Você está na página 1de 22

GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS

ESCOPOS DE PROJETO DE
EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS
PARA ATENDIMENTO DA
ABNT NBR 15575:2013
Maria Angelica Covelo Silva

Este documento complementa os


ESCOPOS PARA ATENDIMENTO À NORMA DE DESEMPENHO
Manuais de Escopo de Projetos e Serviços
www.manuaisdeescopo.com.br
Manual de Escopo de
Projetos e Serviços de

Acústica

3ª Edição

1ª Edição 1º Edição Página 0


Este documento integra o conteúdo de conhecimento dos
Manuais de Escopo de Projetos e Serviços
www.manuaisdeescopo.com.br

Coordenação Geral

Apoio Técnico

Entidades Especialistas Associadas aos Manuais de Escopo


Guia de utilização dos escopos de projeto de
edificações habitacionais para atendimento à
ABNT NBR 15575:2013
Maria Angelica Covelo Silva

1ª edição

São Paulo

Janeiro de 2019

MARIA ANGELICA COVELO SILVA é Engenheira Civil, Mestre e


Doutor em Engenharia e Diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento.

DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

Todos os direitos desta edição, reprodução ou tradução são reservados.

O acesso à versão atualizada deste documento deverá ser realizado por meio do site www.manuaisdeescopo.com.br,
após cadastro individual e pessoal.

Nenhuma parte ou todo desta publicação pode ser reproduzida, alterada ou transmitida de outra forma ou meio, sem
autorização expressa e por escrito da Comissão Gestora dos Manuais. Contato: manuaisdescopo@secovi.com.br,
telefone: (11) 5591-1227.

1º Edição Página 1
APRESENTAÇÃO

Com a publicação da ABNT NBR 15575 – Edificações habitacionais, em 19 de fevereiro de 2013 e com entrada em
vigor para projetos protocolados em prefeituras a partir de 19 de julho de 2013, estabeleceu-se no mercado um amplo
conjunto de ações por parte de empresas incorporadoras e construtoras, empresas de projeto e empresas fabricantes
de componentes e sistemas construtivos visando assegurar o atendimento aos requisitos e critérios da norma.

No entanto, tratando-se de conceitos absolutamente novos para a prática de mercado em toda a cadeia produtiva,
surgiram também muitas dúvidas e diferentes interpretações sobre as medidas necessárias para o atendimento. Em
especial, no que diz respeito ao que deve ser feito no desenvolvimento dos projetos das várias disciplinas envolvidas
no atendimento aos requisitos, notaram-se no mercado dúvidas e dificuldades em se saber com precisão quais são
as medidas e atribuições de cada disciplina.

O próprio conceito de “sistema construtivo” que norteia toda a ABNT NBR 15575 não se completa sem que se
considere que cada sistema – estruturas, vedação, pisos, coberturas, sistemas hidrossanitários – depende de
detalhamento de projeto e que, sobretudo, o desempenho da edificação é resultante da integração dos vários sistemas
o que depende essencialmente de projeto (assim como da execução da obra e das ações de uso e manutenção ao
longo da vida útil).

Com objetivo de esclarecer o atendimento à norma de desempenho ABNT NBR 15575:2013, foram detalhados os
escopos aplicáveis aos diversos projetos de um empreendimento imobiliário, sob coordenação técnica da consultora
Maria Angelica Covelo Silva, engenheira civil e doutora em engenharia e diretora da NGI Consultoria e
Desenvolvimento.

O conteúdo elaborado em conjunto, por consenso, entre representantes do Secovi-SP, SindusCon-SP e respectivas
entidades de projeto, proporcionam um entendimento adequado e abrangente sobre o escopo dos projetos de cada
especialidade no atendimento à norma de desempenho (ABNT NBR 15575:2013).

O resultado foi o conteúdo Escopos para Atendimento à Norma de Desempenho, inserido como capítulo na
atualização dos Manuais de Escopo aplicáveis, e disponibilizado como documentos avulsos para as disciplinas
que ainda não possuem Manual de Escopo, além deste Guia e de Modelos de Memoriais Descritivos, os quais
indicam premissas e considerações do projeto de um empreendimento, incluindo informações relativas ao
atendimento dos requisitos previstos na referida norma.

O trabalho gerou grande debate no grupo sobre mudanças de práticas de mercado que precisam ser feitas para que
seja possível atender aos requisitos e critérios e também apontou a necessidade de outras ações que se espera
desenvolver em continuidade a este esforço. Também se constatou que é preciso lidar com aspectos de diferentes
práticas de mercado como a contratação de determinadas disciplinas ou fases do projeto tanto por cultura de cada
contratante quanto por cultura de cada região do País.

Esperamos que os escopos e roteiros de memoriais desenvolvidos possam apoiar e serem instrumentos úteis para a
gestão do processo de desenvolvimento e coordenação de projeto visando a aplicação organizada dos requisitos e
critérios de desempenho da ABNT NBR 15575:2013.

Os Manuais de Escopo e seus documentos complementares representam uma importante base de informações
dirigida a contratantes e projetistas que buscam por qualidade no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários.
O trabalho iniciado em 1998, teve sua primeira edição em 2000 e há mais de 5 anos, a partir do monitoramento do
site www.manuaisdeescopo.com.br, contabilizamos, entre consultas e emissões de proposta, mais de 420.000
acessos, número que reforça seu valor para o setor.

Boa leitura!

Coordenação Geral dos Manuais de Escopo

1º Edição Página 2
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................... 2
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 4
2. RESPONSABILIDADES DOS PROJETISTAS EM RELAÇÃO AO ATENDIMENTO DA ABNT NBR 15575 ............ 4
3. DISCIPLINAS DE PROJETO ENVOLVIDAS NO ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575 .......................................... 6
4. FLUXO DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETO E O ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575............................... 10
5. MEMORIAIS DESCRITIVOS DE PROJETO ........................................................................................................... 12
6. COMPATIBILIZAÇÃO E DETALHAMENTO DE PROJETOS E O DESEMPENHO ................................................ 12
7. MANUTENIBILIDADE .............................................................................................................................................. 13
8. VIDA ÚTIL DE PROJETO - VUP ............................................................................................................................. 13
9. DESEMPENHO E SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE DE EDIFICAÇÕES ...................... 18
NORMAS TÉCNICAS .................................................................................................................................................. 18
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................................... 19

1º Edição Página 3
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

1. INTRODUÇÃO

Este documento tem como objetivo orientar o usuário na aplicação e atendimento aos requisitos da Norma de
Desempenho (ABNT NBR 15575). Sua utilização deve ser realizada em conjunto com o escopo de desempenho da
disciplina em projeto, disponibilizado em capítulo específico nos Manuais de Escopo aplicáveis ou através de
conteúdo avulso, para as disciplinas que ainda não possuem material.

O conteúdo de conhecimento dos manuais de escopo está disponível no site www.manuaisdeescopo.com.br

2. RESPONSABILIDADES DOS PROJETISTAS EM RELAÇÃO AO ATENDIMENTO DA ABNT NBR


15575

Inúmeros trabalhos das entidades do setor da construção civil, dos conselhos de classe e publicações técnicas
especializadas já trataram do tema da obrigatoriedade do atendimento de normas técnicas da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas não cabendo neste trabalho a análise desta questão.

No entanto, é preciso destacar que a ABNT NBR 15575 destaca uma série de responsabilidades do projeto ao longo
de todo o texto seja por meio de responsabilidades específicas quando se utiliza da expressão “o projeto deve...”
seja por meio das chamadas “premissas de projeto”.

Cabe, no entanto, destacar que na Parte 1 a norma deixa clara a responsabilidade dos projetistas especificarem
materiais, componentes e sistemas que atendam suas respectivas normas prescritivas, que são as normas de
especificação, e o que lhes for aplicável entre os requisitos de suas partes 1 a 6.

É importante observar que a ABNT NBR 15575 parte do princípio que todos os requisitos e critérios devem ser
avaliados, daí sempre haver o “método de avaliação” previsto, o qual poderá envolver ensaios, simulações
computacionais, métodos analíticos de cálculo ou ainda a análise de projeto.

Cabe aos projetistas evidenciar que as soluções adotadas têm comprovação de desempenho por um destes meios.
Os “relatórios de ensaios”1 de componentes e sistemas apresentados pelos respectivos fabricantes devem ser
citados e relacionados na descrição das soluções adotadas pelo projetista sempre que seu projeto for responsável
por aquela especificação.

Os materiais e componentes devem ter comprovação de conformidade à sua norma de especificação (norma
prescritiva) e aos requisitos que são aplicáveis ao produto na norma de desempenho. Exemplo: as portas de madeira
devem atender a ABNT NBR 15930 – Portas de madeira para edificações Parte 2 – Requisitos, mas deverão atender
também a um isolamento acústico compatível com o critério de isolamento acústico do conjunto porta de entrada +
parede entre as unidades separadas pelo hall.

Assim o projetista ao especificar um produto de um determinado fabricante deve:

1 Utiliza-se no mercado o termo “laudo”, porém não é o termo correto porque os ensaios realizados por laboratórios e/ou
especialistas como os ensaios em campo, não apresentam qualquer tipo de parecer técnico, e sendo isto que caracteriza o
laudo não cabe este termo. Os relatórios se restringem a descrever o ensaio realizado e cabe ao especificador e/ou
profissional que utilizará o documento analisar a aplicação dos resultados para seu projeto.

1º Edição Página 4
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

- Conhecer as propriedades previstas na norma de especificação que devem ser analisadas para a especificação
correta em função do ambiente ou função do produto no seu sistema construtivo;

- Solicitar do fabricante a comprovação de conformidade do produto à sua norma de especificação e aos requisitos
da norma de desempenho no que for aplicável a cada produto, compreendendo o papel de cada produto no
desempenho do sistema;

- A comprovação de conformidade às normas de especificação pode ser feita por meio de certificação de produto
(não confundir com certificação do sistema da qualidade segundo a ABNT NBR ISO 9001 ou do sistema de
gestão ambiental segundo a ABNT NBR ISO 14001), pela participação do fabricante e daquele produto no
Programa Setorial da Qualidade do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat do
Ministério das Cidades) ou ainda por declaração de conformidade do fabricante que apresente relatórios
“relatórios de ensaios” comprobatórios do atendimento à norma de especificação (e caberá à construtora neste
caso acompanhar seu controle de produção para manter esta conformidade);

- A comprovação de atendimento do sistema ou componente aos requisitos da ABNT NBR 15575 que são
aplicáveis deve ser feita necessariamente por apresentação de relatórios de ensaios de desempenho. Estes
ensaios precisam ser analisados para se constatar as condições da amostra ensaiada em relação ao produto
que será utilizado.

- É preciso que se entenda qual o papel de cada produto no requisito para o sistema: como exemplo se pode citar
que a norma de desempenho tem requisitos de estanqueidade do sistema de piso, mas esta estanqueidade é
do conjunto e não é um dos materiais ou componentes que deverá apresentar ensaios de conformidade ao
requisito de estanqueidade. Assim não cabe, por exemplo, ao fabricante da placa cerâmica ou da argamassa
colante ou da argamassa de rejuntamento apresentarem relatórios de ensaios relativos à estanqueidade, mas
cabe comprovarem a conformidade de seus produtos às suas respectivas normas de especificação. E caberá
ao projetista combinar estes produtos com as características adequadas para cada tipo de uso e condições de
exposição para que o sistema resultante atenda aos requisitos da norma de desempenho.

- Observa-se que produtos que sejam fabricados fora do Brasil precisam também atender normas brasileiras
quando comercializados em território nacional. É comum que um importador apresente relatórios de ensaios ou
certificações que se referem a normas de seus países de origem que, à primeira vista parecem mais rigorosas
e assim o produto atenderia também aos requisitos de normas brasileiras – mas não é esta a questão envolvida
– o tipo de aplicação, as condições climáticas, a forma de executar a obra, e vários outros fatores que influem
sobre o desempenho poderão ser próprios das condições brasileiras, impedindo que o atendimento às normas
de seus países seja suficiente.

- O projetista poderá não verificar estas condições quando especificar as características de desempenho e não o
produto em si. Ao especificar as características caberá à incorporadora/construtora buscar produtos com estas
características com demonstração do fabricante.

Quando o projetista não é responsável pela totalidade da especificação que atende aos requisitos e critérios deverá
indicar a necessidade de complementação por outra disciplina ou por outro especialista. Exemplos desta situação:
o guarda-corpo definido pela Arquitetura que precisa ser dimensionado ou ensaiado, embora atenda as
características arquitetônicas previstas na ABNT NBR 14718; os vidros que requerem dimensionamento e
especificação segundo a ABNT NBR 7199, e assim por diante.

O registro das características técnicas deve ser feito até mesmo no Manual de uso e manutenção para que, em caso
de necessidade de substituição, o condomínio ou proprietários substituam por produtos de mesmas características
de desempenho. Por exemplo: os revestimentos que requerem coeficiente de atrito ≥ 0,4, os revestimentos que
precisam atender classes de reação ao fogo.

1º Edição Página 5
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

3. DISCIPLINAS DE PROJETO ENVOLVIDAS NO ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575

A ABNT NBR 15575 é composta de seis partes as quais se referem a Requisitos Gerais (Parte 1) que se aplicam à
edificação como um todo, Sistemas Estruturais (Parte 2), Sistemas de pisos (Parte 3), Sistemas de vedações
verticais internas e externas (Parte 4), Sistemas de Coberturas (Parte 5), Sistemas hidrossanitários (Parte 6).

Nestas partes um conjunto de 13 (treze) requisitos principais se agrupam em requisitos ligados à segurança,
requisitos ligados à habitabilidade e requisitos ligados à sustentabilidade.

Segurança

- Desempenho estrutural
- Segurança contra incêndio
- Segurança no uso e operação

Habitabilidade

- Estanqueidade
- Desempenho térmico
- Desempenho acústico
- Desempenho lumínico
- Saúde, higiene e qualidade do ar
- Funcionalidade e acessibilidade
- Conforto tátil e antropodinâmico

Sustentabilidade

- Durabilidade
- Manutenabilidade
- Adequação ambiental

O atendimento a estes requisitos envolve as seguintes disciplinas de projeto:

- Projeto de Arquitetura
- Projeto de Arquitetura de Interiores (Design de Interiores)
- Projeto de Acústica
- Projeto de Paisagismo
- Projeto de Contenções e Fundações
- Projeto de Estruturas
- Projeto de Sistemas Prediais (Instalações Elétricas e Instalações Hidráulicas)
- Projeto de Segurança Contra incêndio
- Projeto de produção de Vedações Verticais internas e externas
- Projeto de Impermeabilização
- Projeto de Esquadrias

1º Edição Página 6
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

Cada disciplina de projeto tem sobre seu projeto a incidência de diferentes requisitos conforme a matriz a seguir:

Segurança Habitabilidade Sustentabilidade

Adequação ambiental
PROJETOS

Funcionalidade e

Manutenibilidade
antropodinâmico
Saúde, higiene e
Uso e Operação

qualidade do ar
Estanqueidade

Conforto tátil e
acessibilidade

Durabilidade /
Estrutural

Lumínico
Acústico
Incêndio

Térmico
Acústica

Arquitetura

Contenções e
Fundações

Esquadrias

Estruturas

Impermeabilização

Interiores

Paisagismo

Segurança contra
incêndio

Sistemas prediais

Vedações

Legenda:

Em cinza claro: Estruturas – interface com o desempenho acústico em pisos; sistemas prediais – interface com
desempenho acústico em requisitos de isolamento de ruído de equipamentos que não são normativos/obrigatórios;
requisitos de adequação ambiental – a maior parte são recomendações.

1º Edição Página 7
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

No conceito de “sistema construtivo”, composto por materiais e componentes específicos para a função que
desempenha na edificação encontra no projeto a definição dos elementos construtivos em que serão aplicados e a
interação com outros elementos e outros sistemas requer o conhecimento do projetista sobre os fatores de influência
sobre cada requisito de desempenho.

Com base neste conhecimento e no conhecimento do comportamento/desempenho do sistema por ensaios e


avaliações, previstos na norma de desempenho e nas normas de especificação, torna-se a essência do projeto a
combinação que resultará no desempenho final do sistema construtivo previsto na ABNT NBR 15575 para cada
requisito, incluindo as recomendações específicas para execução do serviço em obra e para uso e manutenção.
Para tanto o projetista deve ter conhecimento dos fatores que influem e como influem nas situações que encontra
em cada projeto sobre cada requisito nos sistemas sob sua responsabilidade.

EXEMPLO: Sistema de vedação vertical em alvenaria

Componente – Bloco (cerâmico, de concreto, sílico-calcário, etc.).

Sistema Alvenaria de vedação

Elementos construtivos - paredes

1º Edição Página 8
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

EXEMPLO: Desempenho acústico do Sistema de vedação vertical em alvenaria

O fabricante do sistema realiza ensaios segundo os métodos previstos para cada requisito da ABNT NBR 15575
com os componentes e materiais em configurações que usualmente o mercado utiliza e configurações necessárias
para o desempenho requerido, mas sem interação com os demais subsistemas o que é prerrogativa do projeto
solucionar.

Ensaio do sistema alvenaria de vedação em laboratório – Índice de Isolação Acústica

Juntas e aberturas na alvenaria influem sobre o


isolamento acústico a ser atingido pela parede.

Para que os requisitos de desempenho acústico da ABNT NBR 15575 possam ser atendidos a parede ensaiada
precisa ainda de solução de projeto, com a especificação completa de isolamento das caixas de instalações elétricas
para que não deixem passar ruído, para detalhamento de preenchimento completo das juntas verticais, horizontais
e transversais, para detalhamento da fixação superior (encunhamento) para que que não deixe passar ruído, com
detalhamento de espessuras e tipos de revestimentos.

O projetista responsável pela especificação do sistema de vedação precisa ainda comparar os componentes e
materiais utilizados com os que constituíam a amostra ensaiada quanto às características que afetam cada requisito
– no caso do desempenho acústico: massa do bloco, design do bloco (em planta número e configuração dos septos),
tipo de revestimento e espessura, preenchimento das juntas e outras.

1º Edição Página 9
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

4. FLUXO DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETO E O ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575

O atendimento à ABNT NBR 15575 no que diz respeito à projeto exige que se trabalhe com momentos certos de
inserção de cada disciplina no desenvolvimento e, portanto, momentos adequados de contratação de cada
profissional/empresa.

Os escopos de projeto originalmente desenvolvidos e publicados consideraram as fases de projeto típicas das
práticas do mercado imobiliário.

Fase A – Concepção do produto – Estudo preliminar

Fase B - Concepção do produto – Anteprojeto

Fase C - Identificação e solução de interfaces - Pré-executivo / Projeto Básico

Fase D - Projeto de detalhamento das especialidades - Projeto Executivo / Detalhamento

O atendimento à ABNT NBR 15575 exige que a execução da obra seja feita com projeto executivo, em que
haja solução de interfaces entre os sistemas construtivos, e detalhamento das especificações técnicas dos
componentes e sistemas com suas características de desempenho, o que é fundamental para atendimento
aos requisitos e critérios previstos na norma.

Os serviços oferecidos durante a elaboração de um projeto foram classificados conforme sua necessidade, em:

Essenciais - presentes em qualquer tipo ou porte de empreendimento;

Específicos - vinculados às características daquele empreendimento, como por exemplo, número de subsolos,
critérios de sustentabilidade, etc.;

Opcionais - aqueles que o contratante entende como convenientes para aquela especialidade, na etapa em
questão, e que não estejam enquadrados nos outros dois tipos.

Todas as atividades detalhadas para os escopos de atendimento à ABNT NBR 15575 devem ser consideradas
“essenciais”, tendo em vista que o atendimento às normas técnicas para efeitos legais e de responsabilidade é
considerado como descrito a seguir:

O fluxo de desenvolvimento de projeto para o atendimento à ABNT NBR 15575 deve considerar que existem
definições e avaliações que, se não forem feitas nas fases certas, poderão gerar retrabalho ou tornar impossível o
atendimento a determinados requisitos e critérios.

1º Edição Página 10
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

Distribuição das atividades relativas ao atendimento da ABNT NBR 15575 nas fases do desenvolvimento de projeto

Análise do terreno Estudo de viabilidade Estudo preliminar Anteprojeto Aprovação de projeto Pré-executivo Executivo

Devem ser identificados os Devem ser considerados Devem ser identificados os riscos previsíveis ligados São detalhadas as Antes do processo de Solução de todas as Detalhamento de projeto
riscos previsíveis ligados os níveis de desempenho às disciplinas de projeto e os estudos técnicos condições de atendimento aprovação deve haver interfaces entre para o desempenho;
ao terreno e às que são aplicáveis ao necessários; aos demais requisitos e consolidação de tudo que componentes e sistemas
características gerais do empreendimento com ainda desenvolvidas as não pode mudar mais: que influem sobre o Especificações técnicas
empreendimento e os relação aos impactos Devem ser atendidos no projeto de contenções e soluções para: desempenho; completas dos materiais,
estudos técnicos sobre o custo – níveis fundações as condições de implantação e entorno - Fachada componentes e sistemas.
necessários acima do mínimo; (Parte 1) - Saúde/higiene - Vedações internas Análise de desempenho de
- Conforto tátil e - Lajes componentes e sistemas a
Devem ser caracterizadas Devem ser avaliados os Devem ser caracterizadas as condições de antropodinâmico - Áreas comuns adotar: pisos, esquadrias,
as condições de exposição impactos nos custos para exposição que afetam o projeto – zona bioclimática, - Durabilidade/manute portas, revestimentos
– classe de ruído de atender requisitos região de vento, condições para a durabilidade; nibilidade coberturas e forros,
entorno específicos como sistemas hidrossanitários,
esquadrias, vedações, etc.
Devem ser realizados a análise de desempenho
pisos e coberturas para o
térmico e de desempenho lumínico;
desempenho acústico e
outros.
Devem ser atendidos os requisitos de segurança
contra incêndio – toda a legislação (indicada pela
ABNT NBR 15575), definição dos sistemas
estruturais, de vedações verticais e coberturas para
a resistência ao fogo, selagem e requisitos de
combate à incêndio;

Devem ser estudadas as soluções para o


desempenho acústico – pisos, vedações verticais,
coberturas;

Devem ser estudadas as condições de segurança no


uso e operação;

Devem ser atendidos nesta fase os requisitos de


acessibilidade e funcionalidade.

1º Edição Página 11
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

5. MEMORIAIS DESCRITIVOS DE PROJETO

O trabalho desenvolvido também analisou e propôs roteiros de memoriais descritivos de projeto visando registrar e
evidenciar as premissas e dados de projeto necessários para comprovar o atendimento aos requisitos da ABNT
NBR 15575.

É importante destacar que, face a muitas situações que podem vir a ocorrer ao longo da vida útil da edificação, o
incorporador/construtor e os respectivos projetistas, podem ser solicitados a apresentar condições/premissas
consideradas em projeto. Em outras normas, mas, em especial na ABNT NBR 15575, ficam explicitas as chamadas
premissas de projeto que são condições que o projeto deve considerar para as soluções a serem adotadas.

Visando também dar segurança sobre as responsabilidades dos projetistas, considera-se que o memorial descritivo
é um documento fundamental para a comprovação de premissas adotadas e atendimento às condições da norma
de desempenho.

As informações do memorial são muitas vezes colocadas em pranchas de projeto com a finalidade de que a gestão
da obra de fato as utilize ou de ficarem associadas às plantas, cortes e detalhes. Isso não invalida a necessidade
do memorial quanto à descrição de premissas adotadas e a equipe da gestão da obra deve ter o cuidado de ler
atentamente as informações do memorial.

6. COMPATIBILIZAÇÃO E DETALHAMENTO DE PROJETOS E O DESEMPENHO

Conforme já mencionado no item 3, o desempenho previsto na ABNT NBR 15575 requer que as interfaces entre os
sistemas sejam adequadamente solucionadas levando em conta os fatores que influem sobre cada requisito.

Isso pressupõe que os diversos projetistas tenham conhecimento sobre tais fatores e que saibam avaliar como suas
especificações e soluções devem ser integradas com as outras disciplinas de projeto para que o desempenho final
seja de fato atingido.

Assim, é um pressuposto básico para o desempenho que cada disciplina de projeto se integre com as demais
visando a compatibilização necessária com iniciativa de cada projetista de em conjunto com a coordenação de
projetos atingir a integração necessária com cada disciplina pertinente.

O foco de atingir o desempenho final previsto na norma deve ser visto de forma sistêmica por todos os projetistas
envolvidos, pois é preciso que as soluções sejam integradas para o desempenho final. Por exemplo para atender o
desempenho acústico em vedações verticais é preciso compatibilizar o projeto de Arquitetura com o projeto de
sistemas prediais, com as definições para segurança contra incêndio, com o projeto de interiores em algumas
situações, com o projeto de estruturas etc.

Igualmente relevante é o detalhamento de projeto visando o desempenho. Para assegurar o desempenho final os
detalhes executivos do que interfere sobre cada requisito devem obrigatoriamente fazer parte do projeto de modo a
se ter precisamente o que é preciso fazer do ponto de vista executivo.

Assim, por exemplo, detalhes de encontros entre esquadrias e alvenarias, entre pisos do térreo e fachada, visando
a estanqueidade; detalhes do preenchimento de juntas de alvenaria visando o desempenho acústico e a resistência
ao fogo, detalhes de fixação superior de alvenarias (encunhamento) para o adequado desempenho estrutural das
vedações e assim como vários outros devem necessariamente fazer parte dos respectivos projetos.

1º Edição Página 12
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

7. MANUTENIBILIDADE

O conceito de manutenibilidade é bastante novo para a cultura de projeto no Brasil. No entanto, uma simples busca
pelo termo em inglês (maintainability ou design for maintainability ou ainda maintainability of buildings) demonstrará
como o tema é tratado internacionalmente como parte indissociável da abordagem de desempenho e, em especial,
de durabilidade e vida útil.

Medidas de projeto que visem assegurar a facilidade de realizar operações de manutenção em todas as partes da
edificação são necessárias para atender ao requisito 14.3.1 da ABNT NBR 15575 Parte 1 – Manutenibilidade do
edifício e de seus sistemas – “Manter a capacidade do edifício e de seus sistemas e permitir ou favorecer as
inspeções prediais, bem como as intervenções de manutenção previstas no Manual de Uso, Operação e
Manutenção, conforme responsabilidades estabelecidas na Seção 5”.

Observa-se assim a responsabilidade de todos os projetistas em avaliar a necessidade de operações de limpeza,


conservação e manutenção em relação aos sistemas e elementos construtivos sob sua responsabilidade e prover
condições que favoreçam a realização destas operações.

Situações como lajes sem acesso dos usuários, floreiras, coberturas de partes de lazer, e inúmeras outras que
podem fazer parte do projeto devem ser minuciosamente avaliadas quanto às formas de viabilizar e facilitar as
operações de limpeza, conservação e manutenção ao longo da vida útil da edificação.

8. VIDA ÚTIL DE PROJETO - VUP

O conceito de Vida Útil de Projeto - VUP que a ABNT NBR 15575 adota, se refere à vida útil potencial de um
sistema construtivo ou da edificação como um todo, que será resultante das condições de projeto adotadas, das
condições de execução da obra e do fornecimento adequado das informações para uso, conservação e manutenção.

Os tempos de Vida Útil de Projeto previstos na ABNT NBR 15575 Parte 1 se constituem em uma estimativa a ser
prevista por ocasião do projeto, o que requer o conhecimento das vidas úteis esperadas dos vários componentes e
sistemas sob a responsabilidade do projetista e ainda uma metodologia apropriada para combinar estes tempos
para a previsão da vida útil do sistema.

As vidas úteis esperadas de cada componente e sistema dependem das condições em que serão aplicados na
edificação, pela interação com outros sistemas, das condições de uso e de exposição a que estarão sujeitos que
devem ser avaliadas em projeto, o que no todo determinará a probabilidade de ocorrência de mecanismos de
deterioração. Quanto mais baixa for esta probabilidade maior será a vida útil potencial ou Vida Útil de Projeto do
sistema ou da edificação.

A responsabilidade sobre a Vida Útil de Projeto é compartilhada entre quem projeta, quem fabrica os
materiais/componentes e sistemas e quem executa a obra, pois os fatores determinantes da VUP estão
distribuídos entre estes agentes. Para a Vida Útil efetiva entrará em cena ainda o usuário que, se não utilizar
dentro das recomendações de uso e não realizar a manutenção recomendada, contribuirá para aumentar a
probabilidade de ocorrência de mecanismos de deterioração que reduzirão a vida útil esperada (VUP).

No entanto, os projetistas têm um papel protagonista no processo de obtenção da vida útil e precisam
utilizar as melhores informações possíveis para conceber o empreendimento para que a VUP possa
efetivamente ser atingida.

1º Edição Página 13
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

É parte fundamental deste processo que, ao projetar, obtenham informações e dados de desempenho dos
fabricantes de sistemas e componentes construtivos, e quando projetarem utilizando sistemas inovadores,
obtenham de seus fabricantes a caracterização completa de desempenho por meio de ensaios e
avaliações.

A responsabilidade dos projetistas não é a de garantir a vida útil, mas desenvolver o projeto para que esta
possa potencialmente ser atingida se a execução for correta, os materiais/componentes e sistemas
utilizados sejam corretamente adquiridos e instalados e o usuário elabore e implante um programa de
manutenção corretiva e preventiva.

Exemplificando na prática:

Vida Útil de Projeto (VUP) do sistema de fachada de alvenaria de blocos (cerâmicos ou de concreto) com
revestimento argamassado:

Será função de fatores como:

- Interação entre a estrutura e o sistema alvenaria – esta interação deve ser solucionada por premissas de
projeto e comportamento dos materiais e componentes utilizados em que as deformações, deslocamentos,
fissuração, etc. estejam dentro dos limites que não gerem mecanismos de deterioração para a fachada;
- Interação entre o sistema alvenaria e todos os demais sistemas ou componentes da fachada tais como
esquadrias, guarda-corpos, elementos arquitetônicos especiais, etc. – esta interação também deverá ser
solucionada pelos vários projetos envolvidos com detalhamento de interfaces e utilização de
materiais/componentes compatíveis de modo a não gerar mecanismos de deterioração como infiltração de
água, umidade, etc.;
- Consideração das condições de exposição que podem gerar os mecanismos de deterioração como variação
térmica, temperaturas e umidade locais, agentes poluentes agressivos, etc.;
- Consideração de condições de uso que possam gerar mecanismos de deterioração como lavagem de terraços,
cargas decorrentes de equipamentos de repintura e manutenção, e outras;
- Características/propriedades dos diversos materiais/componentes empregados para o tipo de uso e condições
de exposição segundo suas normas de especificação – concreto, argamassas, blocos de concreto/blocos
cerâmicos;
- Condições de execução da obra: procedimentos de execução segundo normas técnicas, cumprimento estrito
do projeto, inspeção adequada dos serviços.
- Fornecimento de informações suficientes e adequadas sobre as atividades de conservação e manutenção que
os usuários/condomínio deverão fazer para assegurar que a vida útil efetiva dentro da expectativa da Vida Útil
de Projeto.

A ABNT NBR 15575 Parte 1 define no critério 14.2.3 que entre os métodos de avaliação para o atingimento da VUP
mínima se considere o atendimento às normas prescritivas de projeto e de especificação dos componentes e
sistemas, assim como o atendimento a normas de aplicação destes produtos.

1º Edição Página 14
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

Critério – Durabilidade

O edifício e seus sistemas devem apresentar durabilidade compatível com a Vida Útil de Projeto VUP
preestabelecida em 14.2.1.

14.2.4 Método de avaliação

A avaliação pode ser realizada:

a) através da verificação do atendimento dos requisitos estabelecidos em Normas Brasileiras


que estejam relacionadas com a durabilidade dos sistemas do edifício. São exemplos de Normas
com estas características as ABNT NBR 6118, ABNT NBR 8800, ABNT NBR 9062 e ABNT NBR 14762;

b) pela comprovação da durabilidade dos elementos e componentes dos sistemas, bem como de
sua correta utilização, conforme as Normas a elas associadas que tratam da especificação dos
elementos e componentes, sua aplicação e métodos de ensaios específicos, como ABNT NBR
5649, ABNT NBR 6136, ABNT NBR 8491, ABNT NBR 9457, ABNT NBR 10834, ABNT NBR 11173,
ABNT NBR 13281, ABNT NBR 13438, ABNT NBR 13858-2, ABNT NBR 15210-1, ABNT NBR 15319,
ABNT NBR 6565; ABNT NBR 7398; ABNT NBR 7400; ABNT NBR 9781; ABNT NBR 13528 ABNT NBR
8094; ABNT NBR 8096 e outras Normas Brasileiras específicas, conforme o caso;

c) na inexistência de Normas Brasileiras, através do atendimento dos requisitos estabelecidos em


Normas estrangeiras específicas e coerentes com os componentes empregados na construção e sua
aplicação, tais como as ASTM G154-06, ASTM E424-71, ASTM D1413-07 e outras;

d) por análise de campo do sistema através de inspeção em protótipos e edificações, que possibilite a
avaliação da durabilidade por conhecimento das características do sistema obedecendo ao tempo
mínimo de comprovação da durabilidade (ver Seção 6) e considerando a vida útil pretendida;

e) pela análise dos resultados obtidos em estações de ensaios de durabilidade do sistema, desde que
seja possível comprovar sua eficácia.

Assim, considera-se que existem medidas específicas para que cada disciplina de projeto possa cumprir
sua responsabilidade no atendimento à Vida Útil de Projeto mínima estabelecida na ABNT NBR 15575 Parte
1 para os sistemas e para a edificação como um todo, e há ainda medidas a serem tomadas também em
outras disciplinas e na execução da obra para que se possa se possa afirmar que a VUP mínima prevista na
norma seja atendida.

Os quadros a seguir exemplificam estas medidas para o subsistema estruturas e para o subsistema vedações
verticais externas.

1º Edição Página 15
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

Estruturas – VUP Mínima – 50 anos

Medidas necessárias nos projetos de estruturas e fundações para Medidas em execução da obra e em
a VUP orientações aos usuários
Entende-se que a VUP de estruturas compreenda também as A gestão da execução da obra deverá:
contenções e fundações, pois se estas não tiverem a VUP mínima da
estrutura por estarem intrinsecamente ligadas, haverá elevada - seguir estritamente o projeto de
probabilidade de que venha a comprometer a VUP da estrutura. contenções, fundações e estrutura,
Assim, as medidas necessárias nos projetos de estruturas e de - ter atenção e procedimentos que
fundações e contenções, são: assegurem a correta execução das
interfaces entre os sistemas que
- Evidências de atendimento a todas as normas de concepção e podem repercutir sobre a geração
dimensionamento2 e ao atendimento aos requisitos e critérios de mecanismos de deterioração;
específicos da ABNT NBR 15575 que repercutem sobre a VUP - adquirir os materiais, componentes
(riscos previsíveis por exemplo); e sistemas com comprovada
- Evidências das premissas de projeto conforme previsto nas conformidade às respectivas
respectivas normas e no caso de estruturas na Recomendação normas aplicáveis,
ABECE 003; - estabelecer procedimento de
- Especificação completa dos materiais, componentes e sistemas a execução e de controle tecnológico
serem empregados segundo a adequação às condições da execução das contenções e
específicas do projeto, condições de uso a que os sistemas fundações e dos materiais e
estarão sujeitos e condições de exposição3; sistemas em conformidade às
- Compatibilização com todas as disciplinas de projeto relacionadas respectivas normas aplicáveis4;
à estrutura e, em especial, solucionando itens de interface que - treinar a mão-de-obra executora
podem repercutir sobre a vida útil como contenções e fundações, para estes procedimentos;
impermeabilização, esquadrias, etc. - inspecionar os serviços com
- Detalhamento de projeto suficiente para que a execução seja consistência técnica em relação
adequada à mitigação de riscos de ocorrência de mecanismos de aos itens controlados;
deterioração; - ter evidências registradas das
- Indicação de medidas específicas de controle tecnológico e de inspeções em obra e do controle
procedimentos de execução, inclusive com a indicação de normas tecnológico realizado.
técnicas apropriadas;
- Indicação de orientações a serem fornecidas pelo
incorporador/construtor aos usuários e condomínio para medidas
de inspeção, conservação e manutenção ao longo da vida útil
(inclusive com respeito a eventuais restrições de uso que visem
preservar o desempenho).

Vedações verticais externas (Fachadas) – VUP Mínima – 40 anos

2 A ABNT NBR 6118:2014 estabelece a obrigatoriedade da verificação de conformidade do projeto aos seus requisitos e critérios

por uma terceira parte. Para maiores detalhes a respeito ver Recomendação ABECE 002 (em www.abece.com.br/publicações).

3 Em práticas correntes de mercado não cabe ao projetista de estruturas a especificação completa e projeto do sistema de
fôrmas e escoramento no caso de estruturas de concreto. Este, no entanto, tem grande influência sobre a VUP e cabe à
construtora assegurar-se de que o projeto atende à ABNT NBR 15696 - Fôrmas e escoramentos para estruturas de concreto -
Projeto, dimensionamento e procedimentos executivos.

4O controle tecnológico do concreto, aço (por certificação compulsória do Inmetro), blocos estruturais deve ser consistente com
as normas aplicáveis. Espaçadores plásticos que visam assegurar o cobrimento de armadura têm fundamental importância
sobre a VUP e devem ser adequadamente especificados, posicionados e controlados embora não tenham norma técnica
brasileira de especificação.

1º Edição Página 16
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

Medidas necessárias nos projetos de vedações verticais externas Medidas em execução da obra e em
para a VUP orientações aos usuários
A variedade de sistemas construtivos, componentes e materiais que - Seguir estritamente o projeto;
podem estar envolvidos na fachada de edificações residenciais não - Adquirir os materiais, componentes
permite que se detalhe aspectos específicos. Em função da natureza e sistemas com a comprovação do
da tecnologia utilizada na fachada outras medidas podem ser atendimento às normas técnicas de
necessárias. especificação;
- Ter atenção e procedimentos que
- Evidências de atendimento a todas as normas de concepção e assegurem a correta execução das
dimensionamento de projeto para vedações verticais externas5 interfaces entre os sistemas que
e ao atendimento aos requisitos e critérios específicos da ABNT podem repercutir sobre a geração
NBR 15575 que repercutem sobre a VUP (riscos previsíveis, por de mecanismos de deterioração;
exemplo); - Estabelecer procedimento de
- Especificação dos materiais, componentes e sistemas segundo execução e de controle tecnológico
suas respectivas normas e com adequação das suas da execução e dos materiais e
propriedades às condições de uso e exposição; sistemas em conformidade às
- Compatibilização de todas as interfaces entre as vedações respectivas normas aplicáveis6;
verticais externas, seus elementos e componentes e os demais - Treinar a mão-de-obra executora
sistemas especialmente no que pode repercutir na ocorrência de para estes procedimentos;
mecanismos de deterioração ao longo da vida útil; - Inspecionar os serviços com
- Detalhamento de projeto suficiente para que a execução seja consistência técnica em relação
adequada à mitigação de riscos de ocorrência de mecanismos aos itens controlados;
de deterioração; - Ter evidências registradas das
- Indicação de medidas específicas de controle tecnológico e de inspeções em obra e do controle
procedimentos de execução, inclusive com a indicação de tecnológico realizado.
normas técnicas apropriadas;
- Indicação de orientações a serem fornecidas pelo
incorporador/construtor aos usuários e condomínio para
medidas de inspeção, conservação e manutenção ao longo da
vida útil (inclusive com respeito a eventuais restrições de uso
que visem preservar o desempenho).

Assim, mesmo que não haja a declaração de Vida Útil de Projeto – VUP dos sistemas construtivos em cada disciplina
de projeto, como a própria norma define, não estando declarados nos documentos de projeto, para todos os efeitos
legais pressupõe-se o atendimento aos prazos mínimos definidos na ABNT NBR 15575 Parte 1.

5 Não existem atualmente normas técnicas de projeto para todos os sistemas construtivos, elementos e componentes utilizados
em fachadas. Cabe aos projetistas responsáveis (Arquitetura, Esquadrias, Vedações, ou estruturas quando a estrutura é
também vedação) analisarem as normas aplicáveis. Elementos construtivos como brises, molduras, envidraçamento, exigem a
correta especificação e dimensionamento em relação a esforços de vento previstos na ABNT 6123 – Forças devidas ao vento
em edificações, o que tem relação direta com a VUP e ainda especificações adequadas como previsto na ABNT NBR 7199 –
Vidros na construção civil – projeto, execução e aplicações, na ABNT NBR 13755 - Revestimentos cerâmicos de fachadas e
paredes externas com utilização de argamassa colante - Projeto, execução, inspeção e aceitação – Procedimento e todas as
demais normas que se aplicam ao projeto das vedações verticais externas (ver www.abntcatalogo.com.br).

6O controle tecnológico do concreto, aço (por certificação compulsória do Inmetro), blocos estruturais deve ser consistente com
as normas aplicáveis. Espaçadores plásticos que visam assegurar o cobrimento de armadura têm fundamental importância
sobre a VUP e devem ser adequadamente especificados, posicionados e controlados embora não tenham norma técnica
brasileira de especificação.

1º Edição Página 17
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

9. DESEMPENHO E SISTEMAS DE CERTIFICAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE DE EDIFICAÇÕES

Existem atualmente no mercado brasileiro vários sistemas de certificação de sustentabilidade de edificações com
diferentes abrangências.

Nestes sistemas vários requisitos são focados no impacto ambiental, mas há sistemas em que existem alguns dos
requisitos de desempenho previstos na ABNT NBR 15575 para edificações residenciais.

É importante observar que a obtenção do certificado é algo voluntário por parte da incorporadora/construtora,
enquanto o atendimento às normas técnicas tem implicações jurídicas tendo em vista o direito do consumidor
previsto no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078 de 11 de setembro de 1990).

Neste sentido, sempre que um requisito/critério para obtenção do certificado de sustentabilidade por qualquer
sistema for menos rigoroso que o mesmo requisito/critério na ABNT NBR 15575 é recomendável atender este último,
tendo em vista a possibilidade de reclamação do consumidor final.

NORMAS TÉCNICAS

Este documento foi desenvolvido com base nas normas em vigor em sua data de publicação estando sujeito a
alterações devido ao surgimento de novas normas, cancelamento ou revisão de normas ou ainda de alterações na
legislação pertinente.

1º Edição Página 18
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

AGRADECIMENTOS

A produção dos Manuais de Escopo de Projetos e Serviços envolve uma equipe multidisciplinar que, há quase 20 anos, se
reúne para a compatibilização de visões e procedimentos, e este documento integra este conteúdo de conhecimento.

Desse esforço de abnegados, representantes de suas categorias profissionais, surgiu o consenso necessário e fundamental
para a construção de um documento de orientação para todo o setor imobiliário.

Nossos agradecimentos às entidades e profissionais que participaram deste legado.

PARTICIPANTES DA EDIÇÃO ATUAL


(GT- ESCOPO DESEMPENHO, em atendimento à ABNT NBR 15575)

Coordenação Geral
Secovi-SP Carlos Alberto de Moraes Borges
Marcos Velletri
Patricia Bittencourt

Consultora técnica Maria Angelica Covelo Silva

Apoio Técnico
SindusCon-SP Jorge Batlouni Neto
Renato Genioli Jr.
Juliana Dias Ikejiri

Entidades de Projeto
ABAP Martha Gavião

ABD Bianka Mugnatto

ABECE Marcelo Rozemberg

ABEG Ilan Gotieb

ABRASIP Sergio Kater

AFEAL Luis Cláudio Viesti

AGESC Cecília Levy


Cynthia Kamei
Lívia Braga

ASBEA Claudia Lopes


Henrique Cambiaghi Filho

IBI José Miguel Morgado

PROACUSTICA Davi Akkerman


Talita Pozzer

1º Edição Página 19
GUIA DE UTILIZAÇÃO DOS ESCOPOS DE PROJETO DE EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS PARA ATENDIMENTO À ABNT NBR 15575:2013

Empresas Colaboradoras
ADDOR Carolina Thimoteo
Henrique Lima
Karina Costa Silva

BENEDITO ABBUD Camila Nicolielo

CYRELA Antonio Carlos Zorzi


Rodrigo Muller
Flávio Cuperman
Sumaia Gonçalves
Silvia Dauch

DWG ARQUITETURA Rita Cristina Ferreira

EzTec Heloisa Ojima


Jessica Roese

GAMARO Silvia Traldi

INPRO Daniela de Vincenzo

IPT Antônio Fernando Berto

JONAS BIRGER ARQUITETURA André Matsumoto

LINDENCORP Vanessa Teixeira


Ana Paula Franco

SINCO Priscila de Castro

RUBIO & LUONGO Márcio Luongo

TARJAB Sergio Domingues

TECNISA Fabio Villas Boas

TEIXEIRA DUARTE Viviane Teixeira

1º Edição Página 20

Você também pode gostar