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Manual do Aluno

FÍSICA
12.ǡ ano de escolaridade

República DemocráƟca de Timor-Leste


Ministério da Educação
Manual do Aluno
FÍSICA
12.o ano de escolaridade

Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste


Cooperação entre:
Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Instituto da Cooperação e da Língua | Fundação
Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro
Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa
Título
Física - Manual do Aluno

Ano de escolaridade
12.o Ano

Autores
Luís Cadillon Costa
Fátima Sousa Castro
Nuno Serra Agostinho

Coordenador de disciplina
Luís Cadillon Costa

Colaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina


Este manual foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina,
sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.

Ilustração
Patrícia Ferreira Carvalho

Design e Paginação
Esfera Crítica Unipessoal, Lda.
Patrícia Ferreira Carvalho

1ª Edição

Conceção e elaboração
Universidade de Aveiro

Coordenação geral do Projeto


Isabel P. Martins
Ângelo Ferreira

Ministério da Educação de Timor-Leste

2014

Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua
utilização para fins comerciais.

Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma
volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadvertidamente
esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a fim de
serem tomadas as providências adequadas.
Índice

Unidade Temática

A A Energia Elétrica na Sociedade

10
0 Circuitos Elétricos
1 Circuitos elétricos
10 1.1 Componentes elétricos e eletrónicos
12 1.2 Esquematização de um circuito elétrico
13 2 Corrente elétrica
14 3 Diferença de potencial e intensidade da corrente
17 4 Resistência de um condutor e Lei de Ohm
22 5 Resistividade
23 6 Energia elétrica e potência elétrica
26 7 Trocas de energia num circuito elétrico
26 7.1 Lei de Joule
27 7.2 Geradores e recetores
28 APSA A-0.1: A instalação elétrica em casa
29 APL A-0.1: Circuitos com lâmpadas em série e em paralelo
31 APSA A-0.2: Circuito eletrónico
32 APL A-0.2: Lei de Ohm
34 APSA A-0.3: Consumo elétrico doméstico
34 Resumo
35 Questões para resolver
1 Equações dos Circuitos Elétricos
38 1 Circuitos simples com gerador e recetor
38 1.1 Força eletromotriz e potência de um gerador
39 1.2 Resistência interna de um gerador e potência útil de um gerador
42 1.3 Força contraeletromotriz de um recetor
42 1.4 Resistência interna e potência útil de um recetor
45 2 Associação de resistências
49 APL A-1.1: Características de um gerador
50 APL A-1.2: Circuitos com resistências em série e em paralelo
51 Resumo
52 Questões para resolver
2 Campo Elétrico e Campo Magnético
54 1 Carga elétrica. Eletrização por contacto e por influência
56 2 Condutores e isoladores
56 3 Campo elétrico. Lei de Coulomb
65 3.1 Condutor em equilíbrio eletrostático
66 3.2 Energia no campo elétrico
67 4 Potencial elétrico. Superfícies equipotenciais
77 5 Aplicações
77 5.1 Campo elétrico na atmosfera

3
A
78 5.2 Poder das pontas. Sistema de proteção contra relâmpagos
79 6 Campo magnético
79 6.1 Origens do campo magnético
82 6.2 Campo magnético terrestre
83 APSA A-2.1: Eletrização por contacto e por influência
83 APL A-2.1: Superfícies equipotenciais
84 APSA A-2.2: Linhas de campo magnético
85 APL A-2.2: «Poder das pontas»
87 Resumo
87 Questões para resolver

Unidade Temática

B Da produção de energia às telecomunicações na sociedade

94
0 Forças Elétrica e Magnética
1 Ação de campos magnéticos sobre cargas em movimento
98 2 Ação simultânea de campo elétrico e magnético sobre cargas em
movimento
101 3 Aplicações
103 3.1 Motor elétrico
103 3.2 Levitação magnética
104 3.3 Espetrómetro de massa
105 3.4 Experiência de Thomson
106 APSA B-0.1: Acelerador de partículas
107 APSA B-0.2: Razão carga/massa do eletrão
107 APSA B-0.3: Motor Elétrico
108 APL B-0.1: Comboio de levitação magnética
109 APL B-0.2: Acção do campo magnético sobre uma corrente eléctrica
110 Resumo
111 Questões para resolver
1 Indução Eletromagnética
114 1 Efeito magnético da corrente elétrica. Experiência de Oersted
115 2 Indução eletromagnética
116 3 Fluxo magnético
118 4 Força eletromotriz induzida. Lei de Faraday
120 5 Aplicações
120 5.1 Eletroíman
121 5.2 Gerador de corrente elétrica
122 5.3 Transformador
125 5.4 Campainha

4
B
125 5.5 Microfone
127 APSA B-1.1: Experiência de Oersted
127 APSA B-1.2: Experiência de Faraday
128 APL B-1.1: Eletroíman
129 APL B-1.2: Transformadores
130 Resumo
130 Questões para Resolver

2 Radiação Eletromagnética nas Comunicações


134 1 Movimentos ondulatórios
134 1.1 Ondas mecânicas e eletromagnéticas
135 1.2 Produção e propagação de um sinal. Fenómenos ondulatórios
136 2 Transmissão de informação
136 2.1 Produção de ondas de rádio: trabalhos de Hertz e Marconi
138 2.2 Transmissão de sinal
139 2.3 Sinal analógico e sinal digital
143 2.4 Modulação de sinais analógicos: modulações AM e FM
145 APSA B-2.1: Produção de ondas rádio. Trabalhos de Hertz e Marconi
146 Resumo
146 Questões para resolver

Unidade Temática

C Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade

150
0 Modelo Atómico
1 O núcleo atómico
150 1.1 Constituição do núcleo
150 1.2 Número atómico e número de massa. Nuclido
152 1.3 Energia de ligação nuclear
154 1.4 Estabilidade do núcleo
156 2 Radioatividade
156 Resumo
157 Questões para resolver
1 Origem e Utilização da Radioatividade
158 1 Processos de estabilização dos núcleos radioativos: decaimento
radioativo
162 1.1 Propriedades das emissões
163 1.2 Lei do decaimento radioativo
164 1.3 Tempo de meia vida

5
C
165 1.4 Atividade de uma amostra radioativa
167 2 Fontes naturais e artificiais de radioatividade
168 3 Efeitos biológicos da radiação
169 4 Detetores de radiação ionizante
169 5 Aplicações da radiação ionizante
169 5.1 Na Medicina
170 5.2 Na Arqueologia
170 5.3 Na Indústria
171 APSA C-1.1: Radioatividade
171 APSA C-1.2: Radiação ionizante
172 APSA C-1.3: Energia nuclear
172 Resumo
173 Questões para resolver

174 Glossário
176 Soluções das questões para resolver
180 Tabela periódica dos elementos químicos

6
Introdução

É com satisfação e orgulho que apresentamos o Manual de Física para os estudantes que
vão concluir o ensino secundário.
Pensamos que estudar Física é uma boa forma de assegurar um futuro melhor num mundo
cada vez mais imerso em Ciência e Tecnologia. Sendo a Física uma ciência fundamental, é
importante que os conceitos, teorias e leis sejam explicados de forma clara e agradável para
que a sua compreensão e aplicação se revele eficiente.
Devem ser utilizadas todas as potencialidades deste manual, que vão desde a exposição
teórica dos conteúdos, contextualizados na História da Ciência, até à sua aplicação a novas
situações. Tudo isto é sempre acompanhado da exploração de atividades experimentais,
fundamentais no Ensino e Aprendizagem das Ciências.
Esperamos pois, que esta obra seja um bom contributo para uma aprendizagem mais eficaz
e para o desenvolvimento de um excelente trabalho.

Os autores

7
O b j e t i v o s

• Identificar componentes elétricos e eletrónicos


mais comuns em circuitos simples.
• Aplicar os conceitos de resistência, potência e
energia à utilização da eletricidade.
• Interpretar o significado de gerador e de recetor.
• Determinar resistências equivalentes.
• Enunciar e aplicar a Lei de Coulomb.
• Definir e determinar o campo elétrico e o potencial
elétrico.
• Identificar características do campo magnético
terrestre e a sua origem.
Unidade Temática A | A Energia Elétrica
na Sociedade

0 Circuitos Elétricos
1 Equações dos Circuitos Elétricos
2 Campo Elétrico e Campo Magnético

«O homem não teria alcançado o possível se, repetidas


vezes, não tivesse tentado o impossível.» Max Weber
Unidade Temática A | A energia elétrica na sociedade

A-0 Circuitos elétricos
Neste subtema são abordados conceitos intimamente ligados aos
circuitos elétricos, em particular o de intensidade de corrente e o de
diferença de potencial. As aplicações mais comuns de circuitos, e as suas
características são estudadas, para chegar às noções de gerador e recetor
de energia elétrica.

1 Circuitos elétricos

1.1 Componentes elétricos e eletrónicos


Os sistemas elétricos e eletrónicos desempenham um papel fundamental
no panorama tecnológico atual. Em particular, referem-se os sistemas de
distribuição de energia a milhares de consumidores e, consequentemente,
a sua utilização em inúmeros aparelhos elétricos.

O que é um circuito elétrico?


Os aparelhos elétricos só funcionam quando são ligados a uma fonte de
energia elétrica ou gerador, que pode ser, por exemplo, uma bateria, uma
pilha, um painel fotovoltaico, um dínamo de bicicleta ou um alternador.
Em geral, um circuito elétrico é constituído por um conjunto de
componentes elétricos, recetores de energia, ligados uns aos outros por
um material condutor, normalmente fio de cobre, e conectados aos polos
de um gerador.
Os recetores podem ser lâmpadas, resistências, condensadores,
motores, etc.
Um circuito elétrico está completo quando a corrente elétrica, que sai
de um dos terminais da fonte de energia, percorre os componentes do
A saber: circuito e fecha o seu percurso no outro polo da fonte de energia. Um
Um circuito elétrico tem de circuito elétrico é necessariamente um percurso fechado.
conter, no mínimo, um gerador
e um recetor ligados por fios
elétricos.

Figura 1 – Circuito elétrico.

10
Questão resolvida

1. Indique qual o esquema que representa a forma correta para se acender uma lâmpada.

(1) (2) (3) (4)

Resolução:
1. O esquema 1, pois liga cada polo da pilha a cada polo da lâmpada.

O que é um circuito eletrónico?


Um circuito eletrónico é um caso particular de um circuito elétrico. Distingue-se deste por ser percorrido por
uma corrente elétrica de baixa intensidade e integrar componentes de reduzidas dimensões.
Alguns dos componentes mais frequentes nos circuitos eletrónicos são os díodos, as resistências, os fotodíodos,
os potenciómetros e os condensadores.
Na tabela seguinte apresentam-se as características e a simbologia de alguns componentes eletrónicos.

Componente
Característica Símbolo
eletrónico

De valor fixo determinado pelo


código de cores.

De valor variável: Potenciómetro.


Permite, com um cursor, variar o
valor da resistência.
Resistências De valor variável que depende
da luz que sobre ele incide: LDR.
Serve de sensor de luz.

De valor variável que depende da


temperatura: Termístores. Serve
de sensor de temperatura.

Armazenam energia elétrica, que


Condensadores
pode ser fornecida ao circuito.

Díodos de junção: permitem a


passagem de corrente em um só
sentido.
Díodos
Díodos emissores de luz de baixa
intensidade: LED.

Tabela 1 – Componentes eletrónicos.

Circuitos Elétricos | 11
1.2 Esquematização de um circuito elétrico
Como se esquematiza um circuito elétrico?
Os circuitos podem-se representar por meio de esquemas, fazendo corresponder a cada dispositivo elétrico o
seu símbolo. Exemplos desses dispositivos e respetivos símbolos estão representados na figura 2.

Símbolos de alguns dispositivos elétricos

Pilha Outros geradores (fonte de alimentação) Tomada da rede elétrica

+−

Fio de ligação Lâmpada Resistência

Motor Interruptor aberto Interruptor fechado

Reóstato Voltímetro Amperímetro

Figura 2 – Símbolos de alguns dispositivos elétricos.

Com estes símbolos pode-se esquematizar, por exemplo, o circuito da lanterna de mão que se mostra na figura
seguinte.
contactos metálicos
do interruptor
anel de vedação
(resistente à água) botão do
revestimento plástico
interruptor

refletor

filamento
da lâmpada

terminal na base
da lâmpada mola metálica
pilhas
conectadas em série

Figura 3 – Componentes de uma lanterna de mão.

12 | A Energia Elétrica na Sociedade


De forma esquemática, pode-se representar o circuito elétrico da lanterna
interruptor
de mão como se mostra na figura 4.

lâmpada
2 Corrente elétrica
+− +−
O que é a corrente elétrica?
pilhas
Chama-se corrente elétrica ao movimento orientado de partículas
Figura 4 – Esquema do circuito da
portadoras de carga elétrica. Os portadores de carga podem ser eletrões lanterna de mão.

ou iões.
Nos metais, a corrente elétrica é um movimento orientado de eletrões
livres. Nas soluções boas condutoras, a corrente elétrica é um movimento A saber:
orientado de iões positivos, num sentido, e de iões negativos, em Uma corrente elétrica é um
movimento orientado de cargas
sentido oposto. elétricas, eletrões ou iões.

As fontes de energia transferem energia para o circuito, obrigando os


portadores de carga elétrica a terem um movimento orientado no circuito,
gerando-se assim uma corrente elétrica. A saber:
Símbolo da fonte de corrente
As fontes de energia podem gerar correntes elétricas de dois tipos:
alternada.
– corrente contínua, CC ou DC – direct current;
– corrente alternada, CA ou AC – alternated current.

Corrente contínua (DC)

+−

   

Corrente alternada (AC)

   

Figura 5 – Correntes contínua e alternada.

Circuitos Elétricos | 13
3 Diferença de potencial e intensidade da corrente
O que é a diferença de potencial?
Quando um corpo capta ou cede eletrões fica eletrizado, ficando
respetivamente carregado negativamente ou carregado positivamente.
Diz-se, então, que cada um desses corpos se encontra a um dado
potencial elétrico.
Considere-se um corpo A, no estado neutro, isto é, com o mesmo número
de cargas positivas e negativas. Num dado momento, recebe eletrões,
passando ao estado A₁, que está carregado negativamente. Este corpo
está a um potencial negativo.

A ± A₁ ±
± ± recebendo ±− ±
eletrões −
± ± ± ±

± ± ± ±
± ± −

corpo neutro corpo carregado


negativamente

Figura 6 – A: corpo neutro; A₁: corpo com excesso de carga elétrica negativa.

Considere-se agora um corpo B, com a mesma forma e dimensões de A,


igualmente no estado neutro. Num dado momento, perde eletrões e fica
no estado B₁, que está carregado positivamente. Este corpo está a um
potencial positivo.

B ± B₁ +
± ± retirando ± ±
eletrões
± ± + +
± ± ± ±
± +

corpo neutro corpo carregado


positivamente

Figura 7 – B: corpo neutro; B₁: corpo com execesso de carga elétrica positiva.

Os corpos nos estados A₁ e B₁ estão a potenciais diferentes, existindo


então uma diferença de potencial entre eles.
Se estes dois corpos forem postos em contacto elétrico, haverá um fluxo
de cargas, de modo a ficarem ao mesmo potencial.
A unidade SI da diferença de potencial, d.d.p., é o volt, cujo símbolo é V,
em homenagem ao físico italiano Alessandro Volta.
Alessandro Volta (1745-1827)

14 | A Energia Elétrica na Sociedade


Como se mede a diferença de potencial?
Para medir diferenças de potencial utiliza-se um aparelho chamado
voltímetro. Estes podem ser analógicos ou digitais e instalam-se em
paralelo com o dispositivo elétrico nos extremos do qual se quer
determinar a d.d.p..

A saber:
Figura 8 – Voltímetro analógico e voltímetro digital. Um voltímetro mede a d.d.p.
e instala-se em paralelo num
circuito.
O que é a intensidade da corrente elétrica?
A intensidade da corrente, representa-se por I, e é uma grandeza física
que representa a quantidade de carga elétrica, que atravessa a secção
reta de um material, por unidade de tempo.

A sua unidade SI é o ampère, cujo símbolo é A, em homenagem ao físico


e matemático francês André Ampère.
Assim, 1 ampère corresponde à passagem da carga de 1 coulomb por cada
segundo, na secção reta do material:

Como se mede a intensidade de uma corrente elétrica?


A intensidade da corrente é medida com aparelhos chamados
amperímetros que podem ser analógicos ou digitais. Estes aparelhos
instalam-se sempre em série no ramo do circuito onde se pretende fazer André-Marie Ampère (1775-1836)
a medida.

Figura 9 – Amperímetro analógico e amperímetro digital.

Circuitos Elétricos | 15
Quando se representa um circuito, o sentido utilizado é o chamado
sentido convencional, que num circuito fechado é o do potencial maior
para o potencial menor, ou seja, do polo positivo para o polo negativo.
Por exemplo, no interior de uma bateria, enquanto as reações químicas
mantiverem a d.d.p. entre os seus polos, haverá uma corrente elétrica a
circular continuamente no circuito.
A figura 10 representa o sentido convencional num circuito.

Figura 10 – Representação do sentido convencional da corrente elétrica.

De facto, o sentido real da corrente, quando esta é efetuada por eletrões,


é contrário ao convencionado.

A corrente contínua tem sentido e intensidade constantes, no tempo.

I (A)

t (s)
Figura 11 – A corrente contínua tem sentido e intensidade constantes.

A corrente alternada tem um valor que varia de forma sinusoidal com o


tempo, trocando de sentido periodicamente.

I (A)

t (s)

Figura 12 – A corrente muda periodicamente com o tempo.

16 | A Energia Elétrica na Sociedade


4 Resistência de um condutor e Lei de Ohm
Materiais diferentes conduzem igualmente a corrente elétrica?
A maior ou menor dificuldade que um metal apresenta à passagem da
corrente elétrica é expressa por uma grandeza física chamada resistência
elétrica, R, cuja unidade SI é o ohm, Ω.
Qualquer elemento localizado no caminho de uma corrente elétrica,
seja esta contínua ou alternada, que cause oposição a que esta circule, A saber:
chama‑se resistência. Símbolos de resistência
R R
Quando se aplica a mesma diferença de potencial nas extremidades de
várias resistências, as intensidades das correntes resultantes são, em
geral, diferentes umas das outras, mostrando que umas oferecem maior
oposição ou resistência à passagem da corrente do que outras.
Se, numa resistência, existir uma diferença de potencial (ou tensão) entre
os seus terminais, A e B, tal que o potencial em A seja maior do que o
potencial em B, isto é, VA > VB , o sentido convencional da corrente será de
A para B, tal como se verifica no circuito seguinte:

+−

A R B

A B

Figura 13 – Circuito com uma resistência e seu esquema.

O valor da resistência A-B, a temperatura constante, calcula-se pelo


quociente entre a d.d.p., indicada pelo voltímetro, e a intensidade da
corrente que o percorre, indicada pelo amperímetro.

Esta relação traduz a Lei de Ohm, em homenagem a George Ohm.


A partir desta lei pode concluir-se que, mantendo a mesma d.d.p. nos
terminais de um elemento, a intensidade da corrente que o percorre é
tanto menor quanto maior for a sua resistência.
George Ohm (1787-1854)

Circuitos Elétricos | 17
O que é um condutor óhmico?
Assim, num condutor que obedece à Lei de Ohm verifica-se que a diferença
de potencial nos seus terminais é diretamente proporcional à intensidade
da corrente que o percorre.
Esta relação é traduzida pela razão:

Ou, graficamente verifica-se:

U (V)

I (A)
Figura 14 – A – Condutor óhmico; B e C – Condutores não óhmicos.

Assim, chamam-se condutores óhmicos ou lineares (A na figura) aos


condutores cuja resistência elétrica tem sempre o mesmo valor qualquer
que seja o circuito elétrico onde estão instalados, isto é, não dependem
da intensidade da corrente ou da diferença de potencial.
Os condutores que não obedecem à Lei de Ohm chamam-se condutores
não óhmicos ou não lineares (B e C na figura). Para um condutor não
óhmico a diferença de potencial nos seus terminais não é diretamente
A saber: proporcional à intensidade de corrente que o percorre. Neste caso a
Num condutor óhmico, a uma resistência do condutor depende de I ou de U.
dada temperatura, U e I são
diretamente proporcionais. As resistências são assim dispositivos que permitem controlar a
intensidade da corrente num circuito.

Nos aparelhos elétricos encontram-se resistências feitas de constantan,


que é uma liga de cobre e níquel, ou de cromoníquel, revestidas de plástico
ou de material cerâmico. Também podem ser resistências de carvão.
É possível identificar o valor das resistências sem ter de o medir. Para
isso, existe um código de cores que permite determinar com facilidade
esse valor.

18 | A Energia Elétrica na Sociedade


Código de cores das resistências de carvão

0 0 ×1 1%

Tolerância
1 1 ×10 2%

Multiplicador
2 2 ×100 5%

Segundo algarismo
Primeiro algarismo

3 3 ×10³ 10%
4 4 ×10⁴
5 5 ×10⁵
6 6 ×10⁶
7 7
8 8
9 9

4.o anel – dourado 5% de tolerância

3.o anel – vermelho ×100

2.o anel – verde 5

1.o anel – castanho 1


Nas resistências o seu valor fixo vem indicado através de um código de cores.
Cada resistência tem quatro anéis de cor.
Consultando o código de cores, pode-se saber o valor da resistência, colocando os
algarismos correspondentes pela mesma ordem.
No caso da resistência dada e, de acordo com este código, é:
1.o anel – castanho → 1
2.o anel – verde → 5
3.o anel – vermelho → ×100
4.o anel – dourado → 5% de tolerância
O valor desta resistência é, então, de 1500 Ω, com 5% de tolerância.
Figura 15 – Código de cores de resistências e exemplo de aplicação.

O que é um curto-circuito?
Através da Lei de Ohm, verifica-se que diminuindo muito a resistência, a
intensidade da corrente aumenta muito. No caso limite, se a resistência
for nula, a intensidade da corrente é infinita.
Considere-se o circuito da figura 16. O fio de resistência nula está a curto
circuitar a resistência. Toda a corrente passa pelo fio, e não pela lâmpada,
pois aquele não oferece resistência à sua passagem.
A lâmpada não acende porque a corrente elétrica passa preferencialmente
pelo fio, pois a resistência é teoricamente nula, estabelecendo-se
um curto‑circuito nos terminais da lâmpada. A pilha descarrega-se
Figura 16 – A lâmpada está em
rapidamente. curto‑circuito.

Circuitos Elétricos | 19
Questões resolvidas

1. Uma resistência foi colocada num circuito elétrico, como o da figura seguinte.

Usaram-se diferentes fontes de alimentação e foram registados os valores das diferenças de potencial e
da intensidade da corrente que percorrem a resistência, em cada caso.

U (V) 1,8 3,6 7,2 9,2

I (A) 0,6 1,2 2,4 3,1

1.1. Comprove, a partir dos dados da tabela, que a diferença de potencial e a intensidade da corrente são
diretamente proporcionais.
1.2. Indique o valor da resistência.
1.3. Calcule a intensidade da corrente, se a resistência for submetida a uma d.d.p. de 4,0 V.
1.4. Determine a d.d.p. nos terminais da resistência, para que a intensidade da corrente que a percorre
seja 3,5 A.
1.5. Trace o gráfico I = f(V).
Resolução:
1.1. Duas grandezas são diretamente proporcionais se a razão entre elas for constante. Assim:

1.2. Pela Lei de Ohm .

1.3. Aplicando a Lei de Ohm .


1.4. Aplicando a Lei de Ohm U = R I + U = 3,0 × 3,5 + U = 10,5 V.

20 | A Energia Elétrica na Sociedade


1.5.
U (V)

10,0

8,0

6,0

4,0

2,0

0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 I (A)

2. Observe o circuito esquematizado e os dados nele indicados.


9,0 V

+− 3,0 A

? L₁
1,0 Ω L₂ ?

L₃ 2,0 A

2.1. Classifique a associação das lâmpadas L₂ e L₃.


2.2. Calcule o valor lido:
2.2.1. No amperímetro A₂.
2.2.2. No voltímetro V₂.
2.2.3. No voltímetro V₃.
2.3. Determine o valor da resistência das lâmpadas L₂ e L₃.
Resolução:
2.1. As lâmpadas estão associadas em paralelo.
2.2.1. A intensidade da corrente no circuito principal divide-se pelas lâmpadas L₂ e L₃. Então:
I = I₂ + I₃ + 3,0 = I₂ + 2,0 + I₂ = 1,0 A.
2.2.2. Pela Lei de Ohm U = R I + U₂ = 1,0 × 3,0 + U₂ = 3,0 V.
2.2.3. A d.d.p. nos terminais do gerador é responsável pela d.d.p. nos restantes elementos do circuito.
Assim: U₁ = U₂ + U₃ + 9,0 = 3,0 + U₃ + U₃ = 9,0 – 3,0 + U₃ = 6,0 V.

2.3. Aplicando a Lei de Ohm:

e: .

Circuitos Elétricos | 21
5 Resistividade
De que depende a resistência elétrica de um condutor?
A resistência de um condutor depende da forma e do material de que é feito.
Verifica-se experimentalmente que a resistência de um material
homogéneo e de secção reta constante, é inversamente proporcional à
área da secção reta, S, e diretamente proporcional ao seu comprimento, l.

S
l
S
2l
Figura 17 – Duplicando o comprimento, duplica a resistência.

S
l
A saber:
Os reóstatos são resistências 2S
variáveis cujo funcionamento se
baseia na variação da resistência l
com o comprimento.
Figura 18 – Duplicando a secção, a resistência passa a metade.
C
A B

Quanto mais comprido for o fio condutor, maior será a sua resistência e
quanto maior for a sua secção menor será a resistência. A constante de
proporcionalidade, ρ, chama-se resistividade, que é uma característica do
material em que é fabricado e a sua unidade SI é o ohm metro, Ω·m.
A resistividade é uma propriedade que depende da temperatura.
Nos metais, a resistividade é tanto menor quanto menor for a temperatura.
Na tabela seguinte apresentam-se valores da resistividade, estabelecidos
a 20 °C, para alguns materiais.

Material Resistividade (10⁻⁸Ω·m)

Prata 1,6

Cobre 1,7

Tungsténio 5,5

Ferro 10,0

Manganina 44,0

Cromoníquel 100,0

Tabela 2 – Resistividade de materiais a T = 20 °C.

22 | A Energia Elétrica na Sociedade


A prata e o cobre são materiais que conduzem melhor a corrente elétrica,
têm baixa resistividade. Por ser mais barato, os fios elétricos são de cobre.

Questão resolvida

1. Um fio condutor homogéneo e filiforme tem de comprimento 5,0 m e de área de secção reta 6,0 mm².
Quando é submetido a uma d.d.p. de 8,0 V é percorrido por uma corrente de 4,0 A.
1.1. Determine o valor da resistência do condutor.
1.2. Calcule o valor da resistividade do material do fio.
1.3. Se o raio da secção reta do condutor fosse reduzido para metade, o que aconteceria à resistência do
condutor? Justifique.
Resolução:

1.1. Aplicando a Lei de Ohm .

1.2. Sabendo que: e substituindo os valores


Vem: ρ = 2,4 × 10⁻⁶ Ω·m.
1.3. Quadruplicava, dado que o raio passando para metade, a área passa para um quarto. A área e a
resistência são inversamente proporcionais.

6 Energia elétrica e potência elétrica


Como se calcula a energia que um aparelho elétrico “consome”?
Os recetores elétricos precisam de energia para o seu funcionamento.

Figura 19 – Equipamentos elétricos.

A energia, E, que um aparelho elétrico transforma, é dada por:


E = P Δt
P é a potência e Δt o tempo de funcionamento.

Circuitos Elétricos | 23
Através da expressão pode-se concluir que:
– para o mesmo tempo de funcionamento, quanto maior for a potência de
um aparelho, maior é a energia que ele transforma;
– quanto maior for o tempo de funcionamento, maior é a energia
transformada.

No Sistema Internacional, SI, a energia mede-se em joule, J, a potência em


watt, W, e o intervalo de tempo em segundo, s.
A designação watt, W, como unidade SI de potência, é feita em homenagem
ao físico escocês James Watt que se notabilizou pelos trabalhos sobre a
máquina a vapor.

A potência elétrica de um aparelho mede o “consumo” de energia elétrica


desse aparelho por unidade de tempo.
Por exemplo, um motor de potência 500 W significa que esse motor
James Watt (1736-1819) transforma 500 J de energia elétrica noutras manifestações de energia,
por cada 1 s de funcionamento.

A energia elétrica também se pode medir em quilowatt-hora, kW·h.


Um quilowatt-hora corresponde à energia elétrica consumida por um
aparelho de potência 1 kW, durante 1 hora de funcionamento.
1 kW·h = 1 kW × 1 h

Qual é a relação entre o quilowatt-hora e o joule?


Como 1 kW = 1000 W e 1 h = 3600 s, então:
1 kW·h = 1000 W × 3600 s
1 kW·h = 3600000 J
1 kW·h = 3,6 × 10⁶ J

Como se relaciona a potência de um recetor com a intensidade


da corrente?
Um recetor quando está em funcionamento apresenta entre os seus
terminais uma diferença de potencial e é percorrido por uma corrente
elétrica com determinada intensidade.
A potência do recetor é dada pelo produto da diferença de potencial, U,
nos seus terminais e pela intensidade, I, da corrente que o percorre.
P=UI

24 | A Energia Elétrica na Sociedade


Quando se liga um aparelho elétrico em qualquer casa, as tomadas da
rede pública ficam sujeitas à mesma d.d.p., que em Timor Leste é de 220
V. Por isso, quanto maior for a potência do aparelho elétrico, maior será a
intensidade da corrente que o percorre.

Como se relaciona a energia elétrica e a intensidade da corrente?


A energia elétrica consumida por um recetor também se pode relacionar
com a diferença de potencial e a intensidade da corrente.
Como, E = P Δt, então
E = U I Δt

Questão resolvida

1. Um ferro de engomar de potência 2200 W funcionou durante 30 minutos, ligado a uma tomada
de 220 V.
1.1. Calcule a energia consumida pelo ferro.
1.2. Determine a resistência do filamento de aquecimento.
1.3. Calcule a intensidade da corrente elétrica que o percorre.
Resolução:
1.1. P = 2200 W
Δt = 30 min = 1800 s
E = P Δt + E = 2200 × 1800 + E = 3,960 × 10⁶ J.
1.2. Sabendo que: P = U I e R = U/I então vem: R = U²/P, logo

.
1.3. Como P = U I, substituindo 2200 = 220 × I, vem I = 10,0 A.

Circuitos Elétricos | 25
7 Trocas de energia num circuito elétrico

7.1 Lei de Joule
Quais os efeitos da passagem da corrente elétrica num condutor?
A corrente elétrica num circuito produz diversos efeitos, tal como se
ilustra na figura seguinte.

(C)
(A)

(B)

Figura 20 – Com um circuito semelhante a este, podemos verificar os efeitos químico (em
A), térmico (em C) e magnético (em B) da corrente elétrica.

Em A, verifica-se o efeito químico que permite, por exemplo, obter cobre


e cloro, a partir da eletrólise do cloreto de cobre (II).
Em B, verifica-se o efeito magnético que permite, por exemplo, o desvio
de uma agulha magnética na proximidade do condutor.
Em C, verifica-se o efeito térmico que permite, por exemplo, o aquecimento
de uma resistência elétrica.
Todos os aparelhos elétricos sofrem o efeito térmico da corrente elétrica.
Uns de forma propositada, isto é, útil, como, por exemplo discos elétricos,
cafeteiras elétricas, torradeiras, ferros de engomar, etc. Outros de forma
não útil, isto é, dissipando essa energia, como é o caso das lâmpadas de
incandescência, motores, que aquecem durante o seu funcionamento,
embora não seja esse o fim a que se destinam.

Esta transformação de energia elétrica em energia térmica é conhecida


como efeito de Joule e a lei que o traduz é a Lei de Joule, cuja expressão
matemática é:
Figura 21 – Aparelhos onde se transforma E = R I² Δt
energia elétrica em térmica.

26 | A Energia Elétrica na Sociedade


Sendo:
E – a energia elétrica transformada pelo recetor em energia térmica;
R – a resistência elétrica do recetor;
I – a intensidade da corrente que percorre o recetor;
Δt – o intervalo de tempo de funcionamento do recetor. A saber:
O efeito de Joule traduz a
energia dissipada como calor,
num material atravessado por
Verifica-se então que a potência elétrica dissipada numa resistência, como uma corrente.
calor, é diretamente proporcional ao quadrado da intensidade da corrente
elétrica que a percorre:
Pd = R I²

Questão resolvida

1. Uma lâmpada de resistência 4,0 Ω está instalada num circuito onde a intensidade da corrente é de
200 mA, funcionando durante 10 min.
1.1. Calcule o valor da energia libertada como calor pela lâmpada.
1.2. A energia consumida pela lâmpada é igual, superior ou inferior ao valor calculado na alínea anterior?
Justifique.
Resolução:
1.1. Substituindo os valores na expressão da energia dissipada por efeito de Joule, vem:
E = P ∆t = R I² ∆t = 4,0 × 0,2² × 10 × 60 = 96 J.
1.2. Superior, uma vez que além da energia dissipada como calor há ainda a energia que a lâmpada utiliza
para iluminar, a energia útil.

7.2 Geradores e recetores
Tal como já foi referido, para que circule corrente elétrica num circuito é necessário um gerador. Os geradores
são dispositivos capazes de manter entre os seus terminais uma diferença de potencial.
Os geradores elétricos permitem obter energia elétrica a partir de outras manifestações de energia e podem ser
de diferentes tipos. Os alternadores e os dínamos são dispositivos que utilizam um mecanismo eletromagnético
para a produção de energia elétrica. As pilhas e os acumuladores são dispositivos eletroquímicos que permitem
transformar energia química em energia elétrica.
Os dispositivos que recebem energia elétrica e que a transformam em outras formas de energia são chamados
recetores. Se o recetor for uma resistência pura, a energia elétrica que lhe é fornecida transforma-se apenas em
energia térmica, mas se for, por exemplo, um motor, transforma-se parte em energia térmica, que é dissipada
por efeito Joule, e parte em energia mecânica.

Circuitos Elétricos | 27
APSA A-0.1: A instalação elétrica em casa

Questão-problema: Como eletrificar o modelo de uma casa, compreendendo como se faz a instalação do
fio neutro, do fio de fase, dos interruptores e do corta-circuitos fusível?
Objetivo: Elaboração de um pequeno projeto de eletrificação de uma casa.

Recursos:
• Retângulo de cartão de aproximadamente 30 cm × 40 cm
• Pregos pequenos
• Fio elétrico revestido de duas cores diferentes
• Arame fino
• Fio de cobre
• 1 pilha de 9 V
• 3 lâmpadas

Procedimento:
1. Desenhe no cartão o modelo de eletrificação de uma casa simples, como por exemplo:

interruptor
do quarto
quarto

interruptor
da sala sala fio de fase
d e
fusível fio neutro
f
interruptor c
b a
geral

2. Prenda com os pregos os fios, usando uma cor para o neutro e outra cor para a fase.
3. Use o arame para fazer de interruptor e o fio de cobre para fazer de fusível.
4. Intercale as lâmpadas nos circuitos.
5. Ligue a pilha aos fios que saem para o exterior.
6. Feche cada interruptor separadamente e depois todos em conjunto.
7. Interprete o que observa.
8. Discuta a função do fusível.

28 | A Energia Elétrica na Sociedade


APL A-0.1: Circuitos com lâmpadas em série e em paralelo

Questão-problema: Como se relaciona a diferença de potencial nos terminais de lâmpadas instaladas em


paralelo e em série com as intensidades de corrente que as percorrem?
Objetivos: Comparação da intensidade da corrente que percorre lâmpadas instaladas em série e em
paralelo. Relação entre a d.d.p. e a intensidade que percorre lâmpadas instaladas em série e em paralelo.

Questões pré-laboratoriais:
1. Qual é a grandeza física que está relacionada com o brilho de uma lâmpada?
2. Esquematize um circuito com duas lâmpadas em série e outro com as lâmpadas em paralelo.
3. Coloque em cada circuito anterior dois amperímetros e dois voltímetros.

Recursos:
• 1 pilha
• fios de ligação
• crocodilos
• 2 lâmpadas diferentes
• 1 amperímetro
• 1 voltímetro

Procedimento:
1. Proceda à montagem dos circuitos A, B e C representados na figura seguinte.

(A) (B) (C)

2. Compare o brilho das lâmpadas em cada caso.

Circuitos Elétricos | 29
3. Intercale o amperímetro em vários pontos dos dois circuitos.

+−
+−

L₁ L₂
+−

L₁ L₂

+−

L₁

L₂

+−

L₁

L₂
+−

L₁

L₂

4. Registe os valores obtidos no amperímetro, em cada situação.

30 | A Energia Elétrica na Sociedade


5. Proceda à montagem dos circuitos representados nos esquemas seguintes.
+− +− +−

A B C D A B C D A B C D
L₁ L₂ L₁ L₂ L₁ L₂

+− +−

L₁ L₁

L₂ L₂

6. Registe os valores obtidos no voltímetro, em cada situação.

Questões pós-laboratoriais:
1. Tire conclusões sobre a intensidade da corrente num circuito com uma lâmpada e com duas em série.
2. Tire conclusões sobre a intensidade da corrente num circuito em série e em paralelo.
3. Tire conclusões sobre a d.d.p. num circuito em série e em paralelo.
4. Compare a intensidade e a d.d.p. nos circuitos em série e em paralelo.

APSA A-0.2: Circuito eletrónico

Questão-problema: Como se instalam e como funcionam alguns componentes eletrónicos?


Objetivos: Identificação dos elementos que constituem um circuito com componentes eletrónicos.
Identificação da utilidade dos circuitos eletrónicos.

Recursos:
• Cartazes com imagens de vários circuitos eletrónicos.

Procedimento:
1. Analise a imagem de cada circuito.
2. Identifique os elementos que o constituem.
3. Esquematize o circuito.

Circuitos Elétricos | 31
4. Discuta as aplicações do circuito.

Elementos que o Esquematização do


Imagem do circuito eletrónico Aplicações/Utilidade
constituem circuito

APL A-0.2: Lei de Ohm

Questão-problema: Lei de Ohm: o que acontece à intensidade de corrente que percorre uma resistência,
quando aos seus terminais se altera a diferença de potencial?
Objetivo: Verificação experimental da Lei de Ohm.

Questões pré-laboratoriais:
1. Como se instala um amperímetro num circuito?
2. Como se instala um voltímetro num circuito?

32 | A Energia Elétrica na Sociedade


Recursos:
• 1 condutor metálico
• 3 pilhas de 4,5 V
• fios de ligação
• crocodilos
• 1 amperímetro
• 1 voltímetro
• 1 interruptor
• 1 lâmpada

Procedimento:
1. Proceda à montagem do circuito esquematizado.

+−

2. Leia e registe os valores indicados no amperímetro e no voltímetro.


3. Substitua a pilha sucessivamente por duas pilhas e por três pilhas e registe os valores indicados nos
aparelhos de medida.
4. Complete a tabela e faça o cálculo da razão.

U (V) I (A) (Ω)

Questões pós-laboratoriais:
1. À medida que se aumenta a d.d.p., como varia a intensidade da corrente?
2. Que relação existe entre a resistência do condutor e a razão ?
3. Construa a gráfico U = f(I) e tire conclusões.
4. Será que a temperatura se manteve constante durante a experiência?
5. De acordo com a Lei de Ohm como se classifica a resistência?

Circuitos Elétricos | 33
APSA A-0.3: Consumo elétrico doméstico

Questão - problema: Como se pode poupar na fatura da eletricidade?


Objetivo: Realização de uma pesquisa sobre o consumo elétrico doméstico, através da análise da potência
dos aparelhos elétricos utilizados e do tempo de utilização.

Procedimento:
1. Faça uma lista dos recetores elétricos utilizados na sua habitação.
2. Durante uma semana, registe o número de horas de funcionamento de cada um desses aparelhos.
3. Registe o valor da potência dos aparelhos.
4. Calcule o valor da energia total “consumida” durante a semana, em kW·h.
5. Compare o valor obtido com o gasto efetuado.
6. Apresente soluções para diminuir o gasto energético.

Resumo

• Um circuito elétrico é constituído por um conjunto de componentes elétricos, recetores de energia,


ligados uns aos outros por um material condutor, e conectados a um gerador.
• Um circuito eletrónico é percorrido por uma corrente elétrica de baixa intensidade e integra componentes
de reduzidas dimensões, tais como díodos, resistências, potenciómetros, condensadores.
• Uma corrente elétrica é um movimento orientado de cargas elétricas.
• Um voltímetro mede a d.d.p. e instala-se em paralelo num circuito.
• A intensidade da corrente representa a quantidade de carga elétrica, que atravessa a secção reta de um
material, por unidade de tempo.
• Um amperímetro mede a intensidade da corrente e instala-se em série num circuito.

• A Lei de Ohm traduz-se pela expressão .


• A potência elétrica de um aparelho indica o consumo de energia elétrica por unidade de tempo.
• A Lei de Joule traduz-se pela expressão E = R I² Δt.

34 | A Energia Elétrica na Sociedade


Questões para resolver

1. Na figura seguinte encontra-se representado um circuito elétrico. A B

1.1. Faça a legenda da figura, indicando os nomes dos dispositivos


E
representados pelas letras A, B, C, D e E. C

1.2. Indique para que servem os dispositivos D e E.


1.3. Diga qual o sentido (convencional) da corrente. D

2. O circuito elétrico representado é constituído pelas lâmpadas A, B e C


e pelos interruptores 1 e 2. 2
A
B
Indique as lâmpadas que acendem quando se fecha:
2.1. Só o interruptor 1. 1
C
2.2. Só interruptor 2.

3. Considere os circuitos A e B, constituídos por pilhas e lâmpadas iguais.

(A) (B)

3.1. Classifique a instalação das lâmpadas em cada um dos circuitos.


3.2. Esquematize cada um dos circuitos.
3.3. Em qual dos circuitos A ou B as lâmpadas brilham mais? Justifique.

A
4. Considere o circuito esquematizado na figura
B
seguinte. D D
C
Identifique os componentes do circuito, representados
D
pelas letras A, B, C, D, e E.

Circuitos Elétricos | 35
5. Calcule a grandeza física assinalada com as letras X e Y, em cada circuito elétrico esquematizado.

(A) (B) (C)


5A 10 V

X 15 A
7A

Y 6V
X X

(F)
(D) (E)
X
X 350 V

Y 5A

3Ω 100 Ω X
7V 5V

6. Dois condutores foram sujeitos a várias diferenças


de potencial e registaram-se os respetivos valores das U (V)
intensidades de corrente que os percorrem. Esses a
valores foram registados no gráfico pelas linhas A e B. 5,0
b A
6.1. Calcule a resistência do condutor cujo 4,0
B
comportamento é descrito pela linha A. 3,0
c
2,0
6.2. Um condutor, de resistência 3 Ω, corresponderia
1,0
no gráfico à linha a, b ou c? Justifique.
6.3. Sendo os dois condutores feitos do mesmo 0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 I (A)
material e com o mesmo comprimento, qual deles
terá maior secção? Justifique.

7. Um fio de cobre (ρ = 1,7 × 10⁻⁸ Ω·m) com 1,4 mm de diâmetro pode transportar uma intensidade
máxima de 6,0 A.
7.1. Calcule a resistência elétrica do fio, se ele tiver 20 m de comprimento.
7.2. Determine o valor máximo da d.d.p. que se pode aplicar nos extremos do fio, nas condições da
alínea anterior.

36 | A Energia Elétrica na Sociedade


8. O gráfico da figura seguinte representa a intensidade da I (A)
A
corrente que percorre quatro condutores, A, B, C e D quando 3,0 B
sujeitos a diferenças de potencial crescentes. 2,5 C
D
8.1. Indique, justificando, quais são os condutores óhmicos. 2,0
1,5
8.2. Calcule a resistência do condutor A.
1,0
8.3. Determine a intensidade da corrente que percorre o
0,5
condutor D, quando sujeito a uma d.d.p. de 10,0 V.
0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 U (V)

9. Um aparelho elétrico, com uma resistência de 300 Ω, funciona durante 5 minutos e é percorrido por
uma intensidade de corrente de 5,0 A. Calcule:
9.1. A potência do aparelho.
9.2. A energia fornecida ao aparelho.

10. Um relógio de parede funciona com uma associação de 4 pilhas de 1,5 V cada uma, e uma corrente
de intensidade 30 mA. Determine:
10.1. A potência do relógio.
10.2. A energia consumida pelo relógio durante um ano de funcionamento (365 dias), em:
10.2.1. Unidades SI;
10.2.2. kW·h.

11. Uma lâmpada de 40 W é ligada a uma tomada cujos terminais estão à d.d.p. de 220 V. Calcule:
11.1. A intensidade da corrente que passa pelo filamento da lâmpada.
11.2. A resistência do filamento da lâmpada.
11.3. A energia consumida pela lâmpada no mês de agosto, se estiver acesa, em média, 3,5 h por dia, em:
11.3.1. Unidades SI;
11.3.2. kW·h.

12. Considere o circuito esquematizado.


100 kΩ

D
10 kΩ
10 V C
1 kΩ

12.1. Quais os componentes que estão presentes no circuito.


12.2. Calcule a intensidade da corrente na resistência de 10 kΩ.
12.3. Calcule a intensidade da corrente na resistência de 1 kΩ.

Circuitos Elétricos | 37
A-1 Equações dos Circuitos Elétricos
Neste subtema são estudados alguns circuitos elétricos simples, incluindo
várias aplicações. Dá-se ainda ênfase às características ideais e reais
de geradores e recetores, terminando com a associações de várias
resistências em circuitos.

1 Circuitos simples com gerador e recetor


Um circuito elétrico simples é constituído, no mínimo, por um gerador, um
recetor e fios de ligação.
Num circuito elétrico ocorrem trocas de energia. O gerador fornece
energia ao circuito e o recetor recebe essa energia.

1.1 Força eletromotriz e potência de um gerador


Um gerador elétrico é caracterizado pela força eletromotriz (f.e.m.), ε,
que, por definição, mede a energia, E, que ele consegue transferir para
as cargas elétricas do circuito, por unidade de carga, ∆Q, que o atravessa,

A saber:
A f.e.m. de um gerador indica A f.e.m. expressa-se, no Sistema Internacional, em volt, V.
a energia que ele transfere
por unidade de carga que o Assim, a indicação de, por exemplo, 9 V numa pilha refere-se à sua f.e.m.,
atravessa.
e significa que a pilha é capaz de transferir 9 J de energia para o circuito,
por cada carga de 1 C que a atravessa.

Figura 22 – Pilha de 9 V.

Qual é a potência fornecida por um gerador?


A potência de um gerador é a energia que ele transforma da forma não
elétrica em elétrica, por unidade de tempo.
Como E = ε ΔQ e  ΔQ = I Δt vem: E = ε I Δt
Então, a potência fornecida pelo gerador, P, é dada por:

38 | A Energia Elétrica na Sociedade


1.2 Resistência interna de um gerador e potência útil
de um gerador
Os geradores dissipam energia?
Os geradores têm uma resistência interna, r, que faz com que uma parte
da energia que eles transformam em energia elétrica seja dissipada nessa
resistência, por efeito de Joule, no próprio gerador.
Este efeito térmico é visível, por exemplo, numa pilha em funcionamento,
pois esta aquece.
Então, sendo a potência dissipada no gerador dada por:
Pd = r I²
e como, pela Lei da Conservação da Energia, se pode estabelecer que:
Potência do gerador = Potência útil do gerador + Potência dissipada no
gerador
ou seja,
P = Pu + Pd
então a potência útil do gerador é dada por:
Pu = P – Pd ⟺ Pu = ε I – r I²
Portanto, para caracterizar um gerador é necessário indicar a sua f.e.m., ε, A saber:
e a sua resistência interna, r. Um gerador pode ser
caracterizado pela sua f.e.m. e a
sua resistência interna.

Qual é a tensão nos terminais de um gerador?


Considere-se um circuito elétrico constituído por um gerador e uma
resistência, como o representado na figura 23.
Analisando o circuito, e tendo em conta a Lei da Conservação da Energia,
verificamos que:
(ε, r)
Energia transferida pelo gerador ao circuito = Energia dissipada por R
efeito de Joule na resistência + Energia dissipada por efeito de Joule na
Figura 23 – Circuito com um gerador e
resistência interna do gerador uma resistência.

ε I Δt = R I2 Δt + r I2 Δt

Simplificando, e tendo em conta a Lei de Ohm, U = R I, vem:


ε = U + r I ⟺ U= ε − r I

Equações dos Circuitos Elétricos | 39


Esta expressão, que representa matematicamente uma reta, permite
concluir que:
• Em circuito aberto, I = 0, verifica-se que U = ε,
• Em circuito fechado, verifica-se sempre que U < ε, isto é, a tensão
A saber: disponível na resistência do circuito é menor que a f.e.m. do gerador, há
Num gerador ideal, a resistência uma queda de tensão na resistência interna da fonte. Isto mostra que uma
interna é nula (r = 0), a f.e.m. é
igual à tensão nos terminais do fonte ideal tem uma resistência interna nula, para não haver queda de
gerador.
tensão e toda a potência ser entregue ao circuito.

U
A função linear U = f (I) designa-se curva característica do gerador. A reta,
tem ordenada na origem ε, e declive negativo r.

ε
Sendo a potência útil do gerador dada por:
Pu = ε I – r I²

I e como a tensão nos terminais do gerador é dada por:


Figura 24 – Curva característica do U=ε−rI
gerador.
então,
Pu = U I
Como,
P = Pu + Pd
Então a potência do gerador é:
ε I = U I + r I²

Questões resolvidas

1. Uma bateria, de força eletromotriz 15,0 V, quando é ligada a uma resistência, apresenta nos seus
terminais uma diferença de potencial de 10,0 V e fornece uma corrente de intensidade 5,0 A.
1.1. Calcule:
1.1.1. A potência da bateria.
1.1.2. A resistência da bateria.
1.1.3. A energia útil fornecida ao circuito, em 2 minutos de funcionamento.
1.2. Trace o gráfico da tensão nos terminais da bateria em função da intensidade da corrente que a
percorre.
1.3. Estabelecendo um curto-circuito, ligando um fio condutor de resistência desprezável aos terminais
da bateria, qual passa a ser:

40 | A Energia Elétrica na Sociedade


1.3.1. A diferença de potencial entre os terminais da bateria?
1.3.2. A intensidade da corrente no circuito?
Resolução:
1.1.1. A potência da bateria é dada por:
P = ε I ⟺ P = 15,0 × 5,0 ⟺ P = 75 W.
1.1.2. U = ε – r I ⟺ 10,0 = 15,0 – r × 5,0 ⟺ r = 1,0 Ω.
1.1.3. Eu = U I Δt ⟺ Eu = 10,0 × 5,0 × 120 ⟺ Eu = 6,0 × 10³ J.
1.2. O gráfico vai ser um segmento de reta de equação U = 15,0 – 1,0 I.
• Se I = 0 A então U = 15,0 V.
• Se U = 0 V então I = 15,0 A.

U (V)

15,0

0 15,0 I (A)

1.3.1. A d.d.p. nos terminais do gerador passa a ser 0 V.


1.3.2. A intensidade da corrente será 15,0 A.

2. Uma pilha cuja resistência interna é de 0,5 Ω fornece energia a uma resistência externa de 10 Ω.
Sabendo que a d.d.p. nos terminais da pilha é de 20 V, determine:
2.1. A intensidade da corrente no circuito.
2.2. A f.e.m. da pilha.
2.3. A potência da pilha.
2.4. A potência útil da pilha.
Resolução:
2.1. Ugerador = Uresistência = 20 V
Pela Lei de Ohm I = U/R ⟺ I = 20/10 ⟺ I = 2,0 A.
2.2. U = ε – r I ⟺ 20 = ε – 0,5 × 2,0 ⟺ ε = 21 V.
2.3. P = ε I ⟺ P = 21 × 2,0 ⟺ P = 42 W.
2.4. Pu = U I ⟺ Pu = 20 × 2,0 ⟺ Pu = 40 W.

Equações dos Circuitos Elétricos | 41


1.3 Força contraeletromotriz de um recetor
Analogamente aos geradores, que são caracterizados pela f.e.m., os
recetores são caracterizados pela força contraeletromotriz, ε'.
A força contraeletromotriz, f.c.e.m., ε', de um recetor é, por definição, a
energia, E', que ele recebe e transforma noutras formas de energia, por
unidade de carga, ΔQ, que o atravessa.

A unidade, no Sistema Internacional, da f.c.e.m. é o volt, V.

1.4 Resistência interna e potência útil de um recetor


Os recetores dissipam energia?
Tal como os geradores, também os recetores dissipam parte da energia
que recebem, por efeito de Joule, devido à sua resistência interna, r'. Por
exemplo, um motor tem uma resistência interna, que vai dissipar energia,
provocando o seu aquecimento.
A potência útil de um recetor, Pu, é a energia que ele recebe e transforma
noutra forma de energia, E', por unidade de tempo,

Sendo E' = ε' ΔQ e ΔQ = I Δt, a potência útil do recetor é dada por:


Pu = ε' l
Pela Lei da Conservação da Energia, pode-se estabelecer que:
Potência do recetor = Potência útil do recetor + Potência dissipada no
recetor
Ou seja, P = Pu + Pd
Então a potência do recetor é dada por:
P = ε' I + r´ I²

A saber: Portanto, para caracterizar um recetor é necessário indicar a sua f.c.e.m.,


Um recetor apresenta como ε', e a sua resistência interna, r'.
características a f.c.e.m. e a
resistência interna.

Qual é a tensão nos terminais de um recetor?


Considere-se um circuito elétrico constituído por um gerador e um motor,
como o representado na figura 25.

42 | A Energia Elétrica na Sociedade


(ε, r)

(ε', r')

Figura 25 – Circuito com gerador e recetor.

Analisando o circuito, e tendo em conta a Lei da Conservação da Energia,


verifica-se que:
energia transferida pelo gerador ao circuito = energia mecânica
transformada pelo motor + energia dissipada por efeito de Joule na
resistência interna do motor + energia dissipada por efeito de Joule na
resistência interna do gerador

ε I Δt = ε' I Δt + r' I² Δt + r I² Δt

Simplificando e como U = ε − r I, vem:


U = ε' + r' I

Esta expressão permite concluir que:


• Quanto maior for a intensidade da corrente, maior será a diferença de
potencial nos terminais do recetor.
• Em circuito fechado, verifica-se sempre que U > ε'.
• Quando ε' = 0, o recetor comporta-se como uma resistência,
transformando apenas energia elétrica em térmica.

A função U = f(I) designa-se curva característica do recetor. É uma reta,


com ordenada na origem ε´ e declive positivo r´.

A saber:
Num recetor ideal não
ε'
puramente resistivo, como um
I motor, a resistência interna é
nula (r‘ = 0) e a f.c.e.m. é igual à
Figura 26 – Curva característica do recetor. tensão nos terminais do recetor.

Equações dos Circuitos Elétricos | 43


Questões resolvidas

1. O gráfico seguinte representa a tensão nos terminais de um recetor em função da intensidade da


corrente que o percorre.
U (V)

12,0

9,0

6,0

3,0

0 2,0 4,0 I (A)

Determine:
1.1. A f.c.e.m. do recetor.
1.2. A resistência interna do recetor.
1.3. A energia dissipada, por efeito de Joule, durante 5 minutos no recetor, quando este é percorrido por
uma corrente de 4,0 A.

Resolução:
1.1. A d.d.p. nos terminais do recetor é dada por U = ε' + r‘ I
Verifica-se através do gráfico que a ordenada na origem é 6,0 V. Então ε' = 6,0 V.
1.2. Como U = ε' + r‘ I e substituindo os valores de um ponto do gráfico, por exemplo, I = 2,0 A e U = 9,0
V, obtém-se r‘ = 1,5 Ω.
1.3. Ed = r‘ I² Δt ⟺ Ed = 1,5 × 4,0² × 300 ⟺ Ed = 7,2 × 10³ J.

2. Um motor elétrico, cuja resistência interna é de 3,5 Ω, está ligado a uma tomada de 220 V e é atravessado
por uma corrente elétrica de 4,0 A.
Determine:
2.1. A f.c.e.m. do motor.
2.2. A energia útil transformada pelo motor durante 20 minutos de funcionamento.

Resolução:
2.1. Como U = ε' + r' I e substituindo os valores 220 = ε' + 3,5 × 4,0 vem ε' = 206 V.
2.2. Eu = ε' I ∆t ⟺ Eu = 206 × 4,0 × 1200 ⟺ Eu = 988,8 kJ.

44 | A Energia Elétrica na Sociedade


2 Associação de resistências
Como é que se pode associar as resistências num circuito?
Muitos circuitos elétricos são constituídos por várias resistências que
podem estar associadas em série, em paralelo ou em associações mistas
devido ao facto do valor necessário ser diferente do valor das resistências
disponíveis.
Numa associação de resistências, chama-se resistência equivalente, Req, à
resistência única que pode substituir a respetiva associação.

Na figura 27, as resistências R₁, R₂ e R₃ estão associadas em série.

R₁ R₂ R₃

A B
Figura 27 – Associação de resistências em série.

Na figura 28, as resistências R₁, R₂ e R₃ estão associadas em paralelo.

R₁

R₂
A R₃ B

Figura 28 – Associação de resistências em paralelo.

Na figura 29, as resistências R₂ e R₃ estão associadas em paralelo e a Req(2,3)


está associada em série com a resistência R₁.

R₂

R₁
A R₃ B

Figura 29 – Associação de resistências.

Na figura 30, as resistências R₁ e R₂ estão associadas em série e a Req(1,2)


está associada em paralelo com a resistência R₃.

R₁ R₂

A R₃ B

Figura 30 – Associação de resistências.

Equações dos Circuitos Elétricos | 45


Associação de resistências em série
Numa associação de resistências em série, como a apresentada na
figura 31,

I I
R₁ I R₂

Figura 31 – Circuito com resistências associadas em série.

• A intensidade da corrente elétrica que percorre cada resistência é a


mesma, I₁ = I₂.
• A diferença de potencial nos terminais das duas resistências é igual
à soma das diferenças de potencial nos terminais de cada resistência,
U = U₁ + U₂.

Pretende-se substituir as resistências por uma resistência única, a


resistência equivalente, como se mostra na figura 32.

Req
I
Figura 32 – Resistência equivalente.

Aplicando a Lei de Ohm, as diferenças de potencial aos terminais das


resistências R₁ e R₂ são:

A saber: U₁ = R₁ I e U₂ = R₂ I
O valor da resistência A diferença de potencial aos terminais de Req é:
equivalente, numa associação
em série, é igual à soma das U = Req I
resistências associadas.
Como U = U₁ + U₂ vem
U = U₁ + U₂ = R₁ I + R₂ I ⟺ Req I = (R₁ + R₂) I ⟺ Req = R₁ + R₂

Conclusão:
A saber:
Numa associação de resistências em série, a resistência equivalente é
Associando resistências em
série, aumenta-se a resistência igual à soma das resistências associadas.
equivalente.
Req = R₁ + R₂ + R₃ + …..

46 | A Energia Elétrica na Sociedade


Associação de resistências em paralelo
Numa associação de resistências em paralelo, como a da figura 33,

I₁ R₁
I

I₂ R₂

Figura 33 – Circuito com resistências associadas em paralelo.

• A diferença de potencial nos terminais de cada resistência é a mesma,


U = U₁ = U₂.
• A intensidade da corrente elétrica que percorre o circuito principal é
igual à soma da intensidade da corrente que atravessa cada uma das
resistências, I = I₁ + I₂.
Pretende-se substituir as resistências por uma resistência única, a
resistência equivalente, como se mostra na figura 34.

Req
I
Figura 34 – Resistência equivalente.

Aplicando a Lei de Ohm,

 e 
A saber:
O inverso da resistência
Substituindo em I = I₁ + I₂, vem equivalente é igual à soma
dos inversos das resistências
associadas em paralelo.

Conclusão:
Numa associação de resistências em paralelo, o inverso da resistência
equivalente é igual à soma dos inversos das resistências associadas.
A saber:
+ ... Associando resistências em
paralelo, diminui-se a resistência
equivalente.

Equações dos Circuitos Elétricos | 47


Questões resolvidas

1. Considere o circuito elétrico mostrado na figura, onde a d.d.p. entre os pontos A e B é de 12 V.


1,2 Ω 10 Ω
A 3Ω B

15 Ω

1.1. Calcule a resistência equivalente à associação representada.


1.2. Determine a intensidade da corrente que percorre a resistência de 1,2 Ω.

Resolução:

1.1. ⟺ Req1 = 6,0 Ω

⟺ Req2 = 2,8 Ω
ReqAB = 1,2 + 2,8 ⟺ Req = 4,0 Ω.
1.2. É a intensidade total. Aplicando a Lei de Ohm R = U/I ⟺ 4,0 = 12/I ⟺ I = 3,0 A.

2. No circuito da figura seguinte todas as resistências são iguais a 10 Ω.


R

15 V
R R

2.1. Calcule a resistência equivalente às 3 resistências R, representadas.


2.2. Determine o valor indicado pelo amperímetro.

Resolução:
2.1. A resistência equivalente vai ser apenas R, pois as outras duas estão em curto-circuito e portanto a
corrente elétrica não passa por elas.
Req = R = 10 Ω.

2.2. .

48 | A Energia Elétrica na Sociedade


APL A-1.1: Características de um gerador

Questão-problema: Em que condições é máxima a potência fornecida por um gerador?


Objetivo: Verificação experimental das condições para que a potência fornecida por um gerador
seja máxima.

Questões pré-laboratoriais:
1. Quais são as grandezas que caracterizam um gerador?
2. Quando se utiliza um reóstato, como se poderá determinar a sua resistência a partir das medições
de U e I?

Recursos:
• 1 pilha de 9 V
• fios de ligação
• crocodilos
• reóstato
• 1 amperímetro
• 1 voltímetro
• 1 interruptor

Procedimento:
1. Proceda à montagem do circuito esquematizado.

9V R

2. Introduza diferentes resistências, usando o reóstato.


3. Para cada resistência leia e registe os valores indicados no amperímetro e no voltímetro.

U (V) I (A) R (Ω)

Equações dos Circuitos Elétricos | 49


Questões pós-laboratoriais:
1. Construa o gráfico U = f(I).
2. A partir da linha de ajuste do gráfico, determine a resistência interna e a força eletromotriz da pilha.
3. Complete a tabela, calculando os valores das resistências.
4. Desenhe o gráfico da potência em função da resistência.
5. Compare o valor da resistência interna da pilha com o valor da resistência para o qual é máxima a
potência fornecida pela pilha e tire conclusões.

APL A-1.2: Circuitos com resistências em série e em paralelo

Questões-problema: Como se relaciona a diferença de potencial nos terminais de resistências instaladas


em paralelo e em série?
Como se relaciona a intensidade da corrente nas várias resistências?
Objetivo: Comprovação experimental das leis que regem as associações em série e paralelo de resistências.

Questões pré-laboratoriais:
1. Esquematize um circuito com três resistências em série e outro com as resistências em paralelo.
2. Coloque em cada circuito anterior dois amperímetros e dois voltímetros.

Recursos:
• 1 fonte de alimentação
• fios de ligação
• crocodilos
• 3 resistências elétricas
• 1 amperímetro
• 1 voltímetro

Procedimento:
1. Proceda à montagem de um circuito com três resistências em série.
2. Intercale no circuito um amperímetro e um voltímetro nos terminais da associação.
3. Registe os valores obtidos nos aparelhos.
4. Intercale sucessivamente o voltímetro entre cada resistência.
5. Registe os valores obtidos.
6. Proceda à montagem de um circuito com três resistências em paralelo.

50 | A Energia Elétrica na Sociedade


7. Intercale um amperímetro no circuito principal e um voltímetro nos terminais da associação.
8. Registe os valores obtidos nos aparelhos.
9. Intercale sucessivamente o amperímetro, em cada ramificação.
10. Registe os valores obtidos.

Questões pós-laboratoriais:
1. Tire conclusões sobre os valores obtidos das intensidades da corrente e da diferença de potencial.

Resumo

• Um gerador elétrico é caracterizado pela f.e.m., que representa a energia que ele transfere por unidade
de carga que o atravessa, e pela resistência interna.
• Um recetor é caracterizado pela f.c.e.m., que é a energia que ele recebe e transforma noutras formas,
por unidade de carga que o atravessa, e pela resistência interna.
• O valor da resistência equivalente, numa associação em série, é igual à soma das resistências associadas,
Req = R₁ + R₂ + R₃ + ... .
• Numa associação de resistências em série, a intensidade da corrente que percorre cada resistência é a
mesma, I₁ = I₂ = …, e a diferença de potencial nos terminais das resistências é igual à soma das diferenças
de potencial nos terminais de cada resistência, U = U₁ + U₂ + … .
• O inverso da resistência equivalente é igual à soma dos inversos das resistências associadas em paralelo,
+ ... .
• Numa associação de resistências em paralelo, a diferença de potencial nos terminais de cada resistência
é a mesma, U = U₁ = U₂, e a intensidade da corrente que percorre o circuito principal é igual à soma da
intensidade da corrente que atravessa cada uma das resistências, I = I₁ + I₂+ … .

Equações dos Circuitos Elétricos | 51


Questões para resolver

1. Determine a resistência que se deve ligar em paralelo com uma de 3 Ω para obter uma resistência
equivalente de 1,5 Ω.

2. No circuito elétrico representado no esquema seguinte, o voltímetro marca 6,0 V.

R₁ = 75 Ω R₂ = 75 Ω
G

Calcule o valor que o amperímetro marcará, quando o interruptor está:


2.1. Aberto.
2.2. Fechado.

3. Uma resistência de 25 Ω está ligada a um gerador de f.e.m. 20 V e resistência interna 1,5 Ω.


Determine a d.d.p. nos terminais da resistência.

4. Quando se liga um voltímetro a uma pilha mede-se 9,00 V. Se a pilha alimentar um circuito com uma
lâmpada mede-se 8,60 V e a intensidade da corrente que percorre o circuito é 0,30 A. Determine:
4.1. A resistência interna da pilha.
4.2. A resistência da lâmpada.
4.3. A potência dissipada pela lâmpada.

5. Duas resistências idênticas, de 200 Ω, são ligadas em paralelo a uma bateria de 12 V.


Desprezando a resistência interna da bateria, calcule:
5.1. A intensidade da corrente que circula pela bateria.
5.2. A potência dissipada em cada resistência.

6. Liga-se um aquecedor de 1 kW de potência à rede elétrica (U = 220 V).


6.1. Calcule o valor da resistência do aquecedor.
6.2. Calcule a intensidade da corrente que passa na resistência do aquecedor.
6.3. Se a corrente máxima fornecida pela rede for de 15 A, calcule o número máximo de aquecedores que
pode ligar em paralelo.

52 | A Energia Elétrica na Sociedade


7. No circuito esquematizado na figura, o cursor C encontra-se no ponto médio de um reóstato cujo valor
máximo da resistência vale 100 Ω.

R₁ = 9,0 Ω
I

ε = 110 V R₂ = 9,0 Ω
r₁ = 1,0 Ω
Rx

7.1. Calcule o valor da resistência equivalente às resistências R₁ e R₂.


7.2. Determine a intensidade da corrente que percorre o circuito principal.
7.3. Calcule a potência útil do gerador.
7.4. Indique, justificando, o que acontece, aos valores marcados nos aparelhos representados, se se
deslocar o cursor no reóstato de modo a que a sua resistência seja nula.

8. O amperímetro do circuito esquematizado na figura


seguinte marca 200 mA quando o motor, de resistência
interna 0,5 Ω, está em funcionamento. 9V
10 Ω
8.1. Calcule a f.c.e.m. do motor. 1Ω

8.2. Determine os valores marcados nos voltímetros.

9. Para determinar as características de um gerador, montou-se um circuito e recolheu-se valores da


d.d.p. nos seus terminais, Ug, e a intensidade da corrente, I, que o percorre.
Com os dados obtidos traçou-se o gráfico representado na figura seguinte.
Ug (V)

0 100 200 300 400 I (mA)

Determine:
9.1. A f.e.m. do gerador.
9.2. A resistência interna do gerador.
9.3. O valor da resistência exterior que estava ligada ao gerador quando o amperímetro do circuito
marcava 400 mA.

Equações dos Circuitos Elétricos | 53


A-2 Campo elétrico e campo magnético
Este subtema aborda inicialmente o fenómeno da eletrização. O conceito
de campo elétrico é então definido, partindo da Lei de Coulomb. Estuda‑se
o potencial elétrico e discutem-se várias aplicações. Finalmente parte-se
para a noção de campo magnético, incluindo a sua origem e características.

1 Carga elétrica. Eletrização por contacto e por


influência
A perceção de fenómenos elétricos remonta à antiguidade, no século
VI a.C., começando com uma descoberta do filósofo e sábio grego
Tales de Mileto.
Tales observou que o âmbar, uma resina fóssil encontrada numa ilha
grega, ao ser friccionada num pedaço de tecido ou numa pele de um
animal, adquiria a propriedade de atrair pequenos fragmentos de palha,
Tales de Mileto (640-546 a.C.)
pedacinhos de folhas secas, fios de cabelo e outros objetos leves. Essa
resina era denominada elektron e daí surgiu a palavra eletricidade.
Este fenómeno também se pode verificar quando se fricciona uma barra
de vidro ou plástico com um pano de lã, sendo que, de seguida esta atrai
pequenos pedaços de papel. Isto acontece porque a barra, através da
fricção, ficou eletrizada, isto é adquiriu carga elétrica.

Figura 35 – Eletrização de uma barra de plástico.

A que se deve a carga que um corpo adquire por eletrização?


Sabe-se que a matéria é constituída por átomos e que estes têm cargas
positivas, protões, no núcleo e que à volta deste existem cargas negativas,
eletrões.
A carga elétrica de um sistema neutro é constante, isto é, a soma das
cargas positivas e negativas é nula e não se altera. Os átomos são neutros,
pois contêm tantos eletrões como protões. No entanto, os átomos podem
ceder ou receber eletrões.

54 | A Energia Elétrica na Sociedade


Na eletrização por fricção verifica-se uma transferência de eletrões de
um corpo para o outro, adquirindo, cada um, cargas de sinal contrário. O
corpo que recebeu eletrões fica eletrizado negativamente e o corpo que
cedeu eletrões fica eletrizado positivamente.

A unidade de carga elétrica, no Sistema Internacional, é o coulomb, C.


A carga do protão é simétrica da carga do eletrão, e e = 1,602 × 10⁻¹⁹ C.
Além da eletrização por fricção, também existem a eletrização por
contacto e a eletrização por influência.

Como é feita a eletrização por contacto? Figura 36 – Eletrização por fricção.

A eletrização por contacto ocorre quando um corpo eletrizado, A, é posto


em contacto com um corpo neutro, B, havendo transferência de eletrões
de um para o outro, ficando ambos com carga do mesmo sinal.

A B A B A B

(a) (b) (c)


Figura 37 – Eletrização por contacto.

Como é feita a eletrização por influência?


A eletrização por influência consiste em aproximar, sem tocar, um corpo
eletrizado (indutor) de um corpo condutor neutro (induzido). Os eletrões
do condutor são atraídos ou repelidos pelo corpo eletrizado, provocando
um rearranjo das cargas no condutor. O condutor fica eletrizado com carga
de sinal contrário ao do corpo que o eletrizou na região mais próxima
deste. No entanto, a carga total no condutor permanece nula.

A B

indutor induzido
Figura 38 – Os eletrões do condutor são atraídos pelo indutor.

Campo elétrico e campo magnético | 55


2 Condutores e isoladores
A eletrização está condicionada pela natureza dos materiais, isto é, se são
condutores ou isoladores.
Nos materiais isoladores os eletrões estão integrados numa estrutura que
não permite a sua movimentação ao longo do material.
Nos materiais condutores os eletrões são livres para se movimentarem
com facilidade, por isso são designados eletrões de condução.
Os materiais condutores têm grande utilidade no dia a dia. São exemplos
de materiais condutores o ouro, o cobre, o alumínio e outros metais,
que possuem baixa resistividade, ou seja alta condutividade, que é o
seu inverso.
Os materiais isolantes, ou isoladores, são igualmente muito utilizados em
múltiplas aplicações. São exemplos de materiais isoladores vários tipos de
vidros e polímeros, que têm elevada resistividade.

3 Campo elétrico. Lei de Coulomb


No final do século XVIII, o físico Francês Charles Coulomb dedicou-se ao
estudo das interações entre cargas elétricas pontuais.
Para isso, utilizou uma balança de torção, semelhante à que Cavendish
usou para verificar a Lei da Gravitação Universal, descrita no 10.o ano.

fio de seda

contrapeso

Charles Coulomb (1736-1806) →


F
q₁

q₂

r →
F

Figura 39 – Balança de torção de Coulomb.

Coulomb mostrou experimentalmente que o módulo da força elétrica,


de atração ou repulsão, entre duas pequenas esferas carregadas,
consideradas pontuais, era diretamente proporcional ao módulo das
cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as
separa. Deste modo estabeleceu a denominada Lei de Coulomb:

56 | A Energia Elétrica na Sociedade


→ →
F ₁⁄₂ F ₂⁄₁

er
q₂ < 0
q₁ > 0
Figura 40 – As forças elétricas podem ser atrativas ou repulsivas.

A constante de proporcionalidade, k, depende do meio onde se encontram


as cargas.

ε representa a permitividade elétrica do meio. No vácuo o seu valor é


mínimo, ε₀ = 8,854 × 10⁻¹² N⁻¹·m⁻²·C², no ar, é praticamente igual à do
vácuo, εar = 1,0005 ε₀, e nos materiais, é superior a ε₀.
A Lei de Coulomb traduz, portanto, a força de interação entre duas cargas
→ A saber:
elétricas pontuais. A força que a carga q₁ exerce sobre a carga q₂, F ₂⁄₁, e
→ A Lei de Coulomb expressa
a força que a carga q₂ exerce sobre a carga q₁, F ₁⁄₂, constituem um par
a força elétrica entre cargas
ação‑reação. Se as cargas tiverem o mesmo sinal a força é repulsiva e se pontuais.
tiverem sinais opostos é atrativa.

Princípio da sobreposição
Considerando um sistema constituído por várias cargas, se a carga Q
estiver sujeita à interação de várias outras cargas, q₁, q₂, q₃, …, qn, a força
resultante que atua sobre Q é igual à soma vetorial das forças exercidas
por cada uma das cargas.
→ → → → →
F r = F ₁ + F ₂ + F ₃ + …. F n

A figura seguinte representa a força resultante que atua na carga Q, por


ação das cargas q₁ e q₂.

Q q₁

F₁

→ →
F₂ Fr

A saber:
A força sobre uma carga,
resultante da ação de várias
q₂ cargas, é igual à soma vetorial
das várias forças individuais.
Figura 41 – Aplicação do príncipio da sobreposição.

Campo elétrico e campo magnético | 57


Questões resolvidas

1. Três cargas estão colocadas nos vértices de um triângulo equilátero, no vazio, como mostra a figura.
Considere Q₁ = 2,0 μC, Q₂ = 3,0 μC e Q₃ = -3,0 μC.
Calcule a intensidade da resultante das forças que atuam na carga Q₁ devido à presença das outras cargas.
Q₂

10 cm Q₁

Q₃

Resolução:
1. Desenhe-se a força elétrica a que está sujeita a carga 1, devido à presença de Q₂ e Q₃. Atente-se ao
sentido das forças, dados os sinais das cargas.
Q₂

L = 10 cm Q₁

→ →
F ₁⁄₃ F ₁⁄₂

Fr

Q₃

F₁⁄₂ = k  ⟺ F₁⁄₂ = 9,0 × 10⁹  ⟺ F₁⁄₂ = 5,4 N

F₁⁄₃ = k  ⟺ F₁⁄₂ = 9,0 × 10⁹  ⟺ F₁⁄₃ = 5,4 N


Fr² = F₁⁄₂² + F₁⁄₃² ⟺ Fr = 7,6 N.

2. Duas cargas pontuais Q₁ = 2 µC e Q₂ = −3 µC estão separadas de 2 mm. Uma terceira carga Q₃ = 3 µC


é colocada no ponto médio do segmento que une as cargas. Calcule a intensidade da força a que Q₃
fica sujeita.
Resolução:
2. A carga fica sujeita às forças representadas na figura. A força devida à carga Q₁ é repulsiva e a força
devida a Q₂ é atrativa.

F ₃⁄₁ →
F ₃⁄₂
Q₁ = 2 μC Q₂ = −3 μC
Q₃ = 3 μC

Assim, a força resultante é da esquerda para a direita com intensidade:

F = F₃⁄₁ + F₃⁄₂ = e substituindo pelos dados,

F = 9 × 10⁹ × + 9 × 10⁹ × = 135 kN.

58 | A Energia Elétrica na Sociedade


O que é um campo de forças?
O físico inglês Michael Faraday introduziu o conceito de campo de forças,
para interpretar forças à distância, como, por exemplo, a interação entre
dois ímans ou entre duas cargas elétricas.
Considere-se, de novo, a Lei de Coulomb,

e faça-se a carga q₂ = +1, isto é, uma carga unitária positiva. Neste caso a
força sobre esta carga é

Esta força, que se exerce sobre a carga pontual unitária chama-se campo

elétrico. Portanto, uma carga q, dentro de um campo elétrico E , fica

sujeita a uma força , F ,
→ →
F=qE

De novo se pode verificar que se q = +1 a força é igual ao campo elétrico.


Para verificar como é o campo elétrico num qualquer ponto do espaço,
produzido por um qualquer conjunto de cargas, basta colocar uma carga
de prova, imaginária, unitária e positiva nesse ponto. A força que se
exerceria sobre essa carga é o campo elétrico.
O campo elétrico é uma grandeza vetorial, cuja unidade, no Sistema
Internacional, é V·m⁻¹ ou N·C⁻¹.

Considere-se uma carga pontual +Q, representada na figura 41. →


F
Como será o campo elétrico no ponto P? Basta imaginar aí uma carga P
unitária positiva. Essa carga ficaria sujeita a uma força, repulsiva. +1
+Q
E como seria o campo no ponto R? Basta imaginar aí uma carga unitária
positiva, que ficaria sujeita igualmente a uma força repulsiva.
R
+1
É fácil verificar, pela Lei de Coulomb, que em qualquer ponto que se
encontre à mesma distância da carga +Q, o vetor campo elétrico tem →
F
a mesma intensidade. No entanto, o campo diminui à medida que a
Figura 41 – Força sobre carga unitária
distância aumenta, pois o campo elétrico é inversamente proporcional ao positiva.
quadrado da distância.

Campo elétrico e campo magnético | 59



E

Figura 42 – Campo elétrico produzido por uma carga pontual positiva.

Considere-se agora uma carga pontual negativa, −Q.


Como será o campo elétrico no ponto P? Basta imaginar aí uma carga unitária positiva. Essa carga ficaria sujeita
a uma força, atrativa.
E como seria o campo no ponto R? Basta imaginar aí uma carga unitária positiva, que ficaria sujeita igualmente
a uma força atrativa. Assim o campo elétrico produzido por uma carga pontual negativa é o representado
na figura 43.


E

Figura 43 – Campo elétrico produzido por uma carga pontual negativa.

O que são linhas de campo?


Outra maneira de representar o campo elétrico é através das linhas de campo. As suas características são:

– As linhas de campo são sempre tangentes ao campo elétrico, E , e indicam a direção e o sentido do campo.
– As linhas de campo nunca se cruzam.


E

+Q

Figura 44 – Linhas de campo.

60 | A Energia Elétrica na Sociedade


Como se determina o campo elétrico resultante da contribuição de várias cargas pontuais?
O Princípio da Sobreposição também se aplica ao campo elétrico.

Assim, o campo elétrico, E , criado por várias cargas pontuais, Q₁, Q₂, Q₃, ..., Qn, é igual à soma vetorial dos campos
→ → → →
elétricos E ₁, E ₂, E ₃, … E n, criados num ponto P, por essas cargas, ou seja:
→ → → → →
E = E₁ + E₂ + E₃ + … + En

P →
E₁

Q₁ →
E₂ →
E

Q₂

Figura 45 – O campo elétrico, E , resultante da contribuição de cargas pontuais.

As figuras seguintes mostram as linhas de campo criadas por duas cargas elétricas pontuais:
– com o mesmo sinal e de módulos iguais

+q +q

Figura 46 – Linhas do campo elétrico criado por duas cargas elétricas pontuais, positivas e de igual módulo.

– de sinais contrários e de módulos iguais – dipolo elétrico

+q −q

Figura 47 – Linhas de campo do campo elétrico criado por duas cargas elétricas pontuais, de módulos iguais e sinais contrários -
dipolo elétrico.

Campo elétrico e campo magnético | 61


Questões resolvidas

1. Duas cargas iguais e de sinais contrários, com uma distância constante entre si constituem um dipolo.
T

−Q +Q S

a⁄₂ a⁄₂

Determine o campo eléctrico em T e em S.


Resolução:
1. Em S o campo será para a direita. A carga +Q, cria um campo para a direita e a carga –Q cria um campo
para a esquerda. A carga positiva está mais perto do ponto S, por isso a resultante é para a direita. O seu
módulo é

Para calcular o campo em T atente-se na figura seguinte.


E+

α
E

E−

α
−Q +Q
a⁄₂ a⁄₂

Os módulos dos campos devidos a +Q e –Q são iguais,


A soma vetorial dos dois campos dá um campo horizontal, para a esquerda. O seu módulo é

ou seja

62 | A Energia Elétrica na Sociedade


O que é um campo elétrico uniforme?

Um campo elétrico, E , é uniforme, numa dada região do espaço, quando
tem o mesmo módulo, direção e sentido em todos os pontos desse espaço.
Um campo elétrico uniforme pode ser criado por duas placas condutoras,
planas e paralelas, com cargas simétricas, +Q e –Q, colocadas a uma
distância, d, pequena, quando comparada com o tamanho das placas.

+Q −Q

Figura 48 – Campo elétrico uniforme.

O campo elétrico é perpendicular às placas e dirigido da placa positiva


para a placa negativa.
As linhas de campo são paralelas e equidistantes entre si.

Questões resolvidas

→ →
1. Um protão, é abandonado, em repouso, no ponto A do campo elétrico uniforme, E = −1,5 × 10³ eγ  V·m⁻¹,
representado na figura.
Considere a massa do protão 1,673 × 10⁻²⁷ Kg e a sua carga 1,6 × 10⁻¹⁹ C.
A
y
→ 0
E x

1.1. Classifique o movimento do protão.


1.2. Calcule o valor da velocidade do protão, após ter percorrido 10 cm.

Campo elétrico e campo magnético | 63


Resolução:
1.1. Movimento retilíneo uniformemente acelerado.

1.2. Fr = Fe ⟺ m a = q E ⟺ a = E ⟺ a = × 1,5 × 10³ ⟺ a = 1,4 × 10 m·s⁻²

Como Fr = Fe, então WFe = m vf² − m vi² ⟺ Fe d cos θ = m vf²

⟺ q E d cos 0° = m vf² ⟺ vf =  ⟺ v = 1,7 × 10⁵ m·s⁻¹.

2. Duas esferas eletrizadas foram suspensas, por fios inextensíveis e de massas desprezáveis, de um
mesmo ponto, e colocadas numa região onde existe um campo elétrico uniforme.
As esferas têm carga de igual módulo, 3,2 × 10⁻⁹ C, e têm sinais contrários. A massa de cada esfera é 3,0
g e o fio tem comprimento 30 cm. Considere g = 10 m·s².

60°

2.1. Desenhe o diagrama de forças que atuam em cada uma das esferas.
2.2. Calcule o módulo do campo elétrico na região referida.
Resolução:
2.1. Fe = força elétrica
Fc = força atração das cargas
P = peso
T = tensão no fio

T T

60°

Fe Fc Fc Fe

P P

2.2. xx: Fe = Fc + T cos 60°


yy: T sen 60° = mg; T sen 60° = 3,0 × 10⁻³ × 10; T = 3,5 × 10 ⁻² N

Fc = K ; Fc = ; Fc = 1,0 × 10⁻⁶ N
Fe = 1,0 × 10⁻⁶ + 3,5 × 10 ⁻² cos 60° ; Fe = 1,8 × 10⁻² N
Fe = q E; 1,8 × 10⁻² = 3,2 × 10⁻⁹ E; E = 5,5 × 10⁶ V·m⁻¹.

64 | A Energia Elétrica na Sociedade


3.1 Condutor em equilíbrio eletrostático
Um condutor encontra-se em equilíbrio eletrostático se nele não existir
um movimento orientado de cargas elétricas. Quando um condutor
está carregado, as cargas tendem a repelir-se e consequentemente vão
para a superfície. O campo elétrico no interior do condutor é nulo. Um
condutor, como o representado na figura 49, tem as cargas distribuídas
na sua superfície.

E=0

Figura 49 – Condutor em equilíbrio eletrostático.

Quando se aproxima de um condutor com uma certa distribuição de


cargas, como o da figura 50, outro condutor carregado, por exemplo
negativamente, as cargas vão redistribuir-se para garantir que em ambos
os condutores o campo elétrico é nulo no seu interior. Em ambos os
condutores, as cargas ficam à superfície, como se ilustra na figura 50.

E=0 E=0

Figura 50 – Redistribuição de cargas em condutores.

O facto de o campo elétrico ser nulo no interior do condutor foi


demonstrado por Michael Faraday através de uma experiência que ficou
conhecida como Gaiola de Faraday.
As cargas distribuem-se à superfície do condutor, garantindo que o campo
elétrico é nulo no seu interior. Uma pessoa no seu interior fica protegida
contra descargas.

A saber:
Num condutor em equilíbrio
eletrostático, o campo elétrico
no seu interior é zero.
Figura 51 – Gaiola de Faraday.

Campo elétrico e campo magnético | 65


3.2 Energia no campo elétrico
O campo elétrico é um campo conservativo. Assim, o trabalho realizado
pela força elétrica que atua sobre uma carga q, quando esta se desloca
entre dois pontos A e B, situados numa região onde existe um campo
elétrico, é sempre o mesmo, qualquer que seja a trajetória seguida.
Isto é, o trabalho da força elétrica depende apenas das posições A e B
entre as quais a carga q se desloca. Na figura 52 mostra-se este facto. O
trabalho realizado pela carga q, para ir de A a B é o mesmo, quer se tome
a trajetória 1 ou a 2.

B
1
A
q
A saber:
A força elétrica é uma força 2
conservativa.
Figura 52 – Trabalho realizado pela força elétrica é independente da trajetória.


Sendo a força elétrica, F e, uma força conservativa, o trabalho realizado é
simétrico da variação da energia potencial elétrica,
W →Fe = −ΔEpe

A saber: E, a energia potencial elétrica resulta da interação de uma carga com as


A energia potencial elétrica cargas criadoras do campo.
resulta da interação de uma
carga com as cargas que criam o Considere-se uma carga positiva +Q. A uma certa distância encontra-se
campo elétrico.
outra carga q, positiva, como se mostra na figura 53.

+Q +q

Figura 53 – Para aproximar a carga +q da carga +Q é necessário aplicar uma força


exterior.

Para mover a carga +q para mais próximo de +Q é necessário aplicar uma


força exterior, pois as cargas, sendo do mesmo sinal, repelem-se. Assim,
a energia exterior fornecida é positiva, ou, de outro modo, o trabalho
realizado pela força elétrica é negativo.
A saber:
Analogamente, se a carga q for negativa, a tendência é atraírem-se. Não
A energia potencial elétrica pode
ser positiva ou negativa. é necessário fornecer energia exterior para as aproximar. O trabalho
realizado pela força elétrica é positivo.

66 | A Energia Elétrica na Sociedade


4 Potencial elétrico. Superfícies equipotenciais
O campo elétrico pode ser caracterizado, em cada ponto, pelo vetor
campo e por uma grandeza escalar denominada potencial elétrico, V.
O potencial elétrico, num ponto de um campo criado por uma carga
pontual q, é, por definição, igual à energia potencial elétrica por unidade
de carga positiva colocada nesse ponto.

Outro modo de definir potencial num ponto é o trabalho realizado ao


levar uma carga pontual unitária positiva desde esse ponto até ao infinito.
Por definição, o potencial no infinito é nulo. Assim, num ponto A qualquer
VA = Wq ₌₊₁ (A→∞)

No caso de uma carga pontual +Q, como se mostra na figura 54, o trabalho
realizado pelo campo elétrico para levar a carga até ao infinito é positivo,
pois a carga unitária é positiva e portanto a tendência é ser repelida para
o infinito. O potencial é positivo no ponto A.

A
+₁

B
+₁
Figura 54 – Potencial é o trabalho para levar uma carga q = + 1 até ao infinito.

Na mesma figura pode ver-se que o potencial em B tem de ser também


positivo, pela mesma razão. No entanto, estando este ponto B mais
afastado da carga +Q, o trabalho necessário para levar uma carga unitária
positiva até ao infinito é menor do que a levar a partir de A. Logo, o
potencial em B é menor que o potencial em A.
Portanto, o potencial elétrico criado por uma carga pontual positiva, é
positivo, e diminui com a distância.
Analogamente, o potencial elétrico criado por uma carga pontual negativa,
é negativo, e diminui em módulo, com a distância.
O potencial de uma carga pontual Q, a uma distância r é dado então por

Campo elétrico e campo magnético | 67


v

Q>0

A saber:
Potencial num ponto é o
trabalho realizado ao levar uma r
carga pontual unitária positiva
desde esse ponto até ao infinito. Figura 55 – O potencial elétrico é positivo quando a carga é positiva (Q > 0).

v r

A saber: Q<0
O potencial elétrico criado por
uma carga pontual positiva,
é positivo, e diminui com a
distância.
O potencial elétrico criado por Figura 56 – O potencial elétrico é negativo quando a carga é negativa (Q < 0).
uma carga pontual negativa, é
negativo, e diminui em módulo,
com a distância. A unidade do potencial elétrico no Sistema Internacional é o joule por
coulomb, que se designa por volt, V.

Como se calcula o potencial num ponto devido a várias


cargas pontuais?
Se numa dada região do espaço existir uma distribuição de cargas elétricas
pontuais, Q₁, Q₂, Q₃, ..., Qn,, o potencial elétrico, V, num ponto do campo,
é igual à soma algébrica dos potenciais devidos às várias cargas, nesse
ponto. Trata-se da aplicação do Princípio da Sobreposição,
V = V₁ + V₂ + V₃ + ... + Vn

Qual o trabalho da força elétrica no transporte de uma carga num


campo elétrico?
O trabalho realizado pela força elétrica, conservativa, no transporte de
uma carga q, de um ponto A para o ponto B, só depende das posições
final e inicial.
→ →
WA→B(F e) = −∆EPe ⇔ WA→B(F e) = − (EPe (B) − EPe (A)) ⇔

⇔ WA→B(F e) = EPe (A) −  EPe (B)

68 | A Energia Elétrica na Sociedade


Como os potenciais em A e B são, respetivamente:

e
podemos escrever:

WA→B(F e) = q (VA − VB)

Vê-se claramente que o trabalho realizado ao deslocar a carga q de A para


B, só depende do potencial de A e do potencial de B, ou seja das posições
inicial e final da carga q.
A partir desta expressão define-se a unidade de energia, electrão-volt, eV.
Um eletrão-volt é a energia cinética adquirida por um eletrão ao atravessar
uma diferença de potencial de 1 volt, no vazio.
Como a carga do electrão é 1,60218 × 10⁻¹⁹ C, então:
1 eV = (1,60218 × 10⁻¹⁹ C) × (1 V) ⟺ 1 eV = 1,60218 × 10⁻¹⁹ J

Questões resolvidas

1. Um eletrão, e, está colocado num ponto A, no campo dum dipolo elétrico, de cargas +q e –q, separadas
de uma distância a.
A

d
Å
20

+q −q B

1.1. Qual será o trabalho realizado se o electrão fizer uma volta circular de raio d, partindo do ponto A e
voltando ao mesmo ponto?
1.2. Determine o trabalho realizado ao levar o eletrão no caminho circular de A para B.

Campo elétrico e campo magnético | 69


Resolução:
1.1. WA→A = e (VA− VA) = 0.
1.2. WA→B = e (VA− VB).
O potencial em A é devido ás cargas +q e –q:

, sendo r a distância das cargas ao ponto A.


O potencial em B é devido ás cargas +q e –q:

. Note-se que sendo o eletrão uma carga negativa, o trabalho realizado pelo
campo do dipolo a levar esse eletrão de A para B é negativo. Significa que é necessário fornecer energia
exterior, pois o eletrão não tem tendência para ir para B. Repare que em B o potencial é negativo.

2. Um dipolo elétrico está colocado ao longo do eixo xx, como se mostra na figura.

−q O +q S

a x=b x

Calcule o trabalho efetuado pelo campo elétrico, ao trazer uma carga +Q desde o infinito até ao ponto S,
em x = b.
Resolução:
2. Usando o Princípio da Sobreposição, calcule-se o potencial em S. O potencial no infinito é nulo.

70 | A Energia Elétrica na Sociedade


O que são superfícies equipotenciais?
Tal como o campo elétrico pode ser representado por linhas de campo,
que o caracterizam, também o potencial elétrico pode ser representado
por um conjunto de pontos de igual potencial, chamados superfícies A saber:
equipotenciais. As superfícies equipotenciais
são superfícies onde o potencial
Para um campo elétrico criado por uma carga pontual, pontos a igual tem o mesmo valor em todos os
pontos.
distância da carga criadora vão ter o mesmo potencial elétrico.
Portanto, as superfícies equipotenciais são perpendiculares às linhas
de campo.
Como o trabalho realizado pela força elétrica, quando uma carga de prova

q se desloca de A para B é dado por WA→B(F e) = q (VA − VB) então o trabalho
realizado sobre uma superfície equipotencial é nulo.
Este resultado pode ser confirmado pois a força elétrica é perpendicular superfícies
equipotenciais
ao deslocamento e, portanto o trabalho é nulo.
No caso do campo elétrico criado por uma carga pontual, as superfícies
equipotenciais são superfícies esféricas concêntricas, centradas na
carga criadora.
Analisando as linhas de campo, criadas por uma carga positiva, e as
B
respetivas superfícies equipotenciais e as linhas de campo criadas por
A
uma carga negativa e as respetivas superfícies equipotenciais, como se
Figura 57 – Linhas de campo e superfícies
ilustra na figura seguinte,
equipotenciais de um campo criado por
uma carga pontual positiva.

Q A Q A
B B

VA > VB VA < VB

(a) (b)
Figura 58 – (a) Superfícies equipotencias e linhas de um campo elétrico criado por uma
carga pontual positiva. (b) Superfícies equipotencias e linhas de um campo elétrico
criado por uma carga pontual negativa.

pode-se concluir que:



O campo elétrico, E , aponta sempre no sentido dos potenciais
decrescentes, ou seja dos valores mais elevados do potencial para os
valores mais baixos.

Campo elétrico e campo magnético | 71


Questão resolvida

1. O campo elétrico representado na figura é criado pela carga Q, de módulo 4,0 × 10⁻⁶ C e as superfícies
equipotenciais S₁ e S₂ têm raios, respetivamente r₁ = 10 cm e r₂ = 20 cm. Uma linha de campo está
representada por a.

B
y
S₂
S₁
A
C Q x

a D

1.1. Indique, justificando, o sinal da carga Q.


1.2. Caracterize a força elétrica que atua sobre uma carga de q = – 3,0 μC colocada em B.
1.3. Calcule o valor do potencial elétrico na superfície S₁.
1.4. Qual o valor do trabalho realizado pelas forças do campo para deslocar a carga q de B para C?
Justifique.
Resolução:
1.1. Q tem carga negativa, porque a linha de campo a, da figura, tem sentido centrípeto.

1.2.  ⟺ F = 9 × 10⁹ ⟺ F = 2,7 N


Direção radial e sentido centrífugo.

1.3. V = k  ⟺ V =  ⟺ V = −3,6 × 10⁵ V.


1.4. W = 0 J, porque VB = VC.

72 | A Energia Elétrica na Sociedade


Qual é o trabalho realizado para deslocar uma carga à superfície
de um condutor?
Num condutor em equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é perpendicular
à sua superfície.


E
A
B →
E
E=0

E

E

E

Figura 59 – Campo elétrico perpendicular à superfície do condutor, com linhas de campo


que nunca se cruzam.

Se assim não fosse, o campo teria uma componente tangencial de que


resultaria uma força elétrica tangencial que moveria as cargas, deixando
de estar em equilíbrio.
Para deslocar uma carga q, de um ponto A para o ponto B, o trabalho
realizado pela força elétrica é:

WA→B(F e) = Fe Δr cos θ 
e como θ = 90°

então WA→B(F e) = 0 J

Atendendo a que o WA→B(F e) = q (VA − VB), então VA = VB, isto é, a superfície
de um condutor é uma equipotencial.

Superfícies equipotenciais num campo elétrico uniforme


Num campo elétrico uniforme criado por duas placas condutoras e
paralelas entre si, as linhas de campo são paralelas e equidistantes
entre si e as superfícies equipotenciais são planos paralelos entre si e
perpendiculares a estas linhas.

superfícies
equipotenciais

Figura 60 – Linhas de campo e superfícies equipotenciais de um campo uniforme.

Campo elétrico e campo magnético | 73


Qual é a relação entre o campo elétrico e o potencial elétrico
d
num campo uniforme?
O trabalho realizado pela força elétrica sobre uma carga q, quando esta se
A
desloca de A para B, pode ser calculado pela expressão:
θ →
WA→B(F e) = q (VA − VB)

∆r
Por outro lado, atendendo ao conceito de trabalho, pode ser calculado
B por:

WA→B(F e) = Fe Δr cos θ e como Fe = q E  e d = Δr cos θ

então WA→B(F e) = q E d
VA VB Igualando esta expressão à primeira obtemos:
Figura 61 – Campo elétrico criado por
duas placas condutoras. q (VA – VB) = q E d ⟺ E =

Observando a figura 62, se a carga q fosse deslocada de A para C, através


de B, isto é, seguisse o trajeto ABC, o trabalho realizado pela força elétrica
para a deslocar seria dado por:
→ → →
WA→C(F e) = WA→B(F e) + WB →C(F e)


E C


q F₁
A B

d

Figura 62 – O campo elétrico, E , que aponta no sentido dos potenciais decrescentes, é
perpendicular às superfícies equipotenciais.

Como os pontos B e C estão sobre a mesma superfície equipotencial,


VB = VC, então:
→ →
WA→C(F e) = WA→B(F e)
E, portanto obtém-se a mesma expressão:

74 | A Energia Elétrica na Sociedade


Qual é o movimento adquirido por uma carga num campo
uniforme?
Uma carga q, de massa m, colocada num campo elétrico uniforme, fica
→ →
sujeita a uma força elétrica, F e, constante, e a uma força gravítica, F g.
Nas situações mais comuns, a intensidade da força gravítica é muito
menor do que a da força elétrica, e portanto, a interação gravítica pode

ser desprezada. A força resultante, F r é igual à força elétrica.
→ → → → → →
F r = m a  ⟺ q E = m a  ⟺  a = E

Portanto, a carga fica sujeita a uma aceleração constante na direção do


campo elétrico.
Sendo assim, uma carga elétrica que entre num campo elétrico uniforme:

– sem velocidade inicial ou com velocidade inicial v ₀ paralela ao campo, vai
ter movimento retilíneo, ao longo de uma linha de campo, uniformemente
acelerado, no sentido do campo se q > 0 e em sentido oposto se q < 0.

– com velocidade, v ₀, perpendicular relativamente à direção do campo,

vai ter movimento uniforme na direção e sentido de v ₀ e uniformemente
acelerado na direcção do campo, descrevendo, por isso, uma
trajetória parabólica.

q>0 →
v₀ →
E


Fe

Figura 63 – Trajetória da carga elétrica, q > 0, com →v ₀ perpendicular à direção do campo



elétrico, E .


Fe

v₀ →
E
e

Figura 64 – Trajetória de um eletrão, com →v ₀ perpendicular à direção do campo



elétrico, E .

Campo elétrico e campo magnético | 75


Questão resolvida

1. Entre as placas metálicas quadradas, A e B, paralelas e horizontais,


estabeleceu-se uma diferença de potencial de 2,0 kV. As placas
distam 60 mm e têm lado 1,0 m. A
y
1.1. Indique a direção, o sentido e o módulo do vetor campo

60 mm
0 x
elétrico na região entre as placas.
B
1.2. Uma partícula, de massa, m = 1,0 mg e carga, q = −1,0 μC, é
abandonada na placa B, sem velocidade inicial. 1m

1.2.1. Indique o tipo de trajetória descrita.


1.2.2. Calcule o módulo da velocidade com que a partícula chega
à outra placa.
1.3. De seguida, lança-se a partícula paralelamente às placas e a meia distância entre elas, com velocidade,
v = 2,0 × 10⁴ m·s⁻¹, como se ilustra na figura seguinte.

y
∆y
0 x
B

1.3.1. Classifique o movimento da partícula, no eixo horizontal e no eixo vertical.


1.3.2. Qual a aceleração da partícula? Justifique.
1.3.3. Calcule a distância percorrida, no eixo dos yy.
Resolução:

1.1. Direção vertical, sentido de cima para baixo e módulo MV/m.


1.2.1. Trajetória retilínea.

1.2.2. Fe = qE = ma, logo m/s²


O movimento é uniformemente acelerado. Usando as expressões para este movimento,

d = at² e v = at, obtém-se


t = 1,9 × 10⁻⁴ s, e v = 62,7 m·s⁻¹.
1.3.1. No eixo horizontal é uniforme e no vertical uniformemente acelerado.
1.3.2. A aceleração é a mesma calculada anteriormente, porque o campo elétrico é o mesmo,
a = 3,3 × 10⁵ m/s².
1.3.3. x = v t ⟺ 1,0 = 2,0 × 10⁴ t ⟺ t = 5 × 10⁻⁵ s

∆y = at² ⟺ Δy = 4,1 × 10⁻⁴ m.

76 | A Energia Elétrica na Sociedade


5 Aplicações

5.1 Campo elétrico na atmosfera


Num dia comum, com atmosfera estável, o campo elétrico é de cerca
100 V/m, orientado para baixo. As superfícies equipotenciais, que são
perpendiculares ao campo, são então horizontais. Em cada metro o
potencial aumenta 100 V.

superfícies
equipotenciais

200 V
1m
100 V

1m E
0V
superfície terrestre
Figura 65 – Campo elétrico na atmosfera, junto à Terra.

A presença de uma pessoa modifica a distribuição das superfícies


equipotenciais conforme mostra a figura 66. 0 corpo humano é um bom
condutor, e por isso é uma superfície equipotencial. Todo o corpo fica ao
potencial da Terra. Assim, se a altura da pessoa for 1,80 m, não existirá
uma diferença de potencial de 180 V como se poderia imaginar.

200 V

100 V

0V

Figura 66 – As superfícies equipotenciais e o campo é alterado pela presença de um bom


condutor.

Como se formam os raios?


Experiências realizadas com naves e balões mostram que as nuvens de
tempestades, que são responsáveis pelas descargas elétricas, apresentam,
geralmente, cargas positivas na parte superior e negativas na inferior.
A diferença de potencial entre a parte inferior da nuvem e a Terra pode
atingir centenas de MV. Figura 67 – Nuvem com cargas positivas
na parte superior e negativas na inferior.
O fenómeno da descarga elétrica para a Terra inicia-se com descargas
piloto, de pouca luminosidade, na forma de árvore invertida, da nuvem
para a Terra, que vai ionizando o ar.

Campo elétrico e campo magnético | 77


Quando a descarga piloto atinge o solo, tem início uma segunda etapa,
que é a descarga principal. Ela é de grande luminosidade, dirigida da Terra
para a nuvem, associada a uma corrente elétrica de intensidade que pode
atingir dezenas de kA. A descarga principal segue, aproximadamente, o
caminho da descarga piloto que ionizou o ar. Normalmente, quando se
menciona um raio, refere-se a descarga principal. A ação destruidora
dos raios deve‑se à elevada corrente da descarga principal. Ela provoca
aquecimento e expansão da massa de ar.
Figura 68 – Descarga piloto.
0 efeito luminoso do raio é denominado relâmpago e o efeito sonoro, que
resulta do forte aquecimento do ar originando a sua rápida expansão, é
denominado trovão.
Há raios, não só entre uma nuvem e a Terra, mas entre nuvens e entre as
partes de uma mesma nuvem.

5.2 Poder das pontas. Sistema de proteção contra


relâmpagos
Como já foi referido, num condutor eletrizado em equilíbrio, o campo
elétrico no seu interior é nulo e em consequência, as cargas elétricas
distribuem-se à superfície do condutor.
Quando se carrega um condutor esférico, a carga distribui-se
uniformemente por toda a superfície, mas se este possuir uma extremidade
pontiaguda, o campo elétrico próximo dessa ponta é muito mais intenso.
Esta é uma particularidade importante, chamado poder das pontas.
Numa área pequena fica uma grande quantidade de carga, o que significa
condutor uma grande densidade superficial de carga, que origina um campo elétrico
exterior muito intenso à volta da ponta.
Figura 69 – Devido à maior concentração
de cargas nas partes pontiagudas dos O poder das pontas tem uma importante aplicação na construção de
condutores, o campo elétrico exterior é aí
muito mais intenso. para‑raios.
Um para-raios é uma haste de metal, normalmente de cobre ou alumínio,
destinada a dar proteção a edifícios. São colocados num local alto, ligado
à terra por um cabo condutor.
Quando há uma trovoada, as cargas induzidas na “ponta” do para-raios
atraem os raios. A descarga faz-se para a Terra através do cabo condutor,
protegendo os edifícios.

78 | A Energia Elétrica na Sociedade


raio

para-raios

ligação à terra

terra

Figura 70 – Para-raios protege o edifício.

A descoberta do para-raios deve-se a Benjamin Franklin quando fez subir


um papagaio de papel num dia de trovoada e constatou o “poder das
pontas” de atrair raios ao observar as faíscas que se produziam nas chaves
atadas à ponta do cordel nas suas mãos. Benjamin Franklin (1706-1790)

6 Campo magnético

6.1 Origens do campo magnético


As observações de fenómenos magnéticos, nos ímanes naturais, remontam
ao ano 3000 a.C.. Os gregos, os chineses e os egípcios foram os primeiros
a reconhecer a propriedade da magnetite de atrair pedaços de ferro. A
palavra “magnetismo” deriva de magnetite, nome dado à pedra íman
encontrada junto à antiga cidade de Magnésia, onde hoje é a Turquia.
Esse efeito é mais acentuado nos extremos do íman, chamados polos
magnéticos. Quando um íman tem a forma de barra atribui-se aos polos de
um íman os nomes de norte e sul, que normalmente aparecem pintados
com cores diferentes.

A saber:
Uma agulha magnética é
um pequeno íman artificial,
que pode rodar em torno do
seu centro. É utilizada para
orientação, pois em qualquer
lugar na Terra, que não tenha
ímanes nem objetos de ferro ou
Figura 71 – Ímanes. aço nas proximidades, orienta-se
segundo a direção norte-sul.

Campo elétrico e campo magnético | 79


A interação entre ímanes é uma interação à distância e é atrativa quando
se aproximam polos opostos e repulsiva quando se aproximam polos do
mesmo tipo.
Se se partir um íman, cada parte continua a ter nas extremidades o polo
norte e o polo sul.
Em 1600, o médico e físico inglês William Gilbert publicou o famoso tratado
intitulado De Magnete, composto de seis livros, nos quais reuniu as suas
observações experimentais sobre fenómenos elétricos e magnéticos.
Nessas observações, mostrou que esses dois fenómenos eram diferentes
ao examinar o comportamento do âmbar, quando friccionado, e do ferro
quando este se aproximava de um íman.
Os ímanes fazem parte do nosso dia a dia, nas nossas casas existem
nos aparelhos de som e imagem, micro-ondas, televisores, frigoríficos,
computadores, rádios, telefones e telemóveis, motores, etc.
Os primeiros magnetes produzidos industrialmente eram feitos de aço,
que é uma liga essencialmente de ferro e carbono. Depois, descobriram‑se
ligas de alumínio, níquel e cobalto, que potenciam as propriedades
magnéticas do níquel e do cobalto. Também se começaram a sintetizar
ferrites, a partir de óxidos de ferro.
Atualmente, os melhores materiais para a produção de magnetes contêm
lantanídeos, tais como o neodímio ou o samário. Os magnetes mais
fortes têm a composição Nd₂Fe₁₄B, podendo o campo magnético, na sua
vizinhança, atingir mais de 1 T.
Os campos magnéticos podem ser representados por vetores, sempre
tangentes às linhas de campo. Estas nunca se cruzam e a sua densidade
será tanto maior quanto mais intenso for o campo. As linhas de campo
magnético são linhas sempre fechadas, contrariamente ao que acontece
com as linhas do campo elétrico, que são abertas.
Num campo magnético uniforme, o vetor campo magnético é constante e
as linhas de campo são paralelas e equidistantes entre si.

S N

Figura 72 – Linhas de campo magnético de um íman.

80 | A Energia Elétrica na Sociedade


A figura 72 ilustra as linhas de campo magnético produzidas por um íman.
O sentido das linhas de campo é dado pela orientação de uma bússola e
vai sempre do polo norte para o polo sul.
Outro modo de criar um campo magnético é através duma corrente. Foi
o físico dinamarquês Oersted, que estabeleceu, pela primeira vez, uma
relação entre fenómenos elétricos e fenómenos magnéticos. Este assunto
será abordado na Unidade B mais pormenorizadamente. Como exemplo,
refira-se que um fio retilíneo muito longo percorrido por uma corrente
cria um campo magnético, cujas linhas de campo são circunferências
centradas no fio, como se mostra na figura 73.


B

Figura 73 – Campo magnético produzido por um fio de corrente.

O sentido das linhas de campo magnético depende do sentido da corrente


elétrica no fio. Pode ser determinado usando a regra do saca-rolhas. O
i
sentido das linhas de campo é aquele em que o saca-rolhas deve rodar para
progredir no sentido da corrente elétrica, como se mostra na figura 74.
Uma outra configuração interessante é o solenóide. Trata-se de um A
conjunto de espiras paralelas colocadas como se ilustra na figura 75. →
B

→ Figura 74 – Regra do saca-rolhas para


B determinação do sentido das linhas de
campo magnético.

Figura 75 – Solenóide.

A corrente no solenóide, quando este é muito comprido, provoca um


campo magnético no seu interior que é constante e paralelo ao eixo do
solenóide. Fora deste, o campo é praticamente nulo.

Campo elétrico e campo magnético | 81


6.2 Campo magnético terrestre
A Terra possui um campo magnético cujos efeitos já eram conhecidos pela civilização antiga chinesa.
Com base nas observações de uma agulha magnética, sugere-se que a Terra se comporta como um íman gigante,
cujos polos são praticamente coincidentes com os polos geográficos de nome oposto.

norte magnético eixo de rotação

norte geográfico

Figura 76 – Os polos magnéticos da Terrra estão "trocados" em relação aos polos do íman.

O campo magnético terrestre assemelha-se, por isso, a um dipolo magnético e pode ser visualizado em termos
de um conjunto de linhas de força que saem de um extremo do íman, chamado polo norte e reentram no outro
extremo, o polo sul. O eixo desse dipolo magnético faz um ângulo aproximado de 11,5o com o eixo de rotação da
Terra, fenómeno que é conhecido por declinação magnética.

eixo de rotação
norte magnético norte geográfico

plano da órbita
12° da Terra

11,5°
linha perpendicular ao
23,5° plano de órbita da Terra

Figura 77 – Campo magnético terrestre simulado por um dipolo magnético.

82 | A Energia Elétrica na Sociedade


APSA A-2.1: Eletrização por contacto e por influência

Questão-problema: Como se comporta um fio de água quando se aproxima deste um corpo eletrizado?
Objetivos: Exploração de experiências simples de eletrização. Distinção entre a eletrização por contacto
e a eletrização por influência.

Recursos:
• Barra de plástico ou esferográfica de plástico
• Vareta de vidro
• Pedacinhos de papel e penas
• Pano de lã
• Fio de água a correr

Procedimento:
1. Eletrize, por fricção, uma barra de plástico, e observe o efeito quando se aproxima de corpos leves ou
um fio de água a correr.
2. Eletrize, por fricção, uma vareta de vidro, e observe o efeito quando se aproxima de corpos leves ou
um fio de água a correr.

APL A-2.1: Superfícies equipotenciais

Questão-problema: Qual a forma das superfícies equipotenciais?


Objetivos: Medição dos potenciais numa tina de água salinizada. Determinação de superfícies
equipotenciais.

Questões pré-laboratoriais:
1. Como varia o potencial elétrico ao longo de uma linha de campo?
2. Como varia o potencial ao longo de uma superfície equipotencial?

Recursos:
• Voltímetro
• Fios elétricos com pontas de prova
• Tina de vidro com água salgada
• Duas placas de cobre

Campo elétrico e campo magnético | 83


• Fonte de tensão
• Folha de papel quadriculado

Procedimento:
1. Coloque a tina com água salgada por cima do papel.
2. Fixe as placas no interior da tina, em dois lados paralelos.

3. Ligue a fonte de tensão às placas.


4. Meça a diferença de potencial entre as placas, usando as pontas de prova.
5. Deslocando apenas uma das pontas de prova, meça a d.d.p. entre a placa de referência e vários pontos
no interior da tina.

Questões pós-laboratoriais:
1. Faça um esquema da situação e represente as linhas de campo.
2. Analise os valores medidos e desenhe, no esquema, as superfícies equipotenciais.

APSA A-2.2: Linhas de campo magnético

Questão-problema: Como visualizar as linhas de campo magnético?


Objectivos: Visualização da forma das linhas de campo magnético com limalha de ferro e com bússolas.

Recursos:
• Limalha de ferro

84 | A Energia Elétrica na Sociedade


• Bússolas
• Ímanes de diferentes formas
• Fio com corrente elétrica
• Plástico transparente

Procedimento:
1. Coloque um plástico por cima de cada íman.
2. Pulverize com limalha de ferro.
3. Visualize das linhas de campo magnético.
4. Coloque bússolas à volta dos imanes e de fios com corrente elétrica e verifique o que acontece.

APL A-2.2: «Poder das pontas»

Questão-problema: O que é o “poder das pontas”?


Objetivo: Verificação experimental do “poder das pontas”.

Questões pré-laboratoriais:
1. Explique o significado do “poder das pontas”.

Recursos:
• Voltímetro
• Fios elétricos com pontas de prova
• Tina de vidro com água salgada
• Duas placas de cobre com um orifício
• Dois pregos metálicos com rosca
• Duas porcas
• Fonte de tensão
• Folha de papel quadriculado

Procedimento:
1. Fixe, com uma porca, um prego a uma das placas.
2. Coloque a tina com água salgada por cima do papel.
3. Fixe as placas, uma delas com o prego, no interior da tina, em dois lados paralelos.

Campo elétrico e campo magnético | 85


4. Ligue a fonte de tensão às placas.
5. Meça a diferença de potencial entre as placas, usando as pontas de prova.
6. Deslocando apenas uma das pontas de prova, meça a d.d.p. entre a placa de referência e vários pontos
no interior da tina.
7. Fixe o outro prego na outra placa.
8. Meça a diferença de potencial entre as placas com os dois pregos, usando as pontas de prova.
9. Deslocando apenas uma das pontas de prova, meça a d.d.p. entre a placa de referência e vários pontos
no interior da tina.

Questões pós-laboratoriais:
1. Faça um esquema de cada situação e represente as linhas de campo.
2. Analise os valores medidos e desenhe, no esquema, as superfícies equipotenciais.
3. Explique o funcionamento do para-raios.

86 | A Energia Elétrica na Sociedade


Resumo

• A eletrização pode ser feita por fricção, por contacto ou por influência.
• A Lei de Coulomb traduz a força de interação entre duas cargas elétricas pontuais, e é dada por


• O campo elétrico, E , é a força que se exerce sobre uma carga pontual unitária. Uma carga q, dentro de
→ →
um campo elétrico fica sujeita a uma força F = q E .

• As linhas de campo são sempre tangentes ao campo elétrico, E , indicam a direção e o sentido do campo
e nunca se cruzam.

• O campo elétrico, E , uniforme tem o mesmo módulo, direção e sentido em todos os pontos do espaço.
• Um condutor encontra-se em equilíbrio eletrostático se nele não existir um movimento de cargas
elétricas.

• O trabalho realizado pela força elétrica, F e , é simétrico da variação da energia potencial elétrica,
W
‌  F→e = −ΔEpe.
• O potencial elétrico, num ponto de um campo criado por uma carga pontual q, é igual à energia

potencial elétrica por unidade de carga positiva colocada nesse ponto, .


• O trabalho realizado para deslocar uma carga q de A para B, só depende do potencial de A e do potencial
de B, ou seja das posições inicial e final,

WA→B(F e) = q (VA − VB)
• As superfícies equipotenciais são superfícies onde o potencial tem o mesmo valor em todos os pontos.
• Um para-raios é uma haste de metal colocada num local alto, ligada à terra por um cabo condutor. As
cargas induzidas na “ponta” do para-raios atraem os raios de uma trovoada e a descarga faz-se para a Terra.

Questões para resolver


+Q A −Q
1. No centro de um quadrado está fixa uma carga elétrica, +q. Nos vértices
B
do quadrado estão, também fixas, as cargas +Q, −Q, −Q e +Q como se mostra
na figura. +q C

Para qual das direções, A, B, C, D ou E aponta a força elétrica resultante na


carga central? D
+Q E −Q

Campo elétrico e campo magnético | 87


2. Duas cargas elétricas pontuais Q₁ e Q₂ = 4Q₁ estão fixas nos pontos A e B, distantes 30 cm.
Q₁ Q₃ Q₂

A B
x

30 cm

Determine a posição (x) onde deve ser colocada uma carga Q₃ = 2Q₁ para ficar em equilíbrio sob a ação
somente de forças elétricas.

3. A figura mostra duas cargas com o mesmo módulo e sinais opostos, colocadas a uma distância 2a,
formando um dipolo elétrico.
E₄
E₅ E₃

E₁ E₂
P

+q −q
a a

Qual o vetor que representa corretamente o campo elétrico resultante E , produzido por essas cargas num
ponto P, a uma distância d?

+Q
4. Um objeto metálico carregado positivamente, com carga +Q, é aproximado
−Q
de um eletroscópio de folhas, que foi previamente carregado negativamente
com carga igual a −Q.
Qual das seguintes afirmações está correta?
A. À medida que o objeto se for aproximando do eletroscópio, as folhas
abrem mais.
B. À medida que o objecto se for aproximando, as folhas permanecem como
estavam.
C. Se o objeto tocar o terminal externo do eletroscópio, as folhas devem fechar- se.

5. Considere uma partícula eletrizada com uma carga Q fixa no ponto A.


A B C
Q

d d

Sabendo que o potencial elétrico em B vale 20 V e o vetor campo elétrico em C tem módulo 20 N/C,
determine:

88 | A Energia Elétrica na Sociedade


5.1. O potencial elétrico a que está o ponto C.
5.2. O módulo do vetor campo elétrico em B.

6. A figura mostra linhas de força de um campo elétrico uniforme,


B
de 2 × 10³ V/m de intensidade, e duas superfícies equipotenciais →
A 3 cm E
distantes 4 cm.
4 cm
6.1. Indique, justificando, qual dos pontos, A ou B, está a maior
potencial elétrico.
6.2. Calcule o trabalho realizado pela força elétrica para levar uma carga elétrica positiva de 6 × 10⁻⁶ C,
de A até B.

7. Uma partícula positiva emitida por um núcleo radioativo incide na direção A B



do eixo central de um campo elétrico uniforme de intensidade 5 × 10³ N/C, V₀

indicado na figura, gerado por duas placas compridas, A e B, carregadas e E

distanciadas de 2 cm.
7.1. Classifique a trajetória descrita pela partícula no interior do campo.
7.2. Calcule a diferença de potencial entre as placas.
7.3. Determine a diferença de potencial entre o ponto de incidência no campo elétrico e o ponto de
colisão numa das placas.

8. O condutor da figura, isolado e em equilíbrio eletrostático, está carregado


com uma carga Q positiva. B

Considere as seguintes afirmações: A condutor

I. O campo elétrico no interior do condutor é zero. isolante

II. O campo elétrico nos pontos externos está orientado para fora do condutor.
III. O módulo do campo elétrico no ponto A é maior do que no ponto B.
IV. As linhas de campo são perpendiculares à superfície do condutor.
Marque a alternativa correta.
a) Apenas I é verdadeira.
b) Apenas I e II são verdadeiras.
c) Apenas a IV é verdadeira.
d) Apenas III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmações são verdadeiras.
f) Todas as afirmações são falsas.

Campo elétrico e campo magnético | 89


9. Num dado ponto, no vazio, a uma certa distância de uma carga elétrica, pontual, o módulo do campo
elétrico é igual a 500 N/C e o potencial vale −3,0 × 10³ V.
Calcule a distância do ponto à carga e o valor da carga elétrica.

10. Um protão penetra com energia cinética 2,4 × 10⁻¹⁶ J numa região extensa de um campo elétrico
uniforme, cuja intensidade é 3,0 × 10⁴ V·m⁻¹. A trajetória descrita é retilínea, com a partícula a inverter o
sentido do movimento após percorrer uma distância d.
Sabendo-se que a massa do protão é 1,67 × 10⁻²⁷ kg e a sua carga é 1,6 × 10⁻¹⁹ C, determine:
10.1. O valor de d.
10.2. O tempo gasto para percorrer a distância d.

11. Duas cargas pontuais −q e +Q estão dispostas como ilustra a figura.


−q +Q

Se |Q| > |−q| , o campo elétrico produzido por essas cargas anula-se num ponto situado:
a) À direita da carga positiva.
b) À esquerda da carga negativa.
c) Entre as duas cargas e mais próximo da carga positiva.
d) Entre as duas cargas e mais próximo da carga negativa.

12. Uma carga elétrica de 1 μC suspensa de um fio inextensível e de massa


E
desprezável está em equilíbrio, na posição indicada na figura, pela ação de
30°
um campo elétrico de intensidade 1,0 × 10⁷ V/m.
O ângulo formado entre o fio e a direção vertical é de 30°.
m
Calcule o valor da tensão no fio.

13. A figura mostra um arranjo de placas metálicas paralelas. As placas 2 e 3 possuem um furo nos centros.
1 2 3 4
0,03 m 0,03 m 0,03 m

12 V 12 V

Classifique em Verdadeira (V) ou Falsa (F) cada uma das afirmações seguintes:
A. O potencial da placa 4 é igual ao da placa 1.
B. O campo elétrico entre as placas 1 e 2 tem sentido da placa 2 para a placa 1 e o seu módulo vale 400 V/m.

90 | A Energia Elétrica na Sociedade


C. Se se abandonar um eletrão no ponto A, este terá movimento uniformemente acelerado entre as
placas 1 e 2, uniforme entre as placas 2 e 3 e uniformemente retardado entre as placas 3 e 4.
D. O trabalho realizado pela força elétrica para deslocar um eletrão da placa 1 até a placa 4 é nulo.
E. O campo elétrico entre as placas 2 e 3 é nulo.
F. A diferença de potencial entre as placas 1 e 4 é 24 V.

14. Uma esfera metálica tem carga elétrica negativa de módulo igual a 3,2 × 10⁻⁴ C. Sendo o módulo da
carga do eletrão igual a 1,6 × 10⁻¹⁹ C, pode-se concluir que a esfera contém:
A. 2,0 × 10¹⁵ eletrões.
B. Um excesso de 2,0 × 10¹⁵ eletrões.
C. 2,0 × 10¹⁰ eletrões.
D. Um excesso de 2,0 × 10¹⁰ eletrões.

15. A figura representa duas placas metálicas paralelas de comprimento L = 1,0 × 10⁻² m entre as quais
é criado um campo elétrico uniforme, vertical, perpendicular às placas, dirigido para baixo e de módulo
E = 1,0 × 10⁴ V·m⁻¹.
y

L
x

V

Um eletrão incide no ponto O, com velocidade horizontal v = 1,0 × 10⁷ m/s, percorrendo a região entre
as placas.
(Dados: massa do eletrão = 9,1 × 10⁻³¹ kg; carga do eletrão = −1,6 × 10⁻¹⁹ C)
Calcule:
15.1. O módulo da força elétrica que atua no eletrão e indique a direção e o sentido.
15.2. O tempo que o eletrão leva para emergir da região entre as placas.
15.3. O deslocamento vertical que o eletrão sofre ao percorrer a sua trajetória na região entre as placas.
15.4. As componentes horizontal e vertical da velocidade do eletrão, no instante em que ele emerge da
região entre as placas.

Campo elétrico e campo magnético | 91


O b j e t i v o s

• Caracterizar a força magnética.


• Interpretar o movimento de uma carga elétrica em
campos magnéticos e elétricos.
• Explicar o fenómeno da indução eletromagnética.
• Reconhecer como se produzem correntes
induzidas.
• Interpretar a propagação de um sinal.
• Distinguir um sinal analógico de um sinal digital.
• Reconhecer a importância da modulação.
Unidade Temática B | Da produção
de energia às telecomunicações na
sociedade

0 Forças Elétrica e Magnética


1 Indução Eletromagnética
2 Radiação Eletromagnética nas Comunicações

«Há uma força motriz mais poderosa que a eletricidade,


vapor e energia nuclear: a vontade.» Albert Einstein
Unidade Temática B | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade

B-0 Forças Elétrica e Magnética


Neste subtema recordam-se os efeitos do campo elétrico sobre cargas
e estuda-se o efeito do campo magnético em correntes elétricas ou em
cargas em movimento. Daí parte-se para várias aplicações do dia a dia, em
particular nas baseadas na força magnética.

1 Ação de campos magnéticos sobre cargas em


movimento
Considere-se uma partícula carregada com carga q, deslocando-se com
velocidade →v , numa região do espaço onde existe um campo magnético
→ →
B . Essa partícula fica sujeita a uma força magnética, F m, que pode ser
A saber: expressa por
→ →
Uma carga em movimento numa Fm = q →
v ×B
região onde existe um campo
magnético fica sujeita a uma A expressão anterior inclui um produto externo ou produto vetorial.
força magnética.
Trata-se de uma operação matemática, entre vetores, cujo resultado é um
vetor. Neste caso o vetor resultante é a força magnética e tem as seguintes
características:

• Direção: Perpendicular ao plano definido pelos vetores →
v e B;
• Sentido: Dado pela regra do saca-rolhas ou da mão direita. A regra do
saca-rolhas diz que fazendo rodar o primeiro vetor sobre o segundo, neste

caso →
v sobre B , o sentido da resultante é dado pelo sentido da progressão
do saca-rolhas. A regra da mão direita, que pode ser usada em alternativa
à do saca-rolhas, diz que quando o dedo indicador coincide com o sentido

de →
v e o dedo médio coincide com o sentido de B , o dedo polegar indica

o sentido de F m;
• Intensidade: Fm = q v B sen α, em que α é o ângulo formado pelos
A saber: →
vetores →
v e B , v e B são os módulos da velocidade e do campo magnético
A força magnética é
perpendicular ao plano formado respetivamente.
pelos vetores velocidade e
campo magnético. A força magnética depende da quantidade de carga, q, da amplitude e

orientação dos vetores envolvidos, velocidade, →
v , e campo magnético, B .
Resumidamente, comparam-se as caracteristicas de várias forças.
→ → →
Força magnética (F m) Força elétrica (F e) Força gravítica (F g)

Perpendicular à
Direção velocidade e ao campo Do campo elétrico Do campo gravítico
magnético

Intensidade Fm = q v B sen α Fe = q E Fg = m g
Tabela 3 – Características das forças magnética, elétrica e gravítica.

94

F m (q > 0)


B

q α

v


F m (q < 0)
Figura 78 – Determinação da força magnética, a partir dos vetores →
v e B→. Fazendo rodar
→ →
o vetor v sobre o vetor B , um saca-rolhas progride para cima. Se a carga fosse negativa
o sentido é contrário.


Fm
indic →
ador v
polegar

dio →
mé B

Figura 79 – Regra da mão direita para a determinação do sentido de →


F m. Sendo →
v

coincidente com o indicador e B com o médio, o sentido da força magnética é para cima,
dado pela indicação do polegar da mão direita.

 ou 
vetor aponta para cá do plano do papel

 ou 
vetor aponta para lá do plano do papel
Nota:
Figura 80 – Notação para indicação do sentido de vetores perpendiculares ao plano do
papel. Para indicar o sentido de um
vetor perpendicular ao plano
do papel, usa-se a convenção
A força magnética que atua sobre uma partícula com carga q: ilustrada na figura 80.

• é nula, quando a partícula se encontra em repouso, ou quando os


vetores velocidade e campo magnético têm a mesma direção;
• é máxima, quando a partícula se move numa direção perpendicular ao
vetor campo magnético.
Diferenças importantes entre as forças elétrica e magnética:
1. A força elétrica é paralela à direção do campo elétrico, a força magnética
é perpendicular à direção do campo magnético;
2. A força elétrica atua sempre sobre uma carga, independentemente da
sua velocidade, a força magnética só atua sobre uma carga se esta estiver
em movimento.

Forças Elétrica e Magnética | 95


Questão resolvida

1. Represente os vetores velocidade, campo magnético e força magnética que se exerce sobre uma
partícula carregada, em movimento, nas várias situações apresentadas.
A. O campo magnético é perpendicular ao plano do papel, apontando para trás desse plano. A velocidade
é positiva no eixo yy. A carga da partícula é positiva.
B. A velocidade e o campo têm sentido negativo no eixo xx. A carga é negativa
C. A força magnética encontra-se no plano do papel no sentido positivo do eixo xx, e é aplicada sobre

uma partícula com carga negativa. O campo magnético B é perpendicular ao plano do papel apontando
no sentido positivo do eixo zz.
D. A força magnética é perpendicular ao plano do papel, no sentido positivo do eixo zz. A velocidade da
partícula é no sentido negativo do eixo yy. A carga da partícula é negativa.

Resolução:
1.
→ → →
y → B B B
v →
B →
v →
Fm

Fm
z x → → →
v → →
Fm=0 v Fm

(A) (B) (C) (D)

Que trajetória terá uma partícula carregada com carga q, e massa m, quando lançada numa região
→?
onde existe um campo magnético uniforme, B

Como foi referido, a força magnética, F m, que atua sobre uma partícula com carga elétrica q, lançada numa região

onde existe um campo magnético uniforme tem sempre direção perpendicular a → v e B . Para a força resultante
a atuar sobre a partícula ser apenas a força magnética, supõe-se que a massa da partícula é tão pequena que o
seu peso é desprezável. Assim, pode-se considerar três situações:

1 – Partícula lançada num campo magnético uniforme com a mesma direção do campo.
Neste caso, os vetores velocidade e campo magnético têm a mesma direção, e portanto o produto vetorial
→ → → → → →
v  × B = 0 . Logo F m= q →
v × B = 0 . Pela Primeira Lei de Newton, a partícula move-se com movimento retilíneo
uniforme, pois a sua aceleração é nula.

96 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


2 – Partícula lançada num campo magnético uniforme com direção perpendicular ao campo.
Neste caso, os vetores velocidade e campo magnético são perpendiculares. A força magnética que atua sobre a
partícula é máxima, e tem uma intensidade igual a
F m= q v B
Como a força magnética tem sempre direção perpendicular a →
v , ela vai alterar apenas a direção da velocidade,
não alterando o seu valor. Assim, a força magnética é radial, centrípeta e de intensidade constante, o que leva

a que a trajetória da partícula seja circular, no plano definido pelos vetores F e →
v , como se mostra na figura.
m


v

v

Fm

Fm
B→

B→

Figura 81 – A partícula adquire um movimento circular uniforme.

→ →
O raio da trajetória pode ser obtido aplicando a Segunda Lei de Newton, F r = F m,

O raio da trajetória é diretamente proporcional ao momento linear da partícula, p = mv, e inversamente


proporcional à intensidade do campo magnético, B.

A velocidade angular do movimento é e a sua frequência .


Cargas com sinais diferentes sofrem trajetórias opostas, devido ao sentido da força magnética, como se ilustra
na figura 82.


v
?


B

Figura 82 – Trajetórias de partículas com cargas opostas.

Forças Elétrica e Magnética | 97


3 – Partícula lançada num campo magnético uniforme numa direção que
não coincide com a do campo magnético nem lhe é perpendicular.
Neste caso, a partícula com carga q é lançada num campo magnético

uniforme, B , obliquamente às linhas de campo. A velocidade pode ser
decomposta em duas componentes, → v =→v +→v.
x y

De acordo com a figura 83:


– componente paralela às linhas de campo magnético, →
vy ;
– componente perpendicular às linhas de campo magnético, →
vx .
Assim,
→ → →
v =→v x+→ v y ⇒ F m= q (v→x + →
vy ) × B
→ → →
F m= q →
vx × B + q →vy × B
→ → →
Como → v y e B têm a mesma direção, q →v y × B = 0 . Nesta direção, a força
magnética é nula, e portanto a aceleração é também nula.
→ →
Tem-se então, F m= q →
v x × B . Esta componente da velocidade provoca uma

força que é perpendicular a → x
v e B.
Assim, o movimento desta partícula é uma composição de dois


movimentos:
v


vy – movimento retilíneo uniforme na direção de →
vy e B;
→ →
vx – movimento circular uniforme no plano definido por →
v x e F m.
B→

A sobreposição de um movimento retilíneo e uniforme na direção de B e

de um movimento circular uniforme no plano perpendicular a B origina
Figura 83 – Partícula lançada
obliquamente ao campo magnético. um movimento cuja trajetória é helicoidal, como se mostra na figura 83.

2 Ação simultânea de campos elétrico e magnético


sobre cargas em movimento

Quando atuam simultaneamente um campo elétrico, E , e um campo

magnético, B , sobre uma partícula carregada, esta fica sujeita a uma

força resultante que é igual à soma vetorial das forças elétrica, F e, e

magnética, F m.
→ → →
F em= q E + q →
v ×B

Na figura 84 é mostrado o efeito simultâneo dos dois campos sobre uma


partícula carregada. A força elétrica acelera a carga segundo o eixo yy. O
campo magnético provoca um movimento circular. A composição dos dois
movimentos resulta num movimento espiralado.

98 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


z


v

q
x


E

y
B→

Figura 84 – Trajetória em espiral de partícula, sob ação de forças elétrica e magnética.

Como medir campos magnéticos?


Uma carga que entra num campo magnético fica sujeita a uma força
magnética. Na figura seguinte, e de acordo com a regra do saca-rolhas
ou da mão direita, uma carga positiva sofre uma força vertical, dirigida
para cima e uma carga negativa uma força vertical dirigida para baixo.
Esta força leva a que as cargas positivas se acumulem na parte superior
e as negativas na parte inferior, originando uma diferença de potencial
elétrico, VH, entre estas superfícies. Surge assim um campo elétrico EH.
  


B → →
B Fe
++++++++++++++ →
→ → v
v B
−−−−−−−−−−−−−−    − − − − − − −
d −−−−−−− →
Fm

EH
Figura 85 – Princípio de funcionamento da sonda de Hall.

Na situação de equilíbrio, Fe = Fm e então

q v B = q EH ⇔ EH = v B , logo  = v B ⇔ VH = v d B

o que permite usar este efeito, por exemplo, para medir campos
magnéticos. A diferença de potencial VH, que se pode medir com um
voltímetro, é proporcional ao campo magnético B.
Os dispositivos que usam este princípio para medir o campo magnético
chamam-se sondas de Hall.

Forças Elétrica e Magnética | 99


Questões resolvidas

1. Pretende-se analisar uma amostra com carga negativa, um anião, com massa m. Coloca-se o anião

em repouso, junto à placa 1, que fica sujeita a um campo elétrico uniforme E . O campo elétrico acelera
o anião, levando-o a passar através do orifício O para uma região onde existe um campo magnético

uniforme B , descrevendo a trajetória semicircular de raio R.

y 1 2

O

v
z x
R
→ →
E B

1.1. Indique as direções e sentidos dos campos elétrico e magnético.


1.2. Deduza a expressão que permite determinar a razão q/m.
Resolução:
1.1. Campo elétrico: É perpendicular às placas 1 e 2, com sentido de 2 para 1. A partícula negativa é
acelerada no sentido de 1 para 2, isto é a força elétrica é de 1 para 2. Como a carga é negativa, o sentido
do campo é contrário.
Campo magnético: É perpendicular ao plano da figura e para trás do plano. Para descrever a trajetória
indicada, e usando a regra do saca-rolhas ou da mão direita, sem esquecer que a carga é negativa, só essa
solução é possível.
1.2. Entre as placas 1 e 2, o campo elétrico é uniforme. O ião parte do repouso da placa 1. Pela Segunda

Lei de Newton, F = ma, ay = 0, e

Antes do ião passar pelo orifício O, a equação do movimento é , pelo que:

,
sendo t o tempo que o ião demora a atingir a placa 2, e d a distância entre as placas.

A velocidade com que o ião passa pelo orifício O é .

Como e substituindo v pelo valor da velocidade, obtém-se:

100 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


→ →
2. Num campo magnético B = 4,0 e y (T) detetou-se uma carga, de 1,0 × 10⁻⁵ C, com velocidade
→  →
v = 2,5  e z (m·s⁻¹).
2.1. Represente as grandezas vetoriais envolvidas.
2.2. Determine a intensidade da força a que a carga fica sujeita.
Resolução:
2.1.

Fm

→ →
v B

2.2. Fm = q v B = 1,0 × 10⁻⁴ N.

3 Aplicações
Qual é a força que se exerce sobre um condutor percorrido por
uma corrente elétrica quando colocado num campo magnético?
A corrente elétrica resulta do movimento de cargas. Assim, um condutor
percorrido por uma corrente, na presença de um campo magnético, fica
também sujeito a uma força magnética.
Considere-se um fio condutor retilíneo, como se mostra na figura 86, →
B
de comprimento elementar ∆l, percorrido por uma corrente elétrica de
→ → →
intensidade I, imerso num campo magnético B . O vetor elementar ∆ l, v
orientado no sentido da corrente, permite definir o elemento de corrente
→ l
l  ∆ l. A força magnética a que fica sujeito este elemento de corrente será
Figura 86 – Condutor sujeito a força
→ → → magnética.
F m= l ∆ l × B
Aqui, de novo, o produto vetorial permite definir a força magnética que:
• é perpendicular ao campo magnético e ao fio;
• a sua grandeza depende do módulo do campo magnético, do
comprimento do fio, da intensidade da corrente elétrica e do ângulo

formado pela tangente ao fio no ponto considerado e pelo vetor B .
O módulo da força é então
Fm = l ∆l B sen α
em que α é o ângulo entre o campo magnético e o fio condutor.

Forças Elétrica e Magnética | 101


Questões resolvidas

1. Considere um fio retilíneo condutor percorrido por →


B
uma corrente de 6,0 A, no plano do papel e apontando
da esquerda para a direita. O fio é colocado numa região
65°
onde existe um campo magnético uniforme de 1 T também 6,0 A

no plano do papel, sendo o ângulo formado entre o fio e


o campo de 65°, como mostra a figura. Caracterize a força
magnética que atua sobre 0,60 m de fio.
Resolução:

1.1. A força magnética é Fm = l ∆l B sen α, ou seja, Fm = 6,0 × 0,60 × 1 sen 65° = 3,3 N. Como os vetores ∆ l

e B estão no plano do papel, a força magnética tem de ser perpendicular ao papel. Usando a regra do
saca-rolhas, conclui-se que o sentido da força magnética é para cá da folha de papel.


2. Uma partícula de carga q e massa M, desloca-se com velocidade v , numa região do espaço sujeita a
campos elétrico e magnético uniformes. Sabendo-se que a resultante das forças aplicadas sobre a carga
é nula, indique a relação entre as direções dos campos elétrico e magnético.
Resolução:
2. O campo magnético é perpendicular ao campo elétrico.

Fm

→ q
B →
→ v
E

Fe

3. Considere a balança ilustrada na figura, onde um dos pratos está


substituído por um fio condutor onde passa uma corrente I. A balança
está em equilíbrio quando se coloca no outro prato uma massa m.
l
Aplica-se um campo magnético uniforme perpendicular ao plano I
a a m
do papel, na zona indicada. A balança fica agora em equilíbrio se se
adicionar ao outro prato uma massa m₁. Determine o sentido e o l
módulo do campo aplicado. I

B
Resolução:
3. Para equilibrar a massa m₁, a força magnética tem que ser para baixo. Os fios laterais verticais ficam
sujeitos a forças que se anulam. Então só contribui para haver a força magnética vertical o fio horizontal
inferior de comprimento l. A força a que fica sujeito é Fm = I l B. Logo

I l B = m₁ g, portanto . Para a força ser para baixo, o campo tem que ser para lá da folha.

102 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


3.1 Motor elétrico
O motor elétrico é uma máquina destinada a transformar energia elétrica
em mecânica. O funcionamento de um motor tem por base a rotação
de um conjunto de fios que sofrem a ação de forças magnéticas quando
percorridos por uma corrente, como se ilustra na figura 87.
→ →
Fm Fm
Os fios da direita, quando percorridos pela corrente e dentro do campo
magnético indicado, ficam sujeitos a uma força magnética, cujo sentido é
I
dado pela regra do saca-rolhas ou regra da mão direita. A força resultante →
B
é a representada. Os fios da esquerda, percorridos pela mesma corrente,
mas em sentido contrário, ficam sujeitos a uma força magnética, contrária I I

à anterior. Estas duas forças dão origem a uma binário que faz rodar um Figura 87 – Funcionamento do motor
elétrico.
conjunto de fios.

3.2 Levitação magnética
Levitação ou leveza, do latim levis, é o processo com o qual se consegue
manter um corpo suspenso numa posição estável, mediante o uso de
forças exercidas, sem contacto com o corpo.
Dos vários tipos básicos de levitação magnética, refere-se a levitação
eletromagnética.

Levitação Eletromagnética
A levitação eletromagnética é aquela em que um corpo ferromagnético
é mantido suspenso pela força de um eletroíman. Sobre o corpo atuam
a força da gravidade e a força magnética, resultante do campo gerado
pela corrente que circula numa bobina, que é controlada em função da
distância entre o corpo e o eletroíman. Este equilíbrio é instável, uma
vez que, qualquer variação mínima na corrente ou na distância causará a
queda ou atração do corpo.

Figura 88 – Comboio de levitação eletromagnética.

Forças Elétrica e Magnética | 103


3.3 Espetrómetro de massa
Em 1919 o físico inglês Francis Aston inventou um instrumento que
permitia separar partículas carregadas, com base na relação carga/massa
dessas partículas, o espetrómetro de massa. Este aparelho permitiu
revelar a existência de núcleos atómicos com a mesma carga mas diferente
massa, os isótopos.
O espetrómetro de massa contém uma fonte de iões, local onde a matéria
a analisar é evaporada e ionizada. Os iões positivos resultantes são
acelerados por um campo elétrico para o interior de uma câmara onde

existe um campo magnético uniforme, B . O campo magnético no interior
da câmara é criado de forma a ser perpendicular à velocidade de entrada
dos iões, levando-os a descrever trajetórias semicirculares de raio R, com
.
Se a velocidade de entrada for igual para todos os iões, a posição de
Francis Aston (1877-1945)
embate dependerá apenas da razão m/q. Cargas iguais descrevem
trajetórias semicirculares de raio proporcional à massa, como se mostra
na figura.

9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Figura 89 – Trajetórias de partículas carregadas com massa diferente.

Fonte A velocidade de entrada pode ser controlada através de um seletor de


velocidade colocado entre a fonte e a câmara. No seletor de velocidades
− + existe um campo elétrico e um campo magnético, perpendiculares,
→ → Chapa → →
Fe Fm de modo a que os iões fiquem sujeitos a duas forças, F e e F m, que se
fotográfica
0 equilibram, ou seja, |q|E = |q|vB.

Fm

v Assim, na câmara só entram iões cuja velocidade obdeça à relação
Fe = Fm, e todos os outros serão desviados para as placas.

B
Conhecendo-se os valores dos campos no seletor de velocidade, e do
Figura 90 – Espetrómetro de massa. →
campo magnético no interior da câmara, B , o raio da trajetória é dado
por, , sendo então possível obter a relação .

104 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Atualmente, e graças a grande precisão, os espetrómetros de massa
permitem detetar esteroides anabolizantes na urina, utilizados
essencialmente para aumentar o rendimento desportivo. Esta técnica
permite, em menos de uma hora, detetar uma grande lista de produtos
pelo que é um recurso essencial no controlo anti-doping.

3.4 Experiência de Thomson
Em 1897, o físico inglês Joseph John Thomson identificou o eletrão, e
determinou pela primeira vez a razão carga/massa do eletrão.
Thomson utilizou um tubo no interior do qual se encontrava um gás a
baixa pressão. Este, ionizado por uma tensão elevada, produzia cargas
positivas, iões, que se dirigiam para o cátodo, e negativas, eletrões, que
eram atraídas pelo ânodo.
O ânodo tinha uma pequena abertura, para o feixe de eletrões passar, até
colidir com um ecrã fluorescente, visualizando-se um ponto luminoso. Na
altura pensava-se que se tratavam de raios que partiam do cátodo, daí o
nome do aparelho como tubo de raios catódicos.
No interior desse tubo criou-se um campo elétrico perpendicular a um Joseph John Thomson (1856-1940)

campo magnético.

ânodo placas do condensador ponto fluorescente

+ +


cátodo

eletromagnetes raio cátodo escala de deflexão

+ + p'
y

p

z x −

Figura 91 – Tubo de raios catódicos.

Forças Elétrica e Magnética | 105


Numa primeira fase, Thomson aplicou ao feixe de eletrões uma tensão entre as placas de um condensador, ficando
→ →
as cargas sujeitas a uma força elétrica, F e = q E . O campo elétrico criado entre as placas do condensador, desviava
o feixe de eletrões, levando-os a embater num ponto do ecrã fluorescente, p'. Tendo em conta a segunda lei de
Newton, ax = 0 e . Antes do feixe entrar no condensador, vx = v e vy = 0. As equações do movimento, são:

Numa segunda fase, para que o feixe de eletrões não sofra qualquer desvio, aplicou-se um campo magnético. A
intensidade deste era regulada, sendo a velocidade dada por , para se conseguir o equilíbrio Fe = Fm.

Substituindo-se na equação obtém-se:

Pode-se observar que o valor de não depende do gás no tubo.

O valor obtido por Thomson para um eletrão foi de 1,7 × 10¹¹ C·kg⁻¹, sendo o valor conhecido atualmente
1,759 × 10¹¹ C·kg⁻¹. Este valor era muito superior ao valor de qualquer razão conhecida para iões, o que
evidenciou que a massa da nova partícula era muito pequena.
Com a medição da carga do eletrão, por Robert Millikan, foi possível determinar pela primeira vez a massa
do eletrão. Millikan obteve para a carga do eletrão o valor 1,6 × 10⁻¹⁹ C, pelo que a massa do eletrão seria
me = 9,1 × 10⁻³¹ kg.

APSA B-0.1: Acelerador de partículas

Questão-problema: Como funciona um acelerador de partículas?


Objetivo: Elaboração de uma pesquisa sobre o funcionamento de um acelerador de partículas mostrando
a sua importância nos avanços da Física nos nossos dias.

Recursos:
• Computador com acesso à Internet
• Manuais

Procedimento:
1. Selecione informação relevante sobre aceleradores de partículas.
2. Identifique os principais centros de investigação de Física de Partículas.
3. Mencione alguns dos avanços da Física nos nossos dias que têm por base os aceleradores de partículas.

106 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


APSA B-0.2: Razão carga/massa do eletrão

Questão-problema: Como se pode determinar a razão carga/massa do eletrão?


Objetivo: Elaboração de uma pesquisa sobre a experiência pioneira que permitiu determinar a razão
carga/massa do eletrão.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
Em 1897, o físico inglês Joseph John Thomson realizou uma experiência utilizando um tubo no interior do
qual se encontrava um gás a baixa pressão, tubo de raios catódicos, ao qual era aplicado simultaneamente
campos elétricos e magnéticos.
1. Mencione o que observou J. J. Thomson, aquando da realização da sua experiência.
2. Deduza, utilizando as leis da eletricidade e do magnetismo, a razão entre a carga e a massa das
partículas no feixe.

APSA B-0.3: Motor Elétrico

Questão-problema: Como funciona um motor elétrico?


Objetivo: Elaboração de uma pesquisa sobre o funcionamento de um motor elétrico.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
Os motores elétricos são máquinas que transformam a energia elétrica em energia mecânica, sendo a
base do funcionamento de muitos eletrodomésticos. Alguns motores operam com corrente contínua
(CC/DC), outros requerem corrente alternada (CA/AC).
1. Descreva como se transforma a energia elétrica em energia mecânica num motor elétrico.
2. Caracterize motores elétricos tendo por base a corrente com a qual operam.

Forças Elétrica e Magnética | 107


APL B-0.1: Comboio de levitação magnética

Questão-problema: Como ocorre a levitação magnética?


Objetivo: Obtenção dos princípios da levitação magnética de um anel condutor posicionado junto
a um íman.

Questões pré-laboratoriais:
1. Identifique a origem da força que provoca a levitação do comboio.
2. Represente o diagrama das forças que atuam sobre o comboio de levitação magnética.

I
Recursos:
• Anel condutor N

• Iman
• Fonte de tensão
S

Procedimento:
1. Faça a montagem experimental e planifique o modo de realização da experiência.
2. Ligue a fonte de tensão ao anel, e observe o comportamento do anel.
3. Registe o valor de tensão e o afastamento do anel em relação à sua posição inicial.

Questões pós-laboratoriais:
1. Identifique e represente as forças aplicadas sobre o anel condutor.
2. Caracterize a força que provoca a levitação do anel condutor.
3. Relacione a tensão com o afastamento do anel em relação à sua posição inicial.

108 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


APL B-0.2: Ação do campo magnético sobre uma corrente elétrica

Questão-problema: Como se caracteriza a força que se exerce sobre um condutor percorrido por uma
corrente elétrica quando colocado num campo magnético?
Objetivo: Quantificação da força magnética que se exerce num condutor percorrido por uma corrente,
quando imerso num campo magnético.

Questões pré-laboratoriais:
1. Como se caracteriza a força que se exerce sobre um condutor percorrido por uma corrente elétrica
quando colocado num campo magnético?
2. Que grandezas se devem medir para calcular a força que se exerce sobre um condutor percorrido por
uma corrente elétrica quando colocado num campo magnético?

Recursos:
• Balança magnética
• Fonte de tensão
• Reóstato
• Amperímetro
• 2 Imanes
• Massas de aproximadamente 0,1 g

Procedimento:
A balança magnética permite medir a força a que fica sujeito um condutor quando percorrido por uma
corrente, dentro de um campo magnético.

A E
T
N S N S

B
F

Uma corrente percorrendo o condutor no percurso AEFB fica sujeito a uma força por ação do campo
existente entre os ímanes. Entre A e B o material usado é isolante, por exemplo plástico. A força exercida
no fio é equilibrada com uma massa colocada em T, e a balança só está apoiada em A e B.

Forças Elétrica e Magnética | 109


1. Ligue a fonte de tensão, com fios, aos pontos A e B, introduzindo ainda no circuito um amperímetro e
um reóstato.
R

A
V

2. Coloque os ímanes de modo a que a força exercida no fio seja de cima para baixo.
3. Equilibre a balança com massas na barquinha T.
4. Repita o ponto anterior para cinco correntes diferentes.

Questões pós-laboratoriais:
1. Faça um gráfico de m = f (I).
2. Tire conclusões.

Resumo

• Uma carga em movimento numa região onde existe um campo magnético fica sujeita a uma força
→ →
magnética, se a direção de v e B não for a mesma.
• A força magnética é perpendicular ao plano formado pelos vetores velocidade e campo magnético.
• A força elétrica é paralela à direção do campo elétrico, e a força magnética é perpendicular à direção
do campo magnético.
• A força elétrica atua sempre sobre uma carga, independentemente da sua velocidade, mas a força
magnética só atua sobre uma carga se esta estiver em movimento.
• Um condutor percorrido por uma corrente, na presença de um campo magnético, fica sujeito a uma
força magnética, se a direção da corrente e do campo forem diferentes.

110 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Questões para resolver


1. Uma partícula, de carga q e massa m, é lançada com velocidade v , perpendicularmente a um campo

magnético B , descrevendo um círculo de raio R. Se a partícula descrever um círculo com o dobro do raio,
qual a nova velocidade?

2. Na figura mostram-se as trajetórias descritas por três partículas, que


X Y Z
penetram com a mesma velocidade inicial, numa região do espaço onde existe
um campo magnético uniforme. Considere que a trajetória X é descrita por
uma partícula com carga negativa. →
B
2.1. Indique a direção e o sentido do campo magnético.
2.2. Tendo em conta as trajetórias, identifique a carga das partículas.

3. Na figura mostra-se a trajetória de um eletrão com carga q = −1,6 × 10⁻⁹ C e velocidade v = 7,5 × 10⁴ m/s,
numa região do espaço onde existem um campo magnético e um campo elétrico, uniformes,
perpendiculares entre si. Determine o valor do campo elétrico, sabendo que B = 2 × 10⁻³ T.

→ R
E

q

v


B

4. Com o objetivo de estudar que trajetória terá uma partícula carregada com carga q e massa m, quando

lançada numa região onde existe um campo magnético uniforme, B , um grupo de alunos fez incidir
um feixe de eletrões no cento de um alvo numa região onde não existe campo magnético. De seguida,

estabeleceram um campo magnético uniforme, B , vertical para cima, como mostra a figura.
Indique em que região do alvo vão agora incidir os eletrões.

C
→ 1
B B
0 2
3 A
4
rões
e elet D
feixe d

Forças Elétrica e Magnética | 111


5. Duas partículas carregadas, um protão e um eletrão, penetram com
(1)
a mesma velocidade numa região do espaço onde existe um campo
magnético uniforme perpendicular às velocidades dessas partículas. Ao
entrar nessa região do espaço realizam movimentos circulares como se →
v₁
ilustra na figura. →
v₂
5.1. Associe as trajetórias a cada uma das partículas.
(2)
5.2. Determine o sentido do vetor campo magnético.


6. Caracterize a trajetória de um eletrão animado de velocidade v ₀, em cada uma das seguintes situações:

6.1. Entra num campo elétrico uniforme, E , perpendicularmente à direção do campo.


v₀

E


6.2. Entra num campo magnético uniforme, B , perpendicularmente à direção do campo.


v₀

B

7. A figura seguinte representa duas placas horizontais S e S´, entre as quais existe um campo elétrico
uniforme.
Uma partícula de massa m = 3,0 × 10⁻²⁶ kg e carga q = -3,2 × 10⁻¹⁹ C, inicialmente em repouso na posição
O junto da placa S, atinge a placa S´ com velocidade 3,0 × 10⁵ m·s⁻¹ e sai pelo orifício P.
Considere desprezável a ação da força gravítica.

s O

10 cm
s'
P Q

7.1. Caracterize o vetor campo elétrico entre as placas.



7.2. Ao sair do campo elétrico, a partícula é submetida a um campo magnético, B constante, de valor
56 × 10⁻² T, que a faz descrever uma trajetória semicircular e atingir a placa S´ no ponto Q. Calcule:

7.2.1. A direção e o sentido de B .
7.2.2. A distância entre P e Q.

112 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


8. Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F), cada uma das afirmações seguintes:
I. Uma carga elétrica submetida a um campo magnético sofre sempre a ação de uma força magnética.
II. Uma carga elétrica submetida a um campo elétrico sofre sempre a ação de uma força elétrica.
III. A força magnética que atua sobre uma carga elétrica em movimento dentro de um campo magnético
é sempre perpendicular à velocidade da carga.

9. Numa região do espaço onde existe um campo magnético uniforme de 0,35 T, um protão move-se
perpendicularmente a este segundo uma trajetória circular de raio 14 cm.
Determine o valor da velocidade do protão.

10. A velocidade de entrada num espetrómetro de massa pode ser controlada através de um seletor de
velocidade colocado entre a fonte e a câmara, como se mostra na figura 90 do manual. Considere que um
protão se move na direção do eixo dos xx, num seletor de velocidades, sujeito aos campos cruzados com

E = 3 × 10⁵ kV/m e B = −0,3 ĵ (T). Determine o módulo da velocidade do protão para que não sofra desvio.

11. Calcule os raios das trajetórias para um eletrão e um protão animados de velocidade 3 × 10⁷ m·s⁻¹,

quando entram perpendicularmente num campo magnético B , de intensidade 0,5 T. Considere
mp = 1,67 × 10⁻²⁷ kg, qp = + 1,60 × 10⁻¹⁹ C, me = 9,11 × 10⁻³¹ kg, qe = −1,60 × 10⁻¹⁹ C.

Forças Elétrica e Magnética | 113


B-1 Indução Eletromagnética
Este subtema aborda um conceito de grande importância tecnológica,
a indução eletromagnética. Este fenómeno físico é a base de inúmeras
aplicações do dia a dia, em particular na produção, transporte e
distribuição de energia elétrica.

1 Efeito magnético da corrente elétrica. Experiência


de Oersted
O que observou Oersted?
Em 1820, o físico dinamarquês Hans Christian Oersted, estabeleceu,
pela primeira vez, uma relação entre fenómenos elétricos e magnéticos.
Oersted descobriu que a passagem de corrente num condutor elétrico
provocava, na sua vizinhança, um campo magnético.
Para o observar, colocou um fio condutor paralelamente a uma agulha
magnética, como se ilustra na figura 92(a). Ao fazer passar uma corrente
elétrica no fio, observou que a agulha magnética se desviava da sua
posição de alinhamento com o campo magnético terrestre, orientando-se
na direção e sentido do campo induzido, como se mostra na figura 92(b).
Interrompendo a passagem de corrente, a agulha magnética retomava a
posição inicial. Verificou ainda que, invertendo o sentido da corrente, a
agulha da bússola invertia a sua posição, como se ilustra na figura 92(c).

Hans Christian Oersted (1777-1851) Observou ainda que o campo magnético aumentava com o valor da
corrente elétrica, mas diminuía com a distância a essa corrente.

I I
A B A B A B
S N
S N
N S

(a) (b) (c)


Figura 92 – Ação da corrente elétrica sobre uma bússola.

A saber:
Uma corrente elétrica induz à Oersted verificou assim, que a corrente elétrica pode produzir fenómenos
sua volta um campo magnético.
semelhantes aos verificados com ímanes, isto é, em ambos os casos é
Quanto maior for a intensidade
da corrente elétrica mais intenso produzido um campo magnético.
é o campo magnético.

114 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


2 Indução eletromagnética
O que é a indução magnética?
Em 1831, o físico e químico britânico, Michael Faraday, demonstrou
experimentalmente ser possível produzir um campo elétrico a partir
de um campo magnético variável. A corrente elétrica assim produzida
chama-se corrente induzida ou corrente de indução.
Este fenómeno designa-se por indução eletromagnética.
A montagem experimental ilustrada na figura 93 permite estudar as
correntes induzidas. Michael Faraday (1791-1867)

Quando se aproxima ou se afasta da bobina um íman, o ponteiro do


galvanómetro sofre uma deflexão, detetando a presença de uma corrente
elétrica. A deflexão do ponteiro é maior com o aumento da rapidez dos
movimentos do íman em relação a bobina.
S S
Quando se inverte o sentido de movimento do íman observa-se que N N
o ponteiro do galvanómetro vai novamente defletir, mas em sentido
contrário, o que indica que a corrente na espira tem sentido inverso.
Do mesmo modo, ao se inverter o íman, trocando o polo voltado para a
bobina, a deflexão ocorre também, embora em sentido contrário.
Ao íman utilizado para o efeito chama-se indutor, e à bobina, induzido.
N N
Na montagem experimental ilustrada na figura 94, duas bobinas são
S S
colocadas próximas uma da outra, e mantidas em repouso e sem contacto.
Quando se fecha o interruptor, permitindo a passagem de corrente elétrica
numa das bobinas, observa-se uma deflexão momentânea do ponteiro do
galvanómetro que está no circuito da outra bobina, voltando, a seguir, ao Figura 93 – Indução eletromagnética.
zero. Do mesmo modo, quando se abre o interruptor, o ponteiro sofre
uma deflexão momentânea, porém em sentido oposto.

A saber:
O movimento relativo entre
um íman e uma bobina cria
correntes induzidas.
O sentido do movimento relativo
entre um íman e uma bobina
Figura 94 – Indução eletromagnética. altera o sentido da corrente
induzida.

A deflexão só ocorre quando a corrente elétrica que percorre a bobina Quanto maior a rapidez do
movimento relativo entre um
está a aumentar ou a diminuir. íman e uma bobina, maior é a
intensidade da corrente induzida.

Indução Eletromagnética | 115


3 Fluxo magnético
Como se calcula o fluxo magnético através de uma superfície?
Considere-se uma região do espaço onde existe um campo magnético,

B . O fluxo do campo magnético, ΦB, através de uma superfície de área S,
é uma grandeza escalar dada por:
ΦB = B S cos α
sendo α o ângulo entre um vetor unitário n̂ perpendicular ao plano da

espira e o vetor campo magnético, B .


B
α


Figura 95 – Fluxo do campo magnético através duma superfície.

A unidade no Sistema Internacional para o fluxo magnético é T·m², ao qual


se dá o nome de weber.
Se forem colocadas N espiras num campo magnético uniforme, o fluxo
através delas será a soma dos fluxos magnéticos através de cada uma.
Se aquelas forem iguais e dispostas paralelamente umas às outras,
o fluxo será:
ΦB = N B S cos α
Wilhelm Weber (1804-1891) onde N é o número de espiras.

Questões resolvidas

1. A espira da figura tem a forma de um quarto de círculo, e área 10 cm². Encontra-se imersa num campo
magnético B = 2 T. Calcule o fluxo em cada uma das orientações ilustradas.
1.1.


B
30°


n

116 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


1.2.


B

60°


n

Resolução:
1.1. ΦB = B S cos α = 2 × 10 × 10⁻⁴ × cos 30° = 1,7 mWb.
1.2. ΦB = B S cos α = 2 × 10 × 10⁻⁴ × cos 60° = 1,0 mWb.

2. Uma espira condutora com área 20 cm² encontra-se num campo magnético uniforme de 1,5 T. Calcule
o fluxo magnético através da espira, se as linhas de campo:
2.1. Forem perpendiculares ao plano da espira.
2.2. Fizerem um ângulo de 60° com o plano da espira.
2.3. Fizerem um ângulo de 0° com o plano da espira.
Resolução:

2. Numa região do espaço onde existe um campo magnético uniforme B , o fluxo magnético, ΦB, através
de uma espira que delimita uma área S é:
ΦB = B S cos α
2.1. ΦB = 1,5 × 20 × 10⁻⁴ × cos 0° = 3 mWb.
2.2. ΦB = 1,5 × 20 × 10⁻⁴ × cos 30° =2,6 mWb.
2.3. ΦB = 1,5 × 20 × 10⁻⁴ × cos 90° = 0 Wb.

Indução Eletromagnética | 117


4 Força eletromotriz induzida. Lei de Faraday
Quais as condições para se gerar uma força eletromotriz
induzida?
A Lei de Faraday está na origem da produção de grande parte da
energia elétrica. Faraday enunciou a seguinte lei para explicar a indução
eletromagnética:
A força eletromotriz induzida, f.e.m., εi, numa espira é igual à variação do
fluxo magnético que atravessa a espira num determinado intervalo de
tempo.

A força eletromotriz induzida é uma tensão elétrica, ou diferença de


potencial, que surge num circuito, e a sua unidade Sistema Internacional
é o volt, V.

Para que o fluxo magnético varie, pelo menos uma destas condições tem
que se verificar:
– o campo magnético variar;
– a área delimitada pela espira sujeita ao campo magnético variar;
– o ângulo entre o plano definido pela espira e o campo magnético variar.

O sinal negativo significa que a indução de uma força eletromotriz é tal


que se opõe à variação de fluxo magnético que a origina.

B
Considere-se a figura 96. Em 96a), o campo magnético está para lá do
plano da folha e perpendicular a ele e a sua intensidade aumenta.
Logo, o fluxo também aumenta para lá. Para contrariar esse aumento é
(a) necessário criar um campo para cá. Isso consegue-se com uma corrente
no sentido anti-horário.
Na figura 96b) o campo magnético está para lá do plano da folha e
perpendicular a ele e a sua intensidade diminui. Logo, o fluxo diminui

B
para lá. Para contrariar essa diminuição é necessário criar um campo
para lá. Isso consegue-se com uma corrente induzida no sentido horário.
Isto é, o sentido da corrente induzida é tal que tende a opor-se à causa
(b) que a origina.
Figura 96 – Corrente induzida com (a)
Campo a aumentar. (b) Campo a diminuir.

118 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Questões resolvidas

1. Uma bobina com 10 espiras de raio 2 cm, encontra-se numa região em que existe um campo magnético,
como o representado na figura.

B

90°

A intensidade do campo magnético varia com o tempo, de acordo com o gráfico representado.
1.1. Determine o fluxo do campo magnético que
B (T)
atravessa a bobina no instante t = 10 s.
0,7
1.2. Determine o valor da f.e.m. induzida na
0,6 bobina.
0,5 Resolução:
0,4 1.1. ΦB = 10 × 0,6 × π × (2 × 10⁻²)² × cos 0° =
0,3 7,5 × 10⁻³ Wb.
0,2 1.2. A força eletromotriz induzida na bobina é
0,1 , pelo que o seu módulo é:
εi = 10 × π × (2 × 10⁻²)² × 0,04 = 0,5 mV.
0 2,5 5 7,5 10 t (s)

2. Considere uma espira quadrada, de perímetro 12 cm, colocada numa região onde existe um campo
magnético uniforme, cuja intensidade é 1 T. Determine o fluxo magnético através da espira quando esta
é posicionada perpendicularmente às linhas de campo magnético.
Resolução:
2. O ângulo formado entre as linhas de campo magnético e a reta perpendicular à espira é α = 0
ΦB = B S cos α
ΦB = 1 × (3 × 10⁻²)² × cos 0° = 9 × 10⁻⁴ Wb.

Indução Eletromagnética | 119


5 Aplicações

5.1 Eletroíman
Os eletroímanes são constituídos essencialmente por uma bobina,
que é um enrolamento de fio, eletricamente isolado em torno de um
núcleo de ferro macio, como se mostra na figura 97. Quando a corrente
elétrica percorre a bobina, cria-se um campo magnético, magnetizando
o núcleo de ferro, tornando-o num íman, capaz de atrair, por exemplo,
limalha de  ferro.

Figura 97 – Na ausência de corrente, a limalha de ferro não é atraída.

Figura 98 – Enquanto passa a corrente elétrica, o núcleo, que é a barra de ferro, está
magnetizado e atrai a a limalha de ferro.

Os eletroímanes usam-se em:


– guindastes eletromagnéticos;
– galvanómetros eletromagnéticos;
– amperímetros e voltímetros;
– sistemas de suspensão magnética de comboios;
– campainhas elétricas.

120 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


5.2 Gerador de corrente elétrica
Os geradores de tensão podem produzir tensões elétricas contínuas,
como os dínamos, ou alternadas, como os alternadores.
Os dínamos são constituídos por bobinas que se movem no interior de
ímanes fixos, sendo a ligação feita através de um comutador, como se
ilustra na figura 99. O comutador permite que o sentido da corrente seja
o mesmo, isto é, torna a corrente contínua.

NORTE

SUL

Comutador Íman fixo Bobina móvel

Figura 99 – Gerador de corrente contínua.

Nesta aplicação, o que varia no tempo é o ângulo que o campo magnético


faz com o plano da espira.
Nas bicicletas, os dínamos são ligados a um circuito elétrico com uma
lâmpada incandescente que acende quando este se encontra em contacto
com uma roda em movimento, como se mostra na figura 100. A roda
está ligada a um veio, que faz rodar um íman. Como o ângulo que faz o
vetor campo magnético com o plano das espiras varia, gera-se uma força
eletromotriz induzida.
roda em atrito com
o pneu para fazer o
íman girar

dínamo

íman

bobina

fios de ligação
à lâmpada
Figura 100 – Dínamo de bicicleta.

Indução Eletromagnética | 121


Os alternadores, utilizados em centrais elétricas, são constituídos por
ímanes ou eletroímanes potentíssimos que rodam a alta velocidade, cerca
de 50 rotações por segundo, dentro de bobinas. Também nesta aplicação,
o que varia no tempo, é o ângulo que o campo magnético faz com o
plano das bobinas.

Eixo Íman móvel Bobina fixa


Figura 101 – Alternador.

No ramo automóvel, os alternadores são utilizados para carregar a bateria


de 12 V quando o veículo está em funcionamento.

fusível

ignição
bateria
painel de
motor de arranque instrumentos

alternador
correia do alternador

Figura 103 – Alternador de automóvel. Figura 102 – Localização do alternador e da bateria num automóvel.

5.3 Transformador
Nos sistemas de produção de energia, como por exemplo, uma central
hidroelétrica, é necessário aumentar a tensão de saída do gerador, para
que as perdas por efeito de Joule durante o transporte sejam minimizadas.
Depois, para a sua utilização é necessário fazer o inverso, isto é, diminuir
a tensão. Os transformadores são os dispositivos que permitem fazer o
aumento ou diminuição da tensão e por isso fundamentais na cadeia de
transporte e distribuição de energia.

122 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Para a indústria pesada
abaixadores de tensão
reduzem para 33 kV.

Para a indústria ligeira


Numa substação abaixadores de tensão
abaixadores de tensão reduzem para 11 kV.
reduzem para 132 kV.

Para habitações, escritórios


e pequenas oficinas
Elevadores de tensão abaixadores de tensão
transformam 22 kV reduzem para 230 V.
em 400 kV.
230 V
22 000 V

Na central, o gerador Rede que


produz corrente transporta
alternada de 22 kV. 400 kV.
Figura 104 – Transporte e distribuição da corrente elétrica.

Como funcionam os transformadores?


O seu funcionamento também se baseia no fenómeno de indução
eletromagnética.
Os transformadores, elevadores ou abaixadores de tensão, são constituídos
essencialmente por duas bobinas de fio condutor, com diferente número
de espiras, em torno de um núcleo de ferro, como se mostra na figura 105.
Uma delas é o primário, onde se aplica uma tensão variável no tempo, e a
outra secundário, onde se coleta a tensão induzida.
Quando o primário é percorrido por uma corrente variável no tempo,
é criado um campo magnético também variável no tempo. Isto cria um Núcleo de ferro
fluxo magnético que atravessa a superfície delimitada pelas espiras do
secundário. Sendo esse fluxo variável no tempo, há lugar ao aparecimento Primário Secundário
duma força eletromotriz induzida. Figura 105 – Transformador.

Os transformadores podem funcionar como elevadores de tensão ou


abaixadores de tensão.
Nos elevadores de tensão, a diferença de potencial de entrada, Up, é
menor do que a de saída, Us. Por isso, o número de espiras do primário,
np, é menor do que o do secundário, ns.
Nos abaixadores de tensão, a diferença de potencial de entrada é maior
do que a de saída, por isso, o número de espiras do primário é maior do
que o do secundário.

Indução Eletromagnética | 123


Para um transformador ideal, no qual não há perdas de energia
elétrica, a razão entre as diferenças de potencial é igual à razão entre o
número de espiras:

Figura 106 – Transformador elevador de tensão.

Questão resolvida

1. Considere o transformador ideal com dois níveis


de tensão no secundário, U₂ e U'₂, como ilustrado na
U₂
figura. O primário tem 1000 espiras e o secundário 100. 220 V
U'₂
50 Hz
1.1. O transformador é um abaixador ou elevador de 0
tensão?
1.2. Calcule:
1.2.1. O valor de U₂.
1.2.2. O número de espiras no secundário que permite obter U'₂ = 12 V.
Resolução:
1.1. O transformador é um abaixador de tensão pois o número de espiras do primário é maior do que
o do secundário.

1.2. Para um transformador ideal, em que Up e Us são as tensões no primário e secundário,


respetivamente, e np e ns são o número de espiras no no primário e secundário, respetivamente.

1.2.1. , logo U₂ = 22 V.

1.2.2. , logo ns = 54.

124 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


5.4 Campainha
As campainhas elétricas utilizam um eletroíman, como se mostra na figura
108. Ao premir o botão, o circuito é fechado, proporcionando a passagem
de corrente elétrica pela bobina. Esta corrente, cria um campo magnético
que atrai uma barra de ferro acoplada a um martelinho, que bate na
campânula. Neste momento o circuito fica aberto e não passa corrente
(no ponto A deixa de haver contacto). Deixa de haver campo magnético e
consequentemente atração, e o martelinho volta à posição inicial por ação
de uma mola ou uma massa. O contacto refaz-se, repetindo o processo.

botão Eletroíman martelinho Figura 107 – Campainha.

ligação à corrente campânula


Figura 108 – Esquema de campainha.

5.5 Microfone
Num microfone ocorre a transformação de um sinal sonoro num sinal
elétrico. O microfone de indução é constituído por um íman permanente
fixo, uma bobina móvel que envolve o íman e uma membrana ligada à
bobina, como se mostra na figura.

tela de proteção

membrana

bobina móvel ligada à membrana

íman fixo

Figura 109 – Microfone de indução.

Indução Eletromagnética | 125


Quando as ondas sonoras interagem com o microfone fazem a membrana
vibrar. Esta perturbação faz com que a bobina móvel se movimente
no interior do campo magnético criado pelo íman fixo, surgindo uma
corrente elétrica induzida na bobina. Esta tensão elétrica gerada é variável
no tempo, dependendo das características de intensidade do som e
também da frequência. As variações de tensão elétrica na bobina móvel
A saber: provocadas pelos sons recebidos são normalmente muito pequenas,
Num microfone, a tensão gerada havendo a necessidade de ser amplificadas. Para tal, a tensão gerada no
é variável no tempo, dependendo
das características do som. microfone é encaminhada para um amplificador, que a aumenta sem lhe
mudar a forma.

O altifalante converte sinais elétricos em sinais sonoros. Neste, a bobina


está ligada a um cone de papelão. Quando a corrente elétrica percorre
a bobina, cria um campo magnético em torno desta a par do campo
magnético originado por um íman fixo, surgindo forças magnéticas
aplicadas que fazem mover a bobina. O movimento da bobina faz
vibrar o cone, propagando-se a perturbação ao ar junto ao cone,
reproduzindo o som.

cone

bobina móvel

íman

membrana móvel

apoios fixos

íman
bobina ligada à membrana móvel

terminal da bobina
Figura 110 – Altifalante.

126 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


APSA B-1.1: Experiência de Oersted

Questão-problema: Como se pode verificar o efeito magnético duma corrente elétrica?


Objetivo: Elaboração de uma pesquisa sobre a experiência de Oersted. Observação do efeito de uma
corrente que percorre um condutor sobre uma agulha magnética.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet
• Agulha magnética
• Fio condutor
• Pilha

Procedimento:
Hans Christian Oersted descobriu que uma agulha magnética colocada junto de um fio condutor se desviava
da sua posição de alinhamento com o campo magnético terrestre, quando passava a corrente elétrica.
1. Descreva como proceder para reproduzir a experiência de Oersted.
2. Caraterize o comportamento de uma agulha magnética na proximidade de um íman e na proximidade
da corrente elétrica.

APSA B-1.2: Experiência de Faraday

Questão-problema: Como visualizar a indução eletromagnética?


Objetivo: Elaboração de uma pesquisa sobre a experiência de Faraday. Observação do efeito de um fluxo
magnético variável no tempo sobre uma espira.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
Michael Faraday descobriu que um íman, movimentando-se em relação a um enrolamento de fio,
produzia nele uma corrente induzida.

Indução Eletromagnética | 127


1. Elabore uma lista de recursos necessários para reproduzir a experiência de Faraday.
2. Descreva como proceder para replicar a experiência de Faraday.
3. Caracterize o sentido da corrente induzida com o movimento do íman em relação ao movimento do
enrolamento.

APL B-1.1: Eletroíman

Questão-problema: Como se constrói um eletroíman?


Objetivo: Construção de um eletroíman, usando materiais acessíveis no dia a dia.

Questões pré-laboratoriais:
1. Descreva o funcionamento de um eletroíman.
2. Identifique uma aplicação dos eletroímanes.

Recursos:
• Pilha de 9 V
• Pregos de ferro macio, sendo dois iguais, dois com diâmetros diferentes e o mesmo comprimento, e
dois com comprimentos diferentes e o mesmo diâmetro
• Fios condutores com isolamento, com espessuras e comprimentos diferentes
• Clips

Procedimento:
1. Enrole o fio condutor no prego.
2. Retire o isolamento nas pontas do fio condutor.
3. Ligue cada uma das pontas a um polo da pilha.
4. Aproxime o prego de um conjunto de clips.
5. Proceda da mesma forma, usando:
– pregos com comprimentos e diâmetros diferentes;
– fios condutores com comprimentos diferentes;
– fios condutores com espessuras diferentes.

Questões pós-laboratoriais:
1. Identifique os fatores que afetam a força de um eletroíman.

128 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


APL B-1.2: Transformadores

Questão-problema: Qual o papel dos transformadores no transporte de eletricidade?


Objetivo: Projeto e construção de um transformador, usando materiais acessíveis no dia a dia.

Questões pré-laboratoriais:
1. Como é constituído um transformador?
2. Identifique o papel dos transformadores no transporte de corrente elétrica.

Recursos:
• Gerador de sinal
• Voltímetro
• Chapas laminadas
• Fio condutor de cobre envernizado
• Suportes em cartão
• Fita-cola isolante

Procedimento:
1. Escolha a tensão de alimentação que o transformador irá receber
no seu enrolamento primário.
2. Projete um transformador em que a tensão no secundário seja o
dobro da do primário.
3. Construa o primário, enrolando o fio condutor, sempre no mesmo
sentido, de modo a que as voltas fiquem ajustadas sobre o suporte
em cartão.
Núcleo de ferro
4. Proceda da mesma forma para o enrolamento do secundário.
5. Monte as chapas laminadas para formar o núcleo, de acordo com
Primário Secundário
a figura.
6. Monte os enrolamentos na chapa.
7. Meça a tensão de entrada e a tensão de saída.

Questões pós-laboratoriais:
1. Verifique as razões entre os números de espiras e entre as tensões no primário e secundário.

Indução Eletromagnética | 129


Resumo

• Uma corrente elétrica cria um campo magnético.


• Um campo magnético variável no tempo induz um campo elétrico.
• A corrente elétrica induzida num circuito gera um campo magnético que se opõe à variação do fluxo
magnético que induz essa corrente.
• O fluxo do campo magnético, ΦB, através de uma superfície de área S, é dado por:
ΦB = B S cos α
• O fluxo pode variar, variando B, S ou α.
• A força eletromagnética induzida, f.e.m., εi, numa espira é dada por:

Questões para resolver

1. Numa região do espaço onde existe um campo magnético de intensidade 0,02 T, colocou-se uma espira
retangular de área igual a 0,12 m². Sabendo-se que o plano definido pela espira é perpendicular às linhas
de campo magnético, determine o fluxo magnético através da espira.

2. Um grupo de estudantes de Física elaborou uma pesquisa sobre a experiência N

de Faraday, resolvendo verificá-la experimentalmente. Para tal, utilizaram uma S

bobina com 50 espiras, um íman e uma lâmpada incandescente de 5 W de potência,


efetuando a montagem ilustrada na figura. Tal como na experiência de Faraday,
os estudantes executaram um movimento relativo entre o íman e a bobina,
repetidamente, como se indica pela seta na figura.
Selecione a(s) afirmação(ões) correta(s), para as conclusões do grupo de estudantes.
A – Para haver uma corrente induzida na bobina basta que o circuito esteja fechado.
B – Se a intensidade da corrente na lâmpada for de 2 A, a força eletromotriz induzida em cada espira da
bobina é 0,05 V.
C – A frequência do movimento relativo, entre o íman e a bobina, não altera a luminosidade da lâmpada.
D – O módulo da força eletromotriz induzida na bobina é diretamente proporcional à variação do fluxo
magnético.
E – Se o íman estiver em repouso relativamente à bobina, mas nos seu interior, a lâmpada acende.

130 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


3. Num acelerador de partículas, provocou-se a colisão de dois protões. Para
tal, um grupo de investigadores fez com que os protões se movessem sobre
uma trajetória circular, em sentidos contrários, devido, unicamente, à
interação de campos magnéticos perpendiculares ao plano das órbitas dos
protões, como se mostra na figura.
3.1. Identifique a função do campo magnético.
3.2. Indique o sentido do campo magnético na região onde está cada um
dos protões.

4. Uma bobina com 100 espiras circulares de raio 10 cm é colocada numa região onde existe um campo
magnético uniforme que varia com o tempo, como mostra o gráfico. O plano de cada espira faz um ângulo
de 30° com a direção do campo.
B (T)

0,0005

0,0004

0,0003

0,0002

0,0001

0 1 2 3 4 5 t (s)

Calcule:
4.1. O fluxo magnético nos instantes 0 s, 1 s e 5 s.
4.2. O módulo da força eletromotriz induzida nos seguintes intervalos de tempo: [0;5] e [3;5].

5. Para demonstrar a lei de indução de Faraday, um professor idealizou uma experiência simples. Construiu
uma espira retangular, com um fio de resistência total R = 5 Ω. Fez atravessar um fluxo magnético Φ,
perpendicularmente ao plano da espira, cujo comportamento em função do tempo t, é descrito pelo
gráfico seguinte.
Φ (T·m²)

100

50

0 2 4 6 8 10 12 14 t (s)

5.1. Determine o valor da força eletromotriz induzida entre [2; 4] s e [4; 8] s.


5.2. Calcule o valor da potência elétrica dissipada no circuito entre [8; 12] s.

Indução Eletromagnética | 131


6. A figura seguinte ilustra uma espira que roda entre dois
imanes com uma velocidade angular constante de 32 rad/s.
S N S N
6.1. Represente as linhas de campo que atravessam a espira.
6.2. Calcule o tempo mínimo que o fluxo magnético demora
a passar de zero ao seu valor máximo.
6.3. A espira tem de área 20 cm² e o campo magnético a que
esta está sujeita tem o valor de 0,40 T.
6.3.1. Determine o menor ângulo que o plano da espira faz com a direção do campo magnético para que
o valor do fluxo magnético que a atravessa tenha o valor de 4,0 × 10⁻⁴ Wb.
6.3.2. Para aumentar a força eletromotriz induzida na espira, deve-se:
A – Diminuir a área da espira.
B – Aumentar a velocidade de rotação da espira.
C – Aumentar a distância entre os ímanes.
D – Imobilizar a espira paralelamente ao campo magnético.
Seleccione a alternativa correcta.

7. A figura ilustra o movimento de uma espira metálica B = 0,1 T


retangular, com lados 60 cm e 100 cm, deslocando‑se
com velocidade igual a 20 m/s. Na região onde existe l = 60 cm
campo magnético, este é uniforme, perpendicular ao v = 20 m/s
plano da espira e sentido do plano da página para o
observador.
7.1. Indique o sentido da corrente induzida na espira. região com campo região sem campo
magnético magnético
7.2. Calcule o módulo da força eletromotriz induzida
na espira.

8. Selecione uma opção, de modo a obter uma afirmação correta.


8.1. A corrente elétrica induzida numa espira circular é:
A – Nula, quando o fluxo magnético através da espira for constante.
B – Máxima, quando o fluxo magnético através da espira for constante.
C – Inversamente proporcional à variação do fluxo magnético no decorrer do tempo.
D – Proporcional ao fluxo magnético.
8.2. Num condutor fechado, colocado numa região onde existe um campo magnético, a superfície
delimitada pelo condutor é atravessada por um fluxo magnético. Se o fluxo magnético variar linearmente,
com o tempo, ocorre:

132 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


A – A magnetização permanente do condutor.
B – Uma força eletromotriz induzida cuja intensidade diminui com o tempo.
C – Uma corrente elétrica induzida constante, no condutor.
D – Uma corrente induzida que aumenta linearmente no tempo.

9. Na figura representa-se uma espira semicircular de raio R, no interior de uma região onde existe um

campo magnético uniforme B .


B
R ω

9.1. Em que posição, relativamente às linhas de campo, se deve colocar a espira, para que o fluxo
magnético que a atravessa seja máximo?
9.2. Se a espira rodar no interior do campo, com uma velocidade angular ω, deduza uma expressão para
o módulo da f.e.m. induzida.

10. Um fio de cobre de resistividade ρ, tem secção S. Foi dobrado de modo a formar uma espira quadrada
de lado d, como mostra a figura.
y

B

x
z

No momento t = 0 s, a espira começa a mover-se no sentido positivo do eixo xx, entrando num campo

magnético constante, B = B0�̂ para x > 0.

10.1. Se a espira se deslocar com velocidade constante v = 2î, deduza a(s) expressão(ões) para a força
eletromotriz induzida (t > 0).
10.2. Indique o sentido da corrente induzida na espira, justificando.
10.3. Calcule a corrente induzida e esboce o seu gráfico em função do tempo.
10.4. Repita a alínea 10.1., para o caso em que a espira se desloca com movimento uniformemente
acelerado, de aceleração a e velocidade inicial nula.

Indução Eletromagnética | 133


B-2 Radiação Eletromagnética nas
Comunicações
Neste subtema são tratados assuntos relacionados com a transmissão
de informação. As limitações que existem ao transmitir sinais sonoros a
longa distância são conhecidas, quando comparadas com a transmissão
de sinais eletromagnéticos. Daí se aborde a necessidade de usar ondas
eletromagnéticas para a transmissão de informação contida nos
sinais sonoros. A modulação, quer de amplitude quer de frequência, é
apresentada como um processo fundamental para se fazer a propagação
de sinais. As vantagens e desvantagens da transmissão, usando sinais
analógicos ou digitais, é também um tópico de grande interesse
que se aborda.

1 Movimentos ondulatórios
O movimento ondulatório, ou movimento por ondas, é aquele que
resulta da propagação de uma perturbação. Há múltiplos exemplos no
dia a dia deste fenómeno, como por exemplo, uma onda que se propaga
na água, o som que se propaga no ar, uma onda eletromagnética que se
propaga no espaço.

1.1 Ondas mecânicas e eletromagnéticas


Como se efetua a comunicação?
A comunicação entre pessoas faz-se essencialmente através de sinais
sonoros. Contudo, quando se pretende comunicar a longa distância,
através de sinais sonoros, existem limitações. As ondas sonoras, que são
ondas mecânicas, necessitam de um suporte material para se propagarem.
Ao longo da sua propagação, devido à interação com o meio, a energia é
absorvida e verifica-se uma diminuição da intensidade do sinal sonoro,
impedindo o sucesso da comunicação.
Em meados do século XIX, graças ao Eletromagnetismo, foi possível
converter as ondas sonoras em ondas eletromagnéticas, melhorando
drasticamente as comunicações.
Ao contrário das ondas sonoras, as ondas eletromagnéticas não
necessitam de um suporte material para se propagarem e a sua
velocidade de propagação é muito superior. Nos meios materiais o
processo de propagação das ondas eletromagnéticas não é perfeitamente

134 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


eficiente. A quantidade de energia transferida para o meio depende da
frequência e das características do meio. Uma parte dissipa-se como
calor ou durante fenómenos de reflexão, refração e difração essenciais
para a comunicação a longa distância. Porém, a absorção de energia e a
diminuição da intensidade nas ondas eletromagnéticas é menor do que
nas ondas sonoras.
A invenção do telégrafo, seguida do telefone, da rádio, da televisão,
A saber:
veio permitir que as mensagens percorressem, em segundos, grandes
As ondas eletromagnéticas são
distâncias. mais rápidas e conseguem-se
transmitir a maiores distâncias
Atualmente, graças à Eletrónica, é possível comunicar, de forma quase com menor perda de informação.
instantânea, entre qualquer parte do mundo.

Questão resolvida

1. Comente a seguinte afirmação: “A comunicação a longa distância faz‑se através de ondas


eletromagnéticas porque através de sinais sonoros, existem limitações”.
Resolução:
1. A comunicação a longa distância tem que ser feita através de ondas eletromagnéticas porque as ondas
sonoras são ondas mecânicas, que necessitam de um suporte material para se propagarem. A interação
com o meio vai originar uma elevada absorção de energia ao longo da sua propagação, impedindo o
sucesso da comunicação. Por sua vez, as ondas eletromagnéticas não necessitam de suporte material
para se propagarem, e a energia absorvida durante a propagação é muito menor, quando comparada com
a energia absorvida durante a propagação de uma onda sonora.

1.2 Produção e propagação de um sinal. Fenómenos


ondulatórios
Em meados do século XIX, foi possível caracterizar as forças exercidas
sobre uma carga elétrica sujeita a um campo elétrico criado por outras
cargas ou as forças exercidas em fios percorridos por correntes elétricas
sujeitos a um campo magnético.
Em 1864, o físico escocês James Clerk Maxwell, num conjunto de quatro
equações, resumiu todo o conhecimento acumulado sobre fenómenos
elétricos e magnéticos. A partir das suas equações, Maxwell concluiu
que o campo elétrico e o campo magnético se propagavam como ondas.
Estas, equações que ligam campos elétricos com magnéticos, são a base
do nosso moderno sistema de telecomunicações. James Clerk Maxwell (1831–1879)

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 135


Como se pode criar uma onda eletromagnética?
Considere-se então que, através da oscilação de uma pequena carga em
torno de uma posição, se emite para todos os pontos à sua volta uma
onda de campo elétrico e uma onda de campo magnético com a mesma
frequência, a de oscilação da carga.
A associação da onda elétrica com a onda magnética, designa-se por onda
eletromagnética.
Estas têm por base o entrelaçamento existente entre o campo elétrico e
o campo magnético. Através da indução mútua dos campos elétricos e
magnéticos, a perturbação eletromagnética pode propagar-se até pontos
distantes da região do espaço onde foi iniciada.

campo elétrico

tico
A saber: agné
p om
O campo elétrico e o campo cam dir
eçã
od
magnético propagam-se, num ep
rop
plano que é perpendicular à aga
ção
direção de propagação - as
ondas eletromagnéticas são
ondas transversais.
Figura 111 – Propagação de uma onda eletromagnética.

2 Transmissão de informação

2.1 Produção de ondas de rádio: trabalhos de Hertz e


Marconi
Desde o primeiro telégrafo elétrico, construído por Henry, através do qual
se conseguiu enviar uma mensagem codificada a uma milha de distância,
ou da primeira mensagem codificada transmitida por Morse, a 16 km de
distância, a era das telecomunicações faz parte integrante das nossas vidas.
O telefone, a rádio, a televisão, os sistemas de radar, o fax, os telemóveis e
as redes de comunicação de computadores são exemplos disso.

Como se pode gerar uma onda eletromagnética para transmitir


informação?
Em 1887, Hertz, gerou a primeira onda de rádio, dando início à tecnologia
Heinrich Rudolf Hertz (1857–1894) da rádio e da televisão.

136 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


A sua experiência levou à compreensão de que as ondas de rádio, tal como
a luz, são radiação eletromagnética com várias frequências, ocupando,
portanto, zonas diferentes do espetro.
No trabalho de Hertz, duas esferas metálicas encontravam-se a uma certa
distância uma da outra, colocadas na extremidade de duas barras ligadas
por fios condutores a uma fonte de alta tensão, como se mostra na figura.

a b

A B

fonte de
alta tensão

Figura 112 – Equipamento utilizado por Hertz para emitir e receber ondas
eletromagnéticas. Do lado direito está o respetivo esquema.

Podia-se então criar uma diferença de potencial elevada entre as esferas.


O ar tornava-se, momentaneamente, condutor, fornecendo um meio de
condução das cargas elétricas que assim, oscilavam entre as duas esferas.
Devido a esta corrente elétrica variável, observavam-se faíscas entre
as duas esferas. Estes impulsos elétricos oscilantes criavam um campo
elétrico variável que gerava, nas vizinhanças, um campo magnético
variável. Este, por sua vez, gerava, nas vizinhanças um campo elétrico
variável e assim sucessivamente.
Hertz tinha assim, uma fonte geradora de impulsos elétricos.
A alguma distância da corrente variável, Hertz colocou um circuito idêntico
ao do emissor, denominado ressonador de Hertz, sobre o qual, verificou,
originar-se igualmente faíscas, com a mesma frequência dos impulsos
originais, como se mostra na figura.

(A) (B)

Figura 113 – O ressonador de Hertz foi


a primeira antena recetora de ondas
ondas
rádio
eletromagnéticas.

Fonte de
tensão
Faíscas

Figura 114 – Representação esquemática da experiência de Hertz.

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 137


O inventor italiano Guglielmo Marconi era ainda jovem quando patenteou
um sistema de telegrafia sem fios. A conquista de Marconi foi ter produzido
ondas de rádio e detetá-las a distâncias consideráveis. Ainda no século XIX
estabeleceu a comunicação sem fios entre França e Inglaterra. Mais tarde,
em 1909, foi galardoado com o Prémio Nobel da Física.

2.2 Transmissão de sinal
Grande parte das tecnologias presentes no nosso quotidiano, a rádio, a

Guglielmo Marconi (1874–1937) televisão, os telemóveis, os mais variados controlos remotos, os telefones
sem fios, o GPS, etc., fazem uso de ondas eletromagnéticas. Tendo
em conta a especificidade de cada aparelho, e o número crescente de
tecnologias, foi necessário definir bandas de frequência.
A figura 115, mostra o espetro eletromagnético, com a inclusão de
algumas dessas tecnologias.

e
lit

sa
de
ho ões
ç
rm sta

s
ve , e
ra ar

el
nf rad
re as,
s
ei
le HF

do nd
óv
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si
ce -o
m
F, TV

ue ro
UH M,

c
AM

Aq mi
TV o F

o
o

rn
di

di

Fo

Frequência (HZ) 10 10² 10⁴ 10⁶ 10⁸ 10¹⁰ 10¹² 10¹⁴ 10¹⁶ 10¹⁸ 10²⁰ 10²²
Infravermelho
Micro-ondas

Ultravioleta
Luz Visível

Raios X
Raios Y
Banda

Rádio

Figura 115 – Espetro eletromagnético.

Nas comunicações, a radiação emitida pelas antenas de televisão,


de rádio, de telemóveis, etc., faz-se sobretudo na banda das ondas
de rádio e micro‑ondas. Utilizam-se frequências desde kHz (10³ Hz)
até às centenas de GHz (10¹¹ Hz). Este intervalo de frequências, que é
utilizado nas comunicações, foi dividido, um tanto arbitrariamente, por
acordos internacionais. A tabela 4 indica a designação das bandas de
radiofrequências. As bandas de radiofrequências são conhecidas pelas
iniciais das palavras em língua inglesa.

138 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Banda de
Nome em Português Nome em Inglês Sigla
frequências

Frequências muito baixas Very low frequencies VLF 3-30 kHz

Frequências baixas Low frequencies LF 30-300 kHz

Frequências médias Medium frequencies MF 300-3000 kHz

Frequências altas High frequencies HF 3-30 MHz

Frequências muito altas Very high frequencies VHF 30-300 MHz

Frequências ultra altas Ultra high frequencies UHF 300-3000 MHz

Frequências super altas Super high frequencies SHF 3-30 GHz

Frequências extra altas Extra high frequencies EHF 30-300 GHz

Tabela 4 – Gamas de frequências, usadas em comunicação.

Questão resolvida

1. A voz humana mantém-se inteligível, numa faixa de frequências muito reduzida. É frequente limitá-la
a uma banda de frequências compreendida entre os 300 e 3400 Hz. Calcule, no vazio, o comprimento de
onda de radiações eletromagnéticas com as frequências limite para a voz humana ser reconhecida pelas
pessoas que a ouvem.
Resolução:

1.

2.3 Sinal analógico e sinal digital


As limitações na transmissão de sinais sonoros, ou de qualquer outro
sinal, a longas distâncias implicaram a necessidade de utilizar as ondas
eletromagnéticas, para conseguir transmitir a informação contida nesses
sinais. Mas, para que a transmissão fosse possível, foi necessário converter
os sinais sonoros em sinais elétricos, uma vez que todo o processo de
comunicação se efetua através de sistemas elétricos.
Nos sistemas de comunicação modernos, utilizam-se dispositivos que
efetuam a transformação de uma grandeza não elétrica numa grandeza
elétrica, que se designam por transdutores. O microfone é um exemplo
de um transdutor.
Dependendo das suas características, os sinais, podem ser classificados
como sinais analógicos ou sinais digitais.

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 139


O que são sinais analógicos e sinais digitais? Como se
distinguem?
Num microfone, as variações de tensão elétrica refletem a frequência
e a intensidade dos sons captados. Estes são fundamentalmente sons
complexos, e a diferença de potencial gerada no circuito do microfone é
variável. Na figura 116 ilustra-se uma sequência contínua de diferenças
de potencial gerada num microfone, que pode ser vista num osciloscópio.
Trata-se de um sinal analógico, que se caracteriza pela variação contínua
com o tempo de uma dada grandeza física.

V (V)

t (s)
Figura 116 – Sinal analógico. Sequência contínua de tensão em função do tempo gerada
num microfone.

Na última metade do século XX graças à Eletrónica, tornou-se possível


converter o sinal analógico num sinal digital, isto é, fazer o processamento
digital de informação. Trata-se de converter um sinal contínuo no
tempo num sinal discreto. O dispositivo que o faz chama-se conversor
analógico‑digital. O contrário, isto é, converter um sinal digital num
analógico é feito por um conversor digital-analógico.
Para se compreender o processo, é necessário recordar como se converte
um número na base 10 para a base 2 e vice-versa. Na base 2 apenas
se utilizam os algarismos 0 e 1. Na base 10 utilizam-se 10 algarismos
diferentes. Considere-se um número na base 10, por exemplo 23. Então,
23 = 2 × 10¹ + 3 × 10⁰. O algarismo 2 tem peso 10¹, ou seja tem o peso das
dezenas. O algarismo 3 tem peso 10⁰, ou seja, tem o peso das unidades.
Considere-se agora um número escrito na base 2, por exemplo 1011.
Analogamente,
1011 = 1 × 2³ + 0 × 2² + 1 × 2¹ + 1 × 2⁰. Efetuando o cálculo obtém-se então,
na base 10, o número 11.

140 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Questões resolvidas

1. Converta para a base 2 os números escritos na base 10:


1.1. 23
1.2. 14
Resolução:
1.1. 23 na base 10 é igual a 10111 na base 2, porque
10111 = 1 × 2⁴ + 0 × 2³ + 1 × 2² + 1 × 2¹ + 1 × 2⁰. Calculando obtém-se 23.
1.2. 14 na base 10 é 1110 na base 2, porque
1110 = 1 × 2³ + 1 × 2² + 1 × 2¹ + 0 × 2⁰. Calculando obtém-se 14.

2. Converta para a base 10, os números escritos na base 2:


2.1. 10101
2.2. 1011101
Resolução:
2.1. 10101 = 1 × 2⁴ + 0 × 2³ + 1 × 2² + 0 × 2¹ + 1 × 2⁰. Calculando obtém-se 21.
2.2. 1011101 = 1 × 2⁶ + 0 × 2⁵ + 1 × 2⁴ + 1 × 2³ + 1 × 2² + 0 × 2¹ + 1 × 2⁰. Calculando obtém-se 93.

Considere-se um sinal analógico como o representado na figura 117. Para


se converter num sinal digital, o primeiro passo é a amostragem. Trata-se A saber:
de medir o sinal em determinados momentos. Por exemplo, no momento Amostrar um sinal significa
coletar amostras num
t₁ é lido o valor 5, no momento t₂ é lido 7, no momento t₃ é lido 3, e determinado momento.
assim sucessivamente. De notar que estes valores podem resultar de um A periodicidade com que
essas amostras são colhidas
arredondamento, que é feito num processo denominado quantificação. é denominada período de
amostragem.
V (V)
A periodicidade influencia na
posterior recuperação do sinal
7
amostrado.
6

4 A saber:
Uma vez que o sinal original é
3
arredondado para um nível de
2 quantificação, é acrescentado
um erro. Este erro é chamado de
1 Erro de Quantificação.
Quanto maior o número de
0 t₁ t₂ t₃ t (s) níveis, menor será o Erro de
Quantificação.
Figura 117 – Sinal analógico.

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 141


Finalmente é necessário fazer a codificação, isto é, passar os valores
quantificados para a base 2. Assim a sequência lida, 5, 7, 3 converte-se
em 101, 111, 011. Este sinal pode então ser transmitido e recuperado
posteriormente, usando um conversor digital-analógico. Neste exemplo
foram usados 3 dígitos binários, que se designam por bit, do inglês
BInary digiT.

A saber: 1
1 0 1 1 1 1 0 1 1

O sinal analógico caracteriza-se


por uma função contínua.
O sinal digital caracteriza-se por 0
uma função discreta.
Figura 118 – Sinal digital correspondente aos momentos de amostragem da figura 117.

Questão resolvida

1. O conversor analógico-digital ADC0804 é um circuito integrado, capaz de converter uma amostra


analógica entre 0 e 5,00 V, num valor binário de 8 bits. Calcule a resolução deste conversor.
Resolução:
1. A resolução do conversor é o mínimo valor que ele consegue distinguir. Neste caso, o intervalo de
0 a 5,00 V, vai ser dividido por 2⁸ possibilidades, uma vez o conversor ter 8 bits. Logo a resolução é

Qual a vantagem em converter um sinal analógico num sinal


digital?
Um dos maiores problemas da transmissão de informação deve-se
à necessidade de amplificar o sinal. Nesse processo, normalmente,
amplifica-se também parte do sinal que não corresponde a informação,
isto é, o ruído.
Na transmissão de informação através de sinais analógicos, estes podem,
sofrer distorções, alterando a sua forma, devido a transmissões imperfeitas
através das antenas, de interferências, através da sobreposição com outros
sinais ou ruído, e deformação devida a situações imprevisíveis, como as
condições atmosféricas. A figura 119 ilustra o que pode acontecer a um
sinal analógico quando é transmitido.

142 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


Contrariamente, na transmissão ou armazenamento de informação
digital, a integridade do sinal é assegurada, utilizando bons conversores V (V)
analógicos-digitais e digitais-analógicos. No processo de transmissão
o sinal digital também é atenuado, mas na amplificação, só é tratada a
informação, e não o ruído. Como se mostra na figura 120, não se perde
informação no processamento digital do sinal. Mesmo com o ruído o
número 101 não é alterado.
t (s)

V (V) V (V) V (V)

t (s) t (s) t (s)


Figura 119 – O sinal recebido contém
sinal analógico ruído.

sinal digital
Figura 120 – O sinal digital é mais imune ao ruído do que o sinal analógico.

Uma outra vantagem da informação digital é o facto de ser facilmente


encriptável. Este aspeto é cada vez mais importante sobretudo quando se
enviam dados secretos pela Internet, números de contas bancárias ou de
cartões de crédito, informação confidencial, etc.

2.4 Modulação de sinais analógicos: modulações AM e FM


A modulação é um processo no qual um sinal, normalmente de baixa
frequência, é transformado, para depois ser transmitido a muito mais alta
frequência, por ação de uma onda portadora. O sinal de voz, é modulado
em torno de uma portadora de maior frequência, e assim transmitido.
Na receção é necessário fazer a operação inversa, para recuperar o sinal
inicial, usando a desmodulação.

Porquê modular um sinal que se pretende transmitir?


Considere-se que duas pessoas estão a falar, transmitindo informação
simultaneamente a um terceiro, como se mostra na figura 121.
Como se sabe, as fontes de informação vão sobrepor-se. A pessoa a Figura 121 – O recetor não consegue
quem se destinam não consegue ouvir simultaneamente os dois a falar. distinguir a informação vinda de duas
fontes.

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 143


É necessário enviar as informações de modo a que na receção se possam
recuperar, isto é, seja possível ouvir a voz das duas pessoas.
A modulação é o processo que permite que isto seja feito, enviando a
informação com duas portadoras de frequências diferentes.
Outra das vantagens da modulação é que permite o uso de antenas mais
pequenas. A antena dipolar, com comprimento de meio comprimento de
onda, não é viável para sinais de baixa frequência, como o som audível pelo
homem. Por exemplo, um sinal sonoro de 1 kHz, tem um comprimento
de onda de 300 km! Com a modulação, usando portadoras de muita alta
frequência, consegue-se ter antenas muito pequenas.
Há ainda outras vantagens, como o menor ruído e fácil encriptação.
Nos processos de modulação mais comuns, os sinais podem ser modulados
em amplitude, AM (do inglês Amplitude Modulation), ou em frequência,
FM (do inglês Frequency Modulation), para transportar informação.
Na modulação em amplitude, a amplitude da onda portadora é modificada
pelo sinal correspondente à informação, permanecendo a frequência
Portadora de alta frequência constante. A onda resultante é mais sensível a alterações durante a sua
propagação, dado que a informação está na amplitude que pode ser
afetada pelo ruído.

sinal de aúdio Na modulação em frequência, a frequência da onda portadora é


modificada pelo sinal correspondente à informação. A amplitude da onda
portadora permanece inalterada. A informação está na frequência, e por
isso é insensível ao ruído na amplitude.
Modulação em amplitude (AM)
Note-se que, em AM, a amplitude da portadora varia de acordo com o
sinal a modular, o sinal áudio de baixa frequência. Em FM, a amplitude da
portadora é constante. No entanto, quando a amplitude do sinal de áudio
Modulação em frequência (FM) aumenta, a frequência da portadora também aumenta e quando diminui
há a correspondente diminuição da frequência da portadora.
As estações de rádio em FM utilizam portadoras entre cerca de 88 MHz e
Figura 122 – Modulações em amplitude e
frequência. 108 MHz. Por exemplo, a Rádio Timor Leste, RTL, emite para Díli em 91,5
MHz, para Liquiçá em 99,5 MHz, para Baucau em 105,1 MHz. Quando
utiliza modulação AM, a frequência da portadora é inferior, 684 kHz.
Os sinais de televisão ocupam faixas compreendidas entre
aproximadamente 50 MHz (VHF) e 800 MHz (UHF). Curiosamente, o sinal
de vídeo é modulado em amplitude e o sinal de áudio em frequência.
Os telemóveis usam normalmente frequências de 900 MHz e 1800 MHz,
com um tipo de modulação mais sofisticado.

144 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


APSA B-2.1: Produção de ondas rádio. Trabalhos de Hertz e Marconi

Questão-problema: Como foram os primórdios das telecomunicações?


Objetivo: Elaboração de uma pesquisa e de um debate sobre as experiências de Hertz e os trabalhos
de Marconi.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
Em 1888, Hertz publicou num jornal as suas experiências com circuitos oscilantes e um rapaz novo,
adolescente, leu o artigo enquanto estava de férias nos Alpes. A descoberta de Hertz deu-lhe uma ideia:
por que não utilizar as ondas geradas pelo oscilador de Hertz para transmitir sinais? O jovem italiano
Guglielmo Marconi, notável inventor, era esse rapaz, e assim que voltou a Itália tentou pôr a sua ideia
em prática.
1. Elabore um esquema legendado da experiência de Hertz.
2. Explique o aparecimento de corrente e faíscas no segundo circuito.
3. Descreva a ideia de Marconi.
4. Explique o motivo de ser obrigatório a presença de uma estação de rádio nos navios depois da
divulgação dos trabalhos de Marconi.
5. Apresente o resultado da pesquisa aos colegas.

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 145


Resumo

• O campo elétrico e o campo magnético propagam-se, num plano que é perpendicular à direção de
propagação - as ondas eletromagnéticas são ondas transversais.
• Um sinal analógico caracteriza-se pela sua variação contínua com o tempo.
• Um sinal digital possui valores discretos.
• A modulação é um processo no qual um sinal é transformado por ação de uma onda portadora, para
depois ser transmitido.
• Nos processos de modulação mais comuns, os sinais podem ser modulados em amplitude, AM (do
inglês Amplitude Modulation), ou em frequência, FM (do inglês Frequency Modulation), para transportar
informação.
• Na modulação em amplitude, a amplitude da onda portadora é modificada pelo sinal correspondente à
informação, permanecendo a frequência constante.
• Na modulação em frequência, a frequência da onda portadora é modificada pelo sinal correspondente
à informação, permanecendo a amplitude constante.

Questões para resolver

1. A modulação é um processo no qual um sinal, normalmente de baixa frequência, é transformado, para


depois ser transmitido a muito mais alta frequência, por ação de uma onda portadora. Os sinais podem
ser modificados com modulação em amplitude ou com modulação em frequência. Identifique o diagrama
que representa um sinal modulado em frequência.

(A) (B) (C) (D)

2. A modulação em frequência consiste em fazer variar a frequência da onda portadora de acordo com a
amplitude do sinal que contém a informação. A figura representa duas ondas.

(A) (B)

2.1. Indique a que tipo de modulação foi submetido cada uma das ondas portadoras.
2.2. Esboce o sinal transmitido por cada uma das ondas.
2.3. Refira uma vantagem da modulação em frequência.

146 | Da produção de energia às telecomunicações na sociedade


3. Classifique cada uma das representações de ondas em:
• onda portadora;
• onda modulada em frequência;
• onda modulada em amplitude;
• sinal a transmitir.
X X

t t

(A) (B)

X X

t t

(C) (D)

4. As estações de rádio em FM utilizam portadoras entre cerca de 88 MHz a 108 MHz. Determine os
comprimentos de onda limite destas ondas portadoras.

5. Converta para a base 10, os números escritos na base 2:


5.1. 101
5.2. 10111
5.3. 0001110

6. Converta para a base 2 os números escritos na base 10:


6.1. 33
6.2. 54
6.3. 77

Radiação Eletromagnética nas Comunicações | 147


O b j e t i v o s

• Calcular a energia de ligação por nucleão.


• Identificar a radioatividade como a emissão de
partículas ou radiação eletromagnética.
• Associar a emissão de partículas alfa, beta ou gama
a processos de decaimento radioativo.
• Definir período de decaimento de uma amostra
radioativa.
• Associar a atividade de uma amostra radioativa à
rapidez de desintegração.
• Utilizar a dose de radiação absorvida e a dose
equivalente para avaliar danos biológicos.
• Reconhecer as aplicações da radiação ionizante na
Medicina, na Arqueologia e na Indústria.
Unidade Temática C | Radiação Nuclear:
Riscos e Benefícios na Sociedade

0 Modelo Atómico
1 Origem e Utilização da Radioatividade

«Nada na vida é para ser temido. É tudo para ser somente


entendido.» Marie Curie
Unidade Temática C | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade

C-0 Modelo Atómico


Neste subtema relembra-se a estrutura atómica e aborda-se a estabilidade
dos núcleos. Termina-se com uma breve referência à radioatividade.

1 O núcleo atómico


Antes de se analisar a estabilidade dos núcleos e a energia de ligação
nuclear, convém relembrar a estrutura dos átomos, nomeadamente a
constituição dos núcleos atómicos.

1.1 Constituição do núcleo
Como é constituído o núcleo de um átomo?
Os átomos dos elementos químicos são constituídos por protões, neutrões
e eletrões.
Os protões são partículas com carga elétrica positiva, os neutrões não têm
carga elétrica e os eletrões têm carga elétrica negativa.
Os protões e os neutrões encontram-se na região central dos átomos, no
núcleo, e os eletrões giram à volta do núcleo.

A saber: Os átomos são neutros porque têm igual número de cargas elétricas
O núcleo de um átomo é positivas, os protões, e de cargas elétricas negativas, os eletrões.
constituído por protões e por
neutrões. Se um átomo ganhar eletrões origina um ião negativo e se perder eletrões
transforma-se num ião positivo.

1.2 Número atómico e número de massa. Nuclido


O número atómico, que se designa por Z, corresponde ao número
de protões existentes no núcleo. O número atómico caracteriza um
elemento químico, pois elementos químicos diferentes, têm diferente
número  atómico.
O número de massa, que se representa por A, corresponde à soma do
A saber: número de protões com o número de neutrões, ou seja, corresponde ao
O número de neutrões
corresponde à diferença entre o número de partículas do núcleo, chamados nucleões.
número massa, A, e o número
atómico, Z. Um núcleo atómico pode ser definido pelo símbolo químico do elemento
e pelos números atómico e de massa,

150
Sendo:
X → símbolo químico
A → número de massa
Z → número atómico

Por exemplo, um núcleo de hélio que é constituído por 2 protões e 2


neutrões, é representado simbolicamente por:

Nuclido é a designação de uma espécie atómica constituída por átomos


cujos núcleos têm exatamente a mesma constituição, isto é, têm o mesmo
número de protões e o mesmo número de neutrões. A saber:
Símbolo de um nuclido:
Os átomos de um elemento químico têm todos o mesmo número atómico,
mas podem diferir no número de neutrões, isto é, terem diferente número
de massa. Estes nuclidos que têm o mesmo número atómico e diferente
número de massa designam-se por isótopos.
Por exemplo, o hidrogénio tem três isótopos, o prótio, o deutério e o trítio.
Prótio: ; Deutério: ; Trítio: .

Questões resolvidas

1. Represente um nuclido de:


1.1. Oxigénio, que tem número de massa 17 e número atómico 8.
1.2. Sódio, constituído por 11 protões e 12 neutrões.
Resolução:
1.1. .
1.2. .

2. Indique o número de protões e de neutrões dos seguintes nuclidos: ;  ;  ;  .


Resolução:
2. : 4 protões e 3 neutrões.
: 10 protões e 12 neutrões.
: 19 protões e 21 neutrões.
: 92 protões e 146 neutrões.

Modelo Atómico | 151


1.3 Energia de ligação nuclear
A que se deve a energia de ligação nuclear?
A massa dos átomos pode ser obtida com muita precisão, através de um
aparelho chamado espetrómetro de massa. Essas massas são expressas
em unidades de massa atómica, u.
Sendo a massa do isótopo 12 do carbono, ¹²C, 12 u, então:
1 u é 1/12 da massa do átomo de carbono 12.
A relação entre uma unidade de massa atómica e o quilograma, é:
1 u = 1,66054 × 10⁻²⁷ kg
A massa do protão é sensivelmente igual à massa do neutrão e a massa do
eletrão é muito menor, cerca de 1836 vezes inferior à do protão. Na tabela
seguinte são mostrados estes dados.

Massa do protão (kg) 1,6727 × 10⁻²⁷

Massa do neutrão (kg) 1,6750 × 10⁻²⁷

Massa do eletrão (kg) 9,109 × 10⁻³¹

Tabela 5 – Massas do protão, neutrão e eletrão, em repouso.

A massa total de um núcleo é sempre menor do que a soma das massas


dos seus nucleões (protões e neutrões), com exceção do prótio, ¹H, que
não tem neutrões.
Há uma diferença de massa entre os protões e os neutrões separados e
os mesmos protões e neutrões juntos, num núcleo atómico. Isto deve-se
à energia de ligação nuclear.
De acordo com a relação de equivalência entre massa e energia de Einstein:
E = m c²
Pode-se calcular a energia libertada, ΔE, no processo de formação de
um núcleo a partir dos protões e neutrões considerados em separado.
Esta energia corresponde à diminuição de massa, Δm, que se verifica
nesse processo.
ΔE = (Δm) c²
Assim, a energia de ligação nuclear é:
ΔE = (Zmp + Nmn − ) c²
Em que:
- Z representa o número de protões;

152 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


- mp representa a massa do protão;
- N representa o número de neutrões;
- mn representa a massa do neutrão;
- representa a massa total do núcleo;
- c representa a velocidade, no vazio, de uma radiação eletromagnética. A saber:
A energia de ligação nuclear é
a energia libertada quando um
E, à diferença de massa: Δm = Zmp + Nmn − chama-se defeito de massa. núcleo se forma a partir dos
seus constituintes ou a energia
fornecida para desagregar
A massa total do núcleo corresponde à massa atómica, pois os eletrões um núcleo nas suas partículas
constituintes.
têm uma massa praticamente desprezável.
Na tabela seguinte apresentam-se as massas atómicas do neutrão,
do protão e de um isótopo. Na Tabela Periódica, no final do manual,
encontram-se as massas atómicas dos núcleos dos elementos.

Número Massa
Elemento Símbolo
atómico, Z atómica (u)

Neutrão 0 1,008665

Protão ou 1 1,007825

Trítio 1 3,016050

Tabela 6 – Massas atómicas.

Questão resolvida

1. Determine a energia de ligação do núcleo de hélio, .


Resolução:
1. Dados: mp = 1,007825 u
mn = 1,008665 u
m( ) = 4,002602 u
1 u = 1,66054 × 10⁻²⁷ kg
Δm = 2 mp + 2 mn −
Δm = 2 × 1,007825 + 2 × 1,008665 − 4,002602 = 0,030378 u = 5,0444 × 10⁻²⁹ kg
ΔE = (Δm) c²
ΔE = 5,0444 × 10⁻²⁹ × (3 × 10⁸)²
ΔE = 4,54 × 10⁻¹² J.

Modelo Atómico | 153


1.4 Estabilidade do núcleo
Como analisar a estabilidade de um núcleo?
A maior ou menor estabilidade de um núcleo deve-se ao modo como os
nucleões se encontram ligados ao núcleo. Ou seja, depende da quantidade
de energia que é requerida para separar o núcleo nas partículas
que o constituem.

Quanto maior for a diferença de massa, maior é a energia de ligação


nuclear e mais estável é o núcleo. Também, no caso de um núcleo atómico
A saber: com maior número de nucleões, isto é, com maior número de massa, A, a
A energia de ligação associada energia de ligação é maior.
a um núcleo é um indicador da
estabilidade do núcleo.

No entanto, cada núcleo tem diferente número de nucleões e por isso é


mais significativo analisar a estabilidade de um núcleo usando a energia
de ligação por nucleão, ΔE/nucleão:

ΔE/nucleão =

A figura 123 representa a energia de ligação por nucleão em função do


número de massa.

Região de máxima
Energia de ligação por nucleão (MeV)

estabilidade
9 ⁵⁶Fe
⁶¹Ni
8 ¹⁹⁹Hg
¹²C ²³⁸U
7 ⁴He

1 ²H

0 50 100 150 200 250 A


Figura 123 – Energia de ligação por nucleão em função do número de massa, A.

154 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


Analisando o gráfico, verifica-se que:
– existe uma zona de máxima estabilidade, em torno de 8,8 MeV, onde se
situam os núcleos de ferro, cobalto e níquel, que são os mais fortemente
ligados, tendo o Fe−56 o valor máximo;
– para números de massa superiores, a energia de ligação por nucleão
decresce um pouco, mas continua a ser elevada;
– o valor mais baixo para a energia de ligação por nucleão corresponde
ao núcleo de deutério, que é o isótopo H−2 do hidrogénio, sendo este o
núcleo mais fácil de separar nas suas partículas constituintes.

Questão resolvida

1. Calcule a energia de ligação por nucleão para o nuclído , sabendo que a sua massa atómica é
14,00324 u, a massa do protão é 1,007825 u, a massa do neutrão é 1,008665 u e que 1 u equivale a
1,66054 × 10⁻²⁷ kg.
Resolução:
1. ΔE = (Zmp + Nmn − ) c²
ΔE = (6 mp + 8 mn − ) c²
ΔE = (6 × 1,007825 + 8 × 1,008665 − 14,00324) × 1,66054 × 10⁻²⁷ × (3 × 10⁸)²
ΔE = 1,689 × 10⁻¹¹ J
ΔE/nucleão = 1,206 × 10⁻¹² J/nucleão.

Modelo Atómico | 155


2 Radioatividade
Quem descobriu a radioatividade?
Em 1896, Antoine Henry Becquerel descobriu acidentalmente que sais
de urânio emitiam espontaneamente uma radiação invisível, altamente
penetrante, capaz de impressionar placas fotográficas e de ionizar gases.
Becquerel descobriu, assim, a radioatividade.

No início do século XX o trabalho de Ernest Rutherford mostrou a existência


de três tipos de radiações, que designou por radiações alfa (α), beta (β)
e gama (γ) de acordo com a sua capacidade de penetrar na matéria e de
Antoine Henry Becquerel (1852-1908) ionizar o ar.

A radiação α era a menos penetrante e a que produzia maior ionização e a


radiação γ era a mais penetrante e a que produzia menor ionização.

Chama-se radioatividade ao fenómeno que ocorre quando um núcleo não


é estável e se transforma noutro, mais estável, por emissão de partículas
ou de radiação eletromagnética.

Ernest Rutherford (1871-1937)

Resumo

• O núcleo de um átomo é constituído por protões e por neutrões.


• O número atómico corresponde ao número de protões.
• O número de massa corresponde à soma do número de protões com o número de neutrões.
• A energia de ligação nuclear deve-se à diferença de massa entre os protões e os neutrões separados e
os mesmos protões e neutrões juntos, num núcleo atómico.
• Chama-se radioatividade ao fenómeno que ocorre quando um núcleo não é estável e se transforma
noutro, mais estável, por emissão de partículas ou de radiação eletromagnética.

156 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


Questões para resolver

1. A representação simbólica de um nuclido de estrôncio é .


Indique a constituição desse núcleo.

2. Represente um nuclido de:


2.1. Potássio, que tem número de massa 40 e número atómico 19.
2.2. Ferro, constituído por 26 protões e 30 neutrões.

3. Indique o número de protões e de neutrões dos seguintes nuclidos: ;  ;  .

4. Considere a reacção de fissão nuclear do urânio−235.


+ → + +3
4.1. Calcule, em unidades SI, a variação de massa, Δm, durante o processo de fissão.
4.2. Determine a energia equivalente à perda de massa.
Dados:
m( ) = 235,0439 u
mn = 1,008665 u
m( ) = 89,907 u
m( ) = 104,908 u
1 u = 1,66054 × 10⁻²⁷ kg

5. Determine a energia de ligação por nucleão para o trítio , sabendo que a sua massa atómica é
3,016049 u, a massa do protão é 1,007825 u, a massa do neutrão é 1,008665 u e que 1 u equivale a
1,66054 × 10⁻²⁷ kg.

Modelo Atómico | 157


C-1 Origem e utilização da radioatividade
Neste subtema vão-se estudar aspetos da radioatividade que permitem
compreender algumas das suas aplicações, bem como a sua ação no
corpo humano por efeito da interação com os tecidos biológicos.

1 Processos de estabilização dos núcleos radioativos:


decaimento radioativo
O que acontece aos núcleos instáveis?
O processo pelo qual um núcleo instável se desintegra e, portanto, liberta
espontaneamente energia, é denominado decaimento radioativo.
A instabilidade dos núcleos está relacionada com a proporção entre o
número de protões e de neutrões existentes no núcleo.
A figura 124 mostra a faixa de estabilidade, que corresponde à área
sombreada e a linha reta, N = Z, que representa a razão neutrão/protão
igual a 1, ou seja núcleos com igual número de protões e neutrões.
Os nuclidos mais estáveis são aqueles que se encontram mais próximos da
linha de estabilidade.
N

160

150

140

130

120

110

100

90

80

70

90 Linha Z = N
60

50

40

30
Estáveis 20
Desintegração β⁺
Desintegração β⁻ 10
Desintegração α
Z
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

Figura 124 – Número de neutrões em função do número de protões.

158 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


Pela análise do gráfico, verifica-se que:
– no caso de núcleos leves, de elementos de número atómico baixo,
a  maior estabilidade existe para núcleos com igual número de protões
e  de neutrões (Z = N), pois encontram-se sobre a linha N = Z;
– no caso de núcleos mais pesados, a estabilidade só é atingida para
valores muito acima da linha N = Z.
Um nuclido instável decai noutros nuclídos estáveis, emitindo radiações
α, β ou γ.

Decaimento alfa
Este decaimento consiste na emissão de uma partícula α, que é um núcleo
de um átomo de hélio, constituído por dois protões e dois neutrões.
Este decaimento pode ser representado esquematicamente pela seguinte
equação genérica:
→ +
Portanto, o núcleo que se formou, Y, diminuiu duas unidades no número
atómico e quatro unidades no número de massa, em relação ao núcleo
original, X.

→ +
Figura 125 – Exemplo de decaimento α.

A saber:
O decaimento α ocorre, principalmente, em núcleos de maior massa,
Uma partícula α é um núcleo de
nos quais a força nuclear forte não é capaz de manter unidos os protões hélio.
e os neutrões.

Decaimento beta
O decaimento β ocorre em núcleos que têm um número excessivo ou
insuficiente de protões ou neutrões para serem estáveis. Neste decaimento
um núcleo decai espontaneamente emitindo um eletrão ou um positrão,
que é a antipartícula do eletrão.
A emissão de um eletrão designa-se por decaimento β⁻ e a emissão de um
positrão, designa-se por decaimento β⁺.

Origem e Utilização da Radioatividade | 159


O decaimento β⁻ ocorre quando o número de neutrões é grande comparado
com o número de protões, e pode ser representado esquematicamente
pela seguinte equação genérica:
 →   +  + v̄
Neste decaimento, um neutrão originou um protão, um eletrão e um
antineutrino:
 →   +  + v̄
Portanto, no decaimento β⁻, é emitido um eletrão, . O núcleo
resultante, Y, mantém o número de massa e o número atómico aumenta
de uma unidade.

→ +
Figura 126 – Exemplo de decaimento β⁻.

O decaimento β⁺ ocorre quando o número de protões é grande comparado


com o número de neutrões, e pode ser representado esquematicamente
pela seguinte equação genérica:
 →   +   + v
Neste decaimento, um protão originou um neutrão, um positrão e um
neutrino:
 →   +   + v
Portanto, no decaimento β⁺, é emitido um positrão, . O núcleo
resultante, Y, mantém o número de massa e o número atómico diminui
de uma unidade.

(positrão)

ν
A saber: (neutrino)

Uma partícula β é um eletrão ou → + +ν


um positrão.
Figura 127 – Exemplo de decaimento β⁺.

160 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


Decaimento gama
O decaimento γ acontece quando um núcleo radioativo está num estado
excitado e decai para um estado de menor energia emitindo um fotão.
O decaimento γ pode ser representado esquematicamente pela seguinte
equação genérica: γ

 →   + γ
Portanto, não há alteração nem do número atómico nem do número de
massa e os raios gama libertados são eletricamente neutros, radiação
eletromagnética de frequência elevada, superior à dos raios X.
Os decaimentos α e β são normalmente acompanhados da emissão de
raios γ, quando o nuclido formado fica num estado excitado e decai para → +γ

o estado fundamental. Figura 128 – Exemplo de decaimento γ.

Questão resolvida

1. Considere uma amostra de . Uma parte A da amostra sofreu um decaimento e originou ea


parte B decai para o isótopo .
1.1. Escreva a equação que traduz o decaimento das duas partes da amostra.
1.2. Classifique cada um dos decaimentos.
1.3. Calcule a energia libertada no decaimento da parte A.
Resolução:
1.1. Parte A: → +
Parte B: → +
1.2. A: Decaimento α. B: Decaimento β⁻.
1.3. A energia libertada corresponde à diferença de massa entre o núcleo original e a soma das massas
dos núcleos que se formaram.
A. Δm = −( + )
Δm = 208,98040 − (205,3833 + 4,002602)
Δm = −0,405502 u
ΔE = (Δm) c²
ΔE = −0,405502 × 1,660 54 ×10⁻²⁷ × (2,998 × 10⁸)²
ΔE = −6,052 × 10⁻¹¹ J
O sinal negativo significa que a energia é libertada.

Origem e Utilização da Radioatividade | 161


1.1 Propriedades das emissões
Quais são as propriedades das emissões, alfa, beta e gama?
A tabela seguinte apresenta as principais propriedades das emissões, alfa,
beta e gama.

Tipos de Radiação

Propriedades α β γ

Núcleos de átomos de
Natureza Eletrões ou positrões Radiação eletromagnética
hélio

Carga elétrica +2 −1 ou +1 Não tem carga

Pouco penetrante:
podem ser absorvidas por Altamente penetrantes:
Bastante penetrante:
uma folha de papel, pela podem ser atenuadas por
Podem ser absorvidas por
Poder penetrante pele ou por uma espessura uma espessura de 25 mm
uma espessura de 5 mm de
de alguns centímetros de de chumbo ou por uma
alumínio.
ar. parede de betão.

Poder ionizante Elevado Moderado Pequeno


Tabela 7 – Propriedades das emissões alfa, beta e gama.

γ
papel alumínio chumbo
Figura 129 – Comparação do poder de absorsão das partículas α e β e da radiação γ por
diferentes materiais.

γ
β
α

Figura 130 – Comparação do poder de penetração das partículas α e β e da radiação γ no


corpo humano.

162 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


α A saber:
placa Símbolo que identifica presença
chumbo γ fotográfica de radiação ionizante:
β⁻

fonte campo
radioativa magnético
Figura 131 – Comparação do desvio das partículas α e β
e da radiação γ por um campo magnético.
A saber:
A expressão radiação ionizante
não só é usada para certas
1.2 Lei do decaimento radioativo radiações eletromagnéticas
como para a emissão de
partículas.
Como decaem os núcleos?
Os núcleos de uma amostra radioativa desintegram-se aleatoriamente.
Não se sabe exatamente quando um certo núcleo se vai desintegrar, mas
conhece-se a probabilidade de ocorrência desse processo.
À medida que o tempo passa, o número N de núcleos radioativos presentes
numa amostra vai diminuindo de acordo com a relação seguinte que
traduz a Lei do Decaimento Radioativo.
N = N₀ e ⁻λt
Onde:
N₀ é o número de núcleos radioativos iniciais, e λ a constante de
decaimento.
A constante de decaimento, λ, é uma característica da substância e
indica a probabilidade, por unidade de tempo, de ocorrência de um dado
processo radioativo.

N₀

e⁻¹N₀

0 τ t
Figura 132 – Decaimento exponencial de um núcleo
radioativo: τ = é o tempo médio de vida.

Origem e Utilização da Radioatividade | 163


Questão resolvida

1. Uma amostra de fósforo-32 contém inicialmente 4,4 × 10⁸ átomos. A constante de decaimento do
fósforo-32 é 4,8 × 10⁻² por dia.
Calcule o número de átomos que a amostra contém ao fim de 5 dias.
Resolução:
1. N = N₀ e ⁻λt
N = 4,4 × 10⁸ e⁻⁴,⁸ × ¹⁰⁻² × ⁵
N = 3,5 × 10⁸ átomos.

1.3 Tempo de meia vida


O que é o tempo de meia vida?
O tempo de meia vida, T¹⁄₂ , ou também chamado período de semidesintegração é o tempo que decorre até que
o número de núcleos radioativos se reduza a metade do valor inicial.
N

N₀

N₀/2

N₀/4
N₀/8
N₀/16
0 T¹⁄₂ 2T¹⁄₂ 3T¹⁄₂ 4T¹⁄₂ t
Figura 133 – Evolução do decaimento de um elemento radioativo.

Substituindo na Lei do Decaimento Radioativo, vem:

= N₀ e⁻λ T¹⁄₂ ⟺ = e⁻λ T¹⁄₂ ⟺ ln 2 = λ T¹⁄₂ ⟺ T¹⁄₂ =

O tempo médio de vida, τ, também chamado período de decaimento, é o inverso da constante de decaimento:

τ=
Substituindo t = τ na Lei do Decaimento Radioativo, vem:
N = 0,367 N₀
O que significa que, o período de decaimento é o tempo que a amostra radioativa demora a reduzir-se a cerca
de 37 % da sua composição inicial.

164 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


Questão resolvida

1. O carbono-14 é usado para determinar a idade dos fósseis. A análise de um esqueleto revelou que a
quantidade de carbono-14 era, aproximadamente igual a �⁄� da quantidade normal.
Sendo o T¹⁄₂ do carbono-14 de 5730 anos, calcule há quantos anos terá morrido.
Resolução:
1. Demorou 5730 anos para decair para metade da quantidade inicial, mais 5730 anos para diminuir
para metade de metade, ou seja um quarto da quantidade inicial, mais 5730 anos para diminuir
para metade de um quarto, ou seja para um oitavo da quantidade inicial. Portanto, terá morrido à
3 × 5730 anos = 17190 anos.

1.4 Atividade de uma amostra radioativa


O que é a atividade de uma amostra radioativa?
A atividade, R, de uma amostra radioativa é o número de decaimentos por unidade de tempo.

R= = λ N₀ e⁻λt ⟺ R = λ N
e traduz a rapidez com que a desintegração ocorre.
A unidade de atividade no Sistema Internacional é o becquerel, cujo símbolo é Bq.
1 Bq corresponde a 1 decaimento por segundo.

Questões resolvidas

1. Uma amostra radioativa, cuja constante de decaimento, λ, é 1,386 × 10⁻² s⁻¹, contém 8,6 × 10¹² átomos.
Calcule:
1.1. A atividade da amostra no início.
1.2. O tempo de meia vida.
1.3. A atividade da amostra após 100 s.
Resolução:
1.1. A atividade está relacionada com a constante de decaimento e com o número de átomos presentes
num determinado instante:
R=λN
R₀ = 1,386 × 10⁻² × 8,6 × 10¹²
R₀ = 1,2 × 10¹¹ Bq.

Origem e Utilização da Radioatividade | 165


1.2.
N = N₀ e⁻λt

= N₀ e⁻λ T¹⁄₂ ⇔ = e⁻λt T¹⁄₂ ⇔ ln 2 = λ T¹⁄₂ ⇔ T¹⁄₂ =

T¹⁄₂ = ⇔ T¹⁄₂ = 50 s.
1.3. Ao fim de 50 s a atividade da amostra reduz-se a metade, ao fim de 100 s reduz-se a um quarto do
valor inicial:

R= ⇔R= ⇔ R = 3,0 × 10¹⁰ Bq.

2. Em 1902, Marie e Pierre Curie conseguiram separar do minério de urânio a primeira quantidade
substancial de rádio, um decigrama de RaCl₂ puro. O rádio era o isótopo radioativo ²²⁶Ra, que tem um
tempo de meia vida de 1600 anos.
2.1. Calcule o número de núcleos de rádio que eles isolaram.
2.2. Determine a taxa de decaimento da amostra, em desintegrações/s e em Curies.

Nota: A unidade Curie (abreviadamente Ci) foi adotada em homenagem aos Curie, que receberam, em 1903, o Prémio Nobel
de Física pelos seus trabalhos nos fenómenos de radiação. 1 Curie é igual a 3,7 × 10¹⁰ desintegrações/s.

Resolução:
2.1. Consultando a Tabela Periódica: Ar(Ra) = 226 e Ar(Cl) = 35,453
Então, a 1 mol de RaCl2 corresponde à massa de: 226 + 2 × 35,453 ≈ 297 g
e 1 mol de RaCl₂ contém 6,02 10²³ núcleos de ²²⁶Ra
Portanto:
297 g ---------- 6,02 × 10²³ núcleos ²²⁶Ra
0,1 g ------------ x
x = 2,03 × 10²⁰ núcleos ²²⁶Ra.
2.2.

R = λ N e como T¹⁄₂ =
Então, R = (ln2/T¹⁄₂) N e substituindo,
R = (0,693/1600) 2,03 × 10²⁰
R = 8,79 × 10¹⁶ desintegrações/ano
Como 1 ano = 3,16 × 10⁷ s,
R = (8,79 × 10¹⁶)/(3,16 × 10⁷) = 2,78 × 10⁹ desintegrações/s
1 Ci = 3,7 × 10¹⁰ desintegrações/s então
R = (2,78 × 10⁹)/(3,7 × 10¹⁰) = 0,075 Ci.

166 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


2 Fontes naturais e artificiais de radioatividade
Como já referido, foi Becquerel, em 1896, quem descobriu a radioatividade.
Além deste cientista, dois outros, também franceses, destacaram-se
na descoberta de elementos radioativos, Marie Curie, e o seu marido
Pierre Curie.

Investigaram propriedades de diversos minérios de urânio e descobriram


dois novos elementos químicos. O primeiro foi nomeado polónio, em
homenagem a Marie Curie, que nasceu na Polónia, mas que se naturalizou
francesa, e o outro rádio, devido à sua intensa radiação.
Em 1903, Marie Curie, juntamente com Pierre Curie e Henri Becquerel Pierre Curie (1859-1906) e Marie Curie
(1867-1934)
recebeu o Prémio Nobel da Física.

Quais são as fontes radioativas?


As fontes radioativas podem ser naturais e artificiais.
A radiação cuja fonte é natural pode ter origem no espaço extraterrestre e
chega até nós através de raios cósmicos, ou tem origem na crosta terrestre
ou ainda é emitida pelos isótopos radioativos contidos nos próprios
seres vivos.

Nota:
Estas radiações ionizantes existem no planeta Terra desde a sua origem. As radiações cósmicas
são partículas altamente
As estrelas, compostas inicialmente por hidrogénio, são a primeira fonte energéticas, principalmente
da radiação cósmica que a Terra recebe. protões, eletrões, neutrões,
mesões, neutrinos, núcleos leves
e radiação gama provenientes
do espaço sideral. A energia
Os processos de síntese dos elementos químicos, que ocorrem nas destas radiações é muito alta,
da ordem de centenas de MeV
estrelas, são as fontes destas radiações. A produção destes elementos a GeV.
químicos ocorre na fase de “explosão da supernova”, nas estrelas cuja
massa é superior à do Sol. Neste acontecimento, com a duração média de
dois segundos, é sintetizada a maioria dos núcleos instáveis conhecidos,
que ao evoluírem para configurações mais estáveis, libertam o excesso de
energia armazenada nos seus núcleos.

A saber:
Quanto às fontes artificiais, criadas pelo Homem, enquadram-se os
A atmosfera terrestre exerce
reatores nucleares usados na indústria, os equipamentos de diagnóstico e um papel de blindagem para
os habitantes, atenuando e
aplicações médicas, além de alguns equipamentos elétricos.
absorvendo as radiações.

Origem e Utilização da Radioatividade | 167


3 Efeitos biológicos da radiação
Quais são os efeitos da radiação nos seres vivos?
Em pequenas doses, a radiação ajuda a diagnosticar e tratar doenças.
Em grandes quantidades, pode alterar o sistema biológico com graves
consequências.
Os efeitos biológicos da radiação devem-se, principalmente, à ionização
que produz, podendo provocar queimaduras e destruir tecidos, pois
alteram a estrutura das moléculas que constituem as células.
Os efeitos biológicos da radiação ionizante dependem de diversos fatores
e, naturalmente, variam de pessoa para pessoa. Dependem do tipo de
radiação, da dose de radiação absorvida e do tipo de tecido irradiado.
Para descrever a radiação absorvida por um material, define-se a dose
de radiação absorvida, D, como a energia transferida pela radiação por
unidade de massa do material irradiado:
D=
A unidade de dose de radiação absorvida, no Sistema Internacional, é o
gray, Gy, que é equivalente a um joule por quilograma,
1 Gy = 1 J/kg
Frequentemente usa-se o rad, em que, 1 rad = 0,01 Gy.

Questão resolvida

1. Uma pessoa recebe uma energia de 50 J de uma fonte radioativa. Sabendo que até 1 Gy não há danos
sérios nos tecidos, determine a massa mínima da pessoa para que a dose recebida não seja perigosa.
Resolução:
1. D = , logo m = 50 kg.

No entanto, como os efeitos nocivos da radiação dependem da natureza


da radiação e da sua energia, bem como do tecido irradiado, isto é da sua
qualidade, para melhor precisar o grau de danos biológicos causados pela
radiação ionizante utiliza-se a dose-equivalente biológica, H.
H=QD
onde Q representa o fator de qualidade. Este assume o valor Q = 1,
quando a radiação em causa produz efeitos equivalentes aos da radiação
escolhida para referência, que são raios X de 200 keV.
A unidade de dose-equivalente biológica no Sistema Internacional
é o sievert, Sv.

168 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


4 Detetores de radiação ionizante
Como se deteta a radiação ionizante?
O contador de Geiger-Muller é um equipamento que se usa para detetar a
presença de radiações ionizantes e avaliar o seu nível no ambiente.

Figura 134 – Contador de Geiger-Muller.

5 Aplicações da radiação ionizante


As aplicações da radiação ionizante são muitas, por exemplo, na Medicina,
na Arqueologia e na Indústria.

5.1 Na Medicina
A mais importante aplicação da radiação ionizante é, sem dúvida,
na Medicina, quer no diagnóstico, quer no tratamento do cancro ou
outras doenças.

Quais são as aplicações dos isótopos radioativos na Medicina?


Alguns isótopos radioativos têm vindo a ser aplicados, quer como fonte de
radiação para obter imagens, quer como fonte de radiação direta.
São usados como fonte de radiação para obter imagens, como meio de
diagnóstico, por exemplo, nas radiografias, TAC e mamografias.
A radiografia é uma imagem obtida, após um feixe de raios X ou raios gama,
atravessar a região de estudo e interagir com uma emulsão fotográfica ou
tela fluorescente.
A tomografia axial computorizada – TAC, utiliza um sistema de raios X do
qual se obtêm imagens para várias orientações das fontes em relação ao
corpo. Estas imagens a duas dimensões são processadas num computador
para formar uma imagem tridimensional do corpo.
A mamografia complementada com a realização de biopsias e de
ultrassonografias permite a deteção precoce do cancro da mama. A
imagem é obtida com o uso de um feixe de raios X de baixa energia,
produzidos em tubos especiais, após a mama ser comprimida entre
duas placas.
O seu uso como fonte de radiação direta é feito em tratamentos de
radioterapia no cancro e outras doenças.

Origem e Utilização da Radioatividade | 169


O facto de radiações penetrantes como os raios X e gama induzirem lesões
em profundidades diversas do organismo humano e, com isso, causar
a morte de células, pode ser utilizado para a terapia do cancro. Assim,
tumores profundos podem ser destruídos ou regredidos sob a ação de
feixes de radiação.

5.2 Na Arqueologia
Como podem os isótopos radioativos ser úteis em Arqueologia?
É possível determinar a idade dos fósseis a partir de material radioativo,
conforme já foi referido anteriormente.
O carbono-14, isótopo radioativo natural do elemento carbono é produzido
continuamente na atmosfera, entrando no processo de fotossíntese e
por isso todos os seres vivos o possuem na sua composição geral. A sua
absorção através do consumo de alimentos, compensa, a quantidade que
é perdida devido ao decaimento radioativo do isótopo. Em caso de morte,
a absorção cessa abruptamente e, daí em diante só ocorre o decaimento
em taxas fixas.
Sabe-se que o tempo de meia vida do carbono-14 é de 5730 anos. Este
é o tempo que o carbono-14 leva para transformar metade dos seus
átomos em carbono-12. A datação de um fóssil pode ser feita com base
na percentagem determinada do carbono-14 em relação ao carbono-12
presenta na matéria viva, sem decomposição.
Outros elementos, isótopos radioativos, como o chumbo-210 e o
potássio-40 também são usados na datação de rochas. O cloro-36
e o trítio, H-3, são utilizados para medir a idade da água do solo.

5.3 Na Indústria
Qual é a utilidade da radioatividade na Indústria?
O controlo de qualidade de texturas e soldas em tubos, chapas metálicas
e peças fundidas é frequentemente realizado usando radiografias obtidas
com raios X de alta energia ou radiação gama de média e alta energia.
Utilizam-se fontes de radiação gama, como o irídio-192, césio-137
e cobalto-60.

170 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


APSA C-1.1: Radioatividade

Questão-problema: Como foi descoberta a radioatividade?


Objetivos: Elaboração da história da descoberta da radioatividade.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
1. Elabore uma pesquisa sobre a história da descoberta da radioatividade.
2. Construa cartazes para divulgação dos trabalhos desenvolvidos.

APSA C-1.2: Radiação ionizante

Questão-problema: Como se utiliza a radiação ionizante na Medicina, na Arqueologia e na Indústria?


Objetivos: Elaboração de uma pesquisa sobre as aplicações da radiação ionizante na Medicina, na
Arqueologia e na Indústria.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
1. Elabore uma pesquisa sobre as aplicações da radiação ionizante na Medicina, na Arqueologia e na
Indústria.
2. Sistematize os resultados num relatório.

Origem e Utilização da Radioatividade | 171


APSA C-1.3: Energia nuclear

Questão-problema: Quais as vantagens e desvantagens das aplicações da energia nuclear?


Objetivos: Elaboração de uma pesquisa sobre as vantagens e desvantagens da energia nuclear.

Recursos:
• Manuais
• Computador com acesso à Internet

Procedimento:
1. Elabore uma pesquisa sobre as vantagens e desvantagens das aplicações da energia nuclear.
2. Construa cartazes para divulgação dos trabalhos desenvolvidos.

Resumo

• Um nuclido instável decai noutros nuclidos estáveis, emitindo radiações α, β ou γ.


• A Lei do Decaimento Radioativo é dada pela expressão: N = N₀ e ⁻λt.
• O tempo de meia vida ou período de semidesintegração é o tempo que decorre até que o número de
núcleos radioativos se reduza a metade do valor inicial.
• A atividade de uma amostra radioativa é o número de decaimentos por unidade de tempo.
• A dose de radiação absorvida, D, é a energia transferida pela radiação por unidade de massa do material
irradiado.
• A dose-equivalente biológica, H, é dada por H = Q D.

172 | Radiação Nuclear: Riscos e Benefícios na Sociedade


Questões para resolver

1. O núcleo do átomo emite uma partícula α, originando um núcleo do elemento X; que por sua vez,
emite uma partícula β⁻, originando um núcleo do elemento Y.
Determine o número atómico e o número de massa das partículas X e Y.

2. O oxigénio radioativo tem um tempo de meia vida de 2,1 minutos.


Determine:
2.1. A constante de decaimento radioativo, λ.
2.2. Quantos átomos radioativos existem numa amostra com uma atividade de 4,8 × 10⁵ Bq.
2.3. O tempo necessário para que a atividade se reduza de um fator de 8.

3. Um certo elemento radiotivo tem um tempo de meia vida de 20 dias. Calcule:


3.1. O tempo necessário para que ¾ dos átomos inicialmente presentes se desintegrem.
3.2. A constante de desintegração e o período de decaimento.

4. Uma amostra de ¹²⁸I contém 2,0 × 10¹⁰ átomos radioativos. Sendo o tempo de meia vida desse isótopo
de 25 minutos, calcule o número de átomos que decaem por segundo.

5. O radão é um gás de origem natural, cujos átomos se desintegram originando outros elementos
também radioativos causando todos eles exposição do Homem às radiações ionizantes. Todos os seus
isótopos têm tempos de meia vida extremamente curtos e emitem radiação α, transformando-se em
polónio. Sabendo que o tempo de meia vida do polónio-218 é de 3 minutos, determine a massa de
polónio necessária para a fonte radioativa ter uma atividade de 1 GBq.

6. Um grupo de investigadores pretende determinar a época de uma embarcação encontrada ao largo de


Díli, através da análise de um pedaço de madeira. A atividade devida ao é de 12,8 desintegrações por
segundo por grama de material. Sabendo que o período de decaimento do carbono-14 é de 5730 anos e a
madeira nova do mesmo tipo tem uma atividade de é de 13,5 desintegrações por segundo por grama,
determine em que época foi usada a madeira.

Origem e Utilização da Radioatividade | 173


Glossário

Alternador – Gerador de corrente alternada. Espetrómetro de massa – Instrumento que permite


Amostragem – Coleta de amostras de um sinal, num separar partículas carregadas, com base na relação
determinado momento. carga/massa.

Associação em paralelo – Ligação de componentes Força contraeletromotriz de um recetor – Energia que


elétricos que ficam sujeitos à mesma diferença de um recetor recebe e transforma noutras formas de
potencial. energia, por unidade de carga que o atravessa.

Associação em série – Ligação de componentes Força electromotriz de um gerador – Energia que um


elétricos que ficam sujeitos à mesma corrente. gerador consegue transferir para as cargas elétricas do
circuito, por unidade de carga que o atravessa.
Bit – Digito binário, do inglês BInary digiT.
Fusível – Dispositivo que corta a passagem de corrente
Campo conservativo – Campo onde o trabalho
por fusão.
realizado não depende da trajetória seguida.
Gerador – Dispositivo capaz de manter entre os seus
Condutores óhmicos – Condutores cuja resistência
terminais uma diferença de potencial.
elétrica tem sempre o mesmo valor qualquer que seja
o circuito elétrico onde estão instalados, isto é, não Intensidade da corrente – Grandeza física que
dependem da intensidade da corrente ou da diferença representa a quantidade de carga elétrica, que
de potencial. atravessa a secção reta de um material, por unidade
de tempo.
Corrente alternada – Corrente variável no tempo,
sinusoidalmente. Linha de campo – Linha que permite caracterizar o
campo.
Corrente contínua – Corrente constante no tempo.
Levitação magnética – Processo com o qual se
Corrente elétrica – Movimento orientado de partículas
consegue manter um corpo suspenso numa posição
portadoras de carga elétrica.
estável, mediante o uso de força magnética, sem
Corrente induzida – Corrente resultante da variação
contacto com o corpo.
do fluxo magnético.
Modulação – Processo no qual um sinal, normalmente
Curto-circuito – Ramo do circuito com resistência nula.
de baixa frequência, é transformado, para depois ser
Dipolo elétrico – Conjunto de uma carga positiva e
transmitido a muito mais alta frequência, por ação de
uma carga negativa, iguais em módulo, separadas por
uma onda portadora.
uma certa distância.
Modulação em amplitude – Tipo de modulação em que
Efeito das pontas – Propriedade do campo elétrico,
a informação está na amplitude do sinal modulado.
que é mais intenso junto a extremidades pontiagudas.
Modulação em frequência – Tipo de modulação
Eletrização – Processo que permite a um corpo, ou
em que a informação está na frequência do sinal
parte dele, adquirir cargas elétricas.
modulado.
Energia de ligação nuclear – Energia libertada quando
Nuclido – Espécie atómica constituída por átomos
um núcleo se forma a partir dos seus constituintes ou
cujos núcleos têm exatamente a mesma constituição,
energia fornecida para desagregar um núcleo nas suas
isto é, têm o mesmo número de protões e de neutrões.
partículas constituintes.
Número atómico – Número de protões existentes no
Erro de quantificação – Erro resultante do
núcleo de um átomo.
arredondamento para um determinado nível.

174
Número de massa – Número de partículas do núcleo
de um átomo.
Portadora – Sinal de alta frequência que é modulado
para conter a informação do sinal a transmitir.
Potência elétrica – Energia elétrica por unidade de
tempo.
Potência dum gerador – Soma da potência útil do
gerador mais potência dissipada no gerador.
Radioatividade – Fenómeno que ocorre quando
um núcleo não estável se transforma noutro, mais
estável, por emissão de partículas ou de radiação
eletromagnética.
Reóstato – Resistência variável.
Resistividade – Propriedade elétrica intrínseca de um
material, a partir do qual se pode calcular a resistência.
Resistência equivalente – Resistência única que pode
substituir uma associação de resistências.
Solenóide – Conjunto de espiras paralelas que, quando
percorridas por uma corrente, criam um campo
magnético uniforme no seu interior.
Sinal analógico – Sinal que tem uma variação contínua
com o tempo.
Sinal digital – Sinal discreto no tempo.
Superfície equipotencial – Lugar geométrico dos
pontos que estão ao mesmo potencial.
Tensão elétrica – Unidade de grandeza escalar que
determina a diferença de potencial entre dois pontos.
Transformador – Equipamento elétrico estático que,
por indução eletromagnética, transforma tensão
entre dois ou mais enrolamentos, sem mudança de
frequência.

Glossário | 175
Soluções das questões para resolver

Unidade A – Subtema 0 9.2. W = 2,25 × 10⁶ J

1.1. A – Gerador; B – Interruptor; C – Lâmpada; 10.1. P = 0,18 W


D – Voltímetro; E – Amperímetro 10.2.1. W = 5,68 × 10⁶ J
1.2. O voltímetro para medir diferenças de potencial 10.2.2. W = 1,58 kW·h
e o amperímetro para medir intensidades de corrente 11.1. I = 0,18 A
1.3. No sentido anti-horário, do polo positivo para o 11.2. R = 1,21 kΩ
negativo do gerador
11.3.1. W = 15,6 × 10⁶ J
2.1. A, B e C
11.3.2. W = 4,3 kW·h
2.2. B e C
12.1. Fonte de alimentação, díodo, resistência,
3.1. No A estão em paralelo e no B em série condensador
3.2. 12.2. I = 1,0 mA
(A) (B)
12.3. I = 0,0 mA, porque o díodo está inversamente
polarizado
L₁
L₁ L₂
K₁ K₂
K₁ K₂

Unidade A – Subtema 1
L₂
1. R = 3 Ω
3.3. No A brilham mais porque a corrente que passa
2.1. I = 0,080 A
nas lâmpadas é maior
2.2. I = 0,16 A
4. A – Fonte de alimentação; B – Amperímetro;
3. U = 19 V
C – Interruptor; D – Lâmpada; E - Voltímetro
4.1. r = 1,3 Ω
5. A) X = 5 A; B) X = 8 A, Y = 15 A; C) X = 4 V; D) X = 12 V,
Y = 12 V; E) X = 15 V; F) X = 3,5 A 4.2. R = 29 Ω

6.1. R = 0,7 Ω 4.3. Pd = 2,6 W

6.2. Linha a. O seu declive é maior do que o dos 5.1. I = 0,12 A

condutores representados e vale R = U/I 5.2. Pd = 0,72 W

6.3. Para um mesmo comprimento, uma secção 6.1. R = 48,4 Ω


maior significa menor resistência, ou seja menor 6.2. I = 4,54 A
declive da linha que o representa. Assim será o 6.3. 3 aquecedores
representado por B
7.1. Req = 4,5 Ω
7.1. R = 0,22 Ω
7.2. I = 2,0 A
7.2. V = 1,3 V
7.3. Pu = 216 W
8.1. A e D porque só nestes o gráfico I = f(U) é linear
7.4. Se a resistência diminui, diminui a resistência
8.2. R = U/I = 2,0 Ω total do circuito, e consequentemente a intensidade
8.3. I = 1,7 A da corrente aumenta e a d.d.p. nos terminais do
9.1. P = 7,5 kW gerador diminui

176
8.1. ε' = 6,7 V Unidade B – Subtema 0
8.2. U₁ = 8,8 V; U₂ = 6,8 V; U₃ = 2,0 V 1. Deve ter o dobro da velocidade, uma vez que
9.1. ε = 4,5 V
9.2. r = 3,8 Ω 2.1. O campo magnético deve ser perpendicular à
9.3. R = 7,5 Ω folha e dirigido para lá desta
2.2. Y tem carga nula e Z carga positiva
3. E = 150 V/m
Unidade A – Subtema 2
4. No segmento OB, usando a regra do saca-rolhas ou
1. C da mão direita
2. x = 0,10 m 5.1. A massa do protão é maior que a massa do
3. E₂ eletrão. Por isso, o raio maior é descrito pelo protão,
4. C dado que . Logo, a trajetória 1 é a do protão e
5.1. VC = 10 V a trajetória 2 do eletrão
5.2. EB = 80 N/C 5.2. Para lá do papel
6.1. VA > VB, pois aponta no sentido dos potenciais 6.1. O eletrão passa a descrever uma trajetória
decrescentes parabólica com sentido contrário ao campo, pois a
6.2. W = 4,8 × 10⁻⁴ J força resultante é a força elétrica e como a carga é
→ →
negativa, então F e tem sentido oposto a E
7.1. Parabólica na direcção da placa B
6.2. O eletrão passa a descrever uma trajetória circular
7.2. VA – VB = 1 × 10² V
no plano perpendicular ao plano do papel, pois a
7.3. VO – VB = 50 V
força resultante é a força magnética, que é para cá do
8. e)
plano do papel
9. d = 6,0 m e Q = −2,0 × 10⁻⁶ C
7.1. E = 4,2 × 10⁴ V·m⁻¹, com direção vertical, sentido
10.1. d = 0,050 m de baixo para cima
10.2. t = 1,87 × 10⁻⁷ s →
7.2.1. B tem direção perpendicular ao plano do
11. b) papel e sentido para cá

12. T = 20 N 7.2.2. PQ = 0,10 m
13. A – V; B – V; C – V; D – V; E – V; F – F 8. A afirmação I é falsa pelo facto de a carga elétrica
14. b) nem sempre sofrer ação de uma força magnética. Para
uma carga elétrica lançada paralelamente às linhas de
15.1. Fe = 1,6 × 10⁻¹⁵ N; Direção do eixo yy e sentido
campo, a força magnética é nula. O mesmo acontece
positivo do eixo yy
para uma carga em repouso
15.2. t = 1,0 × 10-9 s
A afirmação II é verdadeira, pois cargas elétricas
15.3. Δy = 8,8 × 10-4 m
em campos elétricos sofrem sempre a ação de uma
15.4. vX = 1,0 × 107 m/s e vy = 1,8 × 106 m/s
força elétrica
A afirmação III é verdadeira, pois a força magnética é
sempre perpendicular à velocidade da carga

Soluções das questões para resolver | 177


9. v = 4,69 × 10⁶ m/s
9.2.
10. v = 1 × 10⁶ m/s
10.1. ε = 2B0d para t < d/2 e ε = 0 para para t ≥ d/2
11. Re = 34,16 × 10⁻⁵ m e Rp = 6,26 × 10⁻¹ m
10.2. No sentido horário

10.3. para t < d/2 e I = 0 para para t ≥ d/2


I
Unidade B – Subtema 1
1. Φ = 2,4 × 10⁻³ Wb
2. A, B, D
3.1. A função do campo magnético é a de alterar a 0 t
direção da velocidade dos protões que, sendo cargas
elétricas com uma determinada velocidade, ficam 10.4. ε = B0dat para t < e ε = 0 para para t ≥
sujeitas a uma força magnética
3.2. Sobre o protão com movimento no sentido horário
é aplicado um campo magnético perpendicular ao
Unidade B – Subtema 2
plano da órbita com o sentido do plano da página para 1. C
o observador. O sentido para o protão com movimento 2.1. A – modulação em frequência; B – modulação em
anti-horário é do observador para o plano da página amplitude
4.1. Φ = 0 Wb, Φ = 1,57 × 10⁻⁴ Wb e Φ = 7,85 × 10⁻⁴ Wb, 2.2. É o mesmo sinal, que foi modulado de forma
respetivamente diferente
4.2. ε = 16 mV, em ambas as situações
5.1. ε = 50 V e ε = 0 V, respetivamente
5.2. P = 125 W 2.3. As vantagens da modulação em frequência devem-
se ao facto de não sofrerem tantas interferências
6.1.
associadas às condições atmosféricas, dado que a
informação está na frequência e não na amplitude

6.2. Δt = 0,049 s 3. A – Onda portadora; B – Onda modulada em


amplitude; C – Sinal a transmitir; D – Onda modulada
6.3.1. θ = 30°
em frequência
6.3.2. B
4. λ₈₇MHz = 3,45 m e λ₁₀₈MHz = 2,78 m
7.1. O fluxo, que é para cá da folha, está a diminuir.
5.1. 5
Para contrariar essa diminuição é necessário que a
corrente induzida seja no sentido anti-horário 5.2. 23

7.2. ε = 1,2 V 5.3. 14

8.1. A 6.1. 100001

8.2. C 6.2. 110110

9.1. As linhas de força do campo devem ser 6.3. 1001101

perpendiculares ao plano da espira

178 | Soluções das questões para resolver


Unidade C - Subtema 0
1. 38 protões e 52 neutrões
2. ;
3. : 92 protões e 143 neutrões
: 38 protões e 56 neutrões
: 54 protões e 85 neutrões
4.1. Δm = 3,52 × 10⁻²⁸ kg
4.2. ΔE = 3,17 × 10⁻¹¹ J
5. ΔE/ nucleão = 4,536 × 10⁻¹³ J/nucleão

Unidade C – Subtema 1
1. X tem número atómico 90 e tem número de
massa 234
Y tem número atómico 91 e tem número de massa 234
2.1. λ = 5,5 × 10⁻³ s⁻¹
2.2. N = 8,7 × 10⁷ átomos
2.3. t = 6,3 min
3.1. t = 40 dias
3.2. τ = 28,9 dias e λ = 3,46 × 10⁻² dia⁻¹
4. 9,2 × 10⁶ átomos
5. m = 9,41 × 10⁻¹⁴ kg.
6. t = 440 anos, logo a madeira usada na construção é
de cerca de meados do século XVI

Soluções das questões para resolver | 179


Tabela periódica dos elementos químicos

180
Cooperação entre:
Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - InsƟtuto da Cooperação e da Língua |
Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro

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