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FIQUE ATENTO

Saiba como
identificar um
abusador em
potencial

BASE SÓLIDA
O papel da
família na
proteção dos

Q.Silêncio 2017
filhos contra
o abuso
sexual

35637

GRITO SUFOCADO
O estupro fere e silencia mulheres e crianças.
Designer

C.Qualidade
Editor

A maioria dos crimes é cometida por pessoas Depto. Arte

conhecidas e dentro de casa


EDITORIAL
mais próximo do que se imagina, em 2011,
S
2 ED
a Organização Mundial da Saúde (OMS)

A DOR DE TODOS NÓS


estimou que 70% das mulheres em todo
o mundo sofrem algum tipo de violência
de gênero ao longo da vida.
Portanto, não podemos ficar com os olhos
vendados nem fingir que não vemos o que 4 E N
acontece ao nosso redor. Até quando per- D
mitiremos que familiares, amigos e desco- se
nhecidos sejam feridos por uma crueldade
que esmaga sonhos, fecha portas e pro-
move morte lenta e gradual da dignidade?
As consequências emocionais do estupro e 6 P E
de outros tipos de violência podem ser irre- Sa
versíveis e fatais. ab
Diante da gravidade desse cenário, a
prevenção precisa começar em casa. Um
ambiente seguro, em que o respeito, o amor
e a coerência são valorizados, pode evitar
novos casos e minimizar essa situação. 14 D
C
POR MARLI PEYERL
Mas a prevenção não é responsabilidade
somente da família. Todos nós, professores
O

H
ou amigos, líderes religiosos ou políticos,
umilhação, invasão e ameaça. precisamos nos envolver nesta causa. Somos t
Sonhos desfeitos, coração corresponsáveis pelo bem-estar e pela saúde p
ferido e sentimento de que a de quem está perto de nós. v
vida não tem mais sentido. Ao ler esta edição, você perceberá que o
Quando alguém tem sua inti- assunto é grave e pode trazer sérios prejuízos
Q.Silêncio 2017

A VIOLÊNCIA midade e seu respeito violados, as físicos e psicológicos para a vítima e con-

16 M
SEXUAL É consequências mais prováveis são a sequências sociais e culturais não menos
dor e o trauma. Não importa se o preocupantes. Mas a boa notícia é que a cons-
UM DRAMA
SOCIAL SÉRIO E
estupro tenha ocorrido na saída de
uma festa ou dentro de casa. O qua-
cientização da sociedade sinaliza esperança.
Por isso, desde o início dos anos 2000, a Igreja I
dro é o mesmo: um abusador que se Adventista investe na campanha anual Que- O
RECORRENTE
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aproveita de uma vítima. Por isso, a brando o Silêncio, como uma estratégia de a
roupa, o ambiente ou a circunstância prevenção de qualquer tipo de violência e n
não podem ser desculpas para esse também de proteção das vítimas. Cuidar dos mais
crime tão grave. Não há justificativa vulneráveis, fornecer informações para pais e edu-
Designer
para a violência. cadores e, sobretudo, aju-
É preciso agir sem mais demora, dar a diminuir a incidência
Fotos: © Antonuk – Fotolia / Victor Trivelato

Editor
para quebrar o ciclo de exploração de de casos de agressão, são
quem está sendo abusado e proteger nossos objetivos. Portanto,
C.Qualidade vítimas em potencial. Para tanto, é junte-se a nós!
necessário um esforço conjunto a fim Editores

Depto. Arte
de discutir soluções para esse drama MARLI PEYERL é educadora e coorde- Projeto g

Designe
que afeta tantas pessoas. Para se ter nadora da campanha Quebrando o
Foto de
ideia de como esse problema está Silêncio na América do Sul

2 QUEBRANDO O SILÊNCIO
2011,
SUMÁRIO 8 VESTIDOS RASGADOS, SONHOS ROUBADOS
Como o estupro fere o corpo e a alma
das vítimas e da sociedade
2 EDITORIAL
OMS)
todo
ência

olhos
o que 4 ENTREVISTA
o per- Delegada explica o que fazer quando
esco- se sofre uma agressão sexual
ldade
pro-
dade?
pro e 6 PERFIL DO AGRESSOR
r irre- Saiba como identificar um
abusador em potencial
io, a
. Um
amor
evitar
ação. 14 DEUS TAMBÉM 20 COMBUSTÍVEL PARA
dade
sores
CHORA O DESCONTROLE
O que a Bíblia Álcool e drogas
ticos,
omos tem a dizer podem potencializar
saúde para quem foi os piores impulsos
violentado? humanos
que o
juízos
con-

16 MARCAS 24 PROTEÇÃO COMEÇA

Q.Silêncio 2017
menos
cons-
ança.
Igreja INVISÍVEIS EM CASA
O impacto do Invista na
Que-
ia de abuso sexual autoestima dos
no cérebro seus filhos e no

35637
ncia e
s mais diálogo com eles
e edu-
Fotos: © Antonuk – Fotolia / Victor Trivelato

Designer

Sinais dos Tempos é Marca


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Tiragem: 810.000 exemplares 16146/35637
Qu
senho
E N T R E V I S TA
Est

APOIO PARA VENCER O MEDO


vítim
pelos
paren
Ao to
de 80

Ge
procu
Polícia Civil. Graduada em Direito pela Est
Universidade abala
de São Paulo (USP), especialista neces
em Direito Penal, Processo Penal e rápid
Criminologia, 18 anos de sua carreira apoio
estão ligados exclusivamente à atuação que e
em delegacias da mulher.
Nesta entrevista, ela destaca quais De
passos as mulheres devem dar após sofrer se sen
agressões e como podem evitar fazer parte oferec
P O R J E F F E R S O N PA R A D E L L O
dessas lamentáveis estatísticas. Ad
de po

A
O que uma mulher deve fazer após ser a auto
o redor do mundo, milhares violentada? tempo
de mulheres são abusadas A vítima deve se dirigir imediatamente Somo
sexualmente, seja em idade à delegacia de polícia especializada em de- medid
adulta ou ainda na infância fesa da mulher para registro do boletim Mari
e adolescência. No entanto, de ocorrência (BO) e posterior inquérito para
Q.Silêncio 2017

DELEGADA o medo gerado a partir da ameaça policial, bem como para ser encaminhada No en
APRESENTA dos agressores faz com que a maior ao Instituto Médico Legal (IML) mulh
parte das pessoas violentadas e hospital credenciado da rede pública a dele
DICAS SOBRE permaneça em silêncio. para atendimento médico imediato. proce
PREVENÇÃO Para dar apoio às vítimas Ela também receberá acompanhamento
DO ESTUPRO E e acelerar o processo de psicossocial. Aq
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responsabilização dos acusados, sujeit


O QUE FAZER as 368 unidades das Delegacias Como funcionam esses atendimentos? Oa
EM CASOS DE Especializadas de Atendimento Quem chega à delegacia deve estar de vio
VIOLÊNCIA à Mulher espalhadas pelo Brasil com seus documentos pessoais e ter o 11.34
Designer
também têm por papel trazer mais máximo de informações sobre o agressor, Penha
SEXUAL segurança para quem sofre alguma espécie de prova do abuso e, se defesa
Editor
a violência. possível, testemunhas. Lá, um atendente conte
Uma dessas delegacias fica em ouvirá o depoimento da vítima e o arti
C.Qualidade Limeira, cidade paulista com anotará um resumo do caso. Assim que prevê
300 mil habitantes. É lá que há possível, a pessoa será convidada para estup
Foto: Lucas Rocha

Depto. Arte
13 anos atua a delegada Andrea dar seu depoimento e abrir o boletim de de rec
Arnosti, 46, que já dedicou ocorrência (BO). Um dos últimos passos é na for
metade de sua vida ao trabalho na a conversa com a delegada. violên

4 QUEBRANDO O SILÊNCIO
Quais são os casos mais comuns que a corporal grave, de morte ou se a vítima
senhora recebe? for menor de 18 ou maior de 14 anos).
Estupros que acontecem no lar contra Nos casos em que a vítima é considerada
vítimas menores de idade, praticados vulnerável, ou seja, menor de
pelos próprios pais, padrastos, tios, 14 anos, tem alguma enfermidade ou
parentes ou pessoas de seu conhecimento. deficiência que a impossibilite de oferecer
Ao todo, anualmente atendemos cerca resistência, as penas previstas pelo artigo
de 80 desses casos. 217 do Código Penal são ainda mais
rigorosas.
Geralmente, qual é a situação de quem
procura ajuda? Principalmente nas grandes cidades,
ela Estão física e emocionalmente muito que cuidados as mulheres devem ter ao
abaladas e traumatizadas. Por isso, é andar sozinhas?
necessário um atendimento especializado, Toda cautela é necessária. Deve-se
rápido e humanizado, em que recebam evitar andar sozinha em lugares pouco
a apoio jurídico, médico e psicossocial para movimentados. É preciso ter a mesma
ão que enfrentem a situação. precaução no transporte público. Se
ocorrer abuso ou assédio, a polícia deve
De que maneira as vítimas podem ser acionada imediatamente.
ofrer se sentir protegidas pelo atendimento
parte oferecido nas delegacias da mulher? Algumas mulheres temem ser
A delegacia assume responsabilidades atendidas por policiais homens
de polícia judiciária, no sentido de apurar justamente por medo de que sejam vistas
s ser a autoria e efetuar a prisão cautelar como culpadas. Como contornar essa
temporária ou preventiva do agressor. situação?
ente Somos responsáveis também por tomar Em hipótese alguma a mulher pode
m de- medidas protetivas previstas na Lei ser vista como culpada de um crime
im Maria da Penha, quando for o caso, hediondo do qual, na verdade, foi vítima.
ito para garantir a segurança da vítima. É fato que o atendimento feito por
hada No entanto, se não houver delegacia da policiais do sexo feminino faz com que

Q.Silêncio 2017
mulher na localidade, pode-se procurar a vítima se sinta mais acolhida e menos
a a delegacia comum para dar início ao constrangida, tendo em vista que espera
processo. um atendimento mais sensível e empático
nto da parte de outra mulher. Por outro
A quais punições o agressor está lado, mesmo os policiais homens devem
sujeito? receber preparo adequado para atendê-las

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tos? O abuso sexual é uma das formas prontamente e de maneira humanizada.
de violência de gênero previstas na lei
o 11.340/06, denominada Lei Maria da O diálogo mais equilibrado sobre
ssor, Penha, que trouxe fortes mecanismos de sexualidade, em casa e na escola,
se defesa à mulher em situação de risco e em poderia ajudar a mudar o quadro Designer
nte contexto de violência doméstica. Além disso, da violência sexual?
o artigo 213 do Código Penal Brasileiro Sim. Considero a educação sexual de Editor
ue prevê sanções severas ao autor do crime de extrema importância, tanto em família como
a estupro, que variam de 6 a 10 anos na escola, e acredito que isso preveniria
C.Qualidade
Foto: Lucas Rocha

de de reclusão na forma simples, e de 8 a 30 anos também casos de gravidez precoce na


sos é na forma qualificada (nos casos em que a adolescência e a contaminação por doenças Depto. Arte
violência sexual é acompanhada de lesão sexualmente transmissíveis (DSTs).

QUEBRANDO O SILÊNCIO 5
INFOGRÁFICO

3
Bu

Perfil do
tr

2
Relacionam-se em
melhor com frequ
menores de idade por c

agressor
do que com adultos adole

SAIBA COMO
IDENTIFICAR
PER
1
UM ABUSADOR São pessoas
casadas e com
EM POTENCIAL muito interesse
em crianças

MARIO PEREYRA

E
m muitos casos, eles são pró-
ximos da vítima ou da família
dela. Chegam, inclusive, a fre-
quentar os mesmos ambien-
tes e reuniões, e conseguem
disfarçar suas intenções e práticas
Q.Silêncio 2017

por meio de uma aparente vida nor-


mal. Costumam ser pessoas que tra-
balham, casam e interagem bem
socialmente, principalmente com
crianças e adolescentes. Toda essa
conduta pode funcionar como uma
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máscara, que esconde quem são na


intimidade. Carentes de afeto e cui-
dados, possuem uma personalidade

7
narcisista. Têm traços comporta- Falam com as
Designer
mentais egocêntricos, arrogantes crianças como se
e de mesquinhez. Motivados pelos fossem uma delas,
Editor
traumas de infância que carregam, mas as tratam como se
procuram abusar daqueles que se fossem suas amantes
C.Qualidade mostram mais vulneráveis às suas
Ilustração: Thiago Lobo

ameaças e que oferecem menos ris-


Depto. Arte
cos de denunciar suas ações.

6 QUEBRANDO O SILÊNCIO
3
Buscam
trabalhar
em lugares

4
frequentados Suas necessidades
por crianças e emocionais e sexuais
adolescentes são satisfeitas com
menores de idade

PERFIL PERIGOSO

5
Podem usar
álcool ou
drogas para
disfarçar suas
inibições

Q.Silêncio 2017
Colecionam
material
pornográfico
infantil e fotografias
em que suas vítimas
aparecem nuas

35637
Designer

Editor
Ilustração: Thiago Lobo

C.Qualidade
MARIO PEREYRA é psicólogo, doutor em Psicologia
e por mais de 40 anos atuou como professor e Depto. Arte
gestor de universidades na Argentina e no México

QUEBRANDO O SILÊNCIO 7
C O M P O RTA M E N T O
Q.Silêncio 2017

E
J H E N I F E R C O S TA
35637

namo
chega
ra noite de domingo, auge da prima- dias e, aos fins de semana, costumava ajudar os probl
vera, meados dos anos 1970. Esguia pais nas tarefas domésticas e ir à igreja. Porém, abraç
Designer
e delicada, a adolescente N. L. usava naquela noite decidiu ficar em casa. Por
um vestido florido e os cabelos loi- Sentada no sofá da sala enquanto assistia à freque
Editor
ros presos no alto da cabeça. Seus TV, ouviu a porta velha de madeira da entrada do ab
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

trajes combinavam com a estação fazer um barulho bem discreto, mas inesperado. ele a
C.Qualidade e com seu jeito leve de ser. Não esperava nenhuma visita, nem mesmo a e com
Determinada, conquistou seu do namorado, João (nome fictício). Num salto, esquiv
Depto. Arte
dinheiro muito cedo, como muitos levantou-se e foi conferir quem havia chegado. Finalm
da sua idade naquela época. Limpava Tomou um susto quando viu o rapaz parado à sua cozin
casas como diarista quase todos os frente. Imediatamente, a adolescente pediu que o cabel

8 QUEBRANDO O SILÊNCIO
O ESTUPRO FERE NÃO APENAS O CORPO,
MAS PRINCIPALMENTE A ALMA. ENTENDA COMO
ESSE CRIME AFETA A SOCIEDADE E INIBE AS VÍTIMAS

Q.Silêncio 2017
DE DENUNCIAR SEUS AGRESSORES

namorado fosse embora, pois os pais dela poderiam Enquanto N. L. gritava, ele abriu o zíper da calça e a

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chegar a qualquer momento e ela não queria criar encarou ferozmente. Então, rasgou seu vestido e suas
dar os problemas. Ele insistiu. Disse que desejava apenas peças íntimas. Entre sacolejos e berros, a estuprou.
orém, abraçá-la e que não demoraria. Sem olhar para ela, sem dizer uma só palavra, o
Por vontade de N. L., o casal não tinha contato físico agressor fechou a calça e foi embora. Ali mesmo, no
stia à frequente. Mas naquele dia, havia algo diferente. Depois chão de taco frio, atordoada e em estado de choque, Designer
trada do abraço apertado, mais agressivo do que carinhoso, N. L. tentava assimilar o terror que havia acabado
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

rado. ele a pressionou contra a parede, segurou seus braços de viver. Sangrava por dentro e por fora. “Naquele Editor
mo a e começou a beijá-la intensamente. N. L. tentava se momento, todos os meus sonhos foram destruídos por
salto, esquivar, mas a força superior do rapaz a imobilizou. uma pessoa em quem eu confiava”, desabafa. Na ver-
C.Qualidade
gado. Finalmente, conseguiu se soltar e correu em direção à dade, ela não conseguia acreditar que a partir daquela
à sua cozinha em busca de ajuda. Ele a seguiu, puxou-a pelos noite entraria para o grupo de mulheres que já foram Depto. Arte
que o cabelos, jogou-a no chão e sentou-se em cima dela. vítimas dessa violência no Brasil.

QUEBRANDO O SILÊNCIO 9
OS NÚMEROS NÃO MENTEM
O Código Penal Brasileiro define o estupro como o ato
O DRAMA EM NÚMEROS
de constranger alguém, mediante ameaça, à prática de
relação sexual sem consentimento. Além disso, a violência
sexual também inclui práticas libidinosas relacionadas.
O 10o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, publicado das vítimas no
em 2016 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apon- Brasil são crianças
tou que a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no país. e adolescentes
Segundo o relatório, em 2015, 45.460 mil pessoas passaram
a fazer parte da estatística. No entanto, como se estima que
apenas entre 10% e 35% dos casos são registrados, é possível
que a cada minuto haja uma nova vítima. dos menores de
Esses dados confirmam que a violência sexual é algo tão
idade abusados
grave quanto recorrente. Desde a Revolução Francesa (1789
têm um histórico
de estupros
a 1799) e a Revolução Industrial (1820 a 1840), as mulheres
anteriores
passaram a lutar contra o comportamento machista, muitas
vezes reforçado pelo próprio gênero feminino. Milhares delas
foram às ruas levantando bandeiras de diversos movimen-
tos em defesa de seus direitos. Sobretudo, contra o assédio dos abusos foram
sexual, violência que antecede o estupro. cometidos
Isso ocorre em países como o Brasil, por exemplo, porque por dois ou mais
certas práticas que ferem a dignidade da mulher são legitima- agressores
das culturalmente. “A violência sexual tem que ver também com SILÊN
aquela cantada na rua, com insinuações disfarçadas de elogios Naqu
por parte de superiores, além do toque físico sem consentimento longo
no ônibus ou numa festa”, exemplifica a psicóloga Tereza Verone, segui
especialista em atendimento à vítima de violência contra o gênero. dos agressores são primi
E os números indicam que o abuso sexual ocorre em maior
pais ou padrastos a dor
Q.Silêncio 2017

escala num ambiente que deveria ser símbolo de proteção: o lar.


das vítimas come
Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que h
que 30% das mulheres em todo o mundo sofrem violência Qu
conjugal, seja física ou sexual. Em nosso país, por sua vez, um vozes
estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), são amigos fundo
com base no Sistema de Informações de Agravo de Notificações ou conhecidos bado
35637

do Ministério da Saúde (Sinan), revelou que 70% das vítimas O


de crime sexual são crianças e adolescentes. Em metade dos quan
casos, os menores já têm um histórico de estupros anteriores tro p
e, em 15% das ocorrências, o abuso foi realizado por dois ou a gar
Designer
mais agressores (leia o quadro ao lado). tas. “
São devastadoras as consequências disso para o processo mens
Editor
de formação emocional e social de quem sofre o abuso. dos agressores, no respe
A psicóloga Cristina Gutierres, especialista em atendimento
caso das vítimas por a
adultas, são
Foto: © sirnength88 – Fotolia

C.Qualidade ao agressor, confirma o fato quando relembra os relatos de Ati


desconhecidos
seus pacientes. “Geralmente, o agressor é alguém que já sofreu acont
Depto. Arte
violência. Ele carrega um conturbado histórico de vida e, soas c
por isso, acaba reproduzindo os exemplos que viu e viveu Fonte: Estupro no Brasil: Uma Radiografia Segundo os e até m
na infância e adolescência”, explica. Dados da Saúde (disponível em ipea.gov.br). menti

10 QUEBRANDO O SILÊNCIO
SILÊNCIO QUE MATA citada no início da reportagem, confirma isso ao mos-
Naquela noite, N. L. se levantou do chão após um trar que 24% dos agressores são pais ou padrastos e
longo período. “Procurei analgésicos pela casa e con- que 32% são amigos ou conhecidos das vítimas. Porém,
segui achar alguns. Tomei aproximadamente 15 com- quando se trata de vítimas adultas, em 60,5% dos casos
primidos. Na verdade, queria mesmo era acabar com o agressor é desconhecido. “As pessoas acham que o
a dor da alma. Pensei em suicídio”, sublinha. Logo ela estuprador talvez esteja na rua à espreita de mulheres.
começou a passar mal e se sentou no mesmo lugar em Mas é preciso dizer que o estupro pode ocorrer dentro

Q.Silêncio 2017
que havia sido violentada. de casa”, observa a psicóloga Tereza Verone.
Quando a porta foi aberta novamente e o eco das Os motivos da omissão são sempre vergonha e medo,
vozes familiares entrou em seus ouvidos, ela respirou identifica a profissional. Isso se deve ao fato de que as
fundo. Pensou se contaria para os pais o que havia aca- mulheres se sentem humilhadas e desonradas com o
bado de acontecer. estupro. Na cabeça da vítima, o agressor pode fazer
O pai, na época já aposentado, ficou transtornado algo muito pior se ela procurar ajuda.

35637
quando viu a filha no chão. Correu ao seu encon-
tro pedindo explicações. Depois de alguns minutos, CULTURA DO ESTUPRO
a garota finalmente conseguiu responder às pergun- Em seu livro A Noção de Cultura nas Ciências Sociais
tas. “Estou tendo uma crise de estresse. Acabei de (Edusc, 2012), Denys Cuche explica que cultura é o
menstruar. Preciso dormir”, mentiu. Seu desejo foi instrumento que naturaliza as ações e o comporta- Designer
respeitado e ela foi carregada até o quarto, onde ficou mento humano. O termo “cultura do estupro” refere­-
por alguns dias. se às inúmeras formas de culpabilizar a vítima pelo
Foto: © sirnength88 – Fotolia

Editor
Atitudes semelhantes são recorrentes. Visto que o estupro estupro. Além disso, tem que ver com a crença social
acontece, entre adolescentes e crianças, por parte de pes- de que tal tipo de violência seja justificável ou natural.
C.Qualidade
soas conhecidas, como tios, primos, vizinhos, amigos O termo foi cunhado na década de 1970, mas só
e até mesmo parceiros, milhares de vítimas optam pela se popularizou no Brasil em 2016 devido ao caso Depto. Arte
mentira ou pelo silêncio. A mesma pesquisa do Ipea, do estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro.

QUEBRANDO O SILÊNCIO 11
Em maio daquele ano, uma adolescente de 16 anos foi abusada por mais “O
de sete homens, em dois momentos, no Morro do Barão, na Zona Oeste vítim
da cidade. O fato ganhou repercussão mundial, principalmente por ter sido asseg
filmado, fotografado e veiculado nas redes sociais. da M
“A sociedade se acostumou com esse tipo de violência. Além disso, pre- existi
cisamos considerar que o homem naturalmente subjuga a mulher, faz com ajuda
que ela se torne um objeto de consumo e a inferioriza. Assim, ela se sente ção p
culpada pelas agressões que sofre”, analisa Fabiano Soares, coordenador Para A
do Seja, projeto de combate à violência contra a mulher e o machismo, falta d
realizado no interior de São Paulo. por is
A professora de Direito Penal e Criminologia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), Cristiane Brandão, argumenta que o problema é SENSA
muito sério, pois está profundamente enraizado na educação das meninas. Quas
Algumas vítimas, inclusive, permanecem com o algoz por décadas com base um te
no conhecido discurso machista: “mulher apanha porque quer”. Suas
em ne
JUSTIÇA VERSUS IGNORÂNCIA Sem
Enquanto milhares de mulheres são meses
estupradas todos os anos no mundo, Viver
os profissionais da área da justiça em qu
tentam combater esse drama social. carreg
A pesquisa Mulheres, Empresas e passa
o Direito, realizada em 2016 pelo estava
Banco Mundial, constatou que de Co
173 países, apenas 95 têm legislação outra
de proteção às mulheres vítimas de ção p
violência física e sexual. No Brasil ciado
existem leis efetivas que coíbem essa
agressividade. A mais popular é a LUZ N
Q.Silêncio 2017

no 11.340/2006, conhecida como Então


Lei Maria da Penha, que prevê puni- probl
ção à violência verbal, psicológica, dão, a
física, sexual e patrimonial. socied
De acordo com o Código Penal nós. A
Brasileiro, na lei no 12.015/2009, No en
35637

artigo 213, o estupro é crime facilm


de natureza hedionda. A pena nas in
pode variar de 6 a 30 anos de a doc
reclusão, dependendo da idade da recur
Designer
vítima e da lesão corporal. Outra Sob
lei relacionada ao crime sexual ferram
Editor
é a no 12.845/2013, que obriga tos. P
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

os hospitais do Sistema Único de home


Foto: © dlphoto6 – Fotolia

C.Qualidade Saúde (SUS) a atender vítimas a con


de violência sexual desde o diagnós- esse c
Depto. Arte
tico de doenças sexualmente trans-
missíveis (DSTs) e gravidez até o tra- JHENIFE
tamento de lesões graves. domést

12 QUEBRANDO O SILÊNCIO
mais “O fato é que, mesmo que essas medidas ofereçam proteção à
Oeste vítima e punição ao agressor, ainda assim não são suficientes”,
r sido assegura a delegada Ana Salomone, da 1a Delegacia de Defesa
da Mulher de Sorocaba, no interior paulista. “Não adianta
, pre- existirem tantas leis e apoio judicial se a mulher não procurar
z com ajuda. Pior que isso, não adianta nada se ela não receber orienta-
sente ção por parte do Estado a respeito de como proceder”, endossa.
nador Para Ana, o maior problema na efetividade das leis vigentes é a
ismo, falta de divulgação. Muitas vítimas desconhecem seus direitos;
por isso, não denunciam seus agressores.
deral
ema é SENSAÇÃO DE VAZIO
ninas. Quase quatro semanas depois do estupro, N. L. decidiu fazer
m base um teste clínico de gravidez somente para aliviar a consciência.
Suas pernas bambearam quando viu no resultado do exame,
em negrito, a palavra “positivo”.
Sem saber o que fazer, a adolescente reatou o namoro. Poucos
es são meses depois, ela e João se casaram e a gestação transcorreu.
undo, Viveram juntos durante 25 anos. “Sofri violência todos os dias
ustiça em que permaneci casada. Tenho inúmeras fraturas no corpo e
ocial. carrego muitas lembranças ruins no coração. Não precisava ter
esas e passado por isso, mas não soube o que fazer. Era uma menina,
6 pelo estava perdida e desinformada”, argumenta.
ue de Com isso, ela tenta fazer de sua história um exemplo para
slação outras mulheres. “Aprendi duramente que casamento não é solu-
mas de ção para gravidez. Estupro é um crime que precisa ser denun-
Brasil ciado e combatido com todas as forças”, ressalta.
m essa
ar é a LUZ NO FIM DO TÚNEL
como Então, a pergunta que fica é: Como é possível resolver esse

Q.Silêncio 2017
puni- problema de ordem social? Para a professora Cristiane Bran-
ógica, dão, a resposta está na educação. “Estudos demonstram que a
sociedade reconhece o predomínio da ideologia machista entre
Penal nós. Assim, as campanhas de conscientização surtem efeito.
2009, No entanto, séculos de cultura patriarcal e sexista não cedem
crime facilmente a poucos anos de investimento em educação, seja

35637
pena nas instituições de ensino, no governo ou na mídia”, observa
os de a docente. “É necessário persistir e adotar linguagem atual,
de da recursos audiovisuais e aplicativos para celular.”
Outra Sobretudo, a conclusão dos especialistas é que a educação é a
exual ferramenta mais eficaz contra o crime sexual em todos os âmbi- Designer
briga tos. Para tanto, os pais devem educar os filhos para que sejam
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

co de homens corretos e respeitosos, e precisam ensinar as meninas Editor


Foto: © dlphoto6 – Fotolia

timas a conhecer os próprios direitos e a lutar por eles, a fim de que


gnós- esse crime seja gradativamente reduzido.
C.Qualidade
trans-
o tra- JHENIFER COSTA é jornalista e autora do livro Depois do Sim, que trata da violência Depto. Arte
doméstica contra a mulher

QUEBRANDO O SILÊNCIO 13
R E L I G I ÃO

S
e Deus é compassivo e sensível, por que permite utiliza
que o estupro aconteça? Por que Ele não faz algo uma
para limitar ou impedir esse tipo de violência que ou hu
machuca tanta gente? Neste breve artigo, vou ten-
tar responder a essa complexa questão, mostrando DEUS
que Deus considera sagrada a dignidade humana, que Na B
Ele não é o responsável pela existência do mal e do tado
sofrimento, e como as famílias e comunidades religiosas same
podem representar o caráter amoroso de Deus demons- soas.
trando sensibilidade para com as vítimas de estupro. comp
No Antigo Testamento, por exemplo, há 3,5 mil anos, (Êxod
os maus tratos de um homem para com uma mulher Lucas
eram levados muito a sério. A lei determinava que, se cegam
alguém seduzisse uma virgem, chegando a ter intimi- princ
dade sexual com ela, deveria pagar o dote e casar-se disso,
com a moça (Êxodo 22:16-17). Por sua vez, no caso do gio, p
estupro de uma mulher, o agressor era passível de pena encon
de morte (Deuteronômio 22:25-27). Conforme explica (Salm
o Holman Illustrated Bible Dictionary, a legislação Porta
dada por Deus a Moisés previa a proteção dos direi- que D
tos da vítima, tanto para sua compensação financeira sível e
quanto para a recuperação de sua dignidade (p. 1.365). estupr

Deus também ch
Q.Silêncio 2017

Nos tempos do Novo Testamento, por sua vez, há Po


2 mil anos, Jesus classificou o adultério não simples- tência
mente como um ato de contato corporal, mas como Eva,
um pensamento desvirtuado que precede a ação. Na vi- respo
35637

são do educador e teólogo D. Robert Kennedy, o modo perm


pelo qual Cristo confirma os mandamentos do Anti- uso d
go Testamento (Mateus 5:28), aprofundando o sentido a ent
e a aplicação deles, eleva o valor do ser humano e se (Gêne
Designer
opõe frontalmente às paixões que motivam o estupro o teó
Imagem: © ra2 studio e © fantom_rd – Fotolia

(revista Ministry, fevereiro de 1995). The H


Editor
Portanto, não é preciso ser profundo conhecedor Anthr
da Bíblia para perceber que Deus se revela por meio agent
C.Qualidade dela e é claramente contra a exploração sexual. Para ria de
Ele, as relações sexuais são retratadas como sagradas, respo
Depto. Arte
idealizadas exclusivamente para o contexto de estabi- vras,
lidade, aceitação e proteção do casamento. Se depen- o Tod
ADOLFO SUÁREZ
desse apenas de Deus, a liberdade humana nunca seria evitad

14 QUEBRANDO O SILÊNCIO
rmite utilizada para tornar a sexualidade queda moral? O que Ele poderia ter importante oferecer cuidado e pro-
z algo uma experiência vulgar, frustrante feito, Ele fez: avisou sobre as con- teção, criando um senso de segu-
a que ou humilhante. sequências mortais da desobediên- rança e confiança, essenciais para
u ten- cia. Porém, intervir na escolha deles a recuperação. Foi isso que Cristo
rando DEUS NÃO PODE SER CULPADO seria violentar a liberdade humana. fez quando se colocou ao lado da
a, que Na Bíblia, Deus sempre é apresen- Deus idealizou e criou um mundo mulher acusada de adultério, não
e do tado como alguém misericordio- em que seres inteligentes agissem para ser conivente com o erro dela,
giosas samente preocupado com as pes- por conta própria e com responsa- mas para protegê-la e mostrar que a
mons- soas. Ele é descrito como cheio de bilidade. Isso implicava riscos, e o confiança e o perdão são mais fortes
pro. compaixão pelos seus frágeis filhos estupro é um deles. do que o medo (João 8:11).
anos, (Êxodo 34:6 e 7, Mateus 20:34 e 3. Ofereça apoio emocional.
ulher Lucas 7:13). E, embora não perdoe NÓS PODEMOS SER SENSÍVEIS Quem passou pelo sofrimento do
ue, se cegamente, é sempre orientado pelo Se por um lado a Bíblia apresenta estupro tende a carregar o peso
ntimi- princípio da justiça (1Jo 1:9). Além um plano original que foi com- da falsa culpa e da vitimização. É
sar-se disso, Ele é retratado como um refú- prometido pela irresponsabili- necessário que essa pessoa enxergue
so do gio, porque sob suas mãos podemos dade humana, por outro, ela não que não é culpada e que pode supe-
pena encontrar proteção e segurança nos deixa sem esperança (1 Coríntios rar essa etapa da vida, pela graça e
xplica (Salmos 18:1 e 2; 27:5; 46:1; 125:2). 15:21), pois retrata Deus inter- poder de Deus. Nesse caso, a men-
lação Portanto, esses textos deixam claro vindo para restaurar o que foi per- sagem do apóstolo Paulo é espe-
direi- que Deus tem um caráter irrepreen- dido (2 Coríntios 5:19 e Apoca- cialmente poderosa: “Tudo posso
nceira sível e que não pode ser culpado pelo lipse 21:1-4), fazer justiça (Hebreus naquele que me fortalece” (Filipen-
365). estupro ou qualquer tipo de violência. 10:30) e logo pôr fim à extensão ses 4:13).

m chora
do mal (Malaquias 4:1). Enquanto 4. Seja paciente. O estupro
isso não ocorre, Ele espera que os implica sofrimento intenso e a
seres humanos sensíveis à sua voz vítima precisará de bastante tempo
minimizem o sofrimento alheio. para se recuperar. Por isso, é pre-
As orientações abaixo, oferecidas ciso ter paciência para não cobrar
pelo ministério cristão Focus on the “resultados” imediatos. É necessário
Family, podem ajudar você a ampa- praticar o ensino de Mateus 11:28:
rar alguém que foi violentado. receber as pessoas de braços abertos

Q.Silêncio 2017
1. Mostre solidariedade. Talvez e ajudá-las a lidar com suas dores.
ez, há Porém, como explicar a exis- muitas mulheres não procurem aju- A toda vítima de estupro, que
mples- tência do mal? Deus criou Adão e da porque temem que ninguém derrama lágrimas e sofre pela tragé-
como Eva, os pais da humanidade, com acredite nelas. Assim, é preci- dia dessa experiência, Deus diz: “Eu
Na vi- responsabilidade moral, o que lhes so aproximar-se da vítima demons- conheço suas lágrimas; Eu também
modo permitiu fazer escolhas. Foi o mal trando dignidade e respeito. Foi jus- chorei. Aqueles pesares demasiada-

35637
Anti- uso dessa liberdade que acarretou tamente isso que fez o samaritano mente profundos para serem desafo-
ntido a entrada do sofrimento na Terra da parábola contada por Jesus, que gados em algum ouvido humano, Eu
o e se (Gênesis 2:17; 3:16-19). Segundo auxiliou o ferido na estrada de Jeru- os conheço. Não pense que está per-
tupro o teólogo Hans Schwarz, no livro salém para Jericó (Lucas 10:30-35). dida e abandonada. Ainda que sua
Imagem: © ra2 studio e © fantom_rd – Fotolia

The Human Being: A Theological Ele não se preocupou em saber dor não encontre eco em nenhum Designer
cedor Anthropology, o ser humano é um quem era a vítima ou quais riscos coração na Terra, olhe para Mim
meio agente moral livre, e como tal deve- ele corria ao se aproximar do ferido. e viva!” (Ellen White, O Desejado Editor
Para ria desfrutar de sua liberdade com Apenas demonstrou respeito e pro- de Todas as Nações, p. 483, trecho
adas, responsabilidade; em outras pala- moveu a dignidade humana. adaptado).
C.Qualidade
stabi- vras, em obediência a Deus. Mas 2. Proteja e inspire confiança.
epen- o Todo-poderoso não poderia ter É comum que a vítima se sinta ADOLFO SUÁREZ é teólogo, pedagogo e doutor em Depto. Arte
seria evitado que Adão e Eva tivessem a insegura, com medo. Por isso, é Ciências da Religião

QUEBRANDO O SILÊNCIO 15
CIÊNCIA

MARCAS
INVISÍVEI
33629 Q.Silêncio 2016

Saiba qual é o
impacto da violência
sexual no cérebro da

C
omo seria bom um O estupro não acontece apenas quand
vítima e como quem dia acordar e ler nos contra as meninas. Existem homens a dor
foi agredido pode jornais que estupros que hoje têm profundas marcas tivera
Designer
não mais são come- deixadas por esse tipo de abuso. com
recuperar a confiança tidos! Enquanto isso Como se não bastasse a atrocidade Tudo
Editor
não acontece, é pre- da violência sexual, crianças e ado- aos se
em outra pessoa
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

ciso coibir esse crime e tomar cui- lescentes são diariamente subme- Ta
C.Qualidade dados pessoais para não ser vítima tidas às mais diversas formas de que t
desse tipo de violência. Mas, caso desrespeito, que vão da negligên- propr
Depto. Arte
R O S A N A A LV E S ele ocorra conosco ou perto de nós, cia dos tutores ao espancamento assim
encarar esse drama da maneira certa no lar. Já ouvi muitos adultos con- lha. O
é o melhor caminho. tarem, em meio às lágrimas, que, sabe é

16 QUEBRANDO O SILÊNCIO
uma infância marcada pela cruel- madas e recuperadas as memórias
dade. É verdade que não somos aversivas.
apenas vítimas das circunstâncias, Por sua vez, a equipe do doutor
mas protagonistas do nosso des- J. Douglas Bremner, da Escola de
tino. Porém, os percalços da vida Medicina da Universidade de Yale
nos mostram que a realidade é (EUA), comparou a ressonância
mais complexa do que se imagina magnética de indivíduos “normais”
e muitas vezes é preciso ajuda para com a de 17 adultos submetidos a
prosseguir. abusos físicos ou sexuais na infância,
Além dos efeitos comportamen- todos eles portadores de distúrbio de
tais, a violência traz prejuízos que estresse pós-traumático. Resultado:
vão além do que os olhos podem o hipocampo esquerdo de quem foi
facilmente ver. Danos significati- abusado se mostrou, em média, 12%
vos e permanentes podem ocorrer menor do que o dos demais. Conse-
no cérebro da vítima, resultando quentemente, esses pacientes tiveram
em perdas inestimáveis! Apresento dificuldades em testes envolvendo
abaixo as conclusões de alguns memória verbal, segundo um artigo
estudos científicos que mostram a do Journal of Affective Disorders,
extensão dos efeitos neurológicos do de fevereiro de 2006.
abuso, além de algumas orientações O corpo caloso, responsável pela
de como as vítimas podem receber integração dos hemisférios cere-
apoio no processo de restauração. brais, também pode ser afetado
pelo estresse gerado pelo abuso.
CONSEQUÊNCIAS PARA O CÉREBRO Em estudos publicados em dois
Estudos da Universidade Harvard artigos nos periódicos Neuroscience

VEIS
(EUA) indicam que o hemisfério & Biobehavioral Reviews (2003)
esquerdo do cérebro de crianças que e Biological Psychiatry (2004),
sofreram severo abuso na infância se Martin Teicher e colaboradores
desenvolve menos do que em outras mostraram que em meninos que
que não passaram por isso. “Como haviam sido submetidos à violência

Q.Silêncio 2017
o abuso infantil ocorre duran- ou ao abandono, as partes centrais
te o período formativo crítico em do corpo caloso eram significativa-
que o cérebro está sendo fi sica- mente menores do que nos grupos-
mente esculpido pela experiência, controle. Além do mais, em meni-
o impacto do extremo estresse pode nos, o abandono teve um efeito
deixar uma marca indelével em muito maior do que qualquer outro

35637
penas quando crianças foram obrigados sua estrutura e função”, explicou mau trato. No entanto, em meninas,
mens a dormir na casinha do cachorro, Martin H. Teicher, cientista que o abuso sexual se mostrou o fator
arcas tiveram partes do corpo queimadas liderou os pesquisadores. mais destrutivo, sendo associado a
buso. com cigarro ou passaram fome... Esse mesmo grupo de especia- uma grande redução no tamanho
idade Tudo porque haviam desobedecido listas que publicou um artigo na das partes centrais do corpo caloso, Designer
ado- aos seus cuidadores! revista da Society of Biological o que dificulta a comunicação entre
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

bme- Talvez você conviva com adultos Psychiatry (EUA), em 2013, desco- as partes do cérebro. Editor
as de que tenham comportamentos ina- briu que pessoas que sofrem vio- Por sua vez, um estudo de 1993
igên- propriados e julgue que eles sejam lência severa na infância têm suas também identificou que os hormô-
C.Qualidade
mento assim simplesmente por livre esco- estruturas cerebrais alteradas. Esses nios liberados durante o estresse da
con- lha. O que você provavelmente não traumas afetam regiões do cérebro violência, além de prejudicar o ama- Depto. Arte
que, sabe é que eles podem ser fruto de como o hipocampo, onde são for- durecimento normal das regiões

QUEBRANDO O SILÊNCIO 17
MKT CPB | Fotolia e fotográfico da CPB
Estudos mostram que
o estresse pós-traumático
pode causar diminuição
de regiões do cérebro,
como o hipocampo e
o corpo caloso

cerebrais citadas, também provocam


uma “tempestade elétrica” no cére­
bro da vítima, podendo causar assim
sintomas epilépticos, como formiga­
mento, entorpecimento, vertigem,
náusea, frio no estômago e aluci­
nações. Os sinais são mais graves se
o abuso ocorrer antes dos 18 anos
(The Journal Neuropsychiatry and
Clinical Neuroscienses).
Infelizmente, todas essas pesqui­
sas e outras apontam para os sérios
efeitos físicos, mentais e sociais do
estupro. Por isso, a melhor estraté­
gia contra esse mal é a prevenção.
E tendo em vista que as crianças e os Con
adolescentes são as principais víti­
mas da violência sexual que ocorre RESTAURAÇÃO vão variar conforme a idade da
em casa por parte de conhecidos, Se, infelizmente, o estupro já ocor­ vítima e a intensidade e frequên-
Q.Silêncio 2017

construir vínculos de confiança e reu, medidas urgentes precisam ser cia da agressão, podendo esse
proteção com os menores e ensiná­ colocadas em prática: trauma gerar ansiedade, depressão
los a desenvolver autoconfiança 1. Escute. Ouça o relato da vítima ou ainda outra doença mental.
parece ser a melhor vacina (veja sem interrompê-la, sem duvidar do 4. Busque ajuda. Procure um
mais sobre o tema na página 24). que ela está dizendo nem culpá-la psicólogo para ajudar a vítima
Esse cuidado é indispensável porque pela situação. nesse momento tão difícil. Mos­
35637

o abusador costuma fazer uma aná­ 2. Mostre empatia. Diga que você tre total interesse no bem-estar
lise da vítima, avaliando quais são acredita nela, que está imensamente físico e emocional dela, e expresse
as mais frágeis ou negligenciadas, e triste com o que ocorreu, que fará de amor ao acolher, proteger, defen­
que não o denunciariam. tudo para protegê-la e que buscará der, aconselhar e escutar quem foi
Designer
Porém, o que fazer quando a vio­ ajuda para responsabilizar o abusador. violentado. Também denuncie o
3. Reforce. Repita constante­
08
lência já ocorreu ou a vítima con­ abusador: esse é o meio de impe­
Editor
tinua sendo abusada? Como ofere­ mente que ela não é culpada pelo dir que ele continue fazendo mal
Foto: © Photographee.eu – Fotolia

cer apoio e socorro nesses casos? que ocorreu. O abusador e a socie­ para outros.
C.Qualidade O que você pode fazer para minimi­ dade costumam culpar a vítima

Depto. Arte
zar o sofrimento de quem passou por
tamanha violência e ajudar em seu
dizendo que, de alguma forma, ela
provocou o agressor ou se mostrou
ROSANA ALVES é psicóloga e pós-doutora em Neu-
rociências pela Escola Paulista de Medicina e pela
Out
processo de restauração? Na sequên­ disponível para o ato sexual. Os Marshall University. É presidente do Neurogenesis Wha
cia ofereço algumas orientações. efeitos desse sentimento de culpa Institute (EUA)

18 QUEBRANDO O SILÊNCIO
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20 QUEBRANDO O SILÊNCIO
L
IMPULSOS ALTERADOS
Embora a relação entre drogas e estupro não esteja
estatisticamente comprovada, não é difícil imagi-
O EFEITO DAS DROGAS E DO ÁLCOOL PODE LEVAR A ATITUDES nar que substâncias psicotrópicas, ou seja, que alte-
DESEQUILIBRADAS, COMO A VIOLÊNCIA SEXUAL ram o sistema nervoso central, estejam relacionadas
à perda de domínio próprio e violência de toda
FELI PE LEM O S ordem, especialmente a sexual. É o que percebe
na prática o psiquiatra Pablo Canalis, pós-graduado
em Medicina da Família. “O uso do álcool e de

Q
drogas potencializa os impulsos humanos negati-
vos”, avalia o médico. Na visão dele, utilizar essas
substâncias torna o usuário mais suscetível a per-
uando se pensa em uma possível relação der o juízo e a capacidade de avaliação, podendo
entre drogas e abuso sexual, estupro ou resultar num comportamento mais agressivo.
qualquer tipo de violência dessa natu- Canalis afirma que, quando trabalhou com
reza, pode parecer que não existe cone- atendimentos em um hospital na Argentina, obser-
xão direta de causa e efeito. Mas levan- vou o comportamento de crianças dependentes
tamentos realizados em alguns países de uma droga chamada paco, um subproduto da
latino-americanos evidenciam justamente o con- cocaína. O psiquiatra percebeu que a utilização
trário. Em uma reportagem publicada em maio de da substância afetava o lóbulo frontal dos pacien-
2016 no site da rede britânica BBC, a presidente tes, região do cérebro responsável justamente,
da Associação para o Desenvolvimento Integral entre outras coisas, pela capacidade de julgamento.
de Pessoas Estupradas informou que, no México, “Quem está sob o efeito dessas substâncias não
cerca de 300 mulheres são violentadas todos os tem a real consciência do que pode vir a fazer, nem
anos por abusadores sob o efeito de drogas. consegue reprimir certas ações”, completa Canalis.
Especialistas da agência da Organização das
Nações Unidas (ONU) contra crimes e drogas POSSÍVEIS SAÍDAS
não apresentam estatísticas precisas, mas aten- Para tentar mudar esse cenário, Wilson Zeliak,
dem em média oito denúncias por dia referentes psiquiatra que trabalha num Centro de Atenção
a estupros relacionados ao uso de drogas. Já na Psicossocial Infantil (CAPSi), em Maceió (AL),

Q.Silêncio 2017
Colômbia apurou-se que, entre junho de 2013 e diz que a prevenção do uso de drogas e do abuso
março de 2014, foram denunciadas 184 agressões começa em casa. “Precisa ocorrer o diálogo infor-
sexuais só na capital Bogotá, das quais 53 foram mativo, o acompanhamento de perto dos pais e
facilitadas pelo uso de entorpecentes. cuidadores e, fundamentalmente, a demonstração
No Brasil, não há estatísticas que confirmem de amor e cuidado para com as crianças. No meu
ou neguem essa relação. O que se sabe, porém, trabalho, tenho presenciado um grande descaso

35637
é que entre os estudantes do 9o ano do Ensino das famílias. Em muitas delas, desestruturadas,
Fundamental, o consumo de álcool é significa- falta atenção, cuidado e demonstração correta de
tivo (23,8%), e que não é desprezível o índice de amor pelos menores”, ressalta.
alunos que já usaram drogas ilícitas (9%) e foram Por sua vez, Canalis vai além. Acredita que, em
forçados a ter relações sexuais (4%). Os dados última instância, impulsos humanos naturais, como o Designer
apresentados pela Pesquisa Nacional de Saúde egoísmo, têm sua raiz na espiritualidade. Ele entende
Fotos: © Spectral-Design – Fotolia

do Escolar 2015, feita pelo Instituto Brasileiro de que a prática religiosa com base na Bíblia e numa Editor
Geografia e Estatística (IBGE), mostra um quadro comunidade saudável de fé são fundamentais pa-
mais sério ainda entre os estudantes do Ensino ra que o ser humano sublime suas tendências mais
C.Qualidade
Médio. Desse grupo, 73% afirmam que já fizeram reprováveis e desenvolva as virtudes mais louváveis.
uso de bebida alcoólica, 17% de drogas ilícitas Depto. Arte
e 4,5% sofreram violência sexual. FELIPE LEMOS é jornalista

QUEBRANDO O SILÊNCIO 21
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Proteção começa em casa


33629 Q.Silêncio 2016

S
COMO CRIAR UM abe-se que experiências sos dias, pode prejudicar os meno-
negativas vividas na infân- res de diversas formas e seus efeitos
AMBIENTE FAMILIAR cia e adolescência podem são devastadores por toda a vida.
EM QUE OS FILHOS deixar marcas profundas, A molestação, por exemplo, é um
DESENVOLVAM BOA ainda que algumas delas tipo de violência emocional. Nesses
sejam invisíveis (veja a casos, a criança fica sujeita a um
Designer AUTOESTIMA E SE matéria da página 16). Por isso, é adulto que, mesmo sem usar força
Fotos: © Syda Productions e © barbiturat – Fotolia

SINTAM SEGUROS responsabilidade dos pais e tutores física, obriga o menor, por meio
Editor
PARA REVELAR dos menores ­ p repará-los para da pressão psicológica, a tocar ou
que não sejam agressores e ensiná­ manipular seus órgãos genitais.
C.Qualidade
POSSÍVEIS AGRESSORES los a se protegerem de possíveis Por sua vez, o abuso sexual não
abusadores. envolve violência física também, mas
DILENE EBINGER
Depto. Arte
A violência sexual é um dos abu- sim uma coação psicológica explícita.
sos a que crianças e adolescentes Com base no medo e ameaça, o abu-
estão sujeitos. Recorrente em nos- sador obriga a criança a se relacionar

24 QUEBRANDO O SILÊNCIO
sexualmente com ele, havendo a
penetração. Esse tipo de violência
provoca muita culpa, dor emocional,
insegurança e isolamento. Já o estu-
pro é o sexo com violência física. A
criança ou adolescente se recusa a se
entregar, mas o estuprador usa sua
força física para imobilizar a vítima
e agir deliberadamente.
A pergunta que fica é: diante de
tamanha crueldade com os peque-
nos, como podemos proteger nossos
filhos dessas ameaças? Como parte
da resposta, primeiro é preciso pen-
sar no que leva o agressor a come-
ter o abuso. Em geral, o estuprador
vem com a intenção de ferir, agredir
e humilhar. Ele usa a força porque
seu desejo é tratar a vítima como
um objeto. O sentimento de posse
é evidente. de ensinar aos filhos como lidar de

a
As atitudes dos estupradores reve- modo respeitoso com o sexo oposto.
lam que eles são pessoas inseguras, Crianças pequenas são como “espon-
com autoestima muito baixa, que jas” que absorvem tudo: atitudes,
não têm confiança em si mesmos, e olhares e palavras. Mesmo quando
que vivem sob forte pressão emocio- são maiores, os filhos monitoram
nal, hostilidade e conflitos familia- consciente ou inconscientemente
res. Fazem uso da violência porque o comportamento dos pais. Se o pai
não se sentem capazes de conquistar, enxerga a mãe como inferior, certa-
de levar alguém voluntariamente a mente ela será desvalorizada, abu-

Q.Silêncio 2017
se relacionar com eles. Além disso, sada, criticada e ignorada na família.
alguns deles agem assim para des- Agir de modo adequado como casal
carregar a raiva que sentem em rela- fará a criança ter uma compreensão
meno- ção às experiências frustrantes vivi- correta do papel e importância dos
feitos das com as mulheres de sua família. dois. Deve haver comunicação res-
vida. peitosa, sem apelidos pejorativos,

35637
é um ATITUDES QUE PROTEGEM insultos ou palavras de baixo calão.
Nesses Apesar dos vários fatores que Além disso, é preciso demonstrar
a um podem tornar os filhos mais vulne- respeito pelas opiniões divergentes.
Fotos: © Syda Productions e © barbiturat – Fotolia

força ráveis ao abuso, a regra básica para 2. AFETO. Dedicar tempo é sinônimo
meio ­protegê-los parece ser uma só: inves- de amor e respeito. Separe momen- Designer
ar ou tir na construção de sólidos vínculos tos exclusivos para ouvir seu filho.
is. com eles. Para tanto, é preciso aten- Não discorde imediatamente das Editor
al não tar para alguns princípios. colocações dele. Não reprima sua
m, mas capacidade de compartilhar as pró-
C.Qualidade
plícita. 1. RELACIONAMENTO CONJUGAL. Pode acre- prias opiniões nem interrompa sua
o abu- ditar: a maneira pela qual o marido fala. O contato presencial dos pais Depto. Arte
cionar trata sua esposa é a melhor forma é importante e expressa afetividade.

QUEBRANDO O SILÊNCIO 25
3. SEGURANÇA. Desenvolva a auto-
confiança do seu filho, dando-lhe
pequenas tarefas a cumprir. Dele-
gue uma responsabilidade adequada
para a idade dele. Não exija mais
nem menos do que ele pode realizar.
Acredite nele, permita que erre no
processo e destaque os pontos em
que ele precisa crescer.
4. COERÊNCIA. Seja coerente, exigindo
dele apenas o que você é capaz de
fazer ou exemplificar. Dessa forma,
seu filho aprenderá bons valores
com você, assim como reproduzirá
também seus maus hábitos. O ponto
é que a influência do discurso dos
pais é anulada por uma conduta diariamente um culto familiar, ou seja, 7. ELOGIE. Sempre elogie seus filhos.
incoerente e reforçada por uma separar minutos todos os dias para Eles precisam saber que fazem coi-
postura condizente. compartilhar alegrias e tristezas, ofece- sas bem feitas, que são admirados
5. RELIGIOSIDADE. O cultivo da espiritua- rer e pedir perdão, além de ouvir e falar por isso e que têm valor. A validação
lidade saudável faz muita diferença. palavras de conforto e esperança. Esses traz reconhecimento e desenvolve a
Uma família que costuma buscar momentos reforçam o vínculo fami- autoaceitação.
orientações na Bíblia tende a lidar me- liar e a fé num Deus todo­poderoso. 8. AMBIENTE. Os filhos precisam encon-
lhor com os dissabores da vida. Uma Novamente, é importante lembrar que trar no lar um lugar seguro para
forma de “blindar” a família é realizar esse programa diário precisa ser ade- expressar sentimentos, dúvidas,
quado à idade da criança, de modo que ideias e críticas. Criar esse ambiente
as reuniões não sejam maçantes nem é uma atribuição dos pais e eles são
incompreensíveis para ela. Além disso, as pessoas mais indicadas para lidar
pertencer a uma comunidade religiosa com as inquietações e descobertas
Q.Silêncio 2017

amplia essa rede de apoio construída que marcam o crescimento dos filhos.
em casa, oferecendo aos pais e filhos
um círculo social mais saudável. Conduzindo sua família de modo
6. MONITORE SEUS FILHOS. O cuidado dos adequado, com sabedoria e orienta-
menores é responsabilidade dos pais ção bíblica, você pode ajudar a pre-
e isso não pode ser delegado a tercei- venir diversos tipos de abusos. Uma
35637

ros. Por isso, não é prudente deixar as criança amada e respeitada tende a
crianças sob a responsabilidade de pes- crescer com senso de valor próprio, Fotos: © Monkey Business – Fotolia e © Prixel Creative – lightstock

soas desconhecidas nem permitir que segura de si e apta para desenvolver


durmam fora de casa. Mesmo paren- uma religiosidade saudável. Esse tipo
Designer
tes próximos do convívio dos pais de formação ajuda os filhos a amar
precisam ser acompanhados de perto. a si mesmos, ao próximo e a Deus.
Editor
Observe as queixas das crianças e Tal “blindagem” não é infalível, mas
toda mudança no comportamento pode livrar as crianças de muitos dis-
C.Qualidade delas. É importante lembrar que a sabores e frustrações. Uma vida fami-
maior parte dos abusadores tem uma liar bem equilibrada é um poderoso
Depto. Arte
vida social normal: trabalham, têm fator de proteção.
família e costumam não apresentar
distúrbio psiquiátrico. DILENE EBINGER é terapeuta familiar
c
26 QUEBRANDO O SILÊNCIO
Viva com
Alerta
MÁRCIO TONETTI

amor
Publicidade Segredos da Vitória no Amor
ERONILDES DE NICOLAS

filhos. Mais do que apenas um livro, esta é uma valiosa orientação psicológica para ajudar
você a alcançar êxito no amor. Para o autor, as pessoas que experimentam a derrota
m coi- na vida é porque geralmente estão fracassando também nos relacionamentos.
rados Elas têm dificuldade para dar e receber afeto. Por isso, é preciso aprender a amar.
dação E alguns dos segredos estão neste livro.
olve a

ncon-
para
vidas,
Amores que Matam
biente MIGUEL ÁNGEL NÚÑEZ
es são
a lidar A violência contra a mulher é um problema que tem atingido praticamente todas
as classes sociais. Não importa se ela é física ou psicológica, os danos são terríveis
bertas e podem se tornar irreversíveis se não forem tratados em tempo. Este livro surge
filhos. num momento oportuno, pois aborda questões como a violência doméstica, os
mitos sobre o agressor e a mulher agredida, o papel que a igreja deve assumir
modo com respeito ao assunto, e muito mais.
ienta-
a pre-
Uma
nde a
Fotos: © Monkey Business – Fotolia e © Prixel Creative – lightstock

óprio,
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DO O SILÊNCIO 27
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SMSFontes:
– EnvieMapa da Violência
a mensagem para(2013)
contra Idosos
CPBLIGA e Mapa
o número da Violência/casapublicadora
28908 contra a Mulher (2012)

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