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CAPÍTULO - A FIGURA DO PAI: ENTRE DECLÍNIO E REORGANIZAÇÃO

Lúcia Vaz de Campos Moreira1


Elaine Pedreira Rabinovich2
Ana Barreiros de Carvalho3

1 INTRODUÇÃO

Como Roudinesco (2003) bem apontou, com a decapitação do Rei Luiz XVI,
são decapitadas as cabeças de todos os pais, pois, até então, era o poder divino,
encarnado no poder monárquico, quem sustentava o pátrio poder. O poder monárquico
guardava uma natureza divina que, além do monarca, estava representada também nos
pais. Além disto, para Foucault (2003, p. 81), “a família é uma espécie de célula onde o
poder que é exercido não é, como habitualmente, disciplinar, mas, ao contrário, é um
poder do tipo de soberania”. Portanto, durante séculos, desde o império romano, foi o
poder do soberano que sustentou, simbólica e socialmente, o pátrio poder, oriundo
ambos, em certa medida, do poder divino.
Em decorrência desta perda de poder, emergem como protagonistas os demais
figurantes deste drama: a mãe e o/a filho/a. Conforme Godelier (2004), três foram as
metamorfoses que acompanham tal emergência: a dos sexos, a da mulher e a da criança.
As mulheres conquistaram direitos e poderes que lhes permitiram não apenas
reduzir a dominação masculina, mas inverter o curso, ao controlar a possibilidade de
procriar, trazendo angústias de um mundo subvertido por suas próprias inovações
(ROUDINESCO, 2003). As crianças, igualmente, tomaram para si a coroa e se tornaram
crianças-reis, em um desvio do que seriam relações igualitárias e democráticas dentro
do âmbito familiar.
O pai, que era alguém real, e que, ao reconhecer a paternidade, tornava a criança
cidadã, passou a ser designado como “figura parental”, para após ser tornar “um
significante”, uma abstração, um símbolo de algo que deveria existir. Assim,

1
Doutora em Psicologia (USP) e professora do Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade
Contemporânea (UCSal).
2
Doutora em Psicologia Social (USP) e professora do Programa de Pós-graduação em Família na
Sociedade Contemporânea (UCSal).
3
Doutoranda em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal) e professora da Universidade Estadual
de Feira de Santana (UESF).
Roudinesco (2003) afirma que Lacan, ao retomar a concepção da lei do pai e do logos
separador – significando o primado de diferenças necessárias para haver uma
organização social e psíquica, faz da ordem simbólica uma função da linguagem
estruturante do psiquismo. Portanto, o pai, como tal, desaparece: é linguagem.
Segundo Roudinesco (2003), o termo “parentalidade” foi criado em 1970 para
definir a qualidade de pai ou sua faculdade de acessar uma função dita “parental”;
portanto, evidenciando um universo funcionalista evacuado de todo sentido do trágico,
reduzindo a família a uma empresa de planificação jurídico-comportamental. Para esta
autora, a definição de uma essência espiritual, biológica ou antropológica da família,
fundada no gênero e sexo ou nas leis de parentesco, e de uma definição existencial,
induzida pelo mito edípico, foi substituída por uma definição horizontal e múltipla,
inventada pelo individualismo moderno, e logo dissecada pelo discurso de especialistas.
Para esta autora, essa família se parece com uma tribo insólita, com uma rede
assexuada, fraterna, sem hierarquia nem autoridade, e na qual cada um se sente
autônomo ou funcionalizado.
Em Bourdieu (1993), a família pode ser vista como um constructo, uma palavra-
de-ordem, cujo principal autor é o Estado. Donde, muito do que estamos observando,
referente ao pai, pode ser dito ter sido “orquestrado” pelo poder estatal.
Desta perspectiva, os Estados assumiram a dupla autoridade enfraquecida do pai
e da mãe para que a família não afundasse. As instituições educativas, sociais, medicais
e culturais organizaram a vida privada de cada membro para fazer da família o lar
normativo de uma individualidade cidadã e democrática (ROUDINESCO, 2003).
Para Foucault (2003), isto foi realizado pela psicologização do indivíduo.
Foucault retraça aspectos desta história apontando como, com a emergência do
proletariado e de suas consequências, como filhos naturais, abandonados, infanticídios,
etc., há um reforço, nos anos 1820-1825, para a reconstituição da família como uma
célula que obedeça a um mecanismo que não é disciplinar, mas cujos mecanismos
disciplinares não poderiam funcionar se não tivessem, ao seu lado, para fixar os
indivíduos, esta célula de soberania que constitui a família. E, após isto, quando a
família não faz mais o seu papel, há o aparecimento de orfanatos/abrigos, de prisões
para jovens infratores, enfim, tudo o que faz a assistência social que tem, como função,
constituir uma espécie de tecido disciplinar que pode tanto substituir a família,
reconstituí-la ou prescindir dela. E, como substitutos disciplinares, aparecem o que
Foucault denomina função-Psy: os psiquiatras, os psicólogos, etc. Para ele, a função-Psy
é tornar o indivíduo psicológico.
Para Foucault (2003), a função-Psy se estendeu a todos os sistemas:
disciplinares: escola, exército, oficinas, etc., o que, em Roudinesco (2003, p. 243)
aparece como ante

[...] o cemitério das referências patriarcais diluídas que são o exército,


a Igreja, a nação, a pátria, o partido, a família surge como um lugar
de resistência à tribalização orgânica da sociedade mundializada. Ela
permanece, desde que consiga se manter, como um princípio
fundador, o equilíbrio entre o um e o múltiplo do qual todo sujeito
tem necessidade para construir sua identidade. A família do futuro
deve ser uma vez mais reinventada.

Assim, poderemos dizer que a “queda do império paterno” ocorreu com a queda
da monarquia divina e com a emergência do psicologismo individualista.
No entanto, a realidade, como sempre, é bem mais complexa, havendo os
inúmeros sub-grupos étnicos, sociais, econômicos, educativos, cujas diferenças não
permitem igualar o que é e permanece diverso.
Fonseca (2000), ao comentar que o processo de modernização não afetou do
mesmo modo todas as partes da população brasileira, repercutindo em homens e
mulheres de classes diferentes de modos distintos, aponta que, no caso de famílias da
classe trabalhadora, os estudos afastaram-se dos casos de abuso masculino para abordar
o desaparecimento e a exclusão dos homens. Sarti (2004) explicita como as políticas
públicas atuais no Brasil, ao enfatizar apenas as mães, excluíram o pai. Todos os
programas de assistência social estão dirigidos à mulher enquanto mãe. E é ela, de fato,
que se apresenta ante os órgãos públicos. No entanto, ao apontar o enfraquecimento da
pessoa do pai estariam, ao mesmo tempo, reforçando tal enfraquecimento. Poder-se-ia
perguntar: a quem serve um pai fraco? As mulheres têm sido acusadas de os estarem
criando, mas são, mais do que todos, as vítimas desta situação. Fonseca (2000, p. 163),
então, pergunta o que é, também, a nossa questão: será que “o estereótipo negativo dos
homens latinos, homens da classe trabalhadora em especial, não cria, simplesmente
bodes expiatórios para as desastrosas condições engendradas por políticas econômicas
incompetentes?”
A seguir serão apresentados aspectos relevantes das mudanças na paternidade,
referidos tipos de envolvimento paterno e, na sequência, sintetizados alguns estudos
desenvolvidos por Elaine Rabinovich e Lúcia Moreira, com a colaboração de outros
pesquisadores, sobre o pai em dois contextos brasileiros: Bahia e São Paulo.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Mudanças na paternidade4

Analisando-se a evolução histórica da paternidade, segundo Cabrera, Tamis-


LeMonda, Bradley e Lamb (2000), constata-se uma evolução do conceito de pai ideal
que percorreu as seguintes fases: pai colonial, provedor, moderno envolvido e,
atualmente, colaborador e parceiro.
A revolução industrial criou uma nova forma de organização do trabalho que
migrou das manufaturas residenciais para as fábricas e estabeleceu a divisão social das
tarefas entre homens e mulheres e, a partir daí, a família vem sofrendo mudanças
constantes em sua estrutura e definição de seus papéis. Para Olavarría (2001), foi a
partir desta época que o trabalho urbano se consolidou e produziu a separação entre casa
e trabalho, público e privado, atuação de mulheres e homens e do poder e do afeto. Para
ele, paralelamente começou a consolidar-se um tipo particular de família, que respondeu
às necessidades da economia: a família nuclear, com pai/patriarca como chefe de
família e a mãe doméstica e cuidadora dos filhos.
Em decorrência destas mudanças sociais, a imagem da paternidade moderna
consolidou-se com a família nuclear burguesa, caracterizada por uma rígida divisão de
papéis sexuais e pelo distanciamento entre o lar e o espaço de trabalho. Segundo
Furman e Caliter (2009), entretanto, o modelo ideal de pai tem sofrido muitas mudanças
passando de pai como modelo de educação moral e disciplinar para ser o provedor,
seguindo-se do modelo de amigo e, finalmente, mudando para ser o modelo de nutridor
e colaborador. Para os autores, pesquisas indicam mudanças no significado de ser um
bom pai.
O desejo de ter proximidade emocional com os filhos está presente em todas as
camadas sociais; entretanto, nas camadas populares predomina uma visão tradicional
dos papéis parentais. O papel de provedor exercido pelo homem é necessário, porém
insuficiente, dado que existem outras tarefas consideradas próprias de pai: educar,
4
Este tópico consiste em conteúdos da tese de doutorado de Ana Barreiros de Carvalho, que está sendo
orientada pela Profa. Dra. Lúcia Vaz de Campos Moreira e ainda encontra-se em fase de elaboração junto
ao Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal).
ajudar nas tarefas escolares, brincar, etc. Dessa forma, o pai ideal, além de responsável,
deve ser carinhoso, compreensivo e ter proximidade com o filho.
Assim, as mudanças no decorrer da história da sociedade contemporânea vêem
imprimindo um novo conceito de paternidade. Segundo Cabrera, Tamis-LeMonda,
Bradley e Lamb (2000), o século XX foi caracterizado por quatro importantes
tendências sociais que mudaram fundamentalmente o contexto sociocultural que são: (a)
a crescente participação da mulher no mercado de trabalho; (b) a ausência do pai na
vida dos filhos; (c) o envolvimento do pai nos cuidados dos filhos pequenos; e (d) a
crescente diversidade cultural. Apesar dos aspectos b e c, mencionados anteriormente,
parecerem contraditórios, observa-se paralelamente que determinados pais estão mais
ausentes da convivência cotidiana com seus filhos em decorrência de diversos fatores,
tais como: o aumento de separações e divórcios, ampliação do número de famílias
monoparentais, entre outros. Por outro lado, existe também uma parcela significativa de
pais que se encontra mais envolvida com sua prole, tanto afetivamente quanto na
realização de atividades conjuntas como passeios, brincadeiras, etc.
Na época da industrialização, o papel do pai era o de fornecer suporte
econômico à família. Então, como resultado da Grande Depressão, que deixou muitos
homens desempregados e incapazes como provedores, os cientistas sociais começaram a
descrever a imagem do pai como modelos de masculinidade. Segundo Lamb (2010),
durante todo o século XX os pais foram requisitados para o envolvimento com seus
filhos e, com as críticas feministas e dos pesquisadores sobre masculinidade e
feminilidade, emergiu, no final dos anos 70, a preocupação com o “pai nutridor” que
exercia o papel mais ativo na vida das crianças.
Contudo, para alguns autores, como Silva e Piccinini (2008), a falta de uma
definição clara do conceito de paternidade tem-se constituído um grande obstáculo para
o estudo do papel do pai. Em decorrência dos diferentes níveis e tipos de envolvimento
dos pais com suas famílias, observa-se uma variedade de papéis assumidos por eles.
Assim, para Hutter (2006), existem os seguintes tipos de paternidade no mundo
contemporâneo: (a) o pai biológico, (b) o pai judicialmente responsável, (c) o pai social
e (d) o pai psicológico. O pai biológico refere-se à origem biológica da criança: o
homem cujo esperma fertilizou o óvulo. O pai jurídico é o homem que estabeleceu a
paternidade legal, que implica em certos direitos e deveres legais dados a ele. O pai
social é o homem que divide seus dias com a criança, morando junto com ela e
respondendo pelas necessidades diárias da mesma, entretanto, não é o pai biológico,
porém, a mãe biológica da(s) criança(s) está presente, mas o pai não é biológico e nem
juridicamente responsável por ela. O pai psicológico é o homem que estabeleceu um
relacionamento próximo e recíproco com a criança, morando ou não com a mesma, mas,
em todos os eventos ela se refere a ele como pai. Assim, o termo psicológico refere-se
ao relacionamento ou ao vínculo entre a criança e o homem, e a partir daí este tipo de
pai ou paternidade poderá ser acessado com sentido de pai.
O pai social é definido mais amplamente por Cabrera et al. (1999, p.12):

O pai social é o homem que demonstra características paternas, mas o


faz ‘como pai’, ele assume as expectativas e obrigações que a
sociedade impõe para o pai, sendo relacionado biologicamente (ex:
avô, tio), unido à criança por laços conjugais (padrasto) ou
socialmente relacionado com a mãe (ex: coabitação ou amigo).

Para Cabrera et al. (1999) o conceito de pai social traduz a ideia do pai
psicológico de Hutter (2006), sendo o primeiro autor de origem americana e, o segundo,
australiano, o que talvez justifique a visão da influência da cultura na referida
conceituação, uma vez que, Hutter (2006) afirma que as mudanças sociais, advindas da
cultura capitalista ocidental, trazem-nos novos modelos diversos de família e
paternidade tais como o modelo de pai na família nuclear, na nova família social, pais
não residentes e o pai solteiro. Para ele, existem culturas que apontam para a diminuição
da paternidade e as que pregam sua intensificação. As culturas que pregam a diminuição
da paternidade a faz por meio do discurso da crescente demanda do mercado de
trabalho, das práticas familiares dos pais ausentes, ou de pais que exercem a paternidade
como uma obrigação jurídica. As culturas que falam sobre a intensificação da
paternidade a faz através do discurso da nova paternidade como o modelo de pais
colaboradores, responsáveis que exercem seu papel compartilhando com o trabalho
através de arranjos flexíveis e com um maior envolvimento com os filhos.
Assim, para Hutter (2006), existem dois tipos de paternidade: a positiva, que
engloba os modelos provedor e cuidador, e a negativa, que engloba os modelos
irresponsável, individualista e livre. Para estes pais, a paternidade encontra-se fora de
moda. O autor levanta a hipótese de que talvez a paternidade no futuro venha a
aumentar em qualidade e a reduzir-se em quantidade.
Conforme Lamb (2010), os pais desempenham distintos papéis em diferentes
subculturas e contextos e os diversos grupos trazem contradições sobre o que significa
ser um bom pai. O autor exemplifica com a noção de que o provedor pode ser de grande
importância em certos contextos (quando a criança foi concebida em um relacionamento
não duradouro), enquanto como orientação moral pode ter uma menor importância
relativa. Para outras comunidades, o suporte financeiro pode ter menor relevância,
sendo cruciais os cuidados diretos, supervisão e suporte emocional. Souza e Benetti
(2007) complementam alegando que o conceito de paternidade tem-se modificado ao
longo das épocas, refletindo as alterações no contexto socioeconômico e cultural das
sociedades.
A observação do conceito da paternidade, sob o enfoque histórico, mostra que as
características dos papéis e interações familiares sofrem transformações na sociedade
ocidental, desde o modelo patriarcal, entendido como modelo de organização familiar
centrado na figura masculina, até a multifacetada sociedade pós-moderna quando
surgem novas formas de família. Sendo que o papel que o pai exerce hoje,
particularmente nas sociedades ocidentais, é único na história da humanidade.
Analistas da contemporaneidade (BAUMAN, 2004; CASTELLS, 2010) têm
mostrado a fragilidade dos laços entre os indivíduos, a transitoriedade das posições
identitárias e as profundas mudanças ocorridas nas instituições sociais. Como pensar os
papéis de pai e de mãe neste cenário? Indicadores demográficos 5 revelam a crescente
diversidade dos arranjos familiares, mas estes dados, tomados isoladamente, não ajudam
a entender como estão se constituindo os lugares sociais de pai, mãe, filhos/as;
demonstram, sim, a pluralização das relações familiares. Portanto, há que se buscar a
forma como elas estão sendo significadas/vivenciadas.
Segundo Hennigen e Guareschi (2002, p.9):

Ser pai era considerado, até pouco tempo, algo da ordem do natural e
a ciência, assim como a crença popular, afirmava a importância do
pai para o desenvolvimento da criança; em função dessa
naturalização, estudos mais aprofundados a respeito da relação pai-
filhos/as e sobre os caminhos da paternidade para o homem não eram
empreendidos. [...] Entretanto, só a partir dos estudos sobre a mulher,
impulsionados pelo feminismo, que pesquisadores/as vão buscar
compreender melhor a masculinidade e a paternidade, que passam a
ser vistas sob outro prisma, como construções sociais. As mudanças
sócio-econômicas e culturais que foram se consolidando na segunda
metade do século XX provocaram alterações nas condições femininas
e masculinas, desencadeando a necessidade de se buscar diferentes

5
IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira 2010.
Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsocia
is2010/SIS_2010.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011.
compreensões sobre as relações pessoais e sobre os laços e novas
configurações familiares.

Segundo Bauman (2004), as afiliações – mais ou menos herdadas – que são


tradicionalmente atribuídas aos indivíduos como definição de identidade: raça, gênero,
país ou local de nascimento, família e classe social, agora estão se tornando menos
importantes, diluídas e alteradas nos países mais avançados do ponto de vista
tecnológico e econômico. Ao mesmo tempo, há a ânsia e as tentativas de encontrar ou
criar novos grupos com os quais se vivencie o pertencimento e que possam facilitar a
construção da identidade. Segue-se a isso um crescente sentimento de insegurança. A
maioria das pessoas, na maior parte do tempo, tem uma opinião ambígua sobre essa
novidade que é “viver livre de vínculos” – de relacionamentos “sem compromisso”.
Conforme o autor, há uma insegurança quanto a como construir os relacionamentos
desejados pelas pessoas. Pior ainda, há insegurança quanto ao tipo de relacionamento
desejado. Desta forma, a paternidade, assim como os demais papéis sociais geradores de
vínculos entre as pessoas, passa por uma reorganização no seu conteúdo, o que implica
a necessidade de uma maior atenção e estudo.
O homem procura por espaços de solidariedade e intimidade que preencham as
suas necessidades e segundo Morin (2007, p.174): “nunca o casal foi tão frágil e,
contudo, nunca a necessidade do casamento foi tão forte; é que, diante de um mundo
anônimo, de uma sociedade atomizada, em que o cálculo e o interesse predominam, o
casamento significa intimidade, solidariedade”. Para ele, a família está em crise, o casal
está em crise, mas o casal e a família são respostas a essa crise.
Apesar do recente interesse de diversos pesquisadores pelas mudanças de
expectativas em relação ao papel paterno, pouco se sabe sobre como os pais estão
vivenciando tais mudanças, como se avaliam nesse papel e que sentimentos nutrem a
respeito da paternidade. Um estudo, de Silva e Piccinnini (2008), foi realizado em Porto
Alegre, cujos participantes eram pais de classe média que tinham filho(s) em idade
escolar. Investigando 100 famílias, os autores verificaram que a maioria dos pais
assumia, de forma conjunta com as mães, o exercício da disciplina, a educação básica
em termos de higiene, o compromisso com a escola e o sustento econômico da família.
As funções de nutrição e de acompanhamento das tarefas escolares dos filhos, no
entanto, permaneciam sendo considerados trabalhos femininos.
De qualquer forma, o papel que o pai exerce hoje, particularmente nas
sociedades ocidentais, é único na história da humanidade por cada momento histórico
ser ele próprio único. Desse modo, embora o envolvimento paterno, por vezes, ainda
não apresente um grande crescimento quantitativo, atualmente existe um maior desejo
de participação, por parte dos pais, na criação de seus filhos, acompanhado de uma nova
capacidade de paternagem, cujas características estão mais associadas à figura materna.
É pertinente comentar o estudo de Trindade, Andrade e Souza (1997, apud
HENNIGEN; GUARESCHI, 2002) que revela diferenças nas representações sociais da
paternidade de duas gerações: pais da década de 80, principalmente os de nível de
escolaridade superior, enfatizam os aspectos afetivos da relação pai-filho/a; já a
categoria provedor é mais referida pelos pais dos anos 60.
Segundo Hennigen e Guareschi (2002), para o grupo de pesquisadores
americanos Cabrera, Tamis-Lemonda, Bradley, Hofferth e Lamb (2000), o significado
da paternidade e o envolvimento efetivo com os/as filhos/as relaciona-se à identidade de
gênero e às experiências dos homens com seus próprios pais e parentes. Contudo,
afirmam que há uma diversidade muito grande por conta das variações culturais e
étnicas e que não existe uma definição simples de paternidade de sucesso que possa
reivindicar aceitação universal. Ao contrário, eles propõem que expectativas paternas,
práticas realizadas e seus efeitos sobre as crianças precisam ser vistos dentro do
contexto da família, comunidade, cultura e história.
Assim, a compreensão da sociedade contemporânea perpassa pelo entendimento
do modelo de pai e vice-versa, uma vez que se está frente a uma nova sociedade e um
novo modelo de pai, impregnados de diversidade, em função de um modelo econômico
globalizado que imprime características de novas estruturas políticas de dominação
(implicando a participação, o diálogo e o envolvimento), de desenvolvimento
econômico sustentável e de um novo modelo não hierárquico de relações.

2.2 O envolvimento paterno6

O estudo do papel do pai com os cuidados dos filhos depara-se com uma
diversidade de definições da palavra envolvimento, sendo muitas vezes referida na
literatura como sinônimo de cuidar. Entretanto, para Lamb (2010), cuidar é uma sub-
categoria da palavra envolvimento. Nota-se que ambos os termos, cuidar e envolver,
tratam da noção de responsabilidade para com alguém ou algo. A palavra envolver
6
Este tópico consiste em parte da tese de doutorado de Ana Barreiros de Carvalho, que está sendo
orientada pela Profa. Dra. Lúcia Vaz de Campos Moreira e ainda encontra-se em fase de elaboração junto
ao Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal).
significa comprometer, participar, tratando-se, assim, das responsabilidades do pai para
com seus filhos no contexto contemporâneo.
Segundo Parke e Brott (1999), o conceito de envolvimento paterno tem sido
utilizado por alguns autores simplesmente como um sinônimo de participação do pai na
família, enquanto outros o entendem como um construto que engloba aspectos como:
(a) comportamento do pai, (b) interação com a criança, cuidados, recreação, apoio à
esposa, sentimentos do pai – a satisfação com a paternidade, (c) a qualidade da relação
pai-criança. Contudo, a falta de uma definição clara e consistente desse conceito tem-se
constituído um grande obstáculo para a compreensão do papel do pai.
Em suas primeiras formulações, o conceito de envolvimento paterno enfocou
principalmente a quantidade de envolvimento, sem atentar para seu conteúdo e
qualidade. Pleck e Stueve (2004) sugeriram que essa ênfase quantitativa refletia a
preocupação dos primeiros pesquisadores que estudaram o pai, os quais, tendo em vista
o grande aumento dos índices de divórcios e filhos fora das relações conjugais,
buscavam verificar o quanto esses pais ”ausentes” reduziam sua participação na vida de
seus filhos. Quando os pesquisadores começaram a se interessar por algo além de uma
caracterização global do pai como ausente versus presente, a qualidade do envolvimento
passou também a ser foco de estudos, iniciando o olhar para os pais e não apenas para
os componentes paternos.
Uma definição de envolvimento paterno que encontra o maior número de
adeptos no meio dos pesquisadores internacionais é a proposta por Lamb (2010), que o
classifica em três dimensões: (a) engajamento, (b) acessibilidade/disponibilidade e (c)
responsabilidade. Para o autor, o pai começa a desempenhar numerosas atividades de
cuidados, tais como preparar a comida; alimentar os filhos; colocar as crianças na cama
para dormir; brincar e muitas outras atividades. A paternidade, assim, deixou de incluir
somente o papel limitado à figura de provedor para abarcar atitudes de maior
envolvimento com os filhos.
Segundo Lamb (2010), as mães descrevem o envolvimento paterno nas seguintes
atividades: (a) provocam sempre as crianças para fazê-las sorrir, (b) trocam fraldas, (c)
dançam com as crianças, (d) brincam com os filhos. Entretanto, Craig (2006 apud
FURMAN; CALITER, 2009), encontrou um significativo número de estudos que
mostram que a mulher assume uma proporção maior de tempo com as atividades de
cuidados dos filhos do que os homens, enquanto os pais engajam-se mais facilmente
com brincadeiras, conversas e atividades de educação e recreação. Sendo assim, são
inegáveis as transformações do papel masculino na família e o maior envolvimento
masculino no cuidado de seus filhos, principalmente na classe média.
São vários os fatores que influenciam o envolvimento do pai com os cuidados da
criança. Barker e Verani (2008) relacionam os seguintes fatores: (a) nível educacional e
rendimentos; (b) qualidade do trabalho do pai; (c) relacionamento do pai com a mãe; (d)
idade da criança; (e) idade e estágio de desenvolvimento do pai; (f) relacionamento que
os pais tiveram com seus próprios pais; (g) políticas de apoio à paternidade e a cultura
dos locais de residência e de trabalho, etc.
Para Barker, Ricardo e Nascimento (2009) um estudo realizado no Chile
comprovou que o pai de baixa renda dedica menos tempo aos filhos que os de classe
média. Segundo eles, na América Latina e Caribe existem poucos profissionais do sexo
masculino inseridos na área de cuidados/educação de crianças pequenas, trabalhando,
por exemplo, em escolas primárias e creches. Os autores informam, ainda, que um
estudo no Caribe comprova uma forte crença de que os homens não sabem cuidar de
crianças, ou que se os homens tiverem maior contato com as crianças, existirá um
grande risco de abusos físico ou sexuais. Na Nicarágua, um estudo sugere que 90% do
trabalho doméstico é realizado por mulheres. No Brasil, segundo o IBGE (2007), 91%
das mulheres realizam trabalho doméstico, enquanto apenas 51% dos homens realizam
este tipo de trabalho.
Hofferth (1999, apud CABRERA et al., 2004) criou a teoria que define o
envolvimento segundo quatro fatores: (a) tempo gasto; (b) monitoramento e controle;
(c) aconchego e afeto e (d) responsabilidade.
Já Coleman (1998) associa o envolvimento com a teoria do capital social e
descreve três tipos de capital baseado na família: (a) capital financeiro, (b) capital social
da família (ou a preparação da criança) e (c) capital comunitário que é aquele que está
enraizado na família e se refere à promoção da ligação com o mundo mais amplo: (1)
servindo de defensores das crianças na escola e em outros locais; (2) compartilhando
suas próprias redes com suas crianças ou integrando o adolescente ao mercado de
trabalho; (3) compartilhando seu conhecimento de como negociar a entrada da criança
no mundo adulto, por exemplo, sabendo como agir em uma entrevista de emprego.
Segundo Cabrera (2010), pesquisas sobre a definição de “bom pai” têm-se
proliferado durante os últimos dez anos, porém as que envolvem questões
metodológicas e da medição sobre como recrutar e entrevistar o pai têm progredido
pouco. Para eles, algumas limitações das antigas abordagens tais como a utilização das
mães como as mais próximas aos pais, a abordagem do pai genérico em lugar do pai
especificado pela criança, generalização das pesquisas apenas na classe média, a
validação dos dados auto-declarados pelo pai e a definição dicotômica do pai ausente
versus presente tem dificultado esta medição. Cabe destacar que muitas investigações a
respeito das mudanças relativas à paternidade, bem como seus efeitos sobre os filhos,
foram realizadas pela observação dos comportamentos dos pais com suas crianças.
Para Allen e Daly (2007), capturar e medir a natureza multidimensional do
envolvimento paterno é um desafio significativo que deve ser estruturado a partir da
relação pai-mãe-criança ou numa visão sistêmica, em lugar de apenas focalizar-se a
díade relacional pai-criança uma vez que, muitas vezes o pai funciona como fonte de
apoio emocional e prático para as mães, melhorando a qualidade do relacionamento
mãe-criança e facilitando o desenvolvimento infantil; adicionalmente, o pai influencia
indiretamente a criança através de seu capital social acumulado, permitindo-lhe acesso a
privilégios, renda e rede social.
Teorias sobre envolvimento são trazidas por Pleck (2010), a exemplo das teorias
sobre a investigação do estilo parental; a teoria que estuda o calor da responsividade; o
conceito de envolvimento a partir dos processos proximais de Bronfrenbenner, que faz
uma analogia do processo proximal com um jogo de pingue-pongue entre a criança e
sua parceira do microssistema, mas onde o movimento de volta da bola fica
crescentemente mais complexo, e no qual o parceiro do microssistema mais maduro
gradualmente introduz movimentos mais complexos e recíprocos, sendo a dimensão
afetiva um componente da responsividade. Várias outras teorias são apresentadas por
Cabrera et al (1999), a exemplo de Volling e Belsky (1992), que traduz o envolvimento
como função da interação das respostas entre pai e filho; Snarey (1993), que estabelece
o conceito de envolvimento como função do desenvolvimento intelectual da criança, do
seu desenvolvimento social e físico; Palkovitz (1997) que estuda o envolvimento
através de três dimensões: cognitiva, afetiva e comportamental.
Segundo Palkovitz (1997), o conceito de envolvimento paterno é definido e
medido de variadas formas. Para ele, a minoria dos modelos deficientes de paternidade
advém de uma visão limitada, estreita e míope do conceito de envolvimento e existe a
necessidade de se expandir e reconstruir o entendimento do conceito de paternidade.
Segundo o autor, antes de 1986 o conceito de paternidade era unidimensional, limitava-
se a definir a presença ou ausência do pai. A partir de 1986, com a tipologia tripartite de
Lamb (2010), a paternidade foi definida segundo os critérios de interação,
acessibilidade e responsabilidade.
Palkovitz (1997) refere que a visão distorcida da paternidade advém de crenças
equivocadas como: (a) Quanto mais envolvimento, melhor (alguns pais podem preferir
compartilhar com seus filhos atividades que podem não parecer envolvimento, a
exemplo de uma pescaria); (b) Envolvimento requer aproximação (o pai pode estar
ausente, porém fazendo muitos planos para o futuro da criança); (c) O envolvimento
pode ser observado e medido (às vezes, o aumento do envolvimento pode ser
demonstrado com a diminuição da presença a exemplo de quando se dá liberdade à
criança para realizar algumas tarefas); (d) O nível de envolvimento é estático,
simultâneo e previsível (muitas vezes o pai pode ter horários de trabalhos variados de
acordo com a escala estabelecida pela empresa); (e) Padrões de envolvimento podem ser
iguais em diferentes culturas; (f) As mulheres são mais envolvidas que os homens (às
vezes, os homens gastam mais tempo brincando com as crianças do que as mulheres
cuidando dos mesmos).
Conforme já mencionado, para Allen e Daly (2007), o envolvimento paterno
passou a ser um construto multidimensional, complexo, dinâmico, direto e indireto.
Nesta direção, Palkovitz (1997) apresenta o conceito expandido de paternidade segundo
15 fatores, classificados em três categorias: cognição, afeição e comportamento. Os 15
fatores de envolvimento paterno incluem: (a) comunicar (ouvir, falar, demonstrar amor);
(b) ensinar (modelar o papel, encorajar, mostrar interesse, participar de atividades); (c)
monitorar (amigos e tarefas escolares); (d) processos cognitivos (preocupar, orar); (e)
cuidar (alimentar, dar banho); (f) compartilhar interesses (ler junto); (g) estar
disponível; (h) planejar (atividades, aniversários); (i) compartilhar atividades (comprar,
brincar); (j) prover (alimentos, roupas); (k) dar afeto; (l) proteger; (m) dar suporte
emocional (encorajar a criança), (n) manter e (o) acompanhar.
Cabe ainda refletir sobre a existência de um paradoxo entre as exigências feitas e
as possibilidades oferecidas aos pais. Quando o pai insiste em tornar-se participante,
surge a falta de reconhecimento pelo seu engajamento nesse cuidado. Não apenas a
mãe, mas a sociedade como um todo, costuma não valorizá-lo. Esta prática de exclusão
legitima as representações de que o pai é incapaz de cuidar ou tratar das questões
inerentes ao filho, colocando-se como apoio à mãe e provedor. Apesar das dificuldades,
segundo Barker, Ricardo e Nascimento (2009), pesquisas na América Latina confirmam
que os pais estão mais envolvidos com a recreação e brincadeiras do que com os
cuidados das crianças. Para os autores, algumas pesquisas têm sugerido que na Europa e
nos Estados Unidos o número de horas que os homens estão dedicando aos cuidados de
suas crianças está aumentando.
No Brasil, conforme Cerveny e Chaves (2010), pesquisas relativas à dinâmica da
família apontam que ainda permanece a imagem do pai como provedor financeiro da
família e a mãe como provedora emocional, mesmo que pai e mãe sejam profissionais
com idênticas jornadas de trabalho.
Estudo com crianças em dois contextos brasileiros (os Estados de São Paulo e
Bahia), desenvolvido por Carvalho, Rabinovich e Moreira (2010) também revelam que
o pai tem sido identificado como alguém que brinca e transmite afeto, porém, na
população de baixa renda ainda predomina o papel tradicional de provedor.
Homens e mulheres estão imersos em uma cultura que modela suas atitudes,
crenças e percepções sobre o que é possível e apropriado. Existem problemas
significantes decorrentes da cultura e da prática. Um exemplo é o ambiente
organizacional que prioriza o homem como provedor e a mulher como cuidadora. A
cultura organizacional no trabalho aparece, tanto nas pesquisas realizadas na Nova
Zelândia como na literatura internacional, como a principal barreira à participação do
homem no trabalho não remunerado (FURSMAN; CALLISTER, 2009).
Parece que o cuidado das crianças se transformou num divisor de águas que
distingue os pais. O pai “de verdade” está disponível, participa. A partir dessas
considerações é muito fácil se estabelecer uma nova dicotomia – hierarquizada,
restritiva e artificial: pai tradicional versus novo pai (e adicionalmente, ligar o novo pai
a um hipotético novo homem).
Para Oliveira (2007, p. 233), no que se refere às atividades domésticas, “ainda
que arranjos formais igualitários sejam ensaiados quando do início da coabitação, as
mulheres acabam assumindo mais intensamente as tarefas domésticas que são
acrescidas pela presença do bebê”. Para a autora, a experiência masculina revela
dificuldades em encontrar um script de gênero que se acomode às demandas sobre o
tempo masculino, ainda comandado pelos projetos de sucesso profissional dos homens.

As pessoas estão inseridas numa cultura que modela suas atitudes e


crenças e suas percepções sobre o que é possível e o que é
apropriado. Existem problemas significativos em separar os efeitos
da cultura e da prática. Um exemplo óbvio é quando nos referimos ao
ambiente organizacional que prioriza a mulher como cuidadora.
(FURSMAN; CALLISTER, 2009, p.14).
Já para Lipovetsky e Sebastien (2007), a lógica que permeia a divisão do
trabalho entre os sexos na sociedade hipermoderna, decorre da reciclagem dos meios
para a manutenção do poder feminino no lar e é consequência da lógica individualista.
Para eles:

A hipermodernidade funciona mesmo segundo a lógica da reciclagem


permanente do passado, e nada parece escapar ao seu domínio. No
âmbito do acesso das mulheres ao mundo da autonomia, discute-se a
persistência de certas referências tradicionais, como se a ação da
igualdade não tivesse levado sua lógica até o fim, ou seja, até a
indistinção dos sexos. Mas é preciso entender que se certas normas
sociais ou funções tradicionais reservadas ao feminino se
mantiveram, foi porque a lógica individualista as reciclou, com as
mulheres tendo se apropriado delas a fim de auferir mais felicidade
privada, e não porque aquelas normas e funções constituíssem um
requisito arcaico do qual, segundo as feministas, seria preciso ver-se
livre. (p.33-34).

Assim, para Lipovetsky e Sebastien (2007) as mulheres mantêm relações


privilegiadas com a ordem doméstica, sentimental ou estética porque essas relações se
ordenam de tal maneira que funcionam como vetores de identidade, de sentido e de
poder privados. Para eles, no mundo hipermoderno, até a dona-de-casa pode ser
reciclada.
Segundo Hennigen e Guareschi (2002), a apregoada divisão de tarefas
domésticas surge no contexto do movimento feminista e é respaldada por teorias que
encontram nas práticas domésticas não só a explicação para as diferenças de gênero,
mas também a possibilidade do estabelecimento de um novo modelo de relação,
baseado na colaboração e complementação entre parceiros, à medida que homens e
mulheres compartilharem igualmente cuidados e responsabilidades aos filhos.
As mulheres têm forte influência sobre o tempo que o homem gasta com
cuidados de suas crianças, porque elas são parceiras e muitas vezes facilitadoras no
relacionamento pai-criança, segundo Fursman e Callister (2009). Para os autores, existe
a necessidade de um suporte maior para a participação dos homens nos cuidados dos
filhos, e citam o exemplo dos países nórdicos que possuem políticas generosas nesta
área. Uma análise destas políticas nacionais, assim como as de outros países europeus
tem mostrado uma correlação positiva entre as políticas favoráveis à licença paternidade
e a quantidade de tempo que o pai passa com suas crianças. Adicionalmente, numerosos
estudos têm demonstrado que o homem que tem licença paternidade é mais preparado
para integrar-se com os cuidados das crianças, após tal período, do que os homens que
não tiveram esse benefício.
Segundo Piller (2010, p.33),

de modo mais amplo, as teorias do cuidado questionam o conceito de


“dependência” e postulam que os doentes, crianças, idosos e
deficientes não são os únicos a entrar na categoria de pessoas que não
são auto-suficientes. A dependência seria, na realidade, própria do ser
humano que precisa do outro física, social e espiritualmente para se
tornar e permanecer humano. A criança depende da mãe, o
assalariado de seu empregador, a própria identidade se elabora no
contexto das relações interpessoais, que são, essencialmente, relações
de dependência. A dependência não poderia mais ser considerada
patologia ou sintoma de fracasso: ela se cristaliza, questiona a
interdependência generalizada dos homens, cuja natureza implica
vulnerabilidade e necessidade.

Conforme Piller (2010), uma “sociedade do cuidado” destinada a eliminar as


desigualdades, superar as situações de dominação, passa da dependência imposta para a
interdependência assumida e valorizada. A dependência não poderia ser mais
considerada como patologia ou um sintoma de fracasso: ela cristaliza, questiona a
interdependência generalizada dos humanos, cuja natureza implica vulnerabilidade e
necessidade. Segundo a autora, o que se insinua é uma ruptura. Com essa “atenção aos
outros”, apresentada como valor central da sociedade e do indivíduo, de agora em diante
a comunidade tem dever de ajudar, ouvir e entender, caso contrário, a sociedade pratica
não somente a injustiça, mas até mesmo a exclusão.

2.3 Estudos sobre o pai em dois contextos brasileiros

O presente tópico tem por objetivo sintetizar pesquisas que tiveram como objeto
o tema família focalizando os elementos sobre o pai que nelas apareceram. Tais estudos
foram realizados em dois contextos brasileiros: os Estados de São Paulo e Bahia, de
1999 até o presente ano, e foram desenvolvidos por Elaine Rabinovich e Lúcia Moreira,
com a colaboração de outros pesquisadores.
Inicialmente serão referidos estudos com população de baixa-renda de Salvador,
enfocando pais da região de Novos Alagados (Salvador-Ba).
Pesquisa realizada por Moreira (1999), com 90 mães de crianças que
frequentavam duas creches da referida região, obteve como resultados que a questão dos
filhos quase se encerrava numa esfera estritamente feminina. Os homens
desempenhavam papel menos que secundário na criação e educação dos filhos, sendo
que os irmãos ajudavam mais nos cuidados das crianças do que os próprios pais.
A “criação e educação de filhos” restrita a uma esfera de interesses femininos
não era vista com bons olhos pelas mulheres. Sua insatisfação com relação aos homens
se referia principalmente: à pouca colaboração no cuidado dos filhos, à falta ou
insuficiência de ajuda financeira e à ausência. Quando os genitores não moravam juntos,
em 41,8% dos casos, o pai nunca ou raramente mantinha contato com o/s filho/s.
A ausência do pai ocorria não apenas fisicamente, mas também era observada
em decorrência da utilização de bebida alcoólica. Outro agravante era o desemprego ou
subemprego, pois muitos não se encontravam qualificados para a realização de trabalhos
urbanos. Tal fato afetava a auto-estima, pois, historicamente, o homem/pai é visto como
provedor da família.
Petrini, Moreira, Alcântara, Reis, Santos e Fonseca (2007) também abordaram
as questões da família e da pobreza em Novos Alagados entrevistando mulheres que
tinham filhos pequenos e jovens de ambos os sexos. Neste estudo, as mães foram
identificadas como fundamentais, determinavam o momento inicial da vida dos
moradores e eram consideradas como a base e a principal referência para os filhos. Por
outro lado, o pai era mais ausente, e por vezes desconhecido, sendo que apareceu pouco
na fala dos participantes.
Em estudo sobre concepções e práticas de pais com nível superior de
escolaridade sobre educação de filhos desenvolvido junto a pais e mães com filhos
pequenos, que residiam em uma cidade do interior do Estado de São Paulo ou em
Salvador (Bahia), Moreira (2005) obteve como resultados que os filhos são o principal
foco de atenção de seus pais, o que dá sentido à vida deles e são identificados como as
pessoas mais importantes para suas vidas. Os desejos para a vida de suas crianças giram
em torno do bem-estar e da felicidade e as preocupações dos genitores se centralizam na
formação pessoal e profissional de seus filhos. Contudo, os pais pareceram se preocupar
mais do que as mães com relação às questões da violência e das drogas e também
desejavam passar mais tempo com suas crianças.
Outra pesquisa intitulada “Família: olhares de crianças”, desenvolvida pelas
professoras Elaine Rabinovich, Lúcia Moreira, Ana Carvalho (da Universidade Católica
do Salvador) e Célia Nunes Silva (da Universidade Federal da Bahia), abordou dois
contextos: os Estados de São Paulo e da Bahia, totalizando 120 entrevistas com crianças
de cinco a 12 anos, cujos pais apresentavam nível socioeducacional alto (metade dos
participantes de cada contexto) e baixo (outra metade deles). Serão destacados, a seguir,
os resultados encontrados sobre pai e a mãe.
Com os dados obtidos no Estado de São Paulo, Rabinovich e Moreira (2008), ao
realizarem análise qualitativa, identificaram que as mães eram concebidas como mais
importantes e mais atarefadas do que os pais. Estes eram vistos como amigos e como
aqueles que sustentam. Na população de baixa renda, os papéis parentais aproximam-se
mais dos tradicionais, enquanto na de camada média emergiu uma nova configuração,
aparentemente baseada na mudança da figura do pai que, de autoritário, passou a ser
visto como amigo.
Na Bahia, também em análise qualitativa, Moreira, Rabinovich e Silva (2009),
identificaram que as concepções de mãe mais encontradas foram as de cuidadora do
filho, educadora, assim como aquela que cuida de tudo. O aspecto lúdico apareceu com
maior frequência no pai do que na mãe, entretanto, o aspecto afetivo foi mais destacado
nela. As categorias provedor e trabalhador foram mais frequentes no pai, porém, no
aspecto de disciplina, os dois se assemelharam.
Em análise quantitativa envolvendo os resultados obtidos tanto no Estado de São
Paulo, quanto na Bahia e visando complementar e integrar as análises qualitativas
anteriores, Carvalho, Moreira e Rabinovich (2010) constataram a partir dos picos do
perfil de cada membro, que o pai foi concebido como aquele que brinca e educa e a mãe
cuida e dá amor.
Em outro estudo realizado na Bahia, Rabinovich, Franco e Moreira (prelo) e
Rabinovich, Moreira e Franco (prelo), com a colaboração dos alunos do Programa de
Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal), replicaram
parcialmente uma pesquisa sobre família realizada em 30 países por Georgas, Berry,
Vijver, Kagitçibasi e Poortinga (2006), psicólogos renomados ligados à International
Association for Cross-Cultural Psychology (IACCP).
O objetivo foi o de comparar os dados sobre papéis, comportamentos, atividades
e relações entre os membros da família obtidos no estudo de Georgas et al. (2006), com
a realidade da família na Bahia. Para tanto, 170 universitários baianos responderam
questionário com questões fechadas. Como resultados, obteve-se que a mãe é a figura
central nas famílias. Observou-se perda do poder do pai, refletido inclusive no seu poder
financeiro que agora é, em diversos casos, compartilhado com a mãe. Entretanto, ele
vem assumindo alguns papéis que antes não lhe cabiam, como: brincar com os filhos
menores e fornecer suporte emocional à família.
Finalmente, serão apresentados alguns resultados da pesquisa Gênero e família
em mudança: participação de pais no cuidado cotidiano de filhos pequenos 7,
desenvolvido pela equipe de docentes-pesquisadores do Programa de Pós-graduação em
Família na Sociedade Contemporânea (UCSal), entre 2009 e 2011. 8 Tal estudo teve
como objetivo contribuir para uma reflexão interdisciplinar sobre paternidade e
maternidade, acessando debates sobre gênero, rede familiar e não familiar de cuidados e
divisão sexual do trabalho doméstico.
Para tanto, foram entrevistados, em separado, 150 casais residentes em área
urbana de Salvador (Ba), de níveis socioeducacionais médio-alto e baixo, utilizando um
questionário semi-estruturado. O instrumento abordou as atividades: (a) de cuidado
físico: trocar fraldas, dar banho, dar comida, preparar comida, dormir de dia, dormir de
noite, atender à noite, atender quando doente; (b) de lazer/convivência: brincar, cantar/
ler história, passear, comprar brinquedo; (c) de educação/disciplina: disciplinar/educar;
(d) externas: levar ao médico, comprar alimento, comprar roupa e outras externas.
O que se destacou no perfil do pai foi a realização de atividades de
lazer/convivência, educação/disciplina e atividades externas, principalmente comprar
alimento. Houve pouca ou nenhuma colaboração nas atividades de preparar comida,
botar para dormir de dia, dar banho, dar comida e trocar fralda.
Para as mães, a participação independe da avaliação subjetiva quanto a prazer x
desprazer e facilidade x dificuldade da atividade, o que não ocorre com os pais. Assim,
levanta-se a hipótese que o pai desenvolve com mais frequência atividades que mais lhe
agradam (MOREIRA; CARVALHO; ALMEIDA;OWAIA, prelo).9

8
O projeto foi aprovado pelo CNPq no final de 2008, contando com financiamento dessa instituição. O
texto original teve a colaboração de: Mary Garcia Castro e Ana M. A. Carvalho (co-coordenadoras);
Anamélia L.S. Franco; Elaine Pedreira Rabinovich; Giancarlo Petrini; José E. X. Menezes; Lívia A.
Fialho da Costa; Lúcia V. C. Moreira e Vanessa R. S. Cavalcanti, todos professores/pesquisadores da
UCSal – Programa de Pós-graduação em Família na Sociedade Contemporânea, que vêm desenvolvendo
estudos no âmbito do projeto. A partir de 2010, tal projeto contou também com a colaboração de novos
docentes-pesquisadores ingressos no Programa: Isabel M. S. O. Lima e Miriã A. R. Alcântara, e com a
colaboração externa de Nestor N. Oiwa em análises estatísticas complementares.
9
Outros resultados desse estudo são apresentados, neste livro, no capítulo intitulado “Concepções de
adultos e crianças sobre família em diferentes contextos brasileiros”.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos anteriormente apresentados afirmam a importância da figura do pai,


indicando a ocorrência de diferenças em grupos sociais e culturas. Deve-se considerar,
no entanto, que tantos os teóricos quanto os pesquisadores citados partiram da presença
paterna – e não de sua ausência – refletindo em como estudar e pesquisar tal presença,
mesmo quando esta se apresenta como uma ausência.
Assim, Park (2000 apud ALLEN; DALY, 2007) argumenta que a natureza do
envolvimento paterno muda com o passar do tempo, em função dos estágios de
desenvolvimento da criança e do pai. Além disso, existem outros fatores decorrentes da
experiência do pai relacionados à etnia, cultura, estrutura familiar, classe social e
orientação sexual que também influenciam tal envolvimento.
Pelo que foi exposto até o momento, constata-se a coexistência de dois pólos. No
primeiro deles, pessoas vivenciando uma ausência ou uma distância com relação a seus
pais, o que tem sido destacado principalmente nas classes populares e em determinados
casos nos quais por algum motivo os genitores não coabitam e a convivência entre pais
e filhos é dificultada (por exemplo, por alienação parental, por não reconhecimento da
paternidade ou dificuldades de conciliar uma segunda união com os filhos oriundos da
primeira, etc.). Num outro pólo, estariam os pais que estão bastante envolvidos com
seus filhos emocionalmente, sendo muito presentes em suas atividades cotidianas, em
brincadeiras e passeios. Entre os dois extremos, encontram-se pais com tendência mais
para um lado e outros, mais para o outro.
Para Bradford et al. (2002), o envolvimento paterno é um constructo
multidimensional que inclui afeto, cognição e componentes éticos, tanto quanto
elementos observáveis do comportamento, e que inclui também formas indiretas de
envolvimento (ex: prover, ajudar a mãe).
A presença paterna no convívio familiar pode favorecer tanto o desenvolvimento
do filho quanto também o da mãe da criança, sendo que podem compartilhar as
responsabilidades e dividir as alegrias e tristezas da vida cotidiana. Por outro lado, sua
presença pode ser disfuncional, em casos, por exemplo, de alcoolismo, necessitando de
um maior apoio de familiares e não familiares.
Portanto, além de se buscar descrever, compreender e analisar o comportamento
hodierno dos pais – que foi evidenciado, neste trabalho, principalmente pela categoria
de envolvimento e de suas diversas especificações – há indicações que, de um modo
mais sistêmico, dever-se-ia integrar tais estudos com as dimensões familiar, social e
cultural.

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