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Vikings: Uma Subestimada Sociedade (EXCERTO)

por Jean Oliveira.

Disponível em: http://www.saberatualizado.com.br/2017/08/a-descoberta-de-mais-uma-


fortaleza.html

SOCIEDADE

As regiões ocupadas pelos Vikings eram divididas em vários reinos


independentes, os quais eram baseados em comunidades onde cada grupo conhecia seu
papel e responsabilidades. A estrutura social dessas comunidades eram regidas por uma
série de leis, sistema econômico e por um conjunto de crenças e valores.

A sociedade Viking propriamente dita era composta por três principais classes, em
um arranjo piramidal de poder:

1. Jarls: Ocupando o topo da pirâmide, os Jarls eram os líderes e os membros mais ricos
da comunidade. Suas fortunas vinham de herança (terras) ou como recompensa em
batalhas vencidas. O título ´Konungr´ (Rei) era dado ao jarl que era o chefe de uma
comunidade e o seu poder variava dentro dos domínios Vikings: enquanto alguns reis
controlavam pequenas ou grandes extensões territoriais, outros governavam mais
pessoas do que limites específicos de terra. Mas todos os reis dependiam do suporte dos
outros jarls e do resto da comunidade.

2. Karls: Ocupando o meio da pirâmide, encontramos a maioria da comunidade Viking. Os


Karls detinham um amplo espectro de riquezas, sendo representados por fazendeiros,
mercadores, caçadores, pescadores, construtores de navios, fabricantes de tecidos,
ferreiros, entre outras ocupações. Alguns Vikings pertenciam a uma classe especial de
guerreiros profissionais, apesar de que a maior parte que participava das invasões era
constituída de karls, seja para se aventurarem seja para acumularem riquezas.

3. Thralls: Aqui, na parte inferior da pirâmide, temos os escravos. Possuindo poucos


direitos, os thralls não podiam ter terras e eram representados, principalmente, ou por
inimigos capturados ou por indivíduos que não conseguiram pagar suas dívidas.
Geralmente, os Vikings tratavam bem seus escravos, porém, um thrall que quebrasse
alguma regra dentro da comunidade podia ser espancado, mutilado ou mesmo morto.
Além disso, um mestre que matava seu escravo por motivos diversos não era punido.

MULHERES VIKINGS

As mulheres Vikings eram muito independentes, especialmente porque ficavam


responsáveis por tudo na propriedade familiar quando seus parceiros saíam em
campanhas de invasão ou para comercializar. Atividades nesse período incluíam tomar
conta das plantações e criações de animais, supervisionar os escravos, fazer o corte de
animais, entre várias outras. Além disso, as mulheres podiam escolher seus maridos,
decidir pelo divórcio ou mesmo comprar terras. Toda essa autonomia era algo bastante
peculiar quando comparamos com outras sociedades na Europa. De qualquer forma, no
geral, é sugerido que o papel da mulher na sociedade Viking, com a presença ou não do
marido, era focado na criação dos filhos e na administração da casa.

Já mencionando as crianças, estas não iam para escolas, e, sim, ajudavam em


casa e nas atividades de plantio e criação de animais (esses dois últimos no caso dos
filhos homens). A história Viking, assim como as leis e a religião, era passada para os
mais jovens de forma oral.

Existe também o duradouro debate sobre a atuação das mulheres Vikings nas
guerras. É fato de que, já no início da Idade Média, existiam narrativas em poesias e
retratos em artes sobre poderosas mulheres Vikings lutando junto com os homens. Apesar
disso, em geral, a atuação de mulheres Vikings nas guerras sempre foi considerada como
fruto de um fenômeno Mitológico, fomentado pelo culto às Valquírias. Só que esse
pensamento mudou radicalmente com um novo estudo publicado recentemente na
American Journal of Physical Anthropology (Ref.22).

Pesquisadores, ao analisarem geneticamente os restos de esqueleto de um


indivíduo de 30 anos de idade enterrado em um túmulo de guerreiro bem adornado com
artefatos de batalha, em um local da Era Viking na cidade de Birka, Suécia, confirmaram
que se tratava de uma mulher (não foi encontrado o cromossomo Y). Antes dessa
confirmação, existia dúvidas quanto ao sexo do guerreiro já desde a década de 1970 -
onde análises preliminares tinham sugerido o sexo feminino -, sendo controverso, em
termos históricos e arqueológicos, a possibilidade de que fosse uma mulher. Além disso, o
túmulo mostrava claramente que se tratava de uma oficial de guerra de alta patente, algo
antes considerado ainda mais improvável para uma mulher Viking por grande parte do
meio acadêmico.
Apesar de algumas mulheres Vikings já terem sido descobertas enterradas com armas, e
estudos fortemente sugerirem que existiam de fato guerreiras na sociedade Vikings
(embora em pequeno número) (Ref.23), uma guerreira dessa importância nunca tinha
sido antes determinada, fato este o grande motivo para muitos acadêmicos terem sempre
sido relutantes em conceberem a atuação de mulheres nas guerras dos povos nórdicos
medievais.

Essa descoberta, além de abrir uma nova visão para a sociedade Viking, também
chama a atenção para que historiadores e arqueólogos tomem cuidado com
generalizações referentes à ordens sociais em sociedades antigas.

LEIS

Todos na sociedade Viking seguiam estritas leis que guiavam seus comportamentos
dentro das comunidades, onde cada uma destas possuía uma assembleia conhecida
como ´thing´ (uma espécie de parlamento e corte combinados). Anualmente, todos os
Vikings - exceto os escravos e exilados - atendiam a essas assembleias para resolverem
problemas e disputas. E como a maior parte dos Vikings não sabiam ler nem escrever até
o século XII, suas leis eram transmitidas e consultadas oralmente, existindo até mesmo
um indivíduo em específico cuja função era memorizar essas leis e preservá-las para
futuras consultas. Dentro das things, esses oradores recitavam em alto e bom som as leis.

Todos os Vikings respeitavam as leis, já que a honra e reputação de cada indivíduo


eram tratadas como algo sagrado (além das punições serem pesadas também). Bem, e
além das things, existiam outro meios de resolver disputas, onde podemos citar:

- Feuds: Se um homem era morto, sua família podia se sentir no direito de vingá-lo (sendo
que isso podia levar a intermináveis ciclos de vingança).

- Duels: Algumas disputas podiam ser acertadas em duelos. Quem vencia (geralmente
quando o primeiro sangue tocava o solo) estava com a razão, já que os Deuses
privilegiavam o homem certo.
- Fines: Em disputas, a parte ofensora ou criminosa podia pagar uma multa para
compensar seus danos, algo que deveria ser feito em público e na presença de
testemunhas.

- Outlaw: Em casos de graves crimes, uma pessoa podia ser exilada, perdendo todos os
seus direitos e obrigada a viver em ambiente selvagem, longe da comunidade. Os
exilados podiam ser mortos por qualquer um, sem que o ato resultasse em penalidades.

ECONOMIA

No início da Era Viking, a economia era baseada principalmente na agricultura.


Porém, à medida que as sociedades começaram a crescer mais e mais, as terras
começaram a ficar cada vez mais disputadas, fazendo com que as atividades
relacionadas ao plantio e criação de animais não mais suportassem todos. Assim,
surgiram mercadores que viajam pelos mares e rios, negociando sapatos e bolsas de
couro, peixes defumados, âmbar cinza (Perfume vomitado por baleias!), peles, esculturas
cravadas em ossos (baleias e morsas), jóias e escravos. Essas mercadorias eram
trocadas por bens de valores diversos, como trigo, ferro, vinho, especiarias, sedas, armas
e artefatos de vidro.

Três moedas de prata Vikings datando do início do século IX, encontradas na Suécia e
possivelmente feitas em Hedeby, na Dinamarca; repare que duas delas mostram figuras
de barcos longos Vikings

No começo, o comércio era feito no sistema de escambo, ou seja, na troca de


produtos de valores similares. Mais tarde, as moedas entraram como meio de compra,
sendo que evidências arqueológicas mais recentes indicam que o comércio Viking com
moedas se estendeu à regiões tão distantes quanto a Rússia e o centro asiático. Aliás,
recentemente foi descoberto fragmentos de tecidos e até mesmo uma anel com
caracteres do Islã - inclusive a palavra Allah (Deus) gravada - dentro de túmulos Vikings
dos séculos IX-X, mostrando claramente o grande contato entre os muçulmanos com os
povos escandinavos nessa época.
CULTURA

Além de serem exímios construtores de embarcações, os Vikings possuíam


músicos, poetas e artesãos de alta qualidade, com esses últimos produzindo belas joias
de ouro e prata, além de fascinantes objetos de decoração diversos, os quais geralmente
carregavam símbolos da sua religião e mitologia.
Praticamente todos os Vikings, até o final do século IX, adoravam vários deuses,
estes os quais eram tidos como responsáveis por diferentes dinâmicas e aspectos do
cotidiano. Existiam deuses para as colheitas, amor, família, fertilidade e para a guerra, e
acredita-se que era costume oferecer oferendas a essas divindades que incluíam
sacrifícios animais e humanos. As histórias tradicionais sobre esses deuses, gigantes e
monstros são conhecidas como a Mitologia Nórdica (ou Viking). Existem evidências de
que os Deuses Nórdicos eram adorados ainda na Idade do Ferro, no mínimo 300 anos
antes do começo do período Viking. Acredita-se que a inspiração para esses Deuses veio
da região do Mediterrâneo, já que existem várias similaridades entre eles e os Deuses
Romanos.

Odin, o Deus da Morte, Guerra e Sabedoria

A casa dos Deuses Nórdicos era Asgard, a qual era repleta de salões e palácios.
O mais esplêndido salão era Valhalla, onde ficavam os bravos e habilidosos guerreiros.
Esses respeitáveis guerreiros eram tragos para Asgard pelas Valquírias, as quais eram
lindas mulheres guerreiras que cavalgavam cavalos voadores. As famosas Auroras
Boreais (resultantes da interação do campo magnético da Terra com os ventos solares,
produzindo coloridos rastros luminosos no céu) eram vistas pelos Vikings como um sinal
de que as Valquírias estavam cavalgando pelos céus. Em Valhalla, os guerreiros
treinavam para o Ragnarok, a batalha final que iria destruir o Cosmo. De dia, esses
guerreiros lutavam e treinavam entre si, destruindo seus corpos com os golpes de
machados e espadas. À noite, seus corpos eram curados e eles bebiam e festejavam com
Odin (o chefe dos Deuses e, junto com os seus dois irmãos, criador dos nove mundos no
Universo).
Em torno do ano de 1000 d.C., os Vikings começaram a se acomodar em várias das
regiões onde tinham invadido, e a maior parte deles começaram a parar de adorar os
Deuses Nórdicos e passaram a adotar o Cristianismo. O abandono da religião pagã foi um
processo que ocorreu de modo diferente entre os reinos escandinavos e a Islândia: na
Noruega, na Suécia e na Dinamarca, ao contrário da Islândia - onde a conversão ocorreu
de forma pacífica, permitindo o culto doméstico aos deuses pagãos no início sem punição
-, esse processo foi imposto por seus respectivos monarcas, alguns dos quais usaram de
violência para tal. Quem teve grande papel de importância na conversão dos Vikings para
o Cristianismo foi o Rei da Noruega Olaf Tryggvason, entre os anos de 995 e 1000,
usando métodos brutais de conversão em muitos casos - destruindo templos pagãos e
matando aqueles que resistiam. Aliás, Leif Erikson foi um dos convertidos por Olaf. No
geral, esses processos de conversão originaram-se principalmente de considerações
políticas, não apenas religiosas.
CONVERSÃO DA ISLÂNDIA
De acordo com um recente estudo publicado no periódico Climate Change
(Ref.35), as memórias transmitidas da maior erupção vulcânica ocorrida na Islândia - logo
após a ocupação da região pelos Nórdicos e Celtas - foram usadas via um poema
apocalíptico para favorecer a conversão da ilha para o Cristianismo entre os séculos X e
XI.
Com a ajuda de análises do núcleo de grandes camadas de gelo e dos anéis de
árvores antigas, pesquisadores da Universidade de Cambridge, Reino Unido, e da
Universidade de Genebra, Suíça, conseguiram datar com grande exatidão e
confiabilidade a massiva erupção do vulcão Katla conhecida como 'Eldgjá' (na verdade,
um gigantesco fluxo de lava, um tipo raro e prolongado de erupção vulcânica na qual uma
enorme quantidade de lava engole a paisagem e é acompanhado por um nevoeiro de
gases sulfurosos): início no verão de 939 até, no mínimo, o outono de 940. Com isso, os
pesquisadores encontraram que o mais celebrado poema Voluspá do período medieval da
Islândia - o qual descreve o fim dos deuses pagãos e a chegada de um novo e único deus
- faz menção em detalhes da erupção e usa suas memórias para estimular o
enraizamento do Cristianismo da ilha.
O mais massivo fluxo de lava do Eldgjá ('garganta de fogo') ocorreu ao longo de
uma fissura de 75 km de extensão associada ao vulcão Katla - o qual encontra-se sob a
capa de gelo Mýrdalsjökull - e afetou profundamente a parte sul da Islândia dentro de um
século de ocupação da ilha pelos Vikings e pelos Celtas ao redor do ano de 874. Estima-
se que 19,6 quilômetros cúbicos de lava foram derramados, algo suficiente para cobrir
toda a Inglaterra até o tornozelo.
As consequências dessa grande erupção está relatada em vários textos antigos, e
são corroboradas pelas análises dos núcleos de gelo e anéis de árvores antigas. Primeiro,
um nevoeiro de partículas sulfurosas se espalhou ao longo da Europa, tornando a visão
do Sol mais avermelhada e enfraquecida de acordo com descrições em crônicas
Irlandesas, Germânicas e Italianas do mesmo período. O segundo efeito, de maior
impacto, foi a mudança climática disparada pela erupção, com a enorme camada de
partículas lançadas na atmosfera diminuindo a quantidade de luz solar alcançando a
superfície e levando a um significativo resfriamento em diversas partes do mundo,
trazendo as mais baixas temperaturas registradas nos últimos 1500 anos. Em 940, as
temperaturas no verão caíram uma média de 2°C na Europa Central, na Escandinávia,
em partes do Canadá, Alasca e Ásia Central.
De acordo com as crônicas medievais, as pessoas sofreram muito após a atividade
colossal do Eldgjá. Do Norte da Europa até o Norte da China, pessoas experienciaram
longos e duros invernos, e grandes secas no verão-primavera. Doenças e grandes
mortalidades nos rebanhos se espalharam rapidamente, e a fome era vista em várias
regiões, deflagrando grandes taxas de mortalidade humana em partes da Alemanha,
Iraque e China. Na Islândia, os impactos devem ter sido mais do que severos, e o
celebrado poema medieval Voluspá ('A profecia da profeta') parece dar a impressão dos
efeitos da erupção na ilha, retratando os efeitos climáticos associados.
O texto na Voluspá, o qual deve ter sido escrito em torno do ano de 961, prediz o fim
dos deuses pagãos e a vinda de um novo e singular deus; em outras palavras, a
conversão da Islândia para o Cristianismo, este o qual fincou de vez sua raiz na região na
virada do século XI (kristnitaka) - a partir, provavelmente, de uma parte da população
Celta já Cristã desde o início de ocupação da ilha. Nele, é descrito como o deus pagão
Odin traz de volta à vida uma profeta, a qual manifesta a visão de que o panteão dos
antigos deuses estava chegando ao fim, um momento que seria marcado por uma série
de eventos, incluindo um onde o Sol seria engolido por um monstruoso lobo.
Nesse sentido, essa imagem apocalíptica traga pelo poema vem para marcar o
furioso fim do mundo dos antigos deuses, usando as memórias do evento vulcânico para
assustar as pessoas e facilitar a aceitação das novas mudanças culturais e religiosas
sendo impostas.
Aliás, na saga Kristni ('a história da conversão'), escrita no século XIII, um dos
eventos chaves para esse processo foi a chegada repentina de um homem reportando
que a lava de uma erupção vulcânica estava ameaçando a terra de um dos líderes da
ilha, Þóroddr of Ölfus, o qual estava evidentemente no lado Cristão. Quando os pagãos
afirmaram que isso era uma resposta de descontentamento dos deuses, um outro
poderoso líder apontou para a dramática paisagem de Pngvellir no lado pagão e
perguntou: "Do que os deuses estavam furiosos quando a lava na qual estamos apoiado
aqui e agora estava queimando?". Isso indica claramente que os eventos de conversão
ocorreram com a ajuda das erupções vulcânicas na Islândia, com os 'fogos'vulcânicos
possivelmente sendo associados com as torturas do Inferno no Cristianismo.

INVASÕES VIKINGS

De acordo com as Crônicas Anglo-Saxônicas, o ano de 787 d.C. marcou o primeiro


ataque Viking na Inglaterra. Três embarcações conduzidas por Vikings partindo da região
hoje da Dinamarca, aportaram no sul do país. Quando um oficial foi abordá-los, achando
que se tratava de comerciantes, os Vikings o mataram. Já no ano de 793 d.C., o
monastério na ilha sagrada de Lindisfarne, na costa inglesa, foi atacado, e esse período
marcava o início de regulares ataques nas costas britânicas e irlandesas pelos Vikings,
todos concentrados em monastérios onde ricas reservas de ouro e prata eram
encontradas.

Essas invasões também começaram a atingir os territórios da França, Espanha e


Itália, instaurando terror por toda a Europa. Mas nem sempre os Vikings se davam bem,
onde em 844, em Cordoba, na Espanha, um governante de lá conseguiu capturar
centenas dos agressores, enforcando-os pouco tempo depois. Porém, esses incidentes
não amedrontavam os Vikings, e suas invasões se estenderam para a Escócia, Gales, e
continuaram cada vez mais fundo na Europa, atingindo até mesmo a Ásia Central, através
de cursos fluviais.
Os guerreiros Vikings lutavam a pé, vestindo malhas de metal sobre ´jaquetas´ de
couro. Cada um deles geralmente tinha uma espada, a qual era bastante valorizada e
passada de pai para filho, sendo que as mesmas geralmente recebiam nomes. Porém,
como eram armas custosas, acabavam sendo mais usadas pela elite, enquanto o resto
dos guerreiros na população normalmente preferiam machados e lanças, os quais eram
mais em conta. E, junto com a espada, uma das armas favoritas era o machado de
batalha, o qual desferia pesados danos com sua grande e curvada lâmina e longo cabo
de pegada. Os Vikings também usavam arcos e flechas, e escudos circulares feitos com
peças de madeira ligadas por barras de ferro.

Os guerreiros Vikings mais temidos e violentos eram os berserkers, estes os quais


possuíam tal enorme bravura que pareciam estar na pele de ursos ou lobos (a palavra
´berserker´ significa ´casaco/pele de urso´, mas pode também somente fazer referência a
um estilo de combate praticado pelos Vikings, baseado em pura selvageria). Os
berserkers acreditavam que eram fortemente protegidos por Odin, e iam para as batalhas
sem medo da morte ou lesões - inclusive registros de monges na época diziam que esses
guerreiros nem mesmo sentiam dor das feridas. Antes de uma batalha, os berserkers
acionavam uma fúria louca e iam com tudo para a morte ou para a vitória. A existência
dos berserkers é confirmada em obras artísticas e histórias contadas em sagas.
Os Vikings também contavam com uma grande vantagem: suas famosas,
sofisticadas e temidas longas embarcações. Longas, velozes e finas, essas embarcações
mediam mais de 37 metros de comprimento e podiam carregar até 100 guerreiros. Como
eram leves, os Vikings podiam levá-las até bem próximo das costas e até carregá-las por
longas distâncias por terra. Isso permitia uma alta flexibilidade e surpresa nos ataques -
além de facilitar enormemente retiradas estratégicas. Por serem capazes de navegar
tranquilamente em águas rasas, podiam também ser usadas com grande eficiência em
rios.
Aqui, temos o Gokstad, o qual media 23 metros de comprimento, e era grande
suficiente para carregar 32 remadores

As grandes velas quadradas eram feitas com pedaços de tecidos de lã ou pano de


linho, normalmente sendo tingidas de um vermelho-sangue e tratadas com gordura animal
para fazê-las mais resistentes à água. Junto com as cabeças de dragões nas
extremidades dessas embarcações, as velas vermelho-sangue causavam grande temor
nos inimigos. Os Vikings também acreditavam que as cabeças de dragões serviam para
afastar os espíritos malignos e monstros no mar.
GATILHO PARA AS INVASÕES

Os historiadores ainda debatem bastante sobre os motivos que levaram os


Vikings a se tornarem violentos saqueadores no final do século VIII. Entre as hipóteses,
temos:
- Necessidade: Comunidades Vikings localizadas em áreas pouco produtivas e muito frias
talvez tenham visto nas invasões uma forma de salvarem seu povo da fome, à medida
que testemunhavam o crescimento populacional cada vez maior.

- Conhecimento de outros territórios: Mercadores que viajavam longas distâncias podem


ter começado a dar reportes sobre novos territórios descobertos e suas abundantes
riquezas. Isso pode ter fomentado a cobiça dos Vikings, especialmente em áreas
estrangeiras onde os governos estavam enfraquecidos.

- Avanço militar: No século VIII, os Vikings viram suas tecnologias de guerra sendo
aprimoradas cada vez mais, incluindo suas embarcações longas, armas, armaduras e
estratégias de combate. Isso pode ter sido o incentivo e segurança que precisavam para
iniciar ataques em terras estrangeiras.

- Cobiça e glória: Alguns historiadores acreditam que as invasões Vikings poderiam ser
um meio para os jarls conseguirem riqueza fácil e aumentarem sua influência e poder.
Outros historiadores também acreditam que o desejo de aventuras e glórias pode ter sido
um componente adicional nesse sentido.
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