-
e apolares, como no caso dos detergentes, enças tropicais, como leishmaniose e es-
que por meio dos surfactantes podem se quistossomose.
juntar à água e a partículas de gordura remo- O desenvolvimento do bios-
vendo-as de utensílios de cozinha", afirma. surfactante tem o apoio da Fundação de
“Queremos verificar se esse Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
mesmo comportamento ocorre nos hidro- (Fapesp). Os testes para verificar a eficiên-
carbonetos cuticulares das larvas do Aedes cia do surfactante "verde" com as larvas do
aegypti”, afirmou Silvio. Segundo ele, há re- Aedes aegypti contaram com a colaboração
latos na literatura científica de que a cutícula dos professores Cláudio Van Zuben e Jonas
de larvas do mosquito possui em sua com- Contiero e o doutorando Vinícius da Silva,
posição alguns hidrocarbonetos, que são da Universidade Estadual Paulista (Unesp),
compostos apolares de baixa solubilidade campus de Rio Claro.
42
43
Ale Carolo / Ourofino Agrociência

Censo Varietal 2016

Ridesa inicia
levantamento
anual de
variedades
de cana
Segundo Roberto Chapola, a única finalidade do levantamento
é agrupar todas as informações por estado ou região e divulgar
quais as variedades mais plantadas e cultivadas

Da redação De acordo com o pesquisador da Ridesa


UFSCar, Roberto Chapola, a única finalidade do levan-

A
s dez universidades federais que fazem parte da tamento é agrupar todas as informações por estado ou
Rede Interuniversitária para o Desenvolvimen- região e divulgar quais as variedades mais plantadas e
to do Setor Sucroenergético (Ridesa) realizam, cultivadas. "Com isso, usinas e produtores têm uma in-
anualmente, o Censo Varietal de cana-de-açúcar nos formação a mais para subsidiar a decisão sobre qual va-
estados em que atuam. O amplo levantamento traça um riedade plantar e nós ficamos sabendo quais são os ma-
panorama das variedades presentes nos canaviais bra- teriais com maior aceitação no setor”, observa Chapola.
sileiros, apurando tanto informações sobre os materiais O Censo Varietal 2016 para os estados de
que estão sendo cultivados, bem como os materiais uti- São Paulo e Mato Grosso do Sul começou a ser feito na
lizados nas áreas de plantio. segunda quinzena de maio e deverá ser finalizado no
Cada universidade que compõe a Ridesa início do segundo semestre de 2016. O levantamento
realiza o Censo Varietal junto a suas usinas convenia- conta com participação significativa do total de cana-
das. No caso da Universidade Federal de São Carlos viais cultivados no país: 138 empresas participaram da
(UFSCar), este levantamento tem a participação das edição do Censo de 2015, as quais possuem uma área
unidades parceiras da instituição nos estados de São de 3.925.567 hectares plantados com cana-de-açúcar.
Paulo e Mato Grosso do Sul - área de atuação da Ride- Para a captação dos dados, a universi-
sa UFSCar. De acordo com a universidade, "os dados dade envia para as usinas conveniadas um formulário
individuais das usinas que participam deste recensea- padrão simples, no qual solicita informações sobre as
mento são mantidos no mais absoluto sigilo". áreas de plantio e de corte das variedades cultivadas

44
na unidade. “Este formulário geralmente é enviado para Genético de Cana-de-açúcar (PMGCA) da Ridesa UFS-
o nosso contato dentro de cada usina. A pessoa que Car, mas caso uma usina que não seja conveniada quei-
recebe preenche ou encaminha para o articulador res- ra participar do levantamento, basta entrar em contato
ponsável”, destaca Chapola. com a instituição pelo e-mail chapola@cca.ufscar.br. Os
A maior parte das unidades que participam resultados finais são enviados em primeira mão para as
do Censo é conveniada ao Programa de Melhoramento unidades que contribuíram com o envio de dados.

Variedades RB ocupam 65%


dos canaviais em SP e MS
A
maior parte de toda matéria-prima canavieira uti-
A variedade RB966928 foi a mais
lizada no País pelas usinas para produzir açúcar
plantada no ano passado em áreas
e etanol, cerca de 70% do total, vem de varieda- de renovação de SP e MS

des denominadas pela sigla RB, que se refere às varie-


dades desenvolvidas pela Rede Interuniversitária para
o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa).
No maior estado produtor de cana-de-
-açúcar do país, São Paulo, assim como no Mato Gros-
so do Sul, que recentemente assumiu o quarto lugar no
ranking nacional de produção canavieira, as variedades
RB também ocupam a maior parte das lavouras. Nos
dois estados, a variedade RB966928 foi a mais plantada
no ano passado em áreas de renovação, ultrapassando
a tradicional RB867515 (que se mantém como a varie-
dade mais cultivada nos últimos anos).
De acordo com o Censo Varietal 2015 de-
senvolvido pelo Programa de Melhoramento Genético
de Cana-de-açúcar (PMGCA) da Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar), 65% das variedades cultiva-
das no ano passado, em SP e MS, são da família RB.
Já considerando apenas o plantio de cana realizado em
2015 nos dois estados, as variedades RB também ocu-
param 65% de toda área plantada.
O levantamento contou com a participação
de 138 unidades sucroenergéticas dos dois estados,
totalizando uma área recenseada de 3,9 milhões de
hectares, o que representa 73% da área cultivada com
cana em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Os canaviais
plantados em 2015 por estas 138 unidades cobriram
Divulgação

45
Censo Varietal 2016
443.027 hectares. áreas com a RB966928.
A mais plantada - A varieda- A mais cultivada - A
de RB966928 conquistou a preferência dos RB867515 manteve sua supremacia como
produtores por suas qualidades. Filha das a variedade mais cultivada em SP e MS em
variedades RB855156 x RB815690, foi libe- 2015, ocupando 26% da área canavieira
rada pela Universidade Federal do Paraná total. Uma pequena queda em relação ao
em 2010. Tem apresentado elevado teor ano anterior: em 2014, ocupou 27,3% da
de sacarose no início de safra, é indicada área total. Das sete variedades mais culti-
para o cultivo em ambientes de médio a vadas nos dois estados, seis são RB.
alto potencial e apresenta como restrição Especificamente em SP, a
afinamento de colmos em soqueira nos 7515 está em 25,1% dos canaviais, com
ambientes de produção mais restritivos. larga dianteira em relação à segunda varie-
“A 6928 se destaca por seu dade mais cultivada, a RB966928 (10,6%).
desempenho tanto em plantio mecani- Já o terceiro material mais cultivado no
zado como em colheita mecânica”, des- estado é a SP81-3250 (7,7%). Já no MS, a
taca Roberto Chapola, pesquisador da liderança da 7515 é ainda maior: ocupou
Ridesa UFSCar. A maior utilização da va- 30,1% das áreas cultivadas com cana em
riedade em 2015 ocorreu no Estado de 2015, bem à frente da SP81-3250 (10%) e
São Paulo, que plantou 18,2% de suas da RB855156 (7,3%).

46
Biosev

Produtividade

Estudo avalia eficiência


agrícola da cana-de-açúcar

S
Estudo avalia que o ritmo
e a produtividade dos canaviais atin- Agropecuária (Embrapa) e a University of atual de crescimento não
gisse 80% do potencial da indústria Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, foi será suficiente para atender
a demanda projetada sem
brasileira, seria possível suprir a de- desenvolvido no âmbito da pesquisa “Efi- uma expansão de área de
manda de cana em um futuro próximo com ciência da produção da cana-de-açúcar 5% a 45% para cenários
de baixa e alta demanda,
redução de até 18% da área de cultivo. É o brasileira: cenário atual e projeções futuras respectivamente
que aponta um estudo desenvolvido na Es- baseadas em mudanças de clima, manejo
cola Superior de Agricultura Luiz de Quei- do solo e de água”, realizada com apoio
roz (Esalq) da Universidade de São Paulo da Fapesp.
(USP) que avaliou a eficiência agrícola da A pesquisa avalia a trajetória
cana-de-açúcar no Brasil para determinar de rendimentos do setor nas duas últimas
o grau de crescimento da produção ca- décadas para determinar em que níveis
navieira sem a necessidade de dispor de eles devem ser acelerados de modo que
mais terras. se obtenha, em 2024, uma maior produção
“Trata-se de um impasse no de cana sem a expansão da área de pro-
setor sucroalcooleiro brasileiro sobre para dução. Considerando essa série histórica
onde os investimentos devem ser direcio- de ganho de rendimento, o estudo avalia
nados: se para a ocupação de mais terras que o ritmo atual de crescimento não será
para o cultivo da cana-de-açúcar ou para suficiente para atender a demanda proje-
a ampliação da produtividade nas terras já tada sem uma expansão de área de 5% a
ocupadas, levando-se em conta o cresci- 45% para cenários de baixa e alta deman-
mento da demanda mundial. Diante disso, da, respectivamente.
o artigo traça cenários para a produção de “O desafio é aumentar a pro-
cana considerando a demanda projetada dutividade da cana existente, dadas as
para 2024”, conta o pesquisador Fábio preocupações sobre a conversão de no-
Marin, do Departamento de Engenharia de vas áreas e a crescente demanda mundial
Biossistemas da Esalq. por açúcar e etanol de cana. O rendimento
O estudo realizado em parce- médio nacional da produção nessas condi-
ria com a Empresa Brasileira de Pesquisa ções é de 62% do potencial – ou seja, há

47
Produtividade

oportunidades de incremento de 38%”, diz tória histórica das últimas duas décadas,
Marin. será necessário expandir entre 5% e 45%
Para o pesquisador, “num ce- a área de cana para satisfazer os cenários
nário mais favorável, em que o setor atin- de baixa e de alta demanda até 2024”.
gisse uma produtividade de 80% do seu O estudo aponta a necessi-
potencial, a demanda de cana em um futu- dade de focar os esforços de pesquisa na
ro próximo seria plenamente atendida com aceleração do ritmo de ganho de produtivi-
uma possibilidade de redução de 18% na dade para minimizar a demanda por terras.
área de cana para o cenário de baixa de- “Os resultados podem ajudar a fomentar
manda ou uma expansão de 13% para o as políticas e a priorização de investimen-
cenário de alta demanda”. tos em pesquisa e desenvolvimento para
Marin acredita quer tal cenário atender a demanda de cana e, ao mesmo
é possível, mas desafiador, exigindo uma tempo, considerar as preocupações am-
grande aceleração na taxa de rendimento bientais associadas”, aponta Marin. Além
Fábio Marin: "O desafio é
aumentar a produtividade em comparação com a tendência histórica, da Fapesp e da University of Nebraska-Lin-
da cana existente, dadas o que seria difícil de ser conseguido sem coln, por meio do Water for Food Institute,
as preocupações sobre a
conversão de novas áreas esforços de financiamento concentrado. o estudo teve apoio do Conselho Nacional
e a crescente demanda Em contrapartida, “se continuarmos a au- de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-
mundial por açúcar e
etanol de cana" mentar os rendimentos seguindo a traje- co (CNPq). (Agência Fapesp)

Esalq / USP

48
LIDERANÇA E
PROTAGONISMO
15 Congresso
o

Brasileiro do 08 de agosto

2016
Agronegócio

Hotel Sheraton WTC São Paulo


Informações e inscrições:
www.abag.com.br/cba

49
Notas

Unica lança fórum bianual em setembro


A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) vai realizar, dia
19 de setembro, no auditório do World Trade Center de São Pau-
lo (WTC), a primeira edição do Unica Fórum, evento bienal criado
Arquivo

para fomentar o debate de temas estratégicos para o setor sucroe-


nergético e as energias renováveis no Brasil e no mundo. O encontro
será realizado em alternância com o Ethanol Summit, um dos princi-
pais congressos globais sobre questões energéticas e biocombustí-
veis, com foco no etanol e outros derivados da cana.
De acordo com a presidente da Unica, Elizabeth Fa-
rina, intercalar os dois eventos é uma forma de manter em evidên-
cia os pontos de vista, prioridades e perspectivas da entidade e do
segmento canavieiro. “Desde 2007 promovemos apenas o Summit
a cada dois anos. Agora, com a alternância entre Fórum e Summit,
teremos todos os anos um evento de peso com a chancela da Uni-
ca", observa. A próxima edição do Ethanol Summit será dias 19 e 20
de junho de 2017, no Golden Hall do WTC, em São Paulo, SP.
O Unica Fórum 2016 e o Ethanol Summit 2017 serão Elizabeth Farina, presidente da Unica
organizados pelas empresas MCI Group e MediaLink, que foram
parceiras na edição de 2015 do Summit. “O papel fundamental das
energias limpas, particularmente biocombustível e biomassa, para eventos, assim como os estímulos à agri-
que o Brasil cumpra os compromissos assumidos na COP 21 em cultura sustentável e à produção de reno-
Paris, terá presença destacada entre os principais temas dos dois váveis”, destaca Elizabeth.

Nissan desenvolve célula de


combustível baseada em etanol
Arquivo

U m sistema de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC, ou


Solid Oxide Fuel Cell, em inglês) que funciona com energia elé-
trica gerada por bioetanol. Esta é a nova linha de pesquisa da Nissan
Motor que planeja comercializar o produto até 2020. Pioneiro para uso
automotivo, o sistema integra uma célula de combustível e-Bio com
um gerador de força. SOFC é uma célula de combustível que utiliza a
Sistema de Célula de Combustível
reação de múltiplos combustíveis, incluindo etanol e gás natural, com de Óxido Sólido em fase de
desenvolvimento
oxigênio para produzir eletricidade com alta eficiência.
O e-Bio, diferentemente dos sistemas convencionais, ros com a célula e-Bio – que incluem condu-
integra a SOFC como sua fonte própria de energia, proporcionando ção silenciosa, partida linear e aceleração
maior eficiência de energia para dar ao veículo autonomias similares ativa – permitem aos usuários ter benefícios
ou superiores às dos carros movidos à gasolina (cerca de 600 km). e confortos de um veículo puramente elétri-
Além disso, as características de condução elétrica distintas dos car- co (EV, ou Electric Vehicle, em inglês).

50
Jacyr Costa é homenageado pela
Embaixada da França no Brasil
Arquivo

O diretor do grupo Tereos Brasil, Jacyr da Silva Costa


Filho, recebeu do embaixador da França no Brasil,
Laurent Bili, a comenda de Cavalheiro do Mérito Agrí-
cola. Em entrevista à Agência Udop, Jacyr disse que a
Tereos é a maior cooperativa agrícola da França, com
importantes ativos no Brasil. "Hoje, o Brasil já representa
20% de todo o faturamento do grupo, por isto somos es-
tratégicos, e a Tereos vai continuar investindo em nosso
País, pela alta relevância que temos", disse o executivo.
A Tereos, 3º maior grupo de açúcar do
mundo (2º na Europa e no Brasil), é especializada na
transformação de beterraba, cana-de-açúcar e cereais.
O Grupo também tem posições de liderança nos merca-
dos de álcool (primeiro na Europa) e amido (terceiro na
Europa). A companhia possui 43 unidades industriais e
emprega 24 mil pessoas em quatro continentes. Jacyr da Silva Costa Filho, diretor
do grupo Tereos Brasil

Guarani Tereos renova sua marca


de açúcar

A Guarani, empresa do grupo Tereos, investiu R$ 500


mil no projeto de modernização de sua logomarca
de açúcar para comercialização no varejo. Sob a batuta
Divulgação

da agência francesa WCIE, foi criada também a nova


assinatura +Mais que Açúcar, cujo objetivo é criar um
elo emocional entre o produto e seus consumidores, por
meio das ações socioambientais promovidas pela com-
panhia para tornar o mundo melhor.
"A decisão da Guarani Tereos de investir na
modernização de sua marca reflete a visão da compa-
nhia de que um produto carrega, além dos seus atributos
de qualidade, todos os benefícios sociais e ambientais
que a empresa leva em conta em sua cadeia produti- sabemos que impacta na decisão de compra do
va. O objetivo da reformulação da marca é justamente consumidor", diz Gustavo Leite Segantini, gerente
mostrar para o consumidor esse valor da empresa, que de Produtos de Varejo da empresa.

51
Notas

Nardini Agroindustrial lança Ouvidoria

A Nardini lançou em maio, na cidade de Vista Alegre


do Alto, SP, um setor de Ouvidoria que permitirá
aos colaboradores expressar opiniões e preocupações
www.nardini.ind.br, na sessão “Fale Conosco”.
Fundada em 1973, a Nardini hoje produz
etanol, açúcar, levedura, bagaço hidrolisado, energia
com a empresa. A finalidade é oferecer um ambiente elétrica e amendoim. Atualmente, a empresa possui
de trabalho seguro e ético, de acordo com a missão e uma capacidade de moagem aproximada de 4,5 mi-
valores da empresa. O atendimento está disponível 24h lhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra e está
por dia, todos os dias da semana, pelo número 0800 implantando, no município de Aporé, GO, sua segunda
006 6013; e-mail ouvidorianardini@iaudit.com.br; e site unidade industrial.

Workshop da Esalq/USP discute cadeia


sucroenergética
Divulgação
nacional sobre a Cadeia Sucroenergética,
que será realizado dias 20 e 21 de julho, no
campus da Esalq/USP em Piracicaba, SP.
O encontro conta com a parceria da The
University of Georgia (UGA-USA), Sugar
Processing Research Institute (SPRI-USA),
University of Washington e do Parque Tec-
nológico Piracicaba.
O workshop será dividido em
quatro painéis que vão discutir matérias-
-primas para produção de energia, uso
das fontes solar e biogás para produção
de eletricidade, processos industriais, eta-
nol 2G, qualidade de açúcar no mundo,
soluções enzimáticas para processos de
cana-de-açúcar e de milho, além de polí-
tica, gestão e sustentabilidade. Mais infor-
mações podem ser obtidas pelos números
Qualidade do açúcar no

N
mundo é um dos temas do ovas tecnologias, desafios do momen- (19) 3429-4132/3447/8681 ou grupo.hu-
evento
to e tendências do setor estão entre as got@gmail.com.
principais discussões do II Workshop Inter-

52
Siamig recebe premiação
ambiental em MG
Divulgação

O setor sucroenergético de Minas Ge-


rais, representado pelo presiden-
te da SIAMIG, Mário Campos, recebeu o
prêmio "É Assim que se Faz", na categoria
Responsabilidade Ambiental, durante a 7ª
edição do Conexão Empresarial. O evento
aconteceu no dia 18 de junho, em Tiraden-
tes, MG, com a participação de mais de
400 convidados.
O Conexão Empresarial reúne
as principais lideranças de Minas e do Bra-
sil em palestras ministradas por nomes in-
fluentes do cenário político-econômico do
País e a premiação é um dos pontos altos
do evento. Ao todo foram entregues 13 tro-
Mário Campos, presidente da SIAMIG
féus para personalidades que se destaca-
ram em diversos segmentos.

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Sustentabilidade

Arquivo

A indústria do etanol

Relatório avalia produção


de cana no Brasil é
responsável por 4,5
milhões de empregos,

simultânea de alimentos
melhora condições de
subsistência no país e
promove a infraestrutura
e o desenvolvimento rural

e bioenergia

M
etas de produção de biocombus- dução de alimentos e bioenergia; adoção
tíveis, segurança alimentar e de- de culturas flexíveis e planejamento para
senvolvimento sustentável podem diversificar mercados locais com aprovei-
ser alcançadas simultaneamente. É o que tamento de resíduos como palha e bagaço
aponta o relatório “Reconciling Food Se- de cana, por exemplo.
curity and Bioenergy: Priorities for Action "É um erro ignorar os custos e
(Conciliando a Segurança Alimentar e a benefícios dos biocombustíveis com base
Bioenergia: Prioridades para Ação)", divul- em modelos globais ou afirmações gene-
gado em junho por uma equipe internacio- ralizadas. É essencial trabalhar com dados
nal e multidisciplinar formada por especia- confiáveis que não têm sido levados em
listas de 10 instituições de pesquisa em conta nos debates que envolvem alimen-
sete países. tos, biocombustíveis e clima”, disse Keith
O documento identifica medi- Kline, do Instituto de Ciência da Mudan-
das baseadas em conhecimento científico ça do Clima do Laboratório Nacional Oak
para mostrar que a área disponível não é Ridge (ORNL, da sigla em inglês) e autor
um fator limitante para a produção simultâ- principal do relatório publicado na revista
nea de alimentos e bioenergia no mundo. Global Change Biology – Bioenergy.
Entre as recomendações estão a adoção O estudo foi coordenado pelo
de estratégias para lidar com fatores locais ORNL, ligado ao Departamento de Ener-
de risco; engajamento de populações lo- gia dos Estados Unidos, e teve participa-
cais; estímulo à compatibilidade da copro- ção da coordenação do Programa FAPESP

54
de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN). Ou- tos em pesquisa e em sistemas que per-
tras medidas propostas são o apoio à im- mitam aumentar a segurança alimentar e o
plantação de unidades de produção com abastecimento de energia podem atenuar
uso múltiplo, para aumentar o suprimento situações de risco.
de biomassa sustentável; gerenciamento Participaram da elaboração
adaptativo dessas unidades; comunicação do relatório pesquisadores ligados ao Cen-
pública sobre os objetivos, obstáculos e tro de Política Ambiental do Imperial Col-
oportunidades da coprodução para lidar lege London, no Reino Unido; Instituto de
com necessidades locais; e a colaboração Química da Universidade de São Paulo
em programas locais de desenvolvimento. (IQ-USP) e Programa FAPESP de Pesquisa
"Uma parte significativa da em Bioenergia (BIOEN); Universidade de
energia de um país pode ser fornecida Twente, na Holanda; Instituto de Ingeniería
por biomassa ao mesmo tempo em que a Rural (INTA), na Argentina; Stockholm En-
produção de alimentos é aumentada", dis- vironment Institute (SEI África), no Quênia;
se Glaucia Souza, do Instituto de Química Bureau of Energy Efficiency (BEE Energy),
da Universidade de São Paulo e membro agência ligada ao governo da Índia; e Ban-
da coordenação do Programa BIOEN. "O co Mundial, em Washington DC, Estados
programa de etanol de cana do Brasil de- Unidos. (Agência FAPESP)
monstrou, ao longo de 40 anos de monito-
ramento, aprendizado e adaptação, que é
O zoneamento agroecológico ajudou a proteger
possível conciliar o aumento de incentivos a biodiversidade e as florestas, recursos
para restauração da terra e serviços ecos- importantes para a produção sustentável de
alimentos em áreas rurais
sistêmicos com o aumento da segurança
alimentar e redução da pobreza.”
A indústria do etanol de cana
no Brasil é responsável por 4,5 milhões de
empregos, melhora condições de subsis-
tência no país e promove a infraestrutura
e o desenvolvimento rural. O zoneamento
agroecológico desenvolvido em resposta
às preocupações de sustentabilidade de
biocombustíveis no Brasil tem influenciado
outros setores agrícolas e ajudou a prote-
ger a biodiversidade e as florestas, recur-
sos importantes para a produção sustentá-
vel de alimentos em áreas rurais.
De acordo com o relatório,
o desenvolvimento de uma economia de
base biológica sustentável, conhecida
como bioeconomia, é uma parte funda-
mental das estratégias nacionais para au-
mentar a segurança energética e reduzir
as emissões de gases de efeito estufa. O
relatório também destaca que investimen-

55
Grãos
Estimativa

Produção de grãos
deve cair 5,4% na safra
2015/16

Shutterstock

Queda na produção de
grãos é puxada pelas
adversidades climáticas
do milho primeira e
Da Redação ladas, queda de 5,4% em relação ao
segunda safras durante
o ciclo vegetativo, como ciclo passado, quando a produção

A
estiagens prolongadas e
altas temperaturas
safra brasileira de grãos na chegou a 207,7 milhões. A 9ª estima-
temporada 2015/16 deve al- tiva da Companhia Nacional de Abas-
cançar 196,5 milhões de tone- tecimento (Conab) para a produção

56
de grãos, divulgada em junho, atribui colhidas 346,8 mil toneladas. Entre as
o resultado "às adversidades climáti- culturas de inverno, o trigo é desta-
cas do milho primeira e segunda sa- que, com produção de 5,9 milhões de
fras durante o ciclo vegetativo, como toneladas, 6,3% superior à safra ante-
estiagens prolongadas e altas tempe- rior, que chegou a 5,5 milhões. A título
raturas". de curiosidade, o triticale - cereal hí-
A primeira safra de mi- brido a partir do cruzamento de trigo e
lho foi de 26,2 milhões de toneladas, centeio -, é a única cultura de inverno
queda de 12,8% em relação ao último a registrar queda, com perda de 8,3%
ciclo, que registrou 30 milhões de to- ante as 57 mil toneladas de 2014/15.
neladas. Já a segunda safra, que co- A soja, responsável por
meçou a ser colhida mês passado, é quase metade (48,7%) da produção
estimada pela Conab em 50 milhões nacional de grãos, deverá registrar
de toneladas, 8,4% inferior à tempora- uma pequena queda na safra 2015/16,
da passada, quando a produção foi de interrompendo uma sequência de re-
54,6 milhões de toneladas. A produ- cordes. O ciclo da oleaginosa é esti-
ção total de milho, estimada em 76,2 mado em 95,6 milhões de toneladas,
milhões de toneladas, deverá, portan- volume 0,6% inferior ao da temporada
to, perder um volume de 8,45 milhões passada (96,2 mi ton). O levantamento
(-10%) de toneladas na safra 2015/16. da Conab mostra que, apesar do au-
O arroz também ajudou mento da área plantada de soja em
a puxar para baixo a estimativa total 3,4%, houve atraso no plantio em vá-
de grãos. A safra 2015/16 do cereal é rios estados, além do veranico, com-
estimada pela Conab em 10,6 milhões prometendo a produtividade média,
de toneladas, volume 14,3% menor que caiu 3,9% em relação à 2014/15.
do que as 12,4 milhões de toneladas
alcançadas no ciclo passado, uma di- Área - Apesar da estima-
ferença de 1, 77 milhão de toneladas. tiva de queda superior a 5% na pro-
O resultado é atribuído à redução na dução brasileira total de grãos, a
área plantada em quase todos os esta- área cultivada deve chegar a 58,17
dos produtores e o excesso de chuvas, milhões de hectares, um pequeno
que ocasionaram plantio fora da janela aumento de 0,4% em relação à sa-
ideal e baixa luminosidade, refletindo fra 2014/15, quando foram cultivados
em queda de produtividade na região 57,93 milhões de ha. Entre as culturas
Sul, especialmente no Rio Grande do de verão, apenas três devem registrar
Sul. crescimento em área total: amendoim
Das culturas de verão, (11,4%), soja (3,4%) e milho (0,3%).
apenas o amendoim deverá crescer na As demais culturas vão perder área,
safra 2015/16. A produção total é esti- com destaque para girassol (- 63,1%),
mada em 410 mil toneladas, 18,3% su- mamona (- 20,3%), sorgo (- 15,6%) e
perior ao ciclo passado, quando foram arroz (- 13,8%).

57
Estimativa

Soja brasileira interrompe


sequência de recordes

A
safra brasileira de soja deverá so- menor produtividade desde o ciclo 2005/06.
frer sua primeira queda em quatro Mercado externo - Assim
anos. A colheita no Brasil, maior como a produção, a exportação de soja
exportador global da oleaginosa, continua- em grão do Brasil não mais será recorde
rá na casa dos dois dígitos na temporada em 2015/16, conforme havia sido previsto
2015/16, frustrando a projeção inicial supe- nos primeiros levantamentos da Conab. Os
rior a 100 milhões de toneladas. De acordo embarques da oleaginosa devem ficar em
com estimativa da Companhia Nacional 54,1 milhões de toneladas, cerca de 200
de Abastecimento (Conab), divulgada em mil toneladas abaixo da safra anterior. Na
junho, a produção deve alcançar 95,6 mi- projeção de maio, a estatal havia projeta-
lhões de toneladas, ante 96,9 milhões de do 55 milhões de toneladas. A Associação
toneladas na projeção de maio, e também Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais
abaixo dos 96,2 milhões de toneladas da (Abiove) também reduziu sua projeção para
temporada anterior. exportação, de 55,5 milhões de toneladas
A queda na produção estima- para 54,6 milhões de toneladas.
da pela Conab deve ocorrer apesar de um A associação manteve suas
aumento de 3,4 % no plantio em relação à projeções de importação e processamento
safra 2014/15. No entanto, o clima adver- no atual ciclo. O esmagamento foi estimado
so em várias partes do País deve reduzir em 40,7 milhões de toneladas, com produ-
a produtividade média em cerca de 4% na ção de 30,9 milhões de toneladas de farelo
comparação anual, alcançando 2,882 to- e 8,05 milhões de toneladas de óleo. Para
Estimativa para soja
neladas por hectare. Como consequência importação de soja em grão, a Abiove es-
vem caindo e não das adversidades climáticas, por exemplo, pera 300 mil toneladas. O número projetado
deve ultrapassar três
dígitos, como previsto
o Estado de Mato Grosso, líder na produção para o estoque de passagem foi mantido
inicialmente de soja, deve enfrentar nesta temporada a em 1,73 milhão de toneladas.
Arquivo

De janeiro a abril, as associa-


das da Abiove, que, segundo o relatório
da entidade divulgado em junho, represen-
tam de 75% a 79% do setor, processaram
10,257 milhões de toneladas de soja e pro-
duziram 7,811 milhões de toneladas de fa-
relo e 2,047 milhões de toneladas de óleo.
A Abiove projeta que a receita decorrente
das exportações de soja em grão em 2016
deve somar US$ 19,110 bilhões. Já as divi-
sas obtidas com vendas externas de farelo
e óleo devem totalizar US$ 5,02 bilhões e
US$ 1,020 bilhão, respectivamente.

58
59
23ª Hortitec prevê alavancar
R$ 100 milhões em negócios

O
timistas, apesar do cenário de cri- de hortaliças segue em crescimento, movi-
se, recessão e instabilidade, em- mentando milhões de reais anualmente em
presários e produtores de flores, toda a sua cadeia, do campo ao varejo. O
frutas, hortaliças e áreas afins da horticul- Brasil é o terceiro maior produtor mundial
tura brasileira marcaram presença na 23ª de frutas, com 43,6 milhões de toneladas
edição da Hortitec - Exposição Técnica de produzidas em 2015, numa área de 2,2 mi-
Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas In- lhões de hectares divididos por todo o País,
tensivas, que aconteceu de 22 a 24 de ju- principalmente no Estado de São Paulo. O
nho, em Holambra, SP. Com 450 empresas País é o maior produtor mundial de laranja,
expositoras e visitação de aproximadamen- limão e mamão papaya, além de maior ex-
te 28 mil pessoas, a mostra espera gerar em portador de suco de laranja. Do total pro-
torno de R$ 100 milhões em negócios. duzido no país, 29% são para exportação,
Na contramão de diversos sendo 2% em fruta fresca e 27% de fruta
segmentos da economia brasileira, o setor processada.

60
O evento reuniu grandes empresas apresentando suas inovações tecnológicas com
o que há de melhor para o setor de hortifrútis.

61
Horticultura

62
63
BeefExpo 2016

Diego Penedo e Léo Chaves

Evento destaca pecuária


de corte brasileira

P
ecuaristas de corte de vários países uma dezena de países da América, Europa
do mundo participaram da BeefExpo e Ásia.
2016 & Congresso Internacional de No primeiro pavimento foram
Pecuária de Corte, de 14 a 16 de junho, no expostos animais das raças Nelore, Angus,
Centro de Eventos Pro Magno, em São Pau- Senepol, Guzerá, Sindi e Wagyu, que brilha-
lo, SP. A exposição contou com uma grade ram em mostras, julgamentos e leilões du-
atrativa de palestras e leilões, em ambiente rante três dias. No segundo piso do Centro
propício à promoção de encontros de negó- de Eventos aconteceram painéis com as
cios. principais discussões do setor pecuário de
O evento, realizado em três corte, com orientação de vários especialis-
pavimentos, numa área total de 24 mil m², tas da área científica, de mercado, gestão e
contou com a participação de centenas de novas tecnologias.
Flávia Roppa, diretora de
marketing e eventos da animais de seis raças, além de 8,3 mil par- O público também teve a chan-
SafewayAgro
ticipantes, entre congressistas, visitantes, ce de visitar e conhecer novos lançamentos,
executivos e representantes de empresas, equipamentos, tecnologias e insumos ofere-
fazendas e agropecuárias do Brasil e de cidos pelas mais de 50 empresas parceiras

64
que participaram da Feira de Negócios da ao luxo de comprar e pagar por uma carne
BeefExpo 2016. Na oportunidade, os dois diferenciada. É um momento positivo, pois
candidatos à presidência da ABCZ, Arnal- já existe colocação garantida para tudo o
do Manuel e Frederico Mendes, ocuparam que conseguirmos aumentar de produção”,
o palco do auditório e participaram de um disse Weber.
debate ao vivo. Destaque - Vindo das ilhas do
Raças - Para José Roberto Pi- Caribe, num cruzamento de N’Dama afri-
res Weber, presidente da Associação Brasi- cano com Red Pol britânico, há 16 anos a
leira de Angus, o momento para a pecuária Senepol entrou no Brasil e já apresenta in-
nacional é favorável, mesmo em cenário de dicadores favoráveis para sustentar a raça,
crise. Segundo ele, em 2015 foram vendi- com bons números de animais nascidos,
das mais de quatro milhões de doses de índices de sêmens comercializados, valori-
sêmen Angus, posicionando a raça como zação dos animais ano a ano e números de
uma das participativas no mercado de re- eventos comerciais.
produção animal do país. Também há uma Segundo Gilmar Goudard, pre-
expectativa de abate que deve alcançar um sidente da Associação Brasileira dos Cria- José Roberto Pires Weber,
presidente da associação
milhão de cabeças até 2020. dores de Senepol, esses números cresce-
de Angus do Brasil
“Este ano (até maio) nós já ram nos últimos quatro anos, numa média
vendemos 21% a mais de carne Angus, de 35 a 40%, constantemente, oferecendo
comparado ao mesmo período do ano pas- aos produtores a certeza de crescimento
sado. Angus possui marmoreio diferencia- sustentável e continuo de maneira linear.
do, sendo grife de qualidade no mundo. “O Senepol, em nível nacional,
Temos que trabalhar muito para atingir toda possui menos de meio porcento do padrão
a sociedade, especialmente aquele núcleo Brasil, que são de 215 milhões de cabeças
de estabilidade financeira que pode se dar aproximadamente, mas nos leilões oficiais

Adriana Rocha, Léo Chaves e Rodrigo


Debossan - Fazenda Paraíso

65
BeefExpo 2016
de 2015 já tivemos faturamento de R$ 53 o agronegócio brasileiro como gerador da
milhões. Juntando o indicador de participa- economia, de qualidade de vida social e cul-
ção nos leilões de mercado nacional com tural e pelo futuro vido da inteligência emo-
ordem de 7%, com mais os indicadores de cional. No dia quatro de outubro de 2016,
crescimento, temos a perspectiva de futuro data em que completa 40 anos, Léo promo-
brilhante para a raça”. verá um evento beneficente para pecuaris-
Goudard acredita que o Sene- tas e produtores, com a ajuda de amigos e
pol, em um curto espaço de tempo, contri- parceiros de peso, em prol de disseminar a
buirá para a melhoria de qualidade e quan- inteligência emocional pelas creches, esco-
tidade da carne brasileira. O empresário e las públicas e rurais, asilos, instituições de
cantor sertanejo Léo Chaves – da dupla Vic- apoio ao dependente químico.
tor e Leo - é criador da raça Senepol. Amante “Enquanto o homem inventa o
declarado da área rural, o envolvimento do celular, tentamos reinventar uma geração
cantor com o campo vem desde seus avós mais capacitada, que saiba perdoar, reco-
paternos e maternos. “Em minha veia não nhecer erros, que pense antes de agir e
corre só sangue; corre barro também. Tenho que seja resiliente para levantar perante as
Gilmar Goudard, presidente
da ABCB Senepol cara de moderno, mas sou peão”, brinca. quedas e os fracassos. A questão não está
Em visita a BeefExpo 2016, em evitar ou não problemas, mas sim em
ele demonstrou a importância de divulgar solucioná-los”, observou Leo.

Pilar Velasquez, Mauricio Tonha,


Adaldio Castilho e Gilmar

Ricardo Spadão, Adaldio Castilho,

66
Empresárias Ruth Villela e Lilica Almeida
Carlos Gomes e Leandro Gomes
67
BeefExpo 2016

Empresas apresentam novas tecnologias ao setor pecuário

68
Solicite na cooperativa Sicoob
SAC 0800 642 0000
Ouvidoria 0800 725 0996
Deecientes auditivos ou fala
0800 940 0458

Solicite nas cooperativas: Sicoob Cecres: (11) 2192-9111 / Sicoob Cocre: (19) 3401-2207 / Sicoob Cocrealpa: (18) 3502-2050
Sicoob Cocred: (16) 3946-3355 / Sicoob Coocrelivre: (16) 3820-6500 / Sicoob Coopcred: (18) 3401-1909 / Sicoob
Coopecredi: (16) 3251-9700 / Sicoob Credicap: (19) 3491-3339 / Sicoob Crediceripa: (14) 3761-3255 / Sicoob
Credicitrus: (17) 3345-9000 / Sicoob Credicocapec: (16) 3712-6600 / Sicoob Credicoonai: (16) 3636-3240
Sicoob Crediguaçu: (19) 3593-9898 / Sicoob Credimota: (18) 3341-9190 / Sicoob Credivale:
(18) 3902-3800 / Sicoob Credlíder: (17) 3426-5510
69
www.sicoobsp.coop.br
BeefExpo 2016
Pecuária em Ouro - Para a ria e coach com cavalos, Ruth Villela. Com
edição da BeefExpo 2016, o joalheiro Re- atendimento personalizado e hora marca-
nato Guelfi criou 40 peças em ouro com da, o joalheiro cria peças exclusivas sob
pedras brasileiras como turquesa, jade encomenda.
,olho de tigre. A variedade de modelos,
em peças únicas e exclusivas, agradou os
apaixonados por cavalos e bois. As joias Contato: (11) 3083.6557
foram confeccionadas com crina dos mes- atendimento@renatoguelfijoias.com.br
tres cavalos de propriedade, da empresá- www.renatoguelfijoias.com.br

Joalheiro Renato Guelfi

70
CAPA TURISMO
Patrocinador:

71
Pousada Alto Xingu
Fotos: Plinio César

Pérola da pesca
no Mato Grosso
B
arbado, Bicuda, Cachara, Jaú, Ca- de alto padrão, frigobar, TV de LCD com
chorra, Jurupensem, Pintado, Ca- multicanais e chuveiro com aquecimento
ranha, Jurupoca, Piraiba, Matrichã, solar.O acesso ao local pode ser feito de
Curimbatá, Pacu, Pirarara. Tá bom pra carro ou pelo ar, pois a pousada possui
você? "É anzol na água e um pá de fisga- campo de pouso particular. Vale ressaltar a
da". São essas as espécies de peixe que qualidade do restaurante climatizado que
habitam o Rio Kuluene, afluente do Rio oferece pratos peculiares da região, com
Xingu, onde fica a aconchegante pousada muitas frutas, delícias da culinária mato-
Alto do Xingu, no município de Gaúcha do grossense e irresistíveis drinks.
Norte, MT. O quintal é único! A pousada
A Alto do Xingu foi pensada privilegia seus hospedes com a margem
como extensão de casa para os aprecia- esquerda do Rio Kuluene. É a certeza de
dores da natureza e de pescaria com re- uma pescaria produtiva. Os passeios pe-
quinte. Considerada uma das melhores do las curvas do rio, no conforto de barcos
Brasil, a pousada dispõe de piscina, jogos, com motores 25HP e poltronas giratórias
churrasqueiras, redes, segurança, além e estofadas, rendem bons e inesquecíveis
das 12 confortáveis suítes que contam com ‘causos’.
colchões de molas cobertos por enxovais Outra maravilha é a fauna e

72
Vida Individual é um seguro para o associado com Solicite na cooperativa Sicoob
SAC 0800 642 0000
idade entre 18 e 65 anos que escolheu viver com Ouvidoria 0800 725 0996
tranquilidade agora e no futuro. Deecientes auditivos ou fala
0800 940 0458

Solicite nas cooperativas: Sicoob Cecres: (11) 2192-9111 / Sicoob Cocre: (19) 3401-2207 / Sicoob Cocrealpa: (18) 3502-2050
Sicoob Cocred: (16) 3946-3355 / Sicoob Coocrelivre: (16) 3820-6500 / Sicoob Coopcred: (18) 3401-1909 / Sicoob
Coopecredi: (16) 3251-9700 / Sicoob Credicap: (19) 3491-3339 / Sicoob Crediceripa: (14) 3761-3255 / Sicoob

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Credicitrus: (17) 3345-9000 / Sicoob Credicocapec: (16) 3712-6600 / Sicoob Credicoonai: (16) 3636-3240
Sicoob Crediguaçu: (19) 3593-9898 / Sicoob Credimota: (18) 3341-9190 / Sicoob Credivale: www.sicoobsp.coop.br
(18) 3902-3800 / Sicoob Credlíder: (17) 3426-5510
Turismo & Negócios

flora do Mato Grosso, uma experiência


espetacular. A pousada Alto Xingu é a
opção ideal para quem quer viver dias
memoráveis entre amigos ou familiares,
em uma estrutura de alto padrão, com
diversas opções de lazer e uma equipe
atenciosa, cordial e capacitada, aten-
dimento cinco estrelas. Já programou
suas próximas férias?

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75
Turismo & Negócios

Quer contemplar essa


maravilha? A revista Terra&Cia orga-
niza sua viagem, com a experiência
de quem já viveu as emoções de
uma real pescaria no Mato Grosso.
Você vai precisar de uma Carteira de
Pesca Amadora - documento obriga-
tório. Entre em contato pelo telefone
(16) 3620-0555 / 3234-6210 ou e-mail
plinio@canamix.com.br e saiba mais.
Para conhecer a pousada, acesse o
site pousadaaltoxingu.com.br.

76
77
Política setorial

Governo planeja taxar empresas


exportadoras do agronegócio

"
Uma loucura. Um abraço de afogado". de tributação, neste caso, seria o INSS,
Assim reagiu o ministro da Agricultura, imposto do qual atualmente os exporta-
Blairo Maggi, ao saber sobre a ideia dores agrícolas são isentos. A notícia, di-
do governo federal de taxar as empre- vulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo
sas exportadoras do agronegócio nacio- no dia 23 de junho, caiu como uma bom-
nal como uma das medidas para cobrir ba no setor. Confira o que pensam alguns
o rombo da Previdência. O instrumento atores do agro nacional.

André Rocha, presidente do Fórum Nacional Maurílio Biagi Filho, presidente do


Sucroenergético Grupo Maubisa

"Na minha opinião o Governo deveria co- "É um nonsense tributar um único segmen-
meçar a Reforma da Previdência resolvendo 'as tornei- to. "Deveríamos começar cortando despesas em vez de
ras' que levaram a situação atual, como acabar com a tributar mais. Precisamos nos preocupar sim, e muito,
diferenciação entre aposentadoria do servidor público com o INSS que já acumula déficit de aproximadamente
e do privado (não só os aposentados do setor privado R$ 140 bilhões nos últimos 12 meses e projeção de R$
que causaram o déficit); criar a previdência complemen- 170 bi para este ano. Mas primeiro, para que haja a re-
tar para o servidor público em todas as esferas; modi- forma que todos sabemos necessária, o governo deve-
ficar as idades mínimas de aposentadoria; auditar as ria trazer à tona de forma clara e corajosa o tamanho do
concessões de pensões, aposentadorias por invalidez, nosso déficit global e aí propor uma solução pactuada
etc. Somente depois disso é que deveria discutir com a compatível com a magnitude do problema. Nosso atual
sociedade,de uma maneira clara e transparentes outras ministro (Blairo Maggi, da Agricultura), que entende mais
alternativas para se cobrir o déficit. Sou contra a onera- do que ninguém e vive o setor, com certeza saberá ne-
ção dos produtos do agronegócio pois ja temos muitas gociar com o seus pares. Também não podemos ficar no
barreiras fiscais,logísticas e burocráticas que aumentam “varejinho”, temos que ter grandeza para trabalhar uma
o custo Brasil e tiram a nossa competitividade. Sou a fa- solução que atenda nossa emergência.
vor do retorno da CIDE para dar competitividade ao eta-
nol e ajudar a resolver o déficit do tesouro".

78
Alexandre Andrade, presidente da União Nordestina
dos Produtores de Cana-de-Açúcar (Unida) Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste

"O agronegócio é o único segmento da "O setor vem sustentando a economia faz
economia que está crescendo e consequentemente tempo. Em outro lugar os produtores teriam reconheci-
diminuindo a crise que o país se encontra. Assim, não mento mais incentivo. Aqui é assim...Somos penalizados.
podemos aceitar sermos tributados com INSS nas expor- Vamos ver se conseguimos alguma contrapartida".
tações dos nossos produtos. Adoções de medidas como
estas desestimulará as exportações e ficaremos menos
competitivos e afetará o país como um todo. Logo, não é
coerente e justo. Não podemos aceitar essa taxação. A
cada dia o agronegócio utiliza mais tecnologia, moder-
nizando-se e diminuindo o uso de mão de obra. Outro
significativo motivo que não se justifica esta taxação. O
governo tem que encontrar juntamente com o setor pro-
dutivo outra alternativa para a questão, a começar pela
correção de uma distorção onde o trabalhador rural te-
nha que ter seu tempo de contribuição igual ao urbano".

Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria


do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco

"É um grande equívoco essa anacrôni-


ca forma de tributar. Somente países que não têm nem
tencionam sair de cultura comercial doméstica fariam
isso. O país precisa gastar menos, isso sim. É sempre
o 'modus' de governar predominante, onde só pensam
em arrecadar proveniente de quem produz renda. São
muitos gastos pelo ralo na órbita do governo federal. Por
que não corrigem a Cide que privilegia equivocadamen-
te combustíveis fósseis de transporte individual? O que
Marcos Fava Neves - Doutor em
Administração pela FEA/USP ainda resta em produção de renda está no agronegócio
e surge um pensamento tão exótico como esse que deve
O foco deve ser em corte de gastos e não prejudicar diretamente empregos. O ministério da Agri-
em aumento de tributos. cultura não ficará parado com essa exdrúxula medida".

79
Ana Paula Malvestio, sócia da PWC

"Esse tema está sendo estudado pelo go-


verno como uma das possibilidades da reforma previ-
denciária. Tudo muito preliminar. Contudo, destaco que
essa 'isenção' que se fala, na verdade é Imunidade
Constitucional, prevista no artigo 149 da Constituição Fe-
deral e sua alteração exige processo legislativo rigoroso, Plinio Nastari, presidente da Datagro

exige Emenda Constitucional"

"Não faz sentido tributar a exportação. Seria


matar a galinha de ovos de ouro, o único setor da econo-
mia que tem gerado saldos na balança comercial e tem
mantido a atividade econômica, tanto no campo quanto
na cidade"

Alexandre Figliolino, sócio da


consultoria MB Agro

"De uma forma geral os países todos deso-


neram suas exportações, pois criou-se o conceito de que
tributos não devem ser exportados e não se deve preju-
dicar a nossa competitividade no comércio internacional.
Guilherme Nastari, diretor da Datagro
Agora nós, em vez de enfrentarmos o problema da previ-
dência e seguridade social de frente, ficamos querendo
mandar a conta para ser paga por um dos únicos seg- "Seria um retrocesso e a repetição do mes-
mentos da economia que ainda conseguem sobreviver mo erro cometido na Argentina, recentemente corrigido.
neste caos que virou o Brasil." É preciso estimular o agro e não penalizá-lo"

80
TEMÁRIO 2016

81
Opinião

Tá no agro, tá favorável
*Leonardo Massuda massa, mercado de food service, etc.
Essa rede está cada vez mais

I
ndependente de mudanças no Governo Fe- interligada com a operação de outros paí-
deral, fato é que a crise econômica ainda pro- ses, seja pela presença das multinacionais
duzirá marcas negativas nos balanços das ou pela destinação dos nossos produtos a
empresas e no próprio PIB nacional. É sabido outros continentes. Por isso, crescem as de-
também que o agronegócio continua, períodos mandas por profissionais que tenham visão
mais outros menos, sendo o principal aporte global do negócio, conhecimento especí-
produtivo do país. Assim, garante vagas de fico do setor, domínio do inglês e que, ao
trabalho no mercado executivo, sobretudo em mesmo tempo, tragam a simplicidade do
Estados produtores de grãos, como Rio Gran- campo na hora de se relacionar. Trabalhar
de do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. essa equação tem sido um grande desafio.
Fazendo uma leitura dos proces- Por outro lado, neste momento
sos seletivos conduzidos pelo Fesap Group de mercado, temos observado muitos bons
de 2013 até o momento, tenho observado que executivos disponíveis com interesse em
grande parte dessas oportunidades é oriunda atuar no agronegócio. Para áreas direcio-
das áreas financeira, engenharia, RH, comer- nadas ao backoffice, conseguimos agregar
cial e supply chain, que representaram 69% a vinda de profissionais que trazem exper-
Divulgação
dos projetos voltados ao agronegócio neste tises positivas de outros setores. Já quan-
período. Realidade essa que deve se manter do tratamos de áreas ligadas ao campo,
no segundo semestre de 2016. é essencial uma formação em agronomia,
Esses índices têm um funda- veterinária ou zootécnica, preferencialmen-
mento, principalmente se falarmos das po- te com um histórico de atuação no setor.
sições de finanças e de engenharia, que Em suma, contratar para o
responderam por 23% e 20% dos projetos, agronegócio é uma atividade desafiadora
respectivamente. A chegada de novos gru- por natureza, pois apesar de ser um seg-
pos no mercado brasileiro gera contrata- mento promissor, muitas cadeiras estão
ções de CEOs, além da troca de comando estabelecidas fora do eixo Rio-São Paulo,
em algumas companhias já presentes, que como o interior do Centro-Oeste e Matopiba.
passam por fusões ou aquisições. Essa ex- A maior resistência dos profis-
pansão dos investimentos multinacionais, sionais tem sido realmente a troca de suas
portanto, tem potencializado a relevância metrópoles por cidades interioranas. Levar
de posições mais técnicas dentro das or- um executivo para outro centro quase nun-
ganizações, que são responsáveis por ca é uma questão individual, mas sim co-
uma gerência exata do negócio. letiva, pois envolve a mudança da família.
Estamos falando de toda a ca- Seguimos com o ditado “Happy wife, ha-
deia agro, que vai desde a produção de ppy life”, e o inverso também é verdadeiro.
sementes, maquinários, fertilizantes, co- *Leonardo Massuda é Só-
lheita, beneficiamento, até a chegada ao cio Consultor do Fesap Group, consulto-
consumidor final, envolvendo áreas-cha- ria de executive search e de estratégia de
ves como distribuição e armazenagem, capital humano. Representa as marcas
varejo tradicional, atacado direto, varejo de Fesa, Asap e Fesa Advisory.

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Foto ilustrativa

R. Genoveva Onofre Barban, 495 Planalto Verde - Ribeirão Preto - SP


A VOZ DO AGRONEGÓCIO (16) 3620 0555 / 3234 6210 / 3446 3993 / 3446 7574

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