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A guerra fiscal e a

lei 116/2003
Eng. Sebastião Martins
Objetivando o aumento de arrecadação,
alguns municípios têm concedidos benefícios
fiscais às empresas prestadoras de serviços
que se instalassem em seus territórios,
promovendo uma verdadeira guerra fiscal em
total desencontro com o que prescreve o
Pacto Federativo e a própria Constituição
Microsoft
que, através da LC 116/2003, fixou o intervalo
permissível para as alíquotas de ISS ( 2,00 a
SCM- Sistemas
5,00 %). Neste artigo buscamos, pela
Consultoria e Métodos
Hermenêutica (ciência da interpretação das
Ltda.
leis) e criticas aos pareceres do STJ,
Fone (31) 99645-0801 demonstrar suas impropriedades, e, assim
fundamentado, encorajar os gestores
[Type the fax number] municipais à adoção de medidas que
assegurem o incremento do ISS.
4/14/2016
1) Introdução ...................................................................................................................... 2
2) Curva de Lafer – Efeito do Incremento das alíquotas de serviços ..................... 3
3) Guerra Fiscal ................................................................................................................. 4
4) Interpretando a LC 116/2003 ...................................................................................... 5
5) Recurso especial REsp 1245310 MG ........................................................................ 6
6) Operações com cartões de crédito/débito e leasing ............................................. 7
7) Fim da Guerra Fiscal - PLS 386/12 ............................................................................ 8
Sobre o autor

Eng. Eletricista, pós-graduado em Gerenciamento de Projeto pelo IETEC


(Instituto de Educação Continuada – BH, MG), profissional com mais de 30
anos de mercado, com amplos conhecimentos técnicos, administrativo,
projetos e acompanhamento de obras, financeiro, contábil e tributário, adquirido
nas atividades abaixo relacionadas e consolidado pelo desenvolvimento
pessoal de Sistema Gerencial Administrativo, Financeiro e Tributário, já
implantado e em perfeito funcionamento em grandes empresas.

Ex. prof. da UFMG (Universidade Federal do Minas Gerais) e PUC ( Pontifícia


Universidade Católica do Minas Gerais) com vários artigos técnicos
publicados. Conhecimento básico em Direito Tributário, Constitucional,
Administrativo, Participação Pública Privada e contabilidade básica / avançada.

Autor dos Livros

a) ISS das Instituições Financeiras (250 páginas),


b) ISS nas operações com cartões de crédito e débito (tese).
http://portalamm.org.br/iii-seminario-de-gestao-e-arrecadacao-municipal/

Aprovado no MPU (classificação 118), Tribunal de Justiça (Classificação 135) e


ALMG (Assembleia Legislativa do Paraná).

Pós-graduação com ênfase em Análise de Investimentos

Análise de Balanço para fins de financiamento junto ao BNDES

1) INFORMÁTICA
Excel, Word, Analista e desenvolvedor de Sistemas (sendo autor de um
Sistema ERP e CRM ) e Planilha (Excel) para avaliação e análise de decisão
em projetos de tubulações nas áreas de saneamento (adutoras e esgoto) e
valor de jazidas de minério de ferro.

2) EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
Mineração de ferrosos e não ferrosos (cobre e alumínio), Siderurgia e
metalurgia de cobre e alumínio.
A guerra fiscal e a LC 116/2003

1) Introdução

A sociedade brasileira presencia no atual momento a pior crise de sua história,


atingindo todos os aspectos vitais da politica, da economia, das obrigações
fundamentais do Estado para com a Sociedade.

Tal panorama é decorrente do desgoverno e dos generalizados atos de


corrupção de toda ordem, tendo por consequência uma retração do PIB,
atingindo e afrontando a própria soberania nacional.

Neste contesto, caem as arrecadações dos impostos impossibilitando aos


gestores municipais a obtenção de recursos financeiros para o cumprimento de
suas responsabilidades para com seus administrados levando os três níveis do
poder politico à adoção de medidas tributárias sem sustentabilidade perante os
princípios fundamentais da ciência econômica e ao desrespeito do Pacto
Federativo, ensejando a prática da Guerra Fiscal entre os entes federativos.

Em sentido oposto ao da retração do PIB presenciamos os altos lucros das


Instituições Financeiras com seus sucessivos acréscimos ano após ano e uma
clara evidência do não pagamento do ISS na forma prevista pela LC 116/2003,
demostrando que, enquanto se retrai a atividade econômica (PIB), efeito
correspondente não acontece com estas instituições em decorrência do total
domínio que mantem sobre nossos legisladores que recorrem à criação novos
impostos (CPMF) a onerar a já combalida estrutura produtiva e aos
consumidores que já não suportam tanta carga de impostos.

Os lucros dos bancos em 2014 foram, segundo o Dieese, de:

• Itaú – R$ 20,6 bilhões,


• Bradesco – R$ 15,3 bilhões,
• Banco do Brasil – R$ 11,3 bilhões,
• Caixa – R$ 7,1 bilhões,
• Santander – R$ 5,8 bilhões.

Transcrevo o texto do Dr. Ives Gandra

“Ora, neste quadro de recessão do PIB, aumento da inflação, elevação do


nível de desemprego, pensar em elevar a carga tributária é, indiscutivelmente,
retirar o pouco de competitividade que a sociedade empresarial brasileira ainda
tem, pois atinge os que podem gerar empregos e desenvolvimento, para inchar
uma máquina burocrática esclerosada, em que, nos três poderes, os ajustes de
vencimentos este ano, vão muito além da inflação”.

Nas suas palavras - como disse, segundo a Receita Federal, a carga tributária,
para os setores produtivos (o grifado foi por mim adicionado), ficou em 35,86%,
se aproximando da Alemanha (36,35%), que, no entanto, presenteia os
contribuintes com excelentes serviços propiciando-lhes alto padrão de vida,
coisa que não ocorre no Brasil.
http://economia.ig.com.br/2015-09-03/plenario-aprova-aumento-de-tributo-
sobre-lucro-de-instituicoes-financeiras.html

2) Curva de Lafer – Efeito do Incremento das alíquotas de serviços

De uma forma geral, o aumento das alíquotas dos impostos tende a produzir
aumento de recursos tributários. No entanto, como forma de obtenção de
recursos tributários, esse aumento pode produzir efeitos de redução na
arrecadação, pois seu resultado está a depender em qual valor se encontra a
alíquota de um tributo em dado momento.

Tais circunstâncias podem ser mostradas pela Curva de Lafer. A sociedade


não suporta tamanha carga tributária sem o devido retorno à satisfação de
suas necessidades. Portanto, outras providências deverão ser tomadas, tais
como as que tratamos neste trabalho.

A Curva de Lafer mostra que um aumento na taxa de impostos eleva a


receita tributária até determinado ponto (máximo). A partir daí, maiores taxas
reduzem a receita tributária, pois desestimulam o trabalho, uma vez que seu
resultado no aumento da renda da classe produtiva deixa de ter efeito
agregado nas melhores condições de vida para os que, efetivamente,
contribuem na formação do PIB.

Pelo menos dois motivos podem explicar esse comportamento.


Em primeiro lugar, um aumento nos impostos representa redução de
receita no retorno sobre cada hora adicional de trabalho. Isso pode, a partir de
determinado ponto, levar as pessoas a trabalhar menos, buscando mais lazer.

Em outras palavras, o imposto tem um efeito distorcido sobre a opção entre


renda e lazer.

Em segundo lugar, taxas de impostos muito altas podem criar incentivos


à sonegação, ou levar as pessoas a procurarem atividades cuja tributação seja
menor.

Se vale a Curva de Lafer, o grande desafio do governo consiste em


descobrir em que ponto ele está na curva. Se estiver à esquerda de tmax,
poderá aumentar sua receita com a elevação das taxas. Se estiver à direita,
isso não é possível.

As explicações acima servem para esclarecer que as medidas tomadas pelos


governantes, como a recriação da CPMF e acréscimo de alíquotas de
impostos podem ter efeitos opostos. Como a carga tributária já é insuportável,
a busca de procedimentos centrados na eficiência e eficácia da gestão dos
impostos pode ser uma única solução alternativa.

3) Guerra Fiscal

Alguns municípios, principalmente os do Estado de São Paulo, na tentativa de


aumentar suas receitas tributárias tem recorrido a recursos de concessão de
alguns benefícios fiscais aos contribuintes que vierem a estabelecer suas
sedes operacionais em seus territórios, mesmo que em detrimento dos
preceitos norteadores do Pacto Federativo, tendo por consequência o
desencadeamento da chamada Guerra Fiscal. Tal procedimento encontra na
116/2003 uma sustentação distorcida pela interpretação de seus art. 3º e 4º,
quando privilegia o termo “o imposto é devido ao município onde localizado o
prestador de serviço”, definindo-o, também, como o local do fato gerador do
imposto.

Artigo 3º da Lei Complementar 116/2003 - O serviço considera-se


prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador
ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador,
exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o
imposto será devido no local:

Artigo 4º da Lei Complementar 116/2003 - Considera-se


estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a
atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e
que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevante
para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto
de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou
quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

Mesmo respeitando a alíquota mínima de 2%, conforme previsto pela


Constituição, ao concederem benefícios fiscais aplicados diretamente à base
de cálculo, fazem com que a alíquota efetiva do imposto fique abaixo dos 2%, o
que se caracteriza como se atuassem na redução da alíquota, ferindo o Pacto
Federativo que estipula direitos de isonomia entres os entes municipalistas,
que estabelece o princípio da igualdade e de responsabilidade entre os entes
tributantes do ISS, acirrando, com isso, a guerra fiscal.

4) Interpretando a LC 116/2003

A se pretender, o legislador constituinte, em direcionar os impostos das


operações de leasing e de cartões para o local das sedes de seus
estabelecimentos, deveria, no lugar do termo “estabelecimento prestador” ter
usado a expressão “estabelecimento do prestador”.

Note-se que tal preposição “do” não existe na expressão literal do art. 4º da lei
116/2003, bem como, também não existe a expressão “onde se
perfectibilizou” o ato da operação, termo de que se fez uso os julgadores das
operações de leasing para o direcionamento do ISS aos municípios onde
instalados as sedes dos estabelecimentos.

Atente-se que, fundamentado nesta visão, está desprestigiando o local de


origem da manifestação econômica destas transações, isto é, no caso das
operações com:

a) Leasing, o município onde está localizado o estabelecimento que


recebe o interessado nestas operações, onde se registram todos os
dados que lhes são pertinentes, inclusive sua análise de viabilidade,
repassando estas informações, por meios computacionais, para as
sedes dos estabelecimentos concessores, tendo por razão a redução
dos custos operacionais pela centralização suas contabilizações nestes
estabelecimentos.

b) Nas operações de vendas através de cartões de crédito e debito,


estas se iniciam nos estabelecimentos que processam as vendas pela
ação física de quem as registram e a leitura dos dados do portador do
cartão, sendo, após, transmitidos para a sede das administradoras para
conferências da adequabilidade da operação.

c) Unidade econômica - Artigo 4º da Lei Complementar 116/2003 -


Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte
desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou
temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo
irrelevante para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência,
posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato
ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

5) Recurso especial REsp 1245310 MG

http://www.jusbrasil.com.br/topicos/677512/unidade-economica

STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1245310 MG 2011/0042873-6 (STJ)

Data de publicação: 25/05/2011

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO


CPC . ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284 /STF. ISS. COMPETÊNCIA.
LOCAL DO ESTABELECIMENTO (DO) PRESTADOR. PRESENÇA
DE UNIDADE ECONÔMICA OU PROFISSIONAL (FILIAL). 1. A alegação
genérica de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, sem explicitar os
pontos em que teria sido omisso o acórdão recorrido, atrai a aplicação do
disposto na Súmula 284 /STF. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, interpretando o art. 12, a, do Decreto-Lei n. 406 /68, entendia que a
competência tributária para cobrança do ISS era da municipalidade onde o
serviço era prestado. 3. Com o advento da Lei Complementar n. 116 /2003, a
competência passou a ser o local do estabelecimento prestador do serviço,
considerando-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou
profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser
formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurídica (arts. 3º e 4º).
4. Precedentes : RE sp 1.195.844/DF , Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, julgado em 1.3.2011, DJ e 15.3.2011; REsp1.160.253/MG,
Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em10.8.2010, DJ e 19.8.2010;
RE sp 1.139.903/GO, Rel. Min. Castro Meira ,Segunda Turma, julgado em
3.8.2010, DJ e 17.8.2010; REsp1.175.980/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda Turma, julgado em2.3.2010, DJ e 10.3.2010; RE sp 1.117.121/SP,
Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 14.10.2009, DJ e
29.10.2009; Ag Rgno Ag 903.224/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda
Turma, julgado em 11.12.2007, DJ 7.2.2008, p. 307.Recurso especial
conhecido em parte e improvido.
Analisando o recurso especial REsp 1245310 MG

Buscaremos, agora analisar o STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 1245310 MG


2011/0042873-6 (STJ) -Data de publicação: 25/05/2011 para deixar claro que o
município do local das operações de vendas processada através do uso de
cartões de crédito e débito contempla os requisitos necessários a sua
caracterização de unidade econômica, e, portanto, não prevalece a
argumentação contrária, no sentido de que, somente nas sedes se acham
configurado tal conceito.

Conforme o recurso especial, em seu item 4, temos:

Com o advento da Lei Complementar n. 116 /2003, a competência passou a


ser o local do estabelecimento (do) prestador do serviço, considerando-se
como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto
é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser formalmente
considerada como sede ou filial da pessoa jurídica (arts. 3º e 4º).

Observando o referido recurso especial, temos;


a) Não existe a preposição “do”, propositalmente lá colocada,
pelo autor deste documento, tendo por objetivo evidenciar a
diferença existente quando esta estiver ou não presente,
conforme explicado no item “Interpretando a LC 116/2003”.
b) A não necessidade de que o fato gerador tenha ocorrido na
sede para caracterizar ou não sua existência, nem muito
menos para a caracterização do local da sede do
estabelecimento, como sendo o local da configuração de
“UNIDADE ECONÔMICA”.
c) Fica mais correto entender como “UNIDADE ECONÔMICA” o
local das vendas pela existência de recursos físicos
necessários a sua operação (maquina leitora de cartões), bem
como do agente humano necessário ao desempenho da
operação (passar o cartão no aparelho de leitura) e a vontade
do proprietário do ambiente comercial em processar a venda.

Ressalte-se que todos os elementos necessários à identificação da operação


se acham devidamente inseridos no cartão, processando no estabelecimento
da sede apenas sua contabilização ou não, a depender da disponibilidade de
crédito/recurso financeiro do usuário do cartão.

6) Operações com cartões de crédito/débito e leasing

Operações como as relacionadas ao leasing e as com o uso de cartões de


crédito e débito geram oportunidades ao questionamento quanto o local do
fato gerador do imposto, que, na visão das administradoras de cartões e dos
estabelecimentos vinculados às operações de leasing (em ambas, quase
sempre uma Instituição Financeira) sustentam a argumentação de que é o das
próprias sedes, vez que nestas se processam todos os atos decisórios à sua
perfeita caracterização.
Já os munícipios defendem a ocorrência dos fatos geradores do ISS
relacionados às operações de leasing e de vendas através de cartões como
ocorridas em seus respectivos territórios (principio da territorialidade das leis),
e, como tal, a estes devidos os tributos.

A legislação tributária vale, em princípio, nos limites do território da pessoa jurídica


que edita a norma. Quer-se dizer que, no âmbito federal, a norma vale apenas
dentro do território brasileiro; no âmbito municipal, dentro do município e, assim,
sucessivamente. Todavia, a norma pode, por exceção, alcançar sujeitos passivos
fora do Estado Federal, do Município ou Estado, como prevê o art. 102 do Código
Tributário Nacional:

A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no


País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhes reconheçam
extraterritorialidade os convênios de que participem ou de que disponham esta ou
outras leis de normas gerais expedidas pela União.

Entretanto, o Código Tributário Nacional (Art. 102) admite a extraterritorialidade da


norma tributária, excepcionalmente, desde que haja convênio entre as pessoas
jurídicas de Direito Público Interno interessadas (Distrito Federal, Estados e
Municípios), ou desde que existam tratados ou convenções firmados pela União

É bem verdade que com a aprovação do PLS 388/12 se pretende consignar o


ISS para o local do estabelecimento do tomador, em lugar do prestador, o que
poria um fim as razões que dão sustentação a guerra fiscal. No entanto,
esperar que com este projeto se lei revogue a LC 116/2003 será um utopia por
ferir os interesses das administradoras de cartões, estabelecimentos
concessores das operações de leasing e das Instituições financeiras, e, mesmo
da UNIÃO, posto que o Sistema Financeiro direciona e oportuniza a eleição de
parlamentares da câmara dos deputados e senadores.

7) Fim da Guerra Fiscal - PLS 386/12

Vários são os Projetos de Lei em tramitação no Senado Federal e Câmara dos


Deputados objetivando modificações na LC 116/2012, outros, até mesmo de
sua revogação. No entanto, na visão do autor deste trabalho, o PLS 386/2012
do Senador Romero Jucá é o que tem mais chance de produzir os efeitos
práticos.

O PLS 386/2012 altera a Lei Complementar nº 116/2003 (dispõe sobre o


Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, de competência dos
Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências);

a) Acrescenta o § 4º ao art. 3º da referida Lei Complementar para


estabelecer que o imposto será devido no local do estabelecimento do
tomador ou intermediário do serviço;
§ 4° Os serviços prestados pelas administradoras de cartão de
crédito e débito, descritos no subitem 15.01, os terminais
eletrônicos ou as máquinas das operações efetivadas deverão
ser registrados no local do domicílio do tomador do serviço.

Observação: O parágrafo 4º, do art. 3º, foi incluído pelo inciso XXIV pela
Câmara dos Deputados, ficando a sua redação como abaixo:

“Art. 3º O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do


estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do
domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXVI
quando o imposto será devido no local:

Inciso XXIV - do domicílio do tomador do serviço, no caso dos serviços


prestados pelas administradoras de cartão de crédito ou débito e demais
descritos no subitem 15.01.

b) A revisão da Câmara dos Deputados resultou, também, nova redação


para o § 3°.

§ 3°. No caso dos serviços descritos nos subitens 10.04 e 15.09, o valor do
imposto é devido ao Município declarado como domicílio tributário da pessoa
jurídica ou física tomadora do serviço, conforme informação prestada por este.

• Subitem 10.04 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de


contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia
(franchising) e de faturização (factoring).
• Subitem 15.09 – Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer
bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de
garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e demais
serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing).

c) Acrescenta o art. 8-A e os §§ 1º e 2º para dispor que a alíquota mínima


do imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2%, que o
imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos e
benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de
cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou qualquer outra forma
que resulte, direta ou indiretamente, em uma carga tributária menor que
a decorrente da aplicação da alíquota mínima de 2%,
d) Declara que é nula a lei ou ato do Município que não respeite as
referidas disposições;
e) Altera a lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003;
f) Altera a Lei nº 8.429/1992 (dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta,
indireta ou fundacional e dá outras providências) para estabelecer que
constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão no
sentido de conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário
contrário ao que dispõe o “caput e o § 1º do art. 8-A da Lei
Complementar nº 116/2003, com perda de função pública, suspensão
dos direitos políticos de cinco a oito anos e multa civil de até três vezes
o valor do benefício financeiro ou tributário concedido;
g) Dispõe que os entes federados deverão, no prazo de 2 anos, contado da
publicação desta lei, declarar nulo os dispositivos que contrariem os
disposto no “caput” e no § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar
116/2003; revoga as disposições em contrário do Decreto-lei nº
406/1968, que estabelece normas gerais de direito financeiro, aplicáveis
aos impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e
sobre serviços de qualquer natureza, e dá outras providências.

Original PLS 386/2012 – Senado PLS 386/2012 - Câmara

Art. 3o O serviço considera- “Art. 3º ........................................ “Art. 3º O serviço


se prestado e o imposto considera-se prestado e o
devido no local do imposto devido no local do
estabelecimento prestador estabelecimento prestador
ou, na falta do ou, na falta do
estabelecimento, no local do estabelecimento, no local do
domicílio do prestador, domicílio do prestador,
exceto nas hipóteses exceto nas hipóteses
previstas nos incisos I a previstas nos incisos I a
XXII, quando o imposto XXVI quando o imposto
será devido no local: será devido no local:

Conforme link https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-


/materia/123221, as alterações propostas pela Câmara dos Deputados ao PLS
386/2012 foram encaminhadas em 22/06/2016 ao Senado Federal para as
devidas apreciações.

Comentários:

a) Como se vê no quadro acima, no PLS 386/2012 o senado não tratava


das operações com cartões de crédito e débito, fato modificado pela
Câmara dos Deputados ao introduzir os incisos XXIII, XXIV, XXV e XXVI
na lista de exceções que direciona o ISS ao local onde tomado os
serviços, acrescentado, assim, as operações com cartões de crédito e
débito.
b) Observe que o art.3 da LC 116/2012 continua referindo como direito ao
ISS o local da prestação de serviços, exceto os descritos nos incisos de
I a XXII, acrescidos, agora, dos XXIII, XXIV, XXV e XXVI, em que o
inciso XXIV trata especificamente das operações com cartões de crédito
e débito,
c) Com as alterações introduzidas pela Câmara dos Deputados os serviços
prestados pelas Instituições Financeiras não sofreram alterações,
continuando o ISS dos serviços listados na lista 15 como enunciado no
texto original da LC 116/2012.
d) A jurisprudência dos STJ e STF mantém o caráter taxativo dos itens da
referida lei, assim, sobre todos eles e seus respectivos “CONGERES”
sofrem incidência do ISS não cabendo, portanto, por parte de terceiros a
emissão de pareceres adversos.
e) O governo do Estado do Rio Grande do Sul em reconhecimento da
injustiça tributária decorrente do direcionamento de ISS das operações
com cartões de crédito e débito aos municípios sedes das
Administradoras de Cartões e, também, por ver-se nesse procedimento
total afronta Art. 3º (Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil), através da alteração do Art. 142 da Carta magna
do RS, passou a disponibilizar, aos Municípios, eletronicamente as
movimentações financeiras referentes as operações com cartões de
crédito dentro da sua jurisdição. Dessa forma dá aos Municípios uma
forma mais tranquila e simplificada de apurar o ISS sobre essas
operações, trazendo mais benefícios financeiros, aumentando a
arrecadação e colocando a disposição dos Municípios dados até então
difíceis de conseguir via procedimentos administrativos fiscais, tendo em
vista a forma como se apresentam as faturas e os pagamentos sobre
cartões de crédito e débito.

“Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justo e solidária;


II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/municipios-


gauchos-nova-forma-de-arrecadar-iss/81057/#ixzz4Hzgl5uYF

O PLS 386/2012 propõe alterar a Lei Complementar nº 116 conforme segue:

“O referido projeto altera a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho


de 2003, que dispõe sobre o Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza; a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade
Administrativa); e a Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de
1990, que dispõe sobre critérios e prazos de crédito das parcelas do
produto da arrecadação de impostos de competência dos Estados e
de transferências por estes recebidas, pertencentes aos Municípios,
e dá outras providências.

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=60
3566

“A Câmara dos Deputados aprovou por 340 votos a 67, emenda a projeto de lei
complementar que acaba com a guerra fiscal entre municípios para alterar o
local de recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS) das atividades de
arrendamento mercantil (leasing), franquia e de faturização (factoring), planos
de saúde e as operações com cartão de crédito e débito para a cidade onde é
executado o serviço. A análise da emenda conclui a votação, pela Câmara, do
projeto, que segue para o Senado decidir sobre as mudanças feitas pelos
deputados no texto antes de encaminhá-lo para sanção”.

A principal mudança feita ontem foi no local que arrecada o ISS pela execução
desses serviços. Atualmente o imposto é recolhido no município onde está a
sede dos bancos e administradoras de cartões que costumam receber
incentivos que reduzem o ISS a menos de 2% para se instalarem nestas
cidades.

8) Conclusão:

Não bastasse toda a argumentação deste artigo, temos que, resta mais
oportuno a identificação dos erros na interpretação da LC 116/2003, a
investigação da intenção do legislador constituinte na criação do ISS e uma
ação conjunta dos municípios para fazer valer o Pacto Federativo frente aos
interesses da UNIÃO e dos contribuintes vinculados ao sistema financeiro.

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Eng. Sebastião Martins

Consultor de Tributos Municipais

Email: scm.sistemas@gmail.com

• http://www.consultoriaiss.com/
• http://www.direitobrasil.adv.br/index_arquivos/Page1474.htm
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%B5es_do_Brasil
• http://www.brasil-economia-governo.org.br/2015/03/02/quem-deve-ficar-
com-as-receitas-do-iss-incidente-sobre-cartoes-magneticos/
• http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/financas/servicos/iss/i
ndex.php?p=2497

http://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/lei-de-responsabilidade-fiscal
RESUMO – Guerra Fiscal

A chamada guerra fiscal surgiu com a prática dos estados e cidades


oferecerem incentivos nos impostos para atrair empresas para a sua região e
dessa forma, melhorar a economia e a arrecadação de tributos na região. Com
o ISS não é diferente, nesse caso a guerra fiscal faz com que os municípios
ofereçam alíquotas cada vez mais baixas na tentativa de atrair empresas a se
estabelecerem em seus respectivos territórios.

Nestas considerações, atraídos por alíquotas baixíssimas de ISS (até 0,25%),


vários prestadores de serviços, estabelecidos em municípios com alíquotas
consideradas elevadas, alteraram seus estabelecimentos para municípios que
concederam benefícios e incentivos fiscais, fundamentando-se no artigo 12 do
revogado Decreto-Lei 406/68, o qual determinava que o ISS deveria ser pago
para o local do estabelecimento prestador de serviços, salvo nos casos de
construção civil, onde o imposto deveria ser pago para o local da prestação do
serviço (obra).

A Lei Complementar 116/2003 inovou o ordenamento jurídico nacional em


muitos aspectos ao disciplinar o imposto sobre serviços de qualquer natureza
(ISS). A Referida Lei Complementar teve por objetivo atualizar a lista de
serviços anexa ao Decreto Lei 406/68, anteriormente alterada pelas Leis
Complementares 56/87 e 100/99, além de trazer outras inovações.

Dessa forma, a LC 116/03 já nasceu com a difícil missão de tentar uniformizar


as milhares leis municipais que regem o ISS, especialmente no tocante à
determinação do fato gerador, da base de cálculo e do contribuinte, e ainda,
em acabar com a chamada “guerra fiscal” existente entre os municípios.

O artigo 156, parágrafo 3° da constituição federal dispõe:

III- serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar:

Parágrafo 3° Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo


cabe à lei complementar:

• Fixar suas alíquotas máximas e mínimas;


• Excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior;
• Regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios
fiscais serão concedidos e revogados.

Com base no artigo 156 da Constituição Federal visto no parágrafo anterior,


surgiu a lei complementar n°. 116/2003, que trouxe as seguintes observações:
a) Ampliou o alcance da lei, subordinando além dos prestadores de
serviços, também os tomadores de serviços responsáveis;
a) Em seu artigo 6°, deu ampla competência para os municípios definirem
a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, mediante lei
municipal;
b) Em seu artigo 8°, fixou alíquota máxima em 5%;
c) Não fixou a alíquota mínima.

Apesar da lei 116/2003 não ter fixado alíquota mínima para o ISS, entende-se
que deve prevalecer a alíquota definida pela Emenda Constitucional n° 37/2002
conforme trecho da emenda a seguir:

Art. 3º. O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar


acrescido dos seguintes art. 84, 85, 86, 87 e 88:

Art. 88. Enquanto a lei complementar não disciplinar o disposto nos incisos I e
III do § 3º do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a que se refere o
inciso III do caput do mesmo artigo:

I – terá alíquota mínima de 2% (dois por cento).

Postas as considerações acima, todo leva a crer pela ilegalidade dos


municípios em instituírem alíquotas de ISS inferiores a 2,00 %, situação que,
não coibida pelo STJ nem STF, enseja disputas predatórias do Pacto
Federativo, circunstância encorajadora da guerra fiscal.

Temos que o ISS quando de sua criação pelo Legislador


Constituinte foi vislumbrado como um imposto que tem por pretensão arrecadar
recursos para os municípios, dando a estes tratamentos isonômicos, não tendo
por objetivo favorecer uns em detrimento de outros, do que decorre
injustificável a presunção da total liberdade na fixação do estabelecimento
prestador pois este deve se amoldar a outros preceitos esculpidos na
Constituição Federal, como o do art. 170 da Constituição da República que
estabelece os princípios gerais da ordem econômica, trazendo garantias
para a mesma, como a liberdade de iniciativa do setor privado, mas
disciplinando, também, limites a serem seguidos, tendo em vista outros valores
constitucionais como, por exemplo, a dignidade da pessoa humana.

Os princípios constitucionais da ordem econômica têm por fim assegurar a


existência digna, conforme os ditames da justiça social, respeitados os
seguintes princípios: soberania nacional, propriedade privada, função social da
propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio
ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno
emprego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no
/país.

Dentre estes princípios constitucionais da ordem econômica, merece destaque


o da:

a) Redução das desigualdades regionais e sociais,


b) Busca do pleno emprego,
c) Livre concorrência.

Enquanto houver a “guerra fiscal“, será inviável a Redução das desigualdades


regionais e sociais.

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